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Cleuza Boschilia 2a Edição revista © Copyright - Todos os direitos reservados à Av. Casa Verde, 455 – Casa Verde Cep 02519-000 – São Paulo – SP e-mail: sac@rideel.com.br www.rideel.com.br Proibida qualquer reprodução, seja mecânica ou eletrônica, total ou parcial, sem prévia permissão por escrito do editor. 2 4 6 8 9 7 5 3 1 0 1 0 6 Expediente Editor Italo Amadio Editora Assistente Katia F. Amadio Assistente Editorial Edna Emiko Nomura Revisão Ana Maria de Carvalho Tavares, Liduína Santana, Maria Teresa Martins Furtado Revisão Técnica Daniela Lopes Escarpa Elaboração do Encarte e Coordenação Pedagógica Tânia Dias Queiroz Mapas e Diagramação Kid’s Produções Gráficas Projeto Gráfico Jairo Souza Ilustração Fabiana Fernandes, Glória Costa e Markus Steiger Capa Antonio Carlos Ventura Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Boschilia, Cleuza Biologia : teoria e prática / Cleuza Boschilia ; [ilustradores Fabiana Fernandes, Gloria Costa, Markus Steiger]. 2. ed. rev. – São Paulo : Rideel, 2006. ISBN 85-339-0804-0 1. Biologia – Estudo e ensino I. Fernandes, Fabiana II. Costa, Gloria. III. Steiger, Markus. IV Título. 05-9959 CDU-570.7 Índice para catálogo sistemático: 1. Biologia: Estudo e ensino : Guias 570.7 APRESENTAÇÃO Esta obra foi concebido para aqueles que almejam desenvolver ou con- cluir seus estudos de Biologia, para os que se preparam para participar dos principais vestibulares do país, e a todos que se interessam pela matéria. É um livro completo e fiel aos conteúdos programáticos atuais e vigentes. Sua importância está, também, em sua utilização como fonte de pesquisa, pois, além de a teoria ter sido apresentada de forma concisa e objetiva, foi distri- buída com o equilíbrio necessário para a sistematização dos estudos e das consultas. O conteúdo da obra está distribuído por vinte e quatro capítulos com linguagem clara e objetiva, contextualizados além de gráficos, ilustrações e fotos, que dialogam com o texto auxiliando na compreensão deles. Todos os capítulos receberam, ao final, testes e questões de vesti- bulares aplicadas pelas melhores instituições educacionais de Ensino Superior do país. Além dos conteúdos conceituais a obra é complementada pela seção Bionotícias com o intuito de vincular os conteúdos apresentados com a realidade do mundo em que vivemos de forma a estimular a curiosidade e a permitir a compreensão do todo, desenvolvendo o pensamento crítico e a autonomia intelectual. Certamente esta obra será de grande valia para o leitor, seja estudante ou interessado, em geral, da Biologia e seus avanços. O Editor SUMÁRIO Capítulo 1 – Introdução à Biologia .................................................................................. 9 Conceito de Biologia e sua importância, 9. O que é vida?, 9. Bionotícias – Divisões da Biologia, 11. Os níveis de organização dos seres vivos, 13. A origem da vida e a teoria gradual dos sistemas químicos, 14. Teorias da abiogênese e da biogênese, 16. Testes, 18. Questões, 20. Capítulo 2 – A célula ........................................................................................................ 21 Microscópio e a descoberta da célula, 21. Bionotícias – Neurônios produzidos em laboratório, 23. Teoria celular, 24. Aspectos gerais das células procarióticas e eucarióticas, 25 Estudo comparativo entre células animais e vegetais, 26. Composição química da célula, 27. Bionotícias – Alimentos transgênicos: riscos e benefícios, 29. Bionotícias – Comida a quilo: nem sempre a melhor opção, 31. Estudo da estrutura celular, 34. Testes, 45. Questões, 47. Capítulo 3 – Ácidos nucléicos ........................................................................................ 48 Ácido desoxirribonucléico (DNA), 48. Bionotícias – Seqüenciamento do genoma abre nova era para o câncer, 50. Bionotícias – Gene da longevidade, 53. Testes, 57. Questões, 58 Capítulo 4 – Ciclo celular ............................................................................................... 59 Intérfase, 60. Divisão celular, 61. Testes, 70. Questões, 71. Capítulo 5 – Produção de energia da célula ................................................................ 72 Respiração anaeróbica ou fermentação, 72. Respiração aeróbica, 76. Fotossíntese, 79. Testes, 83. Questões, 84. Capítulo 6 – Taxionomia dos seres vivos (classificando a diversidade biológica) .......................................................................... 85 Sistema de classificação e nomenclatura, 86. Diversidade dos seres vivos e critérios de agrupamento dos reinos, 88. Testes, 88. Questões, 89. Capítulo 7 – Vírus: um caso à parte .............................................................................. 90 Características gerais dos vírus, 90 Estrutura viral, 90. Principais viroses, 92. Bionotícias – Brasil quebra patente de remédio anti-Aids, 93. Testes, 98. Questões, 99. Capítulo 8 – Reino Monera ........................................................................................... 100 Bactérias, 100. Bionotícias – Dicas para aprender, 102. Testes, 107. Questões, 108. Capítulo 9 – Reino Protista .......................................................................................... 109 Protozoários, 109. Algas, 116. Testes, 119. Questões, 119. Capítulo 10 – Reino Fungi ............................................................................................ 120 Doenças causadas por fungos, 125. Testes, 125. Questões, 126. Capítulo 11 – Reino Plantae ou Metaphyta – Os Vegetais ....................................... 127 Critérios para classificar os vegetais, 127. Bionotícias – Desflorestamento, 137. Bionotícias – Tomate transgênico pode prevenir câncer, 141. Testes, 142. Questões, 143. Capítulo 12 – Histologia, Anatomia e Fisiologia Vegetal ......................................... 144 Histologia, 144. Anatomia e fisiologia, 149. Raiz, 149. Caule, 153. Folha, 156. Hormônios vegetais, 161. Fotoperiodismo, 164. Testes, 165. Questões, 166. Capítulo 13 – Reino animalia ou metazoa – os animais ........................................... 167 Poríferos, 167. Cnidários, 170. Platelmintos, 173. Nematelmintos, 179. Anelídeos, 182. Artrópodes, 184. Bionotícias – Exemplo de sociedade organizada, 188. Moluscos, 192. Bionotícias – Dinossauros: ágeis como os pássaros, 193. Equinodermos, 195. Cordados, 196. Testes, 207. Questões, 208. Capítulo 14 – Fisiologia animal .................................................................................... 209 Nutrição, 209. Reprodução, 236. Funções de relação, 243. Equilíbrio entre as funções, 250. Coordenação, 250. Testes, 263. Questões, 264. Capítulo 15 – Genética ................................................................................................. 266 Conceitos fundamentais em genética, 266. Genealogia, 268. Importância da genética e hereditariedade, 269. Testes, 274. Questões, 274. Capítulo 16 – Os trabalhos de Mendel ....................................................................... 275 O princípio da dominância, 276. A 1ª Lei de Mendel, 277. Proporções Mendelianas, 279. A 2ª Lei de Mendel, 279. Testes, 283. Questões, 283. Capítulo 17 – Alterações das proporções mendelianas ........................................... 285 Semidominância, 285. Genes letais, 286. Herança determinada por alelos múltiplos (Polialelia), 288. Testes, 295. Capitulo 18 – Determinação genética do sexo e ligação ao sexo .......................... 296 Determinação do sexo, 296. Principais aneuploidias: humana, 301. Herança ligada ao sexo, 303. Herança ligada ao sexo no ser humano, 304. Herança restrita ao sexo, 306. Herança influenciada pelo sexo, 306. Testes, 307. Capítulo 19 – Interações entre genes ......................................................................... 308 Interação gênica, 308. Herança quantitativa, 311. Pleiotropia, 313. Epistasia, 314. Testes, 315. Questões, 315. Capítulo 20 – Linkage e mapa gênico .........................................................................316 Permuta ou recombinação gênica, 317. Testes, 320. Questões, 321. Capítulo 21 – Evolução ................................................................................................. 322 Teorias e evidências da evolução, 322. Adaptação e seleção natural, 327. Neodarwinismo, 328. Bionotícias – Mata Atlântica, 329. Especiação ( Formação de novas espécies), 331. Eras geológicas e origem dos grupos atuais, 332. Testes, 335. Questões, 335. Capítulo 22 – Ecologia .................................................................................................. 336 Introdução, 336. Conceitos fundamentais em ecologia, 337. Sucessão ecológica, 337. Bionotícias – O petróleo em declínio, 339. Questões, 340. Capítulo 23 – Estrutura dos ecossistemas fluxo de energia e matéria ciclos biogeoquímicos .................................................................................... 341 Direcionamento dos fluxos energético e da matéria, 343. Cadeias e teias alimentares, 343. Pirâmides ecológicas, 345. Bionotícias – O hidrogênio moverá o mundo, 346. Testes, 351. Questões, 351. Capítulo 24 – A interferência do homem e os desequilíbrios ecológicos ............. 352 Poluição ambiental, 352. Efeito estufa, 353. Camada de ozônio, 354. Chuvas Ácidas, 355. Desmatamento, 355. Lixo urbano e poluentes radioativos, 356. Extinção das espécies, 357. Testes, 360. Questões, 360. Respostas dos testes e questões .................................................................................. 361 capítulo 1 9 c a p í t u l o 11111 INTRODUÇÃO À BIOLOGIA CONCEITO DE BIOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA Biologia é a ciência que estuda a vida e todas as suas manifestações vitais. Com origem no latim, bius significa vida, e logos, estudo. Podemos entender, então, a importância da Biologia em nossas vidas, pois permite identificar as transformações científicas, os grandes males dos nossos tempos, como AIDS, as drogas, a fome, os desequilíbrios ambientais e tantos outros que prejudicam a vida na Terra. E, sendo conhecedores desses fatos, pode- mos nos tornar cidadãos críticos, capazes de lutar pelo direito de viver em um mundo melhor. O QUE É VIDA? A vida é definida por meio de características ausentes nos seres não- vivos. As principais características que definem um ser vivo são: composição química complexa, organização celular, crescimento, reprodução, metabolis- mo, homeostase, reações a estímulos do ambiente e evolução. Vamos então analisar mais profundamente essas características. REAÇÕES A ESTÍMULOS DO AMBIENTE Os animais correm, saltam, nadam, procuram alimentos ou buscam parceiros para reprodução; os vegetais inclinam-se em movimentos mais lentos em direção à luz, as raízes movimentam-se em direção à fonte de água. Então a luz, a água, os alimentos, a necessidade de reprodução para a perpetuação da espécie são fatores estimulantes aos quais os seres vivos são capazes de reagir. capítulo 110 CRESCIMENTO O aumento do volume de um corpo nos permite dizer que ele cres- ceu. Nos seres vivos, esse crescimento acontece em decorrência do au- mento em número e tamanho das células. Isso ocorre devido à capacida- de de incorporar e assimilar alimentos, transformando-os em energia. REPRODUÇÃO Todo ser vivo é capaz de dar origem a seres semelhantes a ele. A reprodução pode ser assexuada, quando não envolve união de gametas (nome genérico para óvulo e espermatozóide) ou sexuada, quando en- volve união de gametas. COMPOSIÇÃO QUÍMICA Todos os seres vivos são formados por substâncias químicas seme- lhantes, que podem ser orgânicas ou inorgânicas. As proporções desses elementos são variáveis entre os seres vivos. a) Substâncias Inorgânicas São formadas por moléculas pequenas e com poucos átomos. As principais são: Substância percentual na célula animal Água 60% 75% Sais Minerais 4% 2,5% Substância percentual na célula vegetal b) Substâncias Orgânicas São formadas por grandes e complexas moléculas, tendo como ele- mento químico principal o carbono (C). As principais são: Substância percentual na célula vegetal Proteínas 17% 4% Lipídios 8% 1% Carboidratos 6% 13,5% Vitaminas e outras substâncias 2% 1% Ácidos Nucléicos 3% 3% Substância percentual na célula animal capítulo 1 11 Bionotícias Divisões da Biologia Biodiversidade: É a variedade biológica de plantas e animais existente em todo o mundo. Os grandes centros da biodiversidade terrestre são as terras úmi- das, especialmente a floresta Amazônica. A luta pela sua conservação é grande, pois, cada vez mais, está sendo ameaçada pelo desenvolvimento. Biofísica: É a aplicação das teorias e técnicas da física à biologia. Pode se referir ao estudo dos fenômenos naturais, como a condução elétrica dos impulsos nervosos, que estão relacionados com assuntos estudados na própria física, bem como à investigação de qualquer aspecto da biologia que se utilize de técnicas físicas complicadas. Em ambos os casos é necessário entender alguma coisa de física moderna para se realizar a pesquisa. A biofísica, que pretende ser matéria quantita- tiva, exata, fez grandes contribuições a muitas áreas da biologia, como a teoria da ação do músculo e do nervo, as propriedades físicas das membranas celulares e as estruturas do DNA e das proteínas moleculares – algumas com grande valor médico. Biogeografia: É o estudo da distribuição geográfica das coisas vivas, inclu- indo a fitogeografia (plantas) e a zoogeografia (animais). O objetivo inicial era coletar informação a respeito da distribuição das plantas e dos animais e identifi- car padrões definidos. Dividiu-se o mundo em regiões principais, geralmente con- tinentes ou grupos de continentes que possuíam uma flora ou fauna característi- ca. Esses dois conjuntos de regiões não têm exatamente as mesmas fronteiras. Biomassa: É o peso total de todos os organismos vivos em qualquer área dada, ou seu equivalente em energia. Na ecologia animal ou das plantas refere-se ao número de organismos multiplicado pelo seu peso unitário, normalmente biomassa fixa ou permanente, ou pelo pico, no caso de hábitats sazonais, como prados. Em desenvolvimento ambiental, refere-se à parte da produção da planta que pode ser reaproveitada para produzir energia, como álcool, lenha, comida ou lixo (lixo produz biogás). Bioquímica: É o estudo dos processos químicos que acontecem nos organis- mos vivos. Existem diferentes processos químicos para cada célula e são necessá- rias técnicas avançadas para sua identificação e estudo. Essas técnicas mostram que as células de todos os organismos contêm quatro grupos de moléculas muito grandes, ou macromoléculas: os dois ácidos nucléicos – DNA e RNA –, proteí- nas, carboidratos e lipídios. A bioquímica também demonstra que todos os orga- nismos compartilham basicamente as mesmas moléculas de vida. capítulo 112 METABOLISMO É a somatória de todas as atividades químicas que ocorrem em uma célula ou em todo o organismo. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será utili- zada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam, movi- mentem-se etc. O metabolismo divide-se em duas etapas: a) catabolismo: quebra das substâncias ingeridas, com liberação de ener- gia e sobra de resíduos. b) anabolismo: utilização da energia produzida para reparação, cresci- mento e demais atividades celulares. ORGANIZAÇÃO CELULAR Com exceção dos vírus, que são desprovidos de uma organização celular, todos os demais seres vivos são formados por células. Existem aqueles em que o ser é formado por uma célula – são os unicelulares (protozoários, bactérias). Mas a maioria é composta por muitas células. As células possuem a capacidade de se modificarem, diferenciando- se entre si. Dessa forma, elas podem desempenhar melhor suas funções. Grupos de células semelhantes se unem, dando origem aos tecidos; tecidos se unem para formar um órgão, e órgãos se unem formando o sistema. O conjunto de sistemas forma um organismo. HOMEOSTASE É a capacidade do organismode manter em equilíbrio seu meio interno. Um exemplo é a manutenção da temperatura de nosso corpo em 36,5 o C, mesmo que a temperatura ambiente seja 15 o C. EVOLUÇÃO Todo processo de modificações por que passam os seres vivos ao lon- go do tempo. As modificações que ocorrem ao acaso, devido a mutações aleatórias no material genético do ser vivo, quando favoráveis em determi- nado ambiente, serão selecionadas e mantidas ao longo de gerações por meio da reprodução. Esse processo é denominado seleção natural. capítulo 1 13 OS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS A biodiversidade entre os seres vivos em nosso planeta nos permite dividi-los em níveis e estudá-los separadamente, para melhor entender toda a sua complexidade, desde suas características moleculares até seu comportamento. Toda matéria orgânica ou inorgânica é formada por átomos (as me- nores partículas de um elemento químico). Dois ou mais átomos se unem para formar uma molécula. Exemplo: átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio formam a glicose (C6H12O6). ❑ Moléculas se unem formando grânulos (estruturas de função defini- da encontradas no interior da célula). Exemplo: mitocôndria – res- ponsável pela respiração celular. ❑ Orgânulos se unem para formar uma célula – unidade da matéria viva. ❑ Células: semelhantes na forma e na função, se unem para formar tecidos. Exemplos: tecido ósseo, nervoso. ❑ Tecidos: se unem para formar um órgão, que geralmente é formado por vários tecidos. Exemplo: olho, coração, boca. ❑ Órgãos: se unem para formar um sistema. Exemplo: sistema diges- tório, respiratório. ❑ Sistemas: se unem para formar um organismo. Exemplo: homem, cachorro. Os próximos níveis são denominados ecológicos: ❑ População: conjunto de organismos, ou indivíduos, pertencentes à mesma espécie e que habitam a mesma área geográfica, em um determinado tempo. ❑ Comunidade: conjunto de populações diferentes que habitam a mes- ma área geográfica, em um determinado tempo. ❑ Ecossistema: quando as comunidades estão relacionadas com o meio físico e químico do ambiente, há interação entre eles, dizemos que se trata de um ecossistema. Exemplo: uma lagoa – onde vivem pei- xes, algas, plantas interagindo com a água, a luz, o oxigênio – dize- mos que se trata de um ecossistema. ❑ Biosfera: é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, onde existe vida. capítulo 114 A ORIGEM DA VIDA E A TEORIA GRADUAL DOS SISTEMAS QUÍMICOS A preocupação do ser humano em desvendar a origem da vida data de antes de Cristo, tendo sido elaboradas várias hipóteses no decorrer de vários séculos. Por volta de 1927, os cientistas Oparin e Haldane elabora- ram a hipótese mais aceita atualmente, que se baseia nas transforma- ções e alterações da Terra primitiva. Segundo eles, a atmosfera primitiva era formada pelos gases: NH3(amônia); CH4 (metano); H2 (hidrogênio) e vapor de água. Por causa das altas temperaturas, durante um longo pe- ríodo ocorreu evaporação de água da superfície da Terra. Esses gases foram se acumulando na atmosfera e sofreram resfriamento, condensando- se e caindo em forma de chuvas. O resfriamento da superfície terrestre permitiu que a água se acu- mulasse nas depressões deixadas pelas erupções vulcânicas. A água car- regava partículas presentes no solo e partículas oriundas da atmosfera para as depressões, originando os mares e oceanos. Com o passar do tempo, as águas dos oceanos foram se transformando em verdadeiros caldos de substâncias, que seriam os precursores da matéria orgânica. As partículas foram-se aglomerando, dando origem a estruturas maiores – os coacervados (coacervar=reunir). Esses coacervados ainda não são seres vivos, mas aglomerados de substâncias orgânicas. Oparin e Haldane admitem que os coacervados continuaram a reagir entre si, dando origem a compostos mais complexos com capacidade de se repro- duzir. Teria surgido a primeira forma de vida. Moléculas simples encontradas na Terra primitiva são precursoras das moléculas orgânicas complexas. capítulo 1 15 EXPERIÊNCIA DE STANLEY L. MILLER Utilizando um aparelho formado por um sistema de vidros, Miller misturou os elementos químicos NH3, CH4, H2 e H2O, simulando a atmos- fera primitiva. Com a ação de descargas elétricas, simulou os raios que provavelmente atingiram a Terra primitiva. No fim da experiência, verificou que a mistura continha moléculas orgânicas, entre elas aminoácidos, substâncias que formam as proteínas. Essa experiência reforçou assim a hipótese gradual dos sistemas químicos de Oparin e Haldane. A HIPÓTESE HETEROTRÓFICA Para um ser vivo realizar suas funções e se reproduzir precisa de energia. Essa energia é obtida por meio dos alimentos. Os primeiros seres vivos eram estruturas simples, viviam em ambi- entes aquáticos, cercados por matéria orgânica (mares e oceanos primitivos) e incorporavam essa matéria orgânica para produção de energia. Seriam portanto seres heterotróficos (incapazes de produzir seus próprios alimentos). Nas condições atuais da Terra, a transformação dos alimentos em energia ocorre graças às reações com o oxigênio. Supondo que o oxigênio não fazia parte da atmosfera e de mares primitivos, os primeiros seres vivos conseguiam energia por meio de um processo anaeróbico – fermentação. Esses organismos anaeróbicos ou fermentadores reproduziam-se continuadamente, provocando escassez de matéria orgânica. Algumas mutações podem ter acontecido, permitindo a alguns seres utilizar a energia solar como fonte de energia. Surgiram assim os primeiros seres autótrofos ou fotossintetizantes (capazes de produzir seus próprios alimentos por meio da matéria inorgânica: gás carbônico, luz e água). No processo da fotossíntese ocorreu a liberação de gás oxigênio (O2) para a atmosfera, e com a presença desse gás surgiu a respiração aeróbica. A conclusão da hipótese heterotrófica é de que ocorreu primei- ramente a fermentação, em seguida a fotossíntese e posteriormente a respiração. capítulo 116 TEORIAS DA ABIOGÊNESE E DA BIOGÊNESE No decorrer dos séculos, inúmeras hipóteses têm sido elaboradas, na tentativa de entender se os seres vivos podem surgir da matéria inani- mada ou se dependem necessariamente de outro ser vivo. Por volta do ano 380 a.C., acreditava-se que a vida era gerada a partir da matéria bruta, como por exemplo: do lodo, do lixo, de roupas sujas e amontoadas, do sol e sob a interferência de forças vitais. A partir dessa linha de pensa- mento, surgiu a teoria da abiogênese ou da geração espontânea, segun- do a qual seres vivos podem nascer da matéria inanimada. Jan Baptist van Helmont (l577 – l644) médico fisiologista, formulava várias receitas sobre a Teoria da Abiogênese; uma delas explicava a ori- gem dos camundongos. “Em um vasilhame qualquer, fechado, misturam- se roupas usadas com suor e trigo; passadas aproximadamente três se- manas, o trigo transforma-se em ratos.” Hoje, sabe-se que os ratos eram atraídos pela mistura. Por volta de 1650, por meio de experimentos, começaram a surgir algumas teorias que combatiam a abiogênese ou geração espontânea. As que mais se destacaram foram: a) Francesco Redi (1626 – 1697) Observando carne contaminada por vermes, Redi elaborou a hipóte- se de que eles teriam se originado a partir de ovos postos por mos- cas. Para provar tal raciocínio, colocou carne em oito vidros, manten- A experiência de Redi mostrou que os vermes da carne em decomposição provêm de ovos de moscas. capítulo 1 17 do quatro deles abertos e os outros fechados, previamente esterili- zados. Após alguns dias, surgiram vermes apenas nos vidros aber- tos, provando assim que esses não surgiam espontaneamente da carne em estado de decomposição, e sim dos ovos postos pelas moscas. b) Por volta de 1750, renasce com Needhan a teoria da abiogênese Colocando em vários frascos uma sopa nutritiva (legumes, carnes etc.) e tampando os frascos para impedir a entrada do ar, ele sub- meteu os frascos a uma temperatura elevada e os resfriou nova- mente, na tentativa de matar os micróbios que neles já possivelmen-te existissem. Passados alguns dias, Needhan pôde ver que os fras- cos estavam cheios de micróbios novamente. Concluiu então que os micróbios tinham sido gerados espontaneamente. c) Por volta de 1770, Lazzaro Spallanzani refaz os experimentos de Needhan Ferveu novamente os frascos contendo a sopa nutritiva, por um tempo mais longo, tampando-os, e o caldo não mais apresentou o proces- so de contaminação. Needhan combateu Spallanzani, afirmando que, com o superaquecimento, o princípio ativo da vida havia sido elimi- nado. Spallanzani não conseguiu convencer, prevalecendo a teoria da geração espontânea. d) Louis Pasteur (1822 – 1895) anula a teoria da abiogênese e defi- nitivamente comprova a teoria da biogênese Pasteur realizou uma série de experiências conclusivas com seus famosos frascos de pescoço longo em forma de cisne. Submeteu os frascos com sopas nutritivas a fervura por tempo pro- longado. O pescoço fino e comprido dos vasos funcionava como fil- tro para as partículas e microrganismos que se encontravam em suspensão no ar, impedindo o contato com o caldo. Pasteur consta- tou que, após alguns meses, as soluções nutritivas continuavam isen- tas de qualquer tipo de contaminação. Para provar seu experimento, quebrou o pescoço de um dos frascos: o caldo em contato com o ar foi rapidamente contaminado. Colaborou, assim, com a queda da abiogênese, que foi substituída pela teoria da biogênese, a qual ba- seia-se na idéia de que toda vida provém de outra preexistente. capítulo 118 1 – (FMU/Fiam-SP) O esquema seguinte representa o período de evolução que vai de cerca de 4,5 bilhões de anos até hoje: t e s t e s Pasteur usou frascos com gargalos longos e retorcidos para derrubar um dos prin- cipais argumentos dos abiogenistas: o de que a falta de ar fresco impedia a gera- ção espontânea de micróbios. As lacunas A, B, C, D e E devem ser respectivamente preenchidas por: capítulo 1 19 a) heterotrófico, respiração anaeróbia, nitrogênio, heterotrófico, fotossíntese b) heterotrófico, fotossíntese, oxigênio, heterotrófico, respiração aeróbia c) não-fotossintetizante, fotossíntese, hidrogênio, animal, respiração aeróbia d) clorofilado, heterotrófico, oxigênio, heterotrófico, respiração anaeróbia e) heterotrófico, respiração, gás carbônico, autotrófico, fotossíntese 2 – (FMI-MG) Suponhamos que um dos planetas do Sistema Solar tenha, atualmente, as mesmas condições que a Terra primitiva deve ter apresentado antes do aparecimento do primeiro ser vivo. Essas condições podem ser: I – atmosfera contendo 80% de nitrogênio livre; II – tempestades contínuas e violentas III – produção e consumo contínuos de CO2 e O2 IV – atmosfera contendo vapor de água, metano, amônia e hidrogênio V – altas temperaturas VI – presença da camada protetora de ozônio na atmosfera Das condições enumeradas acima, são verdadeiras: a) apenas I, II e VI c) apenas duas das afirmativas b) apenas II, III, IV e V d) apenas II, IV e V 3 – (U.F.PA) Em 1953, Miller submeteu à ação de descargas elétricas de alta voltagem uma mistura de vapor de água, amônia(NH3), metano (CH4) e hidrogênio (H2). Obteve, como resultado, entre outros compostos, os aminoácidos glicina, alanina, ácido aspártico e ácido aminobutírico. Com base nesse experimento pode-se afirmar que: ( 1 ) Ficou demonstrada a hipótese da geração espontânea ( 2 ) Não se podem produzir proteínas artificialmente; elas provêm necessaria- mente dos seres vivos ( 4 ) Formam-se moléculas orgânicas complexas em condições semelhantes às da atmosfera primitiva ( 8 ) A vida tem origem sobrenatural, que não pode ser descrita em termos físicos nem químicos ( 16 ) Compostos orgânicos podem se formar em condições abióticas Dê como resposta a soma dos números das alternativas corretas ( ). capítulo 120 questões 4 – (Fuvest-SP) Segundo a teoria de Oparin, a formação de aminoácidos foi o primeiro passo no sentido do aparecimento das proteínas, substâncias impres- cindíveis para que pudessem surgir os primeiros organismos celulares. Isso se deveu à combinação de vapor de água com diversos gases simples que estavam presentes: a) nos mares primitivos d) no interior do globo terrestre b) na atmosfera e) no espaço cósmico c) no solo quente da Terra 5 – (UECE) Indique a opção que contém a seqüência lógica dos níveis de orga- nização dos seres vivos: a) organismo-população-comunidade-ecossistema b) organismo-comunidade-população-ecossistema c) população-comunidade-organismo-ecossistema d) população-comunidade-ecossistema-organismo 6 – (UFAL) O conjunto de indivíduos de uma espécie que vive numa mesma área geográfica constitui: a) uma cadeia alimentar d) uma teia alimentar b) uma comunidade e) um ecossistema c) uma população 1 – (Vunesp-SP) Considere a afirmação: As populações daquele ambiente pertencem a diferentes espécies animais e vegetais. Explique que conceitos estão implícitos nessa frase se levarmos em consideração: a) somente o conjunto das populações b) o conjunto das populações mais o ambiente abiótico 2 – O que propunham as antigas idéias sobre a geração espontânea? Que sinônimo pode ser usado para se falar de geração espontânea? 3 – Defina Biologia. Qual a importância dos seus conhecimentos para o homem? 4 – Dê os níveis de organização em que se classificam os seres vivos. 5 – Defina as seguintes características dos seres vivos: metabolismo, evolução e ecossistema. capítulo 2 21 MICROSCÓPIO E A DESCOBERTA DA CÉLULA Citologia é um dos campos da Biologia que se encarrega de estudar o universo de uma célula. Mas esse universo, o olho humano não consegue desvendar sem o auxílio de lentes que o ampliam. Portanto toda observa- ção e desenvolvimento da célula só foi possível a partir de 1590, após a invenção do microscópio pelo holandês Zacharias Janssen, um estudioso e fabricante de lentes. A célula como unidade viva dos seres vivos tem sido alvo de inúmeras pesquisas no decorrer dos últimos séculos. Por volta de 1665, Robert Hooke, cientista inglês, utilizando um microscópio bastante primitivo, iluminado a vela e que ampliava a imagem cerca de 270 vezes, observou finas lâminas de cortiça e comparou a imagem observada com um favo de mel, ou seja, seqüência de pequenas cavidades separadas por delgadas membranas, as quais denominou de células (em latim, diminutivo de cellar, espaço fechado). Na realidade, o que Hooke observou foram pedaços de tecido vegetal morto, e os espaços vazios foram deixados pelas células que morreram, permane- cendo as divisões das paredes celulares presentes nas células vegetais. Em 1833, Robert Brown, botânico escocês, analisando tecido vege- tal macerado, verificou que as células possuíam em sua região central um concentrado de substância de forma arredondada que denominou de núcleo. Sabe-se hoje que, com exceção das bactérias e algas azuis, to- das as demais células possuem núcleo e que o mesmo abriga em seu interior o material genético que é passado de pais para filhos, permitindo a continuidade das espécies. 22222 A CÉLULA c a p í t u l o capítulo 222 Antes de prosseguirmos no estudo da evolução das células, vamos analisar alguns tipos de microscópios e sua importância dentro da Biologia, como auxiliar do olho humano. a) Microscópio de Robert Hooke (1665) b) Partes de um microscópio óptico É um instrumento dotado de uma parte óptica: lente ocular, lentes objetivas, espelho, condensador, diafragma. E uma parte mecânica: base, coluna ou braço, canhão, revólver, platina, parafusos (micrométrico e macrométrico) que ajustam a imagem observada. As lentes objetivas e ocular são marcadas com números, que significam o seu poder de ampliação. Para sabermos quantas vezes o objeto observado está ampliado, basta multiplicar o número da lente objetiva pelo número da lente ocular. Exemplo: objetiva 100 – ocular 10, a ampliação é de 1000 vezes. Pode-se observar células vivas ou mortas. A unidade de medida utilizada no microscópio óptico é o μm (micrômetro), que equivale à milésima parte de um milímetro (0,001 mm).capítulo 2 23 c) Microscópio eletrônico A partir de 1950, sua utilização provocou avanços revolucionários na Biologia devido ao alto poten- cial de ampliar os objetos – mais de 500 mil vezes. Ao microscópio eletrônico só é possível observar matéria morta, pois a mesma tem de ser cortada em finas lâminas e preparada em uma câmara de vá- cuo. A unidade de medida utiliza- da no microscópio eletrônico é o Å(ângstron), que equivale ao déci- mo milionésimo de parte de um milímetro (0,0000001mm). Bionotícias Microscópio eletrônico Neurônios produzidos em laboratório Grande novidade pode ajudar no mal de Parkinson: a cria o de c lulas nervosas em laborat rio. Nesse processo, c lulas em est gio em- brion rio retiradas do c rebro de ratos adultos s o transformadas em neur nios, podendo ger -los em n mero ilimitado. Os especialistas acre- ditam que poder o substituir as c lulas cerebrais produtoras de dopamina que˚ estiverem deterioradas. A falta dessa subst ncia provoca o mal de Parkinson. As c lulas-tronco podem se transformar em qualquer tipo de c lula do organismo, o nico problema controlar o desenvolvimento dessas c lulas. Se isso for obtido, os especialistas acreditam que o pro- cesso poder ser usado para transplante de tecidos e at mesmo para a cria o de rg os para transplante. capítulo 224 TEORIA CELULAR Em 1838, depois de longas e demoradas pesquisas, o botânico alemão Matthias Schleiden observou a presença de células em vegetais. Em 1939, o zoólogo alemão Theodor Schwann concluiu que os animais eram formados por células, estabelecendo-se assim a teoria celular de Schwann e Schleiden, segundo a qual “todos os seres vivos são formados por células”. Em 1858, o médico alemão Rudof Virchow concluiu que “toda célula tem sua origem em outra preexistente”. No decorrer do século XIX, novas descobertas foram acontecendo, tais como estruturas com funções determi- nadas, denominadas organóides, encontrados no interior das células. Com a capacidade de realizar inúmeras funções e de reproduzir-se, a hipótese de que a célula é a menor parte viva de um ser vivo ganhou muita força, e passou a ser definida como a unidade morfológica e fisiológica de todos os seres vivos, passando também a ser responsável pela transmissão das características hereditárias. Com todos os conhecimentos adquiridos sobre a célula, foi possível formular a nova teoria celular: a) Todos os seres vivos são formados por células. b) As reações que ocorrem em um organismo, e que são responsáveis pela vida do mesmo, dependem do funcionamento das células. Portanto a célula é a unidade fisiológica de todos os seres vivos. c) Toda célula tem sua origem a partir de outra célula preexistente, que se divide fornecendo às células filhas seu material genético. Célula observada pelo microscópio eletrônico capítulo 2 25 ASPECTOS GERAIS DAS CÉLULAS PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS Se compararmos as imagens observadas ao microscópio eletrônico da célula que representa o corpo de uma bactéria, com as células que for- mam o corpo de um ani- mal qualquer, vamos no- tar que a célula da bac- téria, quanto a sua or- ganização é muito mais simples, não apresenta o núcleo diferenciado; a cromatina que forma o material genético encontra-se espalhada pelo citoplasma na região central da célula, e também dispersos pelo citoplasma são encontrados os ribossomos, orgânulos citoplasmáticos responsáveis pela síntese de proteínas. Um conjunto de membranas envolve todo esse material: por fora a membrana esquelética, mais espessa e resistente, e sob ela a membrana plasmática. Por não possuir a membrana nuclear ou carioteca, que separa o mater ia l ge- nético do citoplasma, as bactérias e as algas azuis (ciano bactérias) são deno- minadas procariontes (proto = primeiro, primitivo, karyon = núcleo), que não têm o núcleo diferenciado. Todos os demais seres vivos, com exceção dos vírus, que são acelulares, são denominados eucariontes (eu = verdadeiro, karyon = núcleo), seres que possuem o núcleo diferenciado, ou seja, o material genético encontra-se delimitado no citoplasma pela carioteca. Esquema de uma célula animal Esquema de uma bactéria capítulo 226 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CÉLULAS ANIMAIS E VEGETAIS CÉLULA ANIMAL Vimos anteriormen- te que, ao observarmos uma célula animal ao microscópio eletrônico, percebemos a presença de uma fina membrana envolvendo todos os componentes da célula e separando o meio interno do externo; é a membrana plasmática ou membrana celular que, por ser semiper- meável, permite trocas de materiais entre a célula e o meio que a cerca. Preenchendo a célula, vamos encontrar um material de consistência viscosa denominado citoplasma ou hialoplasma, onde ocorrem as funções vitais da célula, tais como: digestão, respiração, transportes etc., pois é no citoplasma que se encontram mergulhados os organóides e um vasto sistema de membranas. Os principais organóides são: ribossomos, retículo endoplasmático, com- plexo de Golgi, mitocôndrias, lisossomos, centríolos. Localizado geralmente na parte central das células eucariontes, vamos encontrar o núcleo, separa- do do citoplasma pela carioteca ou membrana nuclear. O núcleo é preenchi- do por uma substância denominada suco celular ou cariolinfa, semelhante ao citoplasma; mergulhado no suco celular encontra-se a cromatina (mate- rial genético) e os nucléolos, que estão relacionados com a produção de ribossomos. CÉLULA VEGETAL Com exceção dos centríolos, a célula vegetal possui todos os componentes da célula animal, e ainda apresenta um envoltório externo à membrana celular, denominado membrana celulósica ou parede celular. membrana plasmâtica membrana nuclear cromatina retículo endoplasmâtico rugoso retículo endoplasmâtico liso lisossomo ribossomo nucléolo mitocôndria centríolo complexo de Golgi vacúolo núcleo capítulo 2 27 O citoplasma da célula vegetal apresenta gran- des vacúolos: cavida- des limitadas por mem- branas, contendo no seu interior o suco va- cuolar com reservas de água e outras subs- tâncias. São também en- contrados nas células vegetais os organóides denominados plastos, cuja função é armazenar substâncias, tais como o amido, ou pigmentos, como os cloroplastos, que armazenam o pigmento verde denominado clo- rofila responsável pela fotossíntese. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CÉLULA Como vimos no Capítulo 1, as substâncias inorgânicas como a água e os sais minerais são constituídos por moléculas simples e pequenas e po- dem ser encontradas livres na natureza ou fazendo parte de um organismo. Já as substâncias orgânicas, tais como: carboidratos, lipídios, pro- teínas são constituídos por grandes e complexas moléculas que obrigato- riamente possuem em sua composição o elemento químico carbono (C) e são sempre encontradas nos seres vivos. COMPONENTES INORGÂNICOS A ) Á G U A Recobrindo 3/4 da superfície terrestre, a água é a substância química mais abundante em nosso planeta. Suas principais funções em um orga- nismo são: ❑ Solvente universal: dispersante de substâncias orgânicas e inorgânicas. Todas as reações químicas da natureza biológica ocor- rem em estado de solução. ❑ Transporte de substâncias: tanto de dentro para fora como de fora para dentro das células, moléculas se difundem na H2O e por ela são transportadas. capítulo 228 ❑ Equilíbrio térmico: o excesso de calor é dissipado pelo suor, aju- dando na manutenção da temperatura interna de um ser homeo- térmico. ❑ Lubrificante: ajuda a diminuir o atrito entre os ossos (nas articula- ções). B ) S A I S M I N E R A I S ❑ Solúvel: dissolvido na água em forma de íons, como o potássio (K+), o sódio (Na+) e o cloro (Cl-), participam do controle osmótico (entra- da e saída de H2O nas células) e também contribuem para a passa- gem dos impulsos nervosos nos neurônios. ❑ Insolúvel: encontra-se imobilizado, como os fosfatos de cálcio que fazem parte da estrutura esquelética dos vertebrados, da casca de ovo, do exoesqueleto ou carapaças de insetos, siris, caranguejos etc., conferindomaior rigidez aos órgãos em que se encontram. Papel biológico de alguns sais minerais: C lcio (Ca++) Participa das contra es musculares, da coagula o do sangue e da forma o dos ossos e dentes S dio (Na+) e Pot ssio (K+) Equil brio dos l quidos no organismo (estabilidade da press o osm tica das c lulas) Ferro (Fe++) Faz parte da hemoglobina, que uma pro- te na fundamental no transporte de oxig nio e na respira o Magn sio Faz parte da mol cula da clorofila, indis- pens vel para a realiza o da fotoss ntese F sforo Importante na transfer ncia de energia dentro das c lulas Sais minerais na forma de ons Papel biol gico (fun es) capítulo 2 29 COMPONENTES ORGÂNICOS A ) G L I C Í D I O S O U C A R B O I D R AT O S Também conhecidos como açúcares, os glicídios são os grandes for- necedores imediatos de energia para os seres vivos. São fabricados pe- las plantas no processo da fotossíntese e apresentam em suas moléculas átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O). Além de fornece- dores de energia, possuem também função estrutural, como a celulose, encontrada revestindo as células vegetais; e constituindo os ácidos nucléicos (material genético). Os glicídios são classificados em três grupos: Bionotícias Alimentos transgênicos: riscos e benefícios Desde que os produtos trans- g nicos surgiram no mercado, h contrariedades com a nova tecno- logia. Os argumentos utilizados em defesa da libera o desses produtos est o ancorados em quest es de or- dem econ mica e tecnol gica, vin- culados ao progresso e necessi- dade do avan o da ci ncia. poss - vel que a cr tica, s vezes, parta de quem desconhe a tais produtos. Ini- cialmente restrita aos movimentos ambientalistas, esta posi o vem-se ampliando de forma expressiva, na medida em que repercutem, nas sociedades, as vozes contr rias inova o — muitas vezes oriundas do meio cient fico — e que os governos mais e mais discutem o tema e criam controles sobre o mesmo. capítulo 230 ❑ Monossacarídios: são os açúcares mais simples, formados por pe- quenas moléculas que não se dividem na presença de água, portanto não sofrem hidrólise. Os exemplos mais comuns encontrados nos organismos vivos são: glicose (produzido pelos vegetais na fotossíntese), frutose (encontrado nas frutas doces), galactose (en- contrado no leite) e ribose e desoxirribose (componentes dos ácidos nucléicos). ❑ Dissacarídeos: são glicídios constituídos pela união de dois mo- nossacarídios. Na ligação de dois ou mais monossacarídios, estamos ingerindo dissacarídios ou polissacarídios, nosso sistema digestório os transforma em monossacarídios para que estes possam fornecer energia para a célula. Todos os dissacarídios têm função energética e os principais são: – Sacarose: glicose+frutose, suas principais fontes são: a cana de açúcar e beterraba. – Lactose: glicose+galactose, sua principal fonte é o leite. – Maltose: glicose+glicose, suas principais fontes são: raízes, caule, folhas dos vegetais. ❑ Polissacarídios: os polissacarídios são moléculas grandes, constituí- das por ligação de muitos monossacarídios. Os polissacarídios não são solúveis em água, alguns são reservas de energia, como o amido, outros fazem parte da estrutura esquelética da célula vegetal, como a celulose. Os principais polissacarídios são: – Amido: formado por inúmeras moléculas de glicose, encontrado nos vegetais, funciona como reserva de energia. – Celulose: formado por inúmeras glicoses, encontrado revestindo externamente as células vegetais, funciona como reforço esquelético. – Glicogênio: formado por inúmeras glicoses, encontrado nos ani- mais, funciona como reserva de energia. B ) L I P Í D I O S Substâncias orgânicas de origem animal ou vegetal, mais conheci- dos como óleo, gordura e cera. Alguns tipos de lipídios funcionam como reservatório de energia, outros entram na composição das membranas celulares ou ainda formam hormônios. Possuem como característica comum o fato de serem insolúveis em água e solúveis em solventes orgâ- nicos como o éter, o álcool e a benzina. capítulo 2 31 Bionotícias Comida a quilo: nem sempre a melhor opção Uma pesquisa feita pela nutricionista Edeli Simioni de Abreu, douto- randa pela Faculdade de Sa de P blica da Universidade de S o Paulo (USP) e autora da disserta o de mestrado Restaurante por quilo : vale quanto pesa? , mostrou que, em restaurantes self service, nem sempre os consu- midores se lembram da import ncia do equil brio alimentar na hora de escolher o que comer. Observou que em uma nica refei o a densidade energ tica dos alimentos atingiu a m dia de 1.400 calorias por prato, con- sumo elevado diante da recomenda o de 2.000 calorias di rias. As pes- soas n o comem nutrientes, mas alimentos aos quais dif cil resistir , afirma Edeli de Abreu. A apresenta o dos pratos no balc o induz ao consumo. O consumo m dio observado foi de 454 gramas por prato. A pir mi- de alimentar ideal deve apresentar de 50 a 60% de carboidratos, 25 a 30% de lip dios e de 10 a 15% de prote nas. A presen a exagerada de cidos graxos saturados, gorduras e a ca- res simples podem contribuir para a obesidade e o aparecimento de doen- as card acas e c ncer. Em excesso, os lip dios, subst ncias que n o se dissolvem na gua, s o os maio- res causadores das doen as do cora o. Assim como os carboidratos, eles fornecem energia para o organismo, en- quanto as prote nas auxiliam na reconstitui o de tecidos. Por isso, importante ter uma ali- menta o balanceada, abusando de legumes, verdura e frutos — os verdadeiros amigos da sa de e da boa forma. capítulo 232 São classificados em: – Glicerídeos: os lipídios simples. Compreendem os óleos, as gordu- ras, e as ceras, podem ter origem animal ou vegetal. Principais funções dos glicerídeos: As gorduras são reservatórios de energia e também isolante térmico, principalmente para os animais de regiões frias. Os óleos presentes nas sementes de girassol, da soja, do amendoim servem de alimento para o embrião das sementes germinar. As ceras impermeabilizam as folhas de muitas plantas e é fabricada pelas abelhas, que constroem os favos de mel. – Fosfolipídeos: presentes na composição química das membranas celulares dos animais e vegetais. – Esteróides: o mais conhecido é o colesterol. Produzido pelos ani- mais, faz parte da composição química de suas membranas celulares e é precursor de alguns hormônios, como a testosterona (hormônio mas- culino) e a progesterona (hormônio feminino). PROTEÍNAS São os componentes orgânicos presentes em maior percentual no or- ganismo dos seres vivos. Fundamentais para a vida na Terra, são encontra- das em todos os seres vivos, inclusive nos vírus que não possuem uma es- trutura celular. As proteínas são resultantes de uma seqüência de ligações entre moléculas menores denominadas aminoácidos. Principais funções das proteínas: – Elemento construtor: faz parte, juntamente com os lipídios, da com- posição das membranas celulares. Exemplo: o colágeno, proteína que confere resistência às células da pele, dos tendões, das cartilagens etc. A miosina e a actina, que conferem elasticidade aos músculos; a queratina, que confere impermeabilidade aos cabelos e à pele, contri- buindo para adaptação dos animais à vida terrestre. – Função enzimática: dentro das células ocorrem muitas reações quí- micas. Para que elas aconteçam é necessário energia. Em alguns ca- sos, não há energia suficiente para a ocorrência da reação química e se faz necessária a presença de um catalisador (substância que desenca- deia ou acelera reações químicas). Os catalisadores das células são um capítulo 2 33 tipo de proteína especial chamada enzima. As atividades enzimáticas dependem da temperatura e do pH. Analisando o gráfico, ve- rifica-se que a 0°C de tempe- ratura as enzimas se encontram inativas. À medida que aumen- ta a temperatura, a atividade enzimática também aumenta, chegando ao ponto ótimo de 40° C. Acima disso, a atividade enzimática vai diminuindo, até que por volta de 60°C ocorre desnaturação das enzimas (o calor acarreta mudanças espaciais na proteína, o que acarreta a perda de sua função). Quanto ao pH (nível de acidez do meio), cada enzima atua em um específico. Exemplo: a pepsina – enzima do suco estomacal – é ativa somente em pH ácido, ou seja, por volta de 2; a ptialina – enzima da saliva – é atuante somente em um pH neutro, ou seja, por volta de 7. Atuação enzimática ou modelo chave-fechadura. Cada tipo de enzima consegue catalisar um único tipo de substrato (subs- tância reagente). O encaixe da enzima no substrato assemelha-se ao siste- ma chave-fechadura. Esse modelo explica a especificidade das enzimas. Após a reação ocorrer, as enzimas deixam o substrato intactas, podendo atuar em outros substratos. Temperatura ótima para uma reação capítulo 234 – Função de defesa. Antígenos são substâncias estranhas ao nosso organismo. A presença de um antígeno no organismo induz o sistema imunológico a produzir uma proteína de defesa, denominada anticorpo. – Função hormonal. Alguns hormônios são de origem protéica; exem- plo: a insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, cuja função é de controlar a manutenção da taxa de glicose no sangue. – Função energética. As proteínas são fontes de aminoácidos, que uma vez oxidados pelo organismo, liberam energia, principalmente no processo da respiração. VITAMINAS Substâncias orgânicas sintetizadas pelos vegetais e por alguns se- res unicelulares, funcionam como ativadores das enzimas. As vitaminas diferem entre si na composição química, formando um grupo heterogêneo. Para classificar esse grupo foi usado o grau de solubilidade em lipídios (lipossolúveis), que são: A, D, E e K, e as solúveis em água (hidrossolúveis), que são: C e o complexo B (B1, B2, B3, B6 e B12). ESTUDO DA ESTRUTURA CELULAR MEMBRANAS CELULARES Separando, protegendo, delimitando o meio interno e o externo, as células possuem a membrana plasmática. Esta também possui permeabilidade seletiva, isto é, permite que as substâncias necessárias ao funcionamento das células se- jam selecionadas e transporta- das para o interior das mesmas ou jogadas para fora quando não necessárias. É o inter- câmbio do meio interno com o externo. capítulo 2 35 A) ESTRUTURA Somente a partir do uso do microscópio eletrônico na Biologia é que foi possível identificar as estruturas e funções das membranas celulares. Até então, sua existência era apenas suposta, pois não são visíveis ao microscópio óptico. As primeiras imagens obtidas das membranas permi- tem identificar uma estrutura formada por três camadas: duas de fosfolipídios intercaladas por uma de proteína, concluindo que sua com- posição é lipoprotéica. Através de estudos mais recentes sobre as mem- branas, pôde-se concluir que as camadas lipídicas encontram-se em es- tado fluido, e as moléculas protéicas se encontram encaixadas nesse su- porte lipídico. Devido à maleabilidade das camadas lipídicas, as proteí- nas deslocam-se por ela com grande facilidade, e a essa nova concepção de estrutura da membrana – proposta por S. J. Singer e G. Nicholson (1972), deu-se o nome de “mosaico fluido”. B) TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS ATRAVÉS DA MEMBRANA Por possuir permeabilidade seletiva, a membrana celular permite que substâncias entrem e saiam da célula, conforme suas necessidades. Mas nem todos os processos de transporte pela membrana se pro- cessam da mesma forma. Analisaremos então os diversos processos que ocorrem. capítulo 236 ❑ Difusão Difusão simples é a dispersão ou deslocamento espontâneo de partículas. Na difusão as partículas tendem a movimentar-se da região de maior concentração de partículas para a região onde a concentração é menor. Esse processo não consome energia e termina quando as con- centrações se igualam. Por exemplo: ao abrirmos um vidro de perfume num recinto, percebemos que, em pouco tempo, em qualquer lugar do recinto sentiremos o seu cheiro. A entrada de gás oxigênio (O2) e a saída de gás carbônico (CO2) em nossas células se dá por difusão, devido à concentração diferenciada desses gases entre o líquido que banha as células e o interior da mesma. E por não consumir energia a difusão é considerada um tipo de transporte passivo. Diz-se difusão facilitada quando a passagem de substância sem gasto de energia é acelerada pela ação de proteínas (permeases). ❑ Osmose Outro tipo de transporte passivo, a osmose, permite o transporte de solvente (água) e não do soluto. Através de uma membrana semiper- meável, o solvente passa do local de menor concentração do soluto para o de maior concentração capítulo 2 37 ❑ Quando a solução apresentar maior concentração de soluto, em rela- ção ao meio, dizemos que a solução é hipertônica. ❑ Quando a solução apresentar menor concentração de soluto, em re- lação ao meio, dizemos que a solução é hipotônica. ❑ Quando a solução entrar em equilíbrio com o meio, diz-se que a solu- ção é isotônica. Transporte ativo (com consumo de energia) Determina- das substâncias, mesmo existindo em menor quanti- dade fora da célu- la, tendem a en- trar nela, con- trariando os prin- cípios da difusão. Esse fenômeno é comum em nos- sas hemácias. Nes- sas células a concentração de íons potássio (K + ) é maior do que no plasma sanguíneo, onde as hemácias estão submersas, por outro lado; há íons sódio (Na + ) no plasma em maior concentração do que no interior das hemácias. As diferenças de concentração desses elementos químicos mantêm-se inalteradas, mesmo ocorrendo difusão, e, para que essa situação se mante- nha, algumas proteínas da membrana funcionam como verdadeiras carregadoras de substância, bombeando constantemente o K + (potássio) para o interior das hemácias e o Na + (sódio) para fora das hemácias. São as cha- madas bombas de sódio e potássio. Por ocorrer contra um gradiente de con- centração provoca gasto de energia, sendo portanto transporte ativo. Transporte de partículas Endocitose – algumas células possuem a propriedade de capturar partículas grandes que não conseguem atravessar a membrana do meio externo. São incorporadas pela célula por meio do processo de endocitose (endo = interior, cito = célula, ose = condição). Conhecem-se dois tipos de endocitose: a fagocitose (fago = comer) e a pinocitose (pino = beber). capítulo 238 ❑ Fagocitose Na fagocitose a célula engloba partículas por meio de projeções citoplasmáticas denominadas pseudópodes (falsos pés). Depois de ingerido, o material permanece no citoplasma, envolvido por parte da membrana, recebendo o nome de fagossomo. A fagocitose é comum nos seres unicelulares; exemplo: a ameba, quando captura alimentos, e por glóbulos brancos do nosso sangue, como meio de defesa, englobando partículas estranhas ao nosso corpo. ❑ Pinocitose: ingestão de partículas líquidas; exemplo: gotas de lipídios pela invaginação da membrana. CITOPLASMA Ocupando o espaço entre a membrana celular e a carioteca, nos seres eucariontes, encontra-se o citoplasma. Constituído de 85% de água, sais minerais, proteínas, açúcares, é no citoplasma que ocorrem as reações químicas, realizadas por orgânulos aí presentes, e que são fundamentais para a vida da célula. O citoplasma não se encontra inerte, e sim em constante movimento, denominado ciclose. Analisaremos a seguir os orgânulos principais. Retículo endoplasmático Ao microscópio eletrônico, apresenta-se como uma verdadeira rede de canais e bolsas membranosas e achatadas. Em algumas regiões dessas membranas apresentam uma característica rugosa devido à aderência dos ribossomos, que são responsáveis pela síntese de proteínas. A presença ou ausência de ribossomos permite distinguir dois tipos de capítulo 2 39 retículo endoplasmático: o rugoso ou granular, também chamado de ergastoplasma, e o liso ou agranular. As principais funções do retículo endoplasmático são: Transporte: no interior dos canais circulam proteínas, lipídios e ou- tros materiais, que são transportados por toda a célula. Armazenamento: dilatação de canais do R.E. dão origem aos vacúolos nascélulas vegetais, nos quais são armazenadas determinadas soluções. Regulação da pressão osmótica: o armazenamento de substânci- as internas pode favorecer a osmose. Realiza síntese de lipídios, princi- palmente os esteróides. As funções praticamente são as mesmas tanto no R.E.L. como no R.E.R.. O retículo endoplasmático rugoso aparece com maior freqüência nas células produtoras de enzimas, como é o caso das células do pân- creas, que produz enzimas digestivas. Isso ocorre devido à proximidade com os ribossomos. Ribossomos São as organelas produtoras de proteínas. Possuem em sua composição molecular R.N.A ribossômico e proteí- capítulo 240 nas. São encontrados livres pelo citoplasma ou aderidos às membranas do retículo endoplasmático rugoso. São constituídos por duas subunidades. Complexo de Golgi Conjunto de bolsas achatadas, empilhadas umas sobre as outras, de onde se desprendem pequenas vesículas. - Funções do Complexo de Golgi ❑ Armazenar substâncias produzidas pela célula e encaminhar essas substâncias para fora da mesma. A esse processo de eliminação de subs- tâncias dá-se o nome de “secreção celular”. ❑ Faz parte da composição do acromosso (cabeça do espermatozóide). O complexo de Golgi presente nas células do acromosso contém enzimas digestivas que irão perfurar a membrana do óvulo, permitindo a fecunda- ção. ❑ As vesículas eliminadas das bordas do complexo de Golgi dão origem aos lisossomos, pequenas bolsas cheias de enzimas. capítulo 2 41 Lisossomos Pequenas bolsas repletas de inúmeros tiposdeenzimas, res- ponsáveispela diges- tão intracelular, e em alguns casos digerem elementos da pró- priacélula (autofagia). Os lisossomos se originam do despre- endimento de vesí- culas do complexo de Golgi. As enzimas di- gestivas são sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso, armazenadas no complexo de Golgi e liberadas dentro de vesículas – os lisossomos primários. As substâncias englobadas pela célula, por meio dos proces- sos de fagocitose e pinocitose, formam no interior da célula o fagossomo, que se funde aos lisossomos, dando origem ao vacúolo digestivo ou lisossomo secundário. No interior do vacúolo, a substância é digerida. A parte aproveitável é absorvida e a não aproveitável é eliminada pelo pro- cesso da clasmocitose ou exocitose. Mitocôndrias Organelas geradoras de energia, de forma ovalada, constituídas de du- pla membrana lipoprotéica. A membrana externa é lisa e contínua, e a inter- na apresenta pregas formando as cristas mitocondriais. Preenchendo os capítulo 242 espaços e entre as pregas, encontra-se uma substância amorfa, denomi- nada matriz. A presença de ribossomos – DNA e RNA – na matriz permite as mitocôndriais produzir suas próprias proteínas e apresentar capacidade de autoduplicação. No interior das mitocôndrias ocorrem a oxidação final das moléculas orgânicas obtidas dos alimentos ingeridos, com liberação de energia, na presença do oxigênio (respiração aeróbica). Plastos Organelas ovaladas, típicas das células vegetais e de alguns protistas, como nas diatomáceas e euglenófitas (algas unicelulares). Os plastos, dependendo da função e dos pigmentos que apresentam, podem ser clas- sificados em: – Leucoplastos – plastos incolores com função de armazenar reser- vas de alimentos. – Cromoplastos – plastos coloridos. Dependendo da cor do pigmen- to, os cromoplastos podem ser classificados em: – Xantoplastos – plastos em pigmentos carotenóides de cor amarela. Exemplo: o amarelo do milho. – Eritroplastos – plastos com grande quantidade de pigmentos carotenóides de cor vermelha. Exemplo: o vermelho do tomate. – Cloroplastos – são mais freqüentes nas células vegetais. De forma ovóide, dotado de dupla membrana lipoprotéica, a externa é lisa e con- tínua e a interna apresenta dobras, que se dispõem paralelamente, como se fossem lâminas. A parte interna das dobras recebe o nome de lamela, e sobre as lamelas encontram-se minúsculas bolsas achatadas empilhadas uma sobre a outra como se fossem moedas, denominadas ti- lacóides. Cada pilha de tilacóide recebe o nome de granum. Ade- ridonas mem- branas das tila- cóides estão as molécu las de capítulo 2 43 clorofila, que captam a luz solar, fundamental no processo da fotossíntese. O espaço interno dos cloroplastos são preenchidos por umlíquido denominado estromaou matrizdo cloroplasto, contendo DNA, enzimas eribossomos. Centríolo Estruturas constituídas por dois cilindros. Cada cilindro é for- mado por nove conjuntos de três microtúbulos. Presente na grande maioria dos seres eucariontes e ausente nos angiospermas e gimnos- permas. Acredita-se que sua função esteja relacionada ao processo de orientação da divisão celular. Cílios e flagelos Expansões móveis da super- fície da célula. Os cílios e os flagelos diferem em número e ta- manho. Os cílios são curtos e nume- rosos, e os flagelos são longos e em pequeno número. São encontrados em seres unicelulares e em algumas célu- las de organismos pluricelulares. A estrutura interna dos cílios e flagelos é a mesma, ou seja, for- mados por nove pares periféricos de microtúbulos e um par de microtúbulos central. capítulo 244 Vacúolo São cavidades presentes no citoplasma, delimitadas por membrana protéica. Podendo distinguir três tipos: – a) Vacúolo digestivo – formado a partir do acoplamento de um lisossomo com partículas englobadas pelo processo da fagocitose ou pinocitose. – b) Vacúolos pulsáteis ou contráteis – encontrados em pro- tozoários de água doce, que por serem hipertônicos em relação ao meio, a água entra por osmose. O excesso de água tem de ser transferido para fora, sob pena de romper a célula. – c) Vacúolo vegetal – ocupando grande parte do citoplasma da célula vegetal adulta, tem por função armazenar água, sais, açúca- res e pigmentos. NÚCLEO Presente nas células eucariontes, é constituído dos seguintes ele- mentos: cariolinfa, cromatina e nucléolos. Todos esses elementos encon- tram-se envolvidos e separados do citoplasma pela carioteca ou mem- brana nuclear. capítulo 2 45 Carioteca Separa o material genético do citoplasma; é constituída por uma mem- brana dupla e lipoprotéica, semelhante às demais membranas. Apresenta poros, através dos quais ocorrem trocas de moléculas entre o núcleo e o citoplasma. A membrana mais externa comunica-se com o retículo endoplasmático rugoso. Cariolinfa ou nucleoplasma Massa semilíquida que preenche o núcleo, onde se encontram mer- gulhados os cromossomos e nucléolos. Cromatina Filamento constituído por DNA e proteínas, que quando observado ao microscópio eletrônico apresenta dois tipos básicos: – heterocromatina: porção menos ativa e bem visível, forma os cromossomos no processo da divisão celular. – eucromatina: menos condensada, portanto menos visível. É uma região molecular de DNA mais ativa, em que os genes estão orientando a síntese de RNA e proteínas. Nucléolo Corpúsculo denso, constituído por proteínas e RNA ribossômico, presente no núcleo interfásico das células eucariontes, cuja função é sin- tetizar os ribossomos. Sendo a cromatina constituída por DNA e proteínas, material químico dos genes, em que se localizam as matrizes das proteínas que serão fabricadas, o núcleo é considerado o centro de controle da célula, é ele que comanda o funcionamento da mesma. t e s t e s 1 – (UA-AM) Observando as células abaixo e analisando as estruturas que as integram, somos levados a dizer que: a) ambas são características de animais b) ambas são características de vegetais capítulo 246 c) a número 1 pertence a um vegetal e a número 2 pertence a um animal d) a número 1 pertence a um animal e a número 2 pertence a um vegetal e) as duas variedades de células são típicas, tanto de animais como vegetais 2 – Em relação aos componentes celulares, assinale a alternativa correta. a) Membrana plasmática é uma estrutura lipoprotéica que funciona como bar- reira seletiva entre o citoplasma e o núcleo b) Parede celular é uma exoesquelética rígida que circunda e protege o con-teúdo da maior parte das células vegetais c) Plastos são organelas citoplasmáticas em células vegetais, recobertas por membranas e incapazes de autoduplicação d) Mitocôndrias são organelas limitadas por membranas, encontradas somen- te em células animais e que geram energia química na forma de ATP e) O núcleo é uma organela revestida por envoltório nuclear, presente tanto em organismos procariontes como em organismos eucariontes 3 – O esquema abaixo representa a digestão intracelular I, II e III indicam, respectivamente: a) lisossomo, fagossomo e vacúolo digestivo b) lisossomo, vacúolo digestivo e fagossomo c) vacúolo digestivo, fagossomo e lisossomo d) fagossomo, lisossomo e vacúolo digestivo e) fagossomo, vacúolo digestivo e lisossomo capítulo 2 47 4 – A figura abaixo mostra uma célula animal: Mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso estão representados, respectivamente, por: a) I e IV b) II e I c) II e III d) III e IV e) IV e I quest es 1 – Utilizando os conhecimentos sobre a vida do planeta Terra, responda: a) De onde provem todos os açúcares naturais (carboidratos) utilizados pelos animais e vegetais? b) Por que se diz, se a produção dos açúcares naturais acabasse, a vida na Terra seria extinta? 2 – (U.Taubaté) Citar a composição química e as funções da membrana plasmática. 3 – (Unicamp-SP) A fagocitose é um mecanismo de endocitose utilizado pelas células, relacionado a diferentes funções nos seres vivos. Esse mecanismo ocorre tanto em organismos unicelulares como em pluricelulares. Mencione duas fun- ções nas quais a fagocitose se encontra. 4 – Considere as seguintes atividades celulares. a) síntese de proteínas b) transporte ativo c) digestão intracelular. Em qual delas o núcleo celular tem participação mais direta? Por quê? 5 – Uma célula que apresenta grande quantidade de síntese protéica tende, em geral, a apresentar um grande nucléolo. Explique a relação. capítulo 348 Chamados de moléculas da vida, os ácidos nucléicos são de dois tipos básicos: o ácido desoxirribonucléico – representado pela sigla DNA, responsável pela constituição do material genético (cromossomos e genes), localizado basicamente no núcleo das células – e o ácido ribonucléico – representado pela sigla RNA, sintetizado no núcleo pelo DNA, atua no citoplasma, participando da síntese de proteínas.Os ácidos nucléicos são formados por grandes moléculas, ligadas à hereditariedade e ao comando e controle das atividades celulares. ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLÉICO (DNA) Localizado em quase sua totalidade no núcleo das células eucariontes, e em menor quantidade no interior das mitocôndrias, dos cloroplastos e associado aos centríolos. Nas células procarióticas, os cromossomos circulares dispersos pelo citoplasma são constituídos por DNA. A partir da década de 40 do último século, vários pesquisadores defi- niram algumas de suas propriedades, tais como: ❑ A molécula de DNA, sendo uma substância orgânica, é formada por partículas menores denominadas nucleotídeos; ❑ Está relacionado à hereditariedade; ❑ Seu formato deve ser um fio em forma de hélice; c a p í t u l o 33333 ÁCIDOS NUCLÉICOS capítulo 3 49 ❑ O açúcar do DNA é a pentose dessoxirribose; ❑ As bases nitrogenadas do DNA são adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T); ❑ As proporções entre as bases nitrogenadas: adenina-timina e citosina- guanina é de 1 para 1. Com base nessas informações, o americano James D. Watson e o inglês Francis H. C. Crick iniciaram um estudo com a finalidade de criar um modelo para a molécula de DNA. Em 1953 propuseram uma estrutura que ficou conhecida como Modelo de Watson e Crick (que lhes valeu o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1962). Segundo o modelo proposto por Watson e Crick, a molécula de DNA é composta por uma dupla hélice, ou duas cadeias helicoidais de polinucleotídeos, lembrando duas fitas enroladas uma na outra, unidas pelas bases nitrogenadas, e as ligações entre as bases é feita por pontes de hidrogênio. 1- Duas cadeias de nucleotídeos 2 - bases nitrogenadas G – guanina pareia com C – citosina T – timina pareia com A – ademina Modelo proposto por Watson e Crick capítulo 350 ESTRUTURA DA MOLÉCULA E SUA DUPLICAÇÃO A molécula de DNA é constituída pelo encadeamento de moléculas menores denominadas nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído por três substâncias químicas diferentes: ❑ uma base nitrogenada; ❑ uma pentose (açúcar com 5 átomos de carbono); ❑ um fosfato (PH4). O açúcar é sempre o mesmo: a desoxirribose. O fosfato também é o mesmo. Mas as bases nitrogenadas podem ser de quatro tipos diferentes: adenina, timina, citosina e guanina, e pertencem a duas categorias distintas: a adenina e a guanina, por derivar de uma substância denominada purina, recebem o nome de bases púricas ou Bionotícias Seqüenciamento do genoma abre nova era para o câncer Pesquisadores e médicos norte-americanos afirmam que estamos entrando em uma nova era da medicina genética e molecular com a conclusão do seqüenciamento do genoma humano, colocando a pesquisa sobre câncer em um novo nível, visto que é uma doença dos genes. Algumas aplicações podem ser previstas, dentre elas uma melhor caracte- rização dos tumores, o que levará a tratamentos altamente específicos e diag- nósticos precoces antes da manifestação de sintomas. “Também há a possibili- dade de entender como as células normais se tornam cancerosas e usar medica- ções para prevenir essa transformação.” Especialistas acreditam que um dia pessoas, em especial aquelas com casos de câncer na família, terão seus perfis genéticos armazenados em um local seguro, prontos para serem analisados e alterar seu código genético (genes mutantes) que controla as funções do nosso corpo. capítulo 3 51 purímicas. A citosina e a timina derivam de uma substância denominada purimidina e recebem o nome de bases purimídicas. A molécula de DNA é descrita como uma dupla hélice, e que as pro- porções entre as bases A(adenina) e T(timina) é sempre de 1 para 1, assim como, entre as bases G(guanina) e C(citosina). Com base nesses dados, diz-se que, A e T são bases complementares, assim como C e G. Podendo concluir que em uma molécula de DNA com a seqüência de bases T C A C T G, a cadeia complementar será: A G T G A C, respectivamente. Ex: se no DNA de uma célula existem 15% de guanina, e como a guanina se liga à citosina, o percentual de citosina será de 15%. Restando portanto 70% para as outras bases: timina e adenina. Como timina e adenina se completam, conclui-se então que o DNA terá 35% de adenina e 35% de timina. Uma molécula de DNA difere da outra pela ordem com que os nucleotídeos se dispõem ao longo da molécula. DUPLICAÇÃO DO DNA Com a presença da matéria-prima (nucleotídeos) e da enzima polimerase, a molécula de DNA se duplica, produzindo réplicas de si mesma. capítulo 352 No processo da replicação, ocorre primeiramente o rompimento das pontes de hidrogênio, separando os filamentos da molécula; em seguida, nucleotídeos livres encontrados dispersos no interior da célula são con- duzidos pela enzima polimerase ao encontro dos filamentos livres, e vão se unindo aos nucleotídeos dos filamentos, obedecendo sempre à afinidade entre duas bases nitrogenadas. Dessa forma, quando o processo se completa, cada filamento antigo serviu de molde para a construção de um novo filamento. Podemos dizer que a replicação do DNA é semiconservativa: pois cada DNA recém-formado possui um dos filamentos do DNA antigo. capítulo 3 53 ÁCIDO RIBONUCLÉICO (RNA) Sintetizado pelo DNA, o RNA é uma macromolécula orgânica, consti- tuída por unidades menores, denominadas nucleotídeos. Mas difere do DNA na estrutura molecular, pois sua molécula é cons- tituída por um único filamento ou cadeia de nucleotídeos. Difere também do açúcar, cuja pentose é a ribose, e a base nitro- genada timina é específica da molécula de DNA e substituída pela base nitrogenada uracila (U); as demais bases são as mesmas, tanto para o DNA como para o RNA. Transcrição = produçãode RNA a partir de uma seqüência da molé- cula de DNA. Bionotícias Gene da longevidade Um conjunto de até dez genes – que podem conter o segredo da longevidade – é a mais nova descoberta dos cientistas. Eles acreditam que os portadores desses genes não desenvolvem câncer, doenças cardíacas, demência ou osteoporose. De- pois que as substâncias químicas produ- zidas pelos genes forem identificadas, os cientistas poderão sintetizá-las na forma de medicamentos, beneficiando os idosos. A pesquisa foi feita com mosca-das-frutas e mostrou que, para aumentar a duração da vida, poucos genes precisam ser modificados. Espera-se que uma com- paração meticulosa dos perfis de genes humanos leve à descoberta de fatores semelhantes nos seres humanos. capítulo 354 Para o DNA controlar as atividades celulares, ele sintetiza moléculas de RNA que transportam as informações genéticas aos locais onde elas serão interpretadas e transformadas em ações; como coordenar a produ- ção de proteínas e enzimas. Na síntese do RNA, a molécula de DNA abre-se em um determinado ponto. Nucleotídeos livres na célula vão se pareando a esse segmento aberto. Completado o pareamento a esse segmento aberto, está pronta a molécula de RNA. Após a liberação do RNA, o DNA que serviu de molde reconstitui a molécula original. capítulo 3 55 T I P O S D E R N A O DNA transcreve três tipos de RNA, que se diferenciam entre si, na estrutura molecular e na função. São eles: RNA-mensageiro (RNAm) RNA-transportador (RNAt) RNA-ribossômico (RNAr) Transpor ta as informações do có- digo genético do DNA para o citoplasma, ou seja, determina as seqüências dos ami- noácidos na cons- trução das proteínas Encaminha os aminoácidos dis- persos no citoplas- ma ao local onde ocorrerá a síntese das proteínas Faz parte da es- trutura dos ribosso- mos (organelas cito- plasmáticas) onde a síntese de proteínas ocorrerá SÍNTESE DE PROTEÍNAS Sabemos que o DNA coordena a síntese de proteínas, transcrevendo o seu código para a molécula de RNAm, que passa a conter uma seqüência de nucleotídeos complementares à do filamento de DNA que o originou. É essa seqüência que irá determinar a ordem que o aminoácido deve ter na molécula de proteína. São quatro as bases nitrogenadas que formam os nucleotídeos do RNAm: que representam cada um dos vinte aminoácidos existentes que formam as proteínas. Na década de 60 do último século, foi provado que cada grupo de três nucleotídeos do RNAm forma um códon, e cada códon codifica um aminoácido. Exemplificando: uma proteína constituída por 200 aminoácidos é comandada por um RNAm com 600 nucleotídeos e 200 códons. Estipulada a seqüência de nucleotídeos no RNAm, o mesmo migra para o citoplasma, unindo-se ao ribossomo, onde se inicia a leitura ou tradução do código. O ribossomo desliza ao longo da cadeia de RNAm, e ao mesmo tempo o RNAt encaminha os aminoácidos até os ribossomos. Os RNAt, por capítulo 356 possuírem bases complementares aos do RNAm, recebem a denomina- ção de anticódon. E, por afinidade das bases do códon do RNAm com as do anticódon do RNAt, ocorre a ligação. À medida que completa a ligação, o ribossomo desliza para o códon seguinte, e outros aminoácidos vão sendo encaminhados pelo RNAt, até que a proteína se completa. CÓDIGO GENÉTICO O gene pode ser definido como a parte da molécula de DNA respon- sável pela síntese de uma proteína. Código genético é a relação entre cada códon e o aminoácido que ele codifica. Se as bases nitrogenadas do RNAm permitem formar 64 agru- pamentos de três nucleotídeos, e cada trio de bases forma um códon que codifica um aminoácido, então, por que existem somente vinte aminoácidos na natureza? A resposta está no trabalho de decifrar qual ou quais aminoácidos são codificados por cada códon. E, na decifração do código genético, concluiu-se que os códons (UAG, UAA E UGA) não codificam nenhum aminoácido, mas indicam o fim de uma ligação ou cadeia de aminoácidos. E que o mesmo aminoácido pode ser codificado por códons diferentes. Como a correspondência entre os códons e os aminoácidos não são extremamente específicas, diz-se que o código genético é dege- nerado. capítulo 3 57 Relação dos vinte aminoácidos, assim como seus códons cor- respondentes. 1 – (UNIP-SP) A estrutura abaixo relaciona-se com: a) síntese lipídica b) síntese de polissacarídeos c) síntese protéica d) fotossíntese e) quimiossíntese t e s t e s capítulo 358 questões 2 – (UFBA) A especificidade de dois segmentos de DNA que têm o mesmo número de nucleotídeos é determinada: a) pelo emparelhamento das bases complementares b) pela natureza das moléculas de pentose c) pela seqüência das bases ao longo da cadeia d) pela relação entre os números de pares AT e GC e) pela relação entre os números de moléculas de pentose e de grupos fosfóricos 3 – (Fuvest-SP)Qual das seqüências abaixo corresponde ao produto de trans- crição do segmento AATCACGAT de uma fita de DNA? a) TTACTCGTA d) UUAGUGCUA b) TTAGTGCTA e) AATGUGCTA c) AAUCACGAU 1 – (Fuvest-SP) De que maneira o DNA determina a seqüência de aminoácidos das moléculas de proteínas? 2 – (OMEC-SP) Como se duplica uma molécula de DNA? Por que essa dupli- cação é semiconservativa? 3 – (Fuvest-SP) A análise química de uma molécula de ácido nucléico revelou a seguinte porcentagem de bases nitrogenadas: 15% de adenina, 25% de uracila, 20% de citosina e 40% de guanina. Afirmou-se que a referida molécula era de DNA e não de RNA. Você concorda? Apresente duas características que justifiquem sua resposta. 4 – (Fuvest-SP) Um determinado segmento da molécula de DNA apresenta a seguinte seqüência de bases: ACTCCGCTTAGG e TGAGGCGAATCC. Quais poderiam ser as seqüências de bases do RNA por ele produzido? Por quê? capítulo 4 59 É o período compreendido entre o surgimento de uma célula e a sua divisão, quando a mesma encerra a sua existência na produção de células- filhas, passando para elas as informações necessárias para a sua sobrevi- vência e para gerar novas células, dando continuidade à vida. A divisão celular pode ocorrer basicamente de duas formas: por mitose e por meiose. A mitose, nos seres eucariontes, é o processo de divisão responsável pelo crescimento, desenvolvimento e reposição de células envelhecidas de um organismo. Nesse processo a célula envolvida origina duas células geneticamente idênticas à célula-mãe. A meiose é o processo que tem por função produzir células germinativas, como o óvulo e o espermatozóide. Na meiose, a célula-mãe origina quatro células-filhas, cada uma com metade da sua quantidade de material genético. Antes de iniciar o processo de divisão, a célula se prepara, fabri- cando algumas substâncias e degradando ou- tras. A esse pe- ríodo interme- diário ou de pre- paração dá-se o nome de intér- fase. c a p í t u l o 44444 CICLO CELULAR nandoesam Highlight nandoesam Highlight nandoesam Highlight capítulo 460 INTÉRFASE É o espaço compreendido entre duas divisões celulares sucessivas, e representa cerca de 80% do ciclo celular. Nesse período, a célula não está se dividindo, mas encontra-se em grande atividade metabólica. No interior do núcleo ocorre a duplicação do DNA. No citoplasma ocorre a produção da proteína histona, que, juntamente com o DNA, forma os filamentos cromossômicos, através dos quais as informações genéticas são transmitidas da célula-mãe para as células-filhas. Baseando-se na duplicação do DNA, a intérfase pode ser dividida em três períodos consecutivos: 1º período: G1 – antecede a duplicação do DNA; nele ocorre a inten- sa produção de RNA e diversas proteínas; 2º período: S – no qual ocorre a duplicação do DNA, e em conse- qüência a duplicação dos filamentos de cromatina formando os cromossomos; 3º período: G2 – inicia-se com o término da duplicação do DNA e vai até o início da divisão. Nesta fase, os centríolos terminam sua duplicação e se aproximam do núcleo; proteínas necessárias à divisão são produzi- das. A célula aumenta de tamanho induzindo a divisão. nandoesam Highlight
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