Buscar

ANÁLISE ACÚSTIVA VOCAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
Disciplina: Análise acústica vocal 
Autores: Esp. Viviane Possa Patrício 
Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Viviane Possa Patrício 
 
 
 
 
 
Análise acústica vocal 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.r Eduardo Soncini Miranda / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Designer Instrucional 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Lucimara Ota Eshima 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
Desenvolvimento da Capa 
Carolyne Eliz de Lima 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
PATRÍCIO, Viviane Possa. 
Análise acústica vocal / Viviane Possa Patrício. – Curitiba: Faculdade UNINA, 
2020. 
63 p. 
ISBN: 978-65-87972-85-5 
1. Acústica. 2. Vocal. 3. Voz. 
Material didático da disciplina de Análise acústica vocal – Faculdade UNINA, 
2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 07 
Aula 1 – Fundamentos da voz .................................................................... 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................. 08 
 1.1 A voz ............................................................................................. 08 
 1.2 Estruturas envolvidas na produção da voz .................................... 09 
 1.2.1 Sistema de pressão de ar ........................................................... 10 
 1.2.2 Sistema Vibratório ...................................................................... 15 
 1.2.3 Sistema de ressonância ............................................................. 17 
Conclusão da aula 1 ................................................................................... 20 
Aula 2 – Fala e linguagem .......................................................................... 21 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 21 
 2.1 A voz na infância ........................................................................... 21 
 2.2 O cérebro ...................................................................................... 22 
 2.2.1 Desordens de fala e de linguagem ............................................ 23 
 2.3 A comunicação ............................................................................. 25 
 2.3.1 A voz e a fala na infância ........................................................... 26 
 2.4 Marcos no desenvolvimento ......................................................... 27 
 2.4.1 Linguagem pragmática ............................................................... 30 
 2.4.2 A voz e as emoções ................................................................... 32 
Conclusão da aula 2 ................................................................................... 33 
Aula 3 – Avaliação e acústica da voz .......................................................... 34 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 34 
 3.1 Acústica da produção da fala ......................................................... 34 
 3.2 Exames fonoaudiológicos em crianças ......................................... 39 
 3.2.1 Exames auditivos ....................................................................... 39 
 3.2.2 Exames de processamento auditivo .......................................... 40 
 3.3 Princípios da acústica ................................................................... 42 
 3.3.1 Acústica da voz .......................................................................... 44 
 3.3.2 Softwares ................................................................................... 47 
Conclusão da aula 3 ................................................................................... 47 
Aula 4 – Alterações e patologias ................................................................ 48 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 48 
 4.1 Alterações da voz .......................................................................... 48 
 
 
6 
 
 4.2 Disfonia ......................................................................................... 50 
 4.3 Transtornos da comunicação ........................................................ 52 
 4.3.1 Gagueira .................................................................................... 55 
 4.3.2 Voz fanha ................................................................................... 57 
Conclusão da aula 4 ................................................................................... 58 
Conclusão da disciplina ............................................................................. 59 
Índice Remissivo ........................................................................................ 60 
Referências ............................................................................................... 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 Olá, Estudante! 
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Análise acústica vocal. 
A voz é uma ferramenta fundamental para a comunicação, o 
estabelecimento de relações interpessoais e laborais, além de ser importante na 
expressão de ideias, sentimentos e vontades, sendo, por isso, o seu 
desenvolvimento saudável de extrema importância na infância. 
A primeira aula abordará os aspectos fundamentais para a compreensão 
de como a voz é produzida no corpo humano, trabalhando as estruturas 
anatômicas envolvidas no processoe suas características, bem como o seu 
funcionamento. 
Na segunda aula será possível entender como ocorre o processo de 
desenvolvimento da fala e da linguagem na infância, compreendendo marcos 
importantes em diferentes idades, além das características anatômicas que são 
particulares do público infantil. 
Na terceira aula, serão abordados os aspectos pertinentes à acústica 
vocal, além de diferentes ferramentas para que a realização da análise das 
estruturas vocais, além das particularidades que as crianças apresentam, a fim 
de que possa ser realizada de forma adequada ao público infantil. 
Por fim, na quarta e última aula, serão vistas as principais alterações ou 
patologias que podem influenciar a fala, compreendendo manifestações mais 
comuns na infância, como a disfonia, a gagueira e a voz fanha. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – Fundamentos da voz 
 
Apresentação da aula 1 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina de Análise 
acústica vocal. Nesta aula serão trabalhados aspectos fundamentais para a 
compreensão de como a voz é produzida no corpo humano. Para isso, serão 
vistas as estruturas anatômicas envolvidas no processo, suas características, 
bem como o seu funcionamento. 
 
1.1 A voz 
 
Cada voz é única e identifica a cada um de nós não apenas pelo seu som 
particular, mas também pelos diferentes sotaques, regionalismos, modo de se 
expressar, tom de voz, dentre outros. A voz transmite emoção e um pouco da 
personalidade de quem fala. 
Por esse motivo, compreender e trabalhar com a voz para estimular o seu 
pleno desenvolvimento, de forma saudável, é de extrema importância durante a 
infância e a presença do profissional de fonoaudiologia no ambiente escolar se 
mostra fundamental. 
Para que este diálogo aconteça, deve haver um trabalho conjunto de 
diferentes profissionais da equipe, centralizando o olhar na criança e ampliando 
o escopo de conhecimentos para tornar possível uma abordagem dinâmica e 
integral. 
Parte desse processo é compartilhar os conhecimentos específicos com 
os pais ou cuidadores, professores, pedagogos e gestores, a fim de que 
conheçam a importância desse trabalho e possam promover ações que 
envolvam a comunidade. 
Compreender o funcionamento adequado da voz envolve conhecer as 
estruturas envolvidas na sua formação e como se dá o seu funcionamento de 
maneira adequada. 
Além de conhecer as estruturas, é importante saber como elas funcionam 
em conjunto com as outras estruturas de um mesmo sistema e como podem 
interferir em outros sistemas. 
 
 
9 
 
1.2 Estruturas envolvidas na produção da voz 
 
A formação da voz é o resultado da interação de diferentes estruturas, 
que pertencem a diferentes sistemas e, muitas vezes, também apresentam 
outras funções que não estão diretamente relacionadas à produção de sons. 
Para compreender a anatomia e a fisiologia da voz é preciso 
compreender: 
 
➢ O sistema respiratório; 
➢ A laringe; 
➢ Os músculos extrínsecos da laringe; 
➢ A boca e a faringe; 
➢ A face e a mandíbula. 
 
Cada uma dessas estruturas ou sistemas apresenta suas próprias 
características, compreendê-los isoladamente permite ao profissional direcionar 
o seu olhar para onde pode haver uma barreira e como superá-la. 
A interação desses sistemas, bem como as suas particularidades durante 
a infância, como o seu desenvolvimento, também são fundamentais para que a 
voz possa ser abordada na infância, respeitando os aspectos deste público. 
Algumas dessas diferenças serão abordadas na aula dois. 
 
➢ O sistema respiratório: embora o som da voz seja produzido na 
laringe, ele só é possível devido ao fluxo de ar proveniente dos 
pulmões. Esse fluxo de ar é responsável por fazer vibrar as cordas 
vocais e, consequentemente, produzir o som; 
➢ A laringe: a laringe é uma estrutura altamente especializada, ela 
abriga as cordas vocais ou pregas vocais, que são as estruturas 
que vibram para gerar som. Elas se aproximam quando se deseja 
cantar ou falar e se afastam durante a respiração normal; 
➢ Os músculos extrínsecos da laringe: a laringe é composta por 
diversas estruturas musculares que tornam possível a mobilidade 
desta estrutura, permitindo a deglutição, a respiração e a formação 
da voz; 
 
 
10 
 
➢ A boca e a faringe: É aqui que os sons provenientes da laringe 
são preparados para se tornarem a fala, eles são modulados e 
aumentados, devido às características da boca, da língua e do 
palato; 
➢ A face e a mandíbula: Apresentam um papel importante para a 
ressonância vocal, o treinamento da voz e para a articulação das 
palavras. 
 
Agora que as estruturas e as suas funções gerais já foram brevemente 
abordadas, elas serão divididas para que seja possível abordar as 
especificidades de cada uma. 
Para fins didáticos, elas serão divididas da seguinte maneira: 
 
➢ Sistema de Pressão de Ar; 
➢ Sistema Vibratório; 
➢ Sistema de Ressonância. 
 
Dentro dessas divisões, serão vistas as estruturas elencadas 
anteriormente, bem como seu funcionamento de forma mais detalhada para 
compreender seu funcionamento normal e tornar possível a identificação de 
possíveis alterações, quando elas estiverem presentes. 
 
1.2.1 Sistema de pressão de ar 
 
É o sistema que fornece e regula a pressão de ar necessária para que as 
cordas vocais vibrem. Esse sistema, que basicamente compreende o sistema 
respiratório, é composto por diferentes estruturas, tais como: 
 
➢ Pulmões; 
➢ Diafragma; 
➢ Músculos inspiratórios; 
➢ Músculos expiratórios. 
 
 
 
11 
 
A respiração é um processo vital para os seres humanos, ela é feita com 
a ajuda dos pulmões, por meio de suas menores estruturas funcionais, 
denominadas alvéolos pulmonares. 
Os alvéolos pulmonares realizam as trocas gasosas do meio líquido 
(sangue) com o meio gasoso (o ar), captando oxigênio do ar inspirado e 
liberando o dióxido de carbono na atmosfera. 
Além de ofertar oxigênio para as células e expelir o dióxido de carbono 
pelos pulmões, a respiração, mobilizando esse volume de ar, também é 
considerada o motor ou o pilar da voz, provendo o fluxo de ar necessário para 
que as cordas vocais vibrem e o som seja produzido. 
Embora a respiração ocorra de maneira involuntária durante a maior parte 
do dia, como quando se está dormindo ou muito atento a realização de outras 
atividades, há uma alteração consciente de ritmo para que sejam produzidos a 
fala ou o canto. 
Existem duas maneiras de aumentar ou diminuir o tamanho da cavidade 
torácica, que é o que fará o fluxo de ar entrar ou sair dos pulmões e, assim, 
controlar o fluxo de ar que passará pela laringe. 
O primeiro é aumentar o espaço torácico fazendo com que as costelas se 
levantem, um movimento similar ao levantar uma alça de balde. As costelas, 
conectadas ao externo na região frontal e aos processos espinhosos, na região 
posterior, embora se movam em diferentes graus de acordo com sua posição, 
possuem a capacidade de expandir e levantar a caixa torácica. 
Esse movimento permite que ocorra a expansão da caixa torácica e, 
consequentemente, aumentará o espaço no interior dela. Quando as costelas se 
abaixam, o espaço interno diminui e o ar é expelido. 
A segunda forma é por meio do diafragma. O diafragma é um músculo 
localizado na parte inferior dos pulmões, que separa o sistema respiratório do 
sistema digestório. Quando este músculo está relaxado, ele se eleva, o espaço 
dentro da caixa torácica diminui e o ar é expelido. Quando este músculo se 
contraí ele desce, aumentando o espaço interno fazendo com que o ar entre nos 
pulmões. 
Esses mecanismos funcionam de maneira concomitante com o diafragma, 
as musculaturas respiratórias, as costelas e os pulmões funcionam de maneira 
coordenada. 
 
 
12 
 
Esse modelo pode ser melhor compreendido observando a imagem 
abaixo, que representa de maneira esquemática o funcionamento da inspiração 
e da expiraçãono organismo. 
 
 
Modelo esquemático dos processos de Inspiração e Expiração 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:2316_Inspiration_and_Expiration.jpg 
 
A pressão também exerce um importante papel durante a respiração. 
Quando o diafragma é contraído, abaixando-se, a pressão dentro da caixa 
torácica fica negativa, enquanto o ar ambiente exerce uma pressão positiva, 
fazendo com que o ar, naturalmente, se desloque do meio no qual há pressão 
positiva para o meio com pressão negativa, ou seja, do meio externo para o 
interno, momento em que ocorre a inspiração. 
Quando a cavidade torácica se encontra cheia de ar, ocorre o processo 
inverso. A pressão interna é maior do que a externa, ocorrendo, então, a 
expulsão do ar para o meio exterior, a expiração. 
Esse processo é passivo e ocorre repetidamente, devido ao efeito que as 
pressões positiva e negativa exercem sobre essas estruturas, isso ocorre para 
que o oxigênio continue a ser ofertado para as células. 
 
 
13 
 
Os pulmões nunca se esvaziam completamente, pois há uma quantidade 
de ar que sempre permanece após as expirações máximas, esse volume é 
chamado de volume residual. 
Esse volume permite que os alvéolos pulmonares não colapsem, o que 
comprometeria a função respiratória de trocas gasosas que ocorrem nessas 
estruturas. 
Os músculos que realizam as movimentações da caixa torácica e estão 
relacionados à respiração podem ser divididos quanto à sua função: inspiratórios 
ou expiratórios. E também quanto ao seu nível de importância: primários ou 
acessórios (secundários). 
Os músculos inspiratórios primários são: diafragma e intercostais 
externos. Sendo que o diafragma é o principal, enquanto os intercostais externos 
realizam o movimento de elevar as costelas durante a inspiração. 
O diafragma possui uma porção superior, composta de tecidos 
tendinosos, que é passiva. Já a sua porção inferior é composta de fibras 
musculares contráteis que permitem o abaixamento voluntário do músculo, 
permitindo que mais ar entre nos pulmões. 
Os músculos expiratórios primários são os intercostais internos, 
oblíquos internos, oblíquos externos, reto abdominal e transverso abdominal. 
Esses músculos deprimem a caixa torácica realizando a expiração forçada. 
Além desses músculos, existem outros que atuam de forma auxiliar e 
podem ser chamados de músculos acessórios da respiração. 
Os músculos acessórios ou secundários da respiração são aqueles 
cuja função principal não é a realização dos movimentos respiratórios, como os 
músculos primários, mas, sim, uma função auxiliar quando existe uma 
sobrecarga sobre o sistema respiratório. 
Esses músculos são recrutados quando há excessivo esforço respiratório, 
quando há falta de ar ou angústia respiratória como é possível observar em 
crianças durante uma crise asmática, por exemplo. 
Alguns desses músculos são o esternocleidomastoideo, os escalenos, 
peitoral maior e menor, dorsais (latissimus dorsi), serráteis, dentre outros, 
podendo até mesmo envolver a musculatura facial (quando se observa um 
fenômeno chamado de “batimento de asa de nariz”). 
 
 
14 
 
Essas musculaturas são recrutadas para realizar um esforço de 
inspiração do ar, além da elevação das costelas (inclusive clavícula) e aumento 
no diâmetro da caixa torácica para melhorar a captação de oxigênio no ar 
ambiente. 
Na respiração correta, não patológica, não deve haver esforço. Por este 
motivo, essas musculaturas não devem ser recrutadas, os músculos do peito e 
pescoço devem estar relaxados. 
Portanto, deve-se tomar cuidado ao "encher o peito" para respirar, 
utilizando as musculaturas acessórias e comprimindo o pescoço, pois essa 
prática não é a mais adequada. 
Recrutar os músculos do pescoço realiza uma compressão na região 
laríngea que pode afetar a produção da voz, além de levar a fadiga dos músculos 
secundários e, consequentemente, má postura e dores. 
Quando ocorre a inspiração, deve haver uma expansão látero-lateral e 
ântero-posterior na região inferior das costelas e do abdômen, onde é possível 
sentir o diafragma. Também deve-se tomar cuidado para não confundir o 
diafragma com o abdômen. 
Ao manter essa expansão muscular diafragmática durante a produção da 
voz, evita-se que os músculos expiratórios entrem em ação e façam com que o 
ar seja expelido muito rapidamente. 
Isso também evita que haja um fechamento abrupto ou constrição da 
região laríngea, dificultando ou interrompendo a fala. Não se deve utilizar a 
garganta para tentar "segurar o fôlego". 
Em resumo, o ar inspirado não deve ser direcionado para o peito utilizando 
as musculaturas acessórias e, sim, para a região inferior das costelas, com a 
contração diafragmática. 
Assim, a respiração, particularmente profunda, não deve ser pensada 
como "encher o peito", mas, sim, como "fazer as costelas sorrirem", permitindo 
essa expansão da caixa torácica, sem uso da musculatura acessória e utilizando 
a respiração diafragmática. 
Existem diferentes dinâmicas que podem ser utilizadas para compreender 
a localização e o funcionamento diafragmático, bem como realizar o treinamento 
dessa musculatura para permitir emissões vocais durante maiores períodos. 
 
 
 
15 
 
1.2.2 Sistema Vibratório 
 
Esse sistema é composto pelas estruturas que permitem a realização da 
vibração das cordas vocais, transformando a pressão do ar gerada pelo sistema 
anterior em ondas sonoras que irão gerar o som da voz no próximo sistema. 
Esse sistema compreende as seguintes estruturas: 
 
➢ Laringe; 
➢ Cordas vocais. 
 
A laringe é uma estrutura complexa, na sua parte superior encontra-se a 
epiglote, mais abaixo encontra-se a glote, que é o espaço compreendido entre 
as cordas vocais. Durante a respiração, a glote deve estar aberta. Quando ocorre 
a deglutição, a glote deve estar fechada. 
Se há um reflexo de tosse, a glote se fecha e, então, se abre para que o 
ar saia e expulse qualquer resíduo de alimento ou líquido que possa estar nesta 
região, evitando que ele se desloque para os pulmões, gerando problemas 
respiratórios. 
Para que a voz ocorra, a glote se move de acordo com o ajuste de tensão 
realizado pelas cordas vocais, que pode ser modificado de acordo com 
treinamento específico. 
As cordas vocais não são um sistema autônomo, mas voluntário. A sua 
estrutura compreende um músculo delgado, que é denominado tireoaritenoideo, 
esse músculo pode ser contraído ou relaxado de acordo com o desejo do falante. 
A imagem abaixo representa a visão do interior da laringe, como vista por 
meio de um laringoscópio, mostrando as cordas vocais (em inglês, vocal fold) no 
centro da imagem. 
As cordas vocais na posição vista na imagem a seguir se encontram 
abduzidas (abertas), permitindo a passagem de ar durante a respiração. Embora 
sejam chamadas de cordas ou pregas, elas são, na verdade, uma membrana 
mucosa que reveste o músculo tireoaritenoideo. 
Assim, quando o ar que sai do pulmão passa pelas cordas vocais, elas se 
fecham (aduzem) de forma controlada para vibrar, essa vibração é direcionada 
 
 
16 
 
às estruturas fonatórias, que serão vistas na sequência e realizarão a modulação 
e amplificação dos sons. 
 
 
Visão laringoscópica do interior da laringe 
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/50/Gray956.png 
 
Neste momento, as cordas vocais produzem um som similar a um 
zumbido, a voz como a ouvimos depende das estruturas que se encontram 
acima, no sistema de ressonância. 
Já na imagem a seguir, é possível observar a localização de diferentes 
estruturas da cabeça e pescoço que estão diretamente relacionadas à produção 
da voz. 
Embora divididas por questões didáticas, ambos os sistemas trabalham 
de forma conjunta, de forma que não há necessidade de criar uma separação 
visual para facilitar a compreensão. 
 
 
 
17 
 
 
Corte sagital apresentando as principais estruturas do sistema 
vibratório e deressonância 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mouth_Nose_Lateral_Sagittal.png 
 
1.2.3 Sistema de ressonância 
 
Esse sistema transforma os sons que são produzidos pelas cordas vocais 
na laringe, que são similares a um “zumbido”, na voz humana, tal qual será 
ouvida. 
Esse sistema é formado pelas seguintes estruturas: 
 
➢ Faringe; 
➢ Cavidade oral; 
➢ Cavidade nasal; 
➢ Sinos nasais; 
➢ Palato mole; 
➢ Palato duro; 
➢ Língua; 
➢ Lábios; 
 
 
18 
 
➢ Dentes; 
➢ Mandíbula. 
 
A faringe é um tubo, relativamente flexível, que conecta o topo das 
cavidades oral e nasal à porção final da traqueia e do esôfago. Tudo aquilo que 
é respirado ou engolido passa por este tubo, onde será dividido novamente. 
É possível observar na imagem abaixo como a faringe apresenta 
diferentes divisões, relativas às funções que são desempenhadas nas diferentes 
áreas: a nasofaringe, a orofaringe e a laringofaringe. 
 
 
Divisões da faringe 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:2305_Divisions_of_the_Pharynx.jpg 
 
Para controlar a abertura ou o fechamento na faringe e direcionar o 
alimento de forma correta para que não haja engasgamentos, ocorre a ação do 
palato mole, da língua e da epiglote em conjunto. 
Na deglutição, o bolo alimentar passa da cavidade oral para a faringe. A 
úvula e o palato mole fecham a comunicação na direção da cavidade nasal. A 
epiglote se fecha para direcionar o alimento para o esôfago. 
Neste momento, ocorre um evento chamado apneia por deglutição, ou 
seja, não é possível respirar e deglutir de forma concomitante durante a vida 
 
 
19 
 
adulta. Na próxima aula será abordado como esse processo é possível no início 
da vida. 
Na respiração, o ar proveniente da cavidade nasal ou oral passa pela 
faringe e vai para a traqueia, dando sequência às trocas gasosas no pulmão, 
retornando pelo mesmo caminho. 
 Na cavidade oral são encontradas diferentes estruturas que permitem a 
articulação de consoantes (conforme será visto na terceira aula desta disciplina), 
bem como a modificação do seu formato, o que permite que uma grande 
variabilidade de sons possa ser produzida. 
A cavidade oral pode ser fechada ou aberta de acordo com a ação dos 
lábios, da ponta da língua, da base da língua ou com diferentes combinações 
dessas estruturas. 
 
➢ Cavidade nasal: quando o ar é expelido por essa cavidade permite 
que sejam produzidos sons nasalados como o /m/, por exemplo; 
 
➢ Sinos nasais: os sinos nasais apresentam um papel passivo 
durante a fala, mas são importantes para a ressonância e durante 
a pronúncia de consoantes como /n/ e /m/; 
 
➢ Palato mole: o palato mole compõe a parte superior da metade 
posterior da cavidade oral, também pode ser denominado de véu 
palatino. Esta estrutura é flexível e pode se mover. Seu segmento 
posterior, a úvula, permite o fechamento da cavidade nasal da 
faringe. Esse mecanismo é importante ao engolir, nadar e durante 
a fala e o canto; 
 
➢ Palato duro: o palato duro compõe a parte superior da metade 
frontal da cavidade oral. Esta estrutura é rígida (não flexível) e, 
portanto, apresenta um papel passivo; 
 
➢ Língua: composta basicamente de músculos, é uma estrutura 
muito flexível, junto da mandíbula e dos lábios permite uma grande 
variabilidade no tamanho e no formato da abertura da boca. 
 
 
20 
 
Grande parte dos músculos da língua estão ancorados no osso 
hioide; 
 
➢ Lábios: atuam na modulação dos sons, modificando sua forma e 
controlando o fluxo de ar. Também podem ser associados aos 
dentes na formação de consoantes como o /f/; 
 
➢ Dentes: atuam junto dos lábios e da língua na modulação dos sons 
como uma estrutura passiva; 
 
➢ Mandíbula: a sua abertura e fechamento altera o formato da 
cavidade oral, permitindo a modulação do som. 
 
Na terceira aula desta disciplina, essas estruturas serão abordadas de 
maneira mais detalhadas quanto à sua interdependência na formação de vogais 
e consoantes. 
Por hora, é importante compreender que cada uma dessas estruturas 
apresenta uma contribuição para que o ar e a vibração das cordas vocais se 
transformem na voz como a ouvimos. 
Pode-se perceber que a alteração no formato ou funcionamento de 
algumas dessas estruturas, bem como a sua ausência, irá influenciar em como 
se dá a formação do som. 
Portanto, conhecer essas estruturas atuando dentro de condições 
normais faz com que a identificação de anormalidades pelo profissional, 
aconteça de forma mais ágil. 
Também é importante ter em mente, especialmente durante a infância, 
que essas estruturas ainda estão se desenvolvendo e, por isso, apresentam 
diversas particularidades que serão exploradas na próxima aula. 
 
Conclusão da aula 1 
 
Para compreender a voz, é necessário compreender todos os 
mecanismos que a tornam possível, aprender como deve ser a estrutura e o seu 
 
 
21 
 
funcionamento normal, permitindo identificar alterações de modo mais rápido e 
seguro. 
Nesta aula foram rememorados aspectos relativos às estruturas 
anatômicas envolvidas no processo de formação da voz, suas principais 
características, bem como o seu funcionamento. 
Atividade de Aprendizagem 
Elabore um pequeno resumo explicando como o ar que sai dos 
pulmões se transforma na voz falada. 
 
 
 
Aula 2 – Fala e linguagem 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à segunda aula da disciplina de Análise 
acústica vocal. Nesta aula será possível compreender como ocorre o processo 
de desenvolvimento da fala e da linguagem na infância, compreendendo marcos 
importantes em diferentes idades, além das características anatômicas que são 
particulares do público infantil. 
 
2.1 A voz na infância 
 
Uma vez que se compreenda como as estruturas do corpo humano atuam 
de forma mecânica para a formação da voz, é importante verificar quais são os 
outros processos envolvidos para que os sons sejam considerados uma forma 
de linguagem. 
Também é importante reconhecer as áreas do cérebro que afetam a voz, 
bem como o seu papel na compreensão da linguagem, seja ela verbal ou não. 
O profissional deve observar quais são as áreas-chave que se relacionam, 
direta ou indiretamente, com a linguagem e com o processamento das 
informações que permitem estabelecer a comunicação de maneira adequada. 
 
 
22 
 
Para que a comunicação seja efetiva, ainda na infância, o bebê irá 
perceber a importância de estabelecer uma relação de comunicação com os 
pais. Ele (o bebê) perceberá que emitindo mensagens simples (como o choro), 
conseguirá obter uma resposta (como ganhar colo, por exemplo). 
Uma vez estabelecida a comunicação, a criança compreenderá que os 
sons que emite podem criar modificações no ambiente e, assim, irá explorando 
os movimentos da boca e gerando sons, conseguindo se comunicar cada vez 
mais claramente com o passar dos anos. 
A criança aprenderá a produzir os sons partindo dos mais simples (/g/, /m/ 
e /p/) para os mais complexos (/r/), enquanto adquire maior controle sobre as 
estruturas envolvidas. 
Além disso, existem peculiaridades anatômicas nesta fase, pois o corpo 
da criança ainda está se desenvolvendo, ao mesmo tempo em que a criança 
está adquirindo controle sobre essas estruturas. 
Também devem ser compreendidas as distinções entre a voz, a fala e a 
linguagem, como esse desenvolvimento ocorre na infância e quais são os 
principais marcos de desenvolvimento e os pontos em que é preciso estar atento. 
 
2.2 O cérebro 
 
O cérebro exerce um papel fundamental no controle de diversas funções 
no corpo humano, com a voz não poderia ser diferente. Existem áreas no cérebro 
que estão fortemente relacionadas à fala e à linguagem. 
Compreender como ocorrem os processamentos cerebrais nessas áreas 
auxilia o profissional na identificação de determinadas alterações e permite que 
o direcionamento do tratamento ou do encaminhamento para outro profissional 
sejao mais adequado. 
Algumas das áreas mais importantes do cérebro que estão relacionadas 
às dificuldades de fala e da linguagem são: 
 
➢ Área de broca; 
 
➢ Área de Wernicke. 
 
 
 
23 
 
 
Representação da localização das áreas de Broca e de Wernicke no 
cérebro, visão lateral 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:BrocasAreaSmall.png 
 
Área de Broca: esta área se localiza no hemisfério esquerdo do cérebro 
e está fortemente associada à produção e à articulação da fala. 
A habilidade de articular as ideias, além do uso correto da linguagem 
falada e escrita, depende desta região. Esta área é responsável pela produção 
da fala. 
Área de Wernicke: esta região é importante para o desenvolvimento da 
linguagem e se localiza no lobo temporal, do lado esquerdo do cérebro. Esta 
área é responsável pela compreensão da linguagem. 
 
2.2.1 Desordens de fala e de linguagem 
 
As dificuldades na fala podem ser tanto oriundas do próprio sistema 
fonatório, como será abordado de forma detalhada na aula quatro, quanto 
estarem relacionadas ao cérebro. 
Uma das dificuldades mais comuns que se enquadra nesses critérios são 
as afasias. Afasia é um termo que é utilizado para descrever a perda da 
habilidade de linguagem que já foi adquirida que pode causar problemas em 
diferentes áreas como a fala, a escuta, a leitura e a escrita. 
Em crianças, deve-se tomar cuidado para não confundir os atrasos na 
aquisição da linguagem ou as dislalias com a afasia, uma vez que para que esta 
última seja o caso, a criança já deve ter adquirido as habilidades de linguagem. 
 
 
24 
 
Há dois tipos de afasias muito importantes que estão relacionadas aos 
danos nas regiões do cérebro, vistas anteriormente, que são a Afasia de Broca 
e a Afasia de Wernicke. 
 
➢ A afasia de Broca, também chamada de afasia expressiva, 
caracteriza-se pela dificuldade de se expressar pela fala, mas a 
compreensão permanece inalterada. 
 
Ela ocorre quando há um dano na área de Broca no cérebro, que pode 
ocorrer por diversos motivos, como traumatismos, tumores, hemorragias ou, em 
idades mais avançadas, acidente vascular cerebral (AVC). 
 
➢ A afasia de Wernicke ocorre de maneira similar à afasia de Broca, 
mas quando ocorre um trauma na região de Wernicke. Ela também 
pode ser chamada de afasia sensorial, afasia de fluência ou afasia 
receptiva. 
 
É caracterizada pela dificuldade de compreensão da linguagem e falta de 
significado na fala. Enquanto a fala apresenta uma sonoridade adequada e 
muitas vezes gramaticalmente correta, as frases produzidas não têm significado. 
 
Na afasia de Broca a pessoa tem consciência da sua dificuldade, mas na 
afasia de Wernicke não. 
Outras dificuldades, como a dislexia e a disgrafia, por exemplo, podem 
estar relacionadas ao giro angular. Em casos de agnosias, elas podem estar 
relacionadas à área relacionada ao giro supramarginal. 
Já dificuldades de processamento auditivo podem se relacionar ao córtex 
auditivo primário. Essas dificuldades não serão abordadas nesta disciplina, mas 
é importante que o profissional da fonoaudiologia saiba reconhecê-las. 
Especialmente em casos nos quais a criança apresenta dificuldade de 
fala, após passar por traumatismos graves e ficar em ventilação mecânica, deve-
se avaliar qual a possível causa para direcionar o tratamento. 
 
 
25 
 
Os professores, ao observarem dificuldades nas áreas que envolvem a 
linguagem e a fala, devem realizar o encaminhamento do aluno para a avaliação 
da fonoaudiologia. 
 
2.3 A comunicação 
 
A comunicação é fundamental no dia a dia dos seres humanos e, portanto, 
é importante distinguir três tópicos que são fundamentais para que a 
comunicação ocorra, são eles: 
 
➢ Voz; 
➢ Fala ou Discurso; 
➢ Linguagem. 
 
A voz é o som resultante da saída de ar dos pulmões que passa pelas 
cordas vocais na laringe e as faz vibrar. 
O discurso ou a fala é uma das formas de expressar a linguagem, envolve 
um processo coordenado da ação dos músculos da língua, lábios, mandíbula e 
trato vocal para a reprodução de sons reconhecíveis que compõe a linguagem. 
A linguagem é o conjunto de regras que permite que as pessoas 
expressem as suas ideias de forma que elas apresentem significado. A 
linguagem pode ser expressa de maneira verbal, escrita, cantada ou por meio 
de gestos. 
O discurso e a linguagem se desenvolvem nos primeiros três anos de 
idade. Neste período, o cérebro passa por diversas transformações e 
maturações, sendo um momento no qual a aquisição de habilidades de fala e 
linguagem são mais intensos. 
Essas habilidades são melhor desenvolvidas em ambientes que são ricos 
em estímulos e, portanto, são capazes de fornecer à criança uma maior 
variabilidade de sons e sinais, especialmente pela observação de outros 
interagindo em seu entorno. 
Se durante este período crítico a criança não for exposta a esses estímulos, 
ela pode apresentar grandes dificuldades para compreender o uso adequado da 
linguagem no futuro. 
 
 
26 
 
 
2.3.1 A voz e a fala na infância 
 
A produção da voz é resultado da complexa interação entre diferentes 
estruturas do corpo humano, que vão apresentando mudanças desde o 
nascimento, passando pela articulação de sons realizada pelo bebê até o 
desenvolvimento da fala produzida pela criança. 
Existem algumas características anatômicas que são importantes de 
serem diferenciadas entre as crianças e os adultos, essas diferenças devem ser 
consideradas durante a avaliação desse público, são elas: 
 
➢ Posição da laringe; 
 
➢ Ângulo das lâminas de cartilagem tireoide; 
 
➢ Espessura e comprimento das cordas vocais. 
 
Posição da laringe: 
 
Ao nascer, a laringe da criança apresenta uma posição alta, mais alta que 
a dos adultos, similar àquela encontrada nos animais. Isso permite que a criança 
se alimente e respire ao mesmo tempo. 
Com o passar do tempo, a laringe se desloca verticalmente para baixo, na 
posição que permite a fala, mas não respirar e se alimentar concomitantemente. 
É possível observar que essa alteração pode ocorrer até os 15 anos: 
 
Ao nascimento, a laringe encontra-se em uma posição elevada no 
pescoço (bordo inferior da cricóide no nível de C3 a C4, o que facilita a 
amamentação e respiração simultâneas. A laringe desce 
progressivamente, até atingir o nível de C6 a C7, por volta dos 15 anos 
de idade (FREITAS, WECKX e PONTES, 2000, pág. 258). 
 
Por isso, não é incomum que as crianças apresentem dificuldade de 
deglutição na primeira infância, mesmo nunca tendo problemas para deglutir 
antes. 
 
 
 
27 
 
Ângulo das lâminas de cartilagem tireoide: 
 
A cartilagem tireoide, que protege as cordas vocais e cuja proeminência 
é popularmente conhecida como “pomo de Adão”, apresenta uma variação de 
ângulo com a idade. 
Em crianças, esse ângulo é de aproximadamente 130 graus e, conforme 
a idade vai passando, este ângulo vai diminuindo de maneira progressiva até a 
idade adulta. 
Na pré-adolescência, em mulheres, esse ângulo diminui para 120 graus, 
110 para os homens que, na vida adulta, podem apresentar um ângulo de cerca 
de 90 graus. 
 
Espessura e comprimento das cordas vocais: 
 
A partir dos 10 anos de idade, as cordas vocais vão se tornar mais longas 
e menos espessas para os meninos e para as meninas, acompanhando o seu 
crescimento. 
Nos meninos, o comprimento das cordas vocais passa de 6mm (aos 10 
anos), podendo chegar a valores entre 14,5 a 18mm, ao redor dos 20 anos de 
idade. 
Enquanto nas meninas, elas podem ir de 8mm (aos 10 anos) até 8,5 a 
12mm, aos 20 anos. 
Quanto à espessura, essa tende a ser maior durante a infância do que na 
vida adulta, além disso, nesta fase, a estrutura apresenta maior probabilidade de 
desenvolvimento de edemas. 
Por este motivo, é mais comum que as crianças apresentem incômodos 
nessa região, como inflamações e dores de garganta. Com o passar dos anos, 
este desconforto tendea diminuir consideravelmente. 
 
2.4 Marcos no desenvolvimento 
 
Os primeiros sinais de comunicação acontecem quando o bebê utiliza o 
choro para solicitar comida, atenção ou colo, por exemplo. Ao emitir essa 
 
 
28 
 
mensagem (o choro) recebe uma resposta do ambiente, como mamadeira ou 
colo e, desta forma, a comunicação ocorre. 
O desenvolvimento das habilidades de fala e de linguagem variam de 
criança para criança, mas alguns marcos devem ser observados para 
reconhecer quando há necessidade de encaminhar a criança ao atendimento 
especializado. 
Abaixo serão listados os marcos mais importantes por idade, além de 
alguns sinais de atenção que indicam a situação na qual a criança deve ser 
encaminhada para uma avaliação junto ao serviço de fonoaudiologia. 
 
No 1° ano: é esperado que a criança faça uso de gestos, obedeça a ordens 
simples (como: “dá tchau”) e imite alguns sons que ela escuta no ambiente, em 
geral é quando diz as primeiras palavras. 
Neste momento, é importante observar se há intenção e se a criança 
compreende a causa e efeito. Por exemplo, se chora e aponta o brinquedo e 
recebe aquele que foi apontado, acalma-se. 
Sinais de atenção: se a criança não chora, não balbucia e não reage a sons 
ou a vozes, se usa uma palavra inadequadamente, por exemplo, diz “mama” ou 
“papa” e aponta a parede ou o gato. 
Entre os 8 ou 9 meses já é esperado ouvir a criança balbuciar vogais e 
algumas consoantes, produzindo sons como /p/ ou /m/. 
Durante esse período, é importante promover situações que gerem 
estímulos para a criança, como ler para ela ou conversar com ela todos os dias, 
se possível, utilizando figuras ou ilustrações e apontando, para que ela comece 
a conhecer as palavras e o que elas significam para criar vocabulário. 
 
Aos 2 anos: este é um período importante no desenvolvimento da fala 
infantil, pois nessa idade é que já se pode verificar se a criança apresenta algum 
atraso na aquisição da fala. 
Nessa idade, a criança já deve ter um repertório em torno de 50 palavras, 
que podem ser combinadas para formar frases simples como: “mais suco” ou 
“minha bola”. 
 
 
29 
 
A pronúncia ainda está se desenvolvendo e, portanto, é esperado que as 
palavras, na maioria dos casos, tenham a sonoridade particular desta etapa, isso 
irá ser aprimorado ao longo do tempo. 
Também nessa fase ocorrem a formação das frases e a compreensão dos 
pronomes possessivos como “meu”, “seu” e “da vovó”, bem como dos pronomes 
pessoais, como “eu”, “você” e “ele”. Confusões no uso dessas expressões 
também são comuns e esperadas neste momento. 
Sinais de atenção: a criança não realiza a combinação de palavras, 
continua apenas balbuciando e apresenta um vocabulário inferior às crianças da 
mesma idade. 
Nesta idade podem ser feitas brincadeiras para que a criança aponte e 
nomeie objetos (match), para verificar se ela consegue associar a palavra ao seu 
significado. 
Por exemplo: “o que é isso?”, “cadê a bola?”, “cadê seu nariz”, dentre 
outros, estimulando o repertório verbal e a associação dos objetos com seus 
nomes. 
 
Aos 3 anos: com essa idade espera-se que a criança compreenda 
comandos compostos, por exemplo, “sente e então tome seu suco” ou “tire os 
chinelos antes de subir na cama”. 
Nesta idade, as palavras começam a ficar mais claras e a pronúncia vai se 
corrigindo, as frases ficam mais coerentes e é possível manter conversas 
simples, perguntando o que aconteceu na escola ou na creche, por exemplo. É 
esperado que a criança possa fazer um relato e responder às perguntas que lhe 
são feitas. 
Também deve ser capaz de responder a distância, como de outro cômodo, 
e pessoas de fora de seu círculo devem ser capazes de compreender o que ela 
diz. 
Sinais de atenção: se a criança ainda não realiza a combinação de 
palavras e se outras pessoas, que não convivem com a criança diariamente, 
não conseguem compreender o que ela diz. 
Se a criança ainda apresenta uma comunicação predominantemente não 
verbal, como apontar os objetos que deseja ao invés de falar o seu nome, deve-
se encaminhá-la para a fonoaudiologia. 
 
 
30 
 
 
Aos 4 anos: nesta idade espera-se que a criança apresente uma 
linguagem mais clara e mais complexa, contando as atividades que realizou 
durante o dia. 
Pessoas que não são do convívio da criança, mas que eventualmente 
interagem com ela (como um vendedor, por exemplo), devem ser capazes de 
compreender o que a criança diz sem dificuldades. 
Agora, já é possível que a criança consiga seguir orientações mais longas, 
por volta de quatro comandos, como: “deixa essa bola aí fora, entra, toma banho 
e senta para jantar”. 
Sinais de atenção: não responde às perguntas, aponta o que quer ao invés 
de falar e não apresenta ampliação do seu vocabulário. 
 
Aos 5 anos: a partir dessa idade a criança já deve conseguir pronunciar a 
maior parte das consoantes de forma adequada e compreensível, responder a 
comandos e fazer suas solicitações de maneira clara. 
Sinais de atenção: não consegue manter uma conversa simples, tem 
dificuldade em falar (gagueja, fica nervoso ou retraído) ou fala de uma forma 
muito diferente de seus colegas da mesma idade. 
Algumas consoantes podem ser mais desafiadoras do que outras para a 
criança e a pronúncia de cada uma vai ocorrer em épocas diferentes, sendo 
esperado que ocorra da seguinte maneira: a pronúncia parte dos sons mais 
fáceis para os sons mais difíceis, sendo que inicialmente são produzidos sons 
de /p/ e /m/ indo até o /r/ ou /rr/, que são os sons mais complexos. 
Quando há um atraso na aquisição da fala ou ausência de resposta a sons 
e comandos, deve-se também realizar uma avaliação auditiva, pois, em alguns 
casos, essa dificuldade se deve a algum grau de déficit auditivo ou a problemas 
cognitivos ou de processamento. 
 
2.4.1 Linguagem pragmática 
 
A linguagem pragmática se refere às habilidades sociais de linguagem que 
são utilizadas diariamente durante as interações sociais. Elas incluem o que é 
dito e como é dito, ou seja, os aspectos não verbais da comunicação também 
 
 
31 
 
devem ser considerados, como o contato visual, a linguagem corporal e as 
expressões faciais, dentre outros. 
Alguns exemplos de habilidades pragmáticas: 
 
➢ Contato visual; 
 
➢ Expressões faciais; 
 
➢ Linguagem corporal; 
 
➢ Entonação da voz; 
 
➢ Compreensão de distância e espaço pessoal; 
 
➢ Habilidades de conversação; 
 
➢ Pedir ou oferecer ajuda de forma apropriada; 
 
➢ Uso do humor; 
 
➢ Fazer perguntas; 
 
➢ Fazer contribuições relevantes ao tópico em questão; 
 
➢ Fazer ajustes de linguagem, reagindo ao interlocutor; 
 
➢ Dentre outros. 
 
Elas são essenciais para comunicar os pensamentos, ideias e sentimentos 
de uma pessoa, além disso, também se considera se essas interações são ou 
não apropriadas em determinadas situações. 
Crianças que apresentam dificuldades nesta área com frequência 
confundem as intenções comunicativas dos outros e, portanto, podem ter 
dificuldades de responder de maneira adequada verbal ou não verbal. 
 
 
32 
 
As dificuldades podem ser observadas em crianças com Transtorno do 
Espectro Autista, por exemplo, devido às suas dificuldades relacionadas à 
interação social. Crianças que apresentam desordens de linguagem também 
podem ter essa habilidade comprometida em algum nível. 
O auxílio visual de figuras ou símbolos pode ser uma estratégia utilizada 
para facilitar a compreensão de crianças que têm dificuldades com a interação 
social. 
 
2.4.2 A voz e as emoções 
 
A voz se desenvolve a partir de uma combinação complexa entre 
diferentes fatores, como a hereditariedade (as características genéticas), o 
ambiente no qual a criança está inserida e as interações que levam ao seu 
treinamento vocal, seja ele profissional ou não. 
De acordo com Susanna Eken, em seu livro A voz humana (do inglês, The 
Human Voice) de 1998, a voz está diretamenterelacionada à vida emocional de 
cada pessoa e ao seu contato com o mundo exterior. 
Desde o nascimento, por meio da voz, a criança transmite suas emoções, 
como alegria ou medo. Posteriormente, desenvolve a fala utilizando os códigos 
da linguagem que a rodeia, estabelecendo a comunicação. 
O ambiente no qual a criança está inserida tem grande influência no 
desenvolvimento e estilo de sua fala, como ordens: "Fale mais baixo!" ajustam 
os padrões de fala da criança às demandas externas e, por vezes, podem afetar 
mesmo a sua musculatura fonatória, deixando-a fraca e tornando a voz fraca, 
hesitante e insegura. 
Essas condições podem afetar não apenas a força vocal, mas também a 
sintaxe e a linguística, até mesmo a articulação de palavras ou a expressão de 
confiança, de acordo com o desenvolvimento da criança até a idade adulta. 
Quando uma pessoa se sente ansiosa, física ou mentalmente, a 
repressão a essas sensações pode criar uma tensão excessiva na região frontal 
do pescoço, alterando até mesmo o controle da inspiração e expiração da 
respiração basal. 
 
 
33 
 
Assim, como a ansiedade pode afetar a fala, a fala também pode ser 
afetada pela ansiedade ou por emoções negativas, podendo gerar quadros como 
a gagueira, que será vista na aula quatro. 
A ansiedade, o medo, a timidez ou a insegurança podem fazer com que 
algumas crianças evitem se expressar de forma verbal e prefiram utilizar formas 
não verbais, como balançar a cabeça. 
Nem sempre isso implica em um problema de fonação, como atraso na 
aquisição da linguagem, por exemplo. De qualquer forma, o professor deve estar 
atento também a esses casos, realizando os encaminhamentos de forma 
adequada para melhor compreender o problema. 
Tanto os músculos envolvidos na respiração quanto os da laringe e das 
cordas vocais podem ser treinados e desenvolvidos, como qualquer outro 
músculo, de diferentes formas, de acordo com os objetivos e as necessidades 
de cada um. 
Assim, como no treinamento físico, o treinamento vocal em excesso pode 
causar uma sobrecarga, exaurindo o sistema e podendo até mesmo levar uma 
pessoa a apresentar sintomas de abuso vocal, por isso se deve tomar cuidado. 
Nas situações do dia a dia, a voz é moldada de maneira inconsciente e 
pela respiração espontânea, utilizando pouca energia e visando principalmente 
à comunicação. 
Treinamentos específicos voltados à correção de algum desvio ou 
patologia, ao uso da voz de forma profissional, seja ela cantada ou falada, 
demandará um esforço consciente acerca das estruturas envolvidas na fonação 
para utilizá-las de maneira adequada. 
Atividades que envolvam exercícios vocais ou respiratórios feitos em 
grupo dentro do ambiente escolar podem ser possíveis, desde que respeitadas 
as particularidades infantis e tomando-se o cuidado de não realizar os 
treinamentos de forma excessiva, bem como orientar as crianças para não se 
sobrecarregarem com eles. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Como a criança se encontra em um período de desenvolvimento, suas 
características não são as mesmas de um adulto. Essas peculiaridades devem 
 
 
34 
 
ser levadas em conta pelo profissional, respeitando essas características e 
observando também a individualidade para garantir o tratamento mais adequado 
a cada caso. 
Nesta aula, foi possível compreender melhor a forma como os processos 
de desenvolvimento da fala e da linguagem acontecem durante a infância, sendo 
apontados os marcos importantes que ocorrem em diferentes idades, além das 
características anatômicas particulares do público infantil. 
Atividade de Aprendizagem 
Agora que você já conhece as características do público 
infantil, aponte 3 diferenças entre o trato vocal de um adulto e 
de uma criança. 
 
 
 
Aula 3 – Avaliação e acústica da voz 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à terceira aula da disciplina de Análise 
acústica vocal. Nesta aula serão abordados os aspectos pertinentes à acústica 
vocal, além de diferentes ferramentas para que a análise das estruturas vocais 
possa ser realizada de forma adequada ao público infantil. 
 
3.1 Acústica da produção da fala 
 
Para que os sons sejam produzidos de maneira que possam articular as 
palavras, não basta que o ar que sai dos pulmões faça vibrar as cordas vocais. 
A forma como se posicionam os lábios, a língua e outras estruturas permite a 
produção de consoantes e vogais com diferentes características. 
As vogais são produzidas exclusivamente por meio do processo de 
fonação ou vozeamento, ou seja, exclusivamente pela vibração das pregas 
vocais. 
 
 
35 
 
As vogais, diferente das consoantes, não são articuladas com obstáculos 
como a língua tocando os dentes ou os lábios, por exemplo, mas a sua 
diferenciação é feita de acordo com três critérios, que são: 
 
➢ Altura ou abertura; 
➢ Anterioridade; 
➢ Arredondamento. 
 
Altura ou abertura: relaciona-se à posição em que a língua se encontra 
na boca, podendo estar na direção da mandíbula (baixa), entre a mandíbula e o 
palato (média) ou próxima ao palato (alta). 
Quando a classificação é feita pela abertura, as vogais podem ser com a 
língua baixa (vogais abertas), língua alta (fechadas) ou em uma posição 
intermediária (médias). 
A vogal /a/, por exemplo, é uma vogal baixa, durante a sua pronúncia a 
língua se encontra mais perto da mandíbula, já para a pronúncia da letra /i/ a 
língua se encontra em uma posição mais alta. 
Na figura abaixo pode se observar como a língua se posiciona para 
modular diferentes vogais. 
 
 
Posição da língua nas vogais 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cardinal_vowel_tongue_position-front.s 
vg 
 
 
36 
 
Observe também que o símbolo “ɛ” é usado internacionalmente para 
representar o “e” com acento agudo, pois nem todos os idiomas possuem acento 
gráfico, em português esse símbolo representa o “é”, neste material, para 
simplificar, será utilizado o símbolo /é/. 
Saiba Mais 
O alfabeto fonético internacional apresenta uma 
sistematização dos sons falados por meio de símbolos, ele 
pode ser consultado no site: https://www.internationalphoneti 
calphabet.org/ipa-sounds/ipa-chart-with-sounds/ (em inglês). 
Pode-se clicar nos símbolos e ouvir como é o som de cada 
um deles. 
 
Alguns autores, como Ohala (1997), sugerem que o uso da classificação 
quanto à altura pode levar a uma confusão entre a altura de uma nota e a altura 
da língua. 
Anterioridade: diz respeito à região da língua que auxiliará na modulação 
do som: porção posterior, central ou anterior. 
Arredondamento: trata de como os lábios estão posicionados para 
realizar a pronúncia, podendo ser paralelos ou formando um arredondamento. 
Essas são as modulações que irão formar as vogais, perceba que mesmo 
que as estruturas se movimentem, elas não bloqueiam ou interferem na 
passagem do ar, apenas realizam a sua modulação. 
No caso das consoantes, a alteração do fluxo do ar apresenta um 
componente importante em algumas delas, embora outras possuam 
características vozeadas, similares às vogais. 
Notoriamente, as consoantes apresentam-se em número 
significativamente maior do que as vogais e, além disso, mais complexo. Para 
melhor compreender como esses sons são formados, serão abordadas as suas 
diferentes classificações, que podem ser: 
 
➢ Vozeamento; 
➢ Ponto de articulação; 
➢ Modo de articulação. 
 
 
 
37 
 
Vozeamento: refere-se à participação das cordas vocais na formação do 
som da consoante, ou seja, se há vibração ou não para gerar o som, podem ser 
de dois tipos: vozeadas ou desvozeadas. 
As consoantes vozeadas apresenta característica semelhante às vogais, 
que é a vibração que ocorre nas cordas vocais e pode ser palpada no pescoço, 
são elas: /b/, /v/, /d/, /z/, /j/, /g/, /m/, /n/, /nh/, /l/, /lh/, /r/ e /rr/. 
As consoantes desvozeadas (ou surdas) são aquelas que acontecem 
quando não ocorre a vibração das cordas vocais, casoque pode ser observado 
em: /p/, /f/, /t/, /s/, /x/ e /k/. 
Ponto de articulação: refere-se aos lugares nos quais o fluxo de ar se 
articula para a formação do som e é classificado de acordo com as estruturas 
envolvidas para que essa articulação ocorra. 
Existem dois tipos básicos de articuladores: os ativos e os passivos. Os 
ativos são os que se movem na direção dos passivos para que o som possa ser 
produzido. Já os passivos, como o próprio nome sugere, não se movem. 
Ao produzir o som de /f/, por exemplo, os dentes superiores tocam o lábio 
inferior, neste caso os dentes apresentam um papel de articulador passivo, pois 
são os lábios que se movem e, portanto, apresentam o papel ativo. 
Existem diferentes tipos de encontros estruturais que podem ocorrer para 
formar um ponto de articulação. Abaixo, alguns desses encontros poderão ser 
observados: 
Bilabiais: quando ocorre o contato dos lábios superiores e inferiores, 
como quando se pronuncia as consoantes /p/, /b/ e /m/. 
Dentais: a língua toca os dentes, formando os sons de /t/ e /d/. 
Alveolares: ocorre quando a língua toca nos alvéolos dos dentes, que 
pode ser compreendida como a região na qual os dentes “nascem”, próxima das 
raízes, não necessariamente no bordo entre os dentes e a gengiva, mas mais 
profundamente. Neste caso, são produzidos os sons de /s/, /z/, /l/, /r/ e /rr/. 
Labiodentais: os dentes da arcada superior tocam os lábios inferiores, 
resultando nos sons de /f/ e /v/. 
Palatais: quando a língua toca o palato são formados os sons de /x/, /j/, 
/lh/ e /nh/. 
Velares: a parte posterior da língua toca o palato mole, resultando nos 
sons de /k/ e /g/. 
 
 
38 
 
Modo de articulação: refere-se à alteração que ocorre no fluxo de ar para 
que a consoante seja pronunciada e se divide em dois tipos: oclusivas e 
constritivas. 
Oclusivas ou plosivas: caracterizam-se pela rápida liberação de uma 
grande quantidade de ar que se encontra previamente comprimida na cavidade 
intraoral. Por exemplo: /p/ e /t/. 
Constritivas: há um bloqueio parcial de ar, pode ser subdivididas em: 
 
Fricativas: as consoantes fricativas são caracterizadas por um som de 
fricção característico, realizado pelo aumento da pressão expiratória, o que gera 
um fluxo de ar turbulento que permite produzir os sons de /f/, /v/, /s/, /z/, /x/ e /j/. 
Para que se produza o som /f/ realiza-se um estreitamento durante a 
passagem do ar utilizando para isso o lábio inferior e os dentes superiores. 
Para o som de /s/ também há um estreitamento de ar, mas este é 
produzido entre o alvéolo e a língua. 
Laterais: o ar passa pelas laterais da boca, como ocorre em /l/ e /lh/. 
Vibrantes: quando ocorre a vibração da parte anterior da língua, como 
em /r/ e /rr/. 
Nasais: são aquelas consoantes cuja saída do ar ocorre pelo nariz, como 
pode ser ouvido em /m/, /n/ e /nh/. 
Assim, pode-se perceber como a acústica da voz depende, não apenas 
de diferentes estruturas, mas da complexa interação que elas podem apresentar, 
transformando os sons na fala. 
Além disso, regionalismos e sotaques podem interferir na forma como 
algumas palavras são pronunciadas, o que não altera o movimento para a 
modulação de determinado som. 
Em outras palavras, embora um carioca possa pronunciar “iXqueiro”, esta 
é uma forma característica da fala desta região, mas a forma como as vogais e 
consoantes se formam permanece a mesma. 
Uma vez que as estruturas e a sua interação sejam bem compreendidas 
dentro daquilo que é esperado, pode-se mais facilmente observar quando 
ocorrem alterações e, assim, direcionar o tratamento para a correção de maneira 
pontual. 
 
 
 
39 
 
3.2 Exames fonoaudiológicos em crianças 
 
Quando a criança apresenta algum distúrbio ou dificuldade na pronúncia 
ou apresenta algum comportamento vocal muito diferente dos seus pares, é 
normal que se realize a investigação do que está ocorrendo. 
A avaliação deve ser realizada por um profissional da fonoaudiologia, que 
irá investigar o que está acontecendo, fazendo uma anamnese para conhecer 
melhor a criança, se ela teve alguma patologia prévia ou cirurgia que possa ter 
ocasionado o problema, bem como investigar o seu histórico familiar. 
Além disso, é comum que sejam solicitados exames para a verificação de 
integridades estruturais ou funcionamento de determinados aspectos que sejam 
suspeitos de estar causando o problema. 
Esses exames podem avaliar a audição ou o processamento auditivo e 
seus resultados são comparados aos achados clínicos para que seja realizado 
o diagnóstico. 
Em alguns casos, a criança poderá passar por uma avaliação junto a 
diferentes profissionais para que sejam discutidos diagnósticos diferenciais, a 
fim de determinar pontualmente qual é a alteração. 
A realização dos exames na infância é importante porque muitas vezes a 
criança não tem consciência sobre a dificuldade auditiva que ela apresenta, pois 
como sempre a apresentou, ela não tem uma referência do que poderia ser 
considerado como “ouvir bem”. 
 
3.2.1 Exames auditivos 
 
Quando existe a suspeita de que a dificuldade para falar é proveniente de 
um déficit auditivo, pode ser realizado um exame chamado de audiometria tonal 
limiar. 
Este exame busca verificar qual é a menor intensidade que a pessoa 
examinada pode ouvir e indica se há uma perda auditiva. No caso das crianças, 
pode ser feita uma audiometria infantil ou uma audiometria lúdica, que apresenta 
os mesmos objetivos. 
 
 
40 
 
No caso de crianças com menos de 2 anos de idade, esse exame pode 
ser realizado com auxílio de recursos visuais (audiometria de reforço visual) e 
pode ser aplicado a partir de 6 meses de idade. 
Independentemente de seu direcionamento, a audiometria é um exame 
não invasivo e indolor. O paciente fica em um ambiente com isolamento acústico, 
dentro de uma cabine (que não é trancada), utilizando fones de ouvido que 
emitem ruídos aos quais ele é orientado a reagir, apertando um botão ou 
levantando a mão, do lado onde ouve o som, por exemplo. 
Nas crianças, o exame ocorre de forma bastante semelhante. No caso da 
criança compreender a dinâmica do exame, ele é realizado da mesma forma que 
com os adultos. 
 Caso a criança não tenha idade, maturidade ou compreensão para 
entender como deve se comportar para a realização do exame, é utilizado algum 
brinquedo. 
Em alguns casos, o exame é feito em mais de uma sessão, às vezes os 
pais são orientados a levar o brinquedo com o qual será feito o exame para casa 
e ensinar a criança a como utilizá-lo de maneira adequada para, com a criança 
“treinada”, fazer o exame. 
Existe também a audiometria vocal ou logoaudiometria, que é um exame 
realizado nos casos em que a pessoa ouve, mas não consegue distinguir as 
palavras que ouviu. Em geral, é realizado junto da audiometria. 
 
3.2.2 Exames de processamento auditivo 
 
Há casos em que as estruturas responsáveis pela audição estão íntegras, 
portanto o problema auditivo pode estar presente no nervo auditivo ou na região 
do cérebro que processa essa informação. 
Para verificar a função do nervo auditivo e da via auditiva do tronco 
encefálico, é realizado um exame chamado de PEATE: Potenciais evocados 
auditivos do tronco encefálico. Esse exame também é conhecido como BERA 
(do inglês, Brainstem Evoked Response Audiometry). 
O exame é realizado de forma passiva, ou seja, independentemente da 
reação do paciente e, portanto, pode ser realizado em indivíduos de todas as 
idades, até mesmo por pessoas em estado de coma. 
 
 
41 
 
[...] o PEATE não é usado apenas para a determinação do nível mínimo 
de resposta auditiva, podendo também ser utilizado na caracterização 
do tipo de perda auditiva, da localização topográfica da lesão em nervo 
auditivo ou em tronco encefálico, monitorização de cirurgias de fossa 
posterior e monitorização de pacientes em Centro de Terapia Intensiva. 
Qualquer tipo de alteração auditiva, seja ela condutivaou 
neurossensorial, resulta em mudanças no traçado deste potencial 
(MATAS et al, 2005, pág. 282). 
 
O BERA avalia a integridade funcional da via auditiva neurológica, 
verificando o funcionamento do nervo auditivo até o centro encefálico por meio 
da captação da atividade eletrofisiológica, que ocorre em resposta a um estímulo 
acústico. 
Esse exame serve principalmente para investigar as perdas auditivas em 
crianças e é indicado quando há fatores de risco para perdas auditivas, como 
história na família, anomalias craniofaciais, infecções congênitas como rubéola, 
sífilis ou toxoplasmose ou fatores traumáticos, como fraturas ou traumatismo 
craniano. 
O exame não é invasivo e é indolor, sendo realizado muitas vezes com a 
criança em sedação. O exame pode ser feito também durante o sono natural, 
mas, muitas vezes, a criança apresenta resistência à sua realização ou acaba 
acordando. 
Com a sedação, as movimentações do corpo e dos olhos são suprimidas 
e, portanto, não causam interferências no exame. Desta forma, o exame é 
realizado em uma situação ideal. 
Em outras palavras, quando a criança realiza movimentos, essa atividade 
elétrica no cérebro pode ser interpretada como uma atividade auditiva quando, 
na realidade, não há atividade. Quando isso ocorre, uma perda auditiva completa 
pode ser interpretada como uma perda auditiva leve. 
Para a realização do exame, são higienizadas a testa e a região atrás das 
orelhas, onde serão posicionados os eletrodos (que podem ser autoadesivos ou 
coleados com fita tipo Micropore), além de também serem colocados os fones 
de ouvido. 
Durante a realização do BERA, os fones de ouvido emitirão alguns sons 
similares a cliques e os eletrodos irão captar a resposta a esses estímulos 
auditivos. 
 
 
42 
 
Essas respostas apareceram na tela como 7 ondas, sendo que cada uma 
representará uma das estruturas da via auditiva, como o núcleo coclear (onda 
III) ou lemnisco lateral (onda V), por exemplo. 
Quando se deseja verificar o funcionamento do sistema nervoso auditivo 
central, o exame feito é a avaliação do processamento auditivo central (PAC), 
que só pode ser realizado após os 6 anos. 
Os transtornos do processamento central auditivo estão relacionados à 
dificuldade do cérebro de identificar e processar essas informações de maneira 
adequada. 
Os sintomas mais comuns são desatenção, distração, dificuldade de 
memória, troca de letras (na fala e na escrita), dificuldade de entender o que 
escuta, ou seja, escuta, mas não entende. 
Dificuldade de conversar com várias pessoas ao mesmo tempo, às vezes, 
sendo essas crianças tidas como hiperativas, por isso esses exames devem ser 
comparados com exames comportamentais para fazer um diagnóstico 
diferencial. 
Quando ocorre uma perda auditiva e ela não é tratada de maneira correta 
ou leva muito tempo para ser identificada, pode ocorrer uma atrofia na região do 
cérebro, que faz o seu processamento. 
Uma vez identificado se o problema é auditivo ou de processamento da 
informação, pode-se, então, realizar o tratamento adequado, junto a uma equipe 
multiprofissional. 
Além dos exames auditivos, às vezes os exames das estruturas vocais 
podem ser necessários. 
 
3.3 Princípios da acústica 
 
Devido ao seu caráter multidimensional, as formas para identificação e 
medição das perturbações que ocorrem na voz, bem como os tratamentos que 
podem ser realizados, são muito diversos e dependem também da abordagem 
individual de cada profissional, que pode variar de acordo com seu treinamento 
e preferências. 
 
 
43 
 
Algumas formas de avaliação serão abordadas brevemente, mas esta 
lista não apresenta a intenção de extinguir todas as possibilidades que podem 
ser encontradas. 
A avaliação vocal, muitas vezes, possui uma abordagem multidisciplinar, 
dependendo das necessidades particulares a cada tratamento, que deve ser 
feita de maneira individualizada. 
Alguns métodos bastante utilizados para avaliar a situação vocal e a 
identificação de patologias são: 
 
➢ Laringoscopia; 
➢ Avaliação perceptivo-auditiva; 
➢ Programas de análise acústica. 
 
Esses métodos, em geral, são associados para que se obtenha o 
diagnóstico, portanto os resultados de uma avaliação perceptivo-auditiva são 
acompanhados na realização da análise acústica, por exemplo. 
Laringoscopia: realizada introduzindo uma câmera com iluminação pela 
boca ou pela narina do paciente, para a visualização das estruturas laríngeas. 
Permite observar o comportamento das estruturas durante a fala, o canto, a 
tosse e a deglutição. 
A laringoscopia é realizada sob anestesia tópica (local) e exige um jejum 
prévio, em torno de 8 a 12 horas. O exame pode ser um pouco incômodo e, em 
crianças, caso haja muita dificuldade, pode ser realizado em sedação, se for 
necessário. 
Avaliação perceptivo-auditiva: é a avaliação clássica realizada na 
prática clínica, embora tenha aspectos relacionados à subjetividade e à 
interpretação do avaliador, pode envolver o uso auxiliar de escalas para diminuir 
esses aspectos subjetivos. 
Uma escala comumente utilizada é a Escala GRBASI, que avalia 5 
aspectos vocais, que são: rugosidade, soprosidade, astenia, tensão e 
instabilidade. 
Programas de análise acústica: a voz do paciente é gravada utilizando 
softwares específicos que fazem a medição e quantificação dos sinais sonoros, 
a fim de obter uma avaliação mais precisa. 
 
 
44 
 
Essas gravações apresentam grande utilidade para fazer comparativos 
durante o tratamento e acompanhar a evolução do paciente, verificar diferenças 
pré e pós-cirúrgicas, além de permitir a análise de diferentes variáveis por meio 
das ferramentas disponibilizadas por alguns softwares. 
A análise acústica, por si mesma, não é definitiva para a realização de 
diagnósticos, assim, ela deve estar associada à avaliação perceptivo-auditiva, 
realizada pelo fonoaudiólogo. 
 
3.3.1 Acústica da voz 
 
A análise acústica da voz é uma ferramenta objetiva para mensurar 
diferentes parâmetros na voz falada, permitindo ao profissional a identificação 
de alterações vocais, respeitando parâmetros acústicos específicos. 
A utilização desse recurso auxilia na precisão e objetividade da avaliação, 
quando associada à avaliação perceptivo-auditiva, é uma ferramenta 
fundamental para uma análise quantitativa e qualitativa de diferentes aspectos 
vocais. 
Alguns dos parâmetros que podem ser observados são: 
 
➢ Frequência fundamental; 
➢ Shimmer; 
➢ Jitter; 
➢ Loudness; 
➢ Rugosidade; 
➢ Proporção Harmônico Ruído (PHR); 
➢ Sharpness; 
➢ Articulação. 
 
Frequência fundamental: refere-se à velocidade de repetição de uma 
forma de onda, durante um certo período. Sua medida é utilizada pela unidade 
c/s, que se refere aos ciclos por segundo. Também pode ser encontrada como 
Hz (Hertz). 
Embora as unidades de medida sejam diferentes, elas são equivalentes, 
ou seja, 1 Hertz é igual a 1 ciclo por segundo. 
 
 
45 
 
Este parâmetro está relacionado ao comprimento das cordas vocais, 
refletindo nas suas características biodinâmicas e como interagem com a 
pressão subglótica. 
Em crianças, esse valor se encontra ao redor de 250Cs (BRAGA, 
OLIVEIRA e SAMPAIO, 2009), no entanto, conforme as crianças, vão ficando 
mais velhas, este número tende a diminuir. 
Isso ocorre porque o crescimento da criança é acompanhado de um 
aumento no comprimento das cordas vocais, o que diminui este parâmetro. Além 
disso pode se observar o aumento da laringe e o seu melhor controle. 
Para fins de comparação, em homens adultos esse número fica entre 80 
e 150Cs, nas mulheres se encontra entre 150 e 250Cs (BEHLAU, PONTES e 
TOSI, 1985). 
 
Shimmer e Jitter: são parâmetros que representam variações da 
frequência fundamental e os seus índices de perturbação. A diferença entre eles 
é que o shimmer se refere às perturbações relacionadas à amplitude e o jitter, 
às perturbações de frequência.➢ Jitter: é importante na determinação da estabilidade do sistema 
fonatório, a sua alteração ocorre quando há ausência de controle 
em relação às vibrações das cordas vocais. Seu limite de 
normalidade é até 0,5% (BEHLAU et al, 2001); 
 
➢ Shimmer: relaciona-se à produção de ruídos e à intensidade da 
emissão vocal, como quando há soprosidade. Este parâmetro se 
encontra dentro da normalidade quando está até 3%. (BEHLAU et 
al, 2001). Por estar relacionado ao loudness, é possível encontrar 
a sua mensuração também em decibéis (dB). 
 
Os valores padrão são determinados para adultos, quando essas análises 
são realizadas em crianças, os valores de Jitter tendem a apresentar o mesmo 
comportamento, porém os de Shimmer mostram-se alterados. 
 
 
 
46 
 
O fato é que, em se tratando de vozes infantis, seja qual for o algoritmo 
empregado para a análise acústica, esta sempre apresenta resultados 
com grandes variabilidades nas produções vocais, determinando 
maiores perturbações no shimmer do que no jitter, dependendo da 
idade e estágio de desenvolvimento global (STEFFEN N., 
MOSCHETTI, 1997, pág. 331). 
 
Os valores de Shimmer apresentam alterações em crianças que 
apresentam vozes aparentemente normais, por este motivo, os autores não 
recomendam que eles sejam utilizados para a verificação de patologias vocais. 
Embora ainda existam poucas pesquisas nesta área, é possível que, 
futuramente, se estabeleça um consenso sobre valores adequados para 
crianças. De qualquer modo, é um campo de pesquisa que apresenta potencial 
para exploração. 
 
➢ Loudness: relaciona-se à percepção de intensidade de um som e 
sua unidade de medida é o sone. 
 
➢ Rugosidade: refere-se às irregularidades percebidas nas 
vibrações que ocorrem nas cordas vocais e sua unidade de medida 
é o asper. 
 
➢ Proporção Harmônico Ruído (PHR): é um índice que permite 
relacionar o componente de ruído de uma onda acústica com o 
componente harmônico. Este índice faz um contraste entre o sinal 
regular proveniente das cordas vocais e o sinal irregular originado 
nas cordas e trato vocal. 
 
➢ Sharpness: verifica os sons muito estridentes ou agudos, que 
apresentam componentes de alta frequência, sendo muito utilizado 
para avaliação de timbre. É diretamente proporcional à alta 
frequência. Sua unidade de medida é o acum. 
 
➢ Articulação: relaciona-se aos processos que ocorrem nas ações 
motoras dos órgãos fonoarticulatórios, para que ocorra a produção 
e formação dos sons que compõem a fala (coarticulação). 
 
 
47 
 
 
Além desses aspectos, existem outras variáveis que podem ser avaliadas 
pelo profissional de acordo com o uso de instrumentos específicos, esses 
exames tendem a se apresentar de forma cada vez mais refinada com o 
desenvolvimento da tecnologia. 
 
3.3.2 Softwares 
 
Existem à disposição diferentes tipos de softwares para realizar a 
gravação da voz e que permitem que o profissional realize a sua avaliação, 
alguns programas muito utilizados são: Voxtraining, Voxmetria, Audacity, 
Fonoview e PRAAT. 
A escolha de um software apropriado depende, além dos recursos 
proporcionados por ele, da preferência do profissional, que poderá escolher o 
que apresentar melhor usabilidade ou com que tiver mais familiaridade, além 
disso, também há opções entre softwares pagos ou livres. 
 
Conclusão da aula 3 
 
O profissional da fonoaudiologia tem ao seu dispor diferentes ferramentas 
que lhe permitem realizar uma avaliação abrangente e objetiva, entretanto as 
peculiaridades da população infantil devem ser respeitadas para que os 
resultados obtidos sejam adequados. 
Nesta aula foram abordados diferentes aspectos pertinentes à acústica 
vocal, além de algumas das ferramentas para que a análise das estruturas vocais 
possa ser realizada de forma adequada ao público infantil. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Descreva de forma resumida os principais cuidados que 
devem ser tomados na avaliação do público infantil. 
 
 
 
 
48 
 
Aula 4 – Alterações e patologias 
 
Apresentação da aula 4 
 
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à quarta e última aula da disciplina de 
Análise acústica vocal. Esta aula abordará as principais patologias ou alterações 
que podem influenciar a fala, compreendendo as suas manifestações mais 
comuns na infância, como a disfonia, a gagueira e a voz fanha. 
 
4.1 Alterações da voz 
 
As alterações de voz que surgem na infância podem ter consequências 
na vida adulta, interferindo tanto na comunicação do dia a dia com a família e os 
amigos quanto no trabalho, considerando que a voz é uma importante ferramenta 
na atividade profissional. 
Além disso, algumas condições podem afetar a autoestima da criança, 
interferindo em seus relacionamentos interpessoais e podem até mesmo impedi-
la de fazer certas escolhas ou tomar determinadas atitudes, por medo ou 
vergonha de expor a sua voz. 
Identificar alterações na infância permite que uma investigação mais 
aprofundada ocorra, dando início ao tratamento precoce e melhorando as 
possibilidades prognósticas e, consequentemente, auxiliando no 
desenvolvimento da criança para uma adolescência e vida adulta com mais 
qualidade de vida. 
As alterações de fala podem ter diferentes causas e, portanto, o 
tratamento deve ser individualizado. Para melhor compreender como essas 
alterações ocorrem e quais são os seus principais sintomas, algumas dessas 
alterações serão abordadas a seguir, são elas: 
 
➢ Atraso na aquisição da fala; 
➢ Disfonia; 
➢ Desordens comunicacionais; 
➢ Gagueira; 
➢ Voz fanha. 
 
 
49 
 
Atraso na aquisição da fala 
Assim como outros marcos importantes que ocorrem ao longo do 
desenvolvimento infantil, o momento em que uma criança começa a falar pode 
apresentar algumas variações. 
Conforme os marcos do desenvolvimento vistos na aula dois, 
primeiramente a criança compreende a linguagem, utilizando gestos como “dar 
tchau”, posteriormente ocorrem as vocalizações e, por fim, a fala. 
Assim, embora a idade na qual uma criança comece a falar possa variar 
individualmente, as etapas para que isso aconteça obedecem aos padrões já 
apresentados. 
Até os 12 meses, a criança já deve ser capaz de balbuciar sons e palavras 
simples, como “mama” ou “papa”, além de ser capaz de apontar e acenar. Se a 
criança não reagir aos sons, a audição deve ser investigada para verificar se não 
há algum nível de deficiência auditiva que possa estar comprometendo a 
percepção de sons e sua mimetização. 
Os atrasos na aquisição da fala podem ser percebidos quando os marcos 
esperados no desenvolvimento não estão sendo atingidos em um período 
adequado. 
Por exemplo, se aos 18 meses a criança ainda faz uso de gestos e não 
vocaliza ou vocaliza muito pouco, tem problemas para imitar ou repetir os sons 
que ouve, além de não compreender ordens simples como “dar tchau”, é 
recomendável consultar um profissional da fonoaudiologia. 
Se aos 2 anos ainda não forma frases ou palavras de maneira 
espontânea, faz os sons de maneira inadequada, como muito nasalados ou 
roucos, a aquisição da fala pode ser atrasada por problemas na cavidade oral, 
como alterações estruturais na língua, no palato ou no freno lingual, limitando os 
movimentos. 
Em alguns casos, o atraso na aquisição da fala pode estar relacionado a 
fatores cognitivos ou neurológicos, afetando as áreas do cérebro responsáveis 
pela coordenação motora das estruturas envolvidas na produção do som, na 
recepção e interpretação do som, dentre outras. 
Os atrasos de aquisição na linguagem e na fala devem ser investigados 
para compreender a causa do problema e realização adequada do diagnóstico 
para que o tratamento seja feito adequadamente. 
 
 
50 
 
A inserção do profissional de fonoaudiologia no primeiro contato da 
criança com a vida escolar, que pode ocorrer por volta dos 2 anos no caso de 
creches, por exemplo, aumenta as chances de identificação precoce do 
problema.

Continue navegando