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UNIDADE 1 – ESTRUTURA ELETRÔNICA E TABELA PERIÓDICA APRESENTAÇÃO A mecânica clássica, regida pelas leis newtonianas, não se mostra suficiente para explicar muitas das relações observadas no campo microscópio e, por este motivo, a mecânica quântica foi desenvolvida e aplicada, desde a teoria atômica e a evolução dos modelos do átomo até a concepção de conceitos mais complexos, como a existência de fótons e da dualidade onda-matéria. A Química, juntamente com a Física, representa um dos pilares sólidos de quase todas as ciências aplicadas. A partir de conceitos teóricos, caminharemos juntos para a compreensão das funções e cálculos aplicados à formação e interação de compostos nos diferentes compartimentos ambientais, tanto no meio biótico quanto abiótico. Muitas situações investigativas históricas deixavam os cientistas expostos, sem proteção alguma, e, por anos, mesmo quando manipulando composto reativos e radioativos, não havia conhecimento sobre toxicidade, reatividade e riscos apresentados. Nesse contexto, se faz necessário compreender as noções básicas de práticas laboratoriais, visando aumentar a segurança dos trabalhos a serem realizados nos laboratórios. Além disso, a realização experimental nos aproxima do entendimento dos cálculos para replicação de pesquisas, nos ensinando princípios que diminuem os erros e aumentam nossa percepção da evolução realizada pelos investigadores, com experimentos por vezes muito complexos, ao longo de nossa história. Desta forma, esse material tem como intuito central introduzir diferentes conceitos da química geral e experimental, colaborando para uma base de estudo simplificado, mas não simplista. AUTORA A professora Natália de Souza Pelinson é doutora (2018) e mestra (2013) em Ciências pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), além de ser formada em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa - Minas Gerais (2010). Tem experiência em Química Ambiental, tendo realizado estágio no Laboratório de Contaminantes de Preocupação Emergente na Universidade do Arizona (EUA) e em Química ambiental na Vrije Universiteit Brussel (Bélgica). OBJETIVOS DA UNIDADE ➢ Conhecer a evolução dos modelos atômicos; ➢ Compreender as características da radiação eletromagnética; ➢ Entender o princípio da incerteza para o cálculo de posição do elétron; ➢ Diferenciar o número quântico principal do secundário; ➢ Correlacionar a tabela periódica com os conceitos de estrutura eletrônica, raios atômicos e iônicos, energia de ionização e afinidade eletrônica. O ÁTOMO Toda matéria é composta por átomos, e sua estrutura pode ser compreendida quando levamos em consideração as propriedades das partículas e ondas que existem nesse sistema, simultaneamente. Assim, pode-se afirmar que as variações das propriedades dos átomos explicam diversos fenômenos químicos e, para compreendermos as bases da mecânica quântica aplicada a essas estruturas, teremos duas seções principais de estudo: a primeira lançará mão de conceitos teóricos, ao passo que a segunda irá introduzir conceitos experimentais. A primeira seção de estudo será dedicada à química teórica e conceitos iniciais, estando dividida em três subseções. Na primeira subseção, serão abordados temas referentes aos átomos, como sua definição, os primeiros estudos sobre átomos, as partículas elementares e sua possibilidade de arranjo. A seguir, serão abordados conceitos essenciais para o entendimento da teoria quântica, como as características da radiação eletromagnética, a radiação, quanta e fótons, a dualidade onda-partícula da matéria, o princípio da incerteza, os níveis de energia dos orbitais, os raios atômicos e iônicos, a energia de ionização e a afinidade eletrônica. Em seguida, você aprenderá sobre a organização dos elementos na tabela periódica. Por fim, exploraremos uma abordagem experimental da química, em que você poderá aprender conceitos básicos de medição, os materiais adequados para uso em laboratório e as primeiras abordagens para a química experimental. É importante ressaltar que compreender os conceitos e aplicações básicas de química geral experimental possibilita o aprendizado dos conteúdos teóricos, uma vez sua evolução se deu justamente por meio das melhorias das técnicas experimentais. A ORIGEM DOS ÁTOMOS Posto isso, etimologicamente a palavra átomo tem origem na palavra grega átomos, que significa que algo não pode ser cortado e é, portanto, indivisível. Devido à complexidade da estrutura interna dos átomos, e por não corresponder aos princípios da física clássica, a área de Mecânica Quântica foi criada. Esta área envolve o estudo das propriedades químicas dos elementos e busca compreender a estrutura eletrônica desse mesmo átomo, além do arranjo dos elétrons do núcleo e os movimentos mais prováveis dos modelos de configuração eletrônica, buscando entender amplamente a natureza da matéria e da radiação. DEFINIÇÃO E MODELOS ATÔMICOS Os modelos atômicos evoluíram e continuam sendo aprimorados desde a Grécia Antiga. Posto isso, é importante ressaltar que as investigações se intensificaram na década de 1850 e se estenderam até o século XX, evidenciando que os átomos possuem estrutura interna, ou seja: são constituídos por partículas ainda menores, denominadas partículas subatômicas. Observe a Figura 1, que apresenta alguns desses modelos. Figura 1. Alguns dos principais modelos atômicos. No século V a.C., o filósofo grego Demócrito concebeu a hipótese de que toda a matéria consistiria em partículas indivisíveis muito pequenas, as quais ele chamou de átomos, cujo significado indica algo que é irrompível ou indivisível. Já Burdge (2020) enfatiza que, ainda que a ideia de Demócrito não tenha tido adesão de seus contemporâneos (filósofos como Platão e Aristóteles), muitos anos depois as evidências experimentais científicas começaram a suportar a suposição de "atomismo", e gradualmente deram origem às definições modernas de elementos e compostos. O primeiro modelo que ganhou notoriedade e maior aceitação científica foi desenvolvido por John Dalton, o qual estabeleceu uma definição dos blocos de construção indivisíveis da matéria que chamamos de átomos. As hipóteses sobre a natureza da matéria na qual a teoria atômica de Dalton foi baseada podem ser resumidas da seguinte forma, segundo afirma Russell em seu livro Química geral, de 1994: 1) Elementos são formados por partículas extremamente pequenas chamadas de átomos, e todos os átomos de um mesmo elemento são idênticos, possuindo tamanho, massa e propriedades químicas iguais. Todavia, os átomos de determinado elemento são diferentes dos átomos que compõem outro elemento; 2) Os compostos são formados por átomos de mais de um elemento. Porém, em qualquer composto, os mesmos tipos de átomos estão sempre presentes nos mesmos números relativos; 3) Uma reação química pode rearranjar os átomos, mas não criá-los ou destruí- los. A partir disso, percebemos que Dalton não descreveu a estrutura ou composição dos átomos. Para Dalton, os átomos eram partículas indivisíveis, esféricas e indestrutíveis, como uma bola de bilhar, por exemplo. Já Thomson propôs um modelo de átomo que pudesse ser pensado como uma esfera de átomo com carga positiva, na qual elétrons com carga negativa eram incorporados uniformemente, teoria também denominada de modelo pudim de passas. Ernest Rutherford, por sua vez, utilizou partículas alfa (α) para provar seu modelo de estrutura atômica. Atkins e Loretta (2012) explicam que Rutherford executou os experimentos usando folhas muito finas de ouro e outros metais como alvos para partículas α de uma fonte radioativa. A maioria das partículas α penetrou na folha completamente sem ser afetada ou com apenas um pequeno ângulo de deflexão. Todavia, eventualmente uma partícula α era desviadaem um grande ângulo e, em alguns casos, retornava na direção da fonte radioativa. Rutherford, a partir de seus resultados, propôs um novo modelo, em que a maior parte do átomo seria um espaço vazio e suas cargas positivas estariam todas concentradas no núcleo, que no caso seria um núcleo central extremamente denso dentro do átomo, responsável pela repulsão e deflexão observada. Com esse experimento, ficou provada a existência do elétron e do próton. Assim sendo, James Chadwick, em 1932, realizou experimentos que confirmavam a presença da estrutura subatômica que colabora para a aglomeração dos prótons: o nêutron. O modelo atômico de Rutherford deixou uma grande lacuna, que foi respondida por Bohr: os elétrons continuam fazendo parte do átomo apesar dos vazios porque giram em torno do núcleo, em órbitas quantizadas estacionárias, fixas e constantes. Por fim, o físico austríaco Erwin Schrödinger, em 1926, definiu a teoria sobre o movimento do elétron, exibindo-o não apenas em níveis bem separados, como também de forma mais complexa. PARTÍCULAS ELEMENTARES: PRÓTONS, NÊUTRONS E ELÉTRONS Muitos cientistas estudaram a radiação, emissão e transferência de energia em forma de ondas, e tais contribuições aperfeiçoaram também o entendimento da estrutura atômica. Após os ensaios com raios catódicos por meio de experimentos com os tubos de Crookes, cientistas determinaram que os átomos continham elétrons, mas eram eletricamente neutros em geral e, para isso, um átomo deveria conter quantidades iguais de carga positiva e negativa. A partir da definição de um átomo nuclear, descobriu-se que os prótons e nêutrons de um átomo estão contidos no pequeno volume do núcleo e os elétrons são distribuídos em um volume esférico ao redor do núcleo. Assim sendo, a proporção de tamanho entre as partículas subatômicas está representada na Figura 2. Figura 2. Localização e proporção das partículas elementares. Fonte: BURDGE, 2020, p. 43. (Adaptado). Em 1908, Millikan realizou experimentos com o intuido de definir as características básicas do elétron. E, mesmo que outras partículas subatômicas já sejam conhecidas, os prótons, elétrons e nêutrons são ainda os três elementos fundamentais para a química. Observe no Quadro 1 as massa e cargas dessas três partículas elementares. Quadro 1. Propriedades das partículas elementares Fonte: BURDGE, 2020, p. 44. (Adaptado). Ademais, a identidade química de um átomo pode ser determinada a partir de seu número atômico; sendo assim, cada átomo possui um número específico de prótons. O número atômico (Z) é o número de prótons no núcleo de cada átomo de um elemento, valor que também corresponde ao número de elétrons no átomo, uma vez que os átomos são considerados neutros e, portanto, contêm o mesmo número de prótons e elétrons. De forma similar, o número de massa (A) é o número total de nêutrons e prótons presentes no núcleo de um átomo de um elemento. Coletivamente, prótons e nêutrons são chamados de núcleons e, dessa forma, um núcleon é uma partícula dentro do núcleo. Em geral, o número de massa é dado por: Número de Massa (A) = Número de Prótons (Z) + Número de Nêutrons Podemos concluir, então, que o número de nêutrons em um átomo é igual à diferença entre o número de massa e o número atômico, ou (A - Z). Vale destacar que o número atômico, o número de nêutrons e o número de massa devem ser números inteiros positivos. A maneira mais comum para denotar o número atômico (Z) e o número de massa (A) de um átomo de um elemento (X) é como se observa na Figura 3. Figura 3. Denotação do número atômico (Z) e do número de massa (A) de um elemento (X). Fonte: BURDGE, 2020, p. 44. (Adaptado). Os átomos de um determinado elemento nem sempre têm a mesma massa. Na verdade, a maioria dos elementos possui dois ou mais isótopos. Isso posto, isótopos são átomos que possuem o mesmo número atômico (Z), mas números de massa (A) diferentes. Por exemplo: existem três isótopos de hidrogênio, chamados hidrogênio (ou prótio), deutério e trítio, como pode ser visualizado na Figura 4. Dessa forma, o hidrogênio tem um próton e nenhum nêutron em seu núcleo, o deutério possui um próton e um nêutron, e o trítio possui um próton e dois nêutrons. ] Figura 4. Representação da ocorrência de isótopos. Fonte: BURDGE, 2020, p. 44. (Adaptado). Sendo assim, pode-se afirmar que as propriedades químicas de um elemento são determinadas, principalmente, pelos prótons e elétrons que constituem seus átomos, uma vez que os nêutrons não participam de alterações químicas em condições normais. Portanto, os isótopos do mesmo elemento exibem propriedades químicas e reatividades semelhantes, formando tipos similares de compostos. TEORIA QUÂNTICA E O ESTUDO DA ESTRUTURA ELETRÔNICA Atkins (2013) considera que há um número considerável de conceitos que são essenciais para o entendimento da química moderna, sendo uma base relevante a aplicação de conceitos interfaciais da química com a física. Isso posto, a radiação é um dos conceitos em que a integralidade das áreas de estudo primárias podem e devem ser levadas em consideração, a fim de que os conceitos sejam bem assimilados. CARACTERÍSTICAS DA RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA Ao abordar a radiação eletromagnética, produzida por campos elétricos e magnéticos, sabemos que o feixe atravessa o vácuo no que hoje é considerada a velocidade da luz, algo próximo de 3 x 108 m/s. Temos inúmeros exemplos da radiação eletromagnética, e alguns dos mais clássicos são as ondas de rádios e a luz visível. Assim, vale destacar que a radiação eletromagnética se torna uma excelente ferramenta para estudar os átomos, uma vez que permite que percebamos como partículas carregadas, como os elétrons, podem interferir nos campos elétricos, atuando como ativadores e geradores de oscilações. A atividade de uma partícula carregada agindo em um campo elétrico pode ser observada na Figura 5. Figura 5. O campo elétrico de uma radiação eletromagnética oscilando no espaço e no tempo. Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 4. (Adaptado). O desenho esquemático representa um momento específico no qual a onda eletromagnética apresenta seus elementos básicos: é possível observar que a seta em qualquer ponto representa o valor da intensidade do campo elétrico sobre a partícula carregada, e que a amplitude da onda é definida pela distância entre os dois picos do gráfico. O número de ciclos realizados em um tempo específico é chamado de frequência (ou v) da radiação. A unidade de frequência de 1 hertz (1 Hz) pode ser definida como um ciclo por segundo (1 Hz = 1 s-1) e, de forma simplificada, esse conceito representa que a radiação eletromagnética de frequência de 1 Hz empurra uma carga em determinada direção, posteriormente na direção oposta e, por fim, retorna à direção original, uma vez a cada segundo. Diferentes comprimentos de onda correspondem a diferentes regiões do espectro eletromagnético, como pode ser observado na Figura 6. A luz visível possui comprimentos de onda entre 700 nm (luz vermelha) e 400 nm (violeta), sendo o arco- íris a decomposição da luz branca e a representação mais utilizada para explicar as cores possíveis do espectro visível. A cor da luz dependerá da frequência ou comprimento de onda, sempre lembrando que uma menor radiação possui maior comprimento de onda quando comparada a uma radiação mais intensa. Isso posto, pode-se afirmar que as cores da luz emitida e a intensidade de brilho do fenômeno em diferentes condições de propagação da onda acabam, muitas vezes, sendo consideradas apenas como observações qualitativas. Figura 6. Representação esquemática do espectro eletromagnético e o comprimento de onda associado a cada frequência. Fonte: COSTA, 2019. Acesso em: 22/05/2020. RADIAÇÃO, QUANTA E FÓTONS Visando aprimorar a quantificação dos efeitos de propagação de onda, asinvestigações de medição de comprimento de onda foram realizadas em diferentes condições e temperaturas. Assim, experimentos evidenciaram um exemplo muito conhecido: o corpo negro. Isso se dá porque o corpo quente não tem preferência por emitir ou absorver a energia em determinado comprimento de onda (ou frequência) e emite, portanto, uma luz visível branca devido ao calor atingido. Diante dessa observação, Atkins e Loretta (2012) relatam ainda que foi possível quantificar como a variação da intensidade da radiação era alterada pela temperatura do sistema. Esse resultado quantitativo, obtido por Josef Stefan em 1879, ficou conhecido como lei de Stefan-Boltzmann, a qual pode ser descrita pela seguinte equação: em que T é a temperatura absoluta, indicada na escala Kelvin e a constante é o valor experimental de 5,67 x 10-8 W m-2 K-4, representado em watts (W = 1 J s-1). Em 1893, ao investigar a mudança da cor da radiação do corpo negro com o aumento da temperatura, Wilhelm Wien determinou que o comprimento de onda que corresponde ao máximo de intensidade, ou, é inversamente proporcional à temperatura, o que pode ser descrito por: em que c2 é a segunda constante de radiação e seu valor experimental é de 1,44 x 10-2 Km. Na sequência, o físico alemão Max Planck propõe que a troca de energia entre a matéria e a radiação ocorre em quanta, isto é, em pacotes de energia, conforme evidencia a equação a seguir: E = h v (3) em que h é uma constante conhecida como constante de Planck que corresponde a 6,626 x 10-34 J.s. Dessa forma, se durante a oscilação o átomo transferir uma energia E, a frequência será expressa por v = E/h. Isso posto, a hipótese de Planck considera que a radiação de frequência v pode ser gerada apenas se um oscilador com essa frequência possuir a energia mínima suficiente para começar a oscilar. Ademais, Planck não restringe a quantidade de energia a ser transferida entre objetos, adotando a supracitada transferência em pacotes discretos ou quanta. Pode-se afirmar que Einstein alterou por completo a concepção de campo magnético: a radiação eletromagnética possuía relação com partículas específicas, posteriormente denominadas fótons. Um fóton pode ser entendido como um pacote de energia e, nesse caso, a energia do fóton também respeita a formulação de Planck, e sua frequência de radiação também pode ser definida por E = h v. Vale ressaltar que a energia (E = h v) é referente a cada fóton, e, portanto, a intensidade da radiação também varia com o número de fótons existentes naquele sistema. Já no efeito fotoelétrico, um fóton com energia hv, ao atingir uma superfície metálica, tem sua energia absorvida por um elétron. Quando a energia do fóton for superior à função de trabalho do metal, Φ, então o elétron pode absorver energia suficiente para ser expelido do metal. DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA DA MATÉRIA Enquanto os resultados de experimentos relacionados ao efeito fotoelétrico indicam que a radiação eletromagnética se comporta de forma semelhante às partículas, os experimentos de difração apontam que há um comportamento próximo ao das ondas. Essa constatação descreve um conceito importante da física moderna: a dualidade onda-partícula da radiação eletromagnética. Vale observar que no modelo de ondas a intensidade da radiação se torna proporcional ao quadrado da amplitude da onda, ao passo que no modelo de partículas a intensidade é tida como proporcional ao número de fótons presentes em cada instante. Foi sugerido por Louis de Broglie que a) todas as partículas podem ser consideradas portadoras das propriedades de ondas e b) que o comprimento de onda a ser relacionado à onda da partícula tem uma proporção inversa à massa (m) e à velocidade (v). Dessa forma, o comprimento de onda (λ) poderia ser descrito por: em que h é a constante de Planck e corresponde a 6,626 x 10-34 J.s. O resultado do produto da massa de uma partícula pela velocidade que ela assume é conhecido como momento linear (p) e portanto, substituindo o momento linear na equação apresentada, podemos obter uma forma simplificada do comprimento de onda pela relação de Broglie: O PRINCÍPIO DA INCERTEZA A dualidade onda-partícula modificou a compreensão sobre a radiação eletromagnética e da matéria, causando alterações diretas nos fundamentos da física clássica; sempre lembrando que a mecânica clássica é frequentemente chamada de mecânica newtoniana, e é basicamente regida pelas leis de movimento. Todavia, com o princípio da dualidade onda-partícula, a leitura do movimento alterou. Dessa forma, percebeu-se que uma partícula poderia se comportar como onda, possuindo momento linear e comprimento de onda definido, embora não haja uma localização exata dessa partícula em um instante posterior. Assim, determinou-se também um princípio de incerteza, estabelecido pela impossibilidade de precisar a posição mesmo quando o momento linear é conhecido. Destacamos que o princípio da incerteza não apresenta consequências práticas para os objetos macroscópicos, mas é essencial para compreender o comportamento de partículas como os elétrons. Isso posto, o princípio da incerteza de Heisenberg expressa quantitativamente essa complementaridade (momento linear e posição) ao estabelecer a localização de uma partícula considerando a incerteza x. Então, o momento linear paralelo ao eixo x somente pode ser conhecido com a incerteza p: em que ℏ é uma versão reduzida da constante de Planck. Vale lembrar que a relação ℏ h/2π é muito utilizada na Mecânica Quântica e que, quando a incerteza na posição é pequena (x pequeno), então a incerteza no momento linear será muito grande. ESPECTROS ATÔMICOS E NÍVEIS DE ENERGIA Agora, para entender os movimentos dos elétrons, analisaremos um experimento em que uma corrente elétrica passa através de uma amostra de gás hidrogênio em baixa pressão, produzindo a emissão de luz na amostra. Quando há decomposição da luz branca que atravessa um prisma, um espectro contínuo de luz é gerado. No entanto, quando a luz emitida pelos átomos de hidrogênio excitados atravessa um prisma, a radiação não se configura como um espectro contínuo de luz, mas sim como a formação de linhas espectrais (Figura 7). Figura 7. Linhas espectrais distribuídas comparando o espectro visível (a) com o espectro completo do hidrogênio, evidenciando esta distribuição em dois grupos nomeados (b). Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 6. (Adaptado). Na transição de um elétron, ou seja, quando ele muda de estado, há variação no nível de energia, que vai de um nível mais alto para outro mais baixo (Equação 7). Além disso, a energia é emitida em geral por um fóton. Δ E = Esuperior – Einferiro Considerando que a energia do fóton pode ser representada com hv, lembrando que h é a constante de Planck e v a frequência de uma linha de um espectro, temos que: hv = Esuperior – Einferiro A quantização de um átomo limita também a absorção de radiação em determinadas frequências. Joseph Balmer, ao identificar um padrão nas linhas do espectro visível, propôs uma expressão para a frequência das linhas: Algum tempo depois, Johann Rydberg refinou a descrição das linhas como: em que R é uma constante empírica (experimental), hoje chamada de constante de Rydberg, e cujo valor é de aproximadamente 3,29 x 1015 Hz. A quantização faz com que o átomo só absorva radiação em uma determinada frequência; sendo assim, a energia do fóton que se aproxima do sistema pode causar excitação dos elétrons de um nível quântico para outro. A luz branca, quando passa pelos átomos vaporizados, tem sua radiação absorvida nas frequências que correspondem às energias de excitação daqueles átomos, formando os espectros de absorção. Uma observação interessante é que as linhas do espectro de absorção têm as mesmas frequências das linhas do espectro emissor. NÚMEROQUÂNTICO PRINCIPAL Chang, em seu livro Química de 2013, descreve que, para determinar os níveis de energia de um elétron em um átomo de hidrogênio, é preciso resolver a equação de Schrödinger. Para tal cálculo, a energia potencial (V) pode ser descrita como uma expressão que varia conforme a distância r, obedecendo a lei de Coulomb: Assim, para determinar quais seriam os níveis permitidos para um elétron em um átomo de hidrogênio: em que R é uma constante empírica (experimental) de Rydberg com valor de 3,29x1015Hz. Uma expressão diferente se aplica a outros íons com um elétron: Sendo assim, quanto maior o número atômico, mais fortemente o elétron estará conectado ao núcleo. Paralelamente, o número quântico principal, n, indica os níveis de energia (n = 1 para o primeiro e mais negativo nível; n = 2 para o segundo, e assim sucessivamente). O nível de energia mais baixo de um elétron em um átomo de hidrogênio corresponde a n = 1, por exemplo. Este estado de energia mais baixo possível é chamado de estado fundamental do átomo, com a variação entre a energia fundamental e o estado ionizado sendo equivalente à energia necessária para remover um elétron de um átomo neutro. ORBITAIS ATÔMICOS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA Os orbitais atômicos são as funções de onda de elétrons em átomos. Chang (2013) destaca que o número quântico do momento angular, ou ℓ pode expressar a “forma” dos orbitais e que o valor do momento angular, por sua vez, depende do número quântico principal, ou n. O valor que pode assumir será designado com as letras s, p, d, f, g e h da seguinte forma, conforme a distribuição descrita por Linus Pauling: Quadro 1. Organização do orbital de acordo com momento angular. Então, se ℓ = 0, o orbital será o s; para ℓ = 1, orbital será o p, e assim sucessivamente. De forma simplificada, os orbitais podem ser definidos como regiões do átomo nas quais a probabilidade de se encontrar os elétrons é máxima. Tais regiões são frequentemente denominadas de nuvens elétrons. Figura 8. Representação gráfica dos três primeiros orbitais (s, p e d). Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 29. (Adaptado). É interessante observar a complexidade que os orbitais vão assumindo, e é possível indicar o arranjo de elétrons nos orbitais atômicos identificando cada orbital e o número de elétrons nele. Assim, poderíamos descrever um átomo de hidrogênio no estado fundamental utilizando 1s1. Na Figura 9, é possível visualizar a explicação dessa denotação mais comum: Figura 9. Denotação mais comum para um átomo em sua distribuição eletrônica. Fonte: BURDGE, 2020, p. 44. (Adaptado). Assim, Burdge (2020) formula as seguintes regras gerais para determinação da configuração eletrônica de um elemento no estado fundamental: Os elétrons se situarão nos orbitais disponíveis com a menor energia possível; Cada orbital pode acomodar no máximo dois elétrons, pelo princípio de exclusão de Pauli; Os elétrons não emparelham orbitais degenerados se um orbital vazio estiver disponível. Vale lembrar que um orbital degenerado é um orbital de igual energia; Os orbitais serão preenchidos na ordem indicada na Figura 10a, ao passo que a Figura 10b fornece uma maneira simples de lembrar a ordem correta dos orbitais. Figura 10a. Representação gráfica da energia dos orbitais. Fonte: BURDGE, 2020, [n.p]. (Adaptado). Figura 10b. Ordem de preenchimento definida por linus Pauling, Fonte: BURDGE, 2020, [n.p]. (Adaptado). Assim, há uma forma simples de escrever as configurações eletrônicas para elementos com base na ordem das energias orbitais e no princípio de exclusão de Pauli: o princípio de Aufbau, que permite construir a tabela periódica e determinar suas configurações eletrônicas por etapas. TABELA PERIÓDICA Mais da metade dos elementos conhecidos hoje foram descobertos de 1800 a 1900 e, durante esse período, os químicos puderam observar que as propriedades físicas e químicas de certos grupos de elementos eram semelhantes entre si. Essas semelhanças e a necessidade de organizar o grande volume de informações disponíveis sobre a estrutura e propriedades dos elementos levaram ao desenvolvimento da tabela periódica, que nada mais é do que um gráfico no qual elementos com propriedades químicas e físicas semelhantes encontram-se agrupados. O princípio de Avogadro, apresentado em um Congresso de Karlsruhe em 1960, possuía o intuito de colaborar com respostas às lacunas sobre os átomos e suas massas atômicas. Esse princípio, então, estabeleceu uma relação entre o número de moléculas em amostras de gases diferentes nas mesmas condições de pressão, volume e temperatura. Dois cientistas presentes nesse congresso também ofereceram contribuições nessa área: Meyer e Mendeleev descobriram, de forma paralela e independente, que havia similaridade entre os elementos que poderiam ser arranjados em uma ordem crescente de massas atômicas. A esse arranjo, Mendeleev deu o nome de lei Periódica. A proposta de Mendeleev se mostrou adequada na maior parte dos casos, mas posteriormente foi determinado que a forma de organização deveria se dar pelo número atômico dos elementos, não da massa atômica. RAIO ATÔMICO As nuvens de elétrons não possuem condições de contorno bem definidas e, por esse motivo, a medição do raio exato de um átomo seria inviável. No entanto, a organização dos átomos em sólidos e moléculas permite que se realize a medição da distância até seu centro. Assim, o raio atômico de um elemento pode ser definido como a metade da distância entre os núcleos de átomos vizinhos, no caso dos metais. No caso de um elemento não-metal ou um metaloide, pode utilizar-se a distância entre os núcleos de átomos unidos por uma ligação química, também conhecida como raio covalente do elemento. Uma observação interessante é que se o elemento que terá seu raio mensurado for um gás nobre, podemos utilizar o raio de Van der Waals, que representa metade da distância dos centros entre dois átomos vizinhos em uma amostra do gás sólido. Isso posto, atente-se à Figura 11, em que é possível observar que o raio atômico geralmente cresce da direita para a esquerda ao longo de um período. Figura 11. Representação dos raios atômicos (em picômetros) na tabela periódica. Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 40. (Adaptado). Russell, em seu livro Química geral de 1994, exemplifica que o tamanho de um átomo é arbitrariamente definido como o tamanho da superfície-limite que contém a maior parte da carga eletrônica total. Todavia, apesar de uma medição experimental segura do tamanho atômico ser conveniente, ainda há dificuldade na interpretação dos resultados. RAIO IÔNICO O raio iônico (Figura 12) de um elemento corresponde à distância entre íons vizinhos em um sólido iônico. Na prática, o raio do íon óxido é definido como sendo 140 pm e, a partir deste valor, realiza-se o cálculo do raio dos outros íons. Figura 12. Representação dos raios iônicos. Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 40. No gráfico esquemático (Figura 13), podem ser observadas as tendências de periodicidade dos raios iônicos. Similar aos raios atômicos, os raios dos cátions podem crescer em cada grupo, considerando que os elétrons ocupam camadas com números quânticos principais sucessivamente maiores; assim como a variação dos raios dos ânions mostra a mesma tendência diagonal observada nos átomos e cátions. Vale destacar que os átomos e íons que possuem o mesmo número de elétrons são conhecidos como isoeletrônicos. Note ainda que o elétron mais externo ocupa uma camada mais afastada do núcleo e, portanto, a ligação com o núcleo é, em geral, mais fraca. Figura 13. Representação dos raios iônicos. Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 40. ENERGIA DE IONIZAÇÃO Energia de ionização é a energia mínima necessária para remover um elétron de um átomo na fase gasosa. Deve-se ressaltarque a energia necessária para remover elétrons de um átomo é de importância fundamental para a compreensão de suas propriedades químicas. Normalmente, a energia de ionização é expressa em quilojoules necessários para remover um mol de elétrons de um mol de átomos gasosos (kJ/mol) ou em elétron-volts (eV) para um átomo isolado. Em geral, a primeira energia de ionização (I1) se refere à energia necessária para a remoção de um elétron de um átomo neutro, ao passo que a segunda energia de ionização (I2) seria a energia aplicada na remoção de um elétron de um cátion com carga unitária; sendo ambos na fase gasosa. Com poucas exceções, a primeira energia de ionização aumenta da esquerda para a direita e diminui quando considera valores mais baixos no início do período seguinte (Figura 14). De forma geral, os elementos com energias de ionização altas não formam cátions facilmente, além de não conduzirem bem a eletricidade. Figura 14. Representação das tendências de crescimento da energia de ionização. Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 43. AFINIDADE ELETRÔNICA A afinidade eletrônica (EA) é a energia liberada, ou entalpia -ΔH, quando um átomo na fase gasosa consente com a inserção de um elétron. Essa alteração da energia do sistema pode ser interessante para predizer algumas propriedades químicas. Vale ressaltar que um valor negativo de ΔH indica um processo exotérmico e, de forma geral, a afinidade eletrônica positiva pode indicar que um processo é energeticamente favorável. Sendo assim, quanto maior e mais positivo o valor de EA, maior a probabilidade de um processo acontecer. Similarmente à energia de ionização, a afinidade eletrônica aumenta da esquerda para a direita ao longo de um período. A tendência de aumento da afinidade está relacionada ao aumento da carga nuclear efetiva da esquerda para a direita, tornando progressivamente mais fácil a adição de um elétron com carga negativa à medida que a carga positiva do núcleo do elemento é maior. Embora esta tendência seja muito menos periódica do que a variação do raio e da energia de ionização, podemos perceber que os valores de afinidade eletrônica são maiores na parte superior à direita. Ademais, os gases nobres possuem afinidades eletrônicas negativas, uma vez que os elétrons adicionados devem ocupar um orbital no exterior completo e distante do núcleo. Como esse processo requer energia, a energia liberada seria, de qualquer forma, negativa. Por fim, cabe ressaltar que a variação da afinidade eletrônica é expressa em quilojoules por mol dos elementos do grupo principal. Figura 15. Representação das tendências da afinidade eletrônica nos diferentes elementos da Tabela Periódica. Fonte: ATKINS; JONES, 2012, p. 43. TABELA PERIÓDICA MODERNA Na tabela periódica moderna, os elementos são organizados por número atômico, sendo as linhas horizontais definidas como períodos e as colunas verticais denominadas grupos ou famílias. Assim, os elementos de um mesmo grupo tendem a ter propriedades físicas e químicas semelhantes. Em geral, os elementos podem ser categorizados como metais, não metais ou metaloides. Burdge (2020) traz uma breve diferenciação: um metal é um bom condutor de calor e eletricidade, enquanto que um não metal geralmente é um mau condutor de calor e eletricidade e, por fim, um metaloide tem propriedades intermediárias entre metais e não metais. Na tabela, da esquerda para a direita em qualquer período, as propriedades físicas e químicas dos elementos mudam gradualmente de metálicas para não metálicas. Figura 16. Representação gráfica da tabela periódica. Fonte: TABELAPERIÓDICA.ORG, 2020. Acesso em: 22/05/2020. Vale destacar que há duas linhas horizontais fora do corpo principal da tabela periódica: são elementos da família IIIB ou grupo 3 e ocupam o sexto e o sétimo período. Os lantanídeos e os actinídeos são numerosos e apresentam seis e sete níveis eletrônicos, respectivamente. Na série de lantanídeos, o promécio (Pm) é um elemento artificial e radioativo, e na série de actinídeos todos elementos são radioativos, sendo todos os elementos após o Urânio (U) artificiais, ou seja, sintéticos. Figura 17. Organização da tabela periódica. Fonte: BURDGE, 2020, p. 262. (Adaptado). TENDÊNCIAS GERAIS DAS PROPRIEDADES QUÍMICAS É possível identificar algumas tendências gerais dos elementos, como no caso dos primeiros membros de cada grupo (Li, Be, B, C, N, O e F), que apresentam propriedades diferentes daquelas do restante dos membros do grupo, talvez devido ao seu tamanho menor. Outra tendência no comportamento químico dos elementos é a relação diagonal: há semelhanças entre pares de elementos em diferentes grupos e períodos da tabela periódica e, especificamente, os três primeiros elementos do segundo período (Li, Be e B) exibem semelhanças com os elementos localizados na diagonal abaixo deles (Mg, Al e Si). A razão para esse fenômeno é a similaridade das densidades de carga de seus cátions; lembrando que a densidade de carga de um íon é a carga do íon dividida pelo seu volume. Cátions com densidades de carga similares reagem de maneira semelhante aos ânions e, portanto, formam também os mesmos tipos de compostos. Assim, a química do lítio se assemelha à do magnésio em alguns aspectos; o mesmo vale para o berílio e o alumínio e para o boro e o silício. Diz-se que cada um desses pares exibe uma relação diagonal. Por fim, comparar as propriedades de elementos no mesmo grupo é mais válido se os elementos em questão tiverem um caráter metálico (ou não metálico) semelhante. PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO EM LABORATÓRIOS Profissionais da área de química (pura ou aplicada), ao longo de seus cursos e atividades profissionais, precisam aprender a trabalhar de forma organizada em laboratórios, seja em escolas, indústrias ou em instituições de pesquisa. Assim, a infraestrutura de um laboratório dependerá da área de atuação e da finalidade para qual o ambiente é utilizado. Em um laboratório, podem existir equipamentos elétricos, sistemas a vácuo, incubadoras, espectrofotômetros, espectrômetros e peagâmetros, além de vidrarias específicas e produtos químicos. Portanto, há cuidados gerais na prática experimental da química, mas o nível de restrição e rigor leva em conta aspectos de risco à saúde dos usuários do laboratório. Silva et al. (2014) enfatizam que acidentes com vidrarias ou equipamentos podem causar lesões de intensidade diferente, por exemplo. DICA: As aulas experimentais são uma ferramenta interessante de ensino para que, de forma mais ativa, os alunos possam entender melhor os conteúdos abordados nas aulas teóricas, além de aprender novas habilidades. Um material interessante sobre a experiência das aulas práticas no ensino pode ser encontrado no endereço disponível a seguir: (Ver artigo baixado) Isso posto, o intuito dessa seção é fornecer dicas de segurança e conduta que podem minimizar riscos químicos (e.g. toxicidade, inflamabilidade e explosividade). Além disso, você poderá conhecer materiais da química experimental, o que certamente irá colaborar para o sucesso de suas experiências práticas. NOÇÕES DE SEGURANÇA NO LABORATÓRIO Toda e qualquer atividade a ser realizada em um laboratório precisa ser planejada, organizada e executada com atenção, a fim de que os objetivos possam ser atingidos de forma a maximizar o aproveitamento de recursos humanos e financeiros; e conhecer materiais e equipamentos do ambiente de trabalho é essencial para minimizar os erros e evitar riscos de acidentes. Como recomendações iniciais, pode-se citar: ➢ Evite trabalhar sozinho no laboratório; ➢ Não fume no laboratório; ➢ Não faça brincadeiras no laboratório; ➢ Realize as atividades sem pressa; ➢ Não utilize celulares e/ou fones de ouvido enquanto trabalha; ➢ Não ingira ou beba qualquer alimento no laboratório; ➢ Não prove ou enguladrogas ou reagentes do laboratório; ➢ Saiba a rota mais rápida de evacuação do local de trabalho; ➢ Anote os números de segurança e/ou telefones emergenciais que precisam ser contatados em casos de acidentes; ➢ Consulte o professor quando tiver dúvidas e avise-o de qualquer acidente que ocorra. Assim, o bom funcionamento de um ambiente de química experimental depende da conduta e respeito às regras de segurança. Algumas instruções mais detalhadas dadas por Silva et al. (2014) são: ➢ Determinar o roteiro da prática laboratorial e ler os materiais necessários para que se compreendam as etapas dos procedimentos a serem efetuados; ➢ Conhecer os materiais e substâncias, de forma a saber determinar os riscos existentes; ➢ Para aumentar a eficiência do procedimento prático, leia previamente e com cautela as instruções para efetuar as etapas e, se possível, separe os materiais necessários; ➢ Uma forma de se evitar surpresas ao manusear uma substância química é ler atentamente o rótulo do produto, uma vez que os fabricantes precisam divulgar informações de perigo relativas à segurança, armazenamento e descarte de resíduos; ➢ Avalie a vidraria que será utilizada e evite materiais que estejam danificados para que não causem ferimentos (estes devem ser descartados); ➢ Uma instrução prática interessante é não sobrecarregar pontos de energia elétrica com adaptadores que aumentam o risco de problemas elétricos prediais; ➢ Nunca aqueça materiais sem checar sua resistência a altas temperaturas; ➢ Materiais que precisem ser aquecidos não devem ser colocados diretamente na chama, a não ser que seja estritamente necessário e você tenha sido treinado para isso; ➢ Não utilize substâncias cujos frascos não possuem rótulos (produtos químicos desconhecidos ou sem identificação); ➢ Utilize capelas com a exaustão ligada para manipular solventes voláteis, ácidos e bases fortes que podem gerar gases; ➢ Nunca utilize capelas para guardar reagentes e vidrarias; ➢ Não utilize a boca para pipetar; ➢ Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) sempre de acordo com os procedimentos que irá realizar (o mínimo recomendado: jalecos, calças, sapatos fechados, luvas e óculos de segurança; evitar o uso de lentes de contato, pois em caso de acidentes elas podem agravar as lesões no globo ocular); ➢ Procure se informar sobre os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e como funcionam. Exemplos de EPC são: chuveiros de segurança, lava-olhos, extintores de incêndio, caixas de primeiros-socorros e baldes com materiais porosos para contenção de vazamentos de produtos (areia ou similares); ➢ Verifique a forma de descarte dos resíduos e se você precisará de vasilhames específicos para armazená-los para uma possível destinação mais adequada; ➢ Ao término do seu trabalho, limpe as superfícies de bancadas e capelas utilizadas e, por último, lave as mãos com água e sabão; ➢ Retire os EPIs e jogue fora materiais descartáveis de uso único (como é o caso da maioria das luvas). COMO PROCEDER EM ACIDENTES Todo acidente deve ser relatado ao responsável pelo laboratório, por menor que pareça. Antes de manusear qualquer produto químico, você também precisará se informar sobre as propriedades químicas específicas daquele material. As principais vias de contaminação são: inalação, absorção dérmica e ingestão. No caso de contaminações específicas, lembre-se que os laboratórios podem e devem conter manuais voltados para a atuação pretendida no local, a fim de que a especificidade daquele local seja conhecida pelos seus usuários. Algumas recomendações em casos de acidentes são: ➢ Se o acidente for na área dos olhos: lave a parte afetada com baixa pressão por aproximadamente 15 minutos, e depois procure atendimento oftalmológico; ➢ Quanto em contato com a pele: lave a área afetada com sabão e bastante água e, em seguida, busque atendimento médico emergencial; ➢ Riscos de inalação: remova a vítima para um ambiente mais ventilado e imediatamente a encaminhe para atendimento médico adequado; ➢ Ingestão: encaminhe o usuário imediatamente para serviço médico. A ingestão é considerada uma via secundária de contaminação, e ocorre justamente devido ao não cumprimento das normas de segurança; ➢ Em caso de derramamento: utilize materiais neutralizantes que removam e contenham o espalhamento, evitando que o usuário tenha sua saúde prejudicada. EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS DE LABORATÓRIO Os cuidados e procedimentos a serem tomados no uso dos equipamento dependem da prática em questão. Definições como quantidades de vidraria necessárias, necessidade de lavar/secar o material imediatamente antes do uso, vidraria específica para cada tipo de análise e os procedimentos adequados de higienização (e.g., produtos específicos, deixar de molho ou não, esterilizar em autoclave, levar ou não na mufla) dependem do tipo de vidraria e do uso aplicado e, portanto, todos esses elementos devem ser verificados em materiais específicos para sua área de atuação. Agora, observe a seguir alguns equipamentos muito utilizados em laboratórios e seu principal uso recomendado: ➢ Um almofariz e um pistilo são materiais utilizados para trituração (maceração) e homogeneização de sólidos: Figura 18. Almofariz e pistilo de porcelana. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. ➢ Um funil de separação é destinado à decantação e separação de líquidos imiscíveis: Figura 19. Funil de separação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. Um balão volumétrico pode ser utilizado no preparo e diluição de soluções com volumes precisos e prefixados. Já um béquer, em geral, é indicado para aquecimento de líquidos, dissolução de sólidos (utilizando-se bastão de vidro) e preparo de soluções exotérmicas: Figura 20. Preparo de soluções: balão volumétrico (a) e béquer (b) sobre um aquecedor. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. Um frasco de Erlenmeyer convencional é utilizado para líquidos mais voláteis e em processos de titulação; ao passo que um frasco de Kitasato é um Erlenmeyer utilizado sob pressão e em reações com a coleta de gases: Figura 21. Frasco de Erlenmeyer: convencional (a) e para filtração com bombas à vácuo (b). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. ➢ Uma bureta é utilizada para medições volumétricas precisas e, em especial, nos procedimentos titulométricos, enquanto que provetas são utilizadas para medidas precisas de volumes com e sem tampas (para ensaios específicos): Figura 22. Medição de volumes em ensaios: bureta destinada à titulação de volumes precisos (a) e provetas graduadas (b). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. Pipetas graduadas e volumétricas são materiais para medidas precisas de volumes fracionados (23a) ou volumes fixos (23b). Ademais, um tipo de pipeta sem a mesma precisão mas muito utilizada é a pipeta tipo conta-gotas (23c): Figura 23. Pipetas: graduada (a), volumétrica (b) e plástica de Pasteur (c). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. ➢ Um pipetador possibilita a medição de volumes líquidos precisos: Figura 24. Pera de borracha para sucção de líquidos utilizada com pipetas volumétricas ou graduadas (a) e pipetadores automáticos, usualmente utilizados com ponteiras plásticas (b). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. ➢ Cápsulas de porcelana são utilizadas para evaporação de soluções e/ou amostras líquidas e secagem de sólidos: Figura 25. Cadinho de porcelana com fundo chato. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. ➢ Uma pisseta é um frasco plástico utilizado, em geral, com água destilada para lavagem de frascos e precipitados, podendo também ser utilizada para completar volumes. Em algumas situações pode ser usada para fins de limpeza, como com álcool, por exemplo. Seu uso propicia maior controle do jato de líquido utilizado: Figura 26. Frasco lavador plástico(pisseta) com água destilada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. ➢ Para a pesagem de materiais, utilizamos o dessecador para que sólidos esfriem após seu aquecimento sem umedecer, para posteriormente medir a massa na balança analítica de alta precisão: Figura 27. Dessecador de vidro com placa de porcelana (a) e equipamento para medição de massas de alta precisão (b). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 25/05/2020. SINTETIZANDO Os modelos atômicos evoluíram e, apesar de outros existirem, vimos brevemente os conceitos apresentados por Demócrito não científico , Dalton, Rutherford, Bohr e Schrödinger. Assim, a organização dos átomos conta com três partículas elementares (prótons, elétrons e nêutrons), mas também possui a atuação de uma estrutura em nuvens de elétrons que forma diferentes níveis de energia, tornando possível entender amplamente a natureza da matéria e da radiação. Sabendo que há uma dualidade onda-partícula na formação da matéria, exploramos a compreensão da estrutura eletrônica, como os elétrons estabelecem os níveis de energia e a troca de energia entre matéria e radiação (conceito quanta). Ainda nas regiões de nuvens de elétrons, pudemos concluir que os níveis de energia são conhecidos por orbitais e também influenciam nas interações com outros átomos. Vimos que a energia de ionização e a afinidade de elétrons favorecem algumas reações, além de quais são os tipos de compostos preferencialmente formados. Assim, a energia de ionização configura-se como uma medida da ligação de um átomo com seus próprios elétrons, enquanto que a afinidade eletrônica é uma medida de como um átomo atrai elétrons de outras fontes. Também estudamos como a Tabela Periódica é organizada atualmente. Os elementos são organizados por seus números atômicos: as linhas horizontais são períodos e as colunas verticais são grupos ou famílias. Um grupo de elementos tende a possuir propriedades físicas e químicas semelhantes, ainda que haja outras tendências de interação das propriedades químicas que regem as reações e atividades químicas. Por fim, analisamos brevemente os conceitos introdutórios das práticas experimentais, algumas recomendações de segurança em laboratório e, finalmente, uma curta descrição e aplicação dos materiais mais utilizados na experimentação química. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. ATKINS, P. What is chemistry? Oxônia: Oxford University Press, 2013. BIANCO, R. J. F.; SILVA JÚNIOR, C. R.; TORRES, E. Química geral experimental. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2015. BURDGE, J. Chemistry. 5. ed. New York: McGraw-Hill Education, 2020 CHANG, R. Química. 10. ed. [s.l.]: The McGraw-Hill Companies, 2013. COSTA, H. M. Ensaios mecânicos. 2019. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/335639923_Ensaios_Mecanicos>. Acesso em: 22 mai. 2020. ESTUDE mecânica quântica sozinho • Física Quântica • Física e Afins. Postado por Física e Afins. (22min. 11s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mzLt7q6gS1w&t=154s>. Acesso em: 22 mai. 2020. https://www.researchgate.net/publication/335639923_Ensaios_Mecanicos https://www.youtube.com/watch?v=mzLt7q6gS1w&t=154s FÍSICA quântica explicada. Postado por Ciência Todo Dia. (13min. 49s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eA1E2HGdbKg>. Acesso em: 22 mai. 2020. LEITE, C. M. C. Traçadores ambientais como ferramentas de identificação da origem e idade das águas subterrâneas do sistema de abastecimento público no município de São Carlos. 2019. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18138/tde-13022020-171557/pt- br.php>. Acesso em: 22 mai. 2020. MACÊDO, G. M. E.; OLIVEIRA, M. P.; SILVA, A. L.; LIMA, R. M. A utilização do laboratório no ensino de química: facilitador do ensino – aprendizagem na Escola Estadual Professor Edgar Tito em Teresina, Piauí. 2010. Disponível em: <http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewF ile/1430/492.> Acesso em: 19 mar. 2020. PETRUCCI, R. H.; HERRING, G.; MADURA, J. D.; BISSONNETTE, C. General Chemistry: principles and modern applications. 11. ed. Toronto: Pearson, 2017. RUSSELL, J. B. Química geral: volume 1. 2. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1994. SILVA, R. R.; BOCCHI, N.; ROCHA-FILHO, R. C.; MACHADO, P. F. L. Introdução à química experimental. 2. ed. São Carlos: EdUFSCar, 2014. TABELAPERIODICA.ORG. Tabela periódica. 2020. Disponível em: <https://www.tabelaperiodica.org/wp-content/uploads/2020/03/Tabela-completa-5- algarismos-sem-intervalo-v8-colorida.pdf>. 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