Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Microrganismos Potencialmente Patogênicos ao Trato Reprodutor Feminino e Masculino Trichomonas vaginalis Protozoário, que possui 3 espécies encontradas no homem: Trichomonas vaginalis (habitat é o trato urogenital), Trichomonas tenax (não patogênico, vive na cavidade oral) e Trichomonas hominis (não patogênico, vive no trato intestinal). Como são diferenciados? Pela morfologia Causa a chamada Tricomoníase, IST, podendo sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio masculino sadio após relação sexual sem proteção com uma mulher infectada (transmissão de mulher para mulher também ocorre). A transmissão não sexual é incomum, mas pode ocorrer, por exemplo, uma mãe infectada que não tem hábitos de higiene levando para sua criança Em geral, ambientes alcalinos favorecem as infecções, não somente pela Trichomonas, mas também por outros microrganismos e bactérias Mecanismos patogênicos: adesão à superfície epitelial do trato vaginal colonização produção de enzimas hidrolíticas que promovem o descolamento dessas células epiteliais (efeito citopático) processo inflamatório das células epiteliais secreção branca sem sangramento, chamada de leucorreia (descamação do epitélio que pode levar à ulceração) Resumindo, a implantação do Trichomonas está associada a modificação da microbiota (diminuição dos lactobacilos e alcalinização do ambiente), a acentuada descamação epitelial (recrutamento de leucócitos), a alterações hormonais, processos inflamatórios e/ou ações irritativas. Ciclo biológico: monoxênico, sendo o homem/ mulher os hospedeiros definitivos. O Trichomonas vaginalis está presente tanto no trato vaginal feminino, quanto na próstata masculina, se replicando de forma binária. Não apresenta a forma cística, somente trofozoítica, portanto, não sobrevive no ambiente externo por muito tempo. Sua média de vida na secreção vaginal é de até 6 horas, mas na água é de até 2 horas. Patogenia: se destaca como um dos principais patógenos do trato urogenital humano e está associado a sérias complicações: Problemas gestacionais: parto prematuro, baixo peso do RN, ruptura espontânea da placenta, baixo peso ao nascer associado a parto prematuro, endometriose pós parto, natimorto e morte neonatal Problemas relacionados a fertilidade: risco de infertilidade quase 2x maior em mulheres com histórico de tricomoníase Facilita a transmissão de HIV**: resposta inflamatória induz uma grande infiltração de leucócitos, incluindo as células alvo do HIV (linfócitos TCD4+ e macrófagos). Além do mais, pontos hemorrágicos na mucosa permitem o acesso direto do vírus para a corrente sanguínea Manifestações clínicas: Assintomático: benigno e é mais comum em homens Sintomático: mais comum em mulheres (vaginite, vulvovaginite e cervicite), causando corrimento (leucorreia fluida e abundante), ardor (corrimento tem ação abrasiva), prurido, leucorreia bolhosa, odor fétido, mais frequente no período menstrual, colpite (inflamação da vagina e do colo, “em framboesa”), dores no baixo ventre, salpingite, mucosa friável (dor durante o ato sexual), disúria e poliúria. Em homens sintomáticos, pode haver dificuldade para eliminar a primeira urina matinal, escoriações e uretrite “Colo em framboesa” Resposta imunológica protetora: IgA secretor é utilizado para neutralização imediata e limitando a sua ação Reinfecções estão associadas a ausência de imunidade adquirida e a grande variabilidade dos isolados da Trichomonas (proteínas de superfície sofrem mutações) Diagnóstico não pode ser feito somente com base em apresentações clínicas, sendo necessário realizar diagnósticos diferenciais (candidíase, gonorreia, HPV e gardnerella vaginalis) Diagnóstico laboratorial: pode ser realizado por secreção vaginal ou uretral ou prostática, sedimento urinário (processamento rápido, uma vez que sobrevive pouco em ambiente externo), cultura e PCR Existem 3 formas: exame a fresco (deve ser feito logo após a coleta para que o Trichomonas não morra), esfregaço corado (material fixado e corado) e cultura (meio com antibiótico para inibir as bactérias) Profilaxia: uso de preservativos, conversa com o parceiro sexual e exames preventivos periódicos Candida albicans Fungo dimórfico, leveduriforme (se multiplica por brotamento) e filamentosa (pseudohifas), o que diferencia é a temperatura do meio em que está inserida, sendo que as leveduras preferem 25-28º e filamentos preferem 37º. Distribuição cosmopolita e tem como habitat a pele, cavidade oral, trato genital e digestivo A infecção pode ser endógena (translocação do fungo de um lugar onde não causa infecção, para outro em que causa) ou por contato direto (secreções e relações sexuais) Patogenia pode ser doença aguda ou crônica, superficial ou profunda e a presença de fatores predisponentes (genética, microbiota, imunossupressão, uso de antibióticos, gestação, diabetes, infecções) Manifestações principais: Candidíase superficial: peles e unhas (rara) Candidíase sistêmica (biofilmes com outras cepas de cândida ou de outras bactérias) (rara) Candidíase vaginal (comum) Candidíase oral (comum) Possuem parede celular de quitina, mananas e glicanas, mas, principalmente, o ergosterol, que é o alvo para os antifúngicos Resposta imune inata: receptores TLR4 e TLR2 identificam as mananas e as glicanas, desencadeiam a via NF-kapa-beta, culminando na transcrição de material genético e liberação de citocinas (TNF-alpha, IL-6 e IL-8) que recrutam células. TLR9 fica na parede do endossomo e tem a capacidade de identificar o DNA do fungo, caso ele modifique algumas das estruturas externas e consiga entrar na célula, desencadeando a mesma via do NF-kapa-beta. Além disso, também podem ativar os receptores do tipo manoses e dectinas 1, 2 e 3 Resposta imune na mucosa vaginal: o fungo pode viver de forma assintomática no tecido, porém quando ocorrem modificações expressivas (alcalinização do ph, mudança hormonal) o fungo pode invadir e colonizar de forma sintomática, ocorrendo toda a resposta imunológica, incluindo a migração leucocitária da resposta inflamatória Resposta imune na mucosa oral: o fungo pode viver de forma assintomática nesse tecido, por liberação de IgA, lisozimas, histamina, mucina, lactoferrina. TLR4 e células dendríticas, desencadeiam resposta inflamatória com migração leucocitária (Thelper) Formação de biofilmes com outras cepas: aumenta a sua capacidade invasiva. Existe um meio de cultura chamado chromagar, que é especial para Candida e facilita a identificação por colorações diferentes para cada tipo Fatores de virulência Candida albicans Um dos problemas atuais relacionados a Candida albicans, é sua resistência tanto aos antifúngicos, quanto a resposta imunológica, devido a sua capacidade de mudança morfológica, de inibição de enzimas digestivas de fagossomos e lisossomos, produção de enzimas hidrolíticas que quebram os agentes antimicrobianos humanos, capacidade de quebrar IgA, entre outros. Manifestações clínicas: Cavidade oral: “sapinho” Locais úmidos e quentes: virilha, dobras, axilas Unha (rara) Inflamação vulvovaginal: prurido, eritema, corrimento branco, leitoso e com aspecto de nata Inflamação peniana: vermelhidão, eritema e leve leucorreia na ponta do pênis Exame direto do material obtido das lesões: raspado das lesões cutâneas ou das mucosas e direto ao microscópio Também é possível realizar o cultivo no Chromoagar, além de testes sorológicos, PCR e imunofluorescência Tratamento: correção dos fatores predisponentes, antes do antifúngico. Compostos de iodo, nistatina e derivados azólicos
Compartilhar