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Alves, Marco Antonio - A nova retórica de Perelman

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Prévia do material em texto

Citar: 
ALVES, Marco Antônio Sousa. A nova retórica de Chaïm Perelman: considerações sobre a racionalidade, a 
tensão decisionismo/legalismo, e o Estado Democrático de Direito. Trabalho apresentado no Seminário 
Teoria da Argumentação e Nova Retórica, PUC-MG, Belo Horizonte, 2009. Disponível em 
http://ufmg.academia.edu/MarcoAntonioSousaAlves/Papers/898214/A_nova_retorica_de_Chaim_Perelma
n_Consideracoes_sobre_a_racionalidade_a_tensao_decisionismo_legalismo_e_o_Estado_Democratico_de
_Direito. Acesso em: [data de acesso] 
 
Contato: marcofilosofia@ufmg.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://ufmg.academia.edu/MarcoAntonioSousaAlves/Papers/898214/A_nova_retorica_de_Chaim_Perelman_Consideracoes_sobre_a_racionalidade_a_tensao_decisionismo_legalismo_e_o_Estado_Democratico_de_Direito
http://ufmg.academia.edu/MarcoAntonioSousaAlves/Papers/898214/A_nova_retorica_de_Chaim_Perelman_Consideracoes_sobre_a_racionalidade_a_tensao_decisionismo_legalismo_e_o_Estado_Democratico_de_Direito
http://ufmg.academia.edu/MarcoAntonioSousaAlves/Papers/898214/A_nova_retorica_de_Chaim_Perelman_Consideracoes_sobre_a_racionalidade_a_tensao_decisionismo_legalismo_e_o_Estado_Democratico_de_Direito
mailto:marcofilosofia@ufmg.br
 1 
A NOVA RETÓRICA DE CHAÏM PERELMAN: 
Considerações sobre a racionalidade, a tensão decisionismo/legalismo, e o Estado 
Democrático de Direito 
 
Marco Antônio Sousa Alves 
Bacharel em Direito, Mestre e Doutorando em Filosofia pela UFMG 
Professor da Faculdade de Direito Milton Campos 
 
 
Introdução 
 
 
Comecemos este capítulo por uma breve apresentação do autor que será analisado neste 
momento. Chaïm Perelman (1912-1984) nasceu em Varsóvia e transferiu-se para Bruxelas em 
1925, naturalizando-se belga. Em seus primeiros passos intelectuais, Perelman recebeu uma 
formação jurídica, escrevendo uma tese de doutoramento em direito concluída em 1934, 
juntamente com uma formação em lógica formal, ocorrida no decorrer da década de trinta sob 
a influência do neopositivismo, defendendo uma tese de doutoramento em 1938 sobre o lógico 
alemão Gottlob Frege. Nesse período, voltou à Polônia para estudar na famosa Escola Polonesa 
de Lógica, Matemática e Filosofia Positivista, onde foi aluno de Kotarbinski e Lukasiewicz. 
Com o advento da Segunda Guerra, toda essa formação logicista acabou se voltando contra ela 
mesma. Perelman, de origem judaica, não concordou em entregar o discurso sobre os valores 
ao arbítrio, que seria a conseqüência natural de uma posição neopositivista, e interessou-se pela 
possibilidade de uma lógica dos juízos de valor, com o fim de subtrair este âmbito do domínio 
do irracional. A partir de 1948 e durante dez anos de pesquisas em conjunto com Lucie 
Olbrechts-Tyteca, estudiosa de ciências econômicas e sociais, Perelman abandonou seu estudo 
anterior de uma lógica específica dos juízos de valor, concluindo pela sua inexistência, e se 
voltou para as técnicas de argumentação e persuasão estudadas pelos antigos e, em particular, 
por Aristóteles. Os resultados dessa nova reflexão estão, sobretudo, em duas obras: Retórica e 
Filosofia (Rhétorique et Philosophie), de 1952, e Tratado da Argumentação: a nova retórica 
(Traité de l’Argumentation: La nouvelle rhétorique), de 1958. 
Além do desenvolvimento da nova retórica, Perelman aprofundou seus estudos em 
algumas repercussões que a teoria da argumentação trazia para a filosofia, o direito, a moral e a 
justiça. Seus escritos possuem natureza fragmentária, com exceção do Tratado da 
Argumentação, e estão espalhados em uma grande quantidade de artigos. Perelman lecionou 
Lógica, Moral e Filosofia na Universidade de Bruxelas até 1978, foi o diretor de importantes 
centros de pesquisa na Bélgica e também professor visitante em diversas universidades pelo 
mundo. Em dezembro de 1983, Perelman recebeu o título de Barão do rei Balduíno da Bélgica 
em reconhecimento à sua obra, vindo a morrer logo depois, em 1984. 
Após estas breves notas biográficas, é hora de adentrar em seu pensamento. A proposta 
de Chaïm Perelman de uma nova retórica ainda pode ser considerada, mesmo depois de mais 
de cinqüenta anos de sua elaboração, a teoria mais completa e uma referência indiscutível em 
todos os estudos em teoria da argumentação e retórica. Aliás, Perelman deve a isso a posição 
única e fundamental que ocupa na história do pensamento filosófico, sendo seu nome 
geralmente associado à revalorização da retórica. Ao pretender desenvolver uma teoria da 
argumentação, Perelman se deu conta da importância dos antigos estudos de Aristóteles e, 
 2 
ampliando o campo da lógica, admitiu na esfera do racional também os raciocínios retóricos. 
Filiando-se claramente entre os neo-aristotélicos, Perelman só pode ser bem compreendido à 
luz de algumas idéias de Aristóteles, que convém apresentar rapidamente. 
Em Aristóteles, assistimos a uma sistematização de fôlego do problema retórico, sendo 
o estagirita considerado o pai da teoria da argumentação. No conjunto da teorização 
aristotélica, ciência, sabedoria, arte, dialética e retórica compõem uma série extremamente rica 
de formas de racionalidade, dotadas de diferentes graus de exatidão, de rigor ou de precisão, 
mas todas igualmente caracterizadas pelo argumentar. Podemos tratar os textos aristotélicos 
dos Analíticos, dos Tópicos, das Refutações Sofísticas, da Retórica e da Poética como um 
conjunto, uma teoria da argumentação no sentido mais geral, uma verdadeira doutrina dos 
logoi (ou das diferentes formas de se usar a razão). Aristóteles sustentava que é próprio do 
homem buscar a precisão, em cada gênero de coisa, apenas à medida que o admite a natureza 
do assunto.
1
 Nos Analíticos, o estagirita expõe a concepção geral do raciocínio humano a partir 
do silogismo e estabelece as bases da lógica formal e da racionalidade lógico-dedutiva. 
Complementando a demonstração, Aristóteles introduz nos Tópicos a racionalidade dialética, 
assentada na prática do diálogo, ou seja, na arte de argumentar através de questões e respostas. 
O raciocínio dialético se move entre um pólo científico e outro construído sobre opiniões, 
sendo sua função comprovar a força de uma tese através de uma prática de discussão. 
Enquanto a lógica realiza uma demonstração irrefutável, pelo método das evidências, os 
entimemas ou silogismos retóricos partem do convincente (provas, exemplos, verossimilhanças 
e sinais), que não possui o rigor das premissas lógicas e apresenta grau de certeza variável. Na 
Arte Retórica, Aristóteles vai além das meras listas de receitas retóricas, recolhidas da empiria 
e da rotina, e desenvolve uma verdadeira teoria retórica, assentada nos princípios gerais da 
argumentação. Acentua-se o elemento argumentativo, ou seja, os meios de prova, o raciocínio 
empregado, o silogismo aproximativo, que era até então negligenciado em favor da produção 
de emoção no auditório. A retórica é definida como a “faculdade de ver teoricamente o que, em 
cada caso, pode ser capaz de gerar a persuasão” (Arte Retórica, 1355b25) e passa a ocupar um 
posto intermediário entre a poética e a filosofia, em uma escala que é ascendente no sentido 
intelectualista. Assim, Aristóteles provê uma fundamentação mais sólida à retórica, 
privilegiando não o seu poder de dominar, mas a capacidade de defender-se.
2
 A erística, por 
sua vez, é uma falsificação da dialética e da retórica, pois se assenta em opiniões que na 
aparência são prováveis, mas na realidade não o são. Ela é a prática do puro contestar (de eris, 
que significa contestação, litígio) que não é uma verdadeira forma de racionalidade, pois não 
tem em mira o exame crítico de uma tese, mas apenas o sucesso na discussão, obtido por 
qualquer meio, ainda que desleal. E a poética, por fim, aproxima-se da retórica e da dialética 
não pelo estudo dos meios de prova ou do interesse persuasivo, mas por outros aspectos do 
discurso, como o problema do estilo, da expressividade e da linguagem.Após Aristóteles, a retórica é alçada à condição de ciência, passando a compor 
organicamente a filosofia ao lado da dialética. Não é exagerado dizer que foi da leitura atenta 
 
1
 Aristóteles deixa essa sua visão bem clara na Ética a Nicômaco (1094b24) e na Metafísica (α, 3, 995a15). 
2
 Quanto à complexa relação entre retórica e dialética em Aristóteles, em uma passagem (Arte Retórica, 1354a1) 
a retórica é descrita como uma contraparte (antistrophos) da dialética, em outra (Arte Retórica, 1356a31-32) é tida 
por uma parte da dialética similar a ela (homoiõma). Temos assim uma dupla conexão entre retórica e dialética. A 
retórica aproxima-se da dialética ao se valer de seus resultados, métodos e objetivos, mas difere ao se endereçar a 
auditórios particulares contingentes, possuindo objetivos práticos mais específicos (cf. Arte Retórica, 101b3-4; 
1356a26). 
 3 
dos textos aristotélicos que nasceu o programa da nova retórica e o que podemos chamar de um 
renascimento dos estudos em teoria da argumentação. Segundo Perelman, a tradição filosófica 
ocidental atrofiou a noção de razão na modernidade e preservou de Aristóteles apenas sua 
lógica formal, sendo o principal projeto da nova retórica justamente ampliar novamente as 
possibilidades do uso da razão, permitindo ao homem ser “racional” em outros domínios, como 
o direito e a moral. 
O presente estudo da proposta de Perelman da nova retórica será dividido em quatro 
partes. Em um primeiro momento, será realizada uma apresentação dos traços gerais da teoria 
da argumentação ou nova retórica de Perelman. Em seguida, serão abordados os três temas-
problema que movem a reflexão deste livro: a questão da racionalidade, a relação entre 
decisionismo e legalismo, e o Estado Democrático de Direito. Pretendemos situar essas 
questões no interior do pensamento do Perelman e acreditamos que, embora alguns desses 
temas não constituam o centro de suas preocupações, podemos encontrar em Perelman 
interessantes elementos para pensarmos uma nova concepção de racionalidade, mais 
pragmática, e também uma superação da tensão entre decisionismo e legalismo, através da 
descoberta da esfera intermediária do razoável. 
 
 
1. A teoria da Argumentação ou nova retórica de Perelman 
 
 
Antes mesmo de se falar em teoria da argumentação, convém deixar claro o que se 
entende por tal termo. Para Perelman, a argumentação é compreendida de forma intimamente 
ligada à adesão, pois só há argumentação no campo em que há liberdade de adesão. Perelman 
& Olbrechts-Tyteca definem o objeto de uma teoria da argumentação como “o estudo das 
técnicas discursivas permitindo provocar ou aumentar a adesão das mentes às teses que se 
apresentam ao seu assentimento”.
3
 A concepção de Perelman é, dessa forma, uma típica teoria 
centrada no auditório, ou seja, naqueles de quem se visa ganhar a adesão, e, por esta razão, a 
relação com a retórica é bastante estreita. Mas a argumentação não é mera prática persuasiva, 
pois, apesar de visar a adesão do auditório, ela pretende conquistá-la por via de argumentos, de 
razões. Dessa forma, o argumentar, ou seja, o participar de uma argumentação, é definido por 
Perelman como “fornecer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma determinada 
tese”.
4
 
Após essa definição prévia, convém agora relacioná-la com a retórica, tendo em vista 
que Perelman chamou de nova retórica o seu estudo da argumentação. Ao abandonar sua 
formação lógica neopositivista, Perelman encontrou nos antigos tratados de retórica, e em 
especial a Retórica e os Tópicos de Aristóteles, a possibilidade de colocar os juízos de valor na 
esfera do racional. Os raciocínios tratados por Aristóteles nos Tópicos são por ele chamados de 
dialéticos e nos forçam a colocar uma questão: porque Perelman nomeia sua teoria de nova 
retórica e não nova dialética? Logo na introdução do Tratado da Argumentação, Perelman 
 
3
 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de l’Argumentation: La nouvelle rhétorique. 2
ª
ed. 
Bruxelles: Editions de l’Institut de Sociologie, 1970, p.5. Tradução nossa. 
4
 PERELMAN, Chaïm. Argumentação. In: Enciclopédia Einaudi. vol. 11. Imprensa nacional – casa da moeda, 
Lisboa, 1987, p.234. 
 4 
procura justificar a escolha do termo retórica em detrimento de dialética, em uma passagem 
que, apesar de extensa, achamos por bem citar: 
 
Nossa análise concerne às provas que Aristóteles chama de dialéticas, 
examinadas por ele nos Tópicos, e cuja utilização mostra na Retórica. Essa 
evocação da terminologia de Aristóteles teria justificado a aproximação da 
teoria da argumentação à dialética, concebida pelo próprio Aristóteles como 
a arte de raciocinar a partir de opiniões geralmente aceitas (eulogos). Várias 
razões, porém, incentivaram-nos a preferir a aproximação à retórica. A 
primeira delas é o risco de confusão que essa volta a Aristóteles poderia 
trazer. Pois se a palavra dialética serviu, durante séculos, para designar a 
própria lógica, desde Hegel, e por influência de doutrinas nele inspiradas, ela 
adquiriu um sentido muito distante de seu sentido primitivo, geralmente 
aceito na terminologia filosófica contemporânea. Não ocorre o mesmo com a 
palavra retórica, cujo emprego filosófico caiu em tamanho desuso, que nem 
sequer é mencionada no vocabulário de filosofia de A. Lalande. Esperamos 
que nossa tentativa fará reviver uma tradição gloriosa e secular. Mas outra 
razão, muito mais importante, a nosso ver, motivou nossa escolha: é o 
próprio espírito com o qual a Antiguidade se ocupou de dialética e de 
retórica. O raciocínio dialético é considerado paralelo ao raciocínio analítico, 
mas trata do verossímil em vez de tratar de proposições necessárias. A 
própria idéia de que a dialética concerne a opiniões, ou seja, a teses às quais 
se adere com uma intensidade variável, não foi aproveitada. Dir-se-ia que o 
estatuto do opinável é impessoal e que as opiniões não são relativas às 
mentes que a elas aderem. Em contrapartida, essa idéia de adesão e de 
mentes visadas pelo discurso é essencial em todas as teorias antigas da 
retórica. Nossa aproximação desta última visa a enfatizar o fato de que é em 
função de um auditório que qualquer argumentação se desenvolve. O estudo 
do opinável dos Tópicos poderá, nesse contexto, inserir-se em seu lugar.
5
 
 
 A escolha pelo termo retórica deve ser entendida apenas como uma tentativa de 
enfatizar a importância do auditório na argumentação. Mas, apesar da explícita adoção do 
termo retórica, em alguns momentos Perelman fala em nova dialética, o que indica que ele não 
pretende tomar rigidamente tal separação
6
. Intimamente associada à retórica e à dialética está a 
teoria da argumentação. Mas, enquanto a retórica goza de uma rica tradição na antiguidade 
greco-romana, a teoria da argumentação, tomada nesses termos, é recente. Segundo Perelman, 
o estudo da adesão provocada pelo discurso não evidente englobaria todos esses rótulos e, 
assim, a nova retórica é tanto uma teoria da argumentação quanto uma teoria retórica e 
 
5
 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de l’Argumentation: La nouvelle rhétorique. 2
ª
ed. 
Bruxelles: Editions de l’Institut de Sociologie, 1970, p.6-7. Tradução nossa. 
6
 Tende-se a separá-las dizendo que a retórica refere-se aos discursos longos e auditórios silenciosos enquanto a 
dialética se refere ao diálogo feito de perguntas, respostas e refutações. Entendida nesses termos, ela seria, sem 
dúvida, uma distinção menor e sem interesse para um estudo mais amplo da argumentação. Não convém, 
realmente, deter-se em demasia nessa separação, posto que Perelman aborda a questão retórica e dialética como 
algo intimamente relacionado. Nesse mesmo sentido interpretam DEARIN, Ray D. Chaïm Perelman’s theory of 
rhetoric. Urbana,Illinois: University of Illinois, 1970, p. 85, 90, 93; KLUBACK, William & BECKER, Mortimer. 
The significance of Chaim Perelman’s philosophy of rhetoric. Revue Internationale de Philosophie. n.127-128, 
33
e
 Année, 1979, p.34; e JOHNSTONE Jr., Henry W. Validity and rhetoric in philosophical argument: an 
outlook in transition. The Dialogue Press of Man & World, 1978, p. 92. 
 5 
dialética, sendo todas elas meta-teorias preocupadas com o processo da adesão. A adesão 
permite unificar toda forma argumentativa, pois não existe discurso sem auditório, sem efeito 
retórico. Segundo Perelman: “A teoria da argumentação, concebida como uma nova retórica 
(ou uma nova dialética), cobre todo o campo do discurso visando convencer ou persuadir, 
qualquer que seja o auditório ao qual se dirige e qualquer que seja a matéria sobre a qual ele 
trate”.
7
 Resumindo, o objeto da teoria da argumentação de Perelman é extremamente amplo, 
pois abrange todos os aspectos relacionados com a adesão (tipicamente retóricos) e também 
com o processo de justificação. 
Apesar da amplitude concedida à teoria da argumentação, Perelman não deixa de 
limitar o campo de estudo na nova retórica. Ela não se interessa pelo discurso enquanto fala ou 
recitação, mas sim pelo seu aspecto lógico, enfatizando a troca argumentativa assentada em 
razões, ou seja, a persuasão e o convencimento. A nova retórica se afasta assim do ponto de 
vista da literatura e da oratória, ou seja, de todos aqueles preocupados com a forma do 
discurso, seu estilo e beleza, aproximando-se do ponto de vista estritamente argumentativo, ou 
seja, daquele preocupado com a estrutura e força persuasiva ou conclusiva dos argumentos. A 
nova retórica afasta-se também dos estudos psicológicos e sociológicos relacionados com a 
argumentação. O ponto de vista psicológico coloca ênfase no assentimento mental, no processo 
subjetivo da adesão e nos mecanismos de sugestão, ou seja, naquilo que ocorre na mente 
quando se decide ou se é conduzido e aceitar determinada tese. A abordagem sociológica, por 
sua vez, caracteriza-se por analisar a argumentação enquanto processo social, procurando 
compreender como determinado grupo, em determinado momento, argumenta, estudando 
temas como o impacto que o discurso tem sobre grupos sociais e a influência da propaganda 
em uma sociedade de massa. Distanciando-se dessas abordagens, a nova retórica volta-se mais 
para a dimensão lógica, ou seja, para o estudo de todos os meios de prova e a preocupação com 
a força, a intensidade e a solidez de um argumento. Apesar desse interesse mais propriamente 
lógico, a nova retórica distancia-se das tradicionais abordagens nesse domínio ao enfatizar o 
estudo empírico das diferentes técnicas argumentativas, deixando em segundo plano a 
dimensão normativa da lógica, que pretende estabelecer as leis do raciocínio correto. O 
Tratado da Argumentação não pretende criar cânones ou padrões de avaliação e nem 
estabelecer regras para guiar nossas argumentações, o que fica claro ao percebermos a quase 
ausência nele do problema das falácias. Perelman está muito mais interessado em descobrir a 
que tipo de argumento as pessoas efetivamente aderem e como esse processo ocorre. 
 
 
2. A racionalidade em Perelman 
 
 
A proposta da nova retórica pode ser entendida como um grande esforço intelectual que 
visa ampliar os horizontes da racionalidade, conferindo o status de racional ou razoável a uma 
imensa gama de formas de raciocinar. O objetivo da nova retórica não é refutar ou criticar a 
lógica formal tradicional, mas simplesmente desenvolver um estudo complementar. Segundo 
Perelman: 
 
 
7
 PERELMAN, Chaïm. L’Empire Rhétorique: rhétorique et argumentation. Paris: Librairie J. Vrin, 1977, p.19. 
Tradução nossa. 
 6 
A nova retórica não pretende remover ou substituir a lógica formal, mas 
acrescentar a ela um campo de raciocínio que, até agora, escapou a todo 
esforço de racionalização, a saber, o raciocínio prático. Seu domínio é o 
estudo do pensamento crítico, da escolha razoável e do comportamento 
justificado. Ela se aplica sempre que a ação estiver ligada à racionalidade.
8
 
 
 O problema não está na lógica formal ela mesma, a qual Perelman reconhece grande 
valor e importância. O que é alvo de crítica é a atrofia que se operou na noção de 
racionalidade, que passou a se aplicar apenas aos raciocínios formais, demonstrativos, típicos 
da matemática. Perelman pretende retirar do âmbito do irracional os outros diversos tipos de 
raciocínios que caracterizam a argumentação prática humana, aquela que se dá no domínio da 
praxis ou da ação humana. Nossas decisões jurídicas ou escolhas morais não são certamente 
conclusivas e formalmente válidas, embora possam ser ditas razoáveis se ampliamos o espectro 
da racionalidade. Nas palavras de Perelman & Olbrechts-Tyteca: 
 
Nós esperamos que o nosso tratado provoque uma salutar reação, e que sua 
simples presença impeça que no futuro se reduzam todas as técnicas de prova 
à lógica formal e que se veja como racional apenas a faculdade calculadora. 
Se uma concepção estreita da prova e da lógica acarretou uma concepção 
limitada da razão, o alargamento da noção de prova e o enriquecimento da 
lógica dela decorrente devem provocar uma reação, por sua vez, sobre a 
maneira pela qual é concebida nossa faculdade de raciocinar.
9
 
 
Visando acentuar essa ampliação da noção de racionalidade é que Perelman ressalta a 
distinção entre demonstração (lógica em sentido estrito, ou seja, os meios de prova que 
permitem concluir, a partir da verdade de certas proposições, aquela de outras proposições) e 
argumentação (que inclui a dialética e a retórica, ou seja, o conjunto das técnicas discursivas 
permitindo provocar ou aumentar a adesão das mentes às teses que se apresentam ao seu 
assentimento), que é apresentada logo no primeiro capítulo do Tratado da Argumentação. 
Assim como a violência está fora do campo da argumentação, uma vez que impede a liberdade 
de adesão, também a demonstração e a evidência estão. Se traçarmos uma linha de intensidade 
de adesão, teremos, em um extremo, a decisão puramente arbitrária, injustificada, que se impõe 
pela violência, e, no outro extremo, a prova irrefutável, absolutamente evidente. Em nenhum 
desses dois extremos poderíamos falar em argumentação propriamente dita, entendida como 
uma prática discursiva dirigida ao livre assentimento. O afastamento da evidência é feito 
porque, na demonstração, a prova é evidente, ela obriga a mente a aderir, não deixando 
qualquer espaço para a liberdade de assentimento, para a escolha justificada, que é essencial na 
concepção perelmaniana da argumentação. Segundo Perelman & Olbrechts-Tyteca, 
“demonstrações são intemporais e não há motivo para distinguir os auditórios aos quais se 
dirige, uma vez que se presume que todos se inclinam diante daquilo que é objetivamente 
válido”.
10
 Vemos assim que nesse domínio está ausente a dimensão retórica, ou seja, não é 
 
8
 PERELMAN, Chaïm. The New Rhetoric. In: BAR-HILLEL, Yehoshua. Pragmatics of natural languages. 
Dordrecht-Holland/ Boston-USA: D. Reidel, 1971, p.148. Tradução nossa. 
9
 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de l’Argumentation: La nouvelle rhétorique. 2
ª
ed. 
Bruxelles: Editions de l’Institut de Sociologie, 1970, p.676. Tradução nossa. 
10
 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de l’Argumentation: La nouvelle rhétorique. 2
ª
ed. 
Bruxelles: Editions de l’Institut de Sociologie, 1970, p.60. Tradução nossa. 
 7 
relevante a análise do auditório, posto que o argumento formal se apresenta como 
intrinsecamente válido e suas premissas como necessariamente verdadeiras.
11
 Para uma melhor 
visualização dessa distinção, apresentamos o quadro comparativo abaixo: 
 
 Demonstração Argumentação 
Origem histórica 
OsAnalíticos de Aristóteles e sua 
teoria silogística 
Os Tópicos e a Retórica de Aristóteles 
Tipo de prova 
Impessoal, independe do auditório 
(ad rem): trata da verdade ou da 
coisa mesma, abstraindo do 
auditório e do orador. 
Pessoal, dirigida a um auditório (ad 
hominem ou ex concessis): insere-se 
num movimento questão-resposta que 
depende do orador e do interlocutor, e 
por isso é dito pessoal. 
Tipo de adesão 
Evidência (imposição da razão 
com assentimento necessário). 
Assentimento mental com intensidade 
variável (domínio das opiniões). 
Avaliação da 
argumentação 
Validade: o bom argumento é 
aquele sólido, conclusivo, que 
respeita as regras de inferência 
necessária (caráter intrínseco). 
Eficácia: o bom argumento é aquele ao 
qual o auditório adere de fato (a 
aceitabilidade é um critério externo, 
dependente do auditório). 
Domínio de 
racionalidade 
Racional: universal, evidente, 
demonstrável e indubitável. 
Razoável: contextual, aceitável, não 
arbitrário, meio termo entre o racional 
e o irracional. 
Tipo de 
linguagem 
Artificial, sistema formalizado com 
regras explícitas e signos 
desprovidos de ambigüidade. 
Língua natural, em que as regras são 
geralmente implícitas e há 
ambigüidade. 
Pontos de partida 
Axiomas que são colocados fora da 
discussão (o raciocínio analítico 
não pode demonstrar seus próprios 
princípios). 
Topoi ou lugares-comuns: pontos 
aceitos pelo auditório e que podem a 
qualquer momento ser postos em 
questão. 
Procedimento 
Cálculo: deduz conseqüências 
necessárias de certas premissas 
(ex: raciocínio matemático). 
Justificação: pesa os argumentos pró e 
contra (ex: raciocínio jurídico) 
Final da 
argumentação 
Conclusão: conseqüência lógica 
necessária. 
Decisão: escolha justificável, 
aceitável, convincente. 
 
 Além de ampliar o domínio da racionalidade para além da demonstração, mostrando a 
especificidade da argumentação, a nova retórica leva mais além suas reflexões e repensa em 
termos retóricos a própria noção de razão. Quando pensada pela perspectiva retórica e 
dialética, a razão coincide com a adesão de um auditório universal ideal, composto por todos os 
seres racionais, que só daria seu assentimento à verdade. Segundo Perelman: 
 
 
11
 A noção de evidência é bastante problemática em Perelman, pois ela pode significar tanto o raciocínio 
formalmente válido (a evidência estaria na inferência) quanto o assentado em premissas indubitáveis (a evidência 
estaria no axioma). Perelman reconhece que, na lógica moderna, o lógico é livre para elaborar seus axiomas e 
obrigado apenas a concluir necessariamente e, em certa medida, distingue o raciocínio formalmente válido, 
chamado de demonstração formal ou lógica formal, do raciocínio evidente, chamado de método racional ou 
demonstração clássica, que guardam em comum o rigor, mas diferem no fato de o método racional ambicionar 
garantir a evidência de suas premissas. Cf. PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de 
l’Argumentation: La nouvelle rhétorique. 2
ª
ed. Bruxelles: Editions de l’Institut de Sociologie, 1970, p. 41, 670; 
PERELMAN, Chaïm. The New Rhetoric: a theory of practical reasoning. In: The new rhetoric and the 
humanities: essais on rhetoric and its applications. Dordrecht-Holland / Boston-USA / London-England: D. 
Reidel, 1979, p.10. 
 8 
A argumentação filosófica se apresenta como um apelo à razão, que eu 
traduzo na linguagem da argumentação, ou aquela da nova retórica, como um 
discurso que se dirige ao auditório universal. Uma argumentação racional se 
caracteriza por uma intenção de universalidade, ela visa convencer, ou seja, 
persuadir um auditório que, na mente do filósofo, encarna a razão.
12
 
 
 Ao conceber a própria razão como um auditório, a tese de que a filosofia pode ser 
compreendida como um discurso dirigido a um auditório ganha sustentação. Segundo 
Perelman, os filósofos teriam, ao pretenderem apelar à razão, explícita ou implicitamente se 
dirigido ao auditório universal. A argumentação filosófica, que se pretende racional e 
universal, difere das demais argumentações humanas não pela ausência do elemento retórico. 
O fato de a razão ter sido considerada, ao longo da tradição ocidental, uma faculdade humana 
inata, iluminada por Deus, determinou, em grande medida, a rejeição da retórica. Perelman 
reconhece que os filósofos procuraram, quase sempre, negar que visavam convencer algum 
auditório com a sua argumentação. Querer se adaptar a um auditório convinha ao sofista, ao 
demagogo, ao retórico, e não ao filósofo sério, que deveria estar preocupado com a verdade, e 
não com a eficácia de sua argumentação. Ao invés da adesão de um auditório, os filósofos 
preferiram buscar uma espécie de ascese, para melhor atingir a verdade. Ao invés de opor 
filosofia e retórica, Perelman sustenta que a filosofia também pode ser compreendida 
retoricamente. Mas isso não significa que devemos abrir mão da idéia de razão e da pretensão 
de universalidade. Isso acontece porque, para Perelman, a argumentação filosófica difere dos 
outros argumentos retóricos por causa do auditório ao qual ela se dirige. Ao invés de um 
discurso ad hominem, o filósofo se dirige a toda humanidade e seu discurso é antes ad 
humanitatem, através de uma argumentação que, segundo Perelman, pode-se qualificar de 
racional. 
 
 
3. Decisionismo e legalismo em Perelman 
 
 
Deixando os fundamentos filosóficos um pouco de lado e entrando no domínio do 
direito, o presente tópico pretende localizar e apresentar a visão de Perelman acerca de um 
típico tema da hermenêutica e das teorias da argumentação jurídicas: o problema da tensão 
entre o decisionismo e o legalismo. A partir dos anos sessenta do século XX, Perelman 
desenvolveu um consistente estudo sobre a argumentação moral e jurídica, que consistiu em 
uma espécie de aplicação da nova retórica ao domínio da argumentação prática. O resultado 
desse trabalho infelizmente não recebeu uma forma mais sistemática e está publicado em 
diversos artigos fragmentários e repetitivos. Grande parte desse material foi incluída na obra 
póstuma intitulada Ética e Direito. Outra importante fonte para estudar a argumentação jurídica 
são as notas publicadas originalmente por Perelman em 1979 sob o título de Lógica Jurídica. 
O debate acerca do legalismo e do decisionismo começou a se colocar no direito ainda 
no século XIX, quando do esgotamento das escolas hermenêuticas dogmáticas que se seguiram 
ao movimento da codificação na Europa. Os grandes e pretensamente completos documentos 
legais do início do século XIX, como o famoso Código Civil de Napoleão de 1804, 
 
12
 PERELMAN, Chaïm. Logique formelle et logique informelle. In: MEYER, Michel (ed.) De la métaphysique à 
la rhétorique. Ed. de l'Université de Bruxelles, 1986, p.20. Tradução nossa. 
 9 
mostravam-se caducos e anacrônicos depois de mais de meio século de vida. O apego à letra da 
lei apregoado pela Escola da Exegese e o respeito irrestrito à vontade originária do legislador 
defendido pela Escola Histórica conduziram o direito a uma grande defasagem em relação à 
realidade social. A supervalorização do poder legislativo em detrimento do judiciário, reduzido 
a uma função meramente declaratória (“a boca da lei”), e o discurso fervoroso em nome da 
segurança jurídica engessaram de modo insustentável o direito. Em resposta a esse legalismo 
extremado surgiu o movimento do direito livre e a livre pesquisa científica, pleiteando uma 
ampliação das fontes do direito para além da lei e defendendo a atribuição de mais poder e 
liberdade para os juízes, para que os mesmos pudessem exercer papel criativo, eqüitativo, 
permitindo a constante e necessária atualização do direito, sempre em sintonia com as 
demandas da sociedade. Nesse contexto do final do século XIX e iníciodo século XX, a tensão 
era pensada em termos de maior ou menor liberdade para os juízes. Os legalistas reduziam ao 
máximo o poder de arbítrio dos juízes, condenando-os à condição de escravos da lei, sem 
qualquer poder criativo ou constitutivo, de forma a garantir o máximo de segurança jurídica, ou 
seja, de previsibilidade e estabilidade das decisões. Por outro lado, os decisionistas concediam 
amplos poderes aos juízes, que podiam julgar inclusive contra legem, de forma a permitir uma 
constante atualização do direito. O legalismo extremo conduzia à petrificação do direito e ao 
monopólio do poder pelo legislador. O decisionismo radical, por sua vez, levava à ditadura 
togada, à incerteza jurídica e ao anarquismo, posto que o texto legal via-se suplantado pela 
duvidosa equidade dos juízes. 
Colocado nesses termos, pode parecer que estamos diante de um debate datado, já 
superado pelas novas teorias jurídicas. Em parte sim, mas se analisarmos mais a fundo 
perceberemos algumas importantes implicações. Em primeiro lugar, é preciso observar que 
estamos diante de uma tensão entre duas intuições ligadas ao papel do direito. Por um lado, ele 
deve ser previsível, certo, de modo a garantir uma ordem duradoura. Por outro, ele deve ser 
atual, de modo a responder adequadamente aos conflitos sociais. Cumprir essa dupla exigência 
não constitui tarefa simples, o que fica visível na constante oscilação que verificamos no seio 
do pensamento jurídico a esse respeito. Ora se pede por mais ordem e segurança. Ora por mais 
liberdade e evolução. 
Perelman, ao abordar o raciocínio jurídico e a especificidade da argumentação no 
direito, voltada para a justificação de uma decisão, percebe claramente essa oscilação e 
desenvolve uma teoria que pretende responder adequadamente a essa dupla exigência. Nem 
legalismo, nem decisionismo. Assim como ocorreu na análise da racionalidade, a nova retórica 
indica uma via média para o raciocínio jurídico, um uso da razão que não é demonstrativo nem 
arbitrário, não é racional nem irracional, não conduz necessariamente a uma conclusão nem 
entrega a decisão ao capricho dos juízes. Podemos dizer que Perelman situa o campo da 
argumentação jurídica em um espaço intermediário entre o determinismo legalista e o arbítrio 
decisionista. Para o decisionista, as decisões jurídicas decorrem de puros atos de vontade dos 
juízes, sendo impossível qualquer justificação racional de escolhas que envolvam juízos de 
valor. Já para o legalista determinista, a decisão jurídica é o resultado de simples aplicações de 
normas gerais procedentes de uma autoridade legítima, ou seja, a decisão decorre 
silogisticamente das leis, de forma lógica e necessária. Em nenhum desses casos há espaço 
para a argumentação, para a justificação razoável, posto que ou a decisão é considerada 
cientificamente determinada e necessária, ou é tomada por arbitrária e meramente volitiva. 
Uma postura teórica que ilustra bem essa oscilação é a apresentada por Hans Kelsen no 
último capítulo da Teoria Pura do Direito. Ao tratar do problema hermenêutico, Kelsen critica 
 10 
as posturas positivistas do século XIX, indicando sua insuficiência metodológica e sua crença 
ingênua na possibilidade de se chegar cientificamente a uma “única solução correta”. Kelsen 
ressalta o papel constitutivo realizado pela decisão judicial, que cria e não apenas declara o 
direito, e reduz a pretensão de segurança jurídica a algo que pode ser atingido apenas 
aproximativamente, posto que sempre permanece uma margem de criação e escolha livre por 
parte do aplicador do direito. Uma vez que a decisão jurídica não se reduz simplesmente à 
aplicação de um método científico, Kelsen então rejeita o legalismo estrito e defende o caráter 
político e volitivo da tomada de decisão jurídica, uma vez que a mesma cria direito. Como 
assevera Kelsen: 
 
A idéia, subjacente à teoria tradicional da interpretação, de que a 
determinação do ato jurídico a pôr, não realizada pela norma jurídica 
aplicanda, poderia ser obtida através de qualquer espécie de conhecimento do 
direito preexistente, é uma auto-ilusão contraditória, pois vai contra o 
pressuposto da possibilidade de uma interpretação. A questão de saber qual é, 
de entre as possibilidades que se apresentam nos quadros do Direito a aplicar, 
a “correta”, não é sequer – segundo o próprio pressuposto de que se parte – 
uma questão de conhecimento dirigido ao Direito positivo, não é um 
problema de teoria do direito, mas um problema de política do Direito. A 
tarefa que consiste em obter, a partir da lei, a única sentença justa (certa) ou o 
único ato administrativo correto é, no essencial, idêntica à tarefa de quem se 
proponha, nos quadros da Constituição, criar as únicas leis justas (certas). 
Assim como da Constituição, através de interpretação, não podemos extrair 
as únicas leis corretas, tampouco podemos, a partir da lei, por interpretação, 
obter as únicas sentenças corretas.
13
 
 
Em razão desse caráter ao mesmo tempo político e jurídico da decisão jurídica, Kelsen 
ressalta a necessidade de uma complementação do ato cognoscitivo, científico, que estabelece 
a moldura aberta ao aplicador pelas normas superiores, por um ato volitivo, de pura vontade da 
autoridade competente, que poderá escolher livremente entre as possibilidades reveladas pela 
ciência. Percebemos assim que Kelsen oscila entre um momento racional e outro irracional 
presentes no raciocínio jurídico. Até determinado ponto, a decisão é determinada 
cientificamente, a partir daí é puro arbítrio. 
Em um artigo intitulado A Teoria Pura do Direito e a argumentação, publicado 
originalmente em 1964 e depois incluído no livro Ética e Direito, Perelman observa essa 
oscilação presente no pensamento de Kelsen e considera seu principal erro o fato de ter 
renunciado à razão prática. Kelsen teria percebido corretamente a impossibilidade de uma 
prova demonstrativa no campo das normas e valores, mas a conseqüência retirada dessa 
constatação foi a inclusão do arbítrio na decisão jurídica, abraçando assim uma perigosa 
postura decisionista. Segundo Perelman, a teoria pura do direito deriva de uma teoria do 
conhecimento limitada, que só dá valor à prova demonstrativa ou empírica e despreza 
totalmente o papel da argumentação. Como foi visto anteriormente, a nova retórica defende 
justamente a ampliação da racionalidade, de modo a tornar possível uma escolha justificada e 
uma decisão razoável para além do campo restrito da lógica formal ou demonstrativa. Nas 
palavras de Perelman: “Se uma ciência do direito pressupõe posicionamentos, tais 
 
13
 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6ª ed. Tradução de João Baptista Machado. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998, p. 392-393. 
 11 
posicionamentos não serão considerados irracionais quando puderem ser justificados de uma 
forma razoável, graças a uma argumentação cuja força e pertinência reconhecemos”.
14
 É claro 
que o razoável não remete a uma solução única, não serve como um método objetivo e preciso, 
mas funciona como uma restrição à liberdade de julgar, impedindo o arbítrio, como deixa claro 
Perelman ao dizer que “o inaceitável, o desarrazoado constitui um limite para qualquer 
formalismo em matéria de direito”.
15
 
Aos olhos de Perelman, a superação da tensão entre legalismo e decisionismo passa por 
uma interpenetração desses dois elementos. Mas não como pensou Kelsen, para quem havia 
um momento legalista (o ato cognoscitivo de fixação da moldura) e outro decisionista (o ato 
volitivo do aplicador do direito). O elemento legalista, pensado como o respeito às instituições 
e ao sistema de regras, deve conviver com o elemento decisionista, entendido como a busca da 
equidade, sem que um exclua o outro. Em suma, o respeito às leis não deve conduzir à injustiça 
e ao socialmente inaceitável, assim como o senso de equidade também não deveser empregado 
ao arrepio da lei e em prejuízo da ordem e da segurança. Mas como conciliar e articular essas 
exigências? Apenas uma prática argumentativa aberta, porosa às demandas da sociedade e às 
exigências institucionais, é capaz de conduzir a uma decisão convincente. Segundo Perelman: 
“É a dialética entre o legislativo e o poder judiciário, entre a doutrina e a autoridade, entre o 
poder e a opinião pública, que faz a vida do direito e lhe permite conciliar a estabilidade e a 
mudança”.
16
 
A argumentação jurídica não deve se limitar ao texto legal, nem confiar apenas no 
senso de justiça do juiz. Ao invés disso, deve acolher em suas discussões justificações formais 
ou internas (decorrentes da lei e do sistema jurídico em vigor) e também justificações materiais 
ou externas (assentadas naquilo que é socialmente aceitável e razoável). O direito é um 
instrumento flexível e capaz de se adaptar aos valores sociais de seu tempo, sendo sua missão 
conciliar esses valores com as leis e instituições estabelecidas. Como deixa bem claro 
Perelman: 
 
O direito se desenvolve equilibrando uma dupla exigência, uma de ordem 
sistemática, a elaboração de uma ordem jurídica coerente, a outra, de ordem 
pragmática, a busca de soluções aceitáveis pelo meio, porque conformes ao 
que lhe parece justo e razoável. 
17
 
 
Levando adiante uma típica abordagem retórica, Perelman se pergunta sobre qual é o 
auditório visado pela argumentação jurídica. Para determinar o alcance e a qualidade dos 
argumentos empregados no direito, é preciso saber qual o conjunto daqueles a quem se quer 
convencer ou persuadir. Perelman entende que ao motivar ou fundamentar uma tomada de 
decisão jurídica, o juiz oferece razões que pretendem ser convincentes para as partes em litígio, 
para os juristas ou profissionais do direito, e também para a sociedade em geral ou opinião 
pública. Uma decisão aceitável apenas para as partes pode ser juridicamente e socialmente 
 
14
 PERELMAN, Chaïm. A Teoria Pura do Direito e a argumentação. In: Ética e Direito. Tradução de Maria 
Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 480. 
15
 PERELMAN, Chaïm. O razoável e o desarrazoado em direito. In: Ética e Direito. Tradução de Maria 
Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 436. 
16
 PERELMAN, Chaïm. A interpretação jurídica. In: Ética e Direito. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São 
Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 631. 
17
 PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica: nova retórica. Tradução de Vergínia K. Pupi. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998, p. 238. 
 12 
inaceitável. Uma decisão que é apenas juridicamente e tecnicamente fundamentada pode ser 
socialmente inaceitável e ineficaz para as partes. E uma decisão que conta com a aceitação 
social e o apoio da opinião pública pode ser juridicamente insustentável. Em suma, cabe ao juiz 
a tarefa de realizar esse equilíbrio, sendo capaz de elaborar uma argumentação que cumpra 
com essas exigências, ou seja, ele deve tomar uma decisão em nome do que considera o direito 
(o sistema de regras) e a justiça (o senso de equidade). O direito está condenado a uma 
atualização incessante (na busca de soluções viáveis e adaptadas às circunstâncias), sendo 
assim preciso conceder ao juiz um poder criativo e normativo complementar, que deve contudo 
ser utilizado de forma justificada, socialmente e juridicamente convincente. Só assim 
afastamos o fantasma do arbítrio, como diz Perelman: “motivar é justificar a decisão tomada, 
fornecendo uma argumentação convincente, indicando a legitimidade das escolhas feitas pelo 
juiz. É esta justificação (...) que deve convencer as partes de que a sentença não resulta de uma 
tomada de posição arbitrária”.
18
 
Ao assumir essa abordagem retórica da decisão jurídica, Perelman rejeita enfaticamente 
o modelo formal de raciocínio jurídico conhecido como teoria do silogismo jurídico. Esse 
modelo camuflaria o papel do juiz, fazendo crer que sua função é meramente lógica e consiste 
simplesmente em demonstrar como a sentença decorre dos axiomas estabelecidos (as leis em 
vigor). Essa visão legalista ignora o elemento retórico presente na argumentação jurídica, ou 
seja, a busca da aceitação social da decisão. Perelman sustenta que a razoabilidade ou 
aceitabilidade social é um valor muito mais importante para o direito do que a verdade ou a 
coerência lógica. De que serve um sistema jurídico completo e coerente, com sentenças 
logicamente consistentes e válidas, se ao final somos conduzidos a decisões socialmente 
inaceitáveis e desarrazoadas? Resumindo, Perelman ressalta a necessidade de se chegar a uma 
solução aceitável aos conflitos, por razões de bom senso, eqüidade e interesse geral. Contudo, a 
paz judicial só se restabelece quando a solução mais aceitável socialmente é acompanhada de 
uma argumentação jurídica suficientemente sólida. Este deve ser o esforço da doutrina e da 
jurisprudência. 
 
 
4. Estado Democrático de Direito em Perelman 
 
 
A questão da democracia e do Estado Democrático de Direito não constituem um tema 
trabalhado por Perelman, ao menos não diretamente e com profundidade. Sendo assim, o 
esforço deste tópico é mais modesto e pretende apenas abordar a questão de forma tangencial, 
traçando algumas considerações e buscando situar o pensamento de Perelman nesse debate. 
Em primeiro lugar, é preciso observar que a biografia de Perelman revela alguém aberto 
às críticas e um defensor da tolerância e das práticas de inclusão. Sua postura crítica em relação 
ao nazismo, sua resistência contra a discriminação aos judeus (que sofreu na própria pele na 
Polônia dos anos trinta) e suas objeções à criação de um Estado Judeu Sionista permitem que 
vejamos em Perelman um democrata engajado. 
Para além de sua postura e ações políticas, importa avaliar suas idéias sobre a questão. 
Nesse sentido, Perelman abraça uma concepção filosófica que é fundamentalmente compatível 
 
18
 PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica: nova retórica. Tradução de Vergínia K. Pupi. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998, p. 222. 
 13 
com a defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito. Em um artigo intitulado 
Filosofias primeiras e filosofia regressiva, que veio a público originalmente em 1949 (um dos 
primeiros textos publicados por Perelman), encontramos uma defesa enfática de uma postura 
filosófica aberta, tolerante, humilde, sensível às diferenças de perspectiva e capaz de 
autocrítica. As chamadas filosofias regressivas concebem a filosofia como um 
empreendimento argumentativo no qual ninguém detém a verdade absoluta e definitiva, um 
diálogo infindável, imperfeito mais perfectível, no qual nada está fora de questão. Perelman 
afirma não haver coisa julgada em filosofia e rejeita toda forma de fundamentação metafísica 
última para o conhecimento ou a moral. Perelman se afasta assim da chamada filosofia 
primeira, posto que seu pensamento filosófico baseia-se em pontos de partida considerados 
suficientemente seguros para assentar a reflexão, e não em fundamentos evidentes. Como 
conclui Perelman: “um partidário da filosofia regressiva é obrigado a certa modéstia em suas 
afirmações: o futuro não lhe pertence, seu pensamento permanece aberto à experiência 
imprevisível”.
19
 Essa base filosófica claramente condena qualquer fundamentação absolutista 
para o poder político e convida a um grande e infindável diálogo. 
Essa ênfase no diálogo, na discussão aberta e inclusiva, será objeto de maior 
desenvolvimento no Tratado da Argumentação, no momento em que Perelman distingue a 
argumentação da violência. A argumentação só pode ocorrer no campo onde há liberdade de 
adesão. Segundo Perelman & Olbrechts-Tyteca: 
 
Pode-se, de fato, tentar obter um mesmo efeito seja pelo recurso à violência 
seja pelo discurso visando à adesão das mentes. É em função dessa 
alternativaque se concebe mais claramente a oposição entre liberdade mental 
e coação. O uso da argumentação implica que se tenha renunciado a recorrer 
unicamente à força, que se dê valor à adesão do interlocutor, obtida com a 
ajuda de uma persuasão racional, que não o trate como um objeto, mas que se 
apele à sua liberdade de juízo. O recurso à argumentação supõe o 
estabelecimento de uma comunidade das mentes que, enquanto dura, exclui o 
uso da violência.
20
 
 
Toda a argumentação visa a adesão e, dessa forma, argumentar significa querer 
persuadir ou convencer, o que excluí necessariamente a violência. Quem impõe sua opinião ou 
vontade não argumenta, a ele não importa a adesão (o convencimento ou persuasão) do 
auditório ao qual se dirige. Como reforça Perelman ao escrever o verbete argumentação para 
uma enciclopédia: 
 
Querer persuadir um auditor significa, antes de mais, reconhecer-lhe as 
capacidades e as qualidades de um ser com o qual a comunicação é possível 
e, em seguida, renunciar a dar-lhe ordens que exprimam uma simples relação 
de força, mas sim procurar ganhar a sua adesão intelectual.
21
 
 
 
19
 PERELMAN, Chaïm. Filosofias primeiras e filosofia regressiva. In: Retóricas. Tradução de Maria Ermantina 
Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p.151. 
20
 PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de l’Argumentation: La nouvelle rhétorique. 2
ª
ed. 
Bruxelles: Editions de l’Institut de Sociologie, 1970, p.73. Tradução nossa. 
21
 PERELMAN, Chaïm. Argumentação. In: Enciclopédia Einaudi. vol. 11. Imprensa nacional – casa da moeda, 
Lisboa, 1987, p. 235. 
 14 
Para que a argumentação seja possível, é necessário que haja uma espécie de comunhão 
entre as mentes, de contato intelectual, que é uma condição prévia para a comunicação. 
Perelman chega a estipular algumas condições que uma comunidade efetiva das mentes exige, 
como a existência de uma linguagem comum, o desejo de estabelecer uma conversação, a 
valorização da adesão do interlocutor (seu consentimento mental) e a possibilidade de ser 
escutado com atenção (o que envolve a disposição para uma eventual admissão do ponto de 
vista do falante). Perelman infelizmente não aprofundou a análise das condições de 
possibilidade da comunicação e nem extraiu daí conseqüências normativas. Diferentemente de 
Habermas, o pensamento de Perelman não caminhou nesse sentido e não deu origem a 
construções teóricas mais sólidas nos domínios moral, político e jurídico, como ocorreu com o 
desenvolvimento da ética do discurso, da democracia deliberativa e da teoria discursiva do 
direito. Apesar desses limites, a nova retórica e as análises do raciocínio jurídico feitas por 
Perelman constituem um importante e consistente solo para analisarmos nossas práticas 
argumentativas e para pensarmos um direito que cumpra convenientemente seu papel na 
sociedade. 
 
 
Bibliografia 
 
 
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métaphysique à la rhétorique. Ed. de l'Université de Bruxelles, 1986, pp.15-21. 
PERELMAN, Chaïm. Argumentação. In: Enciclopédia Einaudi. vol. 11. Imprensa nacional – 
casa da moeda, Lisboa, 1987, pp.234-265. 
 15 
PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo: 
Martins Fontes, 1996. 
PERELMAN, Chaïm. Retóricas. Tradução de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: 
Martins Fontes, 1997. 
PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica: nova retórica. Tradução de Vergínia K. Pupi. São 
Paulo: Martins Fontes, 1998. 
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Rhétorique et Philosophie: pour une 
théorie de l’argumentation en philosophie. Paris: PUF, 1952. 
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Traité de l’Argumentation: La nouvelle 
rhétorique. 2
ª
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