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A história da Antropologia. Qual o conceito de antropologia? Antes de tudo, vamos analisar a etimologia da palavra “antropologia”. Esta é formada por dois radicais de origem grega: “Anthropos”, que significa homem, e ‘logos’, que significa ciência. Assim, podemos dizer que a Antropologia é o estudo do homem. Cabe enfatizar que a antropologia é um movimento epistemológico importante no pensamento científico, pois o homem deixa de se perceber como o “centro da humanidade” e passa a olhar o outro, a fim de acessar, conhecer, estudar e compreender o seu modo de habitar o mundo. Ou seja, perceber-se em meio a outros é um exercício de reflexão que nos desloca a compreender as múltiplas possibilidades de viver em sociedade, apreendendo que não cabe impor um único estilo de vida para todos os seres humanos. Perspectivas de análise do pensamento antropológico ● Antropologia pré-histórica :Os estudiosos da área de antropologia se interessam pela pesquisa dos seres humanos existentes, mas também daqueles que já deixaram de existir. Denominamos Antropologia pré-histórica o estudo que busca reconstituir e entender as sociedades antepassadas, por meio de vestígios materiais da presença humana enterrados no solo. Essa perspectiva de análise da Antropologia, preocupada com sociedades que não existem mais, ganhou métodos, conceitos e aporte teórico próprios, sendo intitulada de Arqueologia. Sabe-se que os homens se adaptaram em meio a transformações em seus organismos, e eles tiveram de lidar ao longo de 2 milhões de anos. Dessa maneira, cabe aos arqueólogos desvendar e explicar as mudanças que ocorreram nas sociedades por meio de registros arqueológicos, sendo eles materiais, peças, artefatos que constituíram o modo de vida desses antepassados. A partir desses materiais, os arqueólogos vão propor hipóteses e teorias sobre como as sociedades se desenvolveram ao longo do tempo, além de compreenderem as características culturais pertencentes aos povos e grupos que deixaram de existir. Nesse sentido, conhecer a cultura de uma sociedade que não mais existe a partir dos seus vestígios materiais permite acessar elementos que compõem a identidade dessa sociedade. Locais onde ocorrem as pesquisas : sítios arqueológicos. Os passos e técnicas empregadas na Arqueologia envolvem: o levantamento de informações sobre o local, que pode ser através da escrita ou da oralidade; a prospecção do local, que são intervenções no subsolo para buscar primeiros vestígios materiais para definir a área de interesse; a escavação da área, que pode ser realizada com a utilização de instrumentos elétricos ou mesmo com a ajuda de objetos usando a força humana; e a análise arqueológica, que é quando os materiais, encontrados nos sítios arqueológicos, são levados para análise no laboratório. a, podem ser encontrados diversos materiais que denotam a vida de sociedades antepassadas, como: ossos humanos, artesanatos, cerâmicas, pedras, representações rupestres, restos de alimentos, entre outros. Sobre esses “dados”, o arqueólogo Gordon lembra que “Todos os dados arqueológicos constituem expressões de pensamentos e de finalidades humanas e só tem interesse como tal”. ● Antropologia linguística : Uma das principais questões que diferencia os animais dos seres humanos é a linguagem. Ainda que os animais emitam som em sua comunicação, há um limite nesse alcance comunicativo. Já a complexa linguagem humana é um atributo relevante do desenvolvimento dos seres humanos, uma vez que, através dela, acessamos o modo como os indivíduos vivem e se relacionam. ● Antropologia psicológica : De fato, o antropólogo é em primeira instância confrontado não a conjuntos sociais, e sim a indivíduos. Ou seja, somente através dos comportamentos – conscientes e inconscientes – dos seres humanos particulares podemos apreender essa totalidade sem a qual não é antropologia. É a razão pela qual a dimensão psicológica (e também psicopatológica) é absolutamente indissociável do campo do qual procuramos aqui dar conta. Ela é parte integrante dele. Ao mesmo tempo, existem processos corpóreos, como deficiências, convulsões e até doenças, que podem ser percebidos, por indivíduos e seus grupos sociais, como resultado de acontecimentos de fenômenos culturais baseados em suas crenças e valores das sociedades, como má sorte, olho gordo, feitiço, entre outros. Entretanto, para esses povos e culturas, seria desconsiderado as explicações da biologia e da natureza, pois a única explicação que faz sentido nesse seu arcabouço cultural é relativa às suas vivências culturais e seus modos de vida. ● Antropologia social e cultural : tudo o que diz respeito à religião, às criações artísticas, às crenças, aos valores, à produção econômica, ao parentesco, às vestimentas, aos gostos, à alimentação, entre outros. Como nos lembra Marconi e Pressotto (2010), não há diferença substancial entre o “cultural” e o “social”, mas cabe dizer que os antropólogos ingleses estavam mais voltados para a Antropologia Social, e os americanos dão preferência à Antropologia Cultural. Podemos dizer que a vantagem dos estudos de culturas e sociedades contemporâneas é a possibilidade de o pesquisador conviver em meio aos seus membros para acessar, conhecer e registrar o seu modo de vida. Logo, é desenvolvida uma metodologia específica a fim de registrar e analisar os atributos culturais que interessam ao pesquisador Desse modo, a etnografia não é só um convívio desinteressado com o outro, pelo contrário, trata-se de um processo metodológico de busca, convivência e compreensão de modos de vida diferentes dos nossos. Essa relação de troca entre o pesquisador e o pesquisado, permite-nos acessar os meandros da vida social de culturas que pouco ou nada sabíamos possibilitado pelo “encontro etnográfico” no qual ambos interlocutores trocam ideias sobre o mundo em que vivem. Assim, o etnográfico observa, mas também participa dessa relação com o outro, que é referenciada pelo encontro entre seus horizontes. A própria etimologia da palavra etnografia infere a ideia de escrever sobre um povo. Juntamente a essa escrita, ainda é possível realizar entrevistas com alguns interlocutores, fotografar danças, rituais e outras performances pertinentes ao estudo, formular organogramas sobre a estrutura da sociedade estudada, tudo isso a fim de produzir materiais complementares e facilitar as interpretações em relação ao modo de vida do outro.
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