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Núcleo Interfásico Introdução O núcleo celular é uma das estruturas mais evidentes e uma das maiores em tamanho. O núcleo, nas células em geral, possui de 4 a 5 𝜇m de diâmetro. Características gerais do núcleo celular Célula procariótica Existem células que não possuem núcleo, como as células procarióticas. Nesses casos, o material genético fica concentrado em uma região do citoplasma chamada de nucleóide, mas não há membrana nuclear. Célula de E. coli Material genético mais claro na microscopia; Ausência de envoltório nuclear. Célula animal O núcleo está delimitado por uma membrana dupla da qual saem divertículos que são formadores do Retículo Endoplasmático Rugoso. O núcleo está ancorado no citoplasma por estruturas do citoesqueleto. Em uma lâmina de um corte histológico, é possível ver em microscopia de luz com coloração de hematoxilina e eosina, o núcleo. Distingue-se perfeitamente o núcleo dos nucléolos e do restante da célula. Vista geral em microscópio óptico Núcleos em roxo mais escuro; Citoplasma em lilás; Nucléolos em roxo ainda mais escuro. Vista geral em microscopia eletrônica Núcleo com constituição bem diferente do resto do citoplasma; Material genético dentro; Duas membranas envoltas no núcleo; Entre as duas membranas, existe um espaço intermembrânico; Massa de material genético – cromatina. Visão detalhada do núcleo em microscopia eletrônica Duas estruturas mais escuras denominadas nucléolos. Tipos celulares Células sem núcleo As hemácias são as únicas células anucleadas no sangue periférico dos mamíferos. Esfregaço de sangue - hemácias Região central mais clara, mais fina. Quando as hemácias estão se formando, elas possuem núcleo. Mas depois de um processo de síntese acelerada de hemoglobina, na etapa seguinte, o núcleo é colocado para fora da célula, sendo destruído. As hemácias, então, caem na corrente sanguínea. Essas células possuem um tempo de vida bem curto, por não possuírem núcleo, ou seja, informação genética. Vive em torno de 180 dias e então são destruídas. No sangue, temos células nucleadas e anucleadas. Esfregaço de sangue – glóbulos brancos e hemácias Hemácias em roxo claro, anucleadas. Glóbulo branco do tipo neutrófilo com núcleo dividido em lóbulos. Glóbulo branco do tipo basófilo com núcleo dividido em dois lóbulos. Células uni nucleares As células que são uninucleadas podem possuir diferentes formas de núcleo. Essas formas caracterizam muito as células. Núcleos em formatos diferentes Em geral, os núcleos são arredondados. Pode haver núcleos em formato de ‘C’ ou mais alongados. O formato do núcleo vem a depender dos diferentes formatos ou tipos celulares. Essa característica é muito evidente nos epitélios. Por exemplo, no tecido epitelial pavimentoso, as células são bem achatadas. Isso implica que seus núcleos sejam alongados e achatados. Células do epitélio pavimentoso No tecido epitelial do tipo cuboidal, os núcleos celulares são arredondados e localizados na região basal da célula. Células do epitélio cuboidal No tecido epitelial do tipo colunar, que é uma célula bem longa, vemos que seus núcleos são, também alongados e presentes na região mais basal da célula. Células do epitélio colunar Células multinucleadas A grande maioria das células possuem um núcleo só, mas existem células que tem muitos núcleos. A célula multinucleada mais conhecida é a célula do músculo estriado esquelético. São células extremamente grandes, que ligam um tendão a outro. É necessário que existam muitos núcleos para fazerem a manutenção do grande citoplasma dessas células. Centenas de núcleos. Núcleos sempre na parte mais externa do citoplasma. Meios são preenchidos por miofibrilas, responsáveis pela contração celular. Outra célula multinucleada conhecida é o osteoclasto, responsável por dissolver tecido ósseo. Células enormes, com até 12 núcleos. Componentes do núcleo Núcleo em microscopia eletrônica de transmissão Membranas nucleares interna e externa, chamadas em conjunto de envelope nuclear. Poro nuclear. Lâmina nuclear: muito fina. Material genético ou cromatina. Nucléolo. Ribossomos na membrana nuclear externa, realizando síntese de proteínas. Membrana nuclear ou carioteca A membrana nuclear, apesar de ser lipoproteica como todas as outras, é bastante particular. Membrana nuclear em microscopia eletrônica; corada artificialmente Pequenos poros nucleares nas membranas. A membrana nuclear, muito delicada, está conectada diretamente a outras membranas da célula, como o retículo endoplasmático rugoso. Possui diversas aberturas em sua parede. Na face interna do núcleo temos uma capa de proteínas da classe dos filamentos intermediários que revestem toda a superfície interna da membrana nuclear. Duas unidades lipoproteicas de membrana. Espaço intermembranas que pode variar de tamanho de acordo com os tipos celulares. Na face externa da membrana, há ribossomos que fazem síntese proteica, mas não é comum. Na face internas há uma série de proteínas transmembranas que prendem a lâmina nuclear. Relação carioteca - RER Há continuidade entre a carioteca e o retículo endoplasmático rugoso, possuindo até mesmo ribossomos em sua superfície externa. Continuidade entre carioteca e RER em microscopia eletrônica de transmissão Poros A membrana nuclear tem poros. Esses poros estão espalhados pela membrana nuclear e possuem a função de troca entre o ambiente nuclear e o citoplasma. Antigamente, se imaginava que fossem simples aberturas e que a troca de substâncias era livre. Entretanto, hoje sabe-se que não são simples aberturas e que a troca de substâncias é muito controlada seletivamente. Um conjunto de proteínas formam o complexo de poros; cerca de 50 proteínas diferentes. Criofratura – o núcleo visto do citoplasma Estruturas proteicas conservadas – os poros parecem fechados. A quantidade de poros é um indicativo de atividade nuclear. Um núcleo com muitos poros indica muita atividade nuclear. Complexos de poros isolados – vista do citoplasma Complexos de poros isolados – vista do interior do núcleo O lado citoplasmático possui proteínas reconhecedoras de diversas substâncias que entram no núcleo. O lado do interior do núcleo possui estruturas semelhantes a um diafragma, que pode abrir ou fechar conforme o que vai ser transportado para dentro da célula. Microscopia eletrônica de uma membrana nuclear e seus poros Os poros são firmemente ancorados na membrana nuclear e possuem diâmetros de 50 nm. Há uma passagem extremamente seletiva de substâncias. As proteínas controlam o que entra e o que sai. Moléculas pequenininhas possuem maior facilidade de entrar, e maiores, maior dificuldade. A proteína que entrará no núcleo se liga a um receptor de importação nuclear, formando um complexo que será reconhecido pelas fibrilas citosólicas da superfície do poro. Há uma ligação entre esses elementos e o poro se abre. Quando o poro se abre, esse complexo é transportado para dentro do núcleo. A proteína carga terá seu encaminhamento devido e o receptor de importação nuclear é enviado de volta para fora do núcleo para poder reiniciar o ciclo. Os poros nucleares transportam proteínas nas suas conformações nativas, completamente enoveladas, e componentes ribossômicos como partículas associadas. Essa característica distingue o mecanismo de transporte nuclear dos mecanismos que transportam proteínas para o interior da maioria das outras organelas. As proteínas precisam se desnaturar para cruzar as membranas das mitocôndrias e dos cloroplastos. Um receptor de importação nuclear se liga a uma proteína nuclear ainda nocitosol e entra no núcleo. Lá, ele encontra uma pequena GTPase monomérica denominada Ran, que carrega uma molécula de GTP. Essa Ran- GTP se liga ao receptor de importação, fazendo-o liberar a proteína nuclear. Tendo liberado sua carga no núcleo, o receptor – ainda ligado a Ran-GTP – é transportado de volta ao citosol pelo poro. No citosol, uma proteína acessória induz Ran a hidrolisar seuGTP ligado. Ran- GDP se dissocia do receptor de importação, que então está livre para se ligar a outra proteína destinada ao núcleo. Um ciclo semelhante atua na exportação de moléculas de mRNA e subunidades ribossômicas do núcleo para o citosol, utilizando receptores de exportação nuclear que reconhecem os sinais de exportação nuclear. Lâmina nuclear A lâmina nuclear é formada por um conjunto de proteínas que fazem parte dos filamentos intermediários e que revestem o núcleo internamente como um filme, exceto na região dos poros. Rede de proteínas da lâmina nuclear em microscopia eletrônica do tipo scanning Formam uma barreira extremamente compacta em torno da cromatina. Essas lâminas nucleares possuem três diferentes tipos de proteínas: lamininas A, B e C que interagem entre si. As lamininas estão firmemente aderidas à membrana interna do envelope nuclear através de proteínas transmembranas que são feitas no RER e que são carreadas pela face externa, inicialmente, até que conseguem passar pelos complexos de poro e ficam dentro do núcleo, travando a lâmina na membrana interna. E temos um domínio que ligará as mesmas proteínas à, principalmente, os telômeros da cromatina, então o material nuclear fica preso. A lâmina nuclear é o elemento do citoesqueleto responsável por manter a integridade do núcleo. Ela também possui um importante papel na divisão celular. Durante a divisão celular, ocorre a condensação da cromatina, que vai se desligando da lâmina nuclear. Quando termina essa fase de condensação, uma proteína fosforilase fosforila as proteínas das lâminas e o conjunto de proteínas se dissolve quase completamente. Assim, no final da prófase, o núcleo está desmanchado; ele desmancha por efeito de fosforilação das proteínas da lâmina nuclear. Ao final da anáfase, uma outra proteína, kinase, realiza a desfosforilação das proteínas da lâmina nuclear. Quando os fosfatos são removidos, elas voltam a ter afinidade entre si e entre a cromatina. Formam-se pequenos envelopes de membrana nuclear em volta de cada cromossomo que está se descondensando e esses pedaços de envelopes se unirão no fim da telófase, há a montagem de um novo núcleo. Nucléolo O nucléolo é uma região bastante diferenciada, por ter genes diferentes que se expressam dentro do nucléolo e por ser a origem de síntese dos ribossomos. O nucléolo possui bastante evidencia dentro do núcleo, sempre aparecendo mais escuro nas microscopias. Possui duas regiões diferentes: o centro fibrilar, onde se expressam os genes de RNA ribossômico e o centro granular, onde são montados os ribossomos. Na região fibrilar, temos os genes que fazem o RNAr. Esses genes estão colocados em milhares de cópias; são transcritos bastante longos, com um peso 45s e íntrons e éxons. Durante o processo de transcrição há a formação de um longo RNam, que tem os éxons e íntrons. Há o splicing com remoção dos íntrons. Os três genes – 18s, 28s e 5.8s - são transcritos no nucléolo, mas para fazer ribossomo é necessário um gene 5s, que fica em outra parte do núcleo e é carregado para o nucléolo. A formação do ribossomo ocorre com a produção do transcrito primário 45s, que é processado em transcritos 20s e 32s. O 20s é processado em 18s e se transforma na subunidade menor (40s) do ribossomo. O 32s é processado em 28s e em 5.8s; esse transcrito recebe uma unidade de transcrição 5s e se processa na subunidade maior (60s) do ribossomo. As duas subunidades saem do núcleo de forma separada e só se juntam na síntese proteica. As proteínas ribossommais são feitas no citoplasma. O nucléolo está presente em todas as fases ativas da célula, no G1, G2. E S Quando a célula está em divisão, ele se desmancha e depois volta a se montar. Os genes ribossomicos geralmente estão em vários cromossomos diferentes. Na espécie humana, temos 5 cromossomos que fazem a molécula precursora de 45s: 13, 14, 15, 21, 22. Temos apenas um par de cromossomos que possuem que fazem a molécula precursora de 5s, o par 1. Isso está relacionado ao numero de nucléolos, então em uma célula humana, cada cromossomo poderá formar um nucléolo diferente, podendo se formar até 10 nucléolos diferentes. Normalmente, isso não acontece. Os vários cromossomos se juntam para formar menos nucléolos. Geralmente, a célula possui três nucléolos por núcleo. Cromatina É um material de aspecto filamentoso, constituído de DNA + proteínas. O numero de filamentos é constante para cada espécie (o mesmo do número de cromossomos). Na mitose aumentam sua condensação, tornando- se na forma de cromossomos visíveis. Possuem a função de conter as informações genéticas. Fios extremamente longos presos na membrana nuclear interna. Nucleossomos: proteína envolta em DNA. O DNA praticamente nunca está nesse formato de dupla hélice, pois sendo extremamente longo, não caberia no núcleo. O DNA fica na forma de dupla hélice quando ocorre atividade gênica de transcrição. A cromatina não é toda homogênea. Existem regiões muito condensadas e regiões pouco condensadas. As regiões muito condensadas são chamadas de heterocromatina. As regiões descondensadas são chamadas de eucromatina. Na eucromatina, os genes estão transcrevendo. Na heterocromatina, os genes estão inativos. A primeira estrutura de compactação são os nucleossomos e depois uma proteína H1 se prende aos nucleossomos. Os nucleossomos se unem em uma estrutura em forma de solenoide, com 30nm de diâmetro. O solenoide é o que chamamos de cromatina. Para compactar ainda mais essa cromatina para a divisão celular, usamos um esqueleto de proteínas ácidas, formando uma fibra de nucleossomos que se espiraliza de novo. O novo espiral terá a espessura de 700nm, que é a espessura de uma cromátide de um cromossomo. Cromatina em espirais condensados e em forma de colar de contas A cromatina não está solta no citoplasma. Há diversos sítios capazes de prender a cromatina à lâmina nuclear. Cada cromossomo está preso em uma região do núcleo, o que chamamos de territórios cromossômicos. É possível hoje em dia mapear esses territórios cromossômicos. Eles estão dispostos sempre aos pares em células diplóides. Ainda em relação à cromatina, há cortes histológicos em que as células possuem núcleos mais escuros ou mais claros. Isso está relacionado à atividade celular. Na camada basal do epitélio, há células com grande atividade celular, e por isso encontramos os chamados núcleos descondensados. É formado prioritariamente por muita eucromatina. Em células desse mesmo tecido que possuem menor atividade celular, o núcleo se encontra mais condensado; o núcleo tem praticamente somente heterocromatina. Corte histológico do epitélio basal Células com muita atividade na porção inferior. Células com pouca atividade na porção superior. Corte histológico de um tendão Poucas células ativas e muitas inativas. Em alguns casos, essa mudança de descondensado para condensado é irreversível. No epitélio, por exemplo, as células vão morrendo e descamando. Essa mudança também pode ser facultativa. No tendão, em casos de lesão, pode haver a descondensação da cromatina para a formação de eucromatina e restabelecer a atividade celular normal para formar as fibras de colágeno, que são as proteínas que dão sustentação ao tendão. Nomeamos a célula de acordo com o estadode condensação em que elas estão. Fibroblastos: células com cromatina descondensada e muita atividade celular. Fibrócito: células com cromatina condensada e pouca atividade celular. A cromatina se condensa (heterocromatina) sempre em regiões próximas à lâmina nuclear, na região periférica. Apenas quando a célula está muito heterocromática que a heterocromatina fica na região central. Existem regiões de expressão de genes. Para que os genes possam se expressar, eles devem estar ativos, ou em forma de eucromatina. Para isso, quando um gene precisa ser expressado, ele se descondensa de heterocromatina (inativo) para eucromatina (ativo). Se ele precisar parar de se expressar, ele volta a se tornar heterocromatina. O que vai influenciar a atividade do gene é o tipo celular e a atividade celular necessária. Um exemplo clássico é o cromossomo X de fêmeas mamíferos. As fêmeas possuem dois cromossomos X, mas apenas um funciona. O cromossomo X que funciona fica na forma de eucromatina; o que não funciona, bolinha de heterocromatina. A cromatina sexual é o cromossomo X heterocromático. Nem sempre é o X herdado da mãe ou do pai que funciona - existe uma alternância. Na gata abaixo, como um dos genes responsáveis pela cor de pelagem está no X, podemos perceber que um X expressou um gene e outras células que possuem cromossomo X ativo expressou outros genes. Não existem gatos com três cores machos. Nucleoplasma Constitui-se como a parte líquida do núcleo. É muito semelhante com o citoplasma, mas difere-se dele por proteínas e complexos proteicos e enzimático. Generalidades O núcleo tem DNA em quantidade que varia de espécie para espécie. Quanto mais terminais nos termos de evolução, mais DNA celular. As células eucariotas derivam das células procariotas – nas quais o DNA também está preso na membrana nuclear. O que deve ter acontecido é que, ao longo da evolução, o DNA, dada a sua importância, foi se tornando centralizado junto com a membrana. Essa internalização provavelmente ocorreu com cromossomos bacterianos. Ao mesmo tempo, se formaram as organelas membranosas.
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