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SAÚDE COLETIVA- CASO 1 Saúde = ausência de doença A saúde é silenciosa, geralmente não a percebemos em sua plenitude; na maior parte das vezes apenas a identificamos quando adoecemos. É uma experiência de vida, vivenciada no âmago do corpo individual. Ouvir o próprio corpo é uma boa estratégia para assegurar a saúde com qualidade, pois não existe um limite preciso entre a saúde e a doença, mas uma relação de reciprocidade entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores que permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais) podem causar doenças. Essa relação é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais (Viana, 2020). Saúde/ OMS: Saúde é um completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença” Doença = falta ou perturbação da saúde A doença é um processo biológico mais antigo que o homem. Como fenômeno biológico, as causas da doença são procuradas no reino da natureza; mas no homem ela possui ainda uma outra dimensão: não existe como “natureza pura”, sendo mediada e modificada pela atividade social e pelo ambiente cultural que tal atividade cria”. A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece . Processo saúde-doença é um dos pontos centrais para os profissionais da saúde que buscam promover saúde, cuidando para que as pessoas possam ter, tanto quanto possível, uma boa qualidade de vida, mesmo quando as limitações se estabelecem. Epidemiologia (Epi = sobre; Demo= população; Logos = tratato/estudo) Significa o estudo do que afeta a população Breve histórico: ▪ Hipócrates (séc. V a.C.): importância do ambiente no adoecimento (T, água...) ▪ John Snow (1849-54) “Sobre a maneira de transmissão do cólera”. -Fundador da epidemiologia -“Nasce no século XIX” -Associação causal entre a doença e o consumo de água contaminada por fezes de doentes Algumas definições de Epidemiologia: • “A epidemiologia é o campo da ciência médica preocupado com o inter- relacionamento de vários fatores e condições que determinam a frequência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade humana”. Maxcy KF. • “A epidemiologia é um campo da ciência que trata dos vários fatores e condições que determinam a ocorrência e a distribuição de saúde, doença, defeito, incapacidade e morte entre os grupos de indivíduos”. Leavell HR; Clark EG. • “Ramo das ciências que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados a saúde” Barreto, M. Epidemiologia: conceituação A Epidemiologia se constitui atualmente na principal ciência da informação em saúde, base da medicina, da saúde coletiva e das outras formações profissionais em saúde. Pode-se defini-la como a abordagem dos fenômenos da saúde- doença-cuidado por meio da quantificação, usando bastante o cálculo matemático e as técnicas estatísticas de amostragem e de análise. Entretanto, apesar do uso e até abuso da “numerologia”, a moderna Epidemiologia não se restringe à quantificação. Cada vez mais emprega técnicas diversificadas para o estudo científico da saúde individual e coletiva. De fato, todas as fontes de dados e de informação podem ser validas para o conhecimento sintético e totalizante das situações de saúde das populações humanas. (Almeida-Filho; Barreto; Rouquayrol) Premissas básicas A distribuição desigual dos agravos à saúde é o produto da ação de fatores que se distribuem desigualmente na população; a elucidação destes fatores, responsáveis pela distribuição das doenças, é uma das preocupações constantes da epidemiologia. O conhecimento dos fatores determinantes das doenças permite a aplicação de medidas preventivas e curativas, direcionadas a alvos específicos, cientificamente identificados, o que resulta em aumento da eficácia das intervenções. Objetivos da epidemiologia • Descrever a magnitude dos problemas de saúde da população; • Proporcionar dados para planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças; • Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. “Nova epidemiologia” (dec. 1980 /1990) • “(...) conjunto de métodos e formas de ações que aplicam ao conhecimento e transformação do processo saúde-doença na dimensão coletiva ou social” (Breilh, 1980 apud Rouquayrol, 2014). • “Conjunto de conceitos, teorias e métodos que permitem estudar, conhecer e transformar o processo saúde- doença na dimensão coletiva.” A finalidade última da epidemiologia é contribuir para a melhoria de vida e o aumento/melhora do nível de saúde das coletividades humanas. Distribuição das doenças de um determinado local; Fatores determinantes; Prevenção (atuando nos fatores, consegue-se, por exemplo, fazer a prevenção de uma doença); Promoção de saúde. Epidemiologista Brian MacMahon: O objetivo da epidemiologia é descobrir relações que permitam algum tipo de intervenção para prevenir as doenças.O papel da epidemiologia, portanto, seria, por meio de estudos científicos, reconstruir na teoria a rede de causalidade encontrada no mundo real. Exemplo: Quando clínico é a Tuberculose e em volta estão as multifatorialidades que levam a desenvolver a doença: Principais usuários da epidemiologia: • Clínico • “Sanitarista” / profissional de saúde coletiva • Planejamento / Gestão • Epidemiologista pesquisador e professor EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA O conhecimento da distribuição de um evento na população é o objetivo da epidemiologia descritiva. (QUE? QUEM? ONDE? QUANDO? COMO? POR QUE?) • Descrever padrões de ocorrência; • Estudo da distribuição das doenças: variabilidade de frequência de determinado agravo numa população, em função de variáveis ligadas à tempo, espaço e pessoa. • Principais determinantes das doenças na população: TEMPO, LUGAR E PESSOA (homem, mulher, idosos...) • Os dados que a epidemiologia descritiva traz pode dar indícios fortes da causa e do controle da doença, bem como as necessidades de serviços de saúde. Variáveis relacionadas ao TEMPO • Distribuição cronológica de frequência de casos ou óbitos. Exemplo: Cíclica, Sazonal, Tendência no tempo (comparar frequências de doença em períodos diferentes). • O tempo pode determinar se é Epidemia ou pandemia, por exemplo. Além disso, o conhecimento das epidemias locais ajudam o clínico a fazer o diagnóstico correto. Exemplo: muitos casos parecidos no plantão. Variáveis relacionadas ao ESPAÇO / LUGAR • Geopolíticas: países • Político-administrativas: regiões, estado, município • Geográficas / ambientais (ambiente, fauna, flora, ação humana...) • Rural / urbana Lugar indica onde uma doença causa mais ou menos sofrimento e pode fornecer indícios de suas causas. Variáveis relacionadas à PESSOA • Gerais: Idade, sexo, estado civil • Cor, etnia, religião • Socioeconômicas: renda, escolaridade... • Hábitos, estilo de vida, atividades ocupacionais... Quando a doença afeta certos tipos de pessoas no mesmo plano temporal e no mesmo lugar que outras não são afetadas (fornece indícios das causas e orienta estratégias de controle). CARGA GLOBAL DA DOENÇA • Como determinada doença pode afetar a vida saudável da pessoa. • Indicador usado pela OMS: “DALY” (Disability – Adjusted Life Year): – (YLL) Anos de vida perdidos (por morte prematura)– (YLD) Anos vividos com incapacidade, ou seja, vive mais tempo, mas sem qualidade de vida. Exemplo: pessoas depressivas. • Apresenta medidas resumidas e comparáveis de saúde de populações • Descreve as Cargas Globais de Doenças e de Carga de Risco entre países comparáveis • Projetar o Futuro • Analisa o impacto na qualidade de vida. • Apresenta medidas comparáveis entre populações Indicadores de saúde Os indicadores são medidas-sínteses que contém informações relevantes sobre alguns atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde • Indicador, no dicionário = é o que indica, ou seja, que reflete uma característica particular. • Indicadores: medidas que expressam nível de vida para avaliar coletividades humanas. Por exemplo: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura. Os indicadores de saúde foram desenvolvidos para facilitar a quantificação e a avaliação das informações produzidas para melhor compreensão do: estado de saúde; medidas por dados de morbidade; Incapacidade; acesso a serviços; qualidade da atenção; condições de vida;fatores ambientais; entre outros. Dado bruto - não indica a magnitude. Os indicadores não trabalham com dado bruto. Dado relativo – O indicador de saúde só tem valor quando há comparação Comparabilidade: Razões e Frequências relativas Diagnóstico de saúde através do indicador para fazer uma avaliação: – Analisar a situação atual de saúde e a partir dela é criado várias hipóteses – Fazer comparações; – Avaliar mudanças ao longo do tempo. Indicador: Coeficientes • Expressam risco ou magnitude de um evento • “Relação entre número de eventos reais e os que poderiam acontecer” – Sobre morbidade (doença) – Sobre mortalidade – Número de casos relacionados ao tamanho da população da qual eles precedem. – Coeficiente é calculado da seguinte forme: Número casos x constante população de risco Numerador = casos (doença, óbitos, incapacidade, etc). Denominador = população sob risco (adoecer, incapacidade, etc). Constante = múltiplos de 10 que melhor expressem o resultado para facilitar a comunicação dos resultados INCIDÊNCIA É a medida do número de casos novos, chamados casos incidentes, de uma doença, originados de uma população em risco de sofrê-la, durante um período de tempo determinado. A incidência é um indicador da velocidade de ocorrência de uma doença ou outro evento de saúde na população e, consequentemente, é um estimador do risco absoluto de vir a padecer da mesma. Coeficiente de incidência • Representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma doença na população. PREVALÊNCIA É a medida do número total de casos existentes, chamados casos prevalentes, de uma doença em um ponto ou período de tempo e em uma população determinada, sem distinguir se são casos novos ou não. A prevalência é um indicador da magnitude da presença de uma doença ou outro evento de saúde na população. Coeficiente de prevalência • Representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado. Prevalência e incidência Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM) • Representa o risco de óbito na comunidade. • CGM: Número de óbitos em determinada comunidade e ano / população estimada para essa comunidade e ano x 1.000 Coeficiente de Mortalidade segundo doenças • Representa o risco de óbito por determinada doença. • Número de óbitos por causa especifica numa determinada comunidade e ano / população estimada para essa comunidade e ano x 10 n Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI): • Estimativa do risco que as crianças nascidas vivas tem de morrer antes de completar um ano de idade. • CMI: Mortalidade Neonatal precoce Definição: Número de óbitos de 0 a 6 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população de um determinado espaço geográfico e período. Reflete: Condições socioeconômicas e de saúde da mãe e Inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido Mortalidade Neonatal tardia ▪ Definição: Número de óbitos de 7 a 27 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população de um determinado espaço geográfico e período. Reflete: Condições socioeconômicas e de saúde da mãe E Inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido Mortalidade Pós-Neonatal ▪ Definição: Número de óbitos de 28 a 364 dias de vida completos, por mil nascidos vivos, na população de um determinado espaço geográfico e período. -Indica o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental (desnutrição infantil e as infecções a ela associadas). -O acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil Coeficiente de Mortalidade Materna (CMM): • Representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério (42 dias) Coeficiente de Letalidade Representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade da doença ou agravo na população. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ORIENTADORES DE ESTUDO: 1. Compreender epidemiologia; *já está no resumo 2. Conceituar epidemiologia descritiva. *já está no resumo 3. Caracterizar o processo saúde-doença conforme tempo, espaço e pessoa. *já está no resumo 4. Definir indicadores de saúde e conhecer sua importância na vigilância epidemiológica. 5. Descrever os principais indicadores de saúde sobre morbidade e mortalidade. *já está no resumo 6. Calcular o coeficiente de incidência, de mortalidade e letalidade. *já está no resumo 7. Conhecer a carga global da doença *já visto no resumo
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