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Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro Instituto De Agronomia Departamento De Solos IA 320 – Pedologia IA321 – Fundamentos da Ciência Do Solo Monitores: Andressa Pinho e Wanderson Junior Aulão P2 Colóides O solo é constituído de 3 fases: sólida, líquida e gasosa. Na fase sólida existem partículas de vários tamanhos. As menores são muito ativas no solo e são o nosso objeto de estudo. Colóides: correspondem às partículas do solo com diâmetro inferior a 0,002mm (0,2Mm) contendo cargas em suas superfícies e que podem estar dispersas na solução do solo ou formando agregados. Os minerais secundários do solo estão na forma de colóides. Classificação: Colóides orgânicos: Húmus Colóides minerais: Cristalinos- argilas silicatadas e oxi-hidróxidos Alofanas (cinzas vulcânicas)- Silica coloidal CTC - É uma reação de adsorção: retenção de íons ou moléculas na superfície de partículas sólidas devido à atração eletrostática; é uma reação reversível. (adsorção é a “retenção na superfície” diferentemente da absorção) Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Os íons em solução podem ser novamente adsorvidos, absorvidos pelas plantas ou perdidos por lixiviação. Os íons são adsorvidos na forma hidratada (envoltos por moléculas de água). Características da CTC Estequiometria: As trocas são feitas por quantidades equivalentes de carga; Reversibilidade – é uma reação reversível; Equilíbrio – para cada íon há uma correspondência entre o adsorvido e o em solução; Seletividade: Alguns íons são adsorvidos com maior força. A série liotrópica indica a preferência na atração dos íons pelas argilas; depende da maior valência do cátion e do menor raio iônico hidratado em solução Série Liotrópica : Fe+3 > Al+3 > H+ > Ca+2 > Mg+2 > K+ > Na+ > NH4 +; Concentração ou ação de massa – a concentração de um íon poderá deslocar outro de maior preferência. Por exemplo, uma grande concentração de prótons Ca+2 pode deslocar o Al+3, o qual apresenta maior preferência em ser adsorvido. Importância da CTC Diminui as perdas de cátions por lixiviação: os cátions adsorvidos são menos lixiviados que os cátions em solução; Mantém equilíbrio com a solução do solo: a quantidade de cátions adsorvidos é muito superior ao da solução; quando há diminuição da concentração de íons na solução as argilas os repõem; parte dos íons tóxicos (como Al+3) fica adsorvida; Reserva de nutrientes para as plantas: um íon absorvido pelas plantas é logo reposto pelos colóides; solos com maior CTC em geral são mais férteis (solos salinos são exceção, pois podem ter alta CTC mas com crescimento vegetal limitado pelo excesso de sais); Manejo da adubação e calagem: solos com baixa CTC devem que ter adubação parcelada para diminuir perdas por lixiviação, e a calagem em geral é menor e mais frequente; Origem da CTC Tipo Origem Ocorrência Permanente (estrutural) Substituição isomórfica Argilas 2:1 e 2:2 Variável (dependente do pH) Bordas dos cristais quebrados Argilas 1:1/oxi-hidróxidos Radicais carboxílicos e fenólicos Húmus Os solos tropicais são denominados de solos de carga variável. As cargas nas superfícies das argilas podem ser geradas pela dissociação dos radicais fenólicos e carboxílicos na decomposição da matéria orgânica no solo, podem ser Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior formadas cargas nas bordas dos cristais pela quebra dos octaedros (caulinita) e através da substituição isomórfica. Substituição isomórfica : as substituições isomórficas geram déficit de carga, criando cargas negativas nas argilas, que passam a adsorver cátions na superfície originando a CTC (capacidade de troca catiônica). Na substituição isomórfica cátions de tamanho e valência similares se auto substituem no momento da cristalização daquele mineral. Lâmina tetraédrica: Al+3 no lugar de Si +4 → alumínio tem tamanho do raio iônico similar ao do Si +4 (0,51 Alumínio e 0,42 Silício), possibilitando que ele possa entrar nos espaços formados por esses tetraedos, entretanto ele “não deveria” estar ali (imaginem que ele até entra mas o espaço é pequeno para ele, gerando uma espécie de “desconforto na estrutura”). Sua presença, por ter um maior tamanho de raio iônico, gera algumas fraquezas na estrutura do mineral, o tornando mais suscetível ao intemperismo físico, que culminará no químico, acarretando no desmantelamento total do mineral primário. E outro fator que possibilita essa auto substituição é o fato de ambos terem cargas similares. Esse substituição gera um déficit de cargas (reparem que em ambas as substituições serão perdidas uma carga) o que acarreta na formação de cargas negativas nas superfícies das argilas que a partir disso irão adsorver cátions em sua superfície (lembrem-se “os opostos se atraem”). lâmina octaédrica: Mg+2 no lugar do Al+3 (tudo que foi descrito acima se repete aqui) Argilas silicatadas São formadas por lâminas tetraédricas de Si e lâminas octaédricas de Al (e em alguns casos lâminas octaédricas de Mg). Estrutura de lâminas octaédricas de Mg e de Al: As lâminas se empilham compartilhando O, formando camadas: - argilas 2:1: LT : LO : LT - argilas 2:2: LT : LO : LT : LO - argilas 1:1: LT : LO Argilas 2:1 Montmorilonita - Ocorrem substituições isomórficas (Mg+2 no lugar do Al+3 na lâmina octaédrica), que geram déficit de carga. Estas cargas são permanentes (estruturais), não dependem do pH do meio. A ligação entre as camadas é feita por cátions hidratados (K+, Na+, Ca+2) e por água. Estas argilas se expandem quando hidratadas. Formam cristais pequenos. Possuem alta coesão e plasticidade; são chamadas de argilas de alta atividade. Ocorrem Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior em solos de regiões de clima temperado. Originam solos de maior fertilidade, mas de difícil mecanização. Obs.: coesão refere-se à consistência do solo seco e plasticidade à consistência do solo úmido. Ilita - Ocorre substituição isomórfica na lâmina tetraédrica (Al+3 no lugar do Si+4). Possuem K+ desidratado entre as camadas, que impede a expansão das argilas quando hidratadas (argila não expansível), e neutraliza parte das cargas. Vermiculita - São duas camadas de mica (biotita) separadas por películas de água com duas moléculas de espessura. Formada em condições de moderada acidez, com remoção completa do K+ e Mg+2 das intercamadas. A vermiculita expandida (aquecida em fornos) é utilizada em substratos para produção de mudas. Intermediária entre a Ilita e Montmorilonita, sendo parcialmente expansível. Argila 2:2 Clorita - Corresponde a uma argila 2:1 com lâmina octaédrica de Mg e uma outra lâmina octaédrica de Mg entre as camadas. A CTC é permanente, mas menor que na montmorilonita. É pouco expansível. Argila 1:1 Caulinita - Não ocorre substituição isomórfica, e não há déficit de carga estrutural. As camadas se unem por pontes de H. Suas cargas são provenientes da quebra das bordas dos octaedros dos cristais. Não são expansíveis, e têm pouca superfície específica, tendendo a formar cristais maiores. Têm menor coesão e plasticidade. São argilas de baixa atividade. Apesar do mineral não ter carga estrutural, forma-se polaridade positiva e negativa na estrutura, e as camadas são unidas por pontes de H, uma ligação relativamente forte e que confere resistência ao mineral. Assim, essas argilas podem se acumular nos solos mesmo em ambientes tropicais muito intemperizados. Estas cargas são dependentes do pH do solo (CTC variável): Esta argila é formada em condições de elevada acidez e concentrações iguais de Si e Al, na ausência de Mg; o intemperismo e a remoção da sílica favorecem sua formação.Presente nos solos tropicais e subtropicais, origina solos de menor fertilidade. Oxi-hidróxidos Não têm Si em sua composição, compostos apenas de octaedros de Fe+3 e Al+3. Os óxidos são formados sob condições de intensa precipitação e lixiviação, com remoção Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior da sílica e solutos, sendo característicos de solos tropicais altamente intemperizados. Os óxidos são os minerais que mais sofreram intemperismo, dentre os quais foram citados para vocês. Os óxidos têm estrutura cristalina, formando-se cristais pequenos, com elevada superfície específica; apresentam pouca coesão e plasticidade. Os óxidos de Fe têm cores fortes, que facilitam sua identificação no solo: hematitas são vermelhas, limonitas e goetitas são amarelas, e as magnetitas cinza escuras. Os óxidos de Al tendem a tornar os solos mais claros. As cargas são formadas nas bordas dos cristais quebrados Colóides orgânicos Correspondem ao húmus, que é a matéria orgânica estabilizada, resultante do processo de decomposição microbiana. São colóides não cristalinos, de composição variável, com moléculas de grande tamanho e cor escura, de difícil decomposição microbiana. As cargas são originadas principalmente da dissociação de radicais carboxílicos e fenólicos. As cargas são dependentes do pH do solo. Apresentam elevado poder tampão numa ampla faixa de pH. Sua baixa plasticidade e coesão melhoram a consistência dos solos argilosos. Têm elevada retenção de água. Em solos arenosos os colóides orgânicos são responsáveis pela maior parte da CTC, da estrutura e retenção de água. Sua dinâmica no solo é influenciada pelo clima, adição de matéria orgânica e manejo do solo. Os climas tropicais, com elevada temperatura e precipitação, favorecem a decomposição da matéria orgânica e dificultam sua acumulação nos solos. Características dos colóides CTC (cmolc/kg) Superfície específica (m2/g) Colóides orgânicos 200-300 800 Montmorilonita 80-100 700-800 colóides de alta Ilita 15-40 100-200 atividade Caulinita 3-15 5-20 colóides de baixa Oxi-hidróxidos de Fe e Al 0-4 100-400 Atividade Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Exercício: A análise de um solo identificou os seguintes resultados: CTC de 8,0 cmolc/kg, 2,0% de matéria orgânica, 40% de argila. Qual a CTC da fração argila? Qual deve ser o tipo de colóide predominante na fração argila? Considere a CTC da matéria orgânica igual a 200 cmolc/kg. Obs.: Na análise física do solo, a fração argila (partículas com diâmetro inferior a 2 µm) inclui as argilas propriamente ditas e os oxi-hidróxidos. Em 1 kg de solo tem-se 20 g de matéria orgânica e 400 g de argila. Acidez do solo A acidificação é um processo natural na formação de muitos solos, mas que tem sua expressão máxima em regiões tropicais úmidas, onde a precipitação e as temperaturas elevadas favorecem as reações químicas do intemperismo resultando em solos com maior proporção dos minerais secundários, principalmente os óxidos de ferro e alumínio. Nessas regiões, a acidez é um dos principais obstáculos da agricultura. No geral, solos de regiões mais úmidas costumam ser ácidos contendo na solução do solo o predomínio de íons hidrogênio (H+) e os de regiões áridas costumas ser neutros ou alcalinos com maior expressão de íons hidroxílicos (OH-). O balanço entre esses dois íons na solução do solo que vai determinar seu grau de acidez. Principais fontes de acidez no solo Remoção de bases: Durante a precipitação, as primeiras bases perdidas são as monovalentes, seguidas das bivalentes, restando Al+3 (não é nutriente além de ser tóxico para as plantas). Ocorre a concentração de H+ e com isso a diminuição do ph. Em solos tropicais, a baixa CTC dos colóides e a elevada precipitação favorecem o processo de acidificação. Respiração das raízes e microrganismos: A respiração da biota produz Co2 que vai reagir com a água liberando H+ no solo (carbonatação: H2O + CO2 → H + + HCO3 ) Mineralização da matéria orgânica e nitrificação do amônio: Durante o processo de nitrificação, o NH4+ oxida, produzindo NO3- e H+ gerando acidez. A adição de matéria orgânica a fertilizantes amoniacais tende a acidificar o solo. Hidrólise do Al: Durante a hidrólise do Al ocorre a geração de H+ que é fonte de acidez Material originário: Rochas ácidas (com alto teor de sílica) tendem a acidificar os solos pH do solo Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior A reação do solo ( pH ) é uma indicação de acidez ou basicidade do solo. O pH indica a atividade dos íons H+ na solução. Classificação do solo mediante a sua faixa de pH 4,0-5,0 -Solos ácidos 6,5 - 7,5 - Solos neutros 5,5-6,6 – Moderadamente ácido > 7,5 - Solo alcalino O solo apresenta poder tampão (mudança a resistência de pH) devido a 2 compartimentos de acidez: Acidez ativa: Onde os íons H+ e Al+3 estão presentes na solução do solo Acidez de reserva: Íons H+ e Al+3 estão adsorvidos nos colóides (em maior quantidade) Logo, para aumentar o pH do solo é necessário neutralizar a acidez ativa e a de reserva, por isso solos mais argilosos ou com muita matéria orgânica possuem maior poder tampão devido a presença de mais cargas em sua superfície, com mais íons adsorvidos que necessitam de serem neutralizados. Solos com alto teor de MO podem ter muito Al+3, mas que podem estar complexados com a matéria orgânica não sendo tóxico aos vegetais, porém, devido aos baixo pH podem tornar indisponível alguns nutrientes, por isso a importância de se neutralizar a acidez nos solos. Existe uma faixa na qual a maioria dos nutrientes estão disponíveis para que sejam absorvidos pelas plantas. Essa faixa de pH varia entre 5,5 – 6,5. Calagem: Aplicação de calcário no solo. Neutraliza Al+3 tóxico; fornece Ca e Mg; aumenta o pH e a disponibilidade de nutrientes. Porém, se aplicada de forma excessiva pode causar deficiência de micronutriente. A calagem deve ser efetuada de 30 a 90 dias antes do plantio e o plantio realizado a cada 3 ou 5 anos dependendo da análise do solo. O calcário deve ser incorporado com arado e grade(plantio convencional) e em sistemas onde não há o revolvimento do solo, SPD, o calcário é aplicado sobre o solo e espera-se sua movimentação no perfil. Gessagem: Aplicação de gesso no perfil. Por ser muito solúvel é indicado para neutralizar em profundidade Al e fornecer Ca em profundidade. Também combate sodicidade. Complexo sortivo Composto pelos colóides que fazem adsorção e pelos íons adsorvidos. Valores do complexo sortivo: Valor S: Somas das bases trocáveis( Ca2+ + Mg2+ + K+ + NA+) Valor H: Acidez potencial (H+ + Al3+) Valor T: CTC do solo ( valor S + valor H) Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Valor V%: Saturação de bases (indica o quanto a CTC está ocupada por bases) Valor V%: (Valor S/Valor T) X 100 Se os valores encontrados do valor V% for: Maior que 50%- Solos eutróficos (férteis) Menor que 50%- Solos Distróficos (menos férteis e mais ácidos) Saturação por Al: Indica a acidez nociva (Al3+) Sat. Al: (Al/valor S + Al) x100 Sat. Al >50%: Solos álicos Sat. Al < 50%: Solos normais Saturação por NA: Indica a presença de caráter sódico no solo. Solos sódicos apresentam problemas de salinidade o que dificulta a absorção de água pelas plantas. Sat. Na: (Na/valor T) x 100 Sat. Na > 15%: Solos sódicos Sat. Na entre 6%-15%: Solos solódicos Sat. Na < 6%: Solos normais Todas essas variáveis são utilizadas para diferenciar diferentes classes de solos. Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Exemplos de solos do Estado do Rio Análise Solo A Solo BSolo C Solo D pH em água 4,3 5,4 4,4 6,5 Ca2+ (cmolc/kg) 0,2 3,4 0,2 5,3 Mg2+ (cmolc/kg) 0,1 2,8 0,2 4,8 K+ (cmolc/kg) 0,09 0,03 0,13 0,04 Na+ (cmolc/kg) 0,10 0,04 0,20 4,76 Al3+ (cmolc/kg) 1,4 0,1 3,7 0,1 H+ (cmolc/kg) 2,8 1,8 20,6 0,6 Valor S (cmolc/kg) 0,5 6,3 0,7 14,9 Valor T (cmolc/kg) 4,7 8,2 25,0 15,6 Valor V% (%) 11 77 3 96 Sat. por Al (%) 74 2 84 2 Sat. por Na (%) 2 0 1 31 Análise Solo A Solo B Solo C Solo D Valor V% (%) distrófico eutrófico distrófico eutrófico Sat. por Al (%) álico normal álico normal Sat. por Na (%) normal normal normal sódico Solo A: pouco fértil, ácido, necessita de altas calagens (cerca de 3 ton/ha de calcário) e adubações Solo B: boa disponibilidade de nutrientes, sem problemas de acidez e sodicidade, bom potencial agrícola. Solo C: pouco fértil, ácido, necessita de altas calagens e adubações; porém, possui 4,5 % de C, e é provável que parte do Al esteja complexado com a matéria orgânica, numa forma não tóxica aos vegetais. Solo D: apesar de eutrófico, apresenta sodicidade e tendência à alcalinidade, precisando de gessagem. Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Matéria orgânica É fundamental para o manejo de solos tropicais com predomínio de colóides de baixa atividade. A MO do solo é originada de plantas, animais e microrganismos em diferentes estágios de decomposição e pode ser utilizada como um indicador de qualidade do solo e é muito sensível às práticas de manejo. Por exemplo, quando revolve-se o solo para que seja feito um plantio de uma determinada cultura, o fato de modificar-se a estrutura do solo, pode fazer com que a matéria orgânica seja exposta e assim decomposta. Pode ser dividida em em: liteira, fração leve, biomassa microbiana, fauna, raízes, húmus( matéria orgânica estável). Inicialmente, o material orgânico adicionado ao solo é atacado por decompositores primários (insetos e anelídeos) e posteriormente os decompositores secundários (fungos e bactérias). O carbono entra no solo através da M.O mas que deve ser mineralizado através da atividade da biota onde os nutrientes que antes estavam presos na M.O, quando mineralizados, tornam-se disponíveis. A velocidade de decomposição da matéria orgânica sofre influência de alguns fatores: Composição do material: Resíduos de alta relação C/N e altos teores de lignina demoram mais tempo para serem decompostos comparados aos de baixa relação C/N. Aeração: Maior troca gasosa do solo resulta em mais rápida decomposição pois condições de anaerobiose dificulta a decomposição. Temperatura: Maiores temperaturas aceleram as reações de decomposição. Disponibilidade de água: Ter de água adequado na capacidade de campo acelera a decomposição. Adição de C: Rápida adição de C podem causar o acúmulo de C no solo. Acidez: Solos muito ácido tem pouca atividade microbiana, logo, a decomposição é mais lenta. Constituintes do solo: Solos argilosos preservam o húmus da decomposição, argilas de alta atividade e oxi-hidróxidos de Fe e Al podem adsorver colóides orgânicos e diminuir a decomposição, pois se estiverem adsorvidos não serão decompostos. Há 3 maneiras de entrada e saída de CO2 no solo: 1) Mais entrada e menor saída: a M.O encontra-se numa encosta, que, com o passar do tempo, desliza para a baixada, havendo acúmulo. Essa MO na baixada encontra-se num ambiente anaeróbio, uma vez que o lençol freático fica muito na superfície. Portanto, não há mineralização, e sim acúmulo. Para reverter essa situação, tem que fazer uma drenagem, para que o lençol freático vá para camadas mais profundas. Assim, os poros são ocupados por O2, que ativa a atividade da biota, iniciando a mineralização da MO. 2) Ambiente em equilíbrio: em florestas tropicais, há equilíbrio de CO2, uma vez que ele “entra” no ambiente através das plantas, na fotossíntese. A floresta incorpora esse C, porém, no solo há um limite de armazenamento e todo excesso é perdido escoando para o lençol freático, que posteriormente, se dirige ao oceano. Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior 3) Menor entrada e maior saída: em locais com solo congelado, a atividade da biota é muito baixa, portanto há acúmulo de CO2. Nitrogênio É um macronutriente essencial que participa da formação de aminoácidos e por ser requerido em grandes quantidades pelas culturas pode ser um limitante da produção agrícola. O N do solo é oriundo de forma direta ou indireta da atmosfera (78%) e não é possível encontrar esse elemento na crosta terrestre ou nas rochas. O nitrogênio da atmosfera é incorporado no solo através de chuvas, resíduos vegetais e animais e principalmente do processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN). FBN: Durante este processo, o N da atmosfera (N2) que se encontra em um forma não assimilável pelas plantas são transformados por bactérias que possuem a enzima nitrogenase em seu organismo. Essa reação consome muita energia e por isso só ocorre quando os microrganismos não tem N disponível no meio. Fixação não simbiótica: Bactérias de vida livre no solo Fixação simbiótica: Bactérias associadas com plantas Gêneros de bactérias realizadoras da FBN Rhizobium: Geralmente encontradas em leguminosas onde ocorre a formação de nódulos radiculares que abrigam as bactérias que exsudam o NH4+ direto no xilema em troca de proteção e fotossintatos. É o sistema mais eficiente. Azospirillum: Encontradas em gramíneas. A bactéria vive na rizosfera e a planta só absorve parte do N por isso menos eficiente. Fertilizantes orgânicos: Estercos, Adubos verdes, composto. A mineralização desses compostos dependem de variáveis climáticas e da relação C/N do material adicionado. Fertilizantes minerais: São produzidos industrialmente pela redução do N2 atmosférico a 700°c e 100atm consumindo muita energia. Formas de N no solo Mais de 90% do N nos solos está na forma orgânica (na matéria orgânica, lembrando que os vegetais só assimilam os nutrientes na forma iônica) protegidas contra perdas por lixiviação. Cerca de 1% do N no solo está na forma iônica como o amônio (NH4+) e o nitrato (NO3-) Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Transformações de N no solo ( Ciclo do N) (Mineralização, Amonificação, Nitrificação, Denitrificação) Mineralização: Neste processo de decomposição, o nitrogênio muda da forma orgânica para a forma inorgânica. A forma inorgânica inicial é a do íon amônio (NH3+), que ao entrar em contato com o oxigênio é oxidado e se torna amônia (NH4+) e a liberação desses íons no processo de decomposição chamamos de amonificação. A mineralização é regulada por elevadas temperaturas e aeração e umidade adequada. Esse NH4+ pode ser absorvido pelas plantas/microorganismo, ou adsorvidos pela fração argila e húmus do solo devido à carga positiva ou sofrer outras transformações no solo. Esse processo é mediado por muitos tipos de bactérias. Nitrificação: Processo onde o NH4+ é oxidado e convertido a NO2- (nitrito), porém, esse NO2- é altamente tóxico para as plantas e não chega a ser acumulado e logo é novamente oxidado transformando-se a N03- (nitrato). Esse nitrato pode ser absorvido pelas plantas/microorganismos ou lixiviado devido à sua carga negativa e pode poluir lençóis freáticos ou ainda ser utilizado na respiração anaeróbica de algumas bactérias sendo perdido na forma gasosa iniciando-se o processo de Denitrificação. Este processo é mediado por bactérias específicas do gênero Nitrossomas (1° estágio) e do gênero Nitrobacter (2° estágio). Denitrificação: Perdas de N no solo na forma gasosa. Algumas bactérias utilizam o NO3- como aceptor de elétrons na respiração anaeróbica. Essa reação é responsável por perdas de até 30% do N aplicado como fertilizante na cultura do arroz irrigado, por exemplo. Para evitar perdas significativas, deve-se aplicar fertilizantescomo o amônio e o solo deve ser inundado logo após a aplicação do fertilizante amoniacal para reduzir a nitrificação e posterior denitrificação. Importante salientar que em condições anaerobiose o íon predominante n solo é NH4+ (amônio) e em condições de boa aeração é o NO3-(nitrato). As bactérias que realizam esse processo são chamadas de quiotróficas, que obtem sua energia através de reações químicas. Imobilização X mineralização: Imobilização: Incorporação de nutrientes do solo aos tecidos microbianos, reduzindo o N do solo e tornando-o temporariamente indisponível às plantas. (C/N > 30) Mineralização: Liberação de nutrientes na forma iônica pela decomposição de matéria orgânica pelos microrganismos. (C/N < 20) Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Com a decomposição de um resíduo orgânico no solo, ocorre aumento da atividade microbiana e redução do teor de N disponível no solo (imobilização). Após a decomposição do resíduo, os tecidos microbianos também vão sendo decompostos, liberando N para o solo (mineralização). A duração da fase de imobilização depende do clima (temperatura, umidade) e da relação C:N do material adicionado. A relação C:N de um resíduo orgânico adicionado ao solo diminui com o tempo, pois parte do C é perdido como CO2. Esse conceito está atrelado ao fato de quando uma matéria morta for decomposta, os microrganismos do solo incorporarão em seu tecido microbiano nitrogênio, para terem energia afim de que sejam realizadas, e com isso esse nitrogênio ficará temporariamente indisponível para as plantas (imobilização). Após a decomposição completa dessa matéria, ocorrerá a disponibilização de nitrogênio e outros compostos (mineralização). Quando a matéria orgânica possui baixa C/N a mineralização ocorre mais rápido disponibilizando uma grande quantidade de N em um pequeno período de tempo. Quando a matéria orgânica tem alta C/N, irá disponibilizar uma baixa quantidade de N por um longo período de tempo, nesse caso, porém, pode ocorrer a deficiência de N durante a fase de imobilização do N. Nestes casos, recomenda-se: Esperar para plantar após o término da fase de imobilização; aplicação de N mineral; fazer a compostagem para estabilizar o material. O manejo da matéria orgânica depende do objetivo desejado. Em sistemas de plantio de direto quando deseja-se manter por longo tempo a palhada sobre o solo, recomenda-se a utilização de material com elevada relação C/N. Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Efeitos da matéria orgânica nas propriedades do solo - Físicas: diminui a densidade aparente e real; aumenta a porosidade; melhora a estrutura; aumenta a retenção de água, aeração e drenagem; aumenta a superfície específica; modifica a cor; modifica a consistência; diminui a temperatura. - Químicas: fornecimento de nutrientes (principalmente N, P, S); aumenta a CTC; aumenta o poder tampão; diminui o pH; formação de quelatos com íons tóxicos (Al, Mn, metais pesados). - Biológicas: fonte de energia e nutrientes para o crescimento microbiano; diminui a incidência de patógenos (aumenta a competição com organismos saprofíticos) - Ambientais: controle de erosão; ciclagem de nutrientes; neutralização de agrotóxicos; reserva de C no planeta; dificulta o tratamento de água. Exercícios de fixação 1 – Discorra sobre colóides: 2 – Fale sobre o conceito de substituição isomórfica: 3 – O que é CTC e qual a sua importância? 4 – Fale sobre as argilas 2:1 e descreva os três tipos existentes: 5 – Fale sobre a argila 2:2: 6 – Fale sobre as argilas 1:1: 7 – O que são e como são formados os oxi-hidróxidos ? 8 – Fale sobre os colóides orgânicos: 9- Resolver exercício de CTC Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior 10– Quais as principais fontes de acidez no solo? 11 – Fale sobre acidez ativa e de reserva e qual a sua relação com a matéria orgânica? 12 – Resolva os exercícios sobre complexo sortivo 13- Qual importância da M.O e que fatores influenciam sua decomposição 14- Dicorra sobre relação C/N relacionando com o objetivo de manejo e os conceitos de imobilização e mineralização 15- Discorra sobre FBN e sua importância para a agricultura 16- Explique as transformações do Nitrogênio no solo 17- Qual forma de N é mais comum de ser encontrado em ambientes saturados. Explique. Material desenvolvido por Andressa Pinho e Wanderson Junior Bibliografia LEPSCH, I. F. 19 lições de pedologia. São Paulo: Oficina de Textos. 2011. KER, João Carlos; CURI, Nilton; SCHAEFER, Carlos Ernesto G. R. TORRADO, Pablo Vidal. Pedologia; fundamentos. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2012. Material desenvolvido disponibilizado pelos professores da disciplina. CTC - É uma reação de adsorção: retenção de íons ou moléculas na superfície de partículas sólidas devido à atração eletrostática; é uma reação reversível. (adsorção é a “retenção na superfície” diferentemente da absorção) Importância da CTC Argilas silicatadas Oxi-hidróxidos Colóides orgânicos Características dos colóides
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