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Educação Híbrida

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1 
www.soeducador.com.br 
 Educação híbrida 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 2 
EDUCAÇÃO HÍBRIDA EM MODELOS PEDAGÓGICOS MAIS INOVADORES .................................. 4 
A construção do projeto .............................................................................................................................. 5 
Ênfase em valores e competências amplas ................................................................................................... 7 
Equilíbrio entre compartilhar e personalizar ................................................................................................ 8 
EDUCAÇÃO HÍBRIDA EM MODELOS PEDAGÓGICOS DISCIPLINARES ....................................... 15 
O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE .................................................................................... 17 
Metodologias ativas e modelos híbridos na educação ................................................................................ 23 
Alguns problemas no atual EAD no Brasil ................................................................................................ 33 
Contribuições das tecnologias digitais da informação e comunicação para a educação .............................. 35 
Modalidades ............................................................................................................................................. 37 
Desafios e possibilidades da personalização do ensino .............................................................................. 41 
EDUCAÇÃO HÍBRIDA EM TEMPOS DE PANDEMIA ......................................................................... 43 
Personalização e tecnologia na educação ................................................................................................... 52 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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www.soeducador.com.br 
 Educação híbrida 
INTRODUÇÃO 
 
Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi 
misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, 
metodologias, públicos. Esse processo, agora, com a mobilidade e a conectividade, 
é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um ecossistema mais aberto e 
criativo. Podemos ensinar e aprender de inúmeras formas, em todos os momentos, 
em múltiplos espaços. Híbrido é um conceito rico, apropriado e complicado. Tudo 
pode ser misturado, combinado, e podemos, com os mesmos ingredientes, preparar 
diversos “pratos”, com sabores muito diferentes. 
A mistura mais complexa é integrar o que vale a pena aprender, para que e 
como fazê-lo. O que vale a pena? Que conteúdos, competências e valores escolher 
em uma sociedade tão multicultural? O que faz sentido aprender em um mundo tão 
heterogêneo e mutante? Podemos ensinar a mudar se nós mesmos, os gestores e 
docentes, temos tantas dificuldades em tomar decisões, em evoluir e em ser 
coerentes, livres, realizados? Podemos ensinar de verdade se não praticamos o que 
ensinamos? 
A educação é híbrida também porque acontece no contexto de uma 
sociedade imperfeita, contraditória em suas políticas e em seus modelos, entre os 
ideais afirmados e as práticas efetuadas; muitas das competências sócio-emocionais 
e valores apregoados não são coerentes com o comportamento cotidiano de uma 
parte dos gestores, docentes, alunos e famílias. 
Em uma sociedade em mudança, em construção, contraditória, com 
profissionais em estágios desiguais de evolução cognitiva, emocional e moral, tudo é 
mais complexo e difícil. Uma escola imperfeita é a expressão de uma sociedade 
também imperfeita, híbrida, contraditória. 
Muitos gestores, docentes e alunos são “híbridos”, no sentido de 
contraditórios, pela formação desbalanceada (mais competências cognitivas que 
sócio-emocionais) e pelas dificuldades em saber conviver e aprender juntos. 
O ensino é híbrido, também, porque não se reduz ao que planejamos 
institucional e intencionalmente. Aprendemos por meio de processos organizados, 
 
 
 
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www.soeducador.com.br 
 Educação híbrida 
junto com processos abertos, informais. Aprendemos quando estamos com um 
professor e aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. Aprendemos 
de modo intencional e de modo espontâneo, quando estudamos e também quando 
nos divertimos. Aprendemos com o sucesso e com o fracasso. Hoje, temos inúmeras 
formas de aprender. Por que tantos se perdem, não se interessam, abandonam o 
que iniciaram? 
O ensino é híbrido porque todos somos aprendizes e mestres, consumidores 
e produtores de informação e de conhecimento. Passamos, em pouco tempo, de 
consumidores da grande mídia a “prosumidores” – produtores e consumidores – de 
múltiplas mídias, plataformas e formatos para acessar informações, publicar nossas 
histórias, sentimentos, reflexões e visão de mundo. Somos o que escrevemos, o que 
postamos, o que “curtimos”. Nisso expressamos nossa caminhada, nossos valores, 
visão de mundo, sonhos e limitações. Em um sentido mais amplo, há muitos portais 
e aplicativos que facilitam a qualquer um tornar-se professor, ensinar algo que 
interesse a alguém (de forma gratuita ou paga). Todos nós ensinamos e 
aprendemos o tempo todo, de forma muito mais livre, em grupos mais ou menos 
informais, abertos ou monitorados. 
Na educação, acontecem vários tipos de mistura, blended ou educação 
híbrida: de saberes e valores, quando integramos várias áreas de conhecimento (no 
modelo disciplinar ou não); de metodologias, com desafios, atividades, projetos, 
games, grupais e individuais, colaborativos e personalizados. Também falamos de 
tecnologias híbridas, que integram as atividades da sala de aula com as digitais, as 
presenciais com as virtuais. Híbrido também pode ser um currículo mais flexível, que 
planeje o que é básico e fundamental para todos e que permita, ao mesmo tempo, 
caminhos personalizados para atender às necessidades de cada aluno. Híbrido 
também é a articulação de processos de ensino e aprendizagem mais formais com 
aqueles informais, de educação aberta e em rede. Implica misturar e integrar áreas, 
profissionais e alunos diferentes, em espaços e tempos distintos. 
São muitas as questões que impactam o ensino híbrido, o qual não se reduz a 
metodologias ativas, ao mix de presencial e on-line, de sala de aula e outros 
espaços, mas que mostra que, por um lado, ensinar e aprender nunca foi tão 
 
 
 
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 Educação híbrida 
fascinante, pelas inúmeras oportunidades oferecidas, e, por outro, tão frustrante, 
pelas dificuldades em conseguir que todos desenvolvam seu potencial e se 
mobilizem de verdade para evoluir sempre mais. 
Qual é a melhor combinação dessa mistura? Como juntar o melhor de cada 
ingrediente e conseguir um resultado excepcional? 
As instituições educacionais atentas às mudanças escolhem 
fundamentalmente dois caminhos, um mais suave – alterações progressivas – e 
outro mais amplo, com mudanças profundas. No caminho mais suave, elas mantêm 
o modelo curricular predominante – disciplinar –, mas priorizam o envolvimento 
maior do aluno, com metodologias ativas, como o ensino por projetos de forma mais 
interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended e a sala de aula invertida. 
Outras instituições propõem modelos mais inovadores, sem disciplinas, que 
redesenham o projeto, os espaços físicos e as metodologias com base em 
atividades, desafios, problemas e jogos, e em que cada aluno aprende no seu 
próprio ritmo e de acordo com sua necessidade, além de aprender também com os 
outrosestudantes em grupos e projetos, sob supervisão de professores 
orientadores. 
 
EDUCAÇÃO HÍBRIDA EM MODELOS PEDAGÓGICOS MAIS 
INOVADORES 
 
As instituições mais inovadoras procuram integrar algumas dimensões 
importantes no seu projeto político-pedagógico: 
1. Ênfase no projeto de vida de cada aluno, com orientação de um 
mentor; 
2. Ênfase em valores e competências amplas: de conhecimento e sócio-
emocionais; 
3. Equilíbrio entre as aprendizagens pessoal e grupal. Respeito ao ritmo e 
estilo de aprendizagem de cada aluno combinado com metodologias ativas grupais 
(desafios, projetos, jogos significativos), sem disciplinas, com integração de tempos, 
espaços e tecnologias digitais. 
 
 
 
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 Educação híbrida 
A construção do projeto 
 
O projeto visa estimular a busca de um sentido, de uma vida com significado, 
com motivação profunda e socialmente útil. A escola disponibiliza para cada 
estudante um mentor que o acompanha mais de perto no seu dia a dia, não só nas 
decisões sobre aprendizagem, mas sobretudo naquelas relacionadas a visão de 
futuro. 
Professores e pais, nessas escolas inovadoras, transmitem uma mensagem 
fundamental para as crianças: “Persigam seus sonhos”. Além disso, ajudam os 
estudantes a realizá-los (orientação, apoio), mesmo que tais objetivos, depois, 
mudem. Nosso maior desafio é aprender a nos transformar em pessoas cada vez 
mais humanas, sensíveis, afetivas e realizadas, vivendo de forma simples, andando 
na contramão de muitas visões materialistas, egoístas e deslumbradas com as 
aparências. De pouco adianta saber muito se não saímos do nosso egoísmo nem 
praticamos o que conhecemos. 
O projeto de vida olha para o passado de cada aluno (história), para o seu 
contexto atual e para as suas expectativas futuras. Isso pode ser trabalhado com 
histórias e narrativas: Ver a aprendizagem como algo ligado à história de vida é 
entender que ela está situada em um contexto, e que também tem história – tanto 
em termos de histórias de vida dos indivíduos e histórias e trajetórias das instituições 
que oferecem oportunidades formais de aprendizagem como de histórias de 
comunidades e situações em que a aprendizagem informal se desenvolve. 
(GOODSON, 2007, p. 250). 
O currículo e a aprendizagem são narrativas que também se constroem ao 
longo do percurso, em contraposição às narrativas prontas, definidas previamente 
nos sistemas convencionais de ensino. 
Cada um de nós vai construindo seu projeto de vida na fluência de uma rica 
trama de trocas, reflexões, vivências, histórias físicas e digitais, formais e informais, 
previsíveis e ocasionais, que se interligam e recombinam incessantemente. Nossa 
vida é uma narrativa dinâmica com enredo fluido, costurado com fragmentos das 
múltiplas histórias que vivenciamos e compartilhamos de diversas formas com 
 
 
 
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 Educação híbrida 
alguns mais próximos física e digitalmente. Nessa narrativa em construção, nossa 
existência adquire mais sentido quando conseguimos perceber alguma coerência, 
alguns padrões importantes, junto com algumas descobertas iluminadoras. 
Construímos a vida como uma narrativa, com enredos múltiplos, bem como diversos 
atores internos e externos, que se explicita nessa troca incessante de mensagens, 
vivências e saberes. 
Aprendemos mais e melhor quando encontramos significado para aquilo que 
percebemos, somos e desejamos, quando há alguma lógica nesse caminhar – no 
meio de inúmeras contradições e incertezas –, a qual ilumina nosso passado e 
presente, bem como orienta nosso futuro. 
A educação no sentido mais amplo é aprender – e auxiliar os outros a fazê-lo, 
por meio de comunicação e compartilhamento – a construir histórias de vida que 
façam sentido, que nos ajudem a compreender melhor o mundo, aos demais e a nós 
mesmos; que nos estimulem a evoluir, a fazer escolhas, nos libertem das nossas 
dependências e nos tornem mais produtivos e realizados em todos os campos, como 
pessoas e cidadãos. 
Bruner mostra que as narrativas são linguagens que contribuem para tornar 
significativa a aprendizagem na vida dos estudantes por meio da interação pela 
reelaboração das diversas experiências (BRUNER, 2001). 
A educação de qualidade nos ajuda a construir histórias relevantes. A pessoa 
motivada para aprender consegue evoluir mais e desenvolver um projeto de vida 
mais significativo. Por isso, além de saber contar histórias e estimular que os alunos 
contem as suas, é fundamental que os ajudemos a perceber que a vida é uma 
grande história que vale a pena ser vivida e que a construímos em capítulos 
sucessivos: como crianças, jovens, adultos e idosos. Isso amplia enormemente o 
potencial motivador para viver e facilita a percepção de que, no meio de múltiplas 
pequenas histórias, estamos construindo uma narrativa silenciosa que as integra em 
uma sequência significativa. Costumamos dar muito mais ênfase a conteúdos 
específicos do que à construção dessa narrativa integradora de vida. O projeto de 
vida é a grande história que precisa ser estimulada em cada aluno pelos adultos. 
Infelizmente, muitos só navegam na superfície dos acontecimentos, sem construir 
 
 
 
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 Educação híbrida 
um sentido mais profundo para sua existência. Não basta estar conectado para 
aprender o essencial. 
 
Ênfase em valores e competências amplas 
 
O centro do projeto pedagógico das escolas inovadoras é a construção de 
valores fundamentais sólidos e, a partir deles, das competências cognitivas e sócio-
emocionais da comunidade educadora. Os valores, as competências e o projeto de 
vida não permanecem confinados nos documentos oficiais, mas são vivenciados no 
currículo, na formação continuada e na prática docente, na cultura de toda a 
comunidade escolar. 
A educação é um processo de desenvolvimento humano que ocorre na 
aprendizagem 360 graus: uma aprendizagem ampla, integrada, desafiadora. No 
mundo complexo de hoje, a escola precisa ser pluralista, mostrando visões, formas 
de viver e diferentes possibilidades de realização pessoal, profissional e social, que 
nos ajudem a evoluir sempre mais na compreensão, vivência e prática cognitiva, 
emotiva, ética e de liberdade. 
Aprender é um processo ativo e progressivo. Como disse Peter Senger 
(2006): “Aprender é se tornar capaz de fazer o que antes não conseguíamos”. É 
desenvolver um conjunto integrado de competências de aprender a conhecer, a 
conviver, a ser e a agir. 
A comunicação aberta, em múltiplas redes, é um componente-chave para a 
aprendizagem significativa, pelas possibilidades de acesso, troca, recombinação de 
ideias, experiências e sínteses. O desafio da escola é capacitar o aluno a dar 
sentido às coisas, compreendê-las e contextualizá-las em uma visão mais 
integradora, ampla, ligada à sua vida. 
Temos baseado a educação mais no controle do que no afeto, mais no 
autoritarismo do que na colaboração. 
Nossas escolas, nosso governo, nossos negócios estão permeados da visão 
de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança. Deve existir poder 
 
 
 
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 Educação híbrida 
sobre eles, poder para controlar. O sistema hierárquico é inerente a toda a nossa 
cultura. (ROGERS, 1992, p. 66). 
A comunicação afetiva – com apoio das tecnologias – nos ajuda a aprender a 
partir das histórias de vida e dos sonhos de cada um dos alunos. O clima de 
acolhimento, confiança, incentivo e colaboração é decisivo para uma aprendizagem 
significativa e transformadora. “Se as pessoas são aceitas e consideradas, tendem a 
desenvolver uma atitude de mais consideração em relação a si mesmas” (ROGERS, 
1992, p. 65). 
A aprendizagem depende também da motivação profunda, se é intrínseca ou 
extrínseca. Na intrínseca,a pessoa não depende de controle externo, de premiação 
ou punição. Na extrínseca, o indivíduo depende de reforços externos: nota, 
remuneração, medo (BRITO, 1989). 
O ensino híbrido combina algumas dimensões da motivação extrínseca com a 
intrínseca. A aprendizagem extrínseca é útil para criar hábitos, rotinas e 
procedimentos, sobretudo com crianças, mas, posteriormente, é mais importante 
que seja internalizada pelos próprios estudantes. 
A aprendizagem é mais significativa quando motivamos os alunos em seu 
íntimo, quando eles acham sentido nas atividades propostas, quando consultamos 
suas motivações profundas, quando se engajam em projetos criativos e socialmente 
relevantes. 
 
Equilíbrio entre compartilhar e personalizar 
 
A aprendizagem se constrói em um processo equilibrado entre a elaboração 
coletiva – por meio de múltiplas formas de colaboração em diversos grupos – e a 
personalizada – em que cada um percorre roteiros diferenciadores. A aprendizagem 
acontece no movimento fluido, constante e intenso entre a comunicação grupal e a 
pessoal, entre a colaboração com pessoas motivadas e o diálogo de cada um 
consigo mesmo, com todas as instâncias que o compõem e definem, em uma 
reelaboração permanente. 
 
 
 
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 Educação híbrida 
Em um mundo tão dinâmico, de múltiplas linguagens, telas, grupos e culturas, 
cada um de nós precisa – junto com todas as interações sociais – encontrar tempo 
para aprofundar, refletir, reelaborar, produzir e fazer novas sínteses. 
É na síntese dinâmica da aprendizagem personalizada e colaborativa que 
desenvolvemos todo o nosso potencial como pessoas e como grupos sociais, ao 
enriquecer-nos mutuamente com as múltiplas interfaces do diálogo dentro de cada 
um, alimentando e alimentados pelos diálogos com os diversos grupos dos quais 
participamos, com a intensa troca de ideias, sentimentos e competências em 
múltiplos desafios que a vida nos oferece. 
As instituições mais inovadoras propõem modelos educacionais mais 
integrados, sem disciplinas. Organizam o projeto pedagógico a partir de valores, 
competências amplas, problemas e projetos, equilibrando a aprendizagem 
individualizada com a colaborativa; redesenham os espaços físicos e os combinam 
com os virtuais com apoio de tecnologias digitais. As atividades podem ser muito 
mais diversificadas, com metodologias mais ativas, que combinem o melhor do 
percurso individual e grupal. As tecnologias móveis e em rede permitem conectar 
todos os espaços e elaborar políticas diferenciadas de organização de processos de 
ensino e aprendizagem adaptados a cada situação, aos que são mais proativos e 
aos mais passivos; aos muito rápidos e aos mais lentos; aos que precisam de muita 
tutoria e acompanhamento e aos que sabem aprender sozinhos. Conviveremos nos 
próximos anos com modelos ativos não disciplinares e disciplinares com graus 
diferentes de “misturas”, de flexibilização, de hibridização. Isso exige uma mudança 
de configuração do currículo, da participação dos professores, da organização das 
atividades didáticas e da organização dos espaços e do tempo. 
As metodologias precisam acompanhar os objetivos pretendidos. Se 
queremos que os alunos sejam proativos, precisamos adotar metodologias nas quais 
eles se envolvam em atividades cada vez mais complexas, em que tenham de tomar 
decisões e avaliar os resultados, com apoio de materiais relevantes. Se queremos 
que sejam criativos, eles precisam experimentar inúmeras novas possibilidades de 
mostrar sua iniciativa. 
 
 
 
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 Educação híbrida 
Desafios e atividades podem ser dosados, planejados, acompanhados e 
avaliados com apoio de tecnologias. Os desafios bem planejados contribuem para 
mobilizar as competências desejadas, intelectuais, emocionais, pes soais e 
comunicacionais. Exigem pesquisar, avaliar situações, pontos de vista diferentes, 
fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela descoberta, caminhar do 
simples para o complexo. 
Nas etapas de formação, os alunos precisam do acompanhamento de 
profissionais mais experientes para ajudá-los a tornar conscientes alguns processos, 
a estabelecer conexões não percebidas, a superar etapas mais rapidamente, a 
confrontá-los com novas possibilidades. 
Nas metodologias ativas de aprendizagem, o aprendizado ocorre a partir da 
antecipação, durante o curso, de problemas e situações reais, os mesmos que os 
alunos vivenciarão depois na vida profissional. 
Podemos oferecer propostas mais personalizadas, para cada estilo 
predominante de aprendizagem, monitorando-as e avaliando-as em tempo real, o 
que não era possível na educação mais massiva ou convencional. Os alunos mais 
pragmáticos preferirão atividades diferentes daquelas escolhidas por estudantes 
mais teóricos ou conceituais, e a ênfase nas atividades também será distinta. 
É possível planejar atividades diferentes para grupos de alunos diferentes, em 
ritmos distintos e com possibilidade real de acompanhamento pelos professores. 
Esses recursos mapeiam, monitoram, facilitam e interaprendem com a prática e a 
experiência (SIEMENS, 2005). Há, hoje, um grande avanço na análise dos 
metadados, na geração de relatórios personalizados, no desenvolvimento de 
plataformas adaptativas e aplicativos que orientam os professores sobre como 
cada aluno aprende, em que estágio se encontra e o que o motiva mais (GOMES, 
2013). 
A escola pode integrar-se aos espaços significativos da cidade e do mundo 
pelo contato físico e digital: centros produtivos, comerciais e culturais – museus, 
cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, entre outros. Podem organizar também 
os currículos com atividades profissionais ou sociais, com apoio da comunidade, 
além de todos os ambientes virtuais disponíveis. 
 
 
 
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 Educação híbrida 
Um dos muitos modelos interessantes para pensar como organizar de forma 
diferente a “sala de aula” é olhar para algumas escolas inovadoras. Por exemplo, os 
projetos das escolas Summit (Summit Schools) da Califórnia equilibram tempos de 
atividades individuais com as de grupo, sob a supervisão de dois professores, de 
áreas diferentes (humanas e exatas), que se preocupam com projetos que permitam 
olhares abrangentes, integradores, interdisciplinares. Acompanham o progresso de 
cada aluno (toda sexta-feira conversam individualmente com cada um), o qual tem 
um mentor, que o orienta em seu projeto de vida. Os estudantes fazem avaliações 
quando se sentem preparados. As competências sócio-emocionais são muito 
enfatizadas, assim como o desenvolvimento de atividades e projetos em 
organizações fora das escolas. 
O ambiente físico das salas de aula e da escola como um todo também foi 
redesenhado por essas instituições mais inovadoras, passando a ser mais centrado 
no aluno. As salas de aula são mais multifuncionais, combinam facilmente atividades 
de grupo, de plenário e individuais. Os ambientes estão cada vez mais adaptados 
para uso de tecnologias móveis. 
As escolas precisam repensar esses espaços tão quadrados para outros mais 
abertos, onde lazer e estudo estejam mais integrados. 
O que impressiona nas escolas com desenhos arquitetônicos e pedagógicos 
mais avançados é que os espaços são mais amplos e agradáveis. Há instituições 
mais em contato com a natureza, o que proporciona vantagens inegáveis para 
projetos de ecologia de aprendizagem mais integral (como o Projeto Âncora). 
Também há projetos em comunidades carentes, como o da Escola Municipal 
Campos Salles, em que os alunos desenvolvem roteiros de aprendizagem 
personalizados, em pequenos grupos, com o acompanhamento dos professores 
tutores e o apoio dos dados da evolução de cada aluno, fornecidos on-line por uma 
plataforma adaptativa. 
Também no Rio de Janeiro e no Recife temosas escolas públicas do projeto 
NAVE – Núcleo Avançado de Educação –, que utiliza as tecnologias para capacitar 
alunos do ensino médio para profissões no campo digital. São espaços grandes, 
com pátios onde lazer e pesquisa se misturam. 
 
 
 
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 Educação híbrida 
Os impactos positivos do programa vêm sendo colhidos também nas 
avaliações realizadas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nos resultados 
divulgados nas duas últimas edições do exame, o Colégio Estadual José Leite Lopes 
obteve o primeiro lugar das escolas ligadas à Secretaria de Estado de Educação do 
Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ), resultado também alcançado pela Escola Técnica 
Estadual Cícero Dias, primeira colocada entre as escolas de Pernambuco vinculadas 
à Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco (SEEP). Um dos exemplos 
brasileiros de foco nas competências sócio-emocionais é o Colégio Estadual Chico 
Anysio, no Rio de Janeiro. A unidade, inaugurada em 2013, faz parte de um projeto 
da Secretaria de Educação fluminense e do Instituto Ayrton Senna. A escola tem 
jornada integral no ensino médio, mas sem conteúdo profissionalizante. Os eixos da 
formação envolvem trabalho, convívio, aprendizagem e autonomia (SANTOS; 
VIEIRA, 2014). 
Outro conjunto interessante é composto pelas escolas públicas High Tech 
High, que lembram laboratórios multiuso, onde os alunos vão da ideia à realização e 
apresentação dos seus projetos, com apoio de ferramentas físicas e digitais, entre 
elas as impressoras 3D. Há ênfase na cultura do fazer (cultura maker) e nas 
competências sócio-emocionais. 
No ensino superior, a área de saúde foi pioneira em trabalhar com solu ção de 
problemas, já na década de 1960, por meio da Universidade McMaster, no Canadá, 
e da Universidade de Maastricht, na Holanda (CYRINO; TORALLES-PEREIRA, 
2004). Muitos cursos de medicina trabalham com problemas, e também diversos 
cursos de engenharia adotam a Metodologia de Projetos, como a Olin College e, no 
Brasil, o Insper. Instituições inovadoras, como o Institute of Design, de Stanford, 
admitem alunos de todas as áreas do conhecimento e desenvolvem projetos 
criativos por meio da metodologia do design thinking. 
Agora, com as tecnologias móveis, os modelos de problemas e projetos são 
mais híbridos. Uma parte das atividades é realizada no ambiente virtual e outra de 
modo presencial. 
Trata-se de uma das metodologias inovadoras aplicadas por professores nos 
diversos cursos. Outros métodos utilizados são o PBL – Project Based Learning 
 
 
 
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 Educação híbrida 
(aprendizagem baseada em projetos ou em problemas); o TBL – Team-based 
Learning (aprendizagem por times); o WAC – Writing Across the Curriculum (escrita 
por meio das disciplinas); e o Study Case (estudo de caso). 
Na educação formal, alguns projetos pedagógicos dão mais ênfase à 
aprendizagem grupal, enquanto outros, à individualizada. Ambos são importantes e 
precisam ser integrados para dar conta da complexidade de aprender na nossa 
sociedade cada vez mais dinâmica e incerta. 
Em um mundo de tantas informações, oportunidades e caminhos, a qualidade 
da docência se manifesta na combinação do trabalho em grupo com a 
personalização, bem como no incentivo à colaboração entre todos e, ao mesmo 
tempo, à que cada um possa personalizar seu percurso. As tecnologias web 2.0, 
gratuitas, facilitam a aprendizagem colaborativa entre colegas próximos e distantes. 
Cada vez adquire mais importância a comunicação entre pares, entre iguais, dos 
alunos entre si, que trocam informações, participam de atividades em conjunto, 
resolvem desafios, realizam projetos e avaliam-se mutuamente. Fora da escola, 
acontece o mesmo: a comunicação entre grupos, nas redes sociais, que 
compartilham interesses, vivências, pesquisas, aprendizagens. Cada vez mais a 
educação se horizontaliza e se expressa em múltiplas interações grupais e 
personalizadas. 
A comunicação por meio da colaboração se complementa com a 
comunicação um a um, com a personalização, pelo diálogo do professor com cada 
aluno e seu projeto, com a orientação e o acompanhamento do seu ritmo. Podemos 
oferecer sequências didáticas mais personalizadas, monitorá-las e avaliá-las em 
tempo real, com o apoio de plataformas adaptativas, o que não era possível na 
educação mais massiva ou convencional. Com isso, o professor conversa, orienta 
seus alunos de forma mais direta, no momento que precisam e da forma mais 
conveniente. 
Sozinhos, vamos até certo ponto; juntos, também. Essa interconexão entre a 
aprendizagem pessoal e a colaborativa, em um movimento contínuo e ritmado, nos 
ajuda a avançar muito além do que faríamos sozinhos ou apenas em grupo. Os 
projetos pedagógicos inovadores conciliam, na organi zação curricular, espaços, 
 
 
 
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 Educação híbrida 
tempos e projetos que equilibram a comunicação pessoal e a colaborativa, 
presencial e on-line. 
O papel ativo do professor como design de caminhos, de atividades 
individuais e de grupo, é decisivo e o faz de forma diferente. O professor se torna 
cada vez mais um gestor e orientador de caminhos coletivos e individuais, 
previsíveis e imprevisíveis, em uma construção mais aberta, criativa e 
empreendedora. 
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O 
ensinar e o aprender acontecem em uma interligação simbiótica, profunda e 
constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são dois mundos ou 
espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, 
hibridiza constantemente. Por isso, a educação formal é cada vez mais blended, 
misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas 
nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa 
seguir comunicando-se face a face com os alunos, mas também deve fazê-lo 
digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com 
cada um. 
O digital facilita e amplia os grupos e comunidades de práticas, de saberes, 
de coautores. O aluno pode ser também produtor de informação, coautor com seus 
colegas e professores, reelaborando materiais em grupo, contando histórias 
(storytelling), debatendo ideias em um fórum, divulgando seus resultados em um 
ambiente de webconferência, blog ou página da web. 
Essa mescla entre sala de aula e ambientes virtuais é fundamental para abrir 
a escola para o mundo e também trazer o mundo para dentro da instituição. Outra 
mescla ou blended é aquela entre processos de comunicação mais planejados, 
organizados e formais e outros mais abertos, como os que acontecem nas redes 
sociais, em que há uma linguagem mais familiar, maior espontaneidade e fluência 
constante de imagens, ideias e vídeos. 
Há indicadores que nos permitem argumentar a favor do currículo por projetos 
como uma matriz de mudança em potencial para aqueles segmentos da educação 
que entendem ser necessário recuperar a totalidade do conhecimento e romper com 
 
 
 
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 Educação híbrida 
o conservadorismo das práticas pedagógicas repetitivas e acríticas. (KELLER-
FRANCO; MASSETTO, 2012, p. 12). 
O ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno 
aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino ONLINE, com algum elemento 
de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, 
pelo menos em parte em uma localidade física supervisionada, fora de sua 
residência. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013). 
Todas as escolas podem implementar o ensino híbrido, misturado – tanto 
aquelas que possuem uma infraestrutura tecnológica sofisticada como as mais 
carentes. Todos os professores, também. 
 
 
EDUCAÇÃO HÍBRIDA EM MODELOS PEDAGÓGICOS DISCIPLINARESPodemos ensinar por problemas e projetos em modelos disciplinares e sem 
disciplinas; com modelos mais abertos – de construção mais participativa e 
processual – e com aqueles mais roteirizados, preparados previamente, mas 
executados com flexibilidade e forte ênfase no acompanhamento do ritmo de cada 
aluno e do seu envolvimento também em atividades em grupo. 
Um dos modelos mais interessantes para se fazer avanços dentro do modelo 
disciplinar é o de concentrar no ambiente virtual aquilo que é informação básica e 
deixar para a sala de aula as atividades mais criativas e supervisionadas. É o que se 
chama de aula invertida. Nela, o docente propõe o estudo de determinado tema, e o 
aluno procura as informações básicas na internet, assiste a vídeos e animações e lê 
os textos que estão disponíveis na web ou na biblioteca da escola. O passo seguinte 
é fazer uma ava liação, p edindo que a turma responda a três ou quatro questões 
sobre o assunto, para diagnosticar o que foi aprendido e os pontos que necessitam 
de ajuda. Em sala de aula, o professor orienta aqueles que ainda não adquiriram o b 
ásico para que possam avançar. Ao mesmo tempo, oferece problemas mais 
complexos a quem já domina o essencial, assim, os estudantes vão aplicando os 
conhecimentos e relacionando-os com a realidade. Um modelo um pouco mais 
 
 
 
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 Educação híbrida 
complexo é partir direto de desafios, o que pode ocorrer em uma só disciplina ou 
juntando-se várias. Três ou quatro professores que trabalhem com a mesma turma 
podem propor um problema interessante, cuja resolução envolva diversas áreas do 
conhecimento. É importante que os projetos estejam ligados à vida dos alunos, às 
suas motivações profundas, bem como que o professor saiba gerenciar essas 
atividades, envolvendo os estudantes, negociando com eles as melhores formas de 
realizar a tarefa e valorizando cada etapa, principalmente a apresentação e a 
publicação em um lugar do ambiente virtual que seja visível para além do grupo e da 
classe. 
A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais e jogos com a 
aula invertida é muito importante para que os alunos aprendam fazendo, juntos e no 
seu próprio ritmo. Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos estão 
cada vez mais presentes no cotidiano escolar. Para gerações acostumadas a jogar, 
as atividades com desafios, recompensas, de competição e cooperação são 
atraentes e fáceis de perceber. 
Muitas escolas e professores preferem, neste momento, manter os modelos 
de aulas prontas, com roteiros definidos previamente, sobretudo os chamados 
sistemas de ensino. Dependendo da qualidade desses materiais, das atividades de 
pesquisa, dos projetos planejados e da forma de implementá-los (adaptando-os à 
realidade local e com intensa participação dos alunos), podem ser úteis, se não 
forem executados mecanicamente. 
Um bom professor pode enriquecer materiais prontos com metodologias 
ativas: pesquisa, aula invertida, integração na sala de aula e atividades on-line, 
projetos integradores e jogos. 
De qualquer forma, esses modelos precisam também evoluir para incorporar 
propostas mais centradas no aluno, na colaboração e na personalização. 
Em escolas com menos recursos, podemos desenvolver projetos 
significativos e relevantes para os estudantes, ligados à comunidade, utilizando 
tecnologias simples – como o celular, por exemplo – e buscando o apoio de espaços 
mais conectados na cidade. Embora ter boa infraestrutura e recursos gere muitas 
 
 
 
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 Educação híbrida 
possibilidades de integrar atividades presenciais e on-line, muitos professores 
conseguem realizá-las de forma estimulante com recursos tecnológicos mínimos. 
As escolas mais conectadas podem integrar melhor a sala de aula, os 
espaços da escola e do bairro e os ambientes virtuais de aprendizagem. Podem 
disponibilizar as informações básicas de cada assunto, atividade ou projeto em um 
ambiente on-line (Moodle, Desire2Learn, Edmodo e outros), bem como fazer 
atividades com alguns tablets, celulares ou ultrabooks dentro e fora da sala de aula, 
desenvolvendo narrativas “expansivas”, que se conectam com a vida no entorno, 
com outros grupos e com os interesses profundos dos estudantes. 
O papel do professor é mais o de curador e de orientador. Curador, que 
escolhe o que é relevante em meio a tanta informação disponível e ajuda os alunos 
a encontrarem sentido no mosaico de materiais e atividades disponíveis. Curador, no 
sentido também de cuidador: ele cuida de cada um, dá apoio, acolhe, estimula, 
valoriza, orienta e inspira. Orienta a classe, os grupos e cada aluno. 
O professor precisa ser competente dos pontos de vista intelectual, afetivo e 
gerencial (gestor de aprendizagens múltiplas e complexas). Isso exige profissionais 
mais bem preparados, remunerados, valorizados. Infelizmente, não é o que 
acontece na maioria das instituições educacionais. 
 
O ENSINO HÍBRIDO COMO POSSIBILIDADE 
A importância do uso das tecnologias digitais na escola, possibilitando a 
personalização do ensino, é um desafio para muitos educadores. O ensino híbrido, 
da maneira que vem sendo utilizado em escolas de educação básica nos Estados 
Unidos, na América Latina e na Europa, difere das definições de blended learning 
voltadas para o ensino superior e entendidas como aquele modelo em que o método 
tradicional, presencial, se mistura com o ensino a distância e, em alguns casos, 
determinadas disciplinas são ministradas na forma presencial, enquanto, outras, 
apenas on-line. Esse seria o uso original do termo, que evoluiu para abarcar um 
conjunto muito mais rico de estratégias ou dimensões de aprendizagem, entre elas, 
a forma proposta neste livro. A expressão ensino híbrido está enraizada em uma 
ideia de educação híbrida, em que não existe uma forma única de aprender e na 
 
 
 
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 Educação híbrida 
qual a aprendizagem é um processo contínuo, que ocorre de diferentes formas, em 
diferentes espaços. 
É possível, portanto, encontrar diferentes definições para ensino híbrido na 
literatura. Todas elas apresentam, de forma geral, a convergência de dois modelos 
de aprendizagem: o modelo presencial, em que o processo ocorre em sala de aula, 
como vem sendo realizado há tempos, e o modelo on-line, que utiliza as tecnologias 
digitais para promover o ensino. Podemos considerar que esses dois ambientes de 
aprendizagem, a sala de aula tradicional e o espaço virtual, tornam-se 
gradativamente complementares. Isso ocorre porque, além do uso de variadas 
tecnologias digitais, o indivíduo interage com o grupo, intensificando a troca de 
experiências que ocorre em um ambiente físico, a escola. O papel desempenhado 
pelo professor e pelos alunos sofre alterações em relação à proposta de ensino 
considerado tradicional, e as configurações das aulas favorecem momentos de 
interação, colaboração e envolvimento com as tecnologias digitais. O ensino híbrido 
configura-se como uma combinação metodológica que impacta na ação no professor 
em situações de ensino e na ação dos estudantes em situações de aprendizagem. 
De acordo com o modelo proposto pelo Clayton Christensen Institute, o 
ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um aluno aprende por 
meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o 
tempo, o lugar, o modo e/ou o ritmo do estudo, e por meio do ensino presencial, na 
escola. 
As modalidades ao longo do caminho de aprendizado de cada estudante em 
um curso ou disciplina são conectadas para oferecer uma experiência de educação 
integrada. Os autores apresentam as propostas híbridas como concepções possíveis 
para o uso integrado das tecnologias digitais na cultura escolar contemporânea, 
enfatizando que não é necessárioabandonar o que se conhece até o momento para 
promover a inserção de novas tecnologias em sala de aula; pode-se aproveitar “o 
melhor dos dois mundos”. 
A organização dos modelos de ensino híbrido, feita pela equipe de 
pesquisadores do Clayton Christensen Institute, aborda formas de encaminhamento 
das aulas em que as tecnologias digitais podem ser inseridas de forma integrada ao 
 
 
 
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 Educação híbrida 
currículo e, portanto, não são consideradas como um fim em si mesmas, mas que 
têm um papel essencial no processo, principalmente em relação à personalização do 
ensino. Segundo Bray e McClaskey (2013), em um ambiente de aprendizado 
individualizado, as necessidades do aluno são identificadas por meio de avaliações, 
e a instrução é adaptada. Nesse ambiente diferenciado, os alunos são identificados 
com base em seus conhecimentos ou habilidades específicas em uma área, e o 
professor organiza a classe em grupos por afinidades para atendê-la melhor. Em um 
ambiente de aprendizagem personalizado, o aprendizado começa com o aluno. O 
aprendiz informa como aprende melhor para que organize seus objetivos de forma 
ativa, junto com o professor. Em um ambiente de aprendizado individ ualizado, a 
aprendizagem é passiva. Os professores fornecem instruções individualmente. O 
aluno não tem voz em seu projeto de aprendizagem. Em uma sala de aula 
diferenciada, os estudantes podem ser participantes ativos em sua aprendizagem. 
Os professores modificam a forma de ensinar por meio de estações ou aula 
invertida, apresentando o mesmo conteúdo para diferentes tipos de alunos, mas que 
ainda recebem informações de forma passiva. Quando os estudantes personalizam 
a sua aprendizagem, eles participam ativamente, dirigindo seu processo e 
escolhendo uma forma de aprender melhor. 
Aprender e ensinar com foco na educação híbrida 
 
A integração cada vez maior entre sala de aula e ambientes virtuais é 
fundamental para abrir a escola para o mundo e trazer o mundo para dentro da 
escola. 
Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi 
misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, 
metodologias, públicos. Agora esse processo, com a mobilidade e a conectividade, é 
muito mais perceptível, amplo e profundo: trata-se de um ecossistema mais aberto e 
criativo. O ensino também é híbrido, porque não se reduz ao que planejamos 
institucionalmente, intencionalmente. Aprendemos através de processos 
organizados, junto com processos abertos, informais. Aprendemos quando estamos 
 
 
 
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 Educação híbrida 
com um professor e aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. 
Aprendemos intencionalmente e aprendemos espontaneamente. 
Falar em educação híbrida significa partir do pressuposto de que não há uma 
única forma de aprender e, por consequência, não há uma única forma de ensinar. 
Existem diferentes maneiras de aprender e ensinar. O trabalho colaborativo pode 
estar aliado ao uso das tecnologias digitais e propiciar momentos de aprendizagem 
e troca que ultrapassam as barreiras da sala de aula. Aprender com os pares torna-
se ainda mais significativo quando há um objetivo comum a ser alcançado pelo 
grupo. 
Colaboração e uso de tecnologia não são ações antagônicas. As críticas 
sobre o isolamento que as tecnologias digitais ocasionam não podem ser 
consideradas em uma ação escolar realmente integrada, na qual as tecnologias 
como um fim em si mesmas não se sobreponham à discussão nem à articulação de 
ideias que podem ser proporcionadas em um trabalho colaborativo. Nesse sentido, 
um simples jogo ou atividade realizada no formato digital pode servir como 
inspiração para uma ação integradora, e não individual. 
As estratégias de condução da aula devem ser repensadas. Os modelos de 
rotação, propostos pelo Instituto Clayton Christensen (Christensen, 2012), podem 
ser utilizados com tal propósito. Nessa abordagem, os estudantes são organizados 
em grupos e revezam as atividades realizadas de acordo com um horário fixo ou 
com a orientação do professor. As formas de organização das salas para os 
modelos de rotação são descritas a seguir. 
 
1. Rotação por estações: os estudantes são organizados em grupos, e 
cada um desses grupos realiza uma tarefa de acordo com os objetivos do professor 
para a aula. Um dos grupos estará envolvido com propostas on-line que, de certa 
forma, independem do acompanhamento direto do professor. É importante notar a 
valorização de momentos em que os alunos possam trabalhar colaborativamente e 
momentos em que trabalhem individualmente. Após determinado tempo, 
previamente combinado com os estudantes, eles trocam de grupo, e esse 
revezamento continua até que todos tenham passado por todos os grupos. As 
 
 
 
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 Educação híbrida 
atividades planejadas não seguem uma ordem de realização, sendo de certo modo 
independentes, embora funcionem de maneira integrada para que, ao final da aula, 
todos tenham tido a oportunidade de ter acesso aos mesmos conteúdos. 
 
2. Laboratório rotacional: os estudantes usam o espaço da sala de aula 
e o laboratório de informática ou outro espaço com tablets ou computadores, pois o 
trabalho acontecerá de forma on-line. Assim, os alunos que forem direcionados ao 
laboratório trabalharão nos computadores individualmente, de maneira autônoma, 
para cumprir os objetivos fixados pelo professor, que estará, com outra parte da 
turma, realizando sua aula da maneira que considerar mais adequada. 
 
A proposta é semelhante ao modelo de rotação por estações, em que os 
alunos fazem essa rotação em sala de aula; porém, no laboratório rotacional, eles 
devem dirigir-se aos laboratórios, onde trabalharão individualmente nos 
computadores, sendo acompanhados por um professor tutor. Esse modelo é 
sugerido para potencializar o uso dos computadores em escolas que contam com 
laboratórios de informática. 
 
3. Sala de aula invertida: a teoria é estudada em casa, no formato on-
line, por meio de leituras e vídeos, enquanto o espaço da sala de aula é utilizado 
para discussões, resolução de atividades, entre outras propostas. No entanto, 
podemos considerar algumas maneiras de aprimorar esse modelo, envolvendo a 
descoberta, a experimentação, como proposta inicial para os estudantes, ou seja, 
oferecer possibilidades de interação com o fenômeno antes do estudo da teoria. 
Diversos estudos têm demonstrado que os estudantes constroem sua visão sobre o 
mundo ativando conhecimentos prévios e integrando as novas informações com as 
estruturas cognitivas já existentes para que possam, então, pensar criticamente 
sobre os conteúdos ensinados. Essas pesquisas também indicam que os alunos 
desenvolvem habilidades de pensamento crítico e têm uma melhor compreensão 
conceitual sobre uma ideia quando exploram um domínio primeiro e, a partir disso, 
 
 
 
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 Educação híbrida 
têm contato com uma forma clássica de instrução, como uma palestra, um vídeo ou 
a leitura de um texto. 
 
4. Rotação individual: cada aluno tem uma lista das propostas que deve 
completar durante uma aula. Aspectos como avaliar para personalizar devem estar 
muito presentes nessa proposta, visto que a elaboração de um plano de rotação 
individual só faz sentido se tiver como foco o caminho a ser percorrido pelo 
estudante de acordo com suas dificuldades ou facilidades, identificadas em alguma 
avaliação inicial ou prévia. A diferença desse modelo para outros modelos de 
rotação é que os estudantes não rotacionam, necessariamente, por todas as 
modalidades ou estações propostas. Sua agenda diária é individual, customizada 
conforme as suas necessidades. Em algumas situações,o tempo de rotação é livre, 
variando de acordo com as necessidades dos estudantes. Em outras situações, 
pode não ocorrer rotação e, ainda, pode ser necessária a determinação de um 
tempo para o uso dos computadores disponíveis. O modo de condução dependerá 
das características do aluno e das opções feitas pelo professor para encaminhar a 
atividade. 
A integração cada vez maior entre sala de aula e ambientes virtuais é 
fundamental para abrir a escola para o mundo e trazer o mundo para dentro da 
escola. Outra integração necessária é a de prever processos de comunicação mais 
planejados, organizados e formais com outros mais abertos, como os que 
acontecem nas redes sociais, em que há uma linguagem mais familiar, uma 
espontaneidade maior, uma fluência constante de imagens, ideias e vídeos. 
Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos estão cada vez 
mais presentes no cotidiano escolar. A combinação de aprendizagem por desafios, 
problemas reais e jogos com a aula invertida é muito importante para que os alunos 
aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam no próprio ritmo. São muitas 
questões que impactam a questão da educação híbrida, que não se reduz a 
metodologias ativas, ao mix de presencial e on-line, de sala de aula e outros 
espaços. Essa prática mostra que, de um lado, ensinar e aprender nunca foi tão 
fascinante graças às inúmeras oportunidades oferecidas; de outro, pode ser 
 
 
 
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 Educação híbrida 
frustrante devido às dificuldades em conseguir que todos desenvolvam seu potencial 
e realmente se mobilizem para evoluir sempre mais. 
A educação híbrida precisa ser pensada no âmbito de modelos curriculares 
que propõem mudanças, privilegiando a aprendizagem ativa dos alunos — 
individualmente e em grupo, escolhendo-se fundamentalmente dois caminhos: um 
mais suave, de mudanças progressivas, e outro mais amplo, de mudanças 
profundas. No caminho mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante 
(disciplinar), mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas, 
como o ensino híbrido, para a realização de projetos, jogos de cunho mais 
interdisciplinar e, em especial, a aula invertida para iniciar com a primeira 
aproximação a um tema ou atividade no ambiente virtual e realizar o 
aprofundamento com a mediação do professor no ambiente presencial. 
As instituições mais inovadoras propõem modelos educacionais mais 
integrados, sem disciplinas. Organizam o projeto pedagógico a partir de valores, 
competências amplas, problemas e projetos, equilibrando a aprendizagem 
individualizada com a colaborativa; redesenham os espaços físicos, combinando-os 
aos virtuais com o apoio de tecnologias digitais. As atividades podem ser muito mais 
diversificadas, com metodologias mais ativas, que combinem o melhor do percurso 
individual e grupal. 
As tecnologias móveis e em rede permitem não só conectar todos os 
espaços, mas também elaborar políticas diferenciadas de organização de processos 
de ensino-aprendizagem adaptados a cada situação, ou seja, aos que são mais 
proativos e aos mais passivos; aos muito rápidos e aos mais lentos; aos que 
precisam de muita tutoria e acompanhamento e aos que sabem aprender sozinhos. 
Conviveremos nos próximos anos com modelos ativos não disciplinares e 
disciplinares com graus diferentes de “misturas”, de flexibilização, de hibridização. 
 
Metodologias ativas e modelos híbridos na educação 
 
Num mundo em profunda transformação a educação precisa ser muito mais 
flexível, híbrida, digital, ativa, diversificada. Os processos de aprendizagem são 
 
 
 
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 Educação híbrida 
múltiplos, contínuos, híbridos, formais e informais, organizados e abertos, 
intencionais e não intencionais. Hoje há inúmeros caminhos de aprendizagem 
pessoais e grupais que concorrem e interagem simultânea e profundamente com os 
formais e que questionam a rigidez dos planejamentos pedagógicos das instituições 
educacionais. 
 
A chamada educação a distância precisa sair dos modelos conteudistas e 
incorporar todas as possibilidades que as tecnologias digitais trazem: a flexibilidade, 
o compartilhamento, ver-nos e ouvir-nos com facilidade, desenvolvimento de 
projetos em grupo e individualmente, visualização do percurso de cada um, 
possibilidade de criar itinerários mais personalizados. Precisa incorporar também 
todas as formas de aprendizagem ativa que ajudam os alunos a desenvolver as 
competências cognitivas e sócio-emocionais. Mais que educação a distância 
podemos falar de educação flexível, online. 
A maior parte das instituições educacionais (presenciais/blended/online) está 
preocupada em fazer mudanças, mas predominam os modelos de design fechado, 
de sequência de roteiros iguais para todos, de ênfase mais no conteúdo do que nas 
competências. 
Algumas dimensões estão ficando claras na educação formal: 1) o modelo 
blended, semipresencial, misturado, em que nos reunimos de várias formas – física 
e digital – em grupos e momentos diferentes, de acordo com a necessidade, com 
muita flexibilidade, sem os horários rígidos e planejamento engessado; 2) 
Metodologias ativas: aprendemos melhor através de práticas, atividades, jogos, 
projetos relevantes do que da forma convencional, combinando colaboração 
(aprender juntos) e personalização (incentivar e gerenciar os percursos individuais) e 
3) O modelo online com uma mistura de colaboração e personalização, em tempo 
real e através de multiplataformas digitais moveis. Cada aluno desenvolve um 
percurso mais individual e participa em determinados momentos de atividades de 
grupo. Uma parte da orientação será via sistema (plataformas adaptativas com 
roteiros semiestruturados, que respondem as questões mais previsíveis) e a 
 
 
 
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 Educação híbrida 
principal será feita por professores e tutores especialistas, que orientarão os alunos 
nas questões mais difíceis e profundas. 
A combinação da aprendizagem ativa e hibrida com tecnologias moveis é 
poderosa para desenhar formas interessantes de ensinar e aprender. A 
aprendizagem ativa da ênfase ao papel protagonista do aluno, ao seu envolvimento 
direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo, experimentando, 
desenhando, criando, com orientação do professor; a aprendizagem híbrida destaca 
a flexibilidade, a mistura e compartilhamento de espaços, tempos, atividades, 
materiais, técnicas e tecnologias que compõem esse processo ativo. 
Híbrido hoje tem uma mediação tecnológica forte: físico-digital, móvel, ubíquo, 
realidade física e aumentada, que trazem inúmeras possibilidades de combinações, 
arranjos, itinerários, atividades. 
Metodologias são grandes diretrizes que orientam os processos de ensino e 
aprendizagem e que se concretizam em estratégias, abordagens e técnicas 
concretas, específicas, diferenciadas. 
Metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação 
efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma 
flexível, interligada, híbrida. As metodologias ativas num mundo conectado e digital 
se expressam através de modelos de ensino híbridos, com muitas possíveis 
combinações. A junção de metodologias ativas com modelos flexíveis, híbridos traz 
contribuições importantes para a o desenho de soluções atuais para os aprendizes 
de hoje. 
Aprendemos de muitas maneiras, com diversas técnicas, procedimentos, 
mais ou menos eficazes para conseguir os objetivos desejados. A aprendizagem 
ativa aumenta a nossa flexibilidade cognitiva, que é a capacidade de alternar e 
realizar diferentes tarefas, operações mentais ou objetivos e de adaptar-nos a 
situações inesperadas, superando modelos mentais rígidos e automatismos pouco 
eficientes. 
As aprendizagenspor experimentação, por design, aprendizagem maker, com 
apoio de tecnologias moveis, são expressões atuais da aprendizagem ativa, 
personalizada, compartilhada. A ênfase na palavra ativa precisa sempre estar 
 
 
 
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 Educação híbrida 
associada à aprendizagem reflexiva, para tornar visíveis os processos, os 
conhecimentos e as competências do que estamos aprendendo com cada atividade. 
Aí que o bom professor, orientador, mentor é decisivo e a tecnologia digital, também, 
porque visibiliza todo o processo de aprendizagem de cada estudante para todos. 
A aprendizagem mais intencional (formal, escolar) hoje se constrói num 
processo complexo e equilibrado entre três movimentos ativos híbridos principais: a 
construção individual – em que cada aluno percorre e escolhe seu caminho, ao 
menos parcialmente -; a grupal – em que amplia sua aprendizagem por diferentes 
formas de envolvimento, interação e compartilhamento de saberes, atividades e 
produções com seus pares, com diferentes grupos, com diferentes níveis de 
supervisão docente e a tutorial, em que aprende com a orientação de pessoas mais 
experientes em diferentes campos e atividades (curadoria, mediação, mentoria). 
Em todos os níveis há ou pode haver orientação, supervisão e ela é 
importantíssima para avançar mais profundamente na aprendizagem, mas na 
individual a responsabilidade principal é de cada um, da sua iniciativa, do que é 
previsto pela escola e do que ele constrói nos demais espaços e tempos. O mesmo 
acontece na colaborativa: depende muito -mesmo com supervisão – da qualidade, 
riqueza e iniciativas concretas dos grupos, dos projetos que desenvolvem, do poder 
de reflexão e sistematização realizada a partir das atividades desenvolvidas. O papel 
principal do especialista, do docente é o de orientador, de tutor de estudantes 
individualmente e das atividades em grupo, em que os alunos são sempre 
protagonistas. 
Há modelos pedagógicos diferentes dependendo dos objetivos, etapas de 
formação, modelos de organização (de grande escala ou não). Predominam hoje os 
modelos planejados previamente, que oferecem vídeos, textos atraentes, com links, 
quizzes, discussões, produção e avaliação em tempos certos. O grande desafio é 
combinar qualidade com quantidade, planejamento pedagógico estruturado e 
flexível; atender a muitos ao mesmo tempo e conseguir que cada um encontre 
sentido e relevância, podendo personalizar ao máximo o processo de aprender. Não 
é fácil, mas há um movimento forte de busca de ecossistemas de aprendizagem que 
ofereçam as melhores alternativas (blended/online) para as necessidades de cada 
 
 
 
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 Educação híbrida 
pessoa. A educação como um todo utiliza recursos, metodologias e tecnologias 
digitais de forma cada vez mais explícita e significativa, compondo projetos 
pedagógicos que se combinam entre o blended (com diferentes graus de presença 
físico-digital) e o online (totalmente digital) (BATES, 2015). 
As tecnologias permitem o registro, a visibilização do processo de 
aprendizagem de cada um e de todos os envolvidos. Mapeiam os progressos, 
apontam as dificuldades, podem prever alguns caminhos para os que têm 
dificuldades específicas (plataformas adaptativas). Elas facilitam como nunca antes 
múltiplas formas de comunicação horizontal, em redes, em grupos, individualizada. É 
fácil o compartilhamento, a coautoria, a publicação, produzir e 
divulgar narrativas diferentes. A combinação dos ambientes mais formais com 
os informais (redes sociais, wikis, blogs), feita de forma inteligente e integrada, nos 
permite conciliar a necessária organização dos processos com a flexibilidade de 
poder adaptá-los à cada aluno e grupo. 
 
 
 
 
 
Modelos pedagógicos inovadores 
 
Há inovações mais pontuais e inovações mais profundas (disruptivas) que 
afetam à educação formal, em todos os níveis e formas de organizar-se (presencial, 
blended, distância), trazendo novas configurações híbridas, dinâmicas, integradoras 
(HORN & STAKER, 2015). 
Os modelos educacionais (presenciais e online) mais inovadores apresentam 
algumas características importantes, com ênfases diferentes: 
Os ambientes são acolhedores: O conjunto do ecossistema de ensino-
aprendizagem é acolhedor. Quem entra nos ambientes físicos e virtuais encontra 
gestores e docentes competentes e abertos para ajudar a aprender; encontra 
 
 
 
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 Educação híbrida 
estudantes engajados em atividades desafiadoras, que os estimulam a participar, 
compartilhar, evoluir. 
Os currículos são mais integrados, interligados: interdisciplinares ou 
transdisciplinares, integram áreas de conhecimento de várias formas (sem 
disciplinas ou com só algumas), são holísticos, com uma visão humanista, 
sustentável e de competências amplas, com foco na aplicação criativa dos 
conhecimentos em várias situações e contextos. 
O currículos combinam três processos de forma equilibrada: a 
aprendizagem ativa personalizada (em que cada um pode desenvolver uma trilha 
de aprendizagem adaptada ao seu ritmo, situação, expectativas e estilo e também 
pode compor seu currículo escolhendo os módulos e atividades mais pertinentes, 
com orientação de professores/mentores); a aprendizagem entre pares (com 
diferentes grupos, em rede) e a aprendizagem mediada por pessoas mais 
experientes (professores, orientadores, mentores). 
Os currículos são suficientemente flexíveis para que os alunos possam 
personalizar seu percurso, total ou parcialmente, de acordo com suas 
necessidades, expectativas e estilos de aprendizagem e também para prever 
projetos e atividades significativos de grupo, articulando a prática e a teoria. São 
híbridos, blended, com integração de tempos, espaços e atividades, que propõem 
um “continuum” entre modelos com momentos mais presenciais e modelos mais 
digitais, superando a dicotomia presencial x distância, combinando-as, otimizando-as 
no que cada uma tem de melhor e no que é mais conveniente para a aprendizagem 
de cada tipo de estudante. 
 
As plataformas adaptativas começam a organizar e monitorar essas trilhas 
personalizadas, que se tornam visíveis em tempo real para alunos e tutores e que 
permitem o compartilhamento em tempo real a partir de qualquer dispositivo, 
principalmente dos smartphones. 
Os roteiros individuais se ampliam e combinam com os desafios e projetos em 
grupo, entre pares, utilizando diversas estratégias ativas em que aprendem a partir 
de situações reais (buscando soluções concretas, criativas, empreendedoras), de 
 
 
 
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 Educação híbrida 
simulações, jogos, construção de histórias, programando de forma mais intuitiva 
(Scrath), compartilhando todas as descobertas, desenvolvendo um portfólio com 
todas as produções realizadas. Um eixo transversal importante nos currículos é a 
metodologia de design para projetos reais importantes, principalmente para o 
desenho de projetos de vida, buscando o autoconhecimento, a percepção de algum 
significado, relevância e visão de futuro com o apoio de professores-
orientadores/mentores. 
 
 O compartilhamento em tempo real é a chave da aprendizagem hoje. Os 
aplicativos de comunicação como o Hangout e Skype facilitam a interação de 
grupos, a discussão de projetos e ideias, a apresentação de resultados e a 
orientação também mais personalizada. 
A combinação de metodologias ativas com tecnologias digitais móveis hoje é 
estratégica para a inovação pedagógica. As tecnologias ampliam as possibilidades 
de pesquisa, autoria, comunicação e compartilhamento em rede, publicação, 
multiplicação de espaços, de tempos; monitoram cada etapa do processo, visibilizam 
os resultados, os avanços e dificuldades.As tecnologias digitais diluem, ampliam e 
redefinem a troca entre os espaços formais e informais através de redes sociais e 
ambientes abertos de compartilhamento e coautoria. 
 
Outro diferencial é a importância do contato com o entorno, com o mundo, 
não só para conhece-lo, mas para contribuir com soluções reais, com contato com a 
vida, com a cidade, com o mundo (redes, comunidades) com as áreas profissionais 
desde o começo; uma troca rica com o entorno. É a aprendizagem-serviço, em que 
os alunos aprendem em contato com a 
comunidade e desenvolvem projetos que beneficiam essa mesma 
comunidade. Não é só a saída para conhecer o mundo, mas também para modifica-
lo. 
 O papel do professor nos projetos inovadores é muito mais amplo e 
avançado: É o de desenhador de roteiros pessoais e grupais de aprendizagem, 
de mediador avançado que não está centrado só em transmitir informações de uma 
 
 
 
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 Educação híbrida 
área específica. O professor é cada vez mais um coach, que orienta o aprendizado, 
uma pessoa que ajuda os estudantes a elaborarem seus projetos de aprendizagem. 
 
As tecnologias digitais ajudam na tutoria digital de primeiro nível, 
monitorando as dificuldades mais previsíveis. Cabe aos especialistas a tutoria mais 
avançada, a de problematizar, ampliar significados, ajudar na construção de 
sínteses. Aumenta a importância da mentoria, orientação mais personalizada dos 
projetos pessoais/profissionais/ de vida, como um novo componente curricular 
importante hoje. Também há uma ênfase nova pela formação por imersão, por 
supervisão para profissionais em estágios inicias (“clínicas” para novos docentes, 
assim como acontece na residência médica na Saúde, que podem ser oferecidas em 
novos formatos híbridos ou blended). 
 
Os processos de avaliação de aprendizagem também são mais amplos e 
explicitam as relações entre habilidades cognitivas e competências sócio-
emocionais. A avaliação é um processo contínuo, flexível, que acontece de várias 
formas: avaliação diagnóstica, formativa, mediadora; avaliação da produção (do 
percurso - portfólios digitais, narrativas, relatórios, observação), avaliação por 
rubricas - competências pessoais, cognitivas, relacionais, produtivas - avaliação 
dialógica, avaliação por pares, autoavaliação, avaliação online, avaliação 
integradora, entre outras. Os alunos precisam mostram na prática o que aprenderam 
com produções criativas, socialmente relevantes, que mostrem a evolução e 
percurso realizado. 
 
Há novas formas de certificação – além das acadêmicas - com cursos 
online (Moocs, nanocursos), que geram mini-certificações ou certificações 
específicas (como badges ou distintivos compartilhados digitalmente), itinerários 
formativos flexíveis, que podem compor um portfólio de comprovação de 
competências mais abrangente e personalizado para a vida profissional e para a 
vida. 
 
 
 
 
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 Educação híbrida 
Algumas técnicas interessantes para a aprendizagem ativa com 
tecnologias digitais 
Todas as instituições podem implementar o ensino híbrido, misturado, tanto 
as que possuem uma infraestrutura tecnológica sofisticada como as mais carentes. 
Todos os professores, também. Em escolas com menos recursos, podemos 
desenvolver projetos significativos e relevantes para os alunos, ligados à 
comunidade, utilizando tecnologias simples como o celular, por exemplo, e buscando 
o apoio de espaços mais conectados na cidade. Embora ter boa infraestrutura e 
recursos traz muitas possibilidades de integrar presencial e online, conheço muitos 
professores que conseguem realizar atividades estimulantes, em ambientes 
tecnológicos mínimos. 
Podem inverter o modelo tradicional de aula, com os alunos acessando os 
vídeos e materiais básicos antes, estudando-os, dando feedback para os 
professores (com enquetes, pequenas avaliações rápidas, corrigidas 
automaticamente). Com os resultados, os professores planejam quais são os pontos 
mais importantes para trabalhar com todos ou só com alguns; que atividades podem 
ser feitas em grupo, em ritmos diferentes e as que podem ser feitas individualmente. 
A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais, jogos, com a 
aula invertida é muito importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam 
juntos e aprendam, também, no seu próprio ritmo. Os jogos e as aulas roteirizadas 
com a linguagem de jogos cada vez estão mais presentes no cotidiano escolar. Para 
gerações acostumadas a jogar, a de desafios, recompensas, de competição e 
cooperação é atraente e fácil de perceber. 
O papel do professor é mais o de curador e de orientador. Curador, que 
escolhe o que é relevante entre tanta informação disponível e ajuda a que os alunos 
encontrem sentido no mosaico de materiais e atividades disponíveis. Curador, no 
sentido também de cuidador: ele cuida de cada um, dá apoio, acolhe, estimula, 
valoriza, orienta e inspira. Orienta a classe, os grupos e a cada aluno. Ele tem que 
ser competente intelectualmente, afetivamente e gerencialmente (gestor de 
aprendizagens múltiplas e complexas). Isso exige profissionais melhor preparados, 
 
 
 
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 Educação híbrida 
remunerados, valorizados. Infelizmente não é o que acontece na maioria das 
instituições educacionais. 
E importante conhecer o aluno: onde está, suas expectativas, onde se 
encontra e também suas dificuldades concretas; perguntar mais aos alunos, pedir 
que contem sua história, que gravem um vídeo com suas expectativas; acolhe-los, 
incentiva-los. E as tecnologias facilitam a visualização, acompanhamento e interação 
com cada estudante. 
Incentivar as escolhas mais personalizadas: Os alunos negociam com o 
orientador seus caminhos de aprendizagem e desenvolvem itinerários parcialmente 
diferentes. Esses caminhos são visualizados em portfólios digitais, que mostram 
todo o percurso de um, suas aprendizagens, projetos, competências desenvolvidas. 
Dar ênfase ao projeto integrador em pequenos grupos e ao desenvolvimento de 
projetos reais (sempre que possível). 
Aumenta a integração entre plataformas mais estruturadas, como o Moodle 
com aplicativos e redes mais abertos. A combinação de plataformas e redes sociais 
é poderosa. As redes trazem informalidade, rapidez e mobilidade em tempo real. As 
plataformas são importantes para organizar processos mais complexos, com turmas 
diferentes, com cursos diferentes. Elas avançam em módulos por competências, se 
tornam mais adaptativas (monitoram mais cada aluno) e começam a sugerir 
alternativas para a aprendizagem personalizada. Avança também a tutoria 
“inteligente” de primeiro nível, aplicativos que respondem as questões mais 
previsíveis. O papel do tutor será cada vez mais ajudar o aluno nas questões mais 
complexas, realizando uma tutoria mais avançada. 
O contato audiovisual, em tempo real, acontece em todas as situações da 
vida. E fácil comunicar-se por vídeo e voz em qualquer aplicativo digital. Faz muita 
diferença o contato frequente, vendo-se, ouvindo-se. A Ead está passando da fase 
online para a fase híbrida, com momentos de tutoria ao vivo, de contato com os 
alunos em momentos ao vivo online. Isso traz muito dinamismo aos cursos, maior 
sentimento de participação dos estudantes e permanência ao longo do curso. A 
popularização do HangOut, do Skype e de outros aplicativos semelhantes torna a 
experiência audiovisual fácil, importante e significativa. 
 
 
 
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 Educação híbrida 
Avança também o compartilhamento de materiais, o incentivo a que os 
estudantes possam editá-los ou comentá-los, tornando a experiência muito mais rica 
e atraente. O compartilhamento é uma das chaves da aprendizagem hoje. 
Aplicativoscomo o Google docs ou Presentations facilitam o compartilhamento e a 
coautoria. O compartilhamento acontece também nas redes sociais, nas atividades 
de grupo, na troca incessante que estabelecem, quando motivados. Na minha 
experiência de professor de cursos online, esse recurso aumenta a participação, 
engajamento e predisposição dos alunos para a leitura e motivação. 
Outra dimensão que começa a ser percebida também nos cursos online é 
relacionar os cursos ao projeto de vida do aluno, que este perceba a aprendizagem 
específica dentro de contextos mais amplos, onde aprende para ter uma vida com 
significado e não somente para aumentar a empregabilidade. A mentoria é uma 
dimensão que cobra mais importância para que o aluno se sinta mais acompanhado 
como pessoa, principalmente em cursos de formação mais longos. 
 
 
Alguns problemas no atual EAD no Brasil 
Muitas instituições banalizam a EAD; pensam que é fácil, barata, com 
recursos mínimos e que qualquer um pode trabalhar nela ou ser aluno. Muitos 
cursos são previsíveis, com informação simplificada, conteúdo raso e poucas 
atividades estimulantes e em ambientes virtuais pobres, banais. Focam mais 
conteúdos mínimos do que metodologias ativas como desafios, jogos, projetos. 
Alguns materiais são inferiores aos que são exigidos em cursos presenciais. 
Contratam profissionais com pouca experiência, mal remunerados, 
principalmente os tutores, sobrecarregados de atividades e de alunos. As práticas 
laboratoriais e de campo muitas vezes são quase inexistentes. 
Muitos professores e alunos encontram dificuldades maiores de adaptar-se à 
EAD do que eles imaginavam. Muitos docentes e tutores não se sentem confortáveis 
nos ambientes virtuais, não tem a disciplina necessária para gerenciar fóruns, 
prazos, atividades. A falta de contato físico os perturba. O mesmo acontece com 
parte dos alunos, pouco autônomos, com deficiências na formação básica. Para 
 
 
 
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 Educação híbrida 
muitos falta disciplina, gestão do tempo: se perdem nos prazos, na capacidade de 
entender e acompanhar cada etapa prevista. Muitos demoram para adaptar-se aos 
ambientes virtuais cheios de materiais, atividades, informações. Sentem falta do 
contato físico, da turma, quando o curso é todo pela WEB. O ambiente digital para 
quem não está acostumado é confuso, distante, pouco intuitivo e agradável. 
Há uma separação legal (dos órgãos reguladores) e real (das instituições, 
sociedade) entre o ensino presencial a distância, que dificulta que tenhamos 
avanços acadêmicos e de gestão relevantes. As equipes, na maior parte das 
instituições superiores, são diferentes, os currículos não estão integrados, os 
investimentos maiores são feitos no presencial. Falta visão estratégica a muitos 
gestores. Ainda é difícil planejar mudanças muito profundas, porque isso envolve 
repensar a educação de uma forma integrada, mais flexível, menos burocrática. 
 
 
Possibilidades do Ensino Personalizado 
Um dos grandes desafios da educação contemporânea é atender aos anseios 
dos estudantes que chegam às escolas que, frequentemente ainda trabalham com o 
modo transmissivo de conhecimento, totalmente tradicional e centrado na figura do 
professor. Alguns educadores até utilizam as tecnologias digitais durante o 
planejamento, mas ainda precisamos percorrer um longo caminho para atingirmos o 
patamar de outros países. Com tantos avanços e recursos tecnológicos disponíveis, 
deveríamos estar no momento da incorporação total das novas tecnologias da 
informação e comunicação no processo de ensino e aprendizagem, entretanto, 
precisa-se investir no aprimoramento dos profissionais para atender às novas 
demandas educacionais. 
 Quando o assunto é o ensino apoiado pelo uso das tecnologias digitais, 
percebe-se que novos horizontes se abrem com o surgimento de algo que veio para 
derrubar paradigmas e nos colocar próximos a experiências em outros países; como 
a Escola Pública Burnett Elementary, na Califórnia, Estados Unidos, que tenta 
aproximar os conceitos teóricos com a vida cotidiana dos alunos por meio do ensino 
híbrido, ou ainda, a escola pública Summit San Jose, reconhecida nacionalmente 
 
 
 
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 Educação híbrida 
nos EUA, por implementar o ensino híbrido com sucesso e adquirir bons resultados. 
Nesse contexto, visando instituir condições de aprendizagem em que o aluno seja 
ativo e também responsável pelo seu próprio aprendizado a fim de superar as 
dificuldades, ampliar o crescimento pessoal e a capacidade produtiva, surge a 
educação híbrida, que possibilita um ensino personalizado, mesclando parte 
presencial e outra online, com outras metodologias e um jeito novo de ensino, tendo 
o professor como mediador e orientador dos estudos. 
 
Contribuições das tecnologias digitais da informação e comunicação 
para a educação 
 
O processo educacional brasileiro ainda permanece com algumas 
características do século passado: estrutura, organização e práticas, pois não é tão 
fácil incorporar inovações nas instituições de ensino, sejam elas tecnológicas ou de 
outro teor. Com tantas mudanças sociais e avanços tecnológicos, ainda temos 
dificuldade em inserir as novas tecnologias da informação e comunicação no 
processo de ensino, a fim de transformar as características do ensino tradicional: 
fragmentação do conhecimento em disciplinas, classificação dos estudantes por 
faixa etária, divisão do tempo escolar em horas/aula, bem como a visão de alguns 
professores acerca do que seja ensinar e aprender. 
 Dialogar sobre tecnologia e educação torna-se complexo se 
desconsiderarmos o processo de aprendizagem, pois, mesmo com todo o seu 
potencial e sendo um instrumento significativo para favorecer a aprendizagem dos 
alunos, a tecnologia, por si só, não solucionará as deficiências da educação 
brasileira, que necessita refletir sobre os elementos desse processo, como o papel 
do aluno e do professor, o uso das tecnologias digitais e até mesmo os objetivos de 
aprendizagem, bem como os conceitos e modos de aprender. 
 Entretanto, isso não pode nos impedir de buscarmos novos métodos de 
ensino, muito menos de enfrentarmos os grandes desafios, principalmente quando 
se trata de potencializar o letramento digital. Mas, 
 
 
 
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 Educação híbrida 
a questão não é introduzir na escola as várias mídias, as linguagens e os 
textos que emergem do digital. É preciso, acima de tudo, criar condições para 
formas de leitura plurais e para concepções de ensino e aprendizagem que 
considerem o aprendiz como protagonista, a fim de diminuir a distância entre as 
leituras e as práticas que se desenvolvem fora da escola e aquelas que são 
privilegiadas por ela. [Barreto, 2011, p. 67]. 
 Percebemos que a inserção das tecnologias e dispositivos digitais no 
processo educacional é um fenômeno em crescimento de aceitação por muitos 
educadores, por ampliar o acesso à educação de qualidade, mas convém destacar 
que precisamos conhecer a real capacidade que as tecnologias digitais favorecem a 
educação a fim de poder usufruir todo o seu potencial. 
 Dentre as possibilidades de contribuição das TDICs - Tecnologias Digitais da 
Informação e Comunicação para a educação, destacam-se a expansão das 
possibilidades de pesquisa, discussão coletiva, produção colaborativa, criada em 
parceria entre os membros, pois se dá por meio da interação e criação de novas 
perspectivas, pois, as tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa online, de 
trazer materiais importantes e atualizados para o grupo, de comunicar-nos com 
outros professores, alunos e pessoas interessantes, de ser coautores, “remixadores” 
de conteúdos e de difundir nossos projetos e atividades, individuais, grupais e 
institucionais

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