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Miriam Goldemberg - estudo sobre corpo

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Miriam Goldemberg: 
 
Quem é ela? 
Ela é doutora em antropologia social pelo 
museu nacional da UFRG, sendo atualmente 
colunista da Folha de São Paulo e autora de 
diversos tipos de artigos e livros sobre o corpo! 
 
Década de 1980: 
• Gilberto freyre já declarava a necessidade 
de reconhecer, no biótipo brasileiro, uma 
beleza vinculada às características locais e 
por isso ele faz um paralelo entre a beleza 
da Sônia Braga e a beleza da Vera Fischer; 
• “As brasileiras não ficam velhas, ficam loiras”. 
Brasil é o maior consumidor de tinturas para 
o cabelo no mundo, o que já diz muita coisa 
sobre a relação das mulheres com o corpo 
e com o envelhecimento que ocorre na 
nossa cultura; 
• Segundo Freyre, no Brasil, as modas 
surgem visando uma preocupação central 
da mulher brasileira: Permanecer jovens. 
Podemos dizer, que isso tem influenciado 
também os homens (passou a ser uma 
preocupação não somente das mulheres); 
• Marcel Mauss: O conjunto de hábitos, 
costumes, crenças e tradições que 
caracterizam uma cultura também se 
referem ao corpo, ou seja, quando 
reconhecemos/estudamos, algum local ou 
cultura distinta, nós percebermos que isso 
irá reverberar de alguma forma no 
corpo/na percepção de corpo de 
determinada população. 
 
 
 
Pontos para discussão: 
Nessa parte do artigo produzido por Miriam 
Goldemberg ela fala sobre o concurso de Miss 
Brasil, onde era muito difícil de perceber (hoje 
em dia mudou, mas ainda de uma maneira 
muito leve/insipiente) o Brasil no concurso de 
Miss Brasil. 
• Ela trás um estudo de Stéphane Malysse 
sobre a comparação entre o corpo da 
mulher francesa e a brasileira, e ele diz que: 
“Enquanto na França, a produção pessoal 
continua centrada essencialmente na 
própria roupa, no Brasil é o corpo que 
parece estar no centro das estratégias de 
vestir. As francesas procuram se produzir 
com roupas cujas cores, estampas e 
formas reestruturam artificialmente seus 
corpos, disfarçando algumas formas 
(particularmente as nádegas e a barriga) 
graças ao seu formato; as brasileiras 
expõem o corpo e frequentemente 
reduzem a roupa a um simples instrumento 
de sua valorização, em suma, uma espécie 
de ornamento”, então ele conclui que a 
moda na França é tida para disfarçar 
algumas “falhas” no corpo que a mulher não 
Faculdade Ciências Médicas MG // ANTROPOLOGIA SOCIAL Luísa Trindade Vieira (@medstudydalu) - 72D 
Miriam Goldemberg: 
 
gosta, enquanto aqui no Brasil o corpo é o 
tempo todo o foco principal da própria 
moda; 
• Ainda sobre o estudo de Stéphane Malysse, 
ele diz que adolescentes Francesas tendem 
a se vestir como suas mães, e no Brasil 
verificamos o oposto, sendo que as mães 
que tendem a se vestir e continuar se 
vestindo como jovem, logo ele afirma que 
na França, as roupas participam de um 
processo de envelhecimento da aparência, 
enquanto no Brasil, ao contrário, a tendência 
é vestir-se como jovem até bem tarde; 
• Miriam questiona sempre entre as mulheres 
e os homens, quais são as concepções que 
eles tem sobre o corpo; 
• Quando pensado na área da saúde, é 
perceptível que a estética vem ganhando 
muito lugar no mercado, diante a falsa 
impressão vendida, de uma juventude 
eterna. ATÉ QUE PONTO ISSO É 
SAUDÁVEL E ATÉ QUE PONTO A 
POPULAÇÃO BRASILEIRA NÃO VEM 
EXAGERANDO COM RELAÇÃO A ESSES 
“CUIDADOS” COM A ESTÉTICA; 
 
Corpo como capital: 
• O corpo e a aparência no Brasil, é um 
VERDADEIRO CAPITAL, como diria Pierre 
Boudieu, ou seja, o corpo é sinônimo de 
algo que possa realmente ser explorado, 
dar valor, e ser vendido nesses aspecto; 
• No Brasil, é o corpo que sai e entra na moda 
(Brasil bate recordes em números de 
cirurgia plásticas, para lidar com as 
“imperfeições” e com a questão da velhice). 
A roupa, neste caso, é apenas um acessório 
para a valorização e exposição deste corpo 
na moda; 
 
• Pesquisa de Miriam Goldemberg: 
ü O que você mais inveja em uma 
mulher? R: Beleza, corpo e intligência; 
ü O que você mais inveja em um 
homem? R: Inteligência, poder 
econômico, beleza e corpo; 
ü O que mais te atrai em um homem? R: 
Inteligência, corpo e olhar; 
ü O que mais te atrai em uma mulher? R: 
Beleza, inteligência e corpo; 
ü O que mais te atrai sexualmente em um 
homem? R: Tórax, corpo e pernas; 
ü O que mais te atrai sexualmente em 
uma mulher? R: Bunda, corpo e seios 
*A partir desse estudo é possível perceber que 
o corpo se torna uma categoria e deixa de ser 
um substantivo! 
• Em outras pesquisas, sobre convivência 
social, tanto nas respostas sobre inveja, 
admiração e atração, como nas que 
procuram um parceiro amoroso, o corpo 
aparece como um valor fundamental, então 
através dos achados, o corpo está presente 
em todas as respostas; 
• No entanto, não trata-se de um corpo 
qualquer, trata-se de um corpo qualquer, 
trata-se de um corpo “trabalhado, saudável, 
bem cuidado, paradoxalmente uma 
natureza cultivada, uma cultura tornada 
natureza”, essa que é uma grande crítica, o 
corpo que aparece nas respostas, não é o 
corpo normal/real, muito pelo contrário, é o 
corpo irreal, que está no imaginário das 
pessoas, e que ganha uma força muito 
maior através das redes sociais, gerando 
angústias e dismorfias; 
• Transformação de um corpo “natural” em 
um corpo “dinstintivo”, ou seja, o corpo 
começa também a ser um símbolo de 
distinção, onde percebemos que existem 
 
grupos que se encontram através das 
características coporais: Marombas, 
Tatuados, Dark (corpo mais pálido com 
roupas pretas). É por conta dessa distinção 
que podemos perceber que o corpo 
adquire sua função como capital; 
• Insatisfação corporal no Brasil: 
ü 37% das brasileiras se disseram 
insatisfeitas (atrás somente das 
japonesas) - pesquisa realizada entre 
3200 mulheres em 10 países; 
ü 1% das brasileiras se julgam bonitas 
(satisfeitas). 
• Brasil é o país que mais realiza cirurgias 
plásticas entre os países estudados: 
ü Motivações principais: Atenuar os 
efeitos do envelhecimento, corrigir 
defeitos físicos e esculpir o corpo 
perfeito. 
• “Dominação Masculina”, para Boudieu, tal 
ação obriga os homens a serem fortes, 
potentes e viris, enquanto as mulheres 
devem ser delicadas, submissas e apagadas. 
Com isso ele faz uma relação da magreza 
entre as modelos, com o objetivo de 
apagar o corpo feminino, não somente 
simbólica, mas quase que real; 
• 13% das adolescentes brasileiras sofrem 
com anorexia e bulimia (2006), número alto, 
mas que deve ser maior ainda, pois as 
pessoas não gostam de abordar sobre o 
tema. Além desse conceito, há o de 
vigoreccia, que é mais prevalente em 
homens, que é sobre homem fortes que se 
olham no espelho e se veem magros. 
**Para finalizar essa discussão, podemos dizer 
e afirmar que as mulheres são vítimas de uma 
violência simbólica e real na maioria das vezes. 
No entanto, o que temos percebido, é que 
essa violência simbólica (exigência de um corpo 
 
perfeito) também tem atingido os homens, 
então é algo que tem mudado com o tempo 
e que não deixa de ser uma violência simbólica 
que todos nós sofremos! 
Essa escala é utilizada para fazer pesquisas, em 
que se perguntam para homens e mulheres 
qual o corpo que eles tem e qual o corpo que 
eles desejariam ter, e as respostas, em geral, 
são que mulheres querem ter um corpo mais 
magro do que o que ela tem e os homens 
querem sempre ter um corpo mais forte do 
que o que eles tem. 
**Já existem essa escala de silhuetas para 
pessoas que realizam musculação e para 
pessoas que são cegas (são utilizadas 
esculturas). 
 
 
 
Mídias Sociais: 
As patologias psico-sociais e as insatisfações 
corpóreas estão muito relacionadas às redes 
sociais! Segundo um estudo da RSPH, existe 
um ranking das redes sociais que vai do mais 
positivo para o mais negativo, relacionado com 
as psicipatologias: 
À partir desse ranking podemos perceber que 
as mais negativas (Instagram e Snapchat) são 
as relacionadas com imagens. 
**Outros artigos dizem que o uso excessivo 
das redes sociais, está muito relacionado com 
problemaspsicosociais, e que o público mais 
atingido são crianças e adolescentes.

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