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Consulta de Enfermagem em Hanseníase

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REVISÃO DE LITERATURA
CONSULTA DE ENFERMAGEM AO 
PORTADOR DE HANSENÍASE
•revisão integrativa•
Dandara Abreu Queiros de Lima*, Ana Valéria da Silva Cassemir*, Raquel Silveira Mendes**, 
Cristiane Santiago Natario Branco**, Ysabely de Aguiar Pontes Pamplona***
Autor correspondente: Ysabely de Aguiar Pontes Pamplona -ysabelypontes@hotmail.com
* Enfermeira. Graduada pela Faculdade de Ensino e Cultura do Ceara (Faece)
** Enfermeira. Especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceara (Uece).
*** Enfermeira. Doutoranda em Saúde Coletiva da Universidade Católica de Santos (Unisantos). Bolsista CAPES. Integrante 
do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Condições Sociais e Saúde (NEPEC). 
Resumo
O estudo objetiva conhecer os aspectos abordados em publicações científicas sobre a consulta de 
enfermagem aos pacientes portadores de hanseníase. Caracteriza-se como uma revisão integrativa da 
literatura, referente a produções científicas sobre a consulta de enfermagem em pacientes portadores 
de hanseníase. Base de dados utilizadas foram a Lilacs e a Medline; como critérios de inclusão foram 
selecionados artigos com publicação no período de 2005 à 2011, redigidos na língua inglesa, espa-
nhola e portuguesa, estando disponível na íntegra que abordassem os temas pertinentes à consulta 
de enfermagem em hanseníase. Pode-se compreender a importância da consulta de enfermagem em 
hanseníase, uma vez que ela participa, ativamente, na busca, de casos novos, interrompe a transmis-
são da doença, quebrando a cadeia epidemiológica, na prevenção da doença, na promoção da saúde, 
na orientação sobre o tratamento PQT, no registro do prontuário do paciente, para uma melhor as-
sistência continuada.
Palavras-chave: Hanseníase; Consulta; Enfermagem.
CONSULTATION BEARER OF NURSING 
HANSENÍASE
• integrative review •
Abstract
This study aimed to evaluate the points raised in the scientific literature on the nursing consultation 
to patients with leprosy. It is characterized as an integrative literature review concerning scientific 
• Artigo submetido para avaliação em 20/05/2014 e aceito para publicação em 11/11/2015 •
DOI: 2317-3378rec.v4i2.387
http://dx.doi.org/10.17267%252F2317-3378rec.v4i1.439
http://dx.doi.org/10.17267/2317-3378rec.v4i2.387
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
200
INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença crônica cuja transmis-
são se faz, de forma direta, através das vias respira-
tórias, por um contato íntimo e prolongado com o 
portador sem tratamento, causada pelo Mycobacte-
rium leprae, parasita intracelular com afinidade pe-
las células cutâneas e os nervos periféricos. Apesar 
do grande potencial infectante, somente 10% dos 
indivíduos que vivem em situações de alta preva-
lência adoecem.(1) 
A patologia, primeiramente, se manifesta atra-
vés de lesões na pele tais como manchas esbran-
quiçadas ou avermelhadas com perda de sensibi-
lidade, podendo aparecer em qualquer região do 
corpo, principalmente na face, orelhas, nádegas, 
braços, pernas, costas e mucosa nasal.(1) 
Além das lesões dermatológicas, existem as le-
sões neurológicas que ocorrem nos nervos periféri-
cos que podem ser causadas, tanto pela ação direta 
do bacilo, quanto pelos estados reacionais, mani-
festadas através da dor ou do espessamento neu-
ral, diminuição ou perda de sensibilidade e/ou força 
motora. Se não diagnosticadas e tratadas, precoce-
mente, evoluem para incapacidades físicas, como 
garra de artelhos, absorções ósseas, lagoftalmo e 
outras. Essas incapacidades que geram deformida-
des conduzem a problemas para o portador como 
capacidade de trabalho diminuída, além de limita-
ção da vida social e problemas psicológicos, o que 
auxilia no estigma e preconceito contra a doença.(2) 
De acordo com Duarte(2) aproximadamente 94% 
dos casos de hanseníase conhecidos nas Améri-
cas e 94% dos casos diagnosticados são notifica-
dos pelo Brasil. No ano de 2006, foram notifica-
dos 47.612 casos novos, dos quais 8% ocorrem em 
menores de 15 anos, cerca de 6% apresentavam 
grau II de incapacidade e 53% eram multibacilares, 
o que torna o Brasil o segundo país em número 
de casos no mundo. A Secretaria de Vigilância em 
Saúde afirma que apesar do Brasil registrar uma 
queda de 15% no número de casos de hanseníase 
no ano de 2011, ele continua ocupando o segundo 
lugar no ranking mundial de incidência da doença, 
atrás apenas da Índia.(3) 
Somente no Ceará no ano de 2011, foram diag-
nosticados 2.003 casos novos de hanseníase, co-
locando o Estado do Ceará no 13º lugar do ranking 
nacional e no 4º lugar do Nordeste, em número de 
casos novos da doença. Em Fortaleza foram regis-
trados 639 casos dos quais 26,1% foram detecta-
dos. Entre os comunicantes (membros da família 
ou pessoas que dividem habitação com um sus-
peito de hanseníase), 2.355 indivíduos foram regis-
trados e desse grupo somente 1.061 examinados.(3) 
Assim, devido à alta prevalência de casos no 
Brasil, associada ao seu potencial incapacitante, a 
hanseníase se torna um grave problema de saúde 
pública. O seu tratamento é de fundamental impor-
tância na estratégia de controle da doença visando, 
production on the nursing consultation in patients with leprosy. Database were used to Lilacs and Medline; 
inclusion criteria were selected to articles published from 2005 to 2011, written in English, Spanish and 
Portuguese, and is available in full that addressed issues pertinent to nursing consultation in leprosy. One 
can understand the importance of nursing consultation in leprosy, as it actively participates in active search 
of new cases, interrupts the transmission of disease by breaking the chain epidemiology, disease prevention, 
health promotion, orientation on the MDT, the record of the patient’s record for better continuing assistance. 
Keywords: Leprosy; Consultation; Nursing.
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
201
primordialmente, interromper a transmissão da 
doença, além de desfazer a cadeia epidemiológica, 
prevenir incapacidades físicas, promover a cura e a 
reabilitação física e social do portador.(2)
A Lei n.º 7.498/86 e o Decreto 94.406/87 regula-
mentam a consulta de enfermagem no âmbito na-
cional. O artigo 11º o legitima e a classifica como 
uma modalidade de prestação de assistência direta 
ao cliente, como atividade privativa do enfermeiro. 
A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem 
(COFEN) n.º159/93, no seu artigo 1º torna a con-
sulta de enfermagem obrigatória no desenvolvi-
mento da assistência de enfermagem em todos os 
níveis de assistência à saúde, seja em instituição 
pública ou privada.(2)
Definem-se como ações de enfermagem aquelas 
realizadas pelo enfermeiro e demais integrantes da 
equipe de enfermagem, devendo ser executadas de 
forma sistemática em todos os doentes e comuni-
cantes. Essas ações incluem a consulta de enfer-
magem e a aplicação de testes e vacina BCG intra-
dérmica para contatos.(2) 
No controle da hanseníase os profissionais de 
enfermagem possuem papel fundamental na pre-
venção da doença, na busca e diagnóstico dos ca-
sos, no tratamento e seguimento dos portadores, 
além de prevenção e tratamento de incapacidades, 
além de desenvolverem a gerência das atividades 
de controle, sistema de registro, vigilância epide-
miológica e pesquisas.(4)
Para Duarte(2) a consulta de enfermagem torna-se 
primordial na assistência visto que na consulta se es-
tabelece uma interação terapêutica do indivíduo com 
o profissional da saúde, possibilitando o reconheci-
mento das condições de vida que determinarão os 
perfis de saúde e doença. A comunicação terapêutica 
entre enfermeiro e paciente tem a finalidade de iden-
tificar e atender as necessidades de saúde do pacien-
te, criando oportunidades de aprendizagem, além de 
despertar no indivíduo o sentimento de confiança, 
fazendo com que ele se sinta satisfeito e seguro para 
voltar a viver em sociedade.(4)
Visando o cuidado, a consulta de enfermagem 
é proposta como exemplode aplicação individual 
do Processo de Enfermagem, constituindo-se em 
ações sistematizadas e inter-relacionadas, onde se 
contempla os seguintes passos do processo de en-
fermagem: histórico de enfermagem (inclui a en-
trevista e o exame físico), diagnóstico de enferma-
gem, prescrição de enfermagem e implementação 
da assistência e evolução de enfermagem. Assim, 
se tem por princípio, o conhecimento das neces-
sidades de saúde para a proposição da prescrição 
e implementação da assistência de enfermagem.(2) 
O presente estudo trata de uma revisão integra-
tiva com o intuito de conhecer a função do enfer-
meiro, na consulta ao paciente diagnosticado com 
hanseníase. A escolha deste tema se dá, devido à 
elevada prevalência desta enfermidade no Brasil, 
que se não tratada adequadamente, pode evoluir 
para complicações de úlceras plantares e incapa-
cidades físicas chegando em casos extremos as 
amputações.
Buscando, então, oferecer uma consulta mais 
qualificada e eficaz ao usuário, através de um co-
nhecimento abrangente sobre a temática referida, 
realizou-se esta pesquisa.
Compreende-se que este trabalho anseia con-
templar a temática referida na literatura atual, pos-
sibilitando que o enfermeiro possa refletir e criar 
estratégias para melhorar a qualidade da consulta 
e acompanhamento de enfermagem, aos portado-
res de hanseníase. Esta temática tem grande rele-
vância, uma vez que melhora os serviços ofertados 
pelos enfermeiros aos portadores de hanseníase, 
visto que os pacientes podem enfrentar problemas 
sociais e psicológicos que podem interferir na evo-
lução do tratamento.
Esta pesquisa tem, portanto, como objetivo co-
nhecer os aspectos abordados em publicações 
científicas sobre a consulta de enfermagem 
aos pacientes portadores de hanseníase.
METODOLOGIA
O presente trabalho caracteriza-se como uma revi-
são integrativa da literatura referente a produções 
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
202
científicas sobre a consulta de enfermagem em pa-
cientes portadores de hanseníase.
A formulação da questão norteadora deste estu-
do foi definida a partir do seguinte questionamen-
to: Como a consulta de enfermagem aos pacientes 
portadores de hanseníase estão sendo abordada 
na literatura?
A coleta de dados ocorreu no período de julho 
a setembro de 2012. A revisão foi realizada a partir 
das bases de dados eletrônicos da Literatura Lati-
no-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde 
(LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da 
Saúde (MEDLINE), consultadas através do site da 
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) da Biblioteca Re-
gional de Medicina (BIREME). Utilizando a base LI-
LACS e os descritores hanseníase e consulta e en-
fermagem e a tradução das palavras associadas em 
inglês (leprosy and consultation and nursing) e tam-
bém em espanhol (enfermería and lepra and consul-
ta), 42 artigos foram encontrados. 
Já na base de dados MEDLINE, utilizando-se as 
mesmas palavras-chave, foram identificados nove 
estudos; sendo cinco artigos com descritores em 
inglês e quatro artigos com descritores em espa-
nhol, todos estes também citados no LILACS.
Os artigos foram selecionados segundo os se-
guintes critérios de inclusão: ter sido publicado no 
período de 2005 a 2011, estar redigido em língua 
inglesa, espanhola ou portuguesa, estar disponível 
na íntegra nas referidas bases de dados e abordar 
temas relacionados à consulta de enfermagem e 
hanseníase. Tendo como os critérios de exclusão: 
publicações repetidas entre as bases de dados, re-
sumos de congressos, anais, editoriais, monogra-
fias, dissertações e teses.
Primeiramente, os artigos foram selecionados 
por meio do título e, em seguida, pelo resumo. 
Nesta etapa foram selecionados oito artigos que 
relacionavam a consulta de enfermagem e han-
seníase. Após a leitura integral dos textos, foram 
selecionados cinco artigos da base de dados, que 
serão discutidos no presente estudo. Os artigos in-
cluídos foram descritos em categorias temáticas 
de acordo com as relações apresentadas por eles 
entre a consulta de enfermagem e hanseníase. A 
análise dos dados foi fundamentada na literatura 
pertinente à temática.
Ressalta-se que foram respeitados os aspectos 
éticos e legais, tendo em vista que foram utilizadas 
publicações de periódicos nacionais, cujos autores 
foram citados em todos os momentos em que os 
artigos foram mencionados. 
RESULTADOS
Para consolidação dos resultados deste estudo, 
analisaram-se os cinco artigos que atenderam aos 
critérios de inclusão, previamente estabelecidos.
Quadro 1 – Distribuição dos artigos segundo autores, título, periódico, ano e objetivo
(continua)
Autores Título Periódico Ano Objetivo
duarte, MTC; 
Ayres, JÁ; 
Simonetti, JP
Perfil socioeconômico 
e demográfico de 
portadores de hanseníase 
atendidos em consulta de 
enfermagem
Revista Latino 
Americana de 
Enfermagem
2007 Conhecer o perfil 
socioeconômico e demográfico 
e o grau de incapacidade dos 
portadores de hanseníase, 
atendidos no Centro de Saúde 
Escola de Botucatu, SP.
Duarte, MTC; 
Ayres, JÁ; 
Simonetti, JP
Consulta de enfermagem 
ao portador de Hanseníase: 
proposta de um instrumento 
para aplicação do processo 
de enfermagem
Revista Brasileira 
de Enfermagem
2008 Relatar a experiência da 
consulta de enfermagem junto 
aos portadores de hanseníase, 
realizada em unidade de atenção 
primária à saúde.
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
203
Autores Título Periódico Ano Objetivo
Freitas, CASL; 
Neto, AVS; 
Neto, FRGX; 
Albuquerque, 
IMAN; Cunha 
ICKO
Consulta de enfermagem 
ao portador de Hanseníase 
no Território da Estratégia 
da Saúde da Família: 
percepções de enfermeiro e 
pacientes
Revista Brasileira 
de Enfermagem
2008 Analisar a percepção de 
enfermeiros e portadores de 
hanseníase sobre a Consulta de 
Enfermagem.
Vieira, CSCA; 
Soares, MT; 
Ribeiro, 
CTSX; Silva, 
LFG
Avaliação e controle 
de contatos faltosos de 
doentes com Hanseníase
Revista Brasileira 
de Enfermagem
2008 Realizar a busca ativa dos 
contatos intradomiciliares 
faltosos no controle de 
hanseníase em um Ambulatório 
Regional de Especialidades 
do Vale do Paraíba, e 
como objetivos específicos, 
caracterizar o perfil dos contatos 
intradomiciliares e os motivos da 
não adesão ao controle.
Duarte, MTC; 
Ayres, JÁ; 
Simonetti, JP
Consulta de enfermagem: 
Estratégia de cuidado ao 
portador de hanseníase em 
atenção primária
Revista Texto 
& Contexto 
Enfermagem
2009 Analisar o instrumento de 
consulta de enfermagem utilizado 
junto à clientela atendida no 
Programa de Hanseníase de uma 
Unidade de Atenção Primária à 
Saúde e identificar
Fonte: Elaborado pelas pesquisadoras.
Quadro 1 – Distribuição dos artigos segundo autores, título, periódico, ano e objetivo
(conclusão)
DISCUSSÕES
Por meio da análise dos resultados, foi possível 
formar considerações importantes a serem rela-
tadas com relação à consulta de enfermagem e 
hanseníase, as quais foram categorizadas nos se-
guintes temas: Lei Regulamentadora da Consulta 
de Enfermagem; Papel do Enfermeiro frente à han-
seníase; Consulta de Enfermagem ao paciente sus-
peito/diagnosticado com hanseníase; Hanseníase 
ainda um problema de Saúde Pública; Hanseníase: 
Estigma e traumas psicológicos; Tratamento Poli-
quimioterápico (PQT); e dose supervisionada.
LEI REGULAMENTADORA DA 
CONSULTA DE ENFERMAGEM
Através da Lei Nº 7.498/86 e pelo Decreto Nº 
94.406/87, artigo 11º foi regulamentada a consulta 
de enfermagem no âmbito nacional. Sendo legi-
timada e determinada como uma modalidade de 
prestação de assistência direta ao cliente, privativa 
do enfermeiro.(5) 
As ações de enfermagem devem então ser fun-
damentadas nos valores da profissão e no Código 
de Ética, certificando a promoção, proteção, recu-
peração e reabilitação dos indivíduos, respeitando 
os aspectos éticos e legais.(6) 
Segundo de Barros & Lopes (6) a Resolução do 
COFEN n.º 159/93, que torna obrigatória a con-sulta de enfermagem em todos os níveis de assis-
tência, foi revogada pela Resolução do COFEN nº 
358/2009. A nova diretriz organizou a prática da 
enfermagem em cinco etapas: 
I. Histórico de Enfermagem, cuja finalidade é 
a obtenção de informações sobre a pessoa, 
a família ou a coletividade humana e sobre 
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
204
suas respostas em um dado momento do 
processo de saúde-doença; 
II. Diagnóstico de Enfermagem, que constitui 
a base para a seleção das ações ou interven-
ções com as quais se objetiva alcançar os re-
sultados esperados; 
III. Planejamento de Enfermagem, que é a de-
terminação dos resultados que se esperam 
alcançar; 
IV. Implementação que é a realização das ações 
do planejamento de enfermagem; 
V. Avaliação de Enfermagem, que consiste na 
verificação das mudanças nas respostas da 
pessoa, família ou coletividade humana em 
um determinado momento do processo de 
saúde-doença, visando avaliar se as interven-
ções de enfermagem obtiveram os resultados 
esperados ou se será necessário mudanças 
ou adaptações.
As ações dos profissionais de enfermagem de-
vem, portanto, fundamentar-se nos valores da pro-
fissão e no Código de Ética, assegurando a pro-
moção, proteção, recuperação e reabilitação das 
pessoas, respeitando os preceitos éticos e legais. 
Nesse sentido, a Lei do Exercício Profissional de 
Enfermagem (LEPE) nº 7498/1986, estabelece as 
competências dos profissionais de enfermagem e 
a responsabilidade no agir com base nas compe-
tências técnicas, éticas, políticas ou relacionais de 
cada um.(6) 
A Lei Regulamentadora apresentou-se em 40% 
dos artigos encontrados sendo, não somente cita-
da mas, também, sucintamente discorrida.
PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE 
À HANSENÍASE
O Caderno de Atenção Básica do Ministério da 
Saúde, cita como papel do enfermeiro no enfrenta-
mento da hanseníase: 
1. Identificação dos sinais e sintomas da hanse-
níase e avaliação dos casos suspeitos enca-
minhados para a unidade de saúde;
2. Realização da consulta de enfermagem, as-
sim como a solicitação de exames comple-
mentares e prescrições de medicações, con-
forme protocolos ou normativas técnicas 
estabelecidas pelo gestor municipal;
3. Preenchimento completo da ficha de notifica-
ção para os casos confirmados de hanseníase;
4. Avaliação e registro do grau de incapacidade 
física em prontuários e formulários;
5. Orientação ao paciente e a família para a rea-
lização de autocuidados;
6. Orientação e realização de técnicas simples 
de prevenção de incapacidades físicas;
7. Realização de exame dermatoneurológico em 
todos os contatos intradomiciliares;
8. Realização da vacinação com o BCG aos con-
tatos sem sinais da doença;
9. Realização da assistência domiciliar,
10. Planejamento, gerenciamento, coordenação 
e avaliação das ações desenvolvidas pelos 
ACS.(7)
A enfermagem é citada como papel fundamental 
no controle da hanseníase, por meio da consulta 
de enfermagem, proporcionando a conscientiza-
ção do controle de comunicantes intradomicilia-
res, através da educação em saúde e da vacinação 
com a BCG para prevenção e controle das formas 
mais contagiosas do Mycobacterium leprae.(1) 
Além de atuar diretamente com o cliente, o en-
fermeiro também gerencia as atividades de contro-
le, o sistema de registro, a vigilância epidemiológi-
ca e a pesquisa.(4) 
Da Silva(8) afirma que estratégias como palestras 
e oficinas à comunidade têm sido de grande rele-
vância para a busca ativa de casos novos de hanse-
níase e pessoas vulneráveis à infecção, citando que 
a equipe de saúde integra as práticas de prevenção 
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
205
da doença e promoção da saúde. Também decla-
ram o respaldo que o enfermeiro possui, através 
dos programas de rotina da saúde pública, apro-
vados pela instituição de saúde, para prescrever o 
tratamento poliquimioterápico e orientá-lo, visan-
do minimizar a disseminação da doença. 
Por fim, o enfermeiro anota, detalhadamente 
as informações pertinentes do paciente e todas 
as condutas realizadas, permitindo assim, maior 
segurança do paciente e do próprio profissional e 
possibilitando a continuidade da assistência.
Considerando o papel do enfermeiro como fun-
damental pode-se compreender a sua importância 
para a Saúde Pública, sendo citado e amplamente 
discorrido em todos os artigos selecionados.
CONSULTA DE ENFERMAGEM AO 
PACIENTE SUSPEITO/DIAGNOSTICADO 
COM HANSENÍASE
 Tendo como objetivo a integralidade do cuidado, a 
consulta de enfermagem visa a maior resolutivida-
de dos problemas de saúde dos usuários dos servi-
ços, constituindo um encontro entre o indivíduo e 
o profissional de saúde.(2,5) 
O primeiro atendimento, a um possível caso de 
hanseníase, pode ser feito pelo enfermeiro capaci-
tado que realizará uma triagem, antes de encami-
nhá-lo para uma consulta médica que confirmará 
ou não o diagnóstico.(9) 
A consulta não fica restrita aos aspectos técni-
cos, mas consiste ainda na criação de uma relação 
confiável entre enfermeiro e cliente, tendo em vista 
a comunicação terapêutica, cuja finalidade é aten-
der as necessidades de saúde do cliente, criando 
oportunidades de aprendizagem além de fazê-lo 
participar dos esquemas terapêuticos.(4) 
Os passos a serem seguidos para a primeira 
consulta ao suspeito de hanseníase são os seguin-
tes: história clínica que conta com a anamnese, an-
tecedentes pessoais e doenças concomitantes e 
também antecedentes familiares; exame físico que 
consiste no exame físico geral, no exame derma-
to-neurológico (exame da superfície corporal, tes-
te de sensibilidade nas lesões suspeitas, avaliação 
neurológica simplificada com palpação de nervos, 
teste de força muscular e teste de sensibilidade de 
córnea, palmas e plantas); determinar o grau de in-
capacidade nas mãos, pés, olhos; diagnóstico, exa-
mes laboratoriais, tratamento e atividades de con-
trole.(9) 
Também faz parte da consulta de enfermagem 
a realização da notificação dos casos confirmados 
como hanseníase no Sistema Nacional de Agravos 
e Notificação (SINAN), uma vez que seja doença 
de notificação compulsória em todo Território Na-
cional e de investigação obrigatória.(7) 
A consulta pós-alta do tratamento medicamen-
toso, embora tenha sido citada em 20% dos arti-
gos, não foi amplamente abordada.
Nos artigos selecionados, todas essas condutas 
para a primeira consulta são citadas, entretanto, há 
uma maior ênfase na avaliação neurológica, no tra-
tamento poliquimioterápico e nas orientações so-
bre a prevenção de incapacidades, como pode ser 
observado no gráfico a seguir. 
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
206
Figura 1 – Ênfase dada pelos artigos as condutas de enfermagem
Fonte: Elaborada pelas pesquisadoras.
Diante do exposto foi observada uma maior ên-
fase na prevenção de incapacidades, citada em 
45% dos artigos, como essencial na consulta de 
enfermagem. Em segundo lugar ficou o tratamento 
PQT com 33% e em terceiro lugar a avaliação neu-
rológica com 22% de ênfase.
HANSENÍASE AINDA UM 
PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
Segundo a Secretária de Vigilância em Saúde o coe-
ficiente de prevalência da hanseníase no Brasil di-
minuiu de 4,52 p/10.000 habitantes em 2003 para 
1,24 p/10.000 habitantes em 2011. Ainda assim 
continua sendo o segundo lugar no ranking mun-
dial de incidência da doença, ficando o Estado do 
Ceará em 14º lugar no ranking nacional com a de-
tecção geral de hanseníase por UF de residência 
21,65 casos p/100.000 habitantes.(3) 
Apesar da diminuição desta prevalência do ano 
de 2003 para o de 2011 sabe-se que, ainda assim, 
as doenças crônico-degenerativas continuam nas 
primeiras posições entre as principais causas de 
morte, em detrimento das doenças infecto-parasi-
tárias constituindo, ainda, um grave problema de 
saúde pública.(10)
Este problema exige, assim, profissionais que es-
tejam sensibilizados e capacitados para trabalhar 
na meta da eliminaçãoda hanseníase no Ceará, 
visto a esta alta detecção de casos no Ceará, jun-
tamente com o poder incapacitante da doença.(10) 
Os artigos são unânimes em abordar a hanse-
níase como um grave problema de saúde pública 
uma vez que se relacionam a alta taxa de detecção 
e o seu potencial incapacitante.
HANSENÍASE: ESTIGMA E 
TRAUMAS PSICOLÓGICOS
Pode-se relacionar, diretamente, o estigma do pre-
conceito com o grau de incapacidade física, adqui-
rida pela doença. As consequências desta incapaci-
dade resultam em deformidades que são capazes 
de diminuir a capacidade de trabalho, limitar a vida 
social e causar problemas psicológicos.(2,10) 
Como exemplo dessas deformidades o compro-
metimento ocular, que diminui a acuidade visual 
ou mesmo a cegueira e a insensibilidade das mãos 
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e pés que, associados expõem o cliente a inúmeros 
riscos, deixando-o vulnerável a traumas, ferimen-
tos e mutilações.(5) 
O tratamento das incapacidades deve ser feito 
em conjunto com o tratamento poliquimioterápico 
e a prevenção das mesmas é realizada com ações 
de educação em saúde, diagnóstico precoce da 
doença, tratamento medicamentoso regular, con-
trole dos comunicantes com a vacinação BCG-ID, 
detecção precoce e tratamento das reações e neu-
rites e orientação sobre autocuidado.(1) 
A educação em saúde, juntamente com o apoio 
psicossocial, não deve ser relegada a segundo pla-
no, mas integrada a terapia medicamentosa para 
ter o efeito esperado do plano de cuidados, ou seja, 
a prevenção/diminuição das incapacidades e em 
consequência a redução e a eliminação do estigma 
da doença.(2) 
TRATAMENTO POLIQUIMIOTERÁPICO 
(PQT) E DOSE SUPERVISIONADA
A terapia medicamentosa da hanseníase foi intro-
duzida no Brasil em 1989, sendo fundamental na 
eliminação da doença.(10) 
A poliquimioterapia (PQT), consiste nas seguin-
tes drogas: rifampicina, clofazimina e dapsona. 
Esse tratamento segue o esquema de uma dose 
supervisionada pelo profissional de saúde e 28 do-
ses domiciliares por consulta, constando na erradi-
cação da hanseníase paucibacilar em 6 doses su-
pervisionadas em até 9 meses e na erradicação da 
hanseníase multibacilar em 12 doses supervisiona-
das em até 18 meses.(1) 
É fundamental a administração da dose 
supervisionada para se garantir a eficácia do 
tratamento, pois ao matar o bacilo é inviável a 
evolução da doença. Como consequência tem-se 
a prevenção de incapacidades e de deformidades 
levando o indivíduo a alta por cura.(7) 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo buscou-se investigar sobre como 
tem sido a abordagem na literatura da consulta de 
enfermagem ao paciente suspeito ou diagnostica-
do com hanseníase.
Após a revisão literária, algumas considerações 
podem ser realizadas. Apesar de haver bastante li-
teratura sobre a consulta de enfermagem em han-
seníase, poucas delas abordam o passo a passo 
sistematizado do plano de cuidado ao portador do 
Mycobacterium leprae. Não foram contemplados es-
tudos que falassem sobre a consulta pós-alta do pa-
ciente e nem as principais prescrições de enferma-
gem usadas na Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (SAE) pertencente a referida temática.
No estudo, foi possível observar os enfoques da-
dos ao que se considera como cuidados primor-
diais na consulta de enfermagem, como por exem-
plo, prevenção de incapacidades, deformidades, a 
avaliação dermatoneurológica e a administração 
da dose supervisionada.
Constatou-se ainda que a consulta de enferma-
gem buscou-se criação de vínculo e confiança com 
o cliente, com objetivo de prestar uma atenção de 
qualidade, humanizada e efetiva com a prioridade 
da cura e a reabilitação física e social do paciente, 
Pode-se compreender a importância da consulta 
de enfermagem em hanseníase, uma vez que ela 
participa, ativamente, na busca ativa de casos no-
vos, interrompe a transmissão da doença, quebran-
do a cadeia epidemiológica, na prevenção da doen-
ça, na promoção da saúde, na orientação sobre o 
tratamento PQT e no registro do prontuário do pa-
ciente para uma melhor assistência continuada. 
Ela proporciona ao enfermeiro, condições para 
atuar, de forma direta e independente com o pa-
ciente caracterizando, dessa forma, sua valoriza-
ção profissional. Essa atividade, fornece subsídios 
para a determinação do diagnóstico de enferma-
gem e elaboração do plano assistencial, servindo 
· Revista Enfermagem Contemporânea. 2015 Jul./Dez.;4(2):199-208 ·
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como meio para documentar sua prática, atuando 
diretamente nas ações de controle da hanseníase 
seja individualmente com o portador, sua família 
ou comunidade.
REFERÊNCIAS
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de doentes com hanseníase; Evaluación y 
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proposta de um instrumento para aplicação 
do processo de enfermagem; Consulta de 
enfermería al portador de la Lepra: propuesta 
de una herramienta para aplicación del 
proceso de enfermería; Nursing consultation for 
Leprosy patients: proposal of an instrument for 
nursing process application. Rev. bras. enferm. 
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situação epidemiológica da hanseníase no 
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de enfermagem ao portador de hanseníase 
no território da Estratégia da Saúde da 
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Consulta de enfermería al portador de la 
lepra en lo território de la Estrategia de Salud 
de la Familia: percepciones de enfermeros y 
pacientes; Nursing consultation for leprosy 
patients in the territory of the Family Health 
Strategy: perceptions of nurses and patients. 
Rev. bras. enferm. 2008;61(spe):757-763.
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da Saúde; 2008. (Série A. Normas e Manuais 
Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 21).
8. da Silva FRF, da Costa ALRC, de Araújo LFS, 
Bellato R. (2009). Prática de enfermagem na 
condição crônica decorrente de hanseníase. 
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9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de 
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10. Duarte MTC, Ayres JA, Simonetti JP. 
Socioeconomic and demographic profile 
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consultations. Rev. latinoam. enferm. 
2007;15(SPE):774-779.

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