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Indaial – 2019 Introdução ao LaboratórIo CLínICo Ana Paula Vieira Caroline Sales Pinto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Ana Paula Vieira Caroline Sales Pinto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: P659i Pinto, Caroline Sales Introdução ao laboratório clínico. / Caroline Sales Pinto; Ana Paula Vieira. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 266 p.; il. ISBN 978-85-515-0400-0 1. Laboratório clínico. - Brasil. I. Vieira, Ana Paula. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 610 III apresentação Olá, acadêmico! Vamos iniciar nossos estudos da disciplina de Introdução ao Laboratório Clínico. Este livro didático está dividido em três unidades e em cada uma delas serão abordados temas distintos a respeito da rotina biomédica. Além disso, este livro introduzirá você, acadêmico, aos principais setores que compõem o laboratório de análises clínicas. Pronto para explorar o universo da Biomedicina e a atuação do profissional biomédico? A Biomedicina é um curso consideravelmente novo, porém, desde quando foi criado, muitos avanços com relação à atuação no mercado de trabalho foram conquistados. A primeira unidade consiste em uma introdução à Biomedicina. Abordaremos a história do curso, estudaremos desde quando o curso foi criado, sua regulamentação e evolução, bem como o perfil do profissional nos dias atuais. No decorrer dos anos, e depois de muita luta, o Biomédico conquistou o direito de atuar em diferentes áreas. Assim, abordaremos também as principais áreas de atuação do Biomédico e o código de ética que este deve seguir em seu exercício profissional. A Unidade 2 traz uma revisão dos conhecimentos sobre Sistema Métrico, mostrando-nos como utilizá-los e convertê-los quando necessário, além de trazer os conhecimentos básicos de química voltados para o preparo de soluções usadas em laboratórios clínicos. A partir desse conhecimento, vamos aprender sobre os transportes através das membranas celulares e porque são tão importantes em nosso organismo. Esta unidade também introduzirá dois dos laboratórios clínicos utilizados pelo nosso curso — a bioquímica e a parasitologia —, e conheceremos seus funcionamentos, técnicas e princípios básicos. Quando chegarmos à Unidade 3, vamos rever conceitos de pH, sua importância em nosso organismo e como o corpo consegue manter o equilíbrio através do sistema tampão. A partir dos conhecimentos em transporte de membranas já vistos, poderemos estudar como o impulso nervoso percorre as células do corpo e sua identificação através de eletrodos, como no eletrocardiograma. Para finalizar a unidade, veremos a introdução dos laboratórios de hematologia, imunologia e microbiologia, suas técnicas e os princípios básicos utilizados nesses laboratórios. Caro acadêmico, esta será uma jornada de muitos aprendizados e ampliação dos conhecimentos relacionados à Biomedicina e de conceitos essenciais para o início da formação do profissional analista clínico. Bons estudos! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento. Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL .............................................................................................................1 TÓPICO 1 – HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA .........................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 O CURSO DE BIOMEDICINA ............................................................................................................3 2.1 A ORIGEM DO CURSO ....................................................................................................................3 2.2 O PERFIL DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO...............................................................................9 2.3 A TRAJETÓRIA DA PROFISSÃO ................................................................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................15 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................16 TÓPICO 2 – REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO .....................................17 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................17 2 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO ........................................................................................17 2.1 LEI Nº 6.684/1979 ............................................................................................................................18 2.2 LEI Nº 6.686/1979 ............................................................................................................................27 2.3 LEI Nº 7.017/1982 .............................................................................................................................28 2.4 DECRETO Nº 88.438/1983 ..............................................................................................................31 2.5 LEI Nº 7.135/1983 .............................................................................................................................35 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................37 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................38 TÓPICO 3 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO ..................................391 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................39 2 ATO PROFISSIONAL (RESOLUÇÃO Nº 78 DE ABRIL DE 1979) ..............................................39 2.1 CAPÍTULO I – DO ATO PROFISSIONAL DO BIOMÉDICO....................................................39 2.2 CAPÍTULO II – DO CAMPO DE ATUAÇÃO DAS ATIVIDADES DO BIOMÉDICO ...........40 2.3 CAPÍTULO III – DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA ...........................................................46 3 ATUALIZAÇÕES SOBRE A ATUAÇÃO DO BIOMÉDICO ........................................................46 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................47 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................48 TÓPICO 4 – CÓDIGO DE ÉTICA BIOMÉDICA, BIOÉTICA E BIODIREITO: PRINCIPAIS ASPECTOS .........................................................................................................................49 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................49 2 CÓDIGO DE ÉTICA DA PROFISSÃO DE BIOMÉDICOS .........................................................49 2.1 CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS GERAIS .................................................................................50 2.2 CAPÍTULO II – DEVERES PROFISSIONAIS DO BIOMÉDICO ...............................................51 2.3 CAPÍTULO III – DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL ...................................................................52 2.4 CAPÍTULO IV – DOS DIREITOS DO BIOMÉDICO ...................................................................53 2.5 CAPÍTULO V – DOS LIMITES PARA DIVULGAÇÃO E PROPAGANDA DA ATIVIDADE BIOMÉDICA .....................................................................................................................................54 2.6 CAPÍTULO VI – DAS RELAÇÕES COM OS COLEGAS ...........................................................55 sumárIo VIII 2.7 CAPÍTULO VII – DAS RELAÇÕES COM A COLETIVIDADE ................................................56 2.8 CAPÍTULO VIII – DAS RELAÇÕES COM O CONSELHO FEDERAL E OS REGIONAIS DE BIOMEDICINA ................................................................................................................................56 2.9 CAPÍTULO IX – DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES ..............................................................57 2.10 CAPÍTULO X – COMPETÊNCIA DO PRESIDENTE DO CONSELHO FEDERAL, REGIONAIS E MEMBROS DED COMISSÕES ............................................................................58 2.11 CAPÍTULO XI – SANÇÕES ÉTICAS E DISCIPLINARES .......................................................58 2.12 CAPÍTULO XII – DISPOSIÇÕES FINAIS ...................................................................................61 3 BIOÉTICA E BIODIREITO: ENTENDENDO OS CONCEITOS ÉTICOS ENVOLVENDO A VIDA HUMANA ..............................................................................................................................61 3.1 CONCEITOS .....................................................................................................................................62 3.2 PRINCÍPIOS .....................................................................................................................................67 3.3 PESQUISA EXPERIMENTAL ENVOLVENDO SERES HUMANOS .......................................67 3.3.1 O projeto genoma humano ....................................................................................................68 3.3.2 A clonagem ..............................................................................................................................69 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................74 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................75 UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE QUÍMICA, MEMBRANAS CELULARES E CONSTITUINTES – APRESENTAÇÃO DOS LABORATÓRIOS DE BIOQUÍMICA E PARASITOLOGIA ........................................................................77 TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE QUÍMICA .......................................................................79 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................79 2 SISTEMA DE MEDIDAS ....................................................................................................................79 2.1 SISTEMA MÉTRICO E PREPARO DE SOLUÇÕES....................................................................81 2.2 ALGORITMOS SIGNIFICATIVOS, PRECISÃO E CERTEZA ...................................................83 2.3 CONVERSÃO DE UNIDADES DO SISTEMA MÉTRICO ........................................................84 3 SOLUÇÕES ............................................................................................................................................87 3.1 SOLUÇÕES NA QUÍMICA ............................................................................................................87 3.2 TIPOS DE SOLUÇÃO ......................................................................................................................88 3.3 CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES ..........................................................................................91 3.4 DILUIÇÕES ......................................................................................................................................96 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 2 – TRANSPORTE ATRAVÉS DE MEMBRANAS CELULARES................................101 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101 2 ÁGUA E SUA IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA ..............................................................................101 3 MODELO DE ESTRUTURA DA MEMBRANA PLASMÁTICA ..............................................109 4 TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS ATRAVÉS DA MEMBRANA PLASMÁTICA ............112 4.1 TRANSPORTE PASSIVO ..............................................................................................................112 4.1.1 Difusão Simples ....................................................................................................................113 4.1.2 Difusão Facilitada .................................................................................................................114 4.1.3 Osmose ...................................................................................................................................117 4.2 TRANSPORTE ATIVO ..................................................................................................................118 4.3 TRANSPORTE DE GRANDES MOLÉCULAS ..........................................................................121 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................123 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................124 IX TÓPICO 3 – LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA ...........................................................................1271 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127 2 VIDRARIAS .........................................................................................................................................127 3 TÉCNICAS DE PIPETAGEM ...........................................................................................................131 4 AMOSTRAS BIOLÓGICAS .............................................................................................................133 5 TÉCNICAS UTILIZADAS NO LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA ......................................135 5.1 CROMATOGRAFIA ......................................................................................................................135 5.2 QUÍMICA LÍQUIDA – ESPECTROFOTOMETRIA ..................................................................136 5.3 QUÍMICA SECA ............................................................................................................................140 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................143 TÓPICO 4 – LABORATÓRIO DE PARASITOLOGIA ...................................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 AMOSTRAS BIOLÓGICAS .............................................................................................................145 3 FORMAS PARASITÁRIAS ...............................................................................................................146 4 TÉCNICAS NA PARASITOLOGIA ................................................................................................148 4.1 EXAME DIRETO OU FRESCO ....................................................................................................148 4.2 TÉCNICA DE FAUST ....................................................................................................................149 4.3 TÉCNICA DE HOFFMANN ........................................................................................................149 4.4 TÉCNICA DE WILLIS ...................................................................................................................150 4.5 TÉCNICA DE BAERMANN & MORAES ..................................................................................151 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................152 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................161 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162 UNIDADE 3 – pH E SISTEMA TAMPÃO, BIOFÍSICA DO IMPULSO NERVOSO, VISÃO E AUDIÇÃO –UTILIZAÇÃO DE ELETRODOS NOS EXAMES. LABORATÓRIO DE HEMATOLOGIA, IMUNOLOGIA E MICROBIOLOGIA.....................................................................................................163 TÓPICO 1 – pH E SISTEMA TAMPÃO ............................................................................................165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165 2 IONIZAÇÃO DA ÁGUA ...................................................................................................................165 3 ESCALA DE pH ...................................................................................................................................168 4 DEFINIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS ÁCIDAS ..................................................................................169 5 DEFINIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS BÁSICAS OU ALCALINAS ...............................................170 6 SISTEMA TAMPÃO ..........................................................................................................................170 7 TITULAÇÃO ÁCIDO-BASE.............................................................................................................173 8 SISTEMA TAMPÃO BIOLÓGICO BICARBONATO/ÁCIDO CARBÔNICO ......................175 8.1 BICARBONATO NO SANGUE ...................................................................................................176 8.2 AÇÃO DO SISTEMA TAMPÃO BICARBONATO ...................................................................177 8.3 ORGANISMO EM ACIDOSE SANGUÍNEA .............................................................................179 8.4 ORGANISMO EM ALCALOSE SANGUÍNEA .........................................................................180 9 EXAME DE GASOMETRIA ARTERIAL .......................................................................................181 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................183 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................184 TÓPICO 2 – TRANSMISSÃO DO IMPULSO NERVOSO ...........................................................187 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................187 2 SISTEMA NERVOSO ........................................................................................................................187 3 NEURÔNIOS SENSORIAIS ............................................................................................................191 X 4 POTENCIAL DE AÇÃO ....................................................................................................................193 4.1 PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO ..........................................................................194 5 SINAPSE ...............................................................................................................................................197 5.1 SINAPSE ELÉTRICA .....................................................................................................................198 5.2 SINAPSE QUÍMICA ......................................................................................................................198 6 ESTÍMULO SENSORIAL – VISÃO ................................................................................................201 7 ESTÍMULO SENSORIAL – AUDIÇÃO ........................................................................................204 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................205 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................206 TÓPICO 3 – ELETRODOS NOS EXAMES .......................................................................................209 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................209 2 IMPULSO ELÉTRICO NO CORAÇÃO .........................................................................................209 3 ELETROCARDIOGRAMA (ECG) ...................................................................................................211 3.1 PRINCÍPIOS DO ECG ...................................................................................................................212 3.2 INTERPRETAÇÕES DO ECG ......................................................................................................213 4 ELETROENCEFALOGRAMA (EEG) ..............................................................................................2144.1 PRINCÍPIOS DO EEG ...................................................................................................................214 4.2 INTERPRETAÇÕES DO EEG .......................................................................................................215 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................216 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217 TÓPICO 4 – LABORATÓRIO DE HEMATOLOGIA .....................................................................219 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................219 2 COMPOSIÇÃO DO SANGUE .........................................................................................................219 3 ORIGEM DAS CÉLULAS SANGUÍNEAS ....................................................................................221 4 MORFOLOGIA DAS CÉLULAS SANGUÍNEAS ........................................................................222 4.1 SÉRIE VERMELHA/ERITRÓCITOS ...........................................................................................223 4.2 SÉRIE BRANCA/LEUCÓCITOS E PLAQUETAS .....................................................................223 5 AMOSTRA BIOLÓGICA ..................................................................................................................224 6 ESFREGAÇO SANGUÍNEO.............................................................................................................224 6.1 TÉCNICA/COLORAÇÃO ............................................................................................................225 6.2 LEITURA DO ESFREGAÇO SANGUÍNEO ...............................................................................227 7 EQUIPAMENTOS AUTOMATIZADOS ........................................................................................228 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................229 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................230 TÓPICO 5 – LABORATÓRIO DE IMUNOLOGIA .........................................................................233 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................233 2 HISTÓRIA DA IMUNOLOGIA ......................................................................................................234 3 SISTEMA IMUNOLÓGICO .............................................................................................................235 3.1 CÉLULAS QUE PARTICIPAM DO SISTEMA IMUNOLÓGICO ...........................................235 4 NATUREZA DOS ANTÍGENOS .....................................................................................................235 5 IMUNIDADE NATURAL/INATA ...................................................................................................236 6 IMUNIDADE ADQUIRIDA .............................................................................................................236 7 AMOSTRAS BIOLÓGICAS .............................................................................................................237 8 TÉCNICAS UTILIZADAS ................................................................................................................237 8.1 METODOLOGIAS COM REAGENTES NÃO MARCADOS ..................................................238 8.2 METODOLOGIAS COM REAGENTES MARCADOS.............................................................240 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................242 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................243 XI TÓPICO 6 – LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA ..................................................................245 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................245 2 HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA ...............................................................................................245 3 CARACTERÍSTICAS DE FUNGOS E VÍRUS ..............................................................................246 4 CARACTERÍSTICAS DAS BACTÉRIAS ......................................................................................246 5 NORMAS DE TRABALHO EM LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA ...........................247 6 AMOSTRAS BIOLÓGICAS .............................................................................................................248 7 TÉCNICA DE COLORAÇÃO DE GRAM ......................................................................................249 8 TÉCNICA DE ZIEHL-NEELSEN .....................................................................................................250 9 MEIOS DE CULTURA .......................................................................................................................251 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................253 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................257 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................258 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................261 XII 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • apresentar a evolução do curso de biomedicina, desde sua formação até os dias atuais; • conhecer a regulamentação da profissão; • identificar as habilitações do profissional biomédico compreendendo de que forma o profissional está inserido em cada habilitação; • compreender as ações de conselhos, sindicatos e associações; • compreender os princípios éticos e bioéticos que regem a profissão; • estabelecer a interface entre Bioética e Direito, conhecida como Biodireito. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA TÓPICO 2 – REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO TÓPICO 3 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO TÓPICO 4 – CÓDIGO DE ÉTICA BIOMPEDICA, BIOÉTICA E BIODIREITO: PRINCIPAIS ASPECTOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, iniciaremos nossa caminhada para conhecer mais a fundo sobre a carreira de biomédico, ainda jovem no cenário da saúde brasileira. Neste tópico abordaremos a definição de Biomedicina, além dos aspectos históricos da construção do curso e do perfil esperado do profissional Biomédico ao fim da graduação. Para ser criado, um curso de graduação deve apresentar objetivos claros e consistentes, além de passar por um processo burocrático rígido. Com a Biomedicina não foi diferente. Ao passar dos anos, muitos foram os profissionais que lutaram para tornar possível sua construção e aprimoramento. Você já se perguntou há quantos anos existe a profissão de Biomédico? Quem foram as mentes pensantes por detrás da criação do curso? Em qual universidadefoi implantado o primeiro curso de Biomedicina? Esses serão alguns pontos abordados neste primeiro tópico desta unidade. Dando sequência à leitura, você encontrará informações sobre a trajetória da Biomedicina, desde seu início até os dias de hoje. Pronto para iniciar seus estudos e conhecer mais sobre o curso e sobre o profissional Biomédico? Então, vamos lá! Bons estudos! 2 O CURSO DE BIOMEDICINA O curso de Biomedicina tem como legado a formação de profissionais responsáveis pela melhoria da qualidade de vida da população. Dessa forma, conta com diretrizes curriculares bem consolidadas abrangendo muitas áreas de conhecimento, com intuito de proporcionar a formação global do profissional. 2.1 A ORIGEM DO CURSO A Biomedicina é um curso considerado novo quando comparado aos outros cursos da área da saúde, completando 53 anos de existência neste ano de 2019. No Brasil, o conceito de Biomedicina começou a surgir em 1950, no período pós-guerra, época marcada por grandes avanços científicos e tecnológicos que impactaram muitas áreas de maneira significante, entre elas, a da saúde. A UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 4 década de 1950 ficou conhecida como “Anos Dourados” devido à intensa onda de revoluções tecnológicas e sociais. Esses eventos refletiram no desenvolvimento do senso crítico da população mais jovem, que também passou a ter mais acesso ao ensino superior. A escolaridade passou a ser cada vez mais acessível, e maiores contingentes de alunos chegavam às portas do ensino superior no final da década de 60. A televisão e a mídia mostravam as maravilhas científicas e tecnológicas dos países do primeiro mundo. Por essas razões, as cobranças para que todos acompanhassem o progresso não tardaram acontecer. Para seguir todo o desenvolvimento científico, cultural e tecnológico que dia a dia era visto pelas imagens de televisão, em jornais e revistas era necessária a criação de mais cursos de Medicina, Odontologia, Biologia, Direito, Matemática e Administração, principalmente (NAOUM, 2015, p. 7). Em consequência ao aumento de jovens ingressando no ensino superior, as universidades sentiram a necessidade de aumentar o número dos cursos de graduação. Em cursos na área da saúde como Medicina, Odontologia e Biologia, o aumento na demanda de professores capacitados para lecionar em disciplinas básicas se tornou um fator preocupante para as instituições de ensino. A preocupação adivinha do fato de que os docentes da época eram médicos que possuíam habilitações específicas e, por conseguinte, optavam por lecionar em disciplinas aplicadas. Disciplinas básicas: abordam conceitos introdutórios e são base para construção do conhecimento específico sobre determinado assunto. Em cursos da área da saúde podemos citar como exemplo Biologia Celular, Fisiologia, Bioquímica entre outras. Disciplinas aplicadas: abordam assuntos específicos sobre determinado conteúdo. Em cursos da área da saúde podemos citar como exemplo Neurologia, Doenças infecciosas, Microbiologia Clínica. NOTA A exposição a esses problemas que tomavam conta das instituições, principalmente as relacionadas com a área da saúde, fez que com que o professor Dr. José Leal Prado de Carvalho iniciasse sua idealização sobre a criação de um novo curso, voltado para formação de profissionais com capacitação suficiente para lecionarem em disciplinas básicas. Diante disso, na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada em Curitiba, em 1950, Leal Prado apresentou suas ideias iniciais para construção de cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Biomédicas. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA 5 FIGURA 1 – PROFESSOR DR. JOSÉ LEAL PRADO DE CARVALHO FONTE: <https://cfbm.gov.br/historia-da-biomedicina/>. Acesso em: 27 maio 2019. Posteriormente à exposição das ideias sobre a criação de um novo curso de graduação, os professores Leal Prado e José Ribeiro do Vale convocaram uma reunião com algumas instituições de ensino e pesquisa do estado de São Paulo visando à discussão e ao planejamento para a execução do projeto. Participaram desse encontro representantes do Instituto Butantan, Escola Paulista de Medicina (EPM) e Universidade de São Paulo (USP). Se você quiser conhecer mais sobre o Instituto Butantan assista ao vídeo Butantan: Tradição e Inovação. Desde 1901, o Instituto Butantan produz produtos voltados para a saúde pública, sendo responsável por grande parte das vacinas produzidas no Brasil. Seus produtos são enviados ao Ministério da Saúde, que os distribui gratuitamente à população. Link: https://www.youtube.com/watch?v=9HSBXkm6Z7w. DICAS Caro acadêmico, apesar da exaustiva insistência de Leal Prado e Ribeiro do Vale para a abertura de um curso voltado às Ciências Biomédicas, o projeto foi concretizado apenas 16 anos depois! Processo demorado, não? UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 6 Tudo isso aconteceu quando a EPM, hoje conhecida como Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), foi federalizada e um novo regimento entrou em vigor. Tal regimento estabelecia a criação do curso de graduação e pós- graduação em Ciências Biomédicas, que posteriormente recebeu o nome de Ciências Biológicas – Modalidade Médica. O objetivo do curso de Biomedicina era formar profissionais devidamente habilitados e capacitados para atuarem como docentes de disciplinas básicas principalmente para os cursos de Medicina e Odontologia. Além disso, por meio da oferta de pós-graduação nesta área, visava à formação de pesquisadores científicos especializados nas áreas básicas, porém com capacidade de auxílio em pesquisas em áreas específicas. IMPORTANT E Uma vez autorizada a criação deste novo curso de formação, o Conselho Federal de Educação emitiu o Parecer nº 571/1966, que estabelecia o conteúdo mínimo e a duração do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas – Modalidade Médica. Assim, depois de muita luta e dedicação, em março de 1966 ocorreu a aula inaugural do curso, ministrada pelo professor Dr. Leal Prado. Leia um trecho do Discurso do professor Drº José Leal Prado de Carvalho proferido na aula inaugural do curso Ciências Biológicas – Modalidade Médica, da Escola Paulista de Biomedicina, em 1966. “Uma instituição ativa, como a Escola Paulista de Medicina, sente-se muito limitada dentro da estrutura de um instituto isolado de ensino superior. A criação do curso de Ciências Biomédicas tornará mais amplo seu campo de atividade cultural e mais importante sua contribuição social. Se tivermos êxito nessa iniciativa, estaremos armazenando uma experiência valiosa, ao mesmo tempo que teremos maiores possibilidades para fazer uma segunda tentativa no caminho da universidade federal. Só o futuro dirá a melhor conduta a seguir”. FONTE: <https://www.unifesp.br/50-anos-do-curso-biomedico>. Acesso em: 27 maio 2019. NOTA TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA 7 FIGURA 2 – DOCENTES DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – MODALIDADE MÉDICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP) FONTE: <https://www.unifesp.br/50-anos-do-curso-biomedico>. Acesso em: 27 maio 2019. A proposta desse novo curso foi rapidamente implementada por outras instituições de ensino, sendo criado, no ano de 1967, na Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, (atual Universidade Estadual de São Paulo – UNESP), Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Universidade de São Paulo (USP) e, em 1968, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Quando as primeiras turmas se formavam, notava-se que o profissional graduado era rapidamente absorvido pelo mercado de trabalho, tanto como docentes – lecionando nas próprias universidades em que se formaram –, quanto por outras instituições, e até mesmo ingressando em cursos de mestrado e doutorado para atuação em pesquisa científica. Apesar de muitosgraduados optarem pela área acadêmica, uma parte atuava em análises clínicas ou em indústrias alimentícias e farmacêuticas. Isso mesmo, acadêmico! Apesar do curso ser criado a fim de formar docentes ele proporcionou a abertura para o profissional formado atuar em outras áreas. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 8 FIGURA – FORMATURA DA 1ª TURMA DE GRADUADOS EM CIÊNCIAS BIOMÉDICAS PELA EPM (1969) NOTA O ano de 1969 foi marco importante na história da biomedicina, pois foi quando a primeira turma do curso Ciências Biológicas – Modalidade Médica formou-se na Escola Paulista de Medicina (EPM). Muitos dos graduandos dessa turma atuam até os dias de hoje como docentes na universidade em que se formaram. FONTE: <https://www.unifesp.br/50-anos-do-curso-biomedico>. Acesso em: 27 maio 2019. No decorrer dos anos, outras instituições federais, estaduais e privadas, levando em consideração a grande inserção do profissional Biomédico no mercado de trabalho e a abrangência de atuação que o curso proporcionava, seguiram o modelo as universidades pioneiras e também criaram o curso de Ciências Biológicas – Modalidade Média, que com o passar do tempo recebeu o nome de Biomedicina. A mudança do nome para Biomedicina ocorreu principalmente como resultado da desvinculação do curso da área de Ciências Biomédicas com as Ciências Biológicas, uma vez que, inicialmente o curso era considerado uma extensão da graduação em Ciências Biológicas já existente na EPM. TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA 9 Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=dodzDBpVxjw e conheça, resumidamente, como foi originado o curso de Biomedicina. DICAS 2.2 O PERFIL DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO Como comentamos até o momento, prezado acadêmico, o objetivo da criação do curso de Biomedicina era exclusivamente a formação de um profissional com habilidades suficientes para atuação como docente ou pesquisador científico em áreas básicas de conhecimento em saúde. Contudo, com o aumento na demanda de alunos ingressantes, das novas oportunidades do mercado de trabalho e em decorrência da ampliação da atuação profissional, um novo perfil profissional para os Biomédicos foi sendo delineado. Segundo o Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), atualmente, o egresso Biomédico deve ser um profissional da área da saúde com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis do sistema de saúde sempre respeitando os preceitos éticos, respeito ao ser humano e agindo com rigor científico em todas suas atividades. Multiprofissionalidade e Interdisciplinaridade Trabalhar de maneira integrada com outros profissionais da área da saúde bem como de outras áreas. Atuando, assim, como agente transformador em benefício da coletividade. Atenção à saúde Desenvolver ações para promoção da saúde, assim como para prevenção de doenças sempre atento aos princípios Bioéticos e ao controle de qualidade. Transdisciplinaridade Atuando em um ambiente multiprofissional, deve atuar além de suas competências técnico- científicas. Agindo com iniciativa, atividade, empatia, comunicação. Empreendedorismo Desenvolver capacidade para tornar-se empreendedor. QUADRO 1 – PERFIL ATUAL DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO FONTE: Adaptado de Conselho Federal de Biomedicina (2009, p. 29) UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 10 Ficou confuso com o termo Bioética? Abordaremos esse assunto exclusivamente no Tópico 4 desta Unidade. ESTUDOS FU TUROS Pensando no perfil profissional do Biomédico e no perfil do curso em si, a Câmara de Educação Superior (CES) do Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação (CNE/MEC), estabeleceram Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Biomedicina, as quais definem os princípios do Biomédico além de fundamentos, condições e procedimentos que devem ser seguidos pelas instituições de ensino para formação do profissional. Os artigos 3º a 5º apresentam as competências e habilidades que definem o perfil do profissional biomédico. O Artigo 3º apresentado na Resolução CNE/CES 2/2003, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Biomedicina, aborda o perfil do formando/egresso do curso (CNE, 2003, p. 16): Art. 3º O curso de graduação em Biomedicina tem como perfil do formando egresso/profissional o: I- Biomédico, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual. Capacitado ao exercício de atividades referentes às análises clínicas, citologia oncótica, análises hematológicas, análises moleculares, produção e análise de bioderivados, análises bromatológicas, análises ambientais, bioengenharia e análise por imagem, pautado em princípios éticos e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade. II- Biomédico com Licenciatura em Biomedicina capacitado para atuar na educação básica e na educação profissional em Biomedicina. Analisando o conteúdo atribuído no Art. 3º, é perceptível como houve expansão das áreas de conhecimento atribuídas ao Biomédico, contundo a essência básica do curso ainda está presente, como vemos no inciso II. ATENCAO TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA 11 Nesse contexto, o Artigo 4º Resolução CNE/CES 2/2003 aborda as competências gerais atribuídas ao profissional Biomédico ao fim da graduação. Com relação à atenção à saúde, o Biomédico deve exercer e assegurar que as ações de promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde sejam realizadas de forma multidisciplinar, de modo a ser capaz de analisar e resolver problemas da sociedade com visão crítica e ética nos âmbitos social e coletivo. Tais atribuições são vinculadas à capacidade de tomada de decisão do Biomédico, que deve visar o uso apropriado, eficácia e custo-efetividade relacionados à prática da profissão, como decisões relacionadas a equipamentos, procedimentos realizados e medicamentos utilizados (CNE, 2003). Além disso, comunicação e liderança são atributos trabalhados com o acadêmico do curso de Biomedicina visando a melhor inserção desse profissional no mercado de trabalho. Segundo os incisos III e IV do Artigo 4º, o Biomédico deve ser acessível, desenvolver domínio na tangente comunicação e espírito de liderança sempre tendo em vista o bem-estar da comunidade. Ainda com relação à formação do profissional Biomédico, o Conselho Nacional de Educação (2003, p. 16) aborda o desenvolvimento de competências específicas que a graduação objetiva: Art. 5º A formação do biomédico tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades específicas: I- respeitar os princípios éticos inerentes ao exercício profissional; II- atuar em todos os níveis de atenção à saúde, integrando-se em programas de promoção, manutenção, prevenção, proteção e recuperação da saúde, sensibilizados e comprometidos com o ser humano, respeitando-o e valorizando-o; III- atuar multiprofissionalmente, interdisciplinarmente e transdisciplinarmente com extrema produtividade na promoção da saúde baseado na convicção científica, de cidadania e de ética; IV- reconhecer a saúde como direito e condições dignas de vida e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; V- contribuir para a manutenção da saúde, bem-estar e qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade, considerando suas circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas, ambientais e biológicas; VI- exercer sua profissão de forma articulada ao contexto social, entendendo-acomo uma forma de participação e contribuição social; VII- emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios; VIII- conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos; IX- realizar, interpretar, emitir laudos e pareceres e responsabilizar-se tecnicamente por análises clínico-laboratoriais, incluindo os exames hematológicos, citológicos, citopatológicos e histoquímicos, biologia molecular, bem como análises toxicológicas, dentro dos padrões de qualidade e normas de segurança; X- realizar procedimentos relacionados à coleta de material para fins de análises laboratoriais e toxicológicas; XI - atuar na pesquisa e desenvolvimento, seleção, produção e controle de qualidade de produtos obtidos por biotecnologia; UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 12 XII- realizar análises físico-químicas e microbiológicas de interesse para o saneamento do meio ambiente, incluídas as análises de água, ar e esgoto; XIII- atuar na pesquisa e desenvolvimento, seleção, produção e controle de qualidade de hemocomponentes e hemoderivados, incluindo realização, interpretação de exames e responsabilidade técnica de serviços de hemoterapia; XIV- exercer atenção individual e coletiva na área das análises clínicas e toxicológicas; XV- gerenciar laboratórios de análises clínicas e toxicológicas; XVI- atuar na seleção, desenvolvimento e controle de qualidade de metodologias, de reativos, reagentes e equipamentos; XVII- assimilar as constantes mudanças conceituais e evolução tecnológica apresentadas no contexto mundial; XVIII- avaliar e responder com senso crítico as informações que estão sendo oferecidas durante a graduação e no exercício profissional; XIX- formar um raciocínio dinâmico, rápido e preciso na solução de problemas dentro de cada uma de suas habilitações específicas; XX- ser dotado de espírito crítico e responsabilidade que lhe permita uma atuação profissional consciente, dirigida para a melhoria da qualidade de vida da população humana; XXI- exercer, além das atividades técnicas pertinentes a profissão, o papel de educador, gerando e transmitindo novos conhecimentos para a formação de novos profissionais e para a sociedade como um todo. Parágrafo único. A formação do biomédico deverá atender ao sistema de saúde vigente no país, a atenção integral da saúde no sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra referência e o trabalho em equipe. É perceptível o fato de que muitas atribuições são designadas para a construção do perfil do profissional Biomédico e, deve ficar claro, acadêmico, que todas elas são trabalhadas no decorrer da graduação. O juramento do Biomédico é realizado no momento da colação de grau, consistindo em um dos momentos mais importantes da cerimônia. Nesse pronunciamento, o jovem profissional se compromete a se dedicar e exercer sua profissão de forma ética e competente. JURAMENTO DO BIOMÉDICO “Juro, por toda minha existência, cumprir com zelo e probidade todas as atividades inerentes à profissão de biomédico que me forem confiadas. Juro, diante de deus e dos homens, não medir esforços para exercer com dignidade e ética a Biomedicina. Juro estar atento à evolução científica para empregá-la em prol da humanidade. Juro cumprir esses preceitos para poder usufruir da benevolência de deus e da confiança dos homens”. FONTE: <https://www.biomedicinapadrao.com.br/2009/11/juramento-do-biomedico. html>. Acesso em: 2 set. 2019. IMPORTANT E TÓPICO 1 | HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA BIOMEDICINA 13 2.3 A TRAJETÓRIA DA PROFISSÃO Caro acadêmico, vimos até o momento a história do curso de biomedicina, as primeiras universidades que o ofertaram e também o perfil do que se almeja de um profissional biomédico na atualidade. Como percebemos, comparando os primeiros cursos de Biomedicina com os atuais, muitas mudanças ocorreram; hoje em dia, o cenário em que nos encontramos é muito diferente daquele da época do início do curso, principalmente quando considerados os avanços na ciência e tecnologia. À medida que a demanda de alunos interessados em cursar Biomedicina foi aumentando, (principalmente em decorrência da ampliação das atividades do profissional biomédico para outros exercícios além da área acadêmica), houve motivação, a partir do ano de 1972, para abertura de vários cursos de Biomedicina em diferentes regiões do Brasil, sendo que a predominância foi em instituições particulares. Hoje, a estimativa nacional é de que 19 mil estudantes estejam matriculados em Biomedicina, sendo que, segundo o CFBM, cerca de 70 mil profissionais estão registrados no Conselho da Classe, número que nos remete indiretamente os biomédicos ativos na área. No Brasil, existem mais de 400 instituições de ensino que oferecem o curso de Biomedicina, sendo que mais de 80% correspondem a instituições privadas. FIGURA 3 – BIOMEDICINA EM NÚMEROS FONTE: <http://cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/Vers%C3%A3o-final-01.pdf>. Acesso em: 27 maio 2019. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 14 Como reflexo de um crescimento contínuo, a Biomedicina do Brasil serve como base de referência para o mundo todo. Na América do Sul foi criada a Rede Sulmericana de Diagnósticos (RedSud), que proporciona a integração entre profissionais que trabalham com diagnósticos, entre eles o Biomédico, abrangendo toda América do Sul. Nesse contexto, podemos observar que, apesar de se tratar de uma profissão relativamente jovem, a Biomedicina vem se destacando dentro do mercado de trabalho e na área científica. O presidente do Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM1), Marcus Antônio Abrahão, em poucas palavras, abordou os desafios enfrentados durante a trajetória para construção sólida da Biomedicina: “Estamos satisfeitos porque temos cumprido nossos objetivos bem antes do que esperávamos, o que nos permite pensar no futuro e fixar outros desafios. Queremos avançar, obter novas conquistas para a categoria, facilitar a atuação de novos biomédicos e sensibilizar a sociedade sobre a real importância da Biomedicina no contexto da Saúdo do país” (CFBM/CRBM, 2009, p. 44). Você sabia? Alguns países ofertam cursos de formação similares à Biomedicina. FONTE: <https://cfbm.gov.br/biomedicina-no-brasil-e-no-mundo/>. Acesso: 27 maio 2019. NOTA Austrália O curso é chamado de Bachelor of Biomedicine Objetivo: entendimento das estruturas e funções do organismo humano e fatores determinantes de doenças. Duração: 3 anos em período integral. Inglaterra O curso é chamado de Biomedical Science Objetivo: entendimento de patologias e do laboratório de análises clínicas. Duração: de 3 a 4 anos em período integral. Estados Unidos O curso é chamado de Biomedical Science – Bachelor of Science Objetivo: funcionamento do corpo humano e patologias. Conhecimento de metodologias de diagnóstico avançadas e estratégias terapêuticas. Duração: 4 anos em período integral. 15 Neste tópico, você aprendeu que: • Biomedicina é um curso da área da saúde consideravelmente novo, com pouco mais de 50 anos. • Em 1966 foi criado o primeiro curso de Biomedicina na Escola Paulista de Biomedicina, atual Universidade Federal de São Paulo, pelo professor Drº José Leal Prado de Carvalho. • Antes de receber o nome de Biomedicina, o curso de graduação recebeu o nome de Ciências Biológicas – Modalidade Médica. • O objetivo principal dos primeiros cursos de biomedicina era formar profissionais aptos a lecionar disciplinas básicas, principalmente para os cursos de Medicina e Odontologia, bem como para seguirem a área da pesquisa científica. • O Biomédico deve ser um profissional da área da saúde com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar em todos os níveis do sistema de saúde. • O perfil atual do Biomédico envolve: multiprofissionalidade e interdisciplinaridade; atenção à saúde; transdisciplinaridade; empreendedorismo.• No Brasil atualmente existem mais de 200 instituições de ensino que oferecem o curso de Biomedicina, sendo que mais de 80% correspondem a instituições privadas. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 A Biomedicina é considerada um curso relativamente novo, com apenas 53 anos. Apesar de algum tempo ter se passado para que realmente o curso fosse consolidado, o curso, desde sua origem, passou por diversas modificações curriculares, ampliando as suas habilitações e qualificando seus profissionais na área de saúde. Com relação à origem e estruturação inicial do curso de biomedicina, julgue as sentenças a seguir como verdadeira (V) ou falsa (F): ( ) Inicialmente, o curso de Biomedicina foi criado para suprir a falta de docentes que lecionassem disciplinas específicas para os cursos na área da saúde. ( ) Em 1950, na Reunião anual da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência, o professor Ribeiro do Vale (Escola Paulista de Medicina) elaborou as ideias básicas que deveriam orientar os cursos de graduação e pós- graduação em Ciências Biomédicas. ( ) O curso de Ciências Biológicas – Modalidade Médica, foi o nome atribuído ao novo curso da Escola Paulista de Medicina (EPM) e, diferentemente dos outros cursos da área da saúde, não tinha como objetivo formar pesquisadores científicos nas áreas de Ciências Básicas. ( ) Em 1966 foi criado o primeiro curso de Bacharelado em Biomedicina, na época conhecido como Ciências Biológicas – Modalidade Médica, na Escola Paulista de Biomedicina (EPM). 2 Qual o perfil atual do biomédico? 3 No que consiste a RedSud? AUTOATIVIDADE 17 TÓPICO 2 REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Como já comentamos, a maioria dos profissionais Biomédicos recém- formados optava por seguir carreira na área acadêmica. Porém, com o decorrer dos anos, novos cursos de Biomedicina passaram a ser oferecidos e, com mais liberdade e sem pressão de outras áreas, aumentaram o leque e a carga horária das disciplinas, o que abriu novas habilitações aos profissionais antes limitados à pesquisa e docência. Entretanto, esse profissional ainda encontrava dificuldades para inserção no mercado de trabalho, pois a Biomedicina demorou alguns anos para se tornar uma profissão regulamentada. Apenas na década de 70 houve sua regulamentação, além do estabelecimento do campo de trabalho. Este tópico, prezado acadêmico, apresentará as leis que regulamentam a profissão de Biomédico, além das legislações que regem a Biomedicina. Agora, vamos aos estudos! 2 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO Regulamentar uma profissão significa definir legalmente os contornos do seu exercício, ou seja, estabelecer competências e habilidades que o profissional deve possuir para exercer uma profissão específica. Por um período considerável, a profissão de Biomédico não possuía reconhecimento social e jurídico, não lhe sendo atribuída direitos e obrigações perante a sociedade. Na década de 1970, houve um crescimento expressivo de instituições de ensino, principalmente privadas, que ofereciam o curso de Biomedicina. Essa profissão inovadora logo chamou a atenção da população jovem da época e, em consequência, o número de Biomédicos no mercado aumentou. Assim, frente a esses eventos, a questão da regulamentação da profissão e o estabelecimento do campo de trabalho para o Biomédico adquiriu uma grande importância e se tornou motivo para mobilização de muitos graduandos, profissionais e instituições de ensino. A luta foi árdua, caro acadêmico! Contudo, em 3 de setembro de 1979, o Congresso Nacional, por meio da Lei 6.684/1979, aprovou a regulamentação da profissão de Biomédico e estabeleceu seu campo de trabalho. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 18 2.1 LEI Nº 6.684/1979 A Lei nº 6.684 de 3 de setembro de 1979, criada pelo Congresso Nacional, regulamenta a profissão de Biomédico. É importante salientar que os cursos de Biomedicina e Biologia caminharam juntos para a regulamentação, dessa forma, essa Lei foi atribuída a ambas, pois até então a profissão de Biólogo não era reconhecida. Junto com a regulamentação, a Lei nº 6.684/1979 cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina, como intuito de orientar, fiscalizar e disciplinar o exercício dessas duas profissões: CAPÍTULO I: Da Profissão de Biólogo CAPÍTULO II: Da Profissão de Biomédico CAPÍTULO III: Dos Órgãos de Fiscalização CAPÍTULO IV: Do Exercício Profissional CAPÍTULO V: Das Anuidades CAPÍTULO VI: Das Infrações e Penalidades CAPÍTULO VII: Disposições Gerais CAPÍTULO VIII: Disposições Transitórias O Capítulo II é atribuído exclusivamente ao Biomédico, composto pelos Artigos 3º, 4º e 5º, faz referência aos requisitos e regulamentação para o exercício da profissão: Art. 3º O exercício da profissão de Biomédico é privativo dos portadores de diploma: I- devidamente registrado, de bacharel em curso oficialmente reconhecido de Ciências Biológicas, modalidade médica; II- emitido por instituições estrangeiras de ensino superior, devidamente revalidado e registrado como equivalente ao diploma mencionado no inciso anterior. Art. 4º Ao Biomédico compete atuar em equipes de saúde, a nível tecnológico, nas atividades complementares de diagnósticos. Art. 5º Sem prejuízo do exercício das mesmas atividades por outros profissionais igualmente habilitados na forma da legislação específica, o Biomédico poderá: I- realizar análises físico-químicas e microbiológicas de interesse para o saneamento do meio ambiente; II- realizar serviços de radiografia, excluída a interpretação; III- atuar, sob supervisão médica, em serviços de hemoterapia, de radiodiagnóstico e de outros para os quais esteja legalmente habilitado; IV- planejar e executar pesquisas científicas em instituições públicas e privadas, na área de sua especialidade profissional. Parágrafo único. O exercício das atividades referidas nos incisos I a IV deste artigo fica condicionado ao currículo efetivamente realizado que definirá a especialidade profissional (BRASIL, 1979a, s.p.). TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO 19 No Capítulo III encontramos dispostas as informações referentes ao Conselho Federal e aos Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina (CFBB/ CRBB). A principal função atribuída a essas instituições, segundo o Art. 6º, é fiscalizar o exercício das profissões definidas pela Lei. De acordo com esse artigo, o Conselho é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Trabalho, de modo que define o Distrito Federal como sede do Conselho Federal e lhe atribui jurisdição em todo o país. Assim, os Conselhos Regionais terão sede e foro nas Capitais dos Estados, dos Territórios e no Distrito Federal. As autarquias são entidades criadas por leis específicas, que desempenham funções típicas do Estado (educação e pesquisa, serviços previdenciários, entre outros). Seu patrimônio é considerado de natureza pública. Possuem personalidade jurídica e receita própria para executar atividades típicas da Administração Pública. As autarquias respondem pelo prejuízo que seus agentes causarem a terceiros. FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm>. Acesso em: 12 nov. 2019. ATENCAO Os Artigos 7º e 8º dispõem da composição dos Conselhos, atribuindo que tanto o Conselho Federal de Biologia e Biomedicina quanto os Regionais deverão ser compostos por 10 membros efetivos e 10 suplentes, com duração de 4 anos de mandato. Vejamos o conteúdo disposto nos Artigos 7º e 8º da Lei nº 6.684/1976: Art. 7º O Conselho Federal será constituído de dez membros efetivos e respectivos suplentes eleitos pela forma estabelecida nesta Lei. § 1º Os membros do Conselho Federal e respectivos suplentes, com mandato de quatro anos, serão eleitos por um Colégio Eleitoral integrado de um representante de cada Conselho Regional, por este eleito em reunião especialmente convocada. § 2º O Colégio Eleitoralconvocado para a composição do Conselho Federal reunir-se-á, preliminarmente, para exame, discussão, aprovação e registro das chapas concorrentes, realizando as eleições vinte e quatro horas após a sessão preliminar. § 3º Competirá ao Ministro do Trabalho baixar as instruções reguladoras das eleições dos Conselhos Federal e Regionais. Art. 8º Os membros dos Conselhos Regionais e os respectivos suplentes, com mandato de quatro anos, serão eleitos pelo sistema de eleição direta, através do voto pessoal, secreto e obrigatório dos profissionais inscritos no Conselho, aplicando-se pena de multa, em importância não excedente ao valor da anuidade, ao que deixar de votar sem causa justificada. § 1º Na composição dos Conselhos assegurar-se-á a representação proporcional das duas modalidades. § 2º O descumprimento do critério de proporcionalidade previsto no parágrafo anterior, no intuito de favorecer determinada modalidade, poderá ensejar intervenção do Ministério do Trabalho no órgão infrator (BRASIL, 1979a, s.p.). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 20 Acadêmico, note que a votação para escolha dos membros do Conselho Federal de Biologia e Biomedicina, segundo a lei, deve ser realizada por um representante previamente escolhido de cada Conselho Regional. Contudo, os membros que compõem os Conselhos Regionais são selecionados por eleição direta obrigatória, realizada individualmente pelos profissionais inscritos no próprio Conselho. IMPORTANT E Como se trata de uma autarquia, o candidato eleito deve preencher as exigências estabelecidas no Artigo nº 530 da Consolidação das Leis do Trabalho para assumir o cargo de membro do Conselho. Essas atribuições são também apresentadas no parágrafo 3º do Art. 8º. Em complementação, o Artigo 9º traz os possíveis atos que podem levar à renúncia ou perda de mandato como membro do Conselho Federal ou dos Regionais. Requisitos para assumir o cargo • Cidadania brasileira • Habilitação profissional na forma da legislação em vigor; • Pleno gozo dos direitos profissionais, civis e políticos; • Inexistência de condenação por crime contra a segurança nacional. Causas de extinção ou perda de mandato • Renúncia • Superveniência de causa, resultando na inabilitação para o exercício da profissão; • Condenação por pena superior a dois anos, em face de sentença transitada em julgado; • Destituição de cargo, função ou emprego relacionada à prática de ato de improbidade na administração pública ou privada, em face de sentença transitada em julgado; • Conduta incompatível com a dignidade do órgão ou por falta de decoro; • Ausência, sem motivo justificado, a três sessões consecutivas ou a seis intercaladas em cada ano. QUADRO 2 – REQUISITOS PARA ASSUMIR E CAUSAS PARA PERDA DE MANDATO NO CFBM E CRBM FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D88439.htm>. Acesso em: 27 maio 2019. TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO 21 Como vimos, o Conselho Federal é hierarquicamente superior aos Conselhos Regionais. Porém, algumas atribuições estabelecidas são as mesmas para as duas instituições, como a criação de novas regulamentações e fiscalização da atividade ética do profissional Biólogo e Biomédico. Neste contexto, os 16 incisos do Art. 10º expõem as competências do Conselho Federal de Biologia e Biomedicina e os 22 incisos do Art. 12 trazem as competências atribuídas aos Conselhos Regionais: Art. 10 - Compete ao Conselho Federal: I- eleger, dentre os seus membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e o Vice-Presidente, cabendo ao primeiro, além do voto comum, o de qualidade; II- exercer função normativa, baixar atos necessários à interpretação e execução do disposto nesta Lei e à fiscalização do exercício profissional, adotando providências indispensáveis à realização dos objetivos institucionais; III- supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o território nacional; IV- organizar, propor instalação, orientar e inspecionar os Conselhos Regionais, fixar-lhes jurisdição, e examinar suas prestações de contas, neles intervindo desde que indispensável ao restabelecimento da normalidade administrativa ou financeira ou à garantia da efetividade ou princípio da hierarquia institucional; V- elaborar e aprovar seu Regimento, ad referendum do Ministro do Trabalho; VI- examinar e aprovar os Regimentos dos Conselhos Regionais, modificando o que se fizer necessário para assegurar unidade de orientação e uniformidade de ação; VII- conhecer e dirimir dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais e prestar-lhes assistência técnica permanente; VIII- apreciar e julgar os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regionais; IX- fixar o valor das anuidades, taxas, emolumentos e multas devidos pelos profissionais e empresas aos Conselhos Regionais a que estejam jurisdicionados; X- aprovar sua proposta orçamentária e autorizar a abertura de créditos adicionais, bem como operações referentes a mutações patrimoniais; XI- dispor, com a participação de todos os Conselhos Regionais, sobre o Código de Ética Profissional, funcionando como Conselho Superior de Ética Profissional; XII- estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo prestígio e bom nome dos que a exercem; XIII- instituir o modelo das carteiras e cartões de identidade profissional; XIV- autorizar o Presidente a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis; XV- emitir parecer conclusivo sobre prestação de contas a que esteja obrigado; XVI- publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos adicionais, os balanços, a execução orçamentária e o relatório de suas atividades (BRASIL, 1979a, s.p.). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 22 Em meio a tantas atribuições é incontestável que uma das principais funções do Conselho Federal é a de fiscalizar e disciplinar o profissional, além de orientar e inspecionar os Conselhos Regionais que por hierarquia respondem estes. As competências que cabem aos Conselhos Regionais, em resumo, são de orientar, fiscalizar e disciplinar os profissionais, cada um dentro de sua área de jurisdição, observe: Art. 12 - Compete aos Conselhos Regionais: I- eleger, dentre os seus membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e o seu Vice-Presidente; II- elaborar a proposta de seu Regimento, bem como as alterações, submetendo à aprovação do Conselho Federal; III - criar as Câmaras Especializadas, atendendo às condições de maior eficiência da fiscalização estabelecida na presente Lei; IV- julgar e decidir, em grau de recurso, os processos de infração à presente Lei e ao Código de Ética, enviados pelas Câmaras Especializadas; V- agir, com a colaboração das sociedades de classe e das escolas ou faculdades de Biologia, nos assuntos relacionados com a presente Lei; VI- deliberar sobre assuntos de interesse geral e administrativos e sobre os casos comuns às duas ou mais modalidades; VII- julgar, decidir ou dirimir as questões da atribuição ou competência das Câmaras Especializadas, quando não possuir o Conselho Regional número suficiente de profissionais da mesma modalidade para constituir a respectiva Câmara; VIII - expedir a carteira de identidade profissional e o cartão de identificação aos profissionais registrados, fazendo constar a modalidade do interessado, de acordo com o currículo efetivamente realizado; IX- organizar, disciplinar e manter atualizado o registro dos profissionais e pessoas jurídicas que, nos termos desta Lei, se inscrevam para exercer atividades de Biologia na Região; X- publicar relatórios de seus trabalhos e relações dos profissionais e firmas registrados; XI- estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo prestígio e bom conceito dos que a exercem; XII- fiscalizar o exercício profissional na área de sua jurisdição, representando, inclusive, às autoridades competentes, sobre os fatos que apurar e cuja soluçãoou repressão não seja de sua alçada; XIII- cumprir e fazer cumprir as disposições desta Lei, das resoluções e demais normas baixadas pelo Conselho Federal; XIV - funcionar como Conselhos Regionais de Ética, conhecendo, processando e decidindo os casos que lhes forem submetidos; XV- julgar as infrações e aplicar as penalidades previstas nesta Lei e em normas complementares do Conselho Federal; XVI - propor ao Conselho Federal as medidas necessárias ao aprimoramento dos serviços e do sistema de fiscalização do exercício profissional; XVII- aprovar a proposta orçamentária e autorizar a abertura de créditos adicionais e as operações referentes a mutações patrimoniais; XVIII- autorizar o Presidente a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis; XIX- arrecadar anuidades, multas, taxas e emolumentos e adotar todas as medidas destinadas à efetivação de sua receita, destacando e entregando ao Conselho Federal as importâncias referentes à sua participação legal; TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO 23 XX- promover, perante o juízo competente, a cobrança das importâncias correspondentes às anuidades, taxas, emolumentos e multas, esgotados os meios de cobrança amigável; XXI- emitir parecer conclusivo sobre prestação de contas a que esteja obrigado; XXII- publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos adicionais, os balanços, a execução orçamentária e o relatório de suas atividades (BRASIL, 1979a, s.p.). As relações entre o Conselho Federal e os Conselhos Regionais deverão pautar-se pela mais ampla colaboração, levando-se em conta que sua missão institucional exige que atuem efetivamente como um sistema integrado, de modo que um complemente as funções do outro. Contudo, não se esqueça: os Conselhos Regionais estão legalmente abaixo do Conselho Federal, e por essa razão, devem reportar todas suas ações e solicitar autorização para realização de algumas destas. A fim de promover o auxílio da fiscalização do profissional Biólogo e Biomédico, a presente Lei atribui ao Conselho Regional a criação de Câmaras Especializadas. Esses órgãos são encarregados de julgar e decidir sobre assuntos pertinentes à cada modalidade, ou seja, específicos para profissionais formados em Ciências Biológica ou Ciência Biológica – Modalidade Médica, atual Biomedicina (Art. 14 e Art. 15). A renda de cada um dos Conselhos será constituída: da arrecadação de anuidades; taxas, multas e emolumentos; de legados, doações e subvenções e; de rendas patrimoniais. No entanto, a porcentagem de arrecadação obtida pelo Conselho Federal e pelos Regionais é distinta, de modo que o primeiro fica com a quantia de 20% do arrecadado de cada um dos Conselhos Regionais e o segundo com 80% da arrecadação obtida em sua jurisdição (Art. 17 e Art. 18). Conselho Federal (CFBM) Conselhos Regionais (CRBM) Examinar e aprovar os Regimentos dos Conselhos Regionais. Elaborar proposta de Regimento e alterações, submetendo ao Conselho Federal. Fixar o valor das anuidades, taxas e multas. Arrecadar anuidades, taxas e multas. Definir o modelo das carteiras de identidade profissional. Expedir a carteira de identidade profissional. Funcionam como conselho Superior de Ética, tomando decisão sobre penalidades, quando necessário. Funcionam como Conselhos Regionais de Ética, julgando possíveis infrações e possíveis penalidades. Respondem ao Ministério do Trabalho. Respondem ao Conselho Federal. Renda: 20% da arrecadação de anuidades, taxas e multas de cada Conselho Regional. Renda: 80% da arrecadação de anuidades, taxas e multas. QUADRO 3 – COMPETÊNCIAS CABÍVEIS AO CFBM E AOS CRBM FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D88439.htm>. Acesso em: 27 maio 2019. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À BIOMEDICINA: HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL 24 Uma vez formado em Ciências Biológicas ou Ciências Biológicas – Modalidade Médica, o egresso só poderá exercer a profissão se seguir o exposto no Capítulo IV – do Exercício Profissional. Caso esteja exercendo fora dos requisitos impostos pela Lei, estará sujeito a sofrer penalidade. Vamos ver o que o exposto nesse Capítulo diz: Art. 20 - O exercício das profissões de que trata a presente Lei, em todo o território nacional, somente é permitido ao portador de carteira profissional expedida por órgãos competentes. Parágrafo único. É obrigatório o registro nos Conselhos Regionais das empresas cujas finalidades estejam ligadas às Ciências Biológicas, na forma estabelecida em Regulamento. Art. 21 - Para o exercício de qualquer das atividades relacionadas nos arts. 2º e 5º desta Lei, em qualquer modalidade de relação trabalhista ou empregatícia, será exigida, como condição essencial, a apresentação da carteira profissional emitida pelo respectivo Conselho. Parágrafo único. A inscrição em concurso público dependerá de prévia apresentação da carteira profissional ou certidão do Conselho Regional de que o profissional está no exercício de seus direitos. Art. 22 - O exercício simultâneo, temporário ou definitivo, da profissão, em área de jurisdição de dois ou mais Conselhos Regionais, submeterá o profissional de que trata esta Lei às exigências e formalidades estabelecidas pelo Conselho Federal (BRASIL, 1979a, s.p.). É importante salientar que além do profissional, empresas que de qualquer forma estejam ligadas a atividades relacionadas às Ciências Biológicas – Modalidade Médica também devem realizar sua inscrição no Conselho Regional de sua região, porém como pessoa jurídica. FONTE: <http://crbm5.gov.br/site/crbm-5-adota-nova-carteira-de-identidade-profissional2/>. Acesso em: 27 maio 2019. FIGURA 4 – MODELO DA CARTEIRA DE IDENTIDADE PROFISSIONAL TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA PROFISSÃO 25 Caro acadêmico, Para se tornar legalmente habilitado ao exercício de sua profissão, o profissional deve realizar a inscrição no Conselho Regional de sua devida classe, independentemente da área de atuação. Para isso, após colação de grau, o Biomédico deverá solicitar sua inscrição profissional ao CRBM de sua região. Neste momento, receberá uma declaração que valerá até a chegada da Carteira Profissional definitiva. Para obter mais informações, acesse este documento que explica os procedimentos para a inscrição no CRBM: http://crbm5.gov.br/site/wp-content/uploads/2018/11/Procedimento- para-Inscri%C3%A7%C3%A3o-de-Biom%C3%A9dico-PF.pdf. ATENCAO Acadêmico, uma vez inscrito no seu respectivo Conselho Regional, profissional e empresa passam, obrigatoriamente, a pagar uma taxa anual. Seu ato constitui condição de legitimidade do exercício da profissão. Desse modo, segundo o Art. nº 23 da presente Lei, a anuidade deverá ser paga até 31 de março de cada ano, caso for realizado fora do prazo sujeitará o devedor a multa (Art. nº 26). A Lei nº 6.684/1979 nos traz, em seu penúltimo capítulo, quais atos devem ser considerados infrações disciplinares e quais possíveis penalidades podem ser atribuídas frente tais infrações, observe como está descrito: Art. 24 - Constitui infração disciplinar: I- transgredir preceito do Código de Ética Profissional; II- exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não registrados ou aos leigos; III- violar sigilo profissional; IV- praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime ou contravenção; V- não cumprir, no prazo assinalado, determinação emanada de órgãos ou autoridade do Conselho Regional, em matéria de competência deste, após regularmente notificado; VI- deixar de pagar, pontualmente ao Conselho Regional, as contribuições a que está obrigado; VII- faltar a qualquer dever profissional prescrito nesta Lei; VIII- manter conduta incompatível com o exercício da profissão. Parágrafo único. As faltas serão apuradas levando-se em conta a natureza do ato e as circunstâncias de cada caso (BRASIL, 1979a, s.p.) Tendo o profissional cometido infrações disciplinares previamente
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