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Tecnologia, informação e comunicação em segurança pública 06

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TECNOLOGIA, INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
O USO DA TELECOMUNICAÇÃO NA 
SEGURANÇA PÚBLICA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar o uso da telecomunicação como instrumento essencial para atuação dos órgãos de Segurança
Pública na sociedade atual.
Caro aluno, até este momento, discutimos e refletimos, sobre diversos conceitos relacionados à Tecnologia de
Comunicação e Informação em Segurança Pública. Começamos por Comunicação, passamos por Informação,
vimos o próprio conceito de Segurança Pública, e por fim, tratamos de Tecnologia e Telecomunicação. Quando
estudamos telecomunicação, aprendemos que se trata de toda comunicação a distância, vimos que o prefixo
grego tele refere-se a “distância”, “longe”. Entendemos também a importância de poder se comunicar em longas
distâncias, principalmente para os profissionais de Segurança Pública. O objetivo agora é compreendermos que a
comunicação a distância do Sistema de Segurança Pública, se rompida, trará prejuízos sociais com proporções
incalculáveis. Sendo assim, o Sistema de Comunicação a Distância da Segurança Pública é uma comunicação
crítica, e por isto, deve funcionar 24h ininterruptamente.
1 Comunicação crítica
Iniciamos esta aula com duas perguntas:
Quais seriam os prejuízos sociais caso o sistema de telecomunicações da Segurança Pública entrasse em pane e as
comunicações das emergências não pudessem ser transmitidas?
Você já tinha pensado sobre este assunto?
Respondendo a primeira pergunta, podemos começar nossas argumentações declarando que a sociedade teria a
segurança fortemente abalada, haja vista os serviços de telecomunicação da Segurança Pública, não poderem
prescindir de um ambiente de missão crítica, ou seja, de uma infraestrutura tecnológica projetada
especificamente para evitar que qualquer falha em alguns dos sistemas, se houver, não possa chegar a
comprometer a continuidade do funcionamento das operações, sendo esta, rapidamente solucionada.
A segunda pergunta você já deve ter respondido.
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2 Vamos verificar quem iniciou o Sistema de Missão Crítica 
no Brasil
Os militares foram os pioneiros a empregarem, no Brasil, este sistema, também chamado de equipamentos de
tolerantes a falhas ( ), foram usados por volta da década de 1960.Fault tolerance
Nos anos 1970 e 1980, os bancos e algumas corporações que lidavam com grande volume de informações e
precisavam contar com um ambiente extremamente seguro, também passaram a utilizar equipamentos
tolerantes a falhas.
3 Como seriam estes equipamentos?
São chamados de espelhados, ou seja, produziam-se dois equipamentos idênticos em uma mesma estrutura ou
gabinete, sendo que um deles em atividade, enquanto o outro permanece a posto, pronto para ser usado a
qualquer momento.
Se acontecer uma falha no equipamento que está em atividade, a sua cópia assume seu lugar, automaticamente,
dando continuidade às operações como se nada tivesse acontecido.
Trabalhar sem poder falhar ou com falha imperceptível, gera um ambiente com tanta seriedade que o tempo em
que todo sistema permanece ativo ou disponível tem índice na faixa de 99,9% a 99,99%, enquanto que os
sistemas tolerantes a falha apresentam índice da ordem de 99,999%.
4 Comunicação crítica
Acabamos de verificar que Sistemas de Comunicação em Segurança Pública não podem parar de funcionar,
sendo ele tratado como uma missão crítica.
Nós compreendemos primeiro o que é missão crítica, agora vamos entender o que é a .comunicação crítica
Comunicação Crítica é sigilosa, constante e sem interferências, e não pode falhar ou ficar congestionada em
momento algum.
Observou? A Missão Crítica é um ambiente tecnológico construído para evitar a paralisação de serviços e a
Comunicação Crítica é o serviço que não pode parar.
Entendido isto, vamos reafirmar que o segmento comunicação, na Segurança Pública, não pode falhar. Já pensou
se os rádios das viaturas policiais parassem de funcionar, como seria designada uma viatura para atender uma
solicitação se o sistema está “fora do ar”, em área de sombra, ou interrompido?
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5 Missão dos profissionais de Segurança Pública
Precisamos ter ciência que os profissionais de Segurança Pública têm a missão de proteger as pessoas, guardar
os patrimônios, manter a ordem.
Uma comunicação com falhas, entre o centro de comando e a equipe externa, pode gerar uma chegada tardia ao
local da solicitação ou impedir que sejam passadas instruções sobre o procedimento a ser adotado pela equipe,
sendo as consequências provavelmente drásticas.
Já estamos bem situados da importância das telecomunicações para a Segurança Pública. A questão é: como está
estruturada a comunicação a distância no Brasil?
6 A estrutura das telecomunicações no Brasil
Para compreendermos melhor a estrutura das telecomunicações do nosso país, vamos verificar como tudo
começou.
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No Império
A primeira ferramenta tecnológica de comunicação a distância no Brasil foi o telégrafo elétrico, inaugurado em
1852, ligando o palácio da Quinta da Boa Vista ao Quartel de Polícia. O governo manteve em suas mãos toda
iniciativa de instalação do telégrafo.
Em 1879, a empresa americana Bell Telephone Co., recebeu concessão para construir e operar linhas na capital
do Império. Este apenas exerceu o poder normativo sobre a rede, que por definição legal era, de fato, sua
propriedade.
No Brasil República
Com o fim da Monarquia no Brasil e o início da República, a telecomunicação ganha um crescimento acelerado,
sendo um fator primordial a descentralização. O princípio de descentralização político-administrativa, presente
na Constituição de 1891, foi o principal responsável pela emergência de um conjunto de medidas referentes à
área de telecomunicações, cujo traço comum era a atuação do setor privado em mercados fragmentados. Sob a
égide da nova Carta, as unidades da federação passaram a dispor de políticas próprias para as telecomunicações
e muitos estados reproduziram este espírito descentralizador para os municípios (Brasil, 1998, p. 11).
Na década seguinte, o crescimento foi acelerado e o desbravador Cândido Rondon, construiu as linhas
Telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas, e a Repartição Geral dos Telégrafos construía linhas ao Sul e Oeste.
Em 1928, a rede cabeada era de 55.859 Km, com 1.350 estações.
Neste mesmo período, a infraestrutura do telefone era instalada por empresas estrangeiras somente nos grandes
centros econômicos, onde o lucro era certo.
7 Comunicação sem fio
Falaremos agora do uso de ondas eletromagnéticas para transmissão de sinais através do ar, ou seja, a
radiocomunicação. Inicialmente teremos a radiotelegrafia e posteriormente a radiofusão.
Em decorrência de interesses militares, a radiotelegrafia foi monopolizada pelo Estado, servindo principalmente
às comunicações marítimas.
A radiofusão, em seu início, transmitia programas culturais em prol do lazer e integração nacional. Em 1932,
com a liberação da propaganda dos patrocinadores, transformou-se em uma poderosa ferramenta de divulgação
de serviços e produtos de mercado.
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8 Refletindo
Após verificarmos os dados históricos precedentes, é possível percebermos que a expansão dos serviços de
telecomunicação no Brasil se deu através de fios metálicos dos telégrafos e telefones, bem como, sem fios com a
radiotelegrafia e a radiofusão.
Em certos períodos, a falta de domínio tecnológico e a percepção do atraso, em relação aos outros países,
pressionaram a abertura do setor à iniciativa privada, permitindo o estabelecimento de empresas estrangeiras
no Brasil. Em outros momentos, prevaleceu a estatização dos serviços de telecomunicação, com a instituição de
monopólios e restrições aos investimentos externos e privados.
Por último, temos o movimento Neoliberal, revitalizado na década de 1990 com o fim das barreiras impostas na
guerra fria, definindo o modelo atual de livre competição e na diversidade de operadoras, como expressa a Lei
Geral de Telecomunicações:Art. 6° Os serviços de telecomunicações serão organizados com base no princípio da livre, ampla e
justa competição entre todas as prestadoras, devendo o Poder Público atuar para propiciá-la, bem
como para corrigir os efeitos da competição imperfeita e reprimir as infrações da ordem econômica
(Brasil, 1998, p. 11).
O governo atualmente regula o setor para impedir os preços abusivos e a deterioração dos serviços. Atualmente
a Anatel, autarquia especial independente, regula os serviços de telecomunicações no Brasil, com a missão de
promover o desenvolvimento e dotar o país de infraestrutura moderna que ofereça serviços de qualidade a
preços justos.
9 Incentivo à livre concorrência
Em poucas palavras, fizemos um breve histórico das telecomunicações, agora, iremos chamando a atenção para
as dimensões continentais de nosso país, para a independência existente entre as três esferas de poder definidas
pelo sistema federativo e para o incentivo à livre concorrência. Que acabou por favorecer a criação de sistemas
isolados a partir de tecnologias incompatíveis, e este fato tem dificultado a integração das forças de Segurança
Púbica em operações conjuntas em território nacional
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A Lei Geral das Telecomunicações, Lei Nº 9.472, de 16 de julho de 1997, no seu art 2º, reproduz os mesmos
valores da competição e da diversidade de investimento, com o objetivo de garantir qualidade e preços baixos
nos serviços contratados. Veremos este artigo a seguir.
Art. 2° O Poder Público tem o dever de:
I - garantir, a toda a população, o acesso às telecomunicações, a tarifas e preços razoáveis, em
condições adequadas;
II - estimular a expansão do uso de redes e serviços de telecomunicações pelos serviços de interesse
público em benefício da população brasileira;
III - adotar medidas que promovam a competição e a diversidade dos serviços, incrementem sua
oferta e propiciem padrões de qualidade compatíveis com a exigência dos usuários;
IV - fortalecer o papel regulador do Estado;
V - criar oportunidades de investimento e estimular o desenvolvimento tecnológico e industrial, em
ambiente competitivo;
VI - criar condições para que o desenvolvimento do setor seja harmônico com as metas de
desenvolvimento social do país.
O incentivo expresso no parágrafo III, ligado à privatização do setor, acabou por incentivar a construção de redes
federais, estaduais e municipais sem o estabelecimento de um padrão tecnológico que facilitasse o
compartilhamento de recursos e a integração dos órgãos de Segurança Pública.
Sendo este fato uma particularidade do Sistema de Comunicação da Segurança Pública no Brasil.
10 O meio mais eficaz
No processo de escolha pela telecomunicação adequada para condução de missões de salvamento e segurança, o
rádio foi agraciado, provavelmente a razão deve ter sido os baixos custos.
Para verificarmos a veracidade desta informação, basta observarmos as rotinas operacionais dos órgãos de
Segurança Pública.
Exemplo:
Uma equipe externa pode ser acionada através do rádio, sem a necessidade de que estejam em uma base fixa,
estabelecendo um canal de comunicação seguro e estável entre o local da operação e um centro de comando. E
como vimos em situações de desastre ou incidente de segurança uma informação pode salvar vidas.
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O grande problema gerado ao longo dos anos é a falta de integração dos Sistemas de Segurança Pública e já
vimos o motivo (A falta de padronização tecnológica). Este fato é tão grave que, em alguns estados que
investiram recentemente em novos sistemas de radiocomunicação, não planejaram ajustes de seus projetos, uns
com os outros, desprezando a integração no próprio estado e também com a União.
Sem integração não há como buscar simetrias que facilitem as operações integradas ou a racionalização dos
custos de manutenção do sistema.
Outra possibilidade de integração é a interoperabilidade. Isso mesmo, que palavra diferente e incomum não?
Vamos entender o que significa a seguir.
11 A interoperabilidade
É a capacidade que componentes, dentro de uma infraestrutura de TI, têm de conversar entre si. Assim, com
interoperabilidade garante-se que aplicações possam conversar de forma a trocar e a processar dados geridos
por outras aplicações.
Vamos ser menos técnicos e usar uma linguagem mais fácil para nosso entendimento.
Podemos dizer que é a capacidade de integrar telefonia móvel, fixa, internet e radiocomunicação, ainda que de
diferentes protocolos, na qual, em situações de emergência, redes diferentes sejam capazes de operar integradas.
Esse sistema seria o ideal, integrar equipamentos com protocolos diferentes, fazendo com que eles se
comuniquem, podemos dizer que é “ ”.surreal
O questionamento que fica é: Será que vamos conseguir cumprir esse desafio (até 2014) e não manchar a
imagem do Brasil no mundo?
Saiba mais
Estamos às portas de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada e, nessas competições, a
integração dos órgãos de Segurança Pública são vitais para o sucesso dos eventos, todos devem
se comunicar (policia federal, civil, militar, bombeiros, guardas municipais, entre outros).
A palavra de ordem para integração é radiocomunicação!
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12 E a comunicação via satélite?
Há uma inviabilidade dessa comunicação para nosso país, pois ela apresenta elevados custos na construção, na
projeção, no espaço e na manutenção de um satélite. Ela seria perfeita, haja vista não depender de cabos, e toda
informação emitida pode ser recebida em qualquer região do planeta.
Em contrapartida, a radiocomunicação não depende de cabo, é mais barata, contudo, não chega a qualquer
região do planeta, mas é eficiente e eficaz para o cumprimento da missão.
Nesta aula, estudamos a importância da comunicação crítica e missão crítica, estendemos que a
radiocomunicação é a forma mais barata e segura de integrar os órgãos que labutam na Segurança Pública e que
trabalharam na Copa do Mundo e Olimpíadas, e por fim, entendemos o significado de interoperabilidade.
13 Conclusão
As telecomunicações são essenciais para a atividade de Segurança Pública.
Atualmente, os progressos tecnológicos têm revolucionado o mundo, o processo de comunicação tem alcançado
distâncias antes inimagináveis e sem o uso de redes cabeadas.
Em meio a toda essa evolução, a radiocomunicação persiste em ser agraciada como a escolhida para
comunicação das centrais de operação com as equipes de campo.
Com base no que refletimos nesta aula, pense na seguinte questão: porque no Brasil, a radiocomunicação é uma
ferramenta para a Segurança Pública.fundamental
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Conceito de sistema de informação;
• Objetivo do sistema de informação;
• Composição do sistema de informação;
• Tipos de sistema de informação.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Identificou o uso da telecomunicação como instrumento essencial para atuação dos órgãos de Segurança 
Pública na sociedade atual.
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