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Apicultura: nutrição apícola como ferramenta de manejo.

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NUTRIÇÃO APÍCOLA 
 
 Dr. James Arruda Salomé 
 O pólen e o néctar constituem a alimentação básica das abelhas, dependendo da 
utilização preferencial de um ou outro nas distintas etapas de desenvolvimento das colmeias. 
O néctar consiste numa substância secretada pelas plantas, com o objetivo de atrair 
polinizadores. As relações dos polinizadores com as plantas iniciaram-se há cerca de cem 
milhões de anos, no período Cretáceo. A evolução dessa interação levou ao surgimento de 
características, tanto nos polinizadores quanto nas plantas, que os tornam interdependentes. 
As plantas desenvolveram estruturas como pétalas coloridas, substâncias de odor, e 
principalmente, néctar, com a função de atrair polinizadores. Os polinizadores por sua vez, 
desenvolveram combinações únicas de características de formas e comportamentos, 
percepções sensitivas e capacidade de aprender. Essas características surgiram para auxiliá-
los a encontrar a fonte alimentar capaz de suprir as suas necessidades energéticas e de suas 
crias. As plantas apícolas representam uma rica fonte de recursos para os insetos, que buscam 
resinas, óleos, aromas, pólen e néctar. Todavia, o pólen e o néctar são as principais formas de 
nutrientes encontrados nas flores, sendo o néctar a mais importante. Evolutivamente, o néctar 
surgiu muito mais tarde que o pólen, como alternativa de atrair e alimentar os polinizadores. A 
utilização do pólen como atrativo para os polinizadores não seria muito vantajoso para a planta, 
pois a sua produção representa um custo energético muito alto. 
A composição do néctar é basicamente uma solução de açúcares 
diluídos em água, com quantidades menores de outras substâncias, tais como 
sais minerais e aminoácidos. Segundo as espécies, e/ou condições ambientais, 
o conteúdo de açúcar pode variar de quatro por cento até 60 por cento, ou 
mais. Vários pesquisadores efetuaram estudos quantitativos dos açúcares do 
néctar por cromatografia de papel filtro em um grande número de espécies de 
flores, onde foram encontradas sacarose, glicose e frutose na maioria das 
espécies examinadas, e pequenas quantidades de maltose, em algumas delas. 
Basicamente são encontrados três padrões gerais na composição dos 
açúcares no néctar: (a) predominância de néctar de sacarose; (b) 
“balanceamento” com quantidades aproximadamente iguais de sacarose, 
glicose e frutose e (c) néctar com predominância de frutose e glicose. 
Além do néctar, o pólen é outro recurso alimentício importante que a flor 
disponibiliza para as abelhas. O pólen é o gameta masculino da reprodução 
sexuada nas plantas. Estes corpúsculos variam em forma e composição 
dependendo da espécie da planta. Os grãos de pólen são expostos pelas 
anteras quando madura e então são recolhidos pelas abelhas. 
A proporção de proteínas no pólen pode variar entre 7% (Pinus) e 35,5% (algumas espécies de 
palmeiras). A análise química do pólen demonstrou ser produto rico em lipídeos, hidratos de 
carbono (açúcar, amido, celulose), minerais (cálcio, magnésio, fósforo, ferro, sódio, potássio, 
alumínio, manganês, enxofre, e especialmente cobre), vitaminas (especialmente ácido 
pantotênico, ácido nicotínico, tiamina, riboflavina, ácido ascórbico e pequenas quantidades de 
vitaminas D e E, enzimas e co-enzimas), pigmentos (xantofila e carotenóides) e esteróis. 
A ALIMENTAÇÃO NA VIDA DAS ABELHAS 
 
Na primeira etapa de sua vida, ou seja, imediatamente após a eclosão do ovo, as larvas 
recebem uma espécie de pasta ricamente nitrogenada, capaz de faze-las crescer a um ritmo 
surpreendente; chegam a aumentar dez vezes seu peso em apenas três dias. Esta 
extraordinária capacidade de formação de tecidos é atribuída à geléia real, secretada pelas 
glândulas hipofaringeanas das jovens abelhas nutrizes e administrada à cria aberta sem 
restrições, até fazer com que a larva literalmente flutue nela. 
As abelhas nutrizes alimentam de forma contínua as larvas de operárias durante os primeiros 
dias após a eclosão dos ovos. Nesta etapa, a provisão de alimentos é maior que o consumo, 
dando a impressão de que as larvas estão boiando sobre uma substância de aspecto leitoso. 
No terceiro dia, a taxa de provisão alimentícia das larvas é igual o consumo. 
O alimento larval produzido pelas nutrizes é um produto de secreção das 
glândulas hipofaríngeas e glândulas mandibulares. O produto de secreção das 
glândulas hipofaríngeas é uma substância de cor clara e muito rica em 
proteínas, enquanto que a secreção das glândulas mandibulares é branca com 
alto teor de lipídios (gorduras). 
A alimentação das larvas de operárias durante os primeiros dois dias de vida é bastante 
similar, porem não idêntica, a alimentação das larvas de rainha e consiste em uma mistura de 
secreções dos dois tipos de glândulas com uma participação de 20 – 40% de líquido 
proveniente das glândulas mandibulares. Durante os dois primeiros dias de vida da larva, as 
visitas de alimentação das nutrizes são de curta duração, típicas (porem não exclusiva) da 
secreção das glândulas mandibulares que se libera por uma simples contração. A partir do 
terceiro dia, o alimento larval se diferencia da composição da geléia real e é composto da 
secreção das glândulas hipofaríngeas misturada com mel e pólen. De qualquer modo, este 
pólen proporciona às larvas muito pouco dos requerimentos nitrogenados necessários e 
somente é constituído de restos de pólen resultante do processo digestivo do estômago das 
abelhas nutrizes. O alimento desta etapa é muito rico em proteínas e as visitas de alimentação 
das nutrizes são mais longas, devido ao fato da secreção das glândulas hipofaringeas ser 
aspirada pela bomba faringeana através de longos canais. 
Uma larva de operária necessita receber 3,21 miligramas de nitrogênio, pelo desdobramento 
de 145 miligramas de pólen (em média) para completar seu ciclo evolutivo. 
 
Uma larva é uma máquina de comer, recebendo até 10.000 visitas para receber alimento que a 
faz aumentar em até 20x de tamanho, em apenas seis dias. Este estágio de nutrição é muito 
importante, pois a partir daí tem-se abelhas bem formadas e saudáveis, ou não. Em uma larva, 
não existe ligação aberta entre o ânus e o estômago, sugerindo que tudo que é consumido em 
alimento pela larva, é armazenado e disponibilizado nas formas de pré pupa e pupa como 
matéria prima de continuidade de desenvolvimento fisiológico. 
 Após o nascimento, com a ingestão contínua de pólen até o quinto dia, há aumento da 
quantidade de nitrogênio no corpo da abelha adulta, sendo que na cabeça ocorre 92,6%, tórax 
37,5%, abdômen 76%. 
As proteínas são compostos ntitrogenados formados por aminoácidos. As proteínas formam a 
parte constitutiva dos tecidos e tem uma diversidade de substancias biológicas (enzimas), que 
são importantes em numerosas reações químicas do metabolismo de organismos vivos. 
As abelhas, semelhante a outros animais, não podem elaborar todos os aminoácidos 
necessários à produção de suas próprias proteínas, necessitando recebe-las através de sua 
dieta. Os aminoácidos que as abelhas não conseguem elaborar, e que por tanto necessitam 
recebe-los através de sua dieta denominam-se essênciais e são: arginina, histidina, lisina, 
triptofano, fenilalnina, metionina, treonina, leucina, isoleucina, e valina. 
 
Com o início do novo ciclo de florações da primavera, começam os estímulos naturais à 
renovação da população de abelhas nas colméias, com o conseqüente desenvolvimento das 
mesmas. É neste momento, que a colméia tem grande necessidade de alimento protéico: o 
pólen. De sua disponibilidade depende uma alimentação equilibrada para satisfazer a 
voracidade das larvas. O pólen armazenado nas células dos favos, também conhecido como 
"pão das abelhas" é de fundamental importância para o desenvolvimento de uma colméia e sua 
ausência constitui fator limitante ao processo de desenvolvimento. 
Seu racionamento por escassez em relação à demanda da cria aberta, determina um 
crescimento defeituoso nasfuturas abelhas, ou pouca cria a ser gerada. 
No momento em que a futura abelha se encontra no estágio de pupa, onde as 
células já estão operculadas, a jovem abelha começa a depender 
nutricionalmente de si mesma e sua dieta desde os primeiros dias de inseto 
adulto, depende das proteínas acumuladas no estágio anterior em troca de sua 
progressiva maturidade, tanto anatômica como fisiológica, que se considera 
plenamente alcançada 12 dias mais tarde. A partir de 20 dias após o 
nascimento, a "função social" da abelha, apresenta uma troca radical e tendo 
alcançado a maturidade orgânica e funcional, após se dedicar a trabalhar no 
interior do ninho, começam suas tarefas de coleta no campo. 
O pólen quando coletado pelas abelhas, é depositado nas células dos favos próximo a área de 
cria. Durante o armazenamento nas células há uma série de transformações do pólen , 
propiciando um produto final diferente daquele coletado pelas abelhas; através de processos 
fermentativos, há quebra da exina (que é uma camada extremamente resistente e que protege 
o conteúdo do grão de pólen) e conseqüente exposição do citoplasma, expondo às abelhas 
seu conteúdo nutricional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1. Conteúdo em aminoácidos essênciais das proteínas do pólen, 
expresso em porcentagem. 
componente % 
arginina 5.3 
histidina 2.5 
isoleucina 5.1 
leucina 7.1 
lisina 6.4 
metionina 1.9 
fenilalanina 4.1 
treonina 4.1 
triptofano 1.4 
valina 5.8 
 
 
 
Tabela 2. Componentes minerais e vitamínicos do pólen, expressos em 
porcentagem e micrograma por grama de pólen, respectivamente. 
 
constituintes 
minerais 
Porcentagem 
média 
Constituintes 
vitaminas 
micrograma por grama 
de pólen 
cálcio 1.0 –15.0 ácido ascórbico 131.0 –721.0 
cloro 0.6 – 0.9 biotina 0.19 – 0.73 
cobre 0.05 – 0.08 D 0.2 – 0.6 
ferro 0.01 – 12.0 E 0 – 0.32 
magnésio 1.0 – 12.0 ácido fólico 3.4 – 6.8 
fósforo 0.6 – 21.6 inositol 0.3 – 31.3 
potássio 20.0 – 45.0 ácido nicotinico 37.4 – 107.7 
silício 2.0 – 10.0 ácido pantotênico 3.8 – 28.7 
enxofre 0.8 – 1.6 piridoxina 2.8 – 9.7 
 riboflavina 4.7 – 17.1 
 tiamina 1.1 – 11.6 
 
 
 
 
 
A NUTRIÇÃO APÍCOLA COMO FERRAMENTA DE MANEJO 
 
As reservas de alimentos existentes nas colméias são importantes para determinar o êxito ou o 
fracasso das diferentes ações que se realizam para regular a população da colméia. Dentro da 
colméia existe um balanço das reservas alimentares, fundamentalmente determinado pela 
variação populacional da mesma em relação ao aporte de alimento externo naquele momento. 
Este balanço é negativo quando há mais consumo de alimentos que o aporte do mesmo na 
colméia, e é positivo a partir do momento em que a entrada de alimento é maior que o 
consumo, ocorrendo um aumento das reservas. O apicultor deve conhecer o tipo de alimento 
que aporta durante a época de floração das espécies apícolas de sua região (néctar e pólen) e 
quais as limitações para o desenvolvimento de suas colméias e em que momentos ocorrem. 
Desta forma, pode definir seu plano de alimentação artificial. É tarefa do apicultor garantir para 
que durante os momentos de balanço negativo de alimentos, a colméia conte com reservas 
suficientes de alimentos, sejam estas naturais ou artificiais. É muito comum que por falta de 
reservas se produza um "stress" alimentício das abelhas, com a conseqüente diminuição de 
postura da rainha, início de canibalismo das larvas e necessidade de recorrer a reservas 
corporais. Estes desequilíbrios populacionais antes da floração trazem conseqüência negativa 
na hora da colheita de mel. É preferível deixar alimentos de sobra, que alimentar 
atrasadamente uma colméia. A causa principal de mortalidade invernal se deve a falta dos 
apicultores em prover as colméias que vão passar o inverno, suficientes reservas de mel, 
associado a permanência de espaços desnecessários nas sobre caixas. 
A quantidade de mel necessária para uma colméia normal passar o inverno 
varia segundo a latitude, altitude e condições climáticas locais. 
Uma colméia normal é capaz de sobreviver com 10 kg de mel durante o inverno. A quantidade 
extra de mel que é deixada para as abelhas nas sobre caixas não é um alto preço, se 
comparado com a perda de uma família produtiva morta por fome. Além disto, a prática de 
deixar mel suficiente às abelhas no outono, reduz custos referentes à mão de obra mais 
adiante; no inverno; e gastos relacionados com açúcar e xarope, que muitas vezes está 
relacionado com uma alimentação de emergência. A quantidade de mel adicional que consome 
uma colméia forte é compensada pelo trabalho de coleta de grande número de operárias nas 
primeiras flores que aparecem na primavera. O mel que não é consumido tem naturalmente 
sua influencia sobre a quantidade de néctar que uma colméia deve coletar e elaborar para 
obter as reservas adequadas para o inverno seguinte. Uma colméia que se encontra limitada a 
pouca capacidade de coleta e conseqüentemente poucas reservas de mel, muitas vezes coleta 
somente a quantidade de néctar suficiente para suas necessidades diárias. 
Uma colméia pode manter-se viva até após o inverno e começar a perder população no inicio 
da primavera ou no final do verão. A perda de população pode ser devido a enfermidades e/ou 
uma quantidade insuficiente de pólen para manter uma cria normal. A falta de alimento nutritivo 
especialmente a base de pólen, é a causa fundamental da perda de população no inicio da 
primavera em uma colméia, sendo esta normal e sã. 
É importante que no início de cada primavera, pelo menos dois quadros estejam cheios com 
pólen. O pólen, igual ao mel, deve estar disponível dentro do aglomerado de abelhas, para 
poder ser utilizado pelas abelhas durante o inverno. É importante que cada apicultor determine 
se suas colméias têm uma quantidade de pólen adequada e se encontre preparado para 
remediar qualquer carência, administrando um ou vários substitutos ou suplementos 
recomendados na literatura apícola. É possível obter-se excelentes resultados quando se 
colocam tortas de substitutos ou suplemento de pólen diretamente acima dos quadros da 
câmara de cria, cinco a seis semanas antes que haja pólen natural disponível. É importante 
colocar as tortas de modo a terem contato com as abelhas, e que vão sendo repostas à medida 
que são consumidas até o aparecimento de pólen natural. Com este processo de alimentação, 
as colméias começam a produção de cria semanas antes da disponibilidade da entrada 
adequada de pólen fresco. Observou-se que uma alimentação suplementar no final do inverno 
e início da primavera, estimula o crescimento dos enxames, trazendo como conseqüência 
maior rendimento em mel. 
A alimentação artificial é uma das principais ferramentas que possui o apicultor para regular a 
população de suas colméias. 
A quantidade de pólen que entrou no outono e seguiu para a alimentação das abelhas adultas 
que passarão o inverno nas colmeias, determinará teores de proteínas corporais e que são de 
grande importância em apicultura prática, já que o arranque das colméias no início da 
primavera depende exclusivamente de como as abelhas adultas se encontram neste momento. 
O pólen que começa a chegar com as primeiras florações e é armazenado nas células recebe 
tratamento com ácido fitocidal (para não deixar o pólen germinar durante armazenagem nas 
células) e continua sofrendo uma série de modificações bioquímicas, aumento de acidez e 
porcentagem de proteína solúvel em água. Na célula se produz fermentação láctea, com o 
aparecimento de flora bacteriana específica (Pseudomonas, Lactobacillus e Sacaromices), 
baixando a tensão de oxigênio, que contribui desta forma, para sua conservação. Durante a 
armazenagem deste pólen, inicia-se a inversão de sacarose, atingindo 50% em 24 horas pós 
armazenagem, produzindo e incrementando os conteúdos de ácucares monossacarídeos. Este 
pólen modificado é mais nutritivo que o pólen fresco, porem a presença do segundoé 
fundamental para a estimulação da postura da rainha. Este pólen armazenado pode levar de 
alguns dias a algumas semanas até ficar pronto para consumo. 
Então como podem as colméias gerar cria no início da temporada, se a matéria prima de 
alimentação larval ainda não está pronta? 
A resposta está na capacidade das abelhas que passaram o inverno em cederem reservas de 
proteínas armazenadas no corpo, ainda no outono, com a finalidade de alimentar a rainha e a 
cria dos primeiros ciclos de cria, que irá determinar o nível de arranque das colméias no início 
da primavera. Desta forma, é possível observar que em condições iguais, colméias 
semelhantes dentro de um mesmo apiário, arrancam em crescimento na primavera de forma 
diferente, algumas crescem mais rápido que outras. A diferença está justamente nos níveis de 
proteínas corporais armazenados pelas abelhas destas colméias. 
 
 
 
 
 
 
 
O CASO DOS 40 DIAS 
 
Como todos sabem, a abelha demora 21 dias para nascer a partir da postura de um ovo. 
Dependendo da força de uma colméia, são decorridos aproximadamente 20 dias entre a etapa 
de nascimento, a realização das tarefas do interior do ninho e o serviço de coleta de alimento 
ou produto, no campo. Isto nos dá cerca de 40 dias, significando que as abelhas que saem 
pela primeira vez para coletar néctar e pólen, água e própolis hoje, nasceram a partir de ovos 
que foram colocados há 40 dias atrás. 
Se quisermos ter colméias bem desenvolvidas no inicio da secreção de néctar da temporada, 
40 dias antes, já deverão existir na colméia não menos de 7-8 quadros de cria. Com este nível 
de cria, mais aquela já nascida e aquela que nascerá, logo teremos uma abundante população 
para o inicio da floração. Não há duvidas de que não há necessidade de criar abelhas na safra, 
mas sim criar abelhas para ela. Uma grande quantidade de cria no final da safra, além de não 
produzir, consome mel. É claro que as características da região e os objetivos da produção 
determinam os momentos de estímulo às colméias e de bloqueio da postura das rainhas. 
Em regiões com estações climáticas definidas, com inverno marcante, a maioria das abelhas 
presentes nas colméias são abelhas com sobrevida muito além dos normais 42 dias, nascidas 
no outono e que passaram o inverno, sendo que o tamanho da colméia na primavera está 
diretamente relacionado com seu tamanho no outono anterior. Estas abelhas velhas iniciam os 
trabalhos de coleta no inicio da primavera com a chegada das primeiras flores, morrendo 
rapidamente. Logo no inicio da temporada é normal que as colméias diminuam de tamanho 
pelo fato de morrerem mais abelhas adultas que nascerem abelhas novas. Esta situação é 
temporária, assim que inicia o nascimento das novas abelhas, criadas na temporada, faz com 
que a colméia retome seu crescimento natural. Com a progressão da floração, mais alimento 
estará disponível e mais abelhas estarão disponíveis para a coleta de alimento. Em 
decorrência da alteração do volume de alimento, mais cria poderá ser gerada, principalmente 
em relação à quantidade de pólen coletado, que é a matéria prima para a alimentação das 
larvas. Da disponibilidade de alimento dado à rainha vai depender a taxa de colocação de 
ovos, que pode ser regulada tanto pelo alimento, quanto pela rainha, como pelas operárias, 
com a finalidade de ajustar a quantidade de cria ao volume de alimento presente nas células. 
O aumento da população de abelhas adultas, decorrente da disponibilidade de alimento no 
inicio da primavera para gerar e alimentar a cria e a quantidade de alimento coletado em 
decorrência do grande volume de cria presente na colméia são dois aspectos importantes e 
dependentes do tamanho da colméia. Colméias pequenas criam proporcionalmente mais prole 
por abelha adulta que as maiores e as abelhas das pequenas colméias coletam 
proporcionalmente mais que aquelas de colméias maiores. 
Taxas maiores de população e alimento nas colméias fazem com que a rainha produza o 
máximo de postura de ovos, que pode ser de até 3.000/dia. Neste momento, a proporção de 
abelhas adultas/cria aumenta, denotando maior número de abelhas coletando que larvas para 
alimentar. Desta forma, colméias que atingiram ponto de crescimento anterior coletam mais 
alimento, representado na forma de néctar e transformado em mel, do que aquelas que estão 
ainda em crescimento. 
O conhecimento do calendário apícola da região, permite determinar a época aproximada em 
qual colméia pode contar com um máximo populacional e com a distribuição de idades 
adequada entre as abelhas, de modo a obter uma colheita máxima. Um exemplo prático 
aparece na figura 14, que representa o calendário de floração de espécies de plantas apícolas 
no município de Rio do Oeste - Santa Catarina (A) e épocas e volume de crescimento entre 
populações de abelhas adultas em colméias que não foram alimentadas artificialmente com 
substituto de pólen (B) e colméias que foram alimentadas (C). Fica visível a importância da 
administração de alimento estimulante pré-floração, pois desta forma o volume de abelhas 
adultas em idade de campeira é plenamente satisfatório no inicio da floração, e continua 
crescendo, acompanhando a linha do crescimento da porcentagem de floração, e que no mês 
de setembro possui população adulta máxima (C), coincidindo com o pico máximo de floração 
(A), traduzindo em alto rendimento na colheita de mel. Ao contrário, colméias que não 
receberam alimentação estimulante, e que crescem a partir do néctar e pólen naturais 
provenientes da floração regional, não conseguem atingir seu potencial máximo de crescimento 
durante o período de progressão da floração das espécies de plantas apícolas (B), 
principalmente em seu grande pico no mês de setembro. Desta forma, estas colméias 
apresentam rendimentos na produção de mel inferiores, se comparadas com aquelas que 
foram alimentadas, pelo menos 40 dias antes do inicio da floração. É importante que o apicultor 
conheça profundamente as espécies de plantas apícolas e as épocas de floração destas 
espécies para poder utilizar a alimentação artificial estimulante nas épocas apropriadas, 
tornando este manejo uma ferramenta para obtenção de sucesso na produção. 
 
 
 A 
 porcentagem de floração de espécies apícolas no 
decorrer do ano no municipio de Rio do Oeste - SC
0
5
10
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 B
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com estímulo natural
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população adulta de abelhas em colméias 
com alimentação artificial estimulante
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 C 
 
Figura 14. Porcentagens mensais de florações de espécies de plantas apícolas ao longo dos 
meses do ano no município de Rio do Oeste - SC (A). Nível populacional de abelhas adultas 
em colméias a partir de estímulos naturais de entrada de néctar e pólen (B). Nível populacional 
de abelhas adultas em colméias a partir da administração de alimentação artificial estimulante 
(C).

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