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Histórico da Fitopatologia

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Fitopatologia – Introdução
Fitopatologia é uma palavra de origem grega e indica a ciência que estuda as doenças das plantas em todos os seus aspectos, desde a diagnose e sintomatologia, etiologia, epidemiologia até o controle da doença. A fitopatologia é uma ciência relativamente nova, mas o histórico do surgimento das doenças é bem antigo, desde que o homem passou a viver em sociedade, utilizando os produtos agrícolas. As referências mais antigas sobre doenças de plantas são encontradas na Bíblia, quase sempre atribuídas a causas místicas e, apresentadas como castigo divino. Galli e Carvalho (1978), apresentam a seguinte passagem: Eu vos feri com um vento abrasador e com ferrugem a multidão de vossas hortas e de vossas vinhas. Os vossos olivais e figueirais comeu a lagarta, e vós não voltastes para mim, diz o Senhor. Ainda na Bíblia, encontram-se muitas outras referências a doenças, como a ferrugem dos cereais, doenças em videiras, olivais, figueiras e outras plantas que constituíam, naquele tempo a base da alimentação do povo. Os hebreus e gregos tiveram problemas com doenças de plantas e em tal intensidade que os filósofos e estudiosos daquela época se dedicaram a estudar sobre elas. Teofrasto (372 – 287 A.C) estudou sobre as origens e as curas das doenças. Esses povos (gregos e hebreus atribuíam o aparecimento de doenças a desfavores dos deuses e influências siderais. Por isso, os romanos tinham um culto, a Robigália – em que se sacrificava a esses deuses, com o objetivo de obter clemência e proteção. Plínio e Ovídeo escreveram sobre o tema, o prmeiro como agricultor e o segundo como literato, deixando informações precisas sobre o assunto. Na Idade Média tem-se referências esparsas sobre doenças de plantas. As melhores são devidas os árabes radicados na Espanha, no séc. XII Ibn-al-Awam, em Sevilha publicou um catálogo de doenças de plantas intitulado Kitab-al-Felahah, onde foi descrevido com detalhes as doenças das árvores frutíferas (figueira, oliveira e videiras e herbáceas). 
Histórico da Fitopatologia: 
1- Período Místico: na ausência de uma explicação racional para as doenças de plantas, o homem na sua ignorância, tendia a atribui-las a causas místicas, embora sejam encontradas muitas referências a condições climáticas como causa primária das doenças (Galli e Carvalho, 1978). No final desse período, botânicos apresentavam descrições bem detalhadas das doenças com base na sua sintomatologia. Ao mesmo tempo, alguns micologistas chamavam atenção para a associação entre planta doente e fungo. Nessa nova linha de pensamento, M. Tillet, em 1755, considerava a cárie do trigo como sendo causada por um fungo e Giovani Targioni Tozzetti rm 1767, defendia a ideia de que as ferrugens e os carvões eram causados por fungos que cresciam debaixo da epiderme das plantas. Antes disso, H. I.. DuHamel de Monceau, em 1728, realizava, o que Zadoks e Koster (1976) consideram o primeiro experimento fitopatológico: a inoculação, com sucesso, de escleródios de Rhizoctonia violácea em diversos tipos de plantas. Durante esse período houve um predomínio acentuado das teorias de geração espontânea e de perpetuidade das espécies, esta proposta por Lineu quando da a apresentação do seu sistema de classificação binominal. Assim a ocorrência de fungos em associação com plantas doentes era atribuída à geração espontânea e as doenças eram apresentadas com base na sua sintomatologia e classificadas pelo sistema binomial de Lineu. 
2- Período da Predisposição: por Galli e Carvalho (1978), iniciou-se no começo do século XIX , quando já era evidente a associação entre fungos e plantas doentes. Em 1807, Isaac-Bénédict Prévost, na França publica seu trabalho (Mémoire sur la cause immédiate de la carie ou charbon des blés...) em que mostrava ser um fungo Tillelia tritici, o responsável pela cárie no trigo, confirmando, as ideias de Tilllet, publicadas em 1755. O trabalho de Prévost foi aceito, mas suas teorias não eram estendidas para outras doenças, sendo a cárie do trigo considerada uma exceção, pois, nos demais casos, os fungos, acreditava-se, apareciam por geração espontânea. Dentro disso, o botânico alemão Franz Unger em seu livro de 1833, Die Exantheme der Pflazen, apresentou sua teoria pela qual as doenças seriam o resultado de distúrbios funcionais causados por desordens nutricionais, que predispunham os tecidos da planta a produzirem fungos, estes considerados excrecências que cresciam por geração espontânea. Ainda segundo Unger, sob determinadas condições, qualquer planta poderia produzir fungos. Esta teoria embora falha no concernente aos fungos, já apresenta um mérito inegável, que é o de relacionar doença com o ambiente, ao lado de uma associação constante com os fungos. Ideias semelhantes foram desenvolvidas, nessa época, por outros botânicos, como Philipo Ré de Módena, na Itália e Franz Julius Ferdinand Meyen, na Alemanha. Essas teorias ganharam numerosos adeptos, principalmente entre os micologistas que passaram a catalogar fungos em associação com plantas doentes. M. J. Berkeley, na Inglaterra, os irmãos Tulasne, na França, de Bary, na Alemanha e outros, descreveram muitos parasitas importantes, como Uredinales, os Ustilaginales, os Erysiphales e outros fungos. As grandes consequências sociais e econômicas causadas na Europa pela ocorrência da requeima da batata nos anos de 1845 e seguintes atraíram o interesse dos muitos botânicos e micologistas da época. Dentre estes, sobressaíram-se Anton de Bary, que em 1853 conseguiu provas cientificas que a doença era causada por um fungo Phytopfthora infestans. As ideias de Anton de Bary revolucionaram os conceitos da época e suas teorias foram aceitas por Julius Kuhn, M.J. Berkeley, os irmãos Tuslane e outros. 
3- Período Etiológico: os trabalhos de Julius Kuhn e Anton de Bary deram o início ao período etiológico. Nesse mesmo tempo desenvolvia-se a microbiologia com Louis Pasteur destruindo a teoria da geração espontânea em 1860 e provando a origem bacteriana de várias doenças em homens e animais. Robert Koch em 1881, estabelece os seus postulados, possibilitando a determinação exata dos patógenos. E no campo da Biologia a teoria da evolução de Darwin contrapunha-se à da perpetuidade das espécies proposta por Lineu, abrindo novos horizontes. Ante tantos eventos importantes, a fitopatologia marca notáveis progressos iniciando-se como ciência, a maior parte das doenças importantes são descritas nesse período, como oídeos, os míldios, as ferrugens, os carvões, que foram estudados com detalhes. Em 1876, o americano T.J. Burril relata a primeira bacteriose sobre pereira; A. Mayer, em 1886, trabalhando em Wageningen, Holanda, verifica o cárater infeccioso das viroses e M.W. Beijerinck, em 1898, é o primeiro a mencionar a expressão contagium vivum fluidum . Ainda neste período, aparecem outros nomes notáveis, como M.S. Woronin (hérnia das crucíferas), O. Brefeld (etiologia dos carvões), H.J.A.R. Harting (patologia florestal), G. Winter (livro: Die durch Pilze verursachten Krankheiten der Kulturgewaehse). Igualmente, data desse período o aparecimento do primeiro fungicida eficiente no controle das doenças das plantas, a calda bordalesa, descoberta por Millardet, em 1882. Após a publicação dos trabalhos de Julius Kuhn e Anton de Bary, os fitopatologistas dedicaram-se a relatar e estudar a maior parte das doenças tentando provar sua natureza parasitária. Publicação do livro Handbuch der Pjlanzenkrankheiten, onde se apresentava doenças parasitárias e as doenças de causa não parasitárias além do reconhecimento da importância dos fatores ecológicos. 
4- Período Ecológico: depois de um período em que os fitopatologistas catalogaram as principais doenças e seus agentes, teve início o período ecológico, o qual reconhece a importância vital do meio ambiente na manifestação da doença; nessa época foram conduzidos estudos minuciosos sobre os mais variados fatores do meio, como climáticos, edáficos, nutricionais, estacionais e outros. A temperatura do solo e do ar, umidade e intensidade deluz, nutrição da planta, oxigenação, fotoperíodismo entre outros fatores. As doenças das plantas passaram a ser vistas, então, como resultante da interação entre a planta, o meio e o patógeno. Ao mesmo tempo, iniciaram-se as pesquisas de resistência e predisposição das espécies vegetais aos diferentes patógenos, bem como os estudo correlatos sobre genética e melhoramento. Dentro dessa fase, apareceram os primeiros conceitos sobre variabilidade dos patógenos, com a conceituação de formae speciales, raças fisiológicas, variedades, biótipos etc. Também nessa época, graças aos trabalhos de F. Riehm, em 1913, apareceram os fungicidas mercuriais orgânicos para o tratamento de sementes e, mais tarde, em 1934, com W.H.Tisdalle e I. Williams, os fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos. 
5- Período Atual: durante as décadas de 40 e 50, muitas pesquisas básicas foram conduzidas sobre a fisiologia de fungos, de plantas, sobre o progresso da doença em condições de campo e, com o progresso da fisiologia, microbiologia, bioquímica, bioestatística, fatos foram relacionados e novas teorias foram estabelecidas sobre a interação entre planta e patógeno e a sua resultante, a doença, tanto em condições controladas como naturais. 
A Fitopatologia no Brasil: 
A fitopatologia no Brasil desenvolveu-se em duas linhas diferentes e paralelas: de um lado, encontra-se, já no fim do século passado, alguns micologistas que, desenvolvendo trabalhos de levantamento de fungos associados a plantas cultivadas ou não, concentraram seu maior interesse na sua classificação e catalogação, sem maiores preocupações com a importância da doença e dos prejuízos por eles eventualmente causados. De outro lado, um grupo de cientistas mostrou-se mais interessado em estudar as doenças que afetavam certas culturas de interesse econômico, ao mesmo tempo que propunham soluções para diminuir seus efeitos prejudiciais.

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