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Resenha -Corpos Dóceis Alexandre

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Período Único Turma I 
 
 
CAMILLE SE ASSIS BASTOS RA 208649 
DEBORA ESTEFANE CUSTODIO RA 208721 
LUCAS DE SOUZA VICTORINO RA 208700 
TAYNA MIKAELA TELES RA 208430 
 
 
 
 
 
 
 
Resenha Crítica do texto Vigiar e Punir, Capítulo: Os corpos dóceis (Michel Foucault) 
 
 
 
 
 
 
 
 
COTIA -SP 
2020 
 
 
CAMILLE SE ASSIS BASTOS RA 208649 
DEBORA ESTEFANE CUSTODIO RA 208721 
LUCAS DE SOUZA VICTORINO RA 208700 
TAYNA MIKAELA TELES RA 208430 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CORPOS DÓCEIS 
 
 
 
Resenha sobre o capítulo Corpos Dóceis, da obra 
Vigiar e Punir de Michel Foucault, apresentado à 
Faculdade Lusófona de São Paulo. 
 
 Professor Me : Alexandre Marciano 
 
 
 
 
 
 
 
Cotia – SP 
2020 
 
CORPOS DÓCEIS 
 
Michel Foucault (1926-1984) foi um filosofo historiador de ideias, 
professor, crítico literário, teórico social e filólogo francês, conhecido por sua posição 
contrária ao sistema prisional tradicional. Além disso era ativista, sendo ativo em 
manifestações acerca dos direitos humanos e dos direitos da população marginalizada. 
Vigiar e Punir foi publicado em 1975. Se trata de uma das obras mais famosas do autor 
e se desenvolve a partir da questão da disciplina e do poder no mundo moderno. 
Também se debruça com cuidado sobre a importante mudança de estratégia que 
abandonou a punição em troca da vigilância constante e reguladora. A presente resenha 
possui como enfoque o capítulo Corpos Dóceis o qual possui subcapítulos sendo eles: 
“A arte das distribuições”, “O controle da atividade”, “A organização das gênesis” e “A 
composição das forças”. 
Segundo Foucault, para regular a vida dos indivíduos existe o “poder disciplinar”, 
empregado em hospitais, escolas, fábricas e prisões. Para explicar essa nova forma de 
disciplina e vigilância, Foucault cita o clássico exemplo do Panóptico, “vê-se tudo” 
para prisões. Trata-se de uma estrutura em forma circular, com uma plataforma de 
observação erguida no meio, possibilitando que observador vigie e seja vigiado. O 
sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: “o 
olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação com o exame”. 
Corpos dóceis se inicia ao retratar a figura ideal de um soldado no século 
XVII. Michel Foucault detalha, por exemplo, a postura do combatente “O soldado é 
antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor 
e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua 
valentia; e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas essencialmente 
lutando as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, 
em boa parte, de uma retórica corporal da honra"... Se faz a partir do trecho, alusão à 
práticas militaristas de disciplinação, que ao longo do capitulo são abordadas com 
frequência: o homem adestrado, milimetricamente construído, formado a partir de um 
trabalho minucioso, detalhado, demorado e recorrente, dotado de uma moral construída. 
" É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser 
transformado e aperfeiçoado."... O corpo dócil é um corpo útil e disciplinado e acima de 
tudo, produtivo. 
Os conventos, exércitos e oficinas são locais antigos de aplicação de métodos 
disciplinares, mas, no decorrer dos séculos XVII e XVIII, se tornaram “fórmulas gerais 
de dominação”. O corpo humano se encontra em uma maquinaria de poder que o 
esquadrinha, o desarticula, e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é igualmente 
uma “mecânica do poder”, ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos 
outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se 
quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina 
fabrica assim corpos submissos e exercitados. 
Corpos que passaram a ser alvos de técnicas que definem o investimento político ao 
corpo, nova pedra bruta a ser lapidada, o corpo é visto em detalhe, como vasto território 
a ser explorado, controlado e constituído. Marcado pelo poder. A disciplina é uma 
anatomia política do detalhe..."A minúcia dos regulamentos, o olhar esmiuçante das 
inspeções, o controle das mínimas parcelas da vida e do corpo darão em breve, no 
quadro da escola, do quartel, do hospital ou da oficina, um conteúdo laicizado, uma 
racionalidade econômica ou técnica a esse cálculo do ínfimo e do infinito". O olhar 
detalhado das disciplinas sobre os corpos depende de um conjunto de técnicas, 
processos e um saber específico do corpo, de modos de descrição, de receitas para 
aperfeiçoamento além de métodos de coleta e análise de dados. “E desses 
esmiuçamentos, sem dúvida, nasceu o homem do humanismo moderno”. 
Almejando a eficácia, a disciplina, em primeira instância, age na distribuição dos corpos 
pelo espaço, ou seja ,os indivíduos devem ser imediatamente localizáveis "cada 
indivíduo no seu lugar, e em cada lugar, um indivíduo". 
O espaço se torna "quadriculado", de forma a não existirem grupos confusos. A ideia é 
diminuir o desconhecido: restringir a circulação e tornar o ambiente organizado de tal 
forma que não se encontra espaço para vadiagem. 
Apenas enclausurar corpos não se faz efetivo, pois mesmo que agrupados em cercas, 
precisam se tornar úteis. Vigiar e ser vigiado não é só produtivo, mas também um valor 
intrínseco a disciplinação, e qual ambiente é mais propício para a manutenção do poder 
e dar valor utilitário que a escola? A sala de aula é um ótimo exemplo de lugares nos 
quais além de se ensinar também se individualiza, categoriza e se posiciona indivíduos 
como peças de xadrez. 
 O controle do tempo, a disciplina crescente e a imposição da rotina é 
encontrado atualmente na sociedade em sua totalidade, seja em instituições específicas 
ou em cada indivíduo. 
 A divisão do tempo era aplicada pela igreja, mas escolas e indústrias como 
forma de introdução à rotina do ambiente propriamente dita. Logo, nas escolas orava-se 
antes de começar a aula, enquanto que na indústria os funcionários ofereciam seu trabalho 
à Deus para começar a trabalhar. Ambos ambientes buscam a otimização do tempo para 
que a função seja bem executada, seja pela cobrança constante ou pelas mudanças no 
ambiente que não permitam distrações. 
 Essas características do tempo, também são utilizadas pelo exército para 
padronizar os comportamentos do batalhão, no qual, com as distâncias definidas com 
exatidão e a padronização dos comportamentos de acordo com cada situação, pode-se 
alcançar o êxito, como acontece com a marcha, em que todos os soldados iniciam com o 
pé direito. 
 Com o tempo, essas atividades alcançam o objetivo final da rapidez e 
usados objetos rotineiros com facilidade, como ocorre com o aluno que consegue copiar 
cada vez mais rápido, o soldado que manuseia seu fuzil com maestria ou o operário que 
exerce sua função da melhor forma e com o mínimo de tempo. O tempo entra no corpo e 
com ele uma forma minuciosa de poder. 
Em relação a organização das gênesis, o ensino é organizado por etapas, que 
se assemelham por seus objetivos. Na escola de Gobelins, os alunos eram organizados 
em diferentes turmas de acordo com o grau de conhecimento já adquirido, e, ao 
aprenderem algo, os alunos praticavam, faziam exercícios de fixação no colégio e em casa 
para guardarem melhor o conteúdo e, ao final do ano faziam uma avaliação. 
A mesma essência do ensino é utilizada no exército, onde o grau de 
conhecimento é classificado pelas patentes, os conteúdos que cada uma deverá aprender 
é de acordo com o grau de dificuldade de cada segmento; ao término de cada segmento, 
para subir de nível hierárquico é necessário uma prova e, dependendo do grau de 
dificuldade dos conteúdos, estes podem ser subdivididos em subsegmentos. 
Essa técnica de aprendizagem éutilizada atualmente não só em escolas e no 
exército, mas pôde-se perceber semelhanças com o ambiente corporativo e com a 
estrutura do ensino superior. Não obstante, no ambiente corporativo não há a aplicação 
de avaliação propriamente dita para alcançar cargos mais altos. Já a respeito da estrutura 
do ensino superior não foge à regra visto que, após ver o conteúdo, os alunos são avaliados 
com base nele e para fixação são aplicados trabalhos, resenhas, leituras e exercícios. 
Por fim, o exercício é comum a todas essas estruturas de ensino, pois permite 
ao indivíduo a aprendizagem constante, de forma que, quanto mais exerce determinada 
função e se bem avaliado, mais qualificado é para fazê-la. 
Partindo de uma análise pautada nas formações táticas de tropas em meados 
do século X e sua iminente necessidade de transformar soldados em peças de uma 
máquina de objetivo especifico, Foucault busca demonstrar a inevitabilidade das 
disciplinas de atenderem a uma nova exigência: a construção de um aparato com efeitos 
máximos que seriam obtidos a partir da articulação de suas partes. 
A modernidade, possibilitou ao poder copiosas possibilidades de controle e 
disciplinaçao, fazendo com que os corpos, que nela abitam, sejam membros de um 
maquinário que os tornou produtivos porem inativos politicamente, controlando os seus 
movimentos, os espaços que ocupam e como ocupam e até mesmo o tempo que utilizam. 
Para que se tenha um corpo domesticado a escola se faz um instrumento 
fundamental, na qual se maximiza o tempo, hierarquiza-se os indivíduos, se recompensa 
aqueles que se mostram submetíveis porém lucrativos e desenvolve-se o uso de sinais 
para que esses corpos aprendam a seguir os comandos sem ao menos uma palavra. 
Perante os ensinamentos acatados durante a vida escolar, também se tem 
presente de forma ainda mais intensa os moldes que enquadram os indivíduos durante sua 
vida adulta, nos quais os mesmos finalmente irão funcionar como partes reais da máquina 
de produção, e para aqueles que não se adequam sempre estarão disponíveis outros meios 
de coerção como: hospícios e prisões, afinal, todos os corpos sendo eles considerados 
membros ativos do grande maquinário social ,ou não, se encontram em constante alarde 
esperando o próximo comando. 
De forma concisa Michael Foucault cria durante sua obra a tese de que o 
poder não apenas reprime, mas também cria ideias e conduz em uma sociedade disciplinar 
que não se desenvolve de acordo com um sujeito em particular, mas sim com a junção 
de diversos âmbitos sociais que com técnicas específicas vigiam, corrigem e examinam. 
Sua obra mesmo que interessante, também pode servir de grande ajuda para 
universitários, e para entende-la por completo se faz necessário pesquisas sobre o 
contexto histórico em que foi escrita e o contexto do autor perante a mesma, porém, é 
indiscutível que vigiar e punir, mesmo que escrito anos atrás, ainda espelha as formas de 
dominação existentes na sociedade e todos que lerem terão uma nova perspectiva sobre o 
mundo e suas relações. 
 
 
Palavras chaves: Dóceis, disciplina, divisão, útil. 
 
BIBLIOGRAFIA 
Foucault, Michel. Corpos Dóceis, Vigiar e Punir. Nascimento das prisões. 
Editora: Vozes; Edição 1ª (1 de janeiro de 2015) 
Tradução de Raquel Ramalhete, Petrópolis, Vozes, 1987.

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