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SAÚDE DA FAMÍLIA - PR1

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SAÚDE DA FAMÍLIA – PR1
 
ANA DA JUSTA BARTOLO M1 – 2020.1
CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE SAÚDE
O conceito de saúde se incluí entre os conceitos imprecisos, ou seja, aqueles que, embora aplicados a categorias concretas não permitem sua definição com objetividade, a partir de elementos aceitos universalmente.
Nem por isto o conceito de saúde deixa de ser amplamente utilizado, tanto no campo da produção de conhecimentos científicos, como na normatização das relações sociais.
Segundo a OMS, “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Categorias como, capacidade de realização, bem-estar e equilíbrio compõem o núcleo central do conceito de saúde, embora não sejam suficientes para delimitá-lo. Igualmente, doença, sofrimento, incapacidade e não atendimento de necessidades básicas são categorias que, demarcam os limites do conceito de saúde. Após anos de desenvolvimento do conceito de saúde, ocorre o surgimento de dois modelos de saúde, um direcionado à cura, tendo por base o tratamento hospitalar e outro direcionado a saúde de massa, tendo como principal arma a prevenção. Durante a Ditadura e períodos anteriores a 1980 a saúde foi sucateada e deixada de lado, uma vez que se tinham objetivos e focos considerados mais importantes (não era tido como um direito fundamental). Entretanto, com o restabelecimento da democracia, os direitos universais do cidadão previstos na constituição tornaram-se uma obrigatoriedade, fazendo com que a saúde devesse ser de acesso fácil e a todos. Dessa forma, o SUS foi criado com esse objetivo.
 
PROCESSO SAÚDE DOENÇA E NORMAL E PATOLÓGICO
O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais, dependerá de concepções científicas, religiosas, filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças. Categorias como, capacidade de realização, bem-estar e equilíbrio compõem o núcleo central do conceito de saúde, embora não sejam suficientes para delimitá-lo. Igualmente, doença, sofrimento, incapacidade e não atendimento de necessidades básicas são categorias que, demarcam os limites do conceito de saúde. A doença é um sinal da alteração do equilíbrio homem-ambiente, estatisticamente relevante e precocemente calculável, produzida pelas transformações produtivas, territoriais, demográficas e culturais.
O período da patogênese pode incluir as seguintes fases:
- Fase pré-clínica: pessoas que não tem sintomas, mas estão doentes (também chamada fase assintomática pode ser diagnosticada por métodos de screening)
- Fase clínica: pessoas com manifestações clínicas – sinais e sintomas da doença (evolução aguda e/ou cronicidade -intervenções).
- Fase de incapacidade residual: não houve óbito, mas ocorreram sequelas (reabilitação)
O termo "normal", descreve as coisas como elas são e como achamos que deveriam ser. Normal é o típico, mas também é uma obediência às normas sociais e morais. O termo é ao mesmo tempo descritivo e prescritivo. Por essa razão ele pode ser usado como uma ponte entre como achamos que as coisas são e como achamos que elas deveriam ser. Então a forma como a medicina classifica o normal e o patológico, tanto influencia, quanto é influenciada pela forma como a sociedade entende o que é saúde. A doença só existe quando uma determinada sociedade concorda que ela se apresenta como tal, percebendo, nomeando e respondendo a ela.
 
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE
“A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Doenças não se distribuem aleatoriamente nas populações. Essas condições desiguais são produtos das ações humanas e podem ser transformadas pela ação humana. São as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. Essas condições englobam a educação, ambiente de trabalho, desemprego, saneamento/esgoto, serviços sociais de saúde, habitação, ... O conceito de diferenças e iniquidades são diferentes. As diferenças são: gênero, idade, herança genética. As iniquidades são injustas e evitáveis, como: condições de vida e trabalho.
DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (definição da comissão nacional sobre os DSS). Os Determinantes Sociais de Saúde (DSS) se relacionam às causas mais profundas do processo saúde doença. É importante ressaltar que não são as sociedades mais ricas que tem os melhores níveis de saúde e sim as mais igualitárias com alta coesão social.
 
CARTAS DE PROMOÇÃO À SAÚDE
Na década de 60, ocorrem amplos debates, em várias partes do mundo, realçando a determinação econômica e social da saúde, abrindo caminho para a busca de uma abordagem positiva nesse campo, visando superar a orientação predominantemente centrada no controle da enfermidade.
Na década de 70, ocorre a crise dos sistemas de saúde: Ineficácia, ineficiência, iniquidades e crise de credibilidade, face à transição demográfico-epidemiológica: envelhecimento, mudança nos padrões nosológicos (diagnóstico e classificação das doenças), medicalização, desenvolvimento tecnológico e explosão de custos e gastos.
- A Declaração de Alma-Ata (1978) reafirma enfaticamente que a saúde é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial.
As discussões sobre PROMOÇÃO DE SAÚDE foram baseadas nos progressos alcançados com a Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em Saúde, com o documento da OMS sobre Saúde Para Todos e o debate ocorrido na Assembleia Mundial da Saúde sobre as ações intersetoriais necessárias para o setor.
- A Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, realizada em Ottawa em 1986, emite a presente Carta dirigida à execução do objetivo "Saúde para Todos no Ano 2000". Segundo a Carta de Ottawa, promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver.
O papel do setor saúde deve mover-se, gradativamente, no sentido da promoção da saúde, além das suas responsabilidades de prover serviços clínicos e de urgência. Os serviços de saúde precisam adotar uma postura abrangente, que perceba e respeite as peculiaridades culturais.
- A Declaração de Adelaide (1988) reafirmou as cinco linhas de ação da Carta de Ottawa, consideradas interdependentes, mas destacou que as políticas públicas saudáveis estabelecem o ambiente para que as outras quatro possam tornar-se possíveis. Reafirma que as iniquidades no campo da saúde têm raízes nas desigualdades existentes na sociedade. E que para se superar as desigualdades existentes entre as pessoas em desvantagem social e educacional e as mais abastadas, requer-se políticas que busquem incrementar o acesso daquelas pessoas a bens e serviços promotores de saúde e criar ambientes favoráveis, estabelecendo-se alta prioridade aos grupos mais desprivilegiados e vulneráveis.
- A Declaração de Jacarta (1997) foi a primeira a incluir o setor privado no apoio à promoção da saúde. A declaração confirma: A pobreza é, acima de tudo, a maior ameaça à saúde. As tendências demográficas tais como a urbanização, o aumento no número de pessoas idosas, prevalência de doenças crônicas, sedentarismo, resistência a antibióticos e a outros medicamentos disponíveis, maior uso abusivo de drogas e a violênciacivil e doméstica, ameaçam a saúde e o bem-estar de centenas de milhões de pessoas. É vital que a promoção da saúde evolua para fazer frente aos determinantes da saúde.
- A Rede de Megapaíses (1998) foi potencial para possibilitar um maior impacto na saúde mundial, por meio da formação de uma aliança entre os países mais populosos. Juntos, estes megapaíses atingem 60% da população do mundo: Bangladesh, Brasil, China, Índia, Indonésia, Japão, México, Nigéria, Paquistão, Federação Russa e Estados Unidos da América. Combinando esforços, os megapaíses podem direcionar os seus graves temas de saúde, reforçando as atuais tendências mundiais na direção de resultados mais positivos em saúde. A rede possui 5 diferentes metas.
- A 8ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde foi realizada em Helsinque, na Finlândia, e gerou a Declaração de Helsinque. A Saúde é a maior meta dos governos, e a pedra angular do desenvolvimento sustentável. Visava priorizar a saúde e a equidade como uma responsabilidade central dos governos para com seus cidadãos. “Reconhecemos a necessidade imperiosa e urgente de uma coordenação política eficaz para a saúde. Afirmamos que isso exigirá vontade política, coragem e visão estratégica.”
 
ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE (APS E ESF)
Atenção primária em saúde ou atenção básica, tem como uma de suas propostas ser a “porta de entrada” dos usuários nos sistemas e serviços sociais de saúde. Ou seja, é o atendimento inicial ao usuário, facilitando o acesso. A APS não se limita somente a unidades básicas de saúde, considera o sujeito em seu ambiente (família, território, comunidade); foca no atendimento centrado à pessoa; prevê ações de saúde nas diferentes fases da vida do indivíduo; ações de vigilância em saúde; vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e rastreamento. Portanto, a APS considera o sujeito com sua singularidade (é um ser único), em sua complexidade, de forma integral e na sua inserção sociocultural. Busca no âmbito individual ou coletivo, a promoção da saúde, a prevenção e o tratamento de doenças e a redução de danos ou sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de modo saudável. A APS é quem vai organizar o fluxo de pacientes aos demais níveis de complexidade (referência).  Portanto, é função dos profissionais da atenção primária exercerem a coordenação do cuidado das pessoas no acesso aos demais níveis de atenção, sem perder de foco a resolutividade das ações em saúde. A atenção primária é um nível de atenção à saúde que utiliza o diagnóstico local de saúde no território com ênfase na cura das doenças.
A estratégia de saúde da família (ESF) é a principal representante da atenção básica no país. Portanto, pretende ser o primeiro contato dos indivíduos com o sistema de saúde brasileiro e busca a reorientação do modelo assistencial. Ela baseia-se em princípios de territorialização e vigilância à saúde da população.
 
POLÍTICA NACIONAL À PROMOÇÃO DA SAÚDE NO BRASIL (PNPS)
Visa promover a equidade e a melhoria das condições e dos modos de viver, ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva e reduzindo vulnerabilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais. No Brasil, foi aprovada em 2006 e revista em 2014. Os temas prioritários abordados foram:
- Alimentação adequada e saudável
- Práticas corporais e atividades físicas
- Enfrentamento ao uso de tabaco e seus derivados
- Enfrentamento do uso abusivo do álcool e outras drogas
- Promoção da mobilidade segura
- Promoção da cultura de paz e dos direitos humanos
- Promoção do desenvolvimento sustentável
- Formação e educação permanente
 
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades. Os principais pontos são:
- Erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões
- Redução das desigualdades (elevando padrões básicos de vida)
- Gerenciamento integrado e sustentável dos recursos naturais e dos ecossistemas.
Os ODM (objetivos de desenvolvimento do milênio) nasceram com a Declaração do Milênio, aprovada pelas Nações Unidas em 8 de setembro de 2000. O Brasil, em conjunto com 191 países-membros da ONU, assinou o pacto e estabeleceu um compromisso compartilhado com a sustentabilidade do Planeta, onde os objetivos deveriam ser atingidos até 2015. Os 8 objetivos eram: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a AIDS, a malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.
O Brasil conseguiu alcançar 7 dos 8 objetivos. Os países têm a responsabilidade primária de acompanhar e revisar - a nível nacional, regional e global – os progressos feitos para a implementação dos Objetivos e metas nos próximos 15 anos.

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