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Convite à Filosofia 
De Marilena Chaui 
Ed. Ática, São Paulo, 2000. 
Unidade 8 
O mundo da prática 
Capítulo 1 
A cultura 
 
1. Que significa dizer que alguma coisa é natural ou por natureza? 
Significa que essa coisa existe necessária e universalmente porque ela é efeito de uma causa necessária e universal. Essa 
causa é a natureza, que é sempre a mesma em toda parte. Significa, portanto, que por ser natural essa coisa não depende da 
ação e intenção humanas, e sim das operações necessárias e universais realizadas pela natureza. 
 
2. O que se quer dizer quando se fala em natureza humana? 
Que, da mesma maneira que muitas coisas existem por natureza, também há uma natureza humana necessária e univer-
sal, ou seja, independentemente da decisão ou intervenção humanas, certos sentimentos, comportamentos, idéias e valores 
seriam naturais para todos os humanos. 
 
3. Dê alguns exemplos de absurdos decorrentes da naturalização dos comportamentos, idéias e valores dos seres huma-
nos. 
Expressões como "chorar é próprio da natureza humana", "é desnaturada a mulher que não cria os filhos", "a mulher é 
um ser frágil e sensível", "os negros são indolentes, preguiçosos e malandros", etc. 
 
4. Por que é insustentável a idéia de uma natureza humana universal e intemporal? 
 
Porque os seres humanos variam em conseqüência das condições sociais, econômicas, políticas, históricas em que vivem. 
Porque somos seres culturais ou históricos. 
 
5. Dê exemplos dos vários sentidos com que usamos a palavra cultura em nosso cotidiano. 
O sentido de ter ou não ter certos conhecimentos; de qualificação; de prestígio e respeito; de qualidade de uma 
coletividade; de cultura de massa e cultura de elite; de identidade de um povo. 
 
6. Enumere os principais sentidos da palavra natureza. 
Princípio de vida que anima e movimenta os seres; essência própria de um ser; organização universal e necessária dos 
seres segundo uma ordem regida por leis universais e necessárias; tudo o que existe no Universo sem a intervenção da 
vontade e da ação humanas; conjunto de tudo quanto existe e é percebido pelos humanós como o meio ambiente no qual 
vivem. 
 
7. Enumere os principais sentidos da palavra cultura na Antiguidade. 
 Cuidado do homem com a natureza; cuidado dos homens com os deuses; cuidado com a alma e o corpo das crianças. 
 
8. Porque, na Antiguidade, cultura e natureza não se opunham? 
Porque, nesse período, os humanos são considerados seres naturais e a cultura é uma segunda natureza que a educação 
e os costumes acrescentam à natureza de cada um. 
 
9. O que se entende por cultura a partir do século XVIII? 
A partir do século XVIII cultura adquiriu o sentido de civilização, a manifestação humana nas formas de organização da 
vida social e política. A partir daí, cultura deixa de ser uma segunda natureza e torna-se produto da ação humana, que age 
escolhendo livremente seus atos, dando a eles sentido, finalidade e valor. Passou também a ser entendida como a relação 
que os seres humanos socialmente organizados estabelecem com o tempo e com o espaço, com os outros seres e com a 
natureza. Cultura torna-se, assim, sinônimo de história. 
 
10. Por que a cultura tende a ser pensada como civilização a partir do século XVIII? 
Porque os pensadores julgavam que os resultados da formação-educação se manifestam com maior clareza e nitidez nas 
formas de organização da vida social e política ou na vida civil. A palavra civil vem do latim cives ("cidadão"), de onde vem 
civitas, a cidade-Estado, donde civilização. 
 
11. Qual a diferença essencial que os pensadores apontam entre natureza e cultura? 
A natureza opera por causalidade necessária ou de acordo com leis necessárias de causa e efeito, mas o ser humano é do-
tado de liberdade e razão, agindo por escolha, de acordo com valores e fins estabelecidos por ele próprio (cultura). 
 
12. Em que momento a cultura se torna sinônimo de história? 
No momento em que passa a significar também a relação que os seres humanos socialmente organizados estabelecem 
com o tempo e com o espaço, com os outros seres e com a natureza, relações que se transformam no tempo e variam 
conforme as condições do meio ambiente. 
 
13. Qual a diferença entre o tempo na natureza e o tempo na cultura ou na história? 
Na natureza, o tempo é repetição (o dia sempre sucede à noite, as estações se sucedem sempre da mesma maneira, as 
espécies se reproduzem sempre da mesma maneira); na cultura, o tempo é transformação (mudanças nos costumes, nas leis, 
nas emoções, nos pensamentos, nas técnicas, no vestuário, nas instituições). 
 
14. Por que muitos pensadores consideram que a cultura começa quando os homens inventam o trabalho? 
Porque é pela ação do trabalho que os seres humanos iniciam seu processo civilizatório, produzindo as primeiras 
transformações na natureza, e estruturam todo o seu desenvolvimento: produzem objetos inexistentes na natureza, 
organizam-se socialmente, inventam armas para se proteger, invocam e adoram forças divinas, desenvolvem o comércio, 
criam desigualdades e instituem o poder. 
 
15. Explique a distinção kantiana entre reino da necessidade e reino da liberdade. 
É a separação entre natureza e cultura. Kant chama de reino da necessidade as coisas que estão submetidas às leis 
naturais de causalidade, que são universais e necessárias, e chama reino da liberdade as ações humanas realizadas por uma 
escolha voluntária ou por liberdade e segundo finalidades racionais. 
 
16. Por que Hegel julga que Platão e Aristóteles se enganaram quanto à impossibilidade da contradição no mundo real? 
Porque ambos os filósofos pressupunham que podemos alcançar a realidade e a verdade pela eliminação dos contraditó-
rios. Entretanto, Hegel compreende que o real e o verdadeiro nada mais são do que o movimento interno da contradição, 
isto é, a realidade é o fluxo dos contraditórios, como dissera Heráclito. 
 
17. Quais as duas principais características da contradição dialética segundo Hegel? 
Primeiro, os termos contraditórios não são dois termos positivos contrários ou opostos, mas dois predicados contraditó-
rios do mesmo sujeito e que só existem negando um ao outro. Em lugar de dizer quente/frio, dialeticamente, é preciso dizer: 
quente/não-quente. Segundo, o negativo (o não de não-doce, não-frio, etc.), portanto, não é um termo positivo contrário a 
outro positivo, mas é verdadeiramente o negativo de um positivo. Hegel chama isso de negação interna, isto é, o termo 
negado não é um outro qualquer, mas o outro do sujeito ou o seu outro. Portanto, é diferente dizer "o caderno não é a 
árvore" e "o caderno é a não-árvore". Nesta última afirmação é que temos a contradição propriamente dita e a dialética. 
 
18. Explique a negação interna. 
Na negação interna, o termo negado não é um outro qualquer, mas o outro do sujeito ou o seu outro. Por exemplo, sabe-
mos que um caderno é feito de papel e que o papel vem das árvores; dialeticamente, não diremos "o caderno não é a 
árvore", e sim que "o caderno é a não-árvore". 
 
19. O que Hegel chama de Espírito? 
Hegel chama de Espírito o sujeito que realiza o movimento da posição e superação de predicados contraditórios ou das 
contradições. 
 
20. Explique o que significa o surgimento da consciência ou do "para si" no que respeita ao surgimento da cultura. 
 Visto que a consciência é reflexiva, é ela que favorece o surgimento da cultura devido ao processo do espírito negando-se 
como natureza, ou seja, a passagem da coisa em si (por exemplo, uma montanha natural) para a não-coisa (a significação da 
montanha em nossa consciência) é que permite o surgimento da cultura. 
 
21. O que é a cultura para Marx? 
 Para Marx, a cultura é o modo como, em condições determinadas e não escolhidas por eles, os homens produzem 
materialmente (pelo trabalho, pela organização econômica) sua existência e dão sentido a essa produção material. 
 
22. Qual a diferença entre o espiritualismo de Hegel e o materialismo de Marx? 
De acordo como espiritualismo hegeliano, a história não é uma seqüência temporal de acontecimentos e de causas e 
efeitos, mas a vida do Espírito que se exterioriza na natureza e se interioriza na cultura. Para o materialismo marxista, a 
história não narra esse movimento do Espírito, mas as lutas reais dos seres humanos reais que produzem e reproduzem suas 
condições materiais de existência, isto é, produzem e reproduzem as relações sociais, pelas quais se distinguem da natureza 
e nas quais são instituídas as divisões sociais, isto é, as classes sociais contraditórias. 
 
23. Segundo os antropólogos, quais as duas leis que dão início à cultura? 
De acordo com os antropólogos, a diferença entre homem e natureza, que dá origem à cultura, surge com a lei da 
proibição do incesto, lei inexistente entre os animais. Além dessa lei, a diferença entre homem e natureza também é 
estabelecida quando os humanos definem uma outra lei que, se transgredida, causa a ruína da comunidade e do indivíduo: a 
lei que separa o cru e o cozido, lei também inexistente entre os animais. 
 
24. O que é uma lei humana? 
A lei humana é um mandamento social que organiza toda a vida dos indivíduos e da comunidade, tanto porque determina 
o modo de estabelecimento dos costumes e de sua transmissão de geração a geração como porque preside as ações que 
criam as instituições sociais: religião, família, formas de trabalho, formas de poder, etc. 
 
25. Explique o que é ordem simbólica e por que a cultura a institui. 
A ordem simbólica consiste na capacidade humana para dar às coisas um sentido que está além de sua presença material, 
isto é, na capacidade de atribuir significações e valores às coisas e aos homens, distinguindo entre bem e mal, verdade e 
falsidade, beleza e feiúra e determinando se uma coisa ou uma ação é justa ou injusta, legítima ou ilegítima, possível ou 
impossível. A cultura a institui porque representa uma afirmação de que os seres humanos são capazes de criar uma ordem 
de existência que não é simplesmente natural. 
 
26. Quais os principais sentidos de cultura? 
Criação de uma ordem simbólica da lei, isto é, de sistemas de interdições e obrigações estabelecidos a partir da atribuição 
de valores às coisas, aos humanos e suas relações, aos acontecimentos; criação de uma ordem simbólica da sexualidade, da 
linguagem, do trabalho, do espaço, do tempo, do sagrado e do profano, do visível e do invisível; conjunto de práticas, 
comportamentos, ações e instituições pelas quais os humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, 
agindo sobre ela ou por meio dela, modificando-a (rituais do trabalho, rituais religiosos, construção de habitações, dança, 
vestuário, etc.). 
 
27. Qual é o sentido restrito de cultura? 
 O sentido restrito de cultura é proveniente do antigo sentido de cultivo do espírito e a considera como criação de 
obras da sensibilidade e da imaginação - as obras de arte - e como criação de obras da inteligência e da reflexão – as obras de 
pensamento, isto é, a ciência e a filosofia.

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