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Direito Societário

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Direito Societário
Teoria Geral do Direito Societário
1. Generalidades
No Título II do CC identifica-se no rol taxativo do art. 44 as pessoas jurídicas de direito privado:
I. As associações;
II. As sociedades;
III. As fundações;
IV. As organizações religiosas;
V. Os partidos políticos; e
VI. As empresas individuais de responsabilidade limitada.
As sociedades se dividem em sociedades simples (antigas sociedades civis) e empresárias, sendo o parâmetro legal de caracterização de uma e de outra, a própria natureza da atividade econômica que constitui seu objeto. O mesmo vale para a EIRELI, pois igualmente pode ter seu objeto atividade empresarial ou simples. Assim, a empresarialidade (organização profissional dos fatores do produção) de sua atividade (objeto social) define a sociedade como empresarial, sendo a simples a que não possui.
Art. 966 – Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a circulação de bens e serviço.
Parágrafo único – Não se considera empresário quem exerce atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
2. Definição de Sociedade Empresária
É a relação jurídica decorrente da conjunção de esforços de duas ou mais pessoas para, mediante exploração de uma mesma atividade econômica, simples ou empresarial, para alcançar resultado lucrativo que será ulteriormente distribuído entre os envolvidos, sócios ou acionistas. Ela pode ser exercida de três maneiras distintas: Empresa individual, empresa com responsabilidade limitada e empresa coletiva.
A. Empresário Individual – é a pessoa natural em cujo nome exclusivo explora uma atividade empresária.
B. EIRELI – é a possibilidade de uma só pessoas compor essa nova forma jurídica, sendo que seu patrimônio pessoal não será afetado pelas dívidas da empresa.
C. Empresa Coletiva – refere-se a sociedade empresária, pessoa jurídica cuja atividade (empresa) se exercita sobre uma firma (social), afetando-se para tanto o patrimônio social.
3. Elementos da Sociedade Empresária
O estudo da matéria societária abrange as sociedades simples e empresárias, sendo essa distinção estabelecida prioritariamente a partir do respectivo objeto (a atividade meio que utiliza a pessoa jurídica, societária ou não, como é o caso da EIRELI) para alcançar seu objetivo fim (que é a obtenção de lucro).
Art. 982 – Salvo exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e, simples, as demais.
Parágrafo único – Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
3.1 Pluralidade de pessoas – decorrência direta do ato constitutivo societário, a regra é pela exigência de pelo menos dois sócios, sejam eles pessoas jurídicas ou físicas.
Em exceção, a legislação brasileira admite a caracterização da unipessoalidade societária, perene ou temporária, nas hipóteses a seguir:
· Unipessoalidade incidental temporária – decorre da circunstância eventual de o quadro social ser reduzido, por qualquer razão, a apenas um integrante. Assim, terá o sócio remanescente o prazo improrrogável de 180 dia para restabelecer a pluralidade, sob pena de dissolução de pleno direito da sociedade. Idêntica situação pode ocorrer nas Sociedades por Ações se, por qualquer razão alheia à constituição de sociedade subsidiária integral, tiver seu quadro acionário reduzido a apenas um integrante, sendo esta condição constatada em Assembleia Geral Ordinária de Acionistas. Neste caso, terá a sociedade até a próxima Assembleia Geral Ordinária para restabelecer a pluralidade de acionistas, ou seja, até cerca de um ano para recompor o quadro acionário, sob pena de dissolução de pleno direito.
· Sociedade por ações subsidiária integral ou sociedade subsidiária integral ou sociedade unipessoal - trata-se de uma sociedade por ações constituída sob forma de Sociedade Anônima, tendo como única acionista uma sociedade brasileira. Neste caso, a sociedade em referência é unipessoal, dotada de apenas uma sócia, mas a única sócia, sendo pessoa jurídica societária, será necessariamente composta por dois ou mais sócios, cumprindo a disposição pluripessoal. A subsidiária integral originária não possui a natureza de contrato plurilateral, mas de negócio jurídico unilateral, semelhante ao ato constitutivo das fundações, e se erige (institui), do ponto de vista empírico, em um patrimônio afetado ao exercício da atividade econômica de sua única acionista. Por pertinente, convém ressaltar que apesar de toda essa vinculação, nos casos de extensão da responsabilidade obrigacional entre integrantes de um mesmo grupo societário, não se olvida (esquece) da distinção existencial, da autonomia existente, entre a Sociedade Subsidiária Integral e sua única acionista.
· Empresa Pública - apesar de poder adotar qualquer dos tipos societários previstos no CC, é muito comum a adoção da forma de S.A. Em todo caso, a sua criação depende de autorização legal que lhe designa a finalidade. Tendo por característica a unipessoalidade, eis que o Estado é o único sócio/acionista.
· EIRELI – trata-se da empresa individual de responsabilidade limitada que é constituída por uma só pessoa, titular da integralidade do capital, cujo valor não pode ser inferior a 100 salários mínimos, devendo ser totalmente integralizado no ato de sua constituição.
3.2 – Empresarialidade - a regra contida no art.982 do CC exige que se reconheça no objeto social uma atividade empresária, vale dizer, que atividade explorada pela pessoa jurídica se amolde na descrição legal contida no art.966 com a presença de cinco elementos caracterizadores da empresarialidade:
· Profissionalismo – é exercício reiterado e diário da atividade pelo agente empresaria.
· Economicidade – a atividade empresarial deve ser desenvolvida visando lucratividade.
· Organização – pressupõe a convergência dos denominados fatores de produção: mão-de-obra, matéria-prima, capital e a tecnologia.
· Produção ou a Circulação de bens e serviços;
3.3 Patrimônio Próprio – considerando-se que o objetivo principal do exercício coletivo da atividade empresária é a criação de um novo entre, a pessoa jurídica societária, em cujo nome exclusivo será exercido a empresa (atividade econômica), nada mais natural que a providência jurídica de assegurar a ela autonomia existencial completa em relação aos sócios que a compõem. Neste sentido, necessária será a composição de um capital (social), decorrente da contribuição de todos ou de alguns sócios, sendo este parâmetro inicial da formação do patrimônio da sociedade, de existência totalmente distinta e independente do patrimônio individual de cada um dos sócios. Ficando o patrimônio social afetado pela exploração do objeto social, ou seja, servindo de subsídio para viabilizar a existência jurídica da sociedade (e sua atuação) independentemente da vida física dos sócios que a compõem.
Assim, a sociedade e a EIRELI, somente são reconhecidamente “autônomas” porque com o registro adquirem personificação e passam a exercer na plenitude a capacidade jurídica que daí decorre, providência possível exatamente porque são dotadas de um patrimônio próprio (social), que é distinto do patrimônio particular de cada um dos sócios, jamais podendo se confundir, com pena de providência caracterizadora de fraude.
4. Terminologia
4.1 Associação – trata-se de uma pessoa jurídica de direito privado resultante da união de duas ou mais pessoas para o exercício conjunto de uma mesma atividade não empresarial (simples), sem finalidade lucrativa.
4.2 Sociedade – pessoa jurídica de direito privado, resultante da reunião de duas ou mais pessoas para exercício coletivo de uma atividade simples ou empresária visando objetivos econômicos (com finalidade lucrativa).
4.3 Companhia – para menção à Sociedade Anônima.
4.4 Empresa – diferentemente do uso coloquial, não podeser entendida como sinônimo de sociedade ou mesmo de empresário individual. A empresa constitui um organismo econômico que combina os fatores da natureza, capital e trabalho para a produção e circulação de bens e serviços. A sociedade é apenas a forma de constituição do empresário coletivo, ou seja, é a roupagem jurídica com que se veste a empresa coletiva.

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