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PEDAGOGIA FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS HUMANAS Angélica Cristina de Freitas Sabbadin Maria de Lourdes Cardoso Silva Santos Maria Helena Quaiati Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências Humanas. Angélica Cristina de Freitas Sabbadin Maria de Lourdes C. S. Santos Maria Helena Quaiati SUMÁRIO Apresentação. ................................................................................................................................................. 3 Programa da Disciplina ................................................................................................................................ 4 Unidade 01 - Estudo da História e da Geografia .................................................................................. 7 Unidade 02 – O papel da escola ............................................................................................................. 12 Unidade 03 – O que dizem os PCNs de História e da Geografia sobre a importância dessas disciplinas na formação do aluno ............................................................................................. 17 Unidade 04 – Inferências sobre o ensino de História e de Geografia na Educação Infantil e no Ensino Fundamental ............................................................................................................................. 22 Unidade 05 - Presença das Ciências Humanas na Educação Infantil - objetivos e conteúdos de ensino .................................................................................................................................. 27 Unidade 06 - Presença das Ciências Humanas na Educação Infantil - orientações didáticas ........................................................................................................................................................................... 32 Unidade 07 – Como Iniciar as crianças no estudo da Geografia e da História. ...................... 37 Unidade 08 - Estratégias metodológicas para o trabalho na Educação Infantil. .................... 42 Unidade 09 - Currículo prescrito ............................................................................................................ 46 Unidade 10 - Currículo apresentado aos professores: Livro didático ......................................... 50 Unidade 11 – A desprofissionalização do trabalho docente .......................................................... 56 Unidade 12 - O currículo modelado pelos Professores ................................................................... 60 Unidade 13 - Currículo em ação ............................................................................................................. 64 Unidade 14 - O currículo avaliado ........................................................................................................... 71 Unidade 15 - Trabalhando com documentos históricos e mapas. .............................................. 75 Unidade 16. Abordagens historiográficas e conteúdos escolares: o local e o regional ...... 79 Unidade 17. Diversidade de linguagens e fontes para ensinar história. .................................... 84 Unidade 18. A fotografia e os filmes como recursos didáticos .................................................... 88 Unidade 19. Canções, Poemas e Poesias como recursos didáticos ............................................. 92 Unidade 20. A Imprensa Periódica como recurso didático ........................................................... 97 Apresentação. “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade tampouco sem ela a sociedade muda.” Paulo Freire Nessa apostila temos a pretensão de auxiliar na formação do professor dos anos iniciais do ensino fundamental a conquistar conhecimentos relevantes e necessário para conquista da qualidade da sua formação docente. Assim, possa contribuir como cidadão com o seu aluno a enfrentar as questões sociais do mundo atual e torná-lo um conhecedor de seus direitos e deveres. Para reverter o perfil da educação brasileira o MEC (Ministério da Educação e do Desporto) elaborou o documento PCN (Parâmetro Curricular Nacional) para contribuir com o professor e a escola no planejamento da proposta pedagógica, na execução dos planos de ensino e na análise do material didático. Além disso, o documento estabeleceu um currículo mínimo a todas as escolas e, uma parte diversificada respeitando a regionalidade e a localidade de cada casa de ensino. Ainda apresenta e fundamenta conceitos e fatos essenciais que possibilitam aos professores melhorarem a qualidade do ensino e compreenderem as dificuldades de cada aluno. No entanto é difícil um professor trabalhar em sala de aula se não recebeu na sua formação docente uma aprendizagem compatível com a exigência da realidade do aluno. Nesse sentido, essa apostila procura sugerir questões conceituais didáticas e metodológicas para as disciplinas de História e Geografia. Cada unidade de estudo tem por meta a preocupação da melhoria da competência profissional dos docentes na efetivação do compromisso ensino/aprendizagem dos futuros profissionais da educação. Prof.ª Maria Helena Quaiati Programa da Disciplina Ementa: Os conteúdos da História: fatos, conceitos, procedimentos e valores. Objetos de estudo da História e da Geografia. Orientações didáticas, estratégias, metodológicas e sequências didáticas. Documentos históricos. Mapas. Elaboração de projetos didáticos. A questão do livro didático. Objetivo Refletir sobre o ensino das Ciências Humanas na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Conteúdos Estudo da História e da Geografia. Presença das Ciências Humanas na Educação Infantil. Currículo prescrito Currículo apresentado aos professores: Livro Didático Currículo modelo pelos professores Currículo em ação Currículo avaliado Trabalhando com documentos históricos e mapas Recursos didáticos para o ensino de história e geografia Metodologia Será adotada uma metodologia que alia a teoria à prática reflexiva, proporcionada por meio de atividades e questionamentos que permitam ao aluno enriquecer os seus conhecimentos necessários à sua formação de profissional da educação. Avaliação No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 1) Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares; 2) Provas bimestrais realizadas presencialmente; 3) Trabalhos de pesquisa. As estratégias de recuperação incluirão: 1) Retomada eventual dos conteúdos abordados nas unidades, quando não satisfatoriamente dominados pelo aluno; 2) Elaboração de trabalhos com o objetivo de auxiliar a vivência dos conteúdos. Bibliografia Básica BARRETTO, E. S. S. (org) Os currículos do ensino fundamental para as escolas brasileiras. Campinas: Autores Associados, 2003 BITTENCOURT, C. (Org.). O Saber histórico na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2007. BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: História e Geografia. Vol. 4, 2002. _______MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Vol. 3. Brasília:MEC/SEF, 1998. NIDELCOFF, M. T. A Escola e a Compreensão da Realidade. São Paulo: Brasiliense, 1991. Bibliografia Complementar BITTENCOURT, C. O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1997. DALLARI, D. de A. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. PENTEADO, H. D. Metodologia do ensino de História e Geografia. São Paulo: Cortez, 1994. Unidade 01 - Estudo da História e da Geografia CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: situar dentro da proposta de trabalho pedagógico a importância e qual a contribuição que as Ciências Humanas têm a dar na formação dos alunos, para que compreendam as permanências e mudanças do homem através dos tempos e a transformação do meio. ESTUDANDO E REFLETINDO Estudar História e Geografia na Educação Infantil e no Ensino Fundamental é dar ao aluno subsídios para que ele conheça e compreenda a história do homem no meio em que ele está inserido. Segundo, Nidelcoff o papel do professor é ajudar a criança a ver e compreender a realidade; expressar a realidade e expressar-se, descobrir, assumir a responsabilidade de ser elemento de mudança na realidade. (1998, p.6). De acordo com o pensamento de Nidelcoff (1998) a escola deve ter a preocupação de ajudar o professor a refletir sobre o ensino, o conteúdo e as estratégias que pode contribuir para a compreensão do mundo. Enfim, deve elucidar o papel e a importância das disciplinas de Historia e Geografia. Para Penteado (1994) o ensino de História e Geografia faz parte do curso de formação de professores para as séries iniciais do Ensino Fundamental com a hipótese de ser construído na proposta interdisciplinar. Pois compreende que esse profissional não deve ter uma conduta inadequada. Ex: na sala de aula quando está alfabetizando ou ensinando a ler e escrever, num outro momento está ensinando História e Geografia, num terceiro momento está ensinando Ciências e assim por diante. (p. 11) Para ele essa proposta de trabalho requer que o aluno tenha uma postura de aprendizagem em todos os outros momentos de ensino, ou seja, em todas as disciplinas pode ser ensinando História e Geografia, como veremos em outros momentos. Nessa perspectiva, a Geografia estuda como disciplina isolada deve privilegiar as relações do homem com o espaço em que está situado. Enquanto, a História procura estudar o homem através dos tempos, nos diferentes lugares em que tem vivido. Com a alteração da LDB n.9394/96 e da Lei n. 11274/2006 ao Ensino fundamental acrescenta-se uma série, passa de oito anos para nove anos de duração, assim, o dever do estado com a Educação de crianças e adolescentes brasileiros foi antecipado em um ano. O fato é que a sociedade ganha com isso, pois garante o ensino da História e da Geografia desde as séries iniciais do Ensino Fundamental, pois, os conteúdos podem ser melhores distribuídos visando uma metodologia que melhor se ajuste ás condições de aprendizagem da criança de seis anos, quando se inicia o Ensino Fundamental. Assim o ensino da História e da Geografia deve ter o caráter transformador, despertar o aluno para a condição de sujeito que faz História e localiza-se no tempo e espaço, como também, ter a compreensão do meio ambiente e social. Nesse contexto, sociocultural e educacional processam-se os níveis de conhecimento, as concepções de educação e a formação do sujeito. Por esta razão, Penteado, 2011 diz: “... adeus ao ensino de História e Geografia como “disciplinas decorativas” e estar dando início ao ensino das Ciências Humanas, História e Geografia, como instrumento de compreensão da realidade, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental”. Porém, Karnal (2004) entende o exercício profissional da História como “diálogo entre o passado e o presente.”. Enquanto Castrogiovanni, A. C., 2010 elucida o estudo da Geografia como: Ampliação do “conhecimento do aluno sobre o mundo, sobre as relações entre a sociedade e a natureza.”. Corroborando com o pensamento destes autores, encontra-se nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) de História e de Geografia que a criança brasileira alcançará a cidadania plena, se, a escola e a sociedade oferecer pleno acesso aos recursos culturais relevantes para a conquista da sua cidadania. É uma representação de um ponto da terra. Duas importantes fontes que auxiliam na leitura do mapa: o título e o uso de cores. Exemplo azul para os rios, marrom para montanhas, verde para o relevo, etc. Vale ressaltar que, o mapa representa informações históricas, políticas, econômicas, físicas e biológicas de diferentes lugares do mundo. A importância dos mapas na sala de aula justifica-se pelo papel que a categoria tem no mundo de hoje, mas sabe-se que é um desafio para os professores ensinarem cartografia. A educação no século XXI não pode negar a importância dos mapas no cotidiano do mundo atual, pois ler, interpretar e saber montar um mapa de acordo com as necessidades de cada um. Exemplo, essa necessidade pode ser desde o Office-boy á autoridade maior do estado. Para as crianças pequenas pode-se ensinar a leitura de mapas usando brincadeiras, pois essas chamam a atenção e a curiosidade das crianças. Uma brincadeira interessante é a “caça ao tesouro”. Além de a brincadeira ser divertida é uma atividade que pode ser feita em família. Com essa experiência a criança pequena aprende desde cedo a decodificar a leitura de mapas. Como possibilitar ao aluno ser um leitor de mapas? Segundo Piaget (1993, P. 35) “… afirma que todo conhecimento é construído pelos seres humanos através de suas interações com o meio. O pensamento é uma “ação” que transforma as coisas do meio a fim de construí-la em objetos do meio próprio pensamento. Através da interação entre sujeito e objeto o conhecimento é abstraído do real e transformado em algo humano, interiorizando-se.”. BUSCANDO CONHECIMENTO. O artigo a seguir propõe uma reflexão sobre o estudo das ciências humanas no currículo escolar e sua contribuição para a formação das crianças. Leia-o com atenção. História e Geografia: uma visão crítica sobre o mundo Os estudantes dos anos iniciais precisam aprender a observar e interpretar a realidade para, assim, interferir nela. Saiba o que fazer para que eles cheguem lá Anna Rachel Ferreira Nos anos iniciais, é recorrente e legítima a preocupação em garantir que os alunos sejam devidamente apresentados ao mundo das letras e dos números. Por isso, muitos professores investem mais tempo nas aulas de Língua Portuguesa e Matemática. Porém, ignorar ou minimizar a importância das Ciências Humanas, traduzidas pelas disciplinas de História e Geografia, faz com que as crianças não explorem todas as possibilidades de interpretar o mundo e se inserir nele de maneira consciente e atuante. O trabalho com as duas áreas desenvolve competências importantes, que vão muito além da capacidade de decorar datas ou nomes de capitais, rios ou heróis, como ainda se vê. Os estudos geográficos focam nas mudanças do espaço e em suas representações. "O raciocínio espacial possibilita que a criança estabeleça uma relação descentralizada com o ambiente e perceba que não é o centro do Universo. "A minha relação com o país depende da parte dele em que eu vivo, por exemplo", diz Rafael Straforini, docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor do livro Ensinar Geografia: O Desafio da Totalidade-mundo nas Séries Iniciais (190 págs., Ed. Annablume, tel. 11/3031-1754, 25,50 reais). Já no caso da História, o recorte é sobre o tempo, considerando acontecimentos, seus agentes e suas consequências. "O aluno precisa entender as permanências de elementos históricos, comoconstruções e hábitos que se iniciaram no passado, e as influências deles na atualidade. Além de identificar quais são eles, é necessário enxergar quem os causou e perceber-se como um agente histórico", diz João do Prado Ferraz de Carvalho, professor de Ensino de História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O cruzamento entre as duas disciplinas é inevitável, visto que as mudanças físicas se dão ao longo do tempo, também por influência humana. Logo, as boas aulas permitem ao estudante comparar o passado com o presente para compreender o que vive hoje e oferecem ferramentas para que projete o futuro. Isso não só no que diz respeito aos limites do bairro ou da história pessoal de cada um. Hoje, graças aos meios de comunicação, é possível fazer ligações entre o que os alunos presenciam e o que acontece em todo o mundo. Para iniciar um trabalho nesses moldes, deve-se estabelecer o tema a ser tratado e ouvir atentamente o que os estudantes têm a dizer. Aqui, cabe investigar a lógica do pensamento deles para ampliar conceitos e contrapor ideias. No livro Terra dos Homens (144 págs., Ed. Contexto, tel. 11/3832-5838, 29,90 reais), o geógrafo francês Paul Claval afirma: "(...) a geografia fala de situações que são de tal forma parte integrante da vida das pessoas e do destino dos grupos que todo mundo as conhece". O mesmo raciocínio se aplica à História. No livro Ensino de História: Fundamentos e Métodos (408 págs., Cortez Editora, tel. 11/ 3611 9616, 52,20 reais), Circe Bittencourt explica que uma das tarefas do pesquisador é usar os conceitos da História, de temporalidade e análise de fontes, para organizar e sistematizar o conhecimento comum. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/historia-geografia-visao-critica-mundo-anos-iniciais-782800.shtml Unidade 02 – O papel da escola CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Identificar o papel da instituição escolar na promoção das condições e instrumentos para que a criança possa conhecer e compreender as diferentes realidades, compará-las e construir conceitos. ESTUDANDO E REFLETINDO Assim, o papel da escola é uma questão de fazer o aluno desde cedo a compreender como se dá o processo de construção do conhecimento. Portanto, a escola precisa encontrar a forma de fazer isso nas aulas de história e geografia, considerando a leitura de mapas como uma prática para a compreensão do concreto e do abstrato, bem como que está perto ou longe da criança. Essa preocupação da escola deve oportunizar as condições e os instrumentos para que a criança possa conhecer e compreender a realidade em que vive e aquela que está distante dela. Ao construir os conceitos, o aluno aprende e não fica apenas na memorização. Vale ressaltar que, o ensino da geografia e mapas deve estar adequado ao contexto histórico em que vive o homem. Assim, é de grande valia para exercitar a cidadania. O professor precisa entender que exercícios de memorização ou reprodução não constroem conceitos, nem desenvolve a habilidade de ler mapas para compreender a aprendizagem que ele traz através das representações gráficas nele expressas. Penteado (1994) traz uma série de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula, partindo da leitura através do globo, mapa-múndi, do continente ao município, incluindo desde a zona urbana á zona rural, tendo como objeto de estudo a natureza, cultura e tempo. Com base nessas atividades a autora propõe conceitos específicos de cada série, com ampliação dos conteúdos á medida que a criança avança os estudos, sempre otimizando um ensino produtivo, no qual o aluno seja capaz de construir eu conhecimento. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Dallari, 1998.p.10. Esse pensamento dos romanos era porque a sociedade romana fazia distinção e separava as pessoas por classes sociais. As pessoas não sabiam quais eram os seus direitos, nem participavam das atividades políticas e administrativas do Estado. Essa participação era dada ás classes consideradas nobres. No Brasil foi a partir da Constituição de 1988 que os brasileiros ampliam os direitos da cidadania. Assim, os brasileiros além de terem seus direitos assegurados ganham o direito de votarem em elegerem seus representantes; o direito de se candidatar para os cargos governamentais; o direito de apresentar projetos de lei; o direito de participar de plebiscito ou referendo; o direito de propor ações judiciais, como Ação Popular e o Mandato de Segurança. Essa Constituição prevê a participação obrigatória de representantes da comunidade em órgãos sobre os “Direitos da Criança e do Adolescente.”. Tudo isso, configura o exercício de direitos da cidadania. Vale ressaltar que, os direitos da cidadania são, ao mesmo tempo, deveres. Entretanto é preciso saber que o homem não vive só, ele vive em sociedade, por isso, é importante conhecer seus direitos e deveres para que seja possível, a convivência benéfica e necessária entre as pessoas e grupos. Antes de tudo, o homem precisa ser reconhecido e tratar o outro com respeito á sua vida. Na realidade, quando alguém vai exercer o direito de cidadania não pode esquecer que todas as pessoas têm o mesmo direito. Assim, é evidente que as pessoas nascem desiguais fisicamente, mas nascem iguais á respeito do “Direito a Igualdade”, a moradia, a saúde, a educação... Para justificar as diferenças e igualdade, vale ressaltar que apesar das leis preverem esse apoio, a sociedade se encarrega em provocar as situações de diferenciação. BUSCANDO O CONHECIMENTO A educação no Brasil na atualidade Por: André Michel dos Santos Segundo Meksenas (2002), a educação nasce quando se transmite e se assegura as outras pessoas o conhecimento de crenças, técnicas e hábitos que um grupo social já desenvolveu, a partir de suas experiências de sobrevivência. Neste sentido, pode-se afirmar que o nascimento da educação surge quando o ser humano sente a necessidade de converter as suas práticas cotidianas ao seu semelhante. A educação é uma das dimensões essenciais na evolução do ser humano, pois em cada conquista rumo à civilização, faz-se presente junto a esta, a necessidade de transmissão aos semelhantes. Assim, pode-se dizer que a educação nasce como meio de garantir às outras pessoas àquilo que um determinado grupo aprendeu. Meksenas (2002), ainda afirma que, em uma visão funcionalista, a educação nas sociedades tem a tarefa de mostrar que os interesses individuais só se realizam plenamente através dos interesses sociais. Sendo assim, a educação ao socializar o indivíduo, mostra a este que sozinho, o ser humano não sobrevive, e que ele só pode desenvolver as suas potencialidades estando em contato com o meio social, ou seja, com as outras pessoas. Com a educação, o homem pode se instrumentalizar culturalmente, capacitando-se para transformações tanto materiais, quanto espirituais. A educação é o cerne do desenvolvimento social. Sem ela, até mesmo as sociedades mais avançadas retornariam ao estado primitivo em pouco tempo. Ela oferece uma base de conhecimento para todas as pessoas. A educação reproduz a sociedade, pois a contradição e o conflito não são tão manifestos na sociedade, porque a reprodução é dominante, observando-se que a educação acaba por fazer o que a classe dominante lhes pede. Como a sociedade, a educação é um campo de luta entre várias tendências e grupos. Ela não pode fazer sozinha a transformação social, pois ela não se consolida e efetiva-se sem a participação da própria sociedade (GADOTTI, 1995). Segundo Pinto (1986), a educação acaba transmitindo e reproduzindo os mecanismos dedominação impostos pelo capitalismo. Por outro lado, o setor educacional deve estar em busca da conscientização e da libertação, através da qual se resgatam caminhos para uma ação transformadora. Conforme Gerhardt (2001), a educação libertadora ou transformadora, é aquela que trabalha com uma visão de sujeitos potencialmente autônomos, capazes de praticar a solidariedade, instruindo- se de forma a promover a auto-reflexão. Neste sentido, a educação é entendida como uma prática de libertação, que desperta no sujeito a sua capacidade de promover a humanização, esforçando- se em uma perspectiva conjunta para mudar o sistema escolar, social e político. Para Steinberg, Paulo Freire aponta dois estágios da pedagogia, como prática de libertação: [...] o primeiro permite ao oprimido que perceba a condição de opressão em que se encontra e engajar-se em sua transformação, o segundo, reconhece que uma vez transformada a opressão, todas as pessoas tornar-se-ão libertas, estarão permanentemente livres [...] (STEINBERG, 2001, p.271). Desta forma Steinberg (2001), afirma que dentro desta perspectiva libertadora, Paulo Freire considera o poder político como essencial para a libertação, a qual está fora do alcance do oprimido. Nesse contexto, observa-se que as respostas a este dilema podem ser encontradas na educação, a qual deve ser realizada por e com o oprimido. Pode-se dizer, ainda, que educação coincide com a própria existência humana e suas origens se confundem com a origem do próprio homem. Estudar a educação é, também, poder compreender que a escola, como instituição, muitas vezes, não tem poder de modificar o que está estabelecido - a estrutura social. Para Gadotti (1995, p.83), “a força da educação está no seu poder de mudar comportamentos. Mudar comportamentos significa romper com certas posturas, superar dogmas, desinstalar-se, contradizer-se”. Nesse sentido, a força da educação está na ideologia. Portanto, um dos desafios encontrados atualmente no setor educacional é a mudança de ideologia impregnada na sociedade, uma alteração da concepção de ensino e do papel da escola enquanto instituição social. Busca-se uma escola democrática, pluralista, que venha valorizar a diversidade frente às problemáticas sociais perpassadas pelo educador e educando. Diante dos vários problemas da sociedade contemporânea, como: desvalorização profissional, desemprego, violência, modificações das relações familiares, etc, tem-se como papel fundamental da área educacional, o de fornecer o conhecimento, para que as pessoas possam ter possibilidades e autonomia de participar efetivamente das políticas, continuando assim, a lutar por igualdade de direitos. Nesse sentido, a educação, em termos de Brasil, deve ser tratada como uma política social, que tem como compromisso fundamental à garantia dos direitos do cidadão, ou, ainda a escola deve assumir um novo papel frente à sociedade, que é o de propiciar ações para a efetivação dos direitos sociais. No Brasil, têm-se várias legislações como a Constituição Federal de 1988, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB de 1996 e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA de 1990, que garantem o direito à educação a criança e ao adolescente, direitos estes que precisam ser perseguidos por todos os profissionais que atuam no contexto escolar. Porém, ao se deparar com o atual contexto brasileiro, percebe-se que o ensino tem se mostrado insuficiente, no que se refere à quantidade de vagas para o atendimento dos alunos, tendo como grande desafio a melhoria de sua qualidade. E, esta qualidade é perpassada por várias questões, tais como baixos salários dos professores, escolas públicas sucateadas, ensino formalista e autoritário, o que gera, conseqüentemente, desestimulo por parte dos professores e alunos. No que se refere à melhoria da qualidade na escola brasileira, principalmente no final do século XX, Nosella (2002), ressalta quanto à necessidade de superação da política educacional populista e corporativista introduzida no ensino brasileiro. A escola brasileira precisaria rever questões como: o resgate da qualidade de formação do profissional da educação, a expansão da escolarização pelo sistema supletivo, especialmente aqueles em horários noturnos, dentre outros, tendo a obrigação de, simultaneamente, fazer uma constante avaliação que certamente garantirá a qualidade do ensino. Uma outra questão pertinente a esta discussão, diz respeito à leitura social do fracasso escolar, que segundo Amaro (1997), é uma questão de classe social, que acaba por ser agravada na falta de uma política educacional que seja comprometida com os interesses e necessidades dos pobres. A escola não está sintonizada com a realidade social de seus alunos, conseqüentemente de suas famílias, causando desestímulo por parte do aluno e relações frias entre educador e educando. Abordando ainda sobre o fracasso escolar, Esteban (1999), afirma que este se configura dentro de um quadro de múltiplas negações, dentre as quais se coloca a negação da legitimidade de conhecimentos, de forma de vida, formulados à margem dos limites socialmente definidos como válidos. Tem-se, assim, a inexistência de um processo escolar que possa atender as necessidades e particularidades das classes populares, permitindo que estas possam fazer parte na construção do processo de ensino. Martins (1999), afirma que nos últimos anos, apesar do esforço, de investimento técnico pedagógico nas escolas, a incidência dos fatos tem revelado a violência existente no interior das escolas, que se apresenta nos reflexos das questões sociais, as quais estão cada dia mais presentes na escola. Todos esses fatores vêm dificultando o cumprimento da sua finalidade maior enquanto escola, que é a de contribuir na formação da cidadania dos brasileiros. A escola tradicional de concepção positivista neoliberal, enraizada na sociedade é entendida como aquela que é voltada para o mercado, em que existe o tempo de ensinar e o tempo de avaliar, enquanto momentos estanques, separados entre si. Os seus conteúdos escolares são organizados de maneira linear, hierárquica e, previamente determinado por bimestre, série, disciplina, etc, sendo justificados como pré-requisito de outros. Nesta visão conservadora, a educação sempre é planejada de cima para baixo, em que existe uma escola burocrática e uniformizadora. Essa visão é excludente, e acaba por tornar a escola incompetente em seus vários aspectos, como não ter vagas para quem mais dela precisa, e estar desconectada da realidade social do aluno. A escola hoje, mais do que nunca, tem como papel diante da sociedade, propiciar ações para a efetivação dos direitos sociais. Neste contexto, o setor educacional tem o papel de possibilitar e de oferecer alternativas para que as pessoas que estejam excluídas do sistema possam ter oportunidade de se reintegrar através da participação, bem como da luta pela universalidade de direitos sociais e do resgate da cidadania. Um dos maiores desafios apresentados à escola atual é trabalhar com a reelaboração crítica e reflexiva do educando, a fim de prepará-lo para a luta e o enfrentamento das desigualdades sociais presentes na sociedade capitalista. Nesta ótica, a escola deve transcender o sentido de ascensão material, que é dado à educação, transformando-a não em só um meio de retorno financeiro, mas também em um instrumento de crescimento pessoal. Neste sentido, afirma-se: No tocante a educação, os pais reproduzem os valores ideológicos presentes no discurso da sociedade, valorizando o estudo como a única forma de obter ascensão social. Mas por não compreenderem a dimensão e a complexidade da educação, atribuem aos filhos a culpa pelo fracasso escolar, desmotivando-os para o estudo (MARTINS, 1999, p.62). A escola que se deseja, deve estar pautada na lógica de um espaço ideal para aconstrução de uma sociedade sadia, uma escola democrática com formação para a cidadania. Aquela que combata de todas as formas a exclusão social e que entenda o aluno como ser integral. E que possa, ao mesmo tempo, trabalhar a relação escola-aluno-família, tendo-se assim a necessidade de incluir a família em suas ações. Para isso, devemos romper com as visões tradicionais, funcionalistas ou sistêmico-mecanicistas da escola, superando a visão desta como um depósito do saber, buscando assim uma escola includente, libertadora e que valorize a diversidade. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, Sarita Teresinha Alves. Serviço Social na escola: o encontro da realidade com a educação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997. BRASIL. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. BRASIL. Lei 8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. ECA. Porto Alegre: CRESS, 2000. BRASIL. Constituição Federativa do Brasil. 1988. São Paulo: 2005. ESTEBAN, Maria Teresa (org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Editora DP&A. Rio de Janeiro, 1999. GADOTTI, Moacir. Pedagogia da práxis. São Paulo: Cortez, 1995. GERHARDT, Heinz Peter. Educação libertadora e globalização. In: A pedagogia da libertação em Paulo Freire. São Paulo: Unesp, 2001. MARTINS, Eliana Bolorino Canteiro. O Serviço Social na área da Educação. In: Revista Serviço Social & Realidade. V 8 Nº 1. UNESP, Franca: São Paulo, 1999. MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educação: introdução ao estudo da escola no processo de transformação social. 10 ed. São Paulo: Loyola, 2002. NOSELLA, Paolo.Gaudêncio Frigotto (org). Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. PINTO, Rosa Maria Ferreiro. Política educacional e Serviço Social. São Paulo: Ed. Cortez, 1986. STEINBERG, Shirley R. Uma análise da Pedagogia do Oprimido. In: A pedagogia da libertação em Paulo Freire. São Paulo: Unesp, 2001. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-educacao-no-brasil-na-atualidade.htm Unidade 03 – O que dizem os PCNs de História e da Geografia sobre a importância dessas disciplinas na formação do aluno CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Analisar os objetivos dos PCNs para o ensino da história e da geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. ESTUDANDO E REFLETINDO O PCNs para o ensino da História e da Geografia traz uma proposta de trabalho que ressalta a importância dessas disciplinas na formação do aluno. A constituição da História como disciplina escolar ocorreu em 1837, com a criação do Colégio Pedro Segundo, o primeiro colégio secundário criado no Brasil, que apesar de público era pago e destinado ás elites. Por volta de 1855, a História como disciplina foi introduzida no ensino secundário do país. O modelo de métodos de ensino aplicados nas aulas de História era baseado na memorização e na repetição oral dos textos escritos. Os materiais didáticos eram poucos, restringiam-se a fala do professor e aos poucos livros didáticos que seguiam o modelo dos catecismos com perguntas e respostas. Portanto, ensinar História era transmitir o estabelecido nos livros, que estava dentro do programa oficial, mais tarde, livros didáticos ou livros textos. Logo, o conteúdo era “ingressado” igual para todos e em todos os locais e regiões do país. Nesse contexto, a situação da escola pública apontava a necessidade de se buscar programas de ensino que propunha um novo modelo de pedagogia, com métodos renovados. Assim, surge à introdução dos chamados Estudos Sociais no currículo escolar em substituição a História e a Geografia, isto ocorreu por volta de 1930, houve a integração das disciplinas em um único currículo. Entre o período da Segunda Guerra Mundial até o final da década de 70, Estudos Sociais teve um avanço no currículo escolar. Nesse período pode registrar dois momentos significativos: o contexto da democracia com o final da ditadura de Getúlio Vargas e o outro durante o governo militar. O Pós Guerra, a História passou a ser considerada uma disciplina significativa no âmbito internacional, ganhou força política, era relevante na formação de uma cidadania. Portanto, a UNESCO passava interferir na elaboração do livro didático e nas propostas curriculares, assim, indicava um discurso homogêneo e de preparo voltado para o trabalho, com o advento do mundo urbano e industrial enfatizava as transformações econômicas. Nas séries iniciais (antiga escola primária) para ensinar Estudos Sociais adotava-se a proposta baseada nas datas e festividades cívicas, somente nas séries finais, preparavam os alunos com a História Colonial, Imperial e Republicana. Com essa proposta de trabalho os conteúdos da História e da Geografia foram diluídos. A Lei n. 5692/71 foi à lei que consolidou a disciplina de Estudos Sociais, durante o governo militar. Paralelamente a disciplina de Estudos Sociais constitui- se a disciplina de Educação Moral e Cívica. A proposta Curricular de Estudos Sociais propunha que o estudo sobre a sociedade deveria partir do concreto ao abstrato em etapas sucessivas a partir da parte para o todo. Ex: do bairro para o município, do município para o estado, do estado para o país, do país para o mundo, mas a história do mundo não deveria ser ensinada na escola primária por ser considerada distante e abstrata. Na organização da disciplina de história gerou os chamados pré-requisitos de aprendizagem, exigindo a aquisição de conceitos e o domínio do tempo histórico. Com essa nova nomenclatura “Estudos Sociais” a demanda de profissionais na área da educação ficou escassa, logo, o governo permitiu que se criassem os cursos de Licenciatura Curta para suprir a necessidade que a disciplina gerou. Ocorreu grande demanda a procura dos cursos, mas uma desqualificação profissional do docente e também ocasionou um distanciamento entre a pesquisa acadêmica e o saber escolar. Insatisfeitos os profissionais, desde a sala de aula até a universidade lutaram para que as associações de historiadores e Geógrafos unissem as forças e almejassem a volta de História e Geografia aos currículos escolares e acabassem com os cursos de Licenciatura de Estudos Sociais. BUSCANDO CONHECIMENTO Decorrência dos processos de transformação os PCNs que orientam atualmente os componentes curriculares de História e Geografia para o Ensino fundamental anunciam os seguintes objetivos: Unidade 04 – Inferências sobre o ensino de História e de Geografia na Educação Infantil e no Ensino Fundamental CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Identificar abordagens conceituais sobre a importância do ensino da História e da Geografia na Educação infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. ESTUDANDO E REFLETINDO Iniciou-se o debate sobre a volta da História e da Geografia ao currículo escolar. Em 1980 os conhecimentos escolares dessas duas disciplinas passavam a ser questionados e redefinidos propondo uma reforma curricular. Ocorre ainda, uma transformação na clientela escolar provocada pelo processo de democratização. As novas gerações que chegavam ás escolas estavam habituadas ás novas tecnologias de comunicação, o rádio e a televisão. Assim, com essas exigências para atender a nova demanda escolar, volta a História e a Geografia dando origem a criação das escolas de educação infantil com a introdução desse ensino. Em decorrência desse fato os professores perceberam as dificuldades que enfrentariam, pois os conteúdos ficaram simplificados, e eles precisaram buscar alternativas para as práticas de ensino. Nessa perspectiva as escolas preocupavam-se “o que e como ensinar”, essa, grande preocupação dos professores era para atender um público culturalmente diversificado, com informaçõesdifundidas pelos meios de comunicação. A essência do fazer pedagógico consiste em: “reflexão, conflitos e desafios”. Por volta da década de 40 do século XX a Geografia estudada apesar de valorizar o papel do homem como sujeito histórico, propunha-se a estudar a relação do homem com a natureza sem priorizar as relações sociais. Ex: estudava- se a população, mas não a sociedade. Os procedimentos didáticos eram na base da descrição e a memorização. Pretendia-se ensinar uma Geografia neutra. Essa tendência inferia na produção dos livros didáticos. O pós-guerra, a urbanização e a industrialização deram origem a modificações, tanto na cidade, quanto no espaço agrário. Cada lugar já não era mais o mesmo. Os métodos e as teorias da Geografia não são mais suficientes para explicarem tamanha complexidade. Nessa perspectiva, não bastava explicar, era preciso entender e compreender as relações do homem com a natureza. Assim, a Geografia ganha conteúdos significativos de grande influencia na formação do cidadão, mas o professor continua com a sua prática na linha tradicional, descritiva e descontextualizada do espaço geográfico, é um ensino apoiado no livro didático. Mediante essa postura metodológica apresentada, fica a preocupação com os conteúdos que deveriam ser ensinado e aprendido, para que, o sujeito tivesse sua participação na construção do território e do espaço. O objetivo da Geografia era explicar e compreender as relações entre a sociedade e a natureza. Com relação ao ensino da Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é importante respeitar a faixa etária do aluno e, o momento da escolaridade que ele se encontra. A maneira mais comum de se ensinar Geografia tem sido através do discurso do professor, ou do livro didático. É possível aprender Geografia através da leitura de autores como: Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, entre outros, cujas obras apresentam diferentes paisagens do Brasil. Eles trazem em suas obras aspectos sociais, culturais e naturais. Vale ressaltar que as produções musicais e o cinema também podem proporcionar ao aluno leituras geográficas através das imagens, sons e linguagem cartográfica. Considerando a Educação Infantil uma etapa da Educação Básica que antecede o Ensino Fundamental, o objetivo da 1ª etapa do ensino Básico, é propiciar um ambiente socializado que possa oferecer a criança pequena, o acesso e a ampliação dos conhecimentos da realidade social e cultural. Antes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) que estabeleceu que a Educação Infantil irá compor as modalidades de ensino da Educação Básica para acabar com a Educação tradição assistencialista. Em 1998 o MEC produziu o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, com o interesse em auxiliar o professor na realização de seu trabalho educativo diário junto ás crianças pequenas. BUSCANDO CONHECIMENTO O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil traz conteúdos e orientações didáticas para o trabalho do professor. Apresenta um texto introdutório com reflexões sobre creches e pré-escolas, um texto que trata da construção da Identidade e da Autonomia da criança, um texto relativo no âmbito de experiências e conhecimento de mundo. No que diz respeito a construção da identidade, área potencialmente vinculada ao ensino de história e geografia, O RCNEI anuncia como concepção: CONCEPÇÃO A construção da identidade e da autonomia diz respeito ao conhecimento, desenvolvimento e uso dos recursos pessoais para fazer frente às diferentes situações da vida. A identidade é um conceito do qual faz parte a idéia de distinção, de uma marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo nome, seguido de todas as características físicas, de modos de agir e de pensar e da história pessoal. Sua construção é gradativa e se dá por meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela, alternadamente, imita e se funde com o outro para diferenciar-se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da oposição. A fonte original da identidade está naquele círculo de pessoas com quem a criança interage no início da vida. Em geral a família é a primeira matriz de socialização. Ali, cada um possui traços que o distingue dos demais elementos, ligados à posição que ocupa (filho mais velho, caçula etc.), ao papel que desempenha, às suas características físicas, ao seu temperamento, às relações específicas com pai, mãe e outros membros etc. A criança participa, também, de outros universos sociais, como festas populares de sua cidade ou bairro, igreja, feira ou clube, ou seja, pode ter as mais diversas vivências, das quais resultam um repertório de valores, crenças e conhecimentos. Uma das particularidades da sociedade brasileira é a diversidade étnica e cultural. Essa diversidade apresenta-se com características próprias segundo a região e a localidade; faz-se presente nas crianças que freqüentam as instituições de educação infantil, e também em seus professores. O ingresso na instituição de educação infantil pode alargar o universo inicial das crianças, em vista da possibilidade de conviverem com outras crianças e com adultos de origens e hábitos culturais diversos, de aprender novas brincadeiras, de adquirir conhecimentos sobre realidades distantes. Dependendo da maneira como é tratada a questão da diversidade, a instituição pode auxiliar as crianças a valorizarem suas características étnicas e culturais, ou pelo contrário, favorecer a discriminação quando é conivente com preconceitos. A maneira como cada um vê a si próprio depende também do modo como é visto pelos outros. O modo como os traços particulares de cada criança são recebidos pelo professor, e pelo grupo em que se insere tem um grande impacto na formação de sua personalidade e de sua auto-estima, já que sua identidade está em construção. Um exemplo particular é o caso das crianças com necessidades especiais. Quando o grupo a aceita em sua diferença está aceitando-a também em sua semelhança, pois, embora com recursos diferenciados, possui, como qualquer criança, competências próprias para interagir com o meio. Vale destacar que, nesse caso, a atitude de aceitação é positiva para todas as crianças, pois muito estarão aprendendo sobre a diferença e a diversidade que constituem o ser humano e a sociedade. As crianças vão, gradualmente, percebendo-se e percebendo os outros como diferentes, permitindo que possam acionar seus próprios recursos, o que representa uma condição essencial para o desenvolvimento da autonomia. A autonomia, definida como a capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro, é, nessa faixa etária, mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um princípio das ações educativas. Conceber uma educação em direção à autonomia significa considerar as crianças como seres com vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em questões situadas no plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no plano das idéias e dos valores. Do ponto de vista do juízo moral, nessa faixa etária, a criança encontra-se numa fase denominada de heteronomia, em que dá legitimidade a regras e valores porque provêm de fora, em geral de um adulto a quem ela atribui força e prestígio. Na moral autônoma, ao contrário, a maturidade da criança lhe permite compreender que as regras são passíveis de discussão e reformulação, desde que haja acordo entre os elementos do grupo. Além disso, vê a igualdade e reciprocidade como componentes necessários da justiça e torna-se capaz de coordenar seus pontos de vista e açõescom os de outros, em interações de cooperação. Este conceito está sendo usado na perspectiva proposta pelo psicólogo suíço Jean Piaget (1896- 1980). A passagem da heteronomia para a autonomia supõe recursos internos (afetivos e cognitivos) e externos (sociais e culturais). Para que as crianças possam aprender a gerenciar suas ações e julgamentos conforme princípios outros que não o da simples obediência, e para que possam ter noção da importância da reciprocidade e da cooperação numa sociedade que se propõe a atender o bem comum, é preciso que exercitem o autogoverno, usufruindo de gradativa independência para agir, tendo condições de escolher e tomar decisões, participando do estabelecimento de regras e sanções. Assim, é preciso planejar oportunidades em que as crianças dirijam suas próprias ações, tendo em vista seus recursos individuais e os limites inerentes ao ambiente. Um projeto de educação que almeja cidadãos solidários e cooperativos deve cultivar a preocupação com a dimensão ética, traduzindo-a em elementos concretos do cotidiano na instituição. O complexo processo de construção da identidade e da autonomia depende tanto das interações socioculturais como da vivência de algumas experiências consideradas essenciais associadas à fusão e diferenciação, construção de vínculos e expressão da sexualidade. Unidade 05 - Presença das Ciências Humanas na Educação Infantil - objetivos e conteúdos de ensino CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE. Objetivo: Compreender por que é importante ensinar Ciências Humanas a partir da Educação Infantil. ESTUDANDO E REFLETINDO A presença das Ciências Humanas na Educação Infantil. A presença das Ciências Humanas na composição do currículo e programas de Educação Infantil, os conteúdos estão relacionados á preparação da criança para dar entrada na 2ª etapa da Educação Básica, que é o Ensino Fundamental. Atualmente o Referencial ainda consta da pré-escola como parte da Educação Infantil, mas com a mudança de oito pra nove anos, a série inicial corresponde à pré-escola. No trabalho referente aos conteúdos das Ciências Humanas algumas práticas valorizam atividades referentes ás datas comemorativas do calendário nacional e, outras, as atividades voltadas para o desenvolvimento da noção de tempo e espaço. O ensino da História na Educação Infantil não pode e não deve partir da divisão do saber, como se estivesse tudo pronto e acabado. Ensinar História é associá-la ao conceito de historicidade, mas o que se percebe é que a prática está diante da teoria, pois a História é a ciência que nos permite conhecer o passado, entender o presente e transformar tudo num futuro melhor. Entretanto os conteúdos de História segundo o Referencial Curricular Nacional são contemplados nas questões de diversidade e socialização. Logo, deve-se iniciar o estudo dessa disciplina pela história do aluno. Portanto, o desenvolvimento da identidade e da autonomia está relacionado com os processos de socialização, pois através da relação social se dá a valorização e o reconhecimento do outro. No âmbito das Ciências Humanas, não só a História nem só a Geografia deveriam fazer parte da formação da criança, mas a filosofia e a sociologia também deveriam estar presentes na Educação Infantil, pois as duas últimas disciplinas são auxiliares da área das Ciências Humanas. Ao estudar Geografia, estudam-se os aspectos físicos do homem e da terra. Ela deu origem á criação da cartografia, devido ás exigências requeridas pelas guerras e comércio. Pensando na História e na Geografia, no âmbito das Ciências Humanas, voltados para o ensino infantil, este conhecimento se torna essencial na formação de indivíduos críticos contribuindo com a construção da cidadania. Objetos de Estudos: a criança, a natureza e a sociedade. À medida que as crianças crescem se deparam com objetos, fatos e fenômenos do mundo que aos poucos elas vão tomando conhecimento do seu redor. Assim, gradativamente toma consciência das diferentes situações em cada etapa do seu desenvolvimento. Nos primeiros anos de vida ela é capaz de perceber objetos, seres, formas, cores, sons, odores, movimentar-se nos espaços e manusear objetos. Aos poucos vai construindo seu vocabulário e ampliando no contato com outras pessoas ou crianças mais velhas. Quanto menor for à criança, mais ela precisa vivenciar objetos concretos da realidade conhecida, observada e sentida. Em relação ao pensamento que faz ao tocar um objeto, ela é capaz de construir uma lógica própria de interpretação. Exemplo- brincar de fazer de conta. Nesse processo ela constrói sua linguagem e comunicação diferente do concreto. Portanto, para formar seus conceitos não significa que comece sempre do concreto, isso se dá porque à medida que elas crescem a aprendizagem de fatos, conceitos, procedimentos, atitudes e valores não se dão de forma descontextualizada. O conhecimento contextualizado para as crianças acontece com as questões presentes no cotidiano, como: relato oral, livros, jornais, revistas, televisão, rádio, fotografias e filmes. Assim, para a construção da aprendizagem contextualizada é interessante provocar a criança para que ela faça relatos de situações, de fenômenos, de fatos e seja capaz de colocá-los no tempo e no espaço. Nesse sentido, o professor precisa ter claro que esse conhecimento se dá gradativamente, ao longo do processo educacional, pois á medida que a criança desenvolve sua curiosidade crítica o conhecimento vai se consolidando. Objetivos Crianças de zero a três anos Explorar o ambiente, Relacionar com pessoas; Estabelecer contato com animais, plantas e objetos; Despertar a curiosidade e o interesse. Crianças de quatro a seis anos Interessar-se e demonstrar curiosidade pelo mundo social e natural Formular perguntas Imaginar soluções e compreender; Manifestar opiniões próprias; Buscar informações; Confrontar ideias; Estabelecer relações entre o modo de vida e do ambiente; Valorizar a qualidade de vida; Preservar as espécies; Nessa etapa de vida, além desses objetivos a criança deve aprofundar e ampliar os objetivos da fase zero a três anos. BUSCANDO CONHECIMENTO Conteúdos Os conteúdos devem ser organizados de forma significativa com a metodologia de projetos, pois eles integram diversas dimensões do mundo social e natural. Crianças de zero a três anos Nessa faixa etária os conteúdos estão relacionados com o cotidiano da criança Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito ás tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos; Exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de causa e efeito. Contato com pequenos animais e plantas; Conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração de suas habilidades físicas, motoras e perspectivas. Crianças de quatro a seis anos. Nessa faixa etária os conteúdos indicados para as crianças de zero a três anos devem ser aprofundados e outros serão acrescentados. Formulação de perguntas; Participação ativa na resolução de problemas; Estabelecimento de algumas relações simples na comparação de dados; Confronto entre suas ideias e das outras crianças; Formulação coletiva e individual de conclusões e explicações sobre o tema em questão; Utilização, com ajuda do professor, de diferentes fontes para buscar informações como objetos, fotografias, documentários, relatos de pessoas, livros, mapas etc.; Utilização da observação direta e com uso de instrumentos, como binóculos, lupas, microscópio etc., para a obtenção de dados e informações; Conhecimento de locais que guardam informações, como bibliotecas, museus, etc.; Leitura e interpretação de registros, como desenhos, fotografias, maquetes; Registros das informações, utilizando diferentes formas: desenho, textos orais ditados ao professor, comunicação oral registrada em gravador etc. Unidade 06 - Presença das Ciências Humanas na Educação Infantil - orientações didáticas CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer as orientações didáticas anunciadas nos Referenciais Curriculares para a educação Infantil ESTUDANDO E REFLETINDO Orientações didáticas Crianças de zero a três anos Nessa faixa etária a didática deve ser na forma da observação e exploração do meio. Exemplos: A interação com os adultos e outras crianças, pode ser da mesma idade ou idade diferente; As brincadeiras de rua (roda cantada); A exploração do espaço O contato com a natureza O contato com pequenos animais (formiga); Troca de ideias entre as crianças Pequenas excursões com objetivo de identificar e observar a diversidade; Criação de animais pela própria instituição; (peixes, pássaros). Noções básicas de higiene; Cultivar pequenas plantas em vasos; Valorização da cultura de seu grupo (através das brincadeiras, músicas, jogos e danças); Elaborar receitas culinárias Oferecer diversos materiais que misturados entre si ou com diferentes meios, passam por processo de transformação. Materiais que podem ser oferecidos: terra, areia, farinha, água, leite, óleo, etc.; Ensinar a criança conhecer e perceber seu próprio corpo por meio de ações realizado por ela; Aprender o nome das partes do corpo e suas funções de forma contextualizada. Todas essas atividades apresentadas o professor deve explorar, pois a criança tem potencial para aprender se ela for estimulada á participação da atividade. Embora na idade média a criança fosse considerada um adulto em miniatura, atualmente não se pode pensar assim, criança deve ser criança e aprender através do lúdico. Foi necessária uma longa caminhada da histórica para que se pensasse na criança como uma figura diferente do adulto. Portanto, cabe ressaltar que na sociedade contemporânea, a infância ganhou resignificado dos seus direitos como cidadã, ou seja, o direito a melhor qualidade de vida, o direito de pertencer a uma família, o direito de ter moradia, alimentação, de receber educação de qualidade, o direito de viver e ser criança. Nesse sentido a criança deve ter o direito de brincar, criar, imaginar e de sonhar. De acordo com os RCNs a educação infantil deve estar nos princípios: da dignidade e do respeito. Crianças de quatro a seis anos. Nessa faixa etária o trabalho didático deve incluir o respeito às diferenças existentes entre os costumes, valores e hábitos das diversas famílias e grupos e, o reconhecimento de semelhanças. De acordo com o MEC em 1998 foi lançado um documento “Referencial Curricular Nacional” que estabelecia as diretrizes para a Educação Infantil. No entanto, o Congresso Nacional, por meio da Lei n. 11.114/2005, altera os artigos 6º, 30, 32 e 87 da Lei n. 9394/96, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. Veja a íntegra da redação do artigo 30 da LDB: Artigo 30- A educação infantil será oferecida em: I.Creches ou equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II.Pré-escolas para crianças de quatro a cinco anos de idade. Artigo 32- O ensino fundamental obrigatório com duração de nove anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos seis anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante [.…]. Brasil, 2006. Etapa de Ensino Faixa etária prevista Duração Educação Infantil Creche Pré-escola até cinco anos de idade até 3 anos de idade 4 e 5 anos de idade --------- --------- --------- Ensino Fundamental Anos iniciais Anos finais Até 14 anos de idade de seis até 10 anos de 11 a 14 anos 9 anos 5 anos 4 anos Fonte: Brasil, 2006. - Quadro demonstrativo sobre a ampliação do ensino fundamental para nove anos de duração. BUSCANDO CONHECIMENTO. Como ficam as crianças de 6 anos Pós-LDB? A reorganização institucional e legal iniciada a partir da redemocratização do país inclui decisivas mudanças na educação brasileira. A nova LDB prescreve que: A educação infantil é um direito das crianças, embora não seja obrigatória, e a creche faz parte da educação básica, assim como a pré- escola, o ensino fundamental e o médio.” Goulart; Palhares (orgs). 2007. As crianças, pequenas passam a ter seus direitos assegurados como sujeitos cidadãos a partir da Constituição de 88 e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Além desses documentos, o Plano Nacional de Educação, a lei n. 9394/96, o Referencial Pedagógico Curricular para formação de professores de educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental e atualmente RCNEI - Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil também tiveram participação na política de inclusão numa política integrada e coerente para a infância no Brasil. Entretanto, á medida que, se passam os anos pós LDB, percebe-se que o RCNEI é rico de anseios e desejos a infância, mas na realidade a pouca adequação do seu uso nas instituições de educação infantil. Algumas questões que influenciam na aplicação do documento são o pouco espaço para o cuidar e brincar; o número de crianças acima do permitido; a rotatividade de profissionais e governos; a falta de material didático pedagógico; a família desestruturada, entre outras. Na realidade o RCNEI ainda está distante da sua concretude. Nessa perspectiva, o uso do Referencial só tem sentido se traduzir o que nela está prescrito com a disponibilidade de realização das ações envolvendo os sujeitos, quer sejas os profissionais, os pais, as crianças e os governantes. Vale ressaltar que, o RCNEI não tem uma redação clara quanto à linguagem do texto se é dirigida aos técnicos e especialistas da área ou, aos educadores. Essa dicotomia pode resultar numa inviabilização de uso, sendo apenas teoria. Com relação ao desenvolvimento da criança, uma questão que merece referência é a infância, período que a educação deve ser prioridade, desde a família todos os governos, com as políticas sociais e educacionais que têm o dever de manter um sistema de Ensino Infantil de qualidade, quer no ensino público ou privado. Outra exigência para essa modalidade da Educação Básica é que todos têm o mesmo direito de ir á escola com a mesma possibilidade de ensino. Portanto, quanto mais educação a população receber, maior será a possibilidade de independência do país. É cada vez mais necessário o bom preparo para exercer o exercício da cidadania. A educação é indispensável para que o povo. As pessoas devem ser bem informadas e formadas para serem livres nas manifestações e decisões críticas sobre o comportamento do governo. Assim, as disciplinas de História e Geografia colaboram com a criação de pensamentos livres para realizarem suas ideias e satisfazerem suas necessidades e melhorar suas condições de vida. Antigamente a educação para a convivência, sobre tudo a transmissão dos valores, era prerrogativa da família, mas atualmente com a saída dos pais para o trabalho fora de casa, as crianças ficaram mais tempo em contato com os meios de comunicação de massa. O cotidiano de muitas instituições de Educação Infantil ainda demonstra uma dicotomia entre o cuidar e o educar. Essas instituições têm revelado um trabalho mecânico e rotineiro, as atividades não incluem o caráter pedagógico que possibilita a criança tornar-se autônoma constituindo a sua identidade. O processo de construção da identidade deve ser analisado no interior da sala de Educação Infantil, a relação do professor coma criança e as especificidades da sua pratica, seus valores e seus modos de estar na profissão de docente. Unidade 07 – Como Iniciar as crianças no estudo da Geografia e da História. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Identificar algumas etapas para a realização de estudos no campo da Geografia e da História na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. ESTUDANDO E REFLETINDO 1º passo: fazer o “estudo do meio” Segundo Nidelcoff (1991. p.15) o “estudo do meio” pode ser utilizado em todas as séries do ensino de 1º grau, levando em conta a gradação já assinalada, de acordo com a idade das crianças. De acordo com essa autora será apresentado um modelo de atividade para o “estudo do meio”, ou seja, o estudo da Geografia. Exemplo: observação. Atividade: observar no caminho que percorre todos os dias para ir á escola, o que encontra: relatar o que descobriu. Um rio Um prédio Casas Com são as ruas Fábrica Posto de saúde Banco Lojas Supermercado Padaria Igreja Sorveteria Após, recolher os dados é importante que se leve em consideração, se, o que foi observado ajuda ou não o desenvolvimento da pessoa.·. Objetivo Estimular a curiosidade e o interesse pela descoberta. 2º passo: “o estudo do homem” “É importante que certos temas estejam fora dos interesses e das possibilidades de compreensão das crianças pequenas.”, mas o importante é encontrar a forma de como estimular a criança com um tema que lhe interessa e ao mesmo tempo seja componente do estudo da História. Exemplo: Pesquisa Atividade: que lugar a pesquisa ocupa na vida da criança quando o tem é atualidade. Há algumas coisas que ajudam nesse sentido, são os questionários abertos ou fechados. Como na Educação Infantil as crianças não são alfabetizadas na escrita, os relatos só podem ser orais. A sequência das perguntas é apenas e tão somente para organizar a atividade e, o professor transcrever a resposta dada pelas crianças, se ele considerar importante ter o registro. Nesse caso seria vantajoso o questionário aberto, pois as respostas não seriam classificadas. Após essa informação elaborar as questões. Vamos imaginar que o tema escolhido é “Presente do papai Noel” O que vocês acham do papai Noel? Ele existe? Qual a época que ele aparece? Vocês sabem onde ele mora? Nesse momento aproveitar a empolgação das crianças e iniciar o estudo da História e também da Geografia. Utilizar o mapa-múndi e mostrar ás crianças o polo norte e o polo sul. Falar do gelo, do frio, da roupa que deve ser usada nas regiões frias, fazer comparação entre os dois polos. Aproveitar a ocasião e fazer a leitura cartográfica do todo para as partes: o mundo, país, estado, município, bairro. A discussão sobre papai Noel é um tema que pode ser explorado até mesmo para se fazer um projeto interdisciplinar com crianças maiores, aquelas que já estão no Ensino Fundamental. Essa questão de “conhecer e compreender” a história do papai Noel, implica na realidade das condições de vida dos homens dos diferentes lugares, fazendo a descrição e a comparação entre um e o outro. Nesse sentido À medida que, as crianças são maiores, a explicação das características tem mais possibilidades e torna-se, também, mais importante. Isto não significa deixar de lado a explicação com as pequenas, como esta é feita nos aspectos mais simples. (Nidelcoff, 1991.p.51) De acordo com Nidelcoff a integração entre os cuidados e a educação é relevante no desenvolvimento à formação do profissional que está com a criança todos os dias. Sobre o educar é propiciar situações, cuidados, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada. Enquanto que, cuidar é a cooperação de profissionais de diferentes áreas, corroborando um com o outro, fazendo a integração das ações e das crianças. BUSCANDO CONHECIMENTO O professor de Educação Infantil. A realidade dos cursos de formação do profissional para a educação infantil demonstra certa fragilidade e superficialidade no modelo de formação inicial, quanto o de formação continuada. A formação continuada não deve ficar restrita a cursos de rápida duração, seminários, oficinas e outros eventos que, à maioria das vezes, não atinge as dificuldades e necessidades educativas mais urgentes dos professores. Aquelas situações que acontecem todos os dias em sala de aula. Na verdade, existe uma variedade de cursos que formam professores, ora de maneira metodológica, ora de maneira teórica, são dois extremos, ambos não esclarecem o perfil do professor de Educação Infantil. Na maioria desses cursos não colocam o lúdico como objeto de estudo, portanto, aquela tese que a criança aprende em contato com o mundo que cerca, caí. A criança contemporânea deve frequentar instituições de ensino infantil que garantam uma base sólida e de qualidade para que possa desenvolver nela conhecimentos diversificados, como apresenta o momento histórico que ela vive. Atualmente não é mais admissível à reprodução de cuidados relacionados com o corpo: banho, sono, banho de sol alimentação etc. Nesse sentido, ao dirigir os serviços para a criança, como sujeito de educação, o professor deve ficar atento com as necessidades da criança (cuidar) e as atividades intelectuais (ensinar). O enfoque principal é como organizar o cotidiano das crianças, desde a sua chegada até a sua saída. A criança pequena precisa de rotinas (como tomar banho, higiene bucal, hora do descanso ou dormir, hora da brincadeira, esta pode ser dirigida pelo professor, como pode ser livre, brincar de fazer de conta, etc.) esses hábitos são momentos de trocas afetivas, diálogos e de interação entre o professor e a criança. Dessa maneira, o professor precisa e deve saber que ele é um formador de identidade, a criança pequena tem o professor como espelho. Exemplo: quantas vezes a criança brinca em casa de escolinha, desde que ela seja a professora e a amiga ou irmão mais novo é o aluno. Outras situações, ela é a “tia” e a boneca é a amiga. Segue o modelo da cozinheira servindo o lanche, etc. Considerando que a infância é o período da formação inicial da criança, as instituições de Educação Infantil devem organizar o espaço e o tempo nesses ambientes, de forma agradável e prazerosa para o convívio ser um processo de construção de aprendizagem. Logo, a criança vai desenvolver sua formação integral, mas deve ser respeitada a faixa etária de cada “pequeno”. Ser Educador Infantil é ter consciência da sua ação, pois é uma atividade intencional, planejada e executada, por isso precisa ser estruturada e ordenada. De modo geral, os professores consideram o planejamento um trabalho burocrático, que não contribui com o trabalho docente em sala de aula. A questão é que o professor precisa e deve resgatar a imagem do planejamento como um ponto negativo do trabalho docente. UNIDADE 08 - Estratégias metodológicas para o trabalho na Educação Infantil. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Reconhecer os procedimentos didáticos como recursos que visam o desenvolvimento da criança em todos os ambientes: família, a escola ou creche, o bairro, o município. ESTUDANDO E REFLETINDO Muitos são os métodos utilizados para trabalhar com a educação infantil. O método de ensino deve visar o desenvolvimento da criança, buscando trabalhar todos os ambientes que a envolve, como: a família, a escola ou creche, o bairro, o município. Sugestões de métodos, todos eles devem fazer parte da Proposta Pedagógica da instituição. 1- organizar as ações com base nos jogos e brincadeiras (lúdico) ou centro de interesses. É através do brinquedo que a criança interage com o mundo, com sua imaginação, seu corpo, sua vida, sua totalidade. O brinquedocantando é indispensável, pois, as cantigas de roda ajudam a criança a se desenvolver a linguagem oral. 2-conto de história. É através das histórias que a criança desenvolve a linguagem literária. 3- jogos Os jogos ensinam as regras, são meios concretos que ajudam a linguagem matemática, mas não ensina o conceito. 4- parque Espaço importante para ser utilizado no desenvolvimento motor da criança. 5- imposição Este vigorou até 1950 em vários países, tudo era imposto ao aluno, ele fazia tudo o que o professor mandasse. 6-construtivismo Tem como seu maior defensor Piaget, pois dizia que a criança é o centro do processo educativo, apenas precisa ser estimulado, papel que cabe ao professor. O professor se torna um intermedidor da aprendizagem. 7- projeto O que se pretende com essa metodologia é reconhecer a aplicabilidade de uma visão global e interdisciplinar na organização dos conteúdos escolares. Essa metodologia é tudo que se precisa para formar um aluno autônomo capaz de exercitar a democracia. Vale ressaltar que, a instituição de Educação Infantil deve por ocasião do planejamento anual, definir quais serão as estratégias que usarão como método de aprendizagem. Apresentação de um Projeto interdisciplinar a título de exemplo usando o “Tema Gerador”: Família, Segundo Kramer. S. (org.), 1992, p.71. Esse projeto destina-se a crianças de 4 e 6 anos. Tema Gerador: Família Conhecimento Social Pessoas que fazem parte da família (componentes); Diferentes modelos de famílias (composição, costumes, valores etc.); Histórias de vida das famílias (origem, ocupação, moradia, tipos de vestimentas, alimentação); Reconhecimento de seu próprio corpo como membro de uma família. Conhecimento Natural Diferentes espécies de famílias (animal, vegetal); Características físicas dos componentes da família Reprodução, crescimento e conhecimento das diferentes etapas da vida; Diferentes tipos de materiais usados para a confecção do usuário (o que se usa no frio, no calor, objetos usados quando chove). Conhecimento lógico matemático Relações de parentesco; Número de irmãos; Seriação (por tamanho, por idade.); Classificação (objetos ou utensílios utilizados pelo bebê, pelo adulto, etc.); Exploração e conhecimento do corpo (lateralidade, localização.). Conhecimento linguístico Ampliação do vocabulário; Descrição de pessoas, objetos e situações; Conversas informais; Músicas, adivinhações, piadas, histórias, provérbios, e rimas contadas e cantadas por pessoas da família; Narração e produção de histórias; Representação da família: dramatizações gráficas (desenho e escrita dos nomes), confecção de bonecos. Esse modelo de projeto apresenta três elementos fundamentais para a aprendizagem. a) O desenvolvimento infantil; b) O contexto da vida da criança c) Os conteúdos das quatro áreas do conhecimento. (linguístico, lógico- matemático, natural e social.). Embora essa unidade de estudo tenha como meta retratar a presença das Ciências Naturais da Educação Infantil, o modelo de projeto apresentado não foi restrito á essa área, pois faz parte da elaboração do livro: “Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a Educação Infantil.”. Portanto foi transcrito na íntegra. Nesse sentido, a metodologia de projetos possibilita o ensino interdisciplinar, favorece uma estratégia metodológica que oportuniza a aprendizagem em todas as áreas. Desse modo, o educador deve compreender que as atividades não podem ser iguais em todos os projetos, elas se diversificam á medida que o “tema” proposto também muda. Assim, ele não é um modelo pronto e acabado, apenas uma sugestão para a elaboração. Acredita-se que os professores para a Educação Infantil estejam preparados para desenvolverem essa metodologia. Ela não é nova, desde, Jean Piaget a W. H. Kilpratrick, bem como os outros educadores no inicio do século XX, defendiam-na em oposição á metodologia da tendência tradicional. Finalizando, a avaliação nessa pedagogia é através da observação contemplando referências significativas. O professor não deve confundir a prática da avaliação como um momento de registros comportamentais não atingidos pela criança. Deve ser anotações que mostrem se a criança atingiu ou não os objetivos do conteúdo proposto naquela unidade de estudo. Unidade 09 - Currículo prescrito CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Esclarecer o enfoque processual ou prático do currículo. ESTUDANDO E REFLETINDO Currículo e seus significados. 1. Currículo prescrito – (PCNS) 2. Currículo apresentado aos professores – (propostas curriculares, livros textos ou livro didático). 3. Currículo moldado pelos professores- (são os planos de ensino) 4. Currículo em ação – (resultados da ação da prática) 5. Currículo avaliado – (resultado das avaliações) ESTUDANDO E REFLETINDO Currículo prescrito O currículo prescrito para o sistema educativo e para os professores, mais evidente no ensino obrigatório, é a sua própria definição, de seus conteúdos e demais orientações relativas aos códigos que o organizam, que obedecem a ás determinações que procedem do fato de ser um objeto regulado por instâncias políticas e administrativas. Sacristán, 2000.p.109. Por ser um objeto regulado, a intervenção política administrativa tem força para decidir sobre “o que ensinar”, “como ensinar”, “quando ensinar” e para “quem ensinar”. Essa política curricular estabelece o mínimo a ser ensinado para todo o sistema educativo de cada nível de ensino. A partir dessa intervenção a autonomia do professor como especialista da atividade pedagógica e do desenvolvimento curricular, fica prejudicada, o professor não é mais o único detentor do saber. Essa é uma atividade retrograda, pois dentro e uma sociedade na qual o conhecimento é essencial a qualquer setor produtivo ou profissional, a regulação dos sistemas curriculares é um aspecto que impede uma prática coerente. Por isso, a ideia de um currículo mínimo comum como prevê o PCNs é pretender também uma escola comum. Determinar esse núcleo comum é complicado dentro de uma sociedade heterogênea, com culturas diferentes, valores e necessidades essenciais para a aprendizagem. Assim, o currículo comum é uma ideia unificada da educação obrigatória, ao mesmo tempo impondo aos professores que devem desenvolver na prática o currículo prescrito. A regulação do currículo é tão forte que pode ser realizada de forma direta ou indireta determinando os conteúdos, dá as orientações metodológicas decidindo em que momento se deve ensinar esse ou aquele saber. Essa intervenção, ao proporcionar sequências didáticas e conteúdos regula, não só o processo de ensino/aprendizagem, bem como a promoção dos alunos. Ao ordenar o tempo da aprendizagem, regula os meios e o material didático que considera necessário para a escola. Quanto ao espaço escolar determina que mobiliário seja necessário para o desenvolvimento do currículo. Assim, essa política de regulação e intervenção sobre o currículo mínimo resulta numa política ineficaz no exercício real da prática docente. Ás vezes por falta de qualificação dos professores pode ocorrer um desvio no desenvolvimento pedagógico provocando uma dependência desses materiais didáticos. Ordenar a prática curricular dentro do processo educativo é condicionar o ensino a uma intenção explícita de valor decisivo sobre a aprendizagem e os objetivos da educação obrigatória. Logo, a administração intervencionista acredita que regulando os conteúdos curriculares encontra uma forma de modificar e melhorar a prática escolar. Essa renovação pedagógica proposta pelo currículo prescrito não impede o professorado de fazer