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O material genético deve ser: Capaz de levar grandes quantidades de informação; Replicar-se fielmente; Traduzir suas instruções codificadas em fenótipos. A ideia de que os genes eram feitos de ácidos nucleicos não era aceita até a década de 50. Ou seja, não se sabia sobre a sua estrutura tridimensional. Muita coisa já se sabia. Em 1868, o médico suíço Johann Friedrich Miescher estudou o pus. No pus, ele encontrou os leucócitos, glóbulos brancos, e os analisou. Os leucócitos possuem núcleos grandes – ele os isolou e identificou uma substância ácida e rica em fósforo (DNA + proteína). Na época, essa substância foi chamada de nucleína, e posteriormente chamada de ácido nucleico. Lâmina histológica com leucócitos Em 1887, pesquisadores concluíram que a base física da hereditariedade estava no núcleo das células. A grande dúvida era: qual é o material hereditário? Seria o DNA – desoxirribonucleic acid – ou proteínas? Um experimento importante aconteceu em 1928 pelo médico bacteriologista inglês Frederick Grifith. Ele estudava bactérias Streptococcus pneumoniae. Essa bactéria possui duas linhagens, uma lisa – porque quando se coloca na placa de pétri, as colônias tem as aspecto liso – e rugosa, porque as colônias tem aspecto rugoso. As bactérias da linhagem lisa possuíam uma capa de polissacarídeo que conferem a virulência; são letais. A linhagem de rugosas é inofensiva. 1. É inoculada a linhagem de bactérias virulentas em um camundongo; o camundongo morre. 2. É inoculada a linhagem de bactérias não virulentas em um camundongo, o camundongo sobrevive. 3. É inoculada a linhagem de bactérias virulentas mortas pelo calor em um camundongo; o camundongo sobrevive. 4. É inoculada a linhagem de bactérias virulentas mortas pelo calor em um camundongo + linhagem de bactérias não virulentas; o camundongo morre. Na época, foi concluído que existia um princípio transformante, que transformava a linhagem inofensiva (rugosa) na linhagem fetal (lisa). Eles não conseguiram distinguir nada, mas esse princípio transformante seria a transmissão do material genético das bactérias mortas, lisas, para as vivas, rugosas. Houve, na realidade, a transmissão do gene para a formação de cápsula de polissacarídeo, que torna as bactérias potencialmente letais pela sua presença. Após 10 anos de pesquisa, em 1943, eles conseguiram isolar e purificar a substância transformante. E o resultado do experimento forneceu evidência conclusiva que o princípio transformante era o DNA e não a proteína. Porém, muitos biólogos ainda se recusavam em aceitar esta conclusão naquele momento. O experimento foi realizado utilizando-se diversos tipos de enzimas que destruía alguma coisa, colocando a linhagem rugosa junto delas na placa. Como resultado, foi encontrado que, com a linhagem rugosa: Enzima degradadora de polissacarídeo Se transformou. Tripsina Se transformou RNAse Se transformou DNAse Não se transformou Lipase Se transformou Apenas a DNAse falhou da conversão da linhagem rugosa em linhagem lisa. Isso significa que o DNA era o princípio transformador, uma vez que a transformação não foi feita porque o DNA tinha sido destruído. Entretanto, vários cientistas ainda não acreditavam nessa teoria. Em 1952, foi chegada à conclusão de que o DNA era o material genético. Eles utilizaram um bacteriófago, que é um vírus que infecta bactérias. Se sabia que os bacteriófagos possuíam DNA ou RNA constituído de fósforo dentro de si, e possuía uma capa proteica constituída de enxofre. Em seu experimento, eles marcaram radioativamente hora o fósforo do material genético, hora o enxofre da capa proteica. Esses dois tipos de bacteriófagos infectaram as bactérias separadamente. Depois da infecção, o bacteriófago foi removido da bactéria por agitação. As partículas virais foram separadas das bactérias por centrifugação. Por testes de radioatividade, puderam analisar onde estaria esse marcado radioativo. As bactérias que foram infectadas por fósforo radioativo continham DNA radioativo. Isso indicava que o DNA foi passado do vírus para a bactéria. As bactérias infectadas por enxofre radioativo não continham DNA radioativo. Isso indicava que proteínas não passaram do vírus para a bactéria. Com isso, se concluiu que o DNA era o material genético que era passado de um vírus para uma bactéria. O que se sabia na época era através dos estudos do químico Albrecht Kossel, em 1890. Ele fez análises químicas nos ácidos nucleicos e identificou as bases nitrogenadas (A, T, C, G) presentes no DNA. O bioquímico Phoebus Levene, em 1905, identificou a composição dos nucleotídeos, ou seja, mostrou que eles eram compostos formados por um grupamento fosfato (ácido fosfórico), uma pentose e uma base nitrogenada. Bases nitrogenadas Estrutura dos nucleotídeos Esse açúcar (monossacarídeo) ou pentose poderia ser uma ribose ou uma desoxirribose. A base nitrogenada sempre se liga ao carbono 1’ e o grupamento fosfato, sempre ao carbono 5’. O bioquímico Erwin Chargaff, na década de 1940, fez uma relação entre as purinas, que são a adenina e a guanina, com as pirimidinas, citosina e timina. Ou seja, sempre teremos a ligação de A com T e de C com G. Assim, haverá uma mesma quantidade em número de bases nitrogenadas de adenina e de timina, assim como teremos a mesma quantidade em número de bases nitrogenadas citosina e guanina.. As regras de Chargaff são: 𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑢𝑟𝑖𝑛𝑎𝑠 = 𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑖𝑟𝑖𝑚𝑖𝑑𝑖𝑛𝑎𝑠 𝑛º 𝑑𝑒 𝐴 = 𝑛º 𝑑𝑒 𝑇 𝑛º 𝑑𝑒 𝐶 = 𝑛º 𝑑𝑒 𝐺 𝐴/𝑇 = 1 𝐶/𝐺 = 1 (𝐴 + 𝐺)/(𝐶 + 𝑇) = 1 Exemplo: Se tenho 20% de adenina, tenho 20% de timina, pois A combina-se com T. O que sobra, 60%, corresponde a 30% de citosina e 30% de guanina. Chargaff descreveu que as bases nitrogenadas tinham composições diferentes nas diversas espécies, embora só tenhamos quatro bases – elas se combinam de formas e quantidades diferentes nas diversas espécies. Um estudo de imensa importância foi também o da química Rosalind Elsie Franklin, em 1950. Através de uma técnica chamada de cristalografia de raios x, ela podia obter informações sobre a posição dos átomos em uma estrutura. Rosalind fazia a incidência de raios x que eram difratados em DNA cristalizado em placas de raio x. Formava-se padrões que podiam ser fotografados. Portanto, foi possível ver a estrutura tridimensional do DNA. Diâmetro da molécula de DNA: 2 nm. James Watson e Francis Crick, ambos na universidade de Cambrige, na Inglaterra, em 1953, o modelo tridimensional do DNA em madeira. O modelo, então, seria de dupla hélice. Modelo em dupla hélice ou escada em caracol; Os filamentos gêmeos eram formados por quatro pares de bases nitrogenadas interligadas por ligações de hidrogênio; Os dois filamentos poderiam se separar facilmente formando cópias de si mesma com a mesma com a mesma informação genética codificada. Sempre se liga ao carbono 5’. Um átomo de fósforo ligado a quatro átomos de oxigênio. Possui carga negativa. Açúcar, monossacarídeo, com 5 átomos de carbono, numerados de 1’ a 5’. Localizada entre o grupamento fosfato e a base nitrogenada. Purinas ou púricas: Adenina (A) e Guanina (G). Um anel de seis lados + um anel de 5 lados. Pirimidinas ou pirimídicas: Citosina (C) e Timina (T). Um anel de seis lados. A fita tem uma direção 5’ para 3’, marcada pelos carbonos livres em cada extremidade. Ligação covalente fosfodiéster 3’ – 5’ mantém os nucleotídeos do DNA ligados de forma regular. Um curto segmento de uma cadeia da molécula de ácido desoxirribonucleico (DNA) mostra as ligações covalentes fosfodiéster ligando três nucleotídeos consecutivos. Pontes de hidrogênio entre basesnitrogenadas. As bases nitrogenadas se ligam formando pontes de hidrogênio. Entre guanina e citosina se formam três pontes de hidrogênio e entre adenina timina, duas. A ligação entre a timina e a adenina é mais fraca do que a ligação entre a guanina e citosina. Isso pode ter consequências quando pensamos em uma mutação ou alguma quebra mais fácil nas regiões A-T quando comparadas à região de que C-G. Filamentos complementares com a fita inversa, ou seja, são complementares desde que as fitas sejam antiparalelas. Extremidade 5’ – grupo fosfato ligado ao C5’ do açúcar. Extremidade 3’ – OH ao ligado C3’ do açúcar desoxirribose. Estrutura de dupla hélice = estrutura secundária do DNA. As difrações de raio x possibilitaram não só a demonstração do modelo, mas também nos levaram a conseguir novas medidas: diâmetro da fita, distancia entre as bases, comprimento do período, ângulo da hélice, número de bases por giro. Distância entre as bases (0,34 nm = 3.4À) Comprimento do período (3,4 nm = 34À) Ângulo da hélice (36°) 10 bases por giro da molécula. O sentido ou orientação da rotação da dupla hélice é para a direita, ou no sentido anti-horário. Há um sulco menor e um sulco maior. A estrutura terciária do DNA é o cromossomo. A dupla hélice, compactada com as proteínas histonas e as proteínas não histonas, formam uma compactação ou condensação chamada de cromossomos. Eles são formados de DNA, de proteínas e de um pouco de RNA. A cada divisão celular, uma célula deve copiar seu genoma com precisão extraordinária. Na época em que o DNA foi descoberto também não se sabia, mas haviam três hipóteses. A molécula mãe permanece intacta e novas cópias são feitas. As moléculas filhas contêm somente filamentos novos. Nesse caso, o primeiro ciclo de replicação iria resultar na dupla-hélice parental original e em uma dupla-hélice inteiramente nova. Cada filamento das moléculas filhas contém uma mistura de partes novas e velhas. No modelo dispersivo, cada geração de DNA filho conteria uma mistura de DNA das fitas parentais e o DNA recém-sintetizado. As moléculas filhas contêm um filamento original e um filamento novo. Cada fita parental atua como um molde para a síntese de uma nova fita-filha. O primeiro ciclo de replicação deveria produzir duas moléculas híbridas, cada uma contendo uma fita parental original além de uma fita recém-sintetizada. Um ciclo subsequente de replicação deveria resultar em duas moléculas híbridas e duas moléculas que nada contêm do DNA parental original. Em 1958, Matthew Meselson e Franklin Stahl realizaram um experimento que mostrou que a replicação do DNA é semiconservativa. O DNA possui nitrogênio normal, N14. Eles cultivaram bactérias E. coli em um meio que só tinha nitrogênio pesado, ou nitrogênio N15. N14 – nitrogênio mais leve; DNA mais leve. N15 – nitrogênio mais pesado; DNA mais pesado. Ao longo de muitas gerações, todas as bactérias tinham seus DNA marcado com N15. E depois eles pegaram essas bactérias e fizeram crescer uma geração em um meio contendo somente nitrogênio N14 por duas gerações. Depois, foi realizada uma centrifugação dos DNA com cloreto de césio (CsCl) em tubos de ensaio. Foi possível identificar a banda dos DNA, pelo gradiente de densidade. O DNA mais pesado ficou mais ao fundo do tubo. O DNA mais leve ficou mais ao topo do tubo. O DNA de peso intermediário no meio, proveniente da geração F1 das bactérias. Após a primeira geração, F1, se tinha uma banda intermediária – uma fita de N14 e uma fita de N15. Na segunda geração, F2, a fita mãe – intermediária, formou uma fita filha, com uma banda de N14 e uma banda intermediária. Foi detectado, a partir desses experimentos, que a replicação do DNA é semiconservativa. O ácido ribonucleico como material genético foi detectado através do experimento de Heinz Fraenkel-Conrat e Beatrice Singer em 1956. Eles realizaram estudos com vírus de RNA que infecta as plantas de tabaco. Esse vírus possui o material genético dentro dele e uma capa proteica – capsídeo. Temos dois tipos de RNA, o do vírus da planta A e o do vírus da planta B e dois tipos de proteína., as proteínas do vírus da planta A e as proteínas do vírus da planta B. Foi realizada uma reconstituição de alguns vírus híbridos, com proteínas diferentes e RNA diferentes. Ou seja, a planta B recebeu RNA viral da planta A e a planta A recebeu RNA viral da planta B. Descobriram, então, que o RNA era quem mandava a informação genética, uma vez que a presença dele provocava o tipo de planta do tabaco A ou B. Nucleotídeos: Fosfato – ácido fosfórico. Açúcar (monossacarídeos) – ribose. Base – adenina (A), uracila (U), guanina (G) e citosina (C). A uracila é uma pirimidina, ou seja, possui um anel com seis lados. A timina é usada no DNA e a uracila é usada no RNA. Quem liga com o A é o U e não mais T. Único filamento polinucleotídico (simples). Filamento segue na direção 5’ para 3’. Existe RNA de fita dupla em alguns vírus. O genoma é o conjunto de diferentes moléculas de DNA de uma organela, célula ou organismo. O genoma humano consiste de 3x109 pb de DNA dividido em 25 moléculas. A molécula de DNA mitocondrial mais as 24 diferentes moléculas de DNA cromossômico. 1 𝑚 𝐷𝑁𝐴 𝑚𝑖𝑡𝑜𝑐𝑜𝑛𝑑𝑟𝑖𝑎𝑙 + 24 𝑚 𝑑𝑒 𝐷𝑁𝐴 𝑐𝑟𝑜𝑚𝑜𝑠𝑠ô𝑚𝑖𝑐𝑜 = 25 𝑚 𝑑𝑒 𝐷𝑁𝐴 O conjunto cariotípico dos humanos consiste de 2n = 46 cromossomos. Ou seja, temos 22 pares de cromossomos autossomos e 1 par de cromossomos sexuais, X e Y. Esclarecendo, de DNA diferentes temos 24, 22 dos cromossomos autossomos, 1 do cromossomo X e 1 do DNA mitocondrial. Do genoma humano, no DNA nuclear, apenas 1,1% são genes codificadores de proteínas e o restante de genes de RNA e outras sequências regulares. No genoma mitocondrial, temos 66% de sequências codificadoras de proteínas e o restante de RNA e sequências regulares. A análise do DNA mitocondrial só é possível através de biologia molecular, por sequenciamento e DNA nuclear, análise por biologia molecular e análise de cariotípica de visualização dos cromossomos. DNA mitocondrial Cada cromossomo é uma molécula única de DNA enovelado com proteínas e em uma denominada sequência chamada de gene, que possuem os alelos A ou a. O que distingue os alelos são mutações ou troca de pares de bases, conferindo a um indivíduo diferentes pares de alelos. O cromossomo 1 é o maior cromossomo, caminhando até o 23, que é o menor. A quantidade de genes em cada cromossomo não tem relação obrigatória com o tamanho. O grande volume de informação genética em eucariotos é armazenado na molécula de DNA, ou seja, exceto em alguns vírus, o DNA funciona como o material genético na maioria dos seres vivos. De acordo com o modelo de Watson e Crick, a estrutura de qualquer molécula de DNA é um polímero de açúcar- fosfato; no entanto, é a sequência das bases nitrogenadas ligadas ao açúcar que determina a identidade e a função genética de qualquer sequência de DNA. O DNA existe sob a forma de uma dupla hélice de orientação anti-horária; as fitas são antiparalelas e se conservam unidas por pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas complementares. O modelo da estrutura do DNA revolucionou totalmente a maneira como os geneticistas analisam seus dados: gene como um objeto molecular real. Genes são segmentos discretos de DNA que são usados como molde para a síntese de uma molécula de RNA complementar funcional. A estrutura da dupla hélice demonstrou que todos os genes apresentam basicamente a mesma forma tridimensional e que as diferenças entre dois genes se encontramna ordem e no número de seus quatro nucleotídeos construtores ao longo das fitas complementares. A estrutura de fitas complementares sugeriu que uma fita serviria como uma superfície específica (molde) sobre a qual a outra seria produzida. Ou seja, modelo semi-conservativo.
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