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Prévia do material em texto

Miriam de Magdala Pinto (Organização)
Universidade Federal do Espírito Santo
Laboratório de Tecnologias de Apoio a Redes de Inovação
Desafios para a
Habitação de
Interesse Social:
Território do Bem
Vitória
2017
LabTAR – Laboratório de Tecnologias de Apoio a Redes de Inovação:
Coordenação: Miriam de Magdala Pinto
Av. FernandoFerrari, nº514, CEP 29075-910, Goiabeiras, Vitória – ES 
Telefone: (27) 4009-2324 ramal: 5129 
Diagramação e Projeto Gráfico
Coordenação: Letícia Pedruzzi Fonseca
Equipe: João Francisco Silva, Marina Melim Ferreira
Fotos e Imagens
Coordenação: Letícia Pedruzzi Fonseca
Produção de Infográficos: João Francisco Silva
Tratamento de Imagens: Marina Melim Ferreira
Fotografias de Capas: Giovanna Faustini
Revisões e Traduções
Coordenação: Miriam de Magdala Pinto
Equipe: Marina Melim Ferreira
Prefixo Editorial: 63765
Número ISBN: 978-85-63765-78-9
Copyrigth © 2017. Todos os direitos dessa edição são reservados ao LabTar. Nenhuma parte deste material 
poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a 
prévia autorização, por escrito, do Laboratório de Tecnologias de Apoio a Redes de Inovação – UFES.
A reprodução de imagens nesta obra tem caráter pedagógico e científico, amparada pelos limites do direito 
dos autores, de acordo com a lei nº 9.610/1998, art.46, III (citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro 
meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida 
justificada para o fim de atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra). Toda reprodução foi reali-
zada com amparo legal do regime geral de direito de autores no Brasil.
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
D441 Desafios para a habitação de interesse social [recurso eletrônico] :
Território do Bem / Miriam de Magdala Pinto (org.). - Dados 
eletrônicos. - Vitória, ES : UFES, LabTAR, 2017.
161 p. : il.
Inclui bibliografia.
Modo de acesso: <http://labtar.ufes.br/producoes/>
 1. Habitação popular. 2. Território do Bem. I. Pinto, Míriam de 
Magdala, 1967-.
CDU: 316.334.54
______________________________________________________ 5
_________________________ 10
________________________________ 41
____________________________ 54
_____________________ 77
____________________________________ 100
_______________________________ 117
_______________________ 127
________________________ 145
Sumário
Prefácio
Cap. 1 - Habitação para população urbana 
de baixa renda: Entre os processos formais de 
planejamento e o “direito à cidade” em geografias 
urbanas latino-americanas.
Cap. 2 - Processos habitacionais e 
qualidade: Avaliação e potenciais do 
sistema habitacional chileno.
Cap. 3 - Marcos legais e regulatórios da 
urbanização e das zonas de especial interesse social 
em Vitória – ES, Brasil
Cap. 4 - A (re)construção do espaço público em 
São Benedito, Vitória, Brasil.
Cap. 5 - O Território do Bem.
Cap. 6 - Urbanização da Poligonal.
Cap. 7 - Desenvolvimento urbano em escala 
local: Poligonal 1 (Território do Bem)
Cap. 8 - Bem Morar: Programa de acesso à 
moradia digna e sustentável.
5.
Desafios para habitação de interesse social: Território do Bem
Prefácio
O diálogo franco entre academia, sociedade e poder público tem poten-
cial para ser profundamente transformador para todos os que dele partici-
pam. Criar uma oportunidade concreta para que tal diálogo acontecesse foi 
o objetivo do encontro entre pesquisadores do Brasil e da Alemanha, repre-
sentantes políticos e técnicos da Prefeitura Municipal de Vitória e lideranças 
comunitárias e moradores do chamado “Território do Bem” realizado em abril 
de 2014, em Vitória, Espírito Santo.
O “Encontro Brasil e Alemanha: Soluções para o Território do Bem” foi reali-
zado em uma escola pública de ensino fundamental no próprio Território, uma 
área de habitação de interesse social que ocupa dois morros e seus entornos 
na porção insular central do município de Vitória, onde vivem mais de 30 mil 
habitantes o que representa quase 10% da população do município.
O evento foi realizado pelo Laboratório de Tecnologias de Apoio a 
Redes de Colaboração – LabTAR da Universidade Federal do Espírito Santo 
– Ufes e pelo Departamento de Arquitetura e Urbanismo da mesma univer-
sidade. Colaboraram para sua realização os Departamentos de Arquitetura e 
Urbanismo e de Saneamento da Universidade Técnica de Berlim, Alemanha; a 
Prefeitura Municipal de Vitória, o Fórum Bem Maior de Líderes Comunitários 
do Território do Bem e a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e 
Educação Profissional do Espírito Santo.
O eixo condutor do encontro foi dar a cada ator participante a oportuni-
dade de expressar sua visão das necessidades e possibilidades de intervenções 
urbanas, habitação, mobilidade e equipamentos públicos para o território vi-
sando promover o “bem viver” de modo amplo naquele espaço geográfico.
A Prefeitura Municipal de Vitória atua sistematicamente na região des-
de o final da década de 1980 quando teve início o Projeto Terra e, portanto, 
tem conhecimento acumulado a respeito da problemática, do ponto de vista 
técnico, e experiência em planejamento, captação de recursos e execução de 
intervenções ali. Portanto, contribuiu relatando essa experiência bem como o 
modus operandi, possibilidades e limitações de ações do poder público.
O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes realiza atividades 
de pesquisa e extensão ligadas ao Território há décadas e, particularmente, 
por intermédio da Profa. Dra. Clara Luiza Miranda, participou do projeto de 
cooperação internacional Housing, Manufacturing and Water - HMW com a 
Universidade Técnica de Berlim – TU Berlim ao longo de 2012 e 2013. Dentro 
do escopo do projeto HMW, professores e alunos das áreas de arquitetura e 
Miriam de Magdala Pinto e Marina Melim Ferreira
6.
Desafios para habitação de interesse social: Território do Bem
urbanismo, saneamento e engenharias da universidade alemã estudaram e 
propuseram soluções urbanísticas para o Território do Bem. Os grupos aca-
dêmicos das duas universidades contribuíram apresentando os resultados 
obtidos durante o projeto HMW e também resultados de estudos anteriores e 
paralelos desenvolvidos na Ufes sobre o Território.
As lideranças e moradores dos oito bairros que compõem o Território do 
Bem, ou região Poligonal 1 de Vitória tem a experiência da vida ali e são aqueles 
com melhor possibilidade de julgamento prático das soluções apresentadas a 
partir dos resultados, sucessos e fracassos, de intervenções anteriores.
Para o Laboratório de Tecnologias de Apoio a Redes de Colaboração – 
LabTAR, a experimentação da colaboração interinstitucional para promoção 
da inovação tanto social quanto econômica é central. O LabTAR participou do 
projeto HMW com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes e a TU 
Berlim e entendeu que a transformação da realidade do Território apenas pode-
ria se dar a partir do diálogo franco entre todas as partes interessadas, ou seja, os 
grupos acadêmicos, a comunidade do Território do Bem e a Prefeitura Municipal 
de Vitória. Foi esse entendimento que levou à realização do evento pelo LabTAR.
Tratava-se, no entanto, de um evento de caráter inovador em si mesmo, 
e buscando facilitar a comunicação e o entendimento de todos durante o 
Workshop, foi produzido um Caderno reunindo conteúdos relacionados com 
intervenções urbanas em áreas de interesse social, legislação, políticas públicas 
e financiamento. O Caderno ficou disponível para leitura antecipada pelos par-
ticipantes do evento e foi a base deste livro.
Passado o evento, ficou clara a importância da explicitação do conhecimen-
to ali apresentado para todos aqueles que têm interesse em questões urbanas 
ligadas a populações de baixa renda e espaços geográficos relacionados.
O primeiro capítulo, Habitação para população urbanade baixa ren-
da: Entre os processos formais de planejamento e o “direito à cidade” em 
geografias urbanas latino-americanas, escrito por Paola Alfaro d’Aleçon e 
Renato d’Aleçon, traz como principal contribuição uma perspectiva da ha-
bitação de interesse social nos países da América Latina e do papel exercido 
por políticas neoliberais no desenvolvimento das cidades e na ocupação da 
terra. Aborda também uma característica comum a muitas das grandes ci-
dades latino-americanas, que é a segregação de espaços e classes, citando 
mais especificamente o caso de cidades mexicanas e chilenas. Além disso, o 
capítulo relata as experiências desenvolvidas no território do São Benedito, 
uma das comunidades que formam o Território do Bem, que trouxeram uma 
perspectiva multidisciplinar aos diferentes níveis de desenvolvimento em 
habitação, espaço público e comunidade.
7.
Desafios para habitação de interesse social: Território do Bem
O capítulo Processos habitacionais e qualidade: Avaliação e potenciais do 
Sistema Habitacional Chileno, escrito por Renato d’Alençon Castrillón e se-
gundo desta publicação, discorre sobre o modelo adotado no Chile para subsí-
dio habitacional. Um traço importante desse sistema, destacado no capítulo, 
é o processo pelo qual as habitações são em grande parte construídas pelos 
habitantes, com o que é fornecido pelo sistema ou apesar dele. A questão da 
habitação chilena, que alterna entre assentamentos espontâneos, e práticas 
de construção espontânea, e soluções formais é tratada no sentido de enten-
der suas falhas e suas potencialidades.
O terceiro capítulo deste livro, escrito por Clara Luiza Miranda, André 
Tomoyuki Abe, Michele Pereira Paes Henriques e Margareth Batista Saraiva 
Coelho, e nomeado Marcos legais e regulatórios da urbanização e das zonas de 
especial interesse social em Vitória – ES, Brasil, tem como objetivo específico 
descrever e contextualizar os instrumentos para intervenção e regularização 
urbana que se aplicam ao Território do Bem. Instrumentos estes que tem 
como função fundamentar e instruir a atuação dos órgãos governamentais, 
não governamentais e privados nos usos e na ocupação do solo, configurando 
um caráter mais técnico ao capítulo.
De autoria de Bruno Bowen Vilas Novas, o quarto capítulo, A (re)construção 
do espaço público em São Benedito, Vitória, Brasil, reconhece a importância do 
espaço público para a vitalidade do transcurso das relações sociais e de produção 
e propõe o ensaio projetual de reconstrução do espaço público, buscando re-
forçar seus movimentos de resistência e a autovalorização comunitária. O ensaio 
reconhece os novos papéis dos espaços públicos na reapropriação das riquezas 
imanentes à cooperação social, designando instrumentos disponíveis pela arqui-
tetura e pelo urbanismo para a restauração do espaço público da cidade subjetiva.
No quinto capítulo, O Território do Bem, escrito por Clara Luiza Miranda, 
é possível conhecer melhor o objeto de estudo que permeia outros capítulos 
do livro, que é o próprio território, o espaço onde foram desenvolvidos os pro-
jetos do encontro. Além disso, traça paralelos entre a urbanização nacional e 
a local, mostra detalhes sobre a gestão municipal de Vitória e sobre os agen-
tes que atuam no território.
Já o sexto capítulo, escrito por Michele dos Santos Pereira Paes Henriques, 
Urbanização da Poligonal 1, trata mais diretamente do projeto Terra Mais Igual, 
uma iniciativa da gestão pública para o enfrentamento da pobreza urbana que 
foi executado no Território do Bem. O principal objetivo do projeto é propiciar a 
melhoria da qualidade de vida da população socialmente excluída, promoven-
do o seu empoderamento, por intermédio de um conjunto integrado de ações, 
obras e serviços, nas áreas social, ambiental, habitacional, urbana e fundiária.
8.
Desafios para habitação de interesse social: Território do Bem
O capítulo Desenvolvimento urbano em escala local: Poligonal 1 (Território 
do Bem) traz as perspectivas de uma alteração na forma de pensar as inter-
venções nos espaços urbanos, tomando como exemplo o próprio Território do 
Bem. Escrito por Pedro Fonseca Moreira, mostra como o planejamento urbano 
deixou de ser uma fórmula genérica, amplamente disseminada, e passou a 
tomar contornos mais específicos do território, o que permite que as questões 
inerentes ao local sejam de fato abordadas.
Encerrando o livro, o capítulo Bem Morar: Programa de acesso à moradia 
digna e sustentável, escrito por Denise Biscotto e Clara Luiza Miranda, discorre 
sobre o projeto desenvolvido pela Organização Não Governamental Associação 
Ateliê de Ideias no Território do Bem, e também sobre outras atividades realiza-
das pelo próprio Ateliê. O programa oferece crédito complementar para que as 
famílias de baixa renda tenham acesso, de fato, a moradia digna, sustentável e de 
qualidade, contando com a aliança entre crédito habitacional, assistência técnica 
e produção e difusão de métodos, soluções e materiais de construção sustentável.
A organização do livro foi pensada de tal forma que ele parte de uma per-
spectiva geral: a da habitação social e o direito às cidades em regiões de intensa 
desigualdade social como a América Latina, para a mais específica: o Programa 
Bem Morar, implantado no Território do Bem pela Associação Ateliê de Ideias, 
que visa à promoção do desenvolvimento local. Portanto, não há necessaria-
mente uma ordem para a leitura e os capítulos são independentes.
Após o evento, muitos de nós que acreditamos que a transformação do 
mundo que temos para um mundo que desejamos só é possível de forma cola-
borativa nos empenhamos em mobilizar atores e captar recursos para possibili-
tar a realização de um projeto de intervenção urbana no Território do Bem, que 
fosse feita de forma participativa desde sua concepção por acadêmicos, técnicos 
do poder público e comunidade do Território. Não conseguimos ainda! Não de-
sistimos! Espero que este livro, que representa o sucesso de um evento no qual 
academia, sociedade civil e servidores públicos municipais, de fato, dialogaram, 
contribua de alguma forma para que algum dia um projeto de intervenção urba-
na co-criado por todos os interessados seja uma realidade!
Habitação para população 
urbana de baixa renda:
Dr. Paola Alfaro d’Alençon, 
Renato d’Alençon Castrilló
01
Entre os processos formais de 
planejamento e o “direito à cidade” em 
geografias urbanas latino-americanas
10.
1.1 Contexto: Conceituando geografias urbanas 
latino-americanas
1. Habitação para população urbana de baixa renda: Entre os 
processos formais de planejamento e o “direito à cidade” em 
geografias urbanas latino-americanas.
Continuidade e mudança assumem um significado específico, às vezes 
dramático, em cidades latino-americanas. Enfrentando a realidade frequen-
temente cruel, o ambiente urbano é amplamente dominado por problemas 
aparentemente insolúveis: degradação ambiental, pobreza, expansão urba-
na, segregação. Ao mesmo tempo, mudanças sociais atuais como refletidas 
nas cidades parecem não prometer solução para essas questões: liberalização 
dos mercados, novas infraestruturas urbanas privatizadas e economias ori-
entadas para a exportação são vistos, em sua maioria, como agravantes, ao 
invés de contribuir para a solução dos problemas “crônicos”. Essa percepção 
da realidade complexa das cidades latino-americanas é amplamente discu-
tida por estudiosos locais e também na Europa, neste caso, amplificada pela 
liberdade oferecida pela distância entre os continentes e da realidade de se 
viver e trabalhar em um contexto tão problemático. No entanto, o foco e o tom 
geral dos estudos recente (Alfaro-d’Alençon, Imilian, Sanchez et al, 20111) su-
gerem alguma mudança na abordagem das novas gerações de pesquisadores 
no estudo das geografias urbanas latino-americanas. Os problemas crônicos 
continuam sendo opressores e aparentemente impossíveis de superar, no 
entanto, sinais de mudança estão sendo revistos em novos tons.
Uma primeirapreocupação é entender o cenário de urgências, como é 
característica das sociedades latino-americanas e de suas geografias. Por 
exemplo, o impacto das fortes políticas neoliberais dos últimos 40 anos tem 
desempenhado um papel importante na renovação da terra e especialmen-
te nas políticas habitacionais em alguns países da América Latina, como 
México e Chile, com um enorme impacto quantitativo e qualitativo em ha-
bitação. Não é só o desequilíbrio entre a qualidade e a quantidade de habi-
tações abordado aqui, mas suas consequências para o espaço público e para 
a localização das outras atividades econômicas também são examinados.
¹Alfaro - d’Alençon, Imilan, and Sánchez. Lateina-
merikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. 
Lit Verlag, 2011.
11.
Habitação para população urbana de baixa renda
Contraste urbano na América Latina, edifícios altos e assentamentos informais coexistem lado a lado: 
Bogotá, 2008. Fonte: theworldisurban.com/2011/02/heres-one-from-latin-america/ (Figura 1)
Além disso, as enormes consequências sociais e espaciais da segregação, 
que é uma característica comum em muitas cidades latino-americanas, são 
abordadas. A discussão começou a reconsiderar os problemas de planeja-
mento conhecidos, o novo papel do estado e dos habitantes (Alfaro-d’Alencon 
et al., 2011, Kap. III). As suposições de senso comum sobre os benefícios das 
políticas prescritivas são confrontadas com a ação dos usuários que assu-
mem suas novas casas sociais, fornecidas pelo Estado, como no caso da ci-
dade do México, para adaptá-las por si mesmos para melhor atender as suas 
necessidades (Hastings, 20111). O uso econômico da terra tem se mostrado 
como uma força que contém ao invés de promover o crescimento da cidade, 
como normalmente esperado, tal qual o caso de Bogotá (Söhlemann, 20112). 
O adensamento vertical das cidades brasileiras fornece uma alternativa 
surpreendente para a expansão urbana que permite ter esperança para a in-
tegração social no uso do espaço público (Thung, 20113). No Chile, uma me-
lhoria na qualidade das habitações é proposta pela reconsideração da ideia 
1Hastings, I. 2011. In: Alfaro - 
d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte 
Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem 
Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
2Söhlemann, C. 2011. In: Alfaro 
- d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im 
Wandel: Zwischen Lokaler Stadtge-
sellschaft Und Globalem Einfluss. 
1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
3Thung, T. 2011. In: Alfaro - 
d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte 
Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem 
Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
12.
Habitação para população urbana de baixa renda
de habitabilidade como um passo natural a seguir antes mesmo de o deficit 
habitacional ser fechado (d’Alençon, 2011). A articulação entre continuida-
de e mudança é então assumida como criativa, uma vez que as mudanças 
em curso nas cidades estejam marcadas como sem limites determinados e 
não como uma confirmação cerrada do pior da realidade. Esta suposição 
não tenta definir a cidade latino-americana. Não há nenhuma necessidade 
de vincular-se à realidade problemática a fim de compreendê-la primeiro 
e então prescrever. Também pode funcionar descrevendo-se traços de ele-
mentos comuns, como as “forças globais” que dirigem seu desenvolvimento 
atual, e os elementos que os diferenciam, os padrões específicos que essas 
forças seguem com base nas circunstâncias específicas.
Menos sobrecarregados pela busca de soluções, a ênfase pode ser coloca-
da na observação aguda. Neste contexto, os problemas derivados da rápida 
urbanização, estruturas sociais não-coesas ou decisões econômicas de curto 
prazo parecem ser uma característica predominante das regiões latino-a-
mericanas. Longe de serem reduzidas, elas continuam a crescer e pressio-
nar as já precárias condições de vida de muitos. Por exemplo, os crescentes 
contrastes entre ricos e pobres que tem caracterizado o desenvolvimento 
urbano na América Latina durante décadas. O crescimento das disparida-
des sociais nas geografias urbanas é acompanhado por diferentes papéis do 
estado. Uma vez mediador das estratégias de desenvolvimento urbano em 
várias cidades latino-americanas, hoje ele está agindo sob forte orientação 
de mercado em consonância com os objetivos de neoliberalização. Assim, a 
competição econômica global bem como a desregulamentação, o desmante-
lamento e a retirada do estado recentemente resultaram em um desenvolvi-
mento urbano que é impulsionado por meros critérios econômicos.
Estudiosos também apontam que influências globais e eventos locais 
geram necessidades diferentes, que, desde a retirada do estado, são guiados 
pelo mercado livre. Enquanto um olhar mais atento revela que os processos 
de desenvolvimento urbano são formalmente legitimados por mecanismos 
de governança, o fato de que desapareceu o uso de regulamentos públicos 
como uma correção possível para planejamento ou regulamento, em gran-
de parte levou a um desenvolvimento da cidade puramente orientado para 
o mercado. A consequência é que o desenvolvimento urbano formalmente 
¹Alfaro - d’Alençon, Imilan, and Sánchez. Lateina-
merikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. 
Lit Verlag, 2011.
13.
Habitação para população urbana de baixa renda
legitimado já não é baseado nas necessidades da sociedade, mas, geralmen-
te, apenas na capacidade financeira dos membros financeiramente habilita-
dos da sociedade urbana (Dohnke, 20111).
Neste cenário, a segregação social-espacial tem aumentado, criando 
novos tipos, caracterizados como fragmentos urbanos intimamente adja-
centes (Janoschka, 20112). Enquanto várias paisagens urbanas na América 
Latina que uma vez foram dominadas por conglomerados de pobres, bairros 
de classe média e alta, hoje a distinção inclui condomínios fechados, comu-
nidades e espaços restritos para as classes média e alta nas proximidades de 
favelas. Os resultados são forte “citadelização”, bem como a extrema “gueti-
zação” em um mesmo lugar (Coy 2002:12).
²Janoschka, M. 2011. In: Alfaro - d’Alencon, Imilan, 
and Sánchez. Lateinamerikanische Städte Im Wan-
del: Zwischen Lokaler Stadtgesellschaft Und Globalem 
Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
¹Dohnke, J. 2011. In: Alfaro - d’Alencon, Imilan, and 
Sánchez. Lateinamerikanische Städte Im Wandel: 
Zwischen Lokaler Stadtgesellschaft Und Globalem 
Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
anexo um:
Habitação urbana de baixa renda. Fonte: P. Alfaro d’Alençon, 2013. (Figura 2)
habitação para 
população urbana 
de baixa renda
participação
despejo
globalização
segurança 
de posse
14.
Habitação para população urbana de baixa renda
Globalização:
O que a globalização significa hoje para a população mundial de 
baixa renda em termos de habitação?
Desenvolvimento de assentamentos e redução da pobreza:
O atual caminho da economia global falhou em atender à demanda de 
crescimento da prosperidade para todos. Na corrida do crescimento e 
•(des)igualdade de oportunidades
A esperança de que a globalização trouxesse novas oportunidades para a po-
pulação de baixa renda. Os mais pobre não consegue encontrar as oportunidades 
oferecidas pelos mercados da globalização. Eles foram exluídos completamente 
da participação em bolsa de valores, por exemplo. 
•(un)fair play
A economia de mercado baseada no trabalho assalariado tende a aumentar 
o preço de mercadorias e serviços básicos, que incluem comida, água, moradia e 
energia. Ao invés de reduzir a pobreza, o liberalismo mercantil de bens básicos 
levou muitos à pobreza.
•imigração do campo para a cidade
A abertura de mercado para produtos agrícolas levou à uma concentração na 
agricultura. Para muitos fazendeiros de subsistência isso significou o fim da sua 
base de existência. Inúmeros fazendeiros migrarampara a cidade, onde enfren-
tariam um destino incerto. 
•(des)igualdade de direitos
Por baixo da superfície de reestruturação econômica, uma pressão conside-
rável é aplicada nos países em desenvolvimento para reduzir os gastos públicos 
e focar na liberação do mercado. Devido à redução dos gastos sociais, e do acesso 
limitado ao crédito e a materiais de construção do Estado, o desenvolvimento de 
um assentamento dificilmente seria possível. 
sucesso econômico, vamos destruir as bases naturais, sociais e econômicas para a 
solução dos problemas humanos. Governos, organizações, empresas e residentes 
precisam de seguir um novo caminho de estratégia de desenvolvimento de as-
sentamentos que supere a pobreza.
15.
Habitação para população urbana de baixa renda
- Amplo consenso global; - Prioridades comuns estabelecidas; 
- Acordos internacionais; - Programas de ação integrada; 
Despejo:
Como?
Realidade?
Muitas organizações e movimentos diretamente relacionados aos 
moradores não esperam muito de conferências globais. Mesmo 
assim, tais movimentos sociais não são inúteis. Em muitos países, por exem-
plo, organizações de moradores independentes do governo trabalham para a 
melhoria das condições em bairros desfavorecidos. Elas buscam alianças com 
o poder político e com governos progressistas locais. Em vários países, organi-
zações lutam contra o despejo de famílias de seus lares e bairros informando a 
população, fazendo petições e organizando protestos.Tais despejos são muitas 
vezes planejados e incluem o uso da força. Podem ser considerados consequ-
ências de leis e julgamentos políticos específicos, que falham em considerar a 
condição da população de baixa renda. Mesmo que existam justificativas le-
gítimas para o despejo, o direito humano a moradia adequada para posseiros 
deve ser respeitado e deve ser oferecido um meio legal de oferta de habitação.
Segurança de posse:
O programa da ONU-Habitat denominado “segurança da posse” 
tem significado crucial nesse contexto. Pessoas em assentamentos 
informais só conseguem uma chance de melhorar suas moradias e ambientes 
quando estão protegidas dos despejos. Quando as leis não as protegem, os 
moradores são chamados a se ajudar. Em resposta, organizações que lutam 
pelo direito da terra estão se desenvolvendo em diversos países.
- Proteção do direito humano de habitação adequada mesmo para posseiros; 
- Participação dos moradores na construção do próprio futuro. 
- O bem-estar social é constantemente monopolizado; 
- Privatização dos instrumentos sociais; 
- Desemprego constante, marginalização e falta de habitação; 
- Demandas excessivas dos sistemas sociais de segurança; 
- Dissolução de estruturas solidárias tradicionais e violação dos direitos humanos.
16.
Habitação para população urbana de baixa renda
Estes resultados também podem ser entendidos como as reivindica-
ções de diferentes partes da sociedade em um determinado pedaço de terra. 
Os padrões específicos destas reivindicações geralmente representam, no 
entanto, a expulsão da população socialmente desfavorecida, que muitas 
vezes é forçada a viver em condições informais na periferia urbana. Essas 
pessoas que se instalaram em partes subdesenvolvidas da cidade e desen-
volveram a terra para as suas necessidades, agora perderam literalmente a 
possibilidade de dotações adicionais do espaço.
Contra este desenvolvimento urbano de fundo, estratégias tentando 
lidar com esta situação e o desenvolvimento das favelas, em última aná-
lise, precisam ser entendidas como formas para garantir o direito para 
permanecer neste espaço e obter mais possibilidades de desenvolvimento. 
Em várias sociedades latino-americanas foi assumido que as favelas de-
sapareceriam uma vez que a economia do país melhorasse. No entanto, 
nas últimas décadas tem-se visto que, apesar do crescimento econômico, 
as favelas não desapareceram e em vários casos, como no Rio de Janeiro, 
por exemplo, eles ainda aumentaram (Conde, Magalhães, 2010). Portanto, 
habitação urbana de baixa renda significa muito mais do que encontrar 
soluções de construção adequada. Também implica o estabelecimento do 
direito de consolidação dos espaços informais construídos para grupos 
socialmente marginalizados. Estudos mostram de fato que o despejo de 
assentamentos informais é geralmente fortemente relacionado com a 
perda das redes sociais e econômicas que estão vinculadas com o lugar de 
habitação atual (Gupte, 2010).
1.1.1 Habitação para população urbana de baixa renda: onde as ne-
cessidades convergem para abordagens integradoras específicas
Longe de andar em caminhos bem conhecidos que levam a respostas 
bem conhecidas, abordagens assertivas na literatura atual sobre favelas e 
que dizem respeito à questão da habitação da população urbana de baixa 
renda apontam que a complexidade atual dos assentamentos informais re-
quer estratégias integradas para melhorar as condições de vida e melhoria 
das condições materiais. A informalidade é uma condição social para uma 
vasta população de todo o mundo que se encontra afastada dos processos 
formais majoritários. A lógica da informalidade, portanto, precisa ser estu-
dada para intervir em tais contextos com algum sucesso, tanto nos proces-
sos produtivos e sociais quanto na produção e uso do espaço construído, 
muitas vezes seus resultados mais evidentes.
17.
Habitação para população urbana de baixa renda
No entanto, a definição de formal e informal permanece crítica já que 
ela também ressalta a existência de dois processos, o que, espacialmente e 
socialmente, é cada vez mais evidente na cidade: um colapso da sociedade 
urbana numa parte que tem o direito à cidade, e uma parte para a qual esse 
direito não é concedido. Neste espírito, a definição de favela proposta pela 
Associação Brasileira de Favelas atende a tentativa de superar a condição 
de informal/sem direitos e formal/com direitos ao propor que as favelas 
são lugares de emancipação da pobreza ligada às práticas de resistência e 
produção pelos pobres, sem ajuste aos padrões urbanos de estado normati-
vo. Esta definição ressoa com a definição do “Direito à cidade”, cunhado na 
década de 1960 por Henri Lefebvre, que expande a tomada de decisão par-
ticipativa para todos aqueles que produzem e habitam o espaço urbano. É o 
direito emancipatório de decidir sobre a produção do espaço urbano. Isto é 
especialmente relevante para grupos de população que são formalmente ex-
cluídos do processo de tomada de decisão participativo, embora na verdade 
façam parte da sociedade urbana (Arnstein, 2003).
Mas como é o processo de desenvolvimento das favelas visto de perto?
Como as redes e organizações comunitárias e o trabalho de vários atores 
e interesses trabalham juntos para recondicionar a terra para melhorar as 
condições de vida?
Que tipo de papel que o estado e os outros atores têm no desenvolvimento 
do estoque habitacional existente?
Estudiosos apontam que mesmo quando aos habitantes da favela é conce-
dido o direito à cidade, o processo de desenvolvimento continua a ser crítico. 
A pesquisa mostra que a relação entre o que é formalmente aceito e não acei-
to, entre os próprios grupos informais e em relação às instituições municipais 
é ambivalente e determinado pela indiferença aos conflitos (Dohnke, 2011).
Estas foram questões que guiaram o trabalho inicial em uma das fa-
velas de Vitória, Brasil. São Benedito e suas imediações, designado como 
Poligonal 1, é um caso muito representativo da situação de um assenta-
mento informal na área central de uma grande cidade: a geografia íngreme 
protegeu as colinas no centro da ilha de Vitória por décadas, porém não foi 
um obstáculo para assentamentos informais se desenvolverem quando os 
processos de imigração e as demandas por melhores condições de vida e de 
18.
Habitação para população urbana de baixa renda
rendas não ofereceram outras alternativas. Ao longo do tempo, apesar de 
seus problemas de infraestrutura, São Benedito tem se desenvolvido e seconsolidado. Ao mesmo tempo, o caso é especialmente interessante porque 
vários projetos emblemáticos, como o “Projeto Terra” desenvolveram-se ali 
e continuam a existir, envolvendo uma variedade de atores: comunidade, 
ONGs, organizações da administração pública, universidades, etc.
Em um contexto maior, o Brasil continua a ser um caso de particular in-
teresse já que, ao longo das últimas décadas, às favelas têm sido concedidos 
direitos iguais aos assentamentos formais e as políticas de favela mudaram 
radicalmente. As abordagens passaram de demolições e remoções da dé-
cada de 1960, para as primeiras abordagens coletivas tais como a chamada 
Mutirão, na década de 1980, para várias novas políticas acompanhadas por 
vários atores, como ONGs, cooperação para o desenvolvimento, pesquisa 
em grupos em universidades, etc. Esses programas são dignos de menção 
como o Programa Favela-Bairro que se desenvolveu com forte apoio político 
e continua a ser um interessante campo de pesquisa. As questões colocadas 
relacionadas a como as principais forças de diferentes áreas contribuem 
para o desenvolvimento do bairro e qual o papel que os diversos atores e o 
estado jogam neste desenvolvimento continuam a ser relevantes.
1.2 Rumo a comunidades resilientes? Habitação como uma abor-
dagem integrativa para o desenvolvimento. Trabalhando com 
São Benedito, Vitoria, Brasil
O projeto aqui apresentado foi realizado em 2013, como uma cooperação 
entre os parceiros brasileiros do Living Lab Habitat, rede de organizações 
que incluem a Universidade Federal do Espírito Santo – UFES em Vitória, 
bem como as ONGs que trabalham no território e professores universitá-
rios e alunos da Universidade Técnica de Berlim – TU Berlin. O primeiro 
workshop ocorreu na Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, 
Brasil, em março de 2013. Seu escopo foi o de primeira fase de pesquisa no 
local, incluindo reunião com atores relevantes, bem como brainstorming 
com acesso direto às fontes e à área de trabalho e, portanto, à informação 
crítica. O grupo misto objetivou desenvolver uma intervenção de atualiza-
ção integrativa na área de São Benedito, uma favela no centro da cidade de 
Vitória, Espírito Santo, Brasil, abordando diferentes níveis de desenvolvi-
mento em habitação, espaço público e comunidade, com uma perspectiva 
multidisciplinar. Desde o início do projeto, uma oficina de encerramento foi 
planejada para setembro de 2014 em Berlim, no qual os resultados do estudo 
19.
Habitação para população urbana de baixa renda
de caso e dos projetos em Vitória seriam apresentados aos nossos parceiros 
da TU-Berlin e da rede do projeto Housing – Manufacturing – Water como 
um exemplo da complexidade dos problemas envolvidos em tais contextos. 
O trabalho foi parte do projeto “Housing – Manufacturing – Water (habi-
tação – fabricação – água): melhoria das condições de vida dos pobres ur-
banos” (www.hmw.tu-berlin.de), um projeto apoiado pela BMZ (Ministério 
Federal para cooperação e desenvolvimento econômico) e o DAAD, dois 
órgãos públicos alemães.
São Benedito. Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 3)
O trabalho foi identificado e abordado em equipes interdisciplinares. 
Numa fase inicial, as principais questões foram elaboradas de forma inte-
grativa. A ideia básica do grupo foi integrar designers urbanos, engenheiros 
de produção e ambientais em um único grupo, desde o início do processo de 
planejamento, para criar soluções otimizadas ao longo do projeto nos está-
gios individuais de desenvolvimento.
20.
Habitação para população urbana de baixa renda
O trabalho foi identificado e abordado em equipes interdisciplinares. 
Numa fase inicial, as principais questões foram elaboradas de forma inte-
grativa. A ideia básica do grupo foi integrar designers urbanos, engenheiros 
de produção e ambientais em um único grupo, desde o início do processo de 
planejamento, para criar soluções otimizadas ao longo do projeto nos está-
gios individuais de desenvolvimento.
Trabalhar em grupos disciplinares (habitação/ manufatura/saneamento) 
também significa focar questões específicas em cada campo. As principais 
questões abordadas pela equipe de habitação foram a situação social e mate-
rial atual na favela, percepções e necessidades da comunidade, e as experiên-
cias de melhoria e seu desempenho com as seguintes premissas gerais:
• O envolvimento de usuários e atores é elemento crítico no contexto 
de urbanização e desenvolvimento habitacional;
• Modernização e inovação na região, abordando diferentes níveis de de-
senvolvimento em habitação, espaço público e desenvolvimento comunitário.
MÉTODOS E PLANO DE TRABALHO
Dentro do projeto, o objetivo foi desenvolver uma compreensão de como 
as suposições do projeto poderiam ser levadas em consideração e como so-
luções socialmente relevantes em habitação e espaços públicos poderiam 
ser alcançadas, integrando áreas chaves do desenvolvimento nos domínios 
do ambiente construído, dos processos de produção e fornecimento de in-
fraestrutura básica. Para alcançar estes objetivos específicos, as atividades 
realizadas foram divididas da seguinte forma:
1- Estudos de campo e pesquisas empíricas, inclusive fazendo registros fo-
tográficos, estudos topográficos e planimétricos e recolhendo testemunhos 
dos habitantes. Este trabalho foi realizado pelos alunos pré-inscritos sob a 
supervisão de professores e colegas. Os principais tópicos incluídos nesta 
fase foram (ver Figura 5):
• Estabelecimento do contexto sócio-técnico: habitação, produção, água;
• Estabelecimento de processos governo/ONG/comunidade;
• Incentivo para o desenvolvimento do projeto.
A pesquisa empírica incluiu trabalho antes e após a visita ao local. 
Trabalhos anteriores incluíram pesquisa de literatura, estudos do local e 
todo o tipo de registros que documentam o status dos locais no estudo, bem 
como a necessária formação dos sujeitos. Posteriormente, o trabalho esteve 
ligado ao processamento e análise das informações recolhidas no campo.
21.
Habitação para população urbana de baixa renda
Ur
RUMO À NOVAS COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS: Vitória, Brasil - HMW-Project Studio
Regulamentação e Políticas
HISTÓRIA RELEVANTE ÀS POLÍTICAS HABITACIONAIS NO BRASIL, VITÓRIA & FAVELAS
Hanka Krismanski, Malin Praktiknjo, Elena Scherer
1850 1900 1950 2000 2015
1891: República dos
Estados Unidos do Brasil
1964: Regime Militar
1964: Lei no. 4.830
1947: Movimento Economia e Humanismo
1946: Fundo para habitação social, “Fundação da Casa Popular”
1964: Banco Nacional da Habitação
1988: Orçamento participativo
1970s-1980s: Crescimento das
Associações de Moradores
2001: Estatuto da cidade
1985: Abertura Democrática
1986: “Caixa Econômica Federal
1996-2005, Vitória: Terra
2006, Vitória: Terra Mais Igual
2003: Bolsa Família (Transferência Condicional de Renda)
Fome Zero
2011-2014: Programa de Aceleração do Crescimento - PAC2
2007: Minha Casa Minha Vida
2007-2010: Programa de Aceleração do Crescimento - PAC1
1988: Constituição inclui o direito a cidade
Art. 18
Art. 26
Art. 204-227
2003-2011: Presidente Luís
Inácio Lula da Silva
Estado
Brasileiro
Leis
Sociedade
Programas para
Desenvolvimento
Urbano & Combate
a Pobreza
Pesquisa sobre políticas habitacionais nas Favelas. Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 4)
22.
Habitação para população urbana de baixa renda
A ênfase principal do trabalho de investigação baseou-se na ideia de ma-
peamento de atores e processos em São Benedito. Esta pesquisa prepararia 
o terreno para entender como uma abordagem de comunidade sustentável 
seria possível. Esta fase também foi acompanhada pelo estudo de casos de 
referência e melhores práticas relacionadas a estratégias de melhorias em 
favelas, com ênfase particular para o desenvolvimento do espaço público e 
trabalho comunitário.
2- O trabalho de projeto incluiu o projeto arquitetônico de grupos de 
casas, com consideração de suas qualidades urbanas, as necessidades das 
famílias que as habitam e os requisitos de materiaisde construção a partir 
de materiais reciclados. Nesta fase, o trabalho foi baseado na metodologia 
de arquitetura reflexiva/prática de projeto urbano.
Durante a fase de integração, o trabalho específico foi desenvolvido para 
integrar a proposta arquitetônica dentro da abordagem multidisciplinar, 
considerando e informando decisões técnicas e aumentando a sua relevân-
cia e aceitabilidade nas comunidades locais:
• As características sociais e as necessidades da comunidade já 
estavam documentadas pelo município e outras instituições;
• A gestão urbana deve ser parte de uma estratégia de intervenção 
urbana integrada;
• As casas e o projeto conjunto devem ser revistos e adaptados às 
conclusões de campo.
A tentativa de integrar a proposta arquitetônica em uma abordagem 
multidisciplinar foi assegurada pela apresentação planejada para a rede de 
parceiros do projeto Housing – Manufacturing – Water e também para a comu-
nidade local e os principais atores.
1.2.1 Estudos de campo e investigação empírica
CONTEXTO DE SÃO BENEDITO
As áreas montanhosas da cidade de Vitória foram urbanizadas com fa-
velas, que constituem mais de 70% do território da Ilha de Vitória. A oferta 
de infraestrutura e saneamento, o acesso de pedestres e veículos e a estabi-
lidade dos edifícios eram os principais pontos de dificuldade. No início os 
habitantes urbanizaram a ‘‘selva’’ e até espaços como caminhos e escadas 
foram feitos por autoconstrução.
23.
Habitação para população urbana de baixa renda
nov/2012 mar/2013 mai/2013 set/2013
21 à 28 de Março, 2013:
Viagem de Campo, Vitória, Brasil
1- Estabelecimento de moradia,
produção e água, num contexto 
social e técnico;
2- Fundação de processos com 
o governo/ONGs e comunidade;
3- Encorajamento para o 
desenvolvimento de projetos.
Abordagem 
comunitária 
sustentável.
Estudos de campo
Pesquisa empírica
e mapeamento de
atores e processos
Estudos de Discusos e
Melhores Práticas DESIGN I
DESIGN II
Abordagem integradora
29 de Março à 17 de Abril, 2013:
Pesquisa I - Sobre Vitória e o
Desenvolvimento na América do Sul
18 de Abril à 09 de Maio, 2013:
Pesquisa II - Sobre Desenvolvimento
em pequenos grupos
10 de Maio à 13 de Junho, 2013:
Design: Desenvolvimento de design
para São Benedito em pequenos grupos
14 de Junho à 11 de Julho, 2013:
Integração e Gerenciamento: 
Trabalho individual nos desafios
 de planejamento e construção
25 de Julho à 27 de Julho, 2013:
Conferência: TU Berlin
13 de Julho, 2013:
Apresentações:
TU Berlin - ISR & A
Tópicos
Métodos
Encontro com representantes
da comunidade em nível local
e nacional. Levando São Benedito
à uma análise situacional
Levando Vitória à um estudo
de desenvolvimento integrado de 
três áreas e padrões de comunidade
Panorama com 
assentamentos
incrementados 
& FAVELA
Renovação urbana
reassentamentos, 
conservação,
abordagem integradora
Período
Atividades
Reconfiguração do 
desenvolvimento e
produção dos 
assentamentos 
comunitário sem 
Estudos de Caso e 
Melhores Práticas.
Um catálogo de medições 
para São Benedito.
...como um estudo para padrões 
integradores da comunidade
Input: Movimentos Sociais e Roformas Urbanas
- o impacto de Coletivos Populares nas políticas Urbanas
Prof. Sandoval, São Paulo 21/05 HU Berlin Think and Drink
Input: Moradia para população de baixa renda
- Redes locais e globais Samsook Boonyabancha 30/05 TU Berlin
Input: Ruas limpas no Rio?
Luiz Täufer 06-06 Weltfriedensdienst e.V.
Aula de Aprendizagem:
Instalações sanitárias 06/06 TU Berlin
Propostas arquitetônicas, de
design urbano, de produção
e saneamento para habitação
e infraestrutura (saneamento 
e mini-fabricação)
Escala de tempo: compreendendo atores & processos no desenvolvimento de São Benedito. 
Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 5)
24.
Habitação para população urbana de baixa renda
RESISTÊNCIA E CONSOLIDAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS
ESTRUTURA DE GESTÃO
ATORES NO PROCESSO
Aprendemos que através das lutas dos movimentos sociais, essas regi-
ões foram integradas na agenda de políticas públicas, por exemplo, com o 
“Projeto Terra Mais Igual”, que tem sido ativo e é gerido pela Prefeitura da 
cidade de Vitória desde 1998. O Projeto Terra representa uma tentativa de 
implantar um conjunto de ações integradas e multissetoriais que, para atin-
gir seus objetivos, inclui elementos das características físicas do território 
até a inclusão social e de gênero. Em 2001, o Projeto Terra tinha fornecido 
com êxito melhorias para 75% da população-alvo em 9 das 15 áreas designa-
das. Mas é também a forte organização da comunidade de São Benedito em 
si, que faz deste bairro um lugar de consolidação dos assentamentos.
Também aprendemos sobre os conceitos de gestão e estratégias de ação 
onde “o direito à cidade” foi desdobrado para baixo em gestão e financiamento.
O Projeto Terra, por exemplo, fez um esforço constante para romper 
com a tradicional separação de atividades e investimentos por meio de uma 
abordagem integrada que incluía todos os vários elementos – econômicos, 
urbanos, ambientais, sociais e posse da terra – que uma iniciativa deste tipo 
e grau de complexidade exigem. Para obter o melhor uso dos recursos exis-
tentes e eliminar a tradicional hierarquia de atividades e de fundos públicos, 
o projeto procurou articular e mobilizar as diversas agências que compõem 
a estrutura interna do poder executivo Municipal, parcerias com agentes 
organizados da sociedade civil e as comunidades envolvidas, em quatro ver-
tentes: urbana, social, ambiental e aspectos de terra. Ele não está preocupa-
do só com a regularização de terras, mas com o investimento em formação, 
emprego, renda, amplitude do ambiente e habitação. Também é evidente 
que o programa não promove a remoção ou o deslocamento compulsório de 
populações de suas localidades. Os recursos são fornecidos pelo governo do 
estado, com um custo simbólico para os residentes. Aprendemos também 
que havia parceiros importantes, além da organização pública, que incluíam 
universidades e várias ONGs.
Vale ressaltar alguns atores adicionais tais como o Living Lab Habitat 
com os seus princípios de desenvolvimento de novas soluções para os pro-
blemas da vida real, em um contexto da vida real. Ele representa uma pers-
pectiva orientada para o usuário que se baseia em co-projetar, onde usuários 
e desenvolvedores trabalham ativamente juntos. 
25.
Habitação para população urbana de baixa renda
Projeto terra mais igual
Estratégias de intervenção em Vitória
Projetos atuais
Projetos anteriores
Áreas de trabalho
Localização
Período
Dimensão
Atores
 Estado
 Iniciativa privada
 Associações
Principais objetivos
Poligonais - Vitória
A ONG Associação Ateliê de Ideias é uma organização social que tem 
como objetivo produzir tecnologias sociais e soluções para o desenvolvi-
mento local em áreas urbanas. Foi fundada em 2003 e tem já conseguido 
resultados valiosos e recebeu prêmios nacionais e internacionais.
Campo de Trabalho
Projeto terra mais igual. Fonte: P. Alfaro d’Alençon. (Figura 6)
26.
Habitação para população urbana de baixa renda
anexo dois:
Banco Comunitário de São Benedito. Fonte: P. Alfaro d’Alençon. (Figura 7)
Mulher, casada, 3 filhos 1º Crédito Problemas Conjugais Intervenção Comunitária 2º Crédito
para comprar 
material para um 
sala de depilação.
a assembléia de moradores
decidiu ajuda-la, já que era
uma situação que não estava
em seu controle.
para começar 
novamente, tem que 
pagar ambas as dívidas.
Usos do empréstimos
Heraldo Rodriges da Silva
dono de pequeno comércio
55 anos. 1º Crédito Reembolso 2º Crédito Ainda está pagando
para construir
sua loja na favela.
com o dinheiro
que recebeu.
para aumentar a loja. com o dinheiro
de seu lucro.
Linha do tempo de
Bancos Comunitários
103 outros bancos
comunitários no Brasil
Sistema em comum
com outros 11 bancos
no Espírito Santo
2005 em Vitória,
Moeda: Girassol
2008 em Vila Velha,
Moeda: Moeda Verde
Reciclagem de 
materiais em troca de
dinheiro comunitárioinspira
-Ajuda varejista a conseguir
melhores preços em grandes 
quantidades de mantimentos;
-Ajuda na limpeza de 
pontos viciados de lixo;
2005 em Vitória,
São Benedito
Moeda: Bem
apoio governamental
caixa/caf (banco federal)
senaes
acordo entre bancos tradicionais e comunitários
1961 - Dias atuais
a população pode pagar as contas de água ou eletricidade com
a moeda social e o banco repassa o dinheiro às empresas em reais
(secretaria nacional
de economia solidária)
met
(ministério do 
emprego e trabalho)
Banco do Bem Banco Sol Banco Verde
1º Banco Comunitário
Banco Palmas
Localização
Período
Dimensão
Atores
Principais objetivos
Banco do Bem
Banco comunitário
Leonora Mol - Psicóloga
“O objetivo de uma moeda social é enco-
rajar as pessoas a usar dinheiro dentro da 
própria comunidade e contribuir com o 
desenvolvimento da economia local.”
27.
Habitação para população urbana de baixa renda
precisa de dinheiro,vai 
a um banco comunitário
Usos do empréstimos
pede por crédito
dinamiza 
economia local
habitante da favela,
membro comunitário
banco comunitário
-gera empregos
-renda para comércio local
-pertence à comunidade
1 crédito:
50 girassol
reais:
o crédito pode ser concedido em
reais se o projeto necessitar de 
recursos externos à comunidade
não / empréstimo rejeitado
sim / empréstimo aprovado
a pessoa consegue dinheiro
para realizar seu projeto
não consegue pagar
quitar o empréstimo
-sem juros;
-mesma quantidade de dinheiro.
uso do dinheiro
-para trabalho: comprar material 
para criar um pequeno emprego;
-para construir algo ou reformar sua casa;
-para viver: comprar comida, etc.
associação de moradores
decide se a pessoa merece
o empréstimo ou não
creditar os requerimentos
-as pessoas tem que usar seu crédito
para criar um novo emprego;
-comprar e consumir na favela;
-empregar mão-de-obra local.
Hilma Soares Faria
Uma das costureiras que 
criou o banco do bem.
Pesquisa sobre espaço público, São Benedito. Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 8)
28.
Habitação para população urbana de baixa renda
1.2.2 Principais conclusões: pressupostos para a próxima fase do projeto
Após o estudo de grupo sobre o contexto de São Benedito, os objetivos 
para o projeto foram propostos como uma modernização integrativa e um 
projeto de intervenção de inovação para os problemas da área, com base na 
observação direta e compreensão das condições locais.
DEFINIÇÕES QUE SE ENCONTRARAM
Encontramos uma base comum com a caracterização das favelas da 
Associação Brasileira de Favelas para aprofundar as observações propostas 
para o projeto: “definimos favelas como lugares de emancipação da pobreza, 
ligados às práticas de resistência e produção pelos pobres. Nenhum ajuste aos 
padrões urbanos do estado normativo. Há presença do Estado, serviços públi-
cos, por exemplo o Projeto Terra. Predominam relações informais para gerar 
emprego e renda. As favelas são um território com ‘identidades plurais com 
respeito a existência material e simbólica’.” (Associação Brasileira de Favelas).
Deficit específicos e a abordagem integrativa “Housing – Manufacturing 
– Water” (Habitação – Fabricação – Saneamento):
• Habitação: As favelas de encosta das cidades brasileiras comparti-
lham bairros com áreas urbanizadas. Estes territórios são de autoconstrução 
com habitação de baixa renda, onde o desemprego é comum.
• Fabricação: Tijolos ecológicos podem oferecer uma alternativa para 
banheiros de autoconstrução gerando oportunidades de emprego e aumento 
da renda da comunidade.
• Saneamento: Conservação de água potável pode minimizar a falta de 
água potável e soluções de esgoto improvisadas e oferecer oportunidades para 
reverter a autoconstrução. Neste sentido, projetos de arquitetura e instalações 
hidro sanitárias padrão podem oferecer algumas ideias para autoconstrução.
Apesar de soluções integrativas caso-específicas estarem sendo desen-
volvidas por ONGs, pelo governo nacional e comunidades nas áreas da habi-
tação e da produção, ainda existe legislação para o desenvolvimento levando 
à aplicação cega das regulações de Reabilitação de Favelas nesta área, o que 
afeta especialmente a falta de gestão de águas na área. Isso implica que uma 
mudança efetiva em áreas deste complexo urbano pode ser facilitada por 
abordagens multidisciplinares e intersetoriais trabalhando ao invés de so-
luções mono-setoriais. Assim, a rede Housing – Manufacturing – Water traba-
lhará junta, já que uma abordagem comunitária eficaz significa identificar 
29.
Habitação para população urbana de baixa renda
Favela Bairro
Estratégias de intervenção no Rio de Janeiro
VIDIGAL
Vias Principais
Novas Vias
Trasportes
Área de esportes
Área elevada
Área de conveniência
Área intermediaria
Parque ecológico
Área baixa
Entrada
Espaço público
Terreno estável
Área de provisões
Localização
Período
Dimensão
Atores
 Estado
 Iniciativa privada
 Associações
 
 Design
Principais objetivos
Vidigal - Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, Brasil
1995 - Dias atuais
253.000 residentes em 
168 favelas, orçamento 
total de $1 Bilhão
doação de 30%
-
união Europeia, 70% de
doação do Banco Internacional
do Desenvolvimento
Jorge Mario Jáuregui Arquitetos
reorganizar e consolidar textura;
dar caráter para pertubações;
fortalecer e/ou criar novas centralidades;
incorporar investimentos anteriores.
Favela Bairro – Estratégia de Intervenção no Rio de Janeiro. (Figura 9)
30.
Habitação para população urbana de baixa renda
Desenvolvimento
Espaço Público
Espaço público
Diferentes partes de 
Medellín, Colômbia
Moradores das favelas
Intervenção (Medellín)
Projeto exibido
Localização
Data
Arquiteto 
do Projeto
Fundadores
Una Cancha 
Muchas Cancha
Cidade da Guatemala
Outubro de 2011
Buró de Intervenciones 
Públicas
Achitecture for 
Humanity e Nike Inc.
Criando sinergias entre duas funções
Falta de espaço público
A violência tem consequências terríveis, e 
uma delas é que a sociedade se divide em 
grupos menores. Ao invés de se tornarem ci-
dadãos, acabam temendo uns aos outros. 
Para tornar as pessoas mais próximas existe 
a necessidade de criar espaços de convivência públicos. O Projeto Urbano Integral desenvolvi-
do, além dos novos meios de transporte público, bem como novas praças, espaço público e 
parquinhos para as crianças, por um lado, e por outro lado prédios públicos como o centro de 
saúde, bibliotecas, quadras poliesportivas, centros econômicos, entre outros, com o objetivo 
de agregar valor às favelas e enriquecer a vida dos moradores. Esse tipo de intervenção são 
uma forte ajuda no combate à violência.
estratégias para remodelar o ambiente construído existente com base nos 
atores que integram a comunidade e outros atores relevantes. Isto signifi-
ca uma abordagem abrangente, com base em um projeto de melhoria, com 
substancial apoio da comunidade e do processo de desenvolvimento urbano.
anexo três:
Pesquisa sobre o espaço público, Medellin. Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 10)
31.
Habitação para população urbana de baixa renda
Combinando duas funções - população com muitos adolescentes: 20,4% com 
idades entre 7 e 15 anos 61% entre 16 e 55 anos, ou seja, em idade produtiva.
14.79m5.27m
29.6m
14,4%
20,4%
56,5%
8,7%
Projeto Urbano Integral em Medellín
Biblioteca Espanha - 
Mazzanti Arquitetos
Projeto infraestrutural com a inclusão de novos espaços públicos
Antes da intervenção Depois da intervenção
Isto deve assumir a forma de envolvimento direto nas decisões técnicas 
e o desenvolvimento de um modelo de financiamento social durante todo o 
desenvolvimento do projeto que eventualmente iria apoiá-lo. Neste contex-
to, as etapas a seguintes foram definidas para o desenvolvimento:
32.
Habitação para população urbana de baixa renda
• Uma fase de pesquisa e projeto, em que soluções técnicas social-
mente adequadas serão investigadas, projetadas e desenvolvidas, e;
• Uma fase de integração e projeto de gestão em que a implemen-
tação das soluções precisa ser negociadae acordada com outros atores 
envolvidos nas decisões.
Os resultados esperados foram articulados para estabelecer e estudar os 
fatores relevantes para uma intervenção com base em uma documentação 
abrangente e rigorosa. Uma estratégia para uma intervenção de melhoria 
em uma escala de projeto urbano implica a consideração de suas qualidades 
urbanas, as necessidades das famílias e requisitos gerais dos materiais. O 
resultado final é desenvolver uma proposta crítica que seja aceita pelas co-
munidades locais e que seja financeiramente viável.
ConcretoEternit
Pedras Material reciclado
vidro, tijolos,
metal, madeira
água da chuva,
calha, cisterna
Tijolos
tijolos de 
marcação vertical
Plástico
Documentação do Material Disponível - São Benedito
PADRÕESQualidades materiais nas favelas e moradias
Madeira
33.
Habitação para população urbana de baixa renda
Pesquisa sobre o espaço público e áreas comunitárias. Fonte: R. d’Alençon (Figura 11)
1.2.3 Trabalho Projetual
Como na maioria das favelas no Brasil, pessoas em São Benedito tem 
que lidar com problemas que estão dificultando a vida diária. As soluções 
foram dadas sem qualquer tipo de financiamento, sem assistência técnica e 
construídas fora da lei.
A fase de projeto objetivou desenvolver medições integrativas e interven-
ções para melhorar a área de São Benedito, abordando diferentes níveis de 
desenvolvimento em habitação, espaço público e nível comunitário. O “catálo-
go de medições para São Benedito” sugerido abrange cinco tópicos principais.
CONECTIVIDADE COM A CIDADE FORMAL E INTERCONECTIVIDADE
A área ao redor da colina sobre a qual São Benedito está localizado é 
organizada ao longo de ruas que formam anéis. O anel exterior é acessível ao 
tráfego motorizado e define a fronteira entre a parte inferior formal da ci-
dade e os bairros informais na colina onde as ruas são estreitas e íngremes. 
Esta situação leva a condições complexas relativas à logística e à conectivi-
dade que impede a melhoria dos processos de produção na área. A base para 
um desenvolvimento positivo de São Benedito será melhorar e simplificar a 
ligação entre o bairro e a cidade de Vitória. Conectando-se à principal praça 
de São Benedito com a parte inferior do bairro vai garantir uma acessibi-
lidade fluente para todos os habitantes a qualquer hora do dia. Ao mesmo 
tempo, isto criará nova comunicação e praças públicas, ao longo do novo 
caminho que convidarão as pessoas do bairro, e também da cidade, para 
o diálogo. O potencial para atividades produtivas vai aumentar. O projeto 
sugere uma rede de jardins, praças e pequenos parques ao longo da linha da 
estrada de ferro funicular para melhorar a produtividade e a qualidade da 
34.
Habitação para população urbana de baixa renda
estadia na área. As casas ao longo do caminho novo, especialmente nas no-
vas praças serão melhoradas e ganharão áreas rentáveis para serem usadas 
como varejo ou escritório.
MODERNIZAÇÃO DO PARQUE HABITACIONAL EXISTENTE
A falta de conhecimento público sobre construção e a falta de planeja-
mento urbano realizado por políticos leva à informalidade das construções. 
A fim de melhorar a construção nas favelas, o projeto propõe a elaboração de 
um “catálogo de construção sustentável” que detalha materiais e sistemas 
construtivos em escala de habitação em conjunto com “atividades de baixo 
para cima”. O catálogo permitirá desde melhorar as casas em suas proprie-
dades estruturais (impermeáveis, acústicas e térmicas) ou apenas melhorar 
a estética das moradias até a revitalização do espaço público como uma 
comunidade inteira (escala urbana). Além disso, a estratégia social imple-
mentará na Comunidade de São Benedito uma rede do conhecimento com 
diferentes atores. Fomentar o empreendedorismo com a rede de fabricantes 
especializados de materiais de construção permite profissionalizar as pes-
soas nesta área. O catálogo vai ajudar a criar a estrutura social inteligente, 
desenvolvendo a comunidade de São Benedito de maneiras diferentes: edu-
cação, criação de emprego, oportunidades de terceirização, relações com a 
comunidade, melhorias na habitação, desenvolvimento de infraestruturas e 
a criação de uma sociedade avançada.
FORTALECIMENTO DAS COMUNIDADES
A vida de uma comunidade precisa de um hub, um centro. Não é me-
ramente um espaço público, mas uma ferramenta para o desenvolvimento 
comunitário. Este centro também pode ser visto como a entidade física que 
é instrumental no apoio ao desenvolvimento da comunidade, que é parte in-
tegrante das estratégias de melhoria de favelas. O projeto sugere um centro 
comunitário em São Benedito que pode ser construído pela própria comuni-
dade sob a orientação de profissionais. Ele deve ser um lugar de identidade, 
o que pode ser fortalecido por um edifício autoplanejado e autoconstruído. 
Esta sugestão pode ainda ser adaptada às necessidades da comunidade. O 
primeiro passo no desenvolvimento do lugar para a comunidade não é a 
construção do edifício, mas a ocupação (simbólica) do local. Isso poderia ser 
combinado com uma limpeza da área e uma primeira pequena intervenção. 
Após a ocupação, o espaço aberto deve ser desenvolvido. Ele já poderia ser 
usado como um lugar de reunião pública, sem qualquer tipo de construção. 
O centro deve ser um espaço de auto-organização da comunidade.
35.
Habitação para população urbana de baixa renda
Técnicas de construção
O alicerce
• Casas diretamente conectadas ao chão; 
• Estrutura de pilotis de madeira ou concre-
• Usado para depósito de canos.
Problemas: 
muito vulnerável a deslizamentos e chuvas 
intensas; a população não possui formação 
técnica para construir; cria espaços para re-
síduos (lixo, desocupação, etc).
Paredes
Construções de alvenaria
Materiais: 
Principalmente tijolos, concreto como ma-
terial de preenchimento, pedras, cimento
2 tipos de construção: 
• Construções espontâneas (material encon-
trado no local, bem heterogêneo). 
• Casas m ais estabelecidas ( materiais m ais 
caros, tijolos e concreto). 
“Tijolo de Lego”
Construção tradicional de tijolos.
Telhados
• Eternit, algumas vezes sustentado por tijo-
los sem nenhuma conexão com as paredes; 
• Facilmente removível para a construção de 
uma nova casa acima;
• Terraços de concreto;
• Estrutura de ferro aguardando nova cons-
trução no topo da casa.
6,5 cm
12,5 cm
25 cm
Plano
Dentro Fora
140 CM
Fila 
•preenchida
•lintel 
Pesquisa sobre padrões construtivos. Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 12)
SEGURANÇA E REIMAGINAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
O conceito tenta trabalhar as diferentes necessidades dos moradores 
do Território do Bem. Para isso, a proposta é dividir toda a área em partes 
diferentes com base em estudos funcionais e sociais. Cada bairro tem suas 
próprias características e necessidades. Tendo em conta essas necessidades, 
diferentes intervenções com propósitos diferentes podem ser feitas em cada 
bairro. Essas intervenções têm dimensões e fundos estruturais diferentes: 
36.
Habitação para população urbana de baixa renda
ABORDAGEM DE FOCO INTEGRATIVO
O Território do Bem tem vários problemas de água: falta qualidade na 
água potável e há escassez de água. Como uma abordagem para resolver 
os problemas de água, o projeto propõe o método de colheita de água de 
chuva em um modelo de dois estágios. Durante o primeiro estágio, a água 
coletada será fornecida para a cidade de Vitória para irrigar hortaliças pú-
blicas, e no segundo estágio ela será dedicada à comunidade do bairro sendo 
usada para descargas. Junto à quadra de futebol o espaço comunitário, o 
“Rainwater Court”, implementa um novo espaço para várias funções na área 
que se beneficiam mutuamente. O “Rainwater Court” também é um lugar 
para educar-se e aumentar a consciência dos moradores sobre as questões 
relacionadas com a água.
Para implementar estas medidas e intervenções são necessários vários 
instrumentos. A comunidade, parceiros locais, ONGs e a Prefeitura da Cidade 
de Vitória são diferentes partes interessadas no processode construção. 
Sinergias entre empresas produtoras locais e de materiais, bem como mão 
de obra local serão usadas para atender às necessidades da Comunidade.
planejamento exterior, arquitetura, melhoria das infraestruturas, inter-
venções econômicas e assim por diante. Para descobrir o que é apropriado, 
qual é a intervenção necessária em cada bairro, os moradores do território 
foram envolvidos no processo de estratégias de desenvolvimento urbano. 
Cidadãos de diferentes partes do território foram questionados sobre as 
atuais estruturas urbanas e sociais em seus bairros. Com esta informação 
podem ser feitas intervenções específicas e individuais e a qualidade de 
vida nas favelas pode ser melhorada.
Conectividade com a 
cidade formal e 
Interconectividade (C)
Incremento do já 
existentes parques 
habitacionais (UP)
Instalações
Construções
suplementares
Banco de
materiais
Catálogo de medidas para São Benedito
37.
Habitação para população urbana de baixa renda
Fortalecimento das 
comunidades (SC)
Segurança e re-imaginação 
do espaço público (S&P)
Integração 
Focal (AII)
Construções
autônomas
Percepção de
segurança
Uso de água Produção
Catálogo de medidas para São Benedito cobrindo cinco tópicos. Fonte: P. Alfaro d’Alençon (Figura 13)
38.
Habitação para população urbana de baixa renda
Cidades Latino Americanas e desenvolvimento
• Alfaro – d’Alençon, Imilan, and Sánchez. Lateinamerikanische Städte Im 
Wandel: Zwischen Lokaler Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., 
Aufl. Lit Verlag, 2011.
• Dematteis, Ciudad anglosajonas y ciudades latinas, In: Urbanitats,4, 1996
• Dohnke, J. 2011. In: Alfaro – d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
• Hastings, I. 2011. In: Alfaro – d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
• Janoschka, M. 2011. In: Alfaro – d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
• Negrete, Las metrópolis latinoamericanas en la red mundial de ciudades: 
megaciudades o ciudades globales?, 2006
• Urbanization and global change, 2012.
• Söhlemann, C. 2011. In: Alfaro – d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
• Thung, T. 2011. In: Alfaro – d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
Favelas (up-grading)
• Gilbert, The Return of the slums: Does language matter?, In: International 
Journal of Urban and regional Research, 2007
• Davis, Planet of Slum, In: New left review 26, 2004
• Informal Toolbox, Slum lab Paraisopolis – Oficina de ideias traduzido, 
SLUM LAB Paraisopolis, 2008
1.3 Referências Bibliográficas
39.
Habitação para população urbana de baixa renda
• Köhler, Megacities ohne Slum, http://www.alumniportal-deutschland.org/
nachhaltigkeit/soziales/artikel/megacities-slums-stadtplanung.html, (03.2013)
• Moreira, Housing improvement program: increasing space quality inside 
Brazilian consolidated slums, In: Annual World Bank Conference on Land 
and Poverty, 2013
• Rao, Vyjayanthi. Slum as Theory in Learning from Favelas, Lottus 
International N° 143, 2010.
• United Nations, The Challenge of Slum: Global Report on Human 
Settlements, 2003
• Werthmann ( Edit.), Operacoes tacticas, na cidade informal, tactical 
operations in the informal city, 2008
Projeto Habitacional
• Architecture for Humanity. Design Like You Give a Damn: 
Architectural Responses to Humanitarian Crises. 1. Aufl. Metropolis 
Books, 2006.
• Bell, Bryan, Katie Wakeford, Steve Badanes, Roberta Feldman, Sergio 
Palleroni, Katie Swenson, und Thomas Fisher. 2008. Expanding 
Architecture: Design as Activism. Metropolis Books, Oktober 1.
• D’Alençon, R. 2011. In: Alfaro - d’Alencon, Imilan, and Sánchez. 
Lateinamerikanische Städte Im Wandel: Zwischen Lokaler 
Stadtgesellschaft Und Globalem Einfluss. 1., Aufl. Lit Verlag, 2011.
• Dean, Andrea Oppenheimer, und Timothy Hursley. 2002. Rural Studio: 
Samuel Mockbee and an Architecture of Decency. 1. Aufl. Princeton 
Architectural Press, Januar 1.
• Elser, Oliver, und Wohnmodelle - Experiment und Alltag <2008 – 2009, 
Wien> Ausstellung. 2009. Wohnmodelle: Experiment und Alltag ; [im 
Rahmen der Ausstellung Wohnmodelle - Experiment und Alltag, 16. 
Dezember 2008 bis 22. Februar 2009 im Künstlerhaus Wien]. 1. Aufl. Wien 
[u.a.]: Folio-Verl.
• Schreibmayer, Peter. 2009. One2one: minimal space, minimal housing. 
Graz: Verl. der Techn. Univ.
Processos habitacionais 
e qualidade:
Renato d’Alençon Castrillón
02
Avaliação e potenciais do Sistema 
Habitacional Chileno
41.
2. Processos habitacionais e qualidade: Avaliação e potenciais do 
sistema habitacional chileno
No Chile, o processo de proporcionar habitação foi realizado por um 
sistema de subsídio orientado pela demanda considerado bem-sucedido de 
modo geral. Em termos quantitativos, isto pode ser verdade, porém não em 
termos qualitativos. Áreas pequenas, baixa qualidade de construção, infra-
estrutura insuficiente são as críticas recorrentes, junto de uma segregação 
espacial em escala urbana.
Durante anos, uma característica muito sugestiva da questão permane-
ceu negligenciada: o processo no qual as habitações são em grande parte cons-
truídas pelos habitantes, com o que é fornecido pelo sistema ou apesar dele.
Recentes políticas chilenas no sistema de subsídio incluem a construção 
incremental como uma questão relevante, ainda que um grande potencial para 
melhorar esse processo a partir de sua própria natureza de ser simultaneamen-
te um processo de construção e de habitação permaneça aberto à exploração.
2.1 Introdução
Uma das principais questões quando se discute o problema da habitação 
para a população de baixa renda no Chile é a extensão da cidade. Em um 
crescimento explosivo, Santiago quase dobrou sua área entre 1980 e 2000 
(Figura 14). A maior parte desse crescimento foi, de fato, devido à constru-
ção de soluções de habitação de para os segmentos mais desfavorecidos da 
população, com uma crescente classe média-baixa que se desenvolveu subs-
tancialmente nos últimos vinte anos de crescimento econômico, em uma 
média de 5% a 7%.
“No entanto, este tipo de produção em massa, contratada em licitação pelo 
preço mais baixo, tem levado à repetição sistemática de estruturas de habitação 
na periferia da cidade. Para submeter uma proposta competitiva, os empreiteiros 
procuram terrenos de menor preço, geralmente na periferia. O Governo apoiou 
o desenvolvimento habitacional na periferia flexibilizando a regulamentação do 
uso da terra, assumindo que o mercado alocaria o uso da maneira mais eficiente 
e socialmente benéfica. Consequentemente, as habitações sociais contratadas 
pelo governo entre 1974 e 1993 transformaram mais de 4.000 hectares de terras 
agrícolas para usos urbanos” (Rojas, Greene, 1995).
42.
Processos habitacionais e qualidade
Juntamente a expansão da cidade, a segregação produzida pela busca 
de terras mais baratas também é relevante. Particularmente na década de 
80, no início do processo, famílias foram expulsas de suas moradias, relati-
vamente atraentes em termos comerciais, para áreas mais baratas na peri-
feria da cidade (Figura 15). Esse processo consolidou-se nas últimas décadas 
e ainda que bairros de renda mais elevada consigam ultrapassar algumas 
áreas próximas – com considerável estresse social na mudança de comuni-
dades como Peñalolén, por exemplo, Santiago é uma cidade econômica e 
socialmente muito segregada (Figura 16).
1Três períodos de Santiago: 1950 / 1980 / 2000 Fonte: Greene & Rojas, 2008. (Figura 14)
2Erradicação de famílias mais pobres de áreas maiscaras para mais baratas. Fonte: MINVU (Figura 15)
3Tamanho médio de casas e apartamentos em Santiago. Fonte: MINVU (Figura 16) 
2.2 O sistema chileno de subsídio: velho e novo
Em paralelo à problemática do desenvolvimento urbano desencadeado 
pelo sistema subsidiado, a Política de Habitação Chilena realizada desde o 
final dos anos oitenta é reconhecida por ser bem sucedida na oferta de casas 
para os menos afortunados, pelo menos em termos de quantidade. Durante 
os últimos 20 a 25 anos, o sistema foi capaz de reduzir substancialmente o 
deficit habitacional. Entre 1990 e 2000, a redução tinha alcançado 19%, de 
900.000 para 750.000 famílias em “deficit quantitativo” e 36,8% em ”deficit 
qualitativo” de 650.000 a 400.000 famílias.
Isto tem sido conseguido à custa de unidades tão pequenas quanto 35 
m², localizadas em áreas periféricas da cidade menos equipadas e pior ser-
vidas, entregues por empresas privadas competindo em licitações por con-
tratos com pequenas margens de lucro com padrões mínimos de qualidade, 
comprometendo assim a qualidade final das unidades.
1 2 3
43.
Processos habitacionais e qualidade
O PRIMEIRO MODELO DE “HABITAÇÃO BÁSICA”
A versão original do sistema de subsídio foi um subsídio orientado pela 
demanda de cobertura mínima de 25% incluindo um subsídio fixo (15%) + 
poupança fixa (10%). Os outros 75% (para as casas mais caras no preço máxi-
mo) eram cobertos pelo governo ou empréstimo privado com um tempo de 
retorno entre 12 e 20 anos. O requisito básico para candidatar-se era não ter 
uma propriedade (Mideplan, 20011):
“Os programas de habitação social, produzidos pelo MINVU a partir dos anos 
1970, assumiram duas formas básicas – o Programa de Habitação Básica (PHB) 
que permitia a compra de uma casa construída financiada com a poupança das 
famílias de baixa renda e uma subvenção pública (variando de 15 a 45 do valor em 
casa) sob a forma de um voucher e de um empréstimo governamental; e o Pro-
grama de Melhoria do Bairro (PMB) que legalizou e forneceu infraestrutura para 
assentamentos informais”.
O Ministério da Habitação e Urbanismo tornou-se, portanto, o maior 
desenvolvedor do país, promovendo e contratando a construção de aproxi-
madamente 760.000 unidades entre 1990 e 2000. Anualmente, o Ministério 
concedeu subsídios para cerca de 70.000 casas em 1999 e 163.000 até 2012. 
(HABITACIONAL, 2013).
O tipo mais difundido de soluções remonta aos anos 80 e 90 e são re-
feridos como a “habitação básica”. Três tipologias são características: tipo 
A, fileiras de casas térreas; Casas tipo B, geminadas, dois andares; Tipo C, 
blocos de apartamentos de três andares (Figura 17).
No entanto, além da quantidade, as realizações do sistema de subsídio 
são questionadas tanto em termos de desenvolvimento urbano quanto das 
normas de qualidade para as casas previstas. O mais importante é que alguns 
aspectos sociais centrais não foram resolvidos pelas novas soluções que, ge-
ralmente, enfrentam novos problemas: segregação, desemprego, drogas. Em 
novos locais, a qualidade da Comunidade anteriormente existente em um as-
sentamento informal (no Chile, os chamados campamentos) – talvez por causa 
de sua precariedade inerente – tende a dissolver-se. As redes sociais cultivadas 
diante da dificuldade desapareceram sob um individualismo crescente.
1MIDEPLAN, Ministerio de Planificación. 
Situación Habitacional 2000. Informe Ejecutivo 
Resultados Preliminares, Santiago de Chile, 2001 
(online). Acesso em setembro de 2010.
44.
Processos habitacionais e qualidade
As pessoas se queixam de falta de solidariedade, organização e motiva-
ção neste novo cenário. A falta de espaços públicos de qualidade e comodida-
des, a insegurança e falta de controle contribuem para ampliar a percepção 
de que as novas casas, dificilmente serão apropriadas para os novos mora-
dores (Figura 18).
A qualidade insuficiente dos padrões das construções aceita pelo gover-
no leva à deterioração rápida e mau desempenho das habitações mesmo sob 
condições normais de utilização, sem contar em condições especiais não tão 
incomuns: tempestades e terremotos. A rigidez das casas para acomodar 
a evolução e crescimento que caracterizam estas famílias contribui para a 
percepção de estranheza na nova situação.
1Casas Básicas Tipo A, B e C. Essas eram as três tipologias construídas durante os anos 80 e 90, sob o sistema de subsídio. (Figura 17)
2O Campamento e a Villa: A vida anterior e a nova vida Desenhos de crianças sobre a vida no Campamento e a nova vida na Villa. 
Fonte: Rodríguez, 2001. (Figura 18)
O Novo Modelo de “Habitação Social Dinâmica”
Dados o sucesso quantitativo e os problemas do sistema, as autoridades 
do Ministério reconheceram no final da década de 90 que o programa se 
tornara desfocado ao longo do tempo, especialmente para atingir famílias 
de baixa renda. Ou seja, embora na concepção dos vários programas a popu-
lação-alvo tenha sido corretamente identificada, na prática não foram ne-
cessariamente os mais pobres os destinatários dos benefícios dos subsídios. 
Como resultado dessa avaliação, uma nova política foi projetada em 2000 e 
2001, a chamada “Nueva Política Habitacional” (nova política de habitação) 
que começou a ser implantada em 2002 e coexistiu com a política anterior 
de Habitação Básica entre 2003 e 2004.
O programa principal da nova política foi chamado de “Dinámica de 
Vivienda Social sin Deuda”, VSDsD (“dinâmica de habitação social sem dí-
vida”, em português), que dobrou o montante do subsídio, comparado com 
o programa básico de habitação, de 140 a 280 UF. Além disso, condições de 
21
45.
Processos habitacionais e qualidade
Resumo comparativo da Habitação Básica e do VSDsD. Preços em dólares americanos de 2002, ano da 
mudança da velha para a nova política. Fonte: MINVU. (Tabela 1)
acesso mais específicas visaram dar acesso aos segmentos mais pobres da 
população (os 30% mais pobres) da população. O mais importante, a políti-
ca reconheceu que nestes grupos a população tinha limitada capacidade de 
pagar seus empréstimos e os subsídios foram projetados para que os preços 
das casas fossem completamente cobertos pela poupança das famílias e o 
subsídio do estado.
Duas modalidades foram implantadas para destinar os recursos: por 
meio de contratação direta pelo Ministério (usado em casos específicos) e 
por meio de um fundo para ser usado pelas famílias em grupos, que ficou 
conhecido como “Fondo Solidario de Vivienda” (FSV, “fundo solidário de ha-
bitação”). O FSV tornou-se, desde então, o programa vigente. É um esforço 
colaborativo, envolvendo a comunidade para desenvolver um complexo ha-
bitacional, baseado em uma unidade mínima que se baseia principalmente 
na extensão futura das casas a fim de entregá-los sem uma hipoteca a pagar. 
Ele permitiu a entrega de casas com base em pedidos de subvenção em gru-
pos (min. 10) com subsídio de 270 UF + 10 UF em poupanças totalizando 280 
UF (CLP = 7.000.000.= EUR € 9,000. = USD 12,500. - de 2014) o custo total 
por unidade, assim evitando para os usuários a necessidade de um emprés-
timo completar os pagamentos.
A superfície de partida foi reduzida para uma média de 35 m2, deixando 
sob responsabilidade do usuário o alargamento até pelo menos 50 m2 – e, 
em muitos casos, completar alguns elementos deixados inacabados na uni-
dade de partida – usando os recursos financeiros liberados.
Basico
Progressivo
Progressivo 
(etapa 2)
Dinamico 
(w/o Debt)
Famílias de renda baixa a 
media com possibilidade 
de obter financiamento
Famílias de renda muito 
baixa se possibilidade de 
obter financiamento
Beneficiários do PHB 
(etapa 1): condições de 
obter financiamento
Famílias de renda muito 
baixa sem condições de 
obter financiamento
7.500-15.000
3.500
1.750
7.500
n.a.
450
n.a.
3.000
2.500- 3.500
3.300
450- 875
7.250
500
0-200
125
250
3.500-12.000
n.a.
750- 1.175
n.a.
Voucher para a compra de 
uma casa privada desen-
volvida nova ou usada
Infraestrutura principal 
(electricidade, água,

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