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Resenha do livro Espaço e Método Milton Santos

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Universidade Federal Fluminense
Departamento de Geografia e Políticas Públicas – DGP
Curso de Geografia
Resenha do livro “Espaço e Método” – Milton Santos
Caio Damasceno Parnahyba
Angra dos Reis, 07 de dezembro de 2017
Introdução:
Espaço e Método é um compilado de 9 (nove) ensaios feitos por Milton Santos ao
longo de sua larga carreira acadêmica, todos com certa similaridade de tema: o espaço,
debatido analiticamente, tendo lançado a sua primeira edição, em 1985.
Milton Almeida dos Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, BA, no dia 3 de
maio de 1926 e faleceu em São Paulo, SP, no dia 24 de junho de 2001, aos 75 anos. Estimado
por muitos como o maior nome da geografia brasileiro, Milton, embora formado em Direito,
fez sua tese de doutorado em Geografia – O centro da cidade de Salvador, de 1958. Passou
parte de sua vida exilado na França em virtude da Ditadura Militar. Ao longo de sua vida,
escreveu diversos artigos, ensaios e obras, todos com grande relevância para o universo
acadêmico brasileiro e mundial, sendo premiado inúmeras vezes, inclusive com o Prêmio
Vautrin Lud, o Nobel da Geografia.
Esta obra trata-se da relação entre o espaço, a produção e o homem, apresentando diversos
fatores de integração entre estes, dividindo-se em 9 capítulos, descritos no corpo deste
trabalho e seus subtítulos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brotas_de_Maca%C3%BAbas
https://pt.wikipedia.org/wiki/3_de_maio
https://pt.wikipedia.org/wiki/3_de_maio
https://pt.wikipedia.org/wiki/1926
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade)
Capítulo 1: O espaço e seus elementos: questões de método.
Neste capítulo de abertura do livro, Milton especifica os fatores que podem definir espaço:
homem, firmas, instituições, meio ecológico e infraestruturas, onde: homens são os elementos
do espaço ao prover trabalho e se candidatar para tal. Firmas como a produção como um todo,
inclusive as ideias. Instituições como quem dá as regras, o meio ecológico e base física do
trabalho do homem e as infraestruturas como o trabalho concretizado. Ele diz, ainda, que estes
fatores todos formam microssistemas individuais, porém interligados e subsistemas que
desenvolvem-se tanto de dentro para fora, quando de fora para dentro, estando sempre dentro
de uma porção do espaço. O autor aponta, ainda, todas as dificuldades de se concluir um
trabalho de pesquisa, seja este individualmente, ou em grupo.
Capítulo 2: Dimensão temporal e sistemas espaciais no terceiro mundo.
Aqui, somos apresentados ao ponto de vista do Milton Santos acerca da influência do
tempo e dos diferentes modos de produção (inter)relacionados como o espaço nos países ditos
de terceiro mundo. Santos constata que deve se analisar o evento observando-os de fora para
dentro – isto é, partindo de uma escala global para a local, sendo que nenhuma variável pode
ser dissociada e sua origem. Neste capítulo, 5 etapas ao longo do tempo foram definidas,
sempre apontando semelhanças entre as dominantes de cada época: o transporte. Com o
passar do tempo, as atividades cão ganhando destaque para o sistema: 1) a pirataria e a
exploração de colônias no mercantilismo. 2) Agricultura, que passa a ser parte importante no
período manufatureiro (aqui havia a necessidade de a manufatura ser próxima à fonte de
matéria prima dada a precariedade – quase inexistência, de meios de transporte.). 3) Nesta
etapa o desenvolvimento dos transportes faz com que as relações se abram, não sejam
puramente locais. 4) O desenvolvimento da comunicação dado no período industrial, que
agora torna a dominação possível mesmo de longe. Esses 4 primeiros, conforme pensa
ARENDT, H. 1957, serviu para “encurtar as distâncias” entre o mundo. Visto que uma vez
seja a distância mensurável, a mesma torna-se alcançável , e 5) Com o advento da tecnologia,
países desenvolvidos passam a dominar de vez, em todas as esferas o chamado Terceiro
Mundo. Todos esses tais fatores contribuiu para a “perda” do espaço por parte dos seus
‘donos’. Milton termina, ainda, explicando sobre a metodologia de análise espacial e
desenvolvimento da técnica, rompendo assim com os métodos evolutivos.
Capítulo 3: Espaço e capital: o meio técnico-científico.
Cá neste capítulo, Milton Santos afirma que “desde que a produção se tornou social, pode-se
falar em meio técnico” (p. 53), que varia de nível e quantidade, dependendo do local.
Técnicas, sempre se aperfeiçoando ao longo do tempo, entretanto de novas formas. Com o
intelecto ganhando destaque, o capital começa a girar a nível mundial e, por isso, o poder
começa a ficar cada vez mais com as firmas, porém com menos firmas. O estudo da técnica
surge – a tecnologia, e assim, vem o chamado meio técnico-científico. As tecnologias vão se
desenvolvendo e patentes sendo comercializadas. Agora, nos países subdesenvolvidos, o
capital estrangeiro se faz mais forte e as descobertas feitas nesses países são levadas para os
centros tecnológicos e revendidas para estes. Ainda no capítulo, é dito que como agora o
capital gira de forma mais fácil, é normal a migração, por mais complicado que seja e por sua
vez, uma desculturalização local. Com os centros de decisão longes, o espaço local fica mais
sujeito a atritos.
Capítulo 4: Estrutura, processo, função e forma como categorias do método geográfico.
Milton Santos, aqui, nos convida a pensar em alguns itens de mudança, transformação
do espaço: a forma, como o que se vê, função, sendo o que se espera de certos fatores,
processo como ação constante a fim de atingir um resultado e estrutura como tudo de
interrelacionando. Todos estes fatos, que devem ser tidas em relação como espaço-tempo,
alteram o espaço (entidade contínua) e podem ser aceitas, rapidamente, lentamente ou
trabalhar lado a lado com o antigo e. Como meio de interação social, admitem-se como
estruturas socioespaciais, formando uma paisagem, também contínua. Entretanto, para se
acontecer essa interação com o espaço, há a necessidade de se tê-los interacionistas com as
rugosidades, isto é, “as rugosidades devem ser em conta quando uma sociedade procura impor
novas funções” (p. 75). Ao final, é atestado, ainda, que nenhum destes, apesar de terem
definições e explicações próprias, não podem ser analisados individualmente, e sim como um
todo.
Capítulo 5: Da Indivisibilidade do espaço total e de sua análise através das instâncias
produtivas.
Neste curto capítulo, vemos que, apesar de o espaço ser algo uno, indivisível,
podemos forçar divisões sub conceituais e todas estas atestando a hegemonia de quem
trabalha melhor as etapas de toda sua produção
Capítulo 6: Uma discussão sobre a noção de região.
Aqui faz-se a separação entre nova e velha noções de Região, onde a primeira se dá
pela falta de mobilidade entre os polos de determinado Estado. Nos países desenvolvidos, por
regiões históricas. Nos subdesenvolvidos, por relações com seus centros de industrialização
tardia. Ainda no capítulo, aponta-se a diferença entre regiões agrícola e urbana e colocando-as
na contemporaneidade.
Capítulo 7: O estudo das regiões produtivas.
Nesta parte do livro, vê-se um trabalho acerca dos microconceitos das regiões,
transporte e interações da mesma com o espaço e vice versa, mas também com questões de
consumo.
Capítulo 8: A evolução espacial como cooperação e conflito em um campo de forças.
Neste capítulo vemos os conflitos entre as antíteses: Estado e mercado, onde o
primeiro, liberal, prioriza o segundo, dominante em detrimento do social. Este ‘modelo’ acaba
destacando externo e interno, isto é, “ um espaço funcional do modo de produção. Ela é o
resultado de múltiplas variáveis externas em contato com a dinâmica local.” (BRITO, 2008) e
o novo e o velho, que correspondem, o primeiro às inovações que chegam no território e o
segundo o domínio das obrigações do Estado. Tudo está sob constante mediação entre as
antíteses
Capítulo 9: Espaço e distribuição dos recursos sociais.
Na última parte do livro é explicitado o grave problema dedistribuição de renda em
relação ao espaço físico do local. Milton diz que tais problemas se todos os fatores forem
levados em consideração juntos, inclusive no que diz respeito à mobilidade entre os
periféricos e os centros majoritariamente comerciais. Aponta também uma proposta de
solução: a reorganização do sistema urbano, constituindo na integração entre centros menores
para os maiores e até dos lugares afastados – os lugarejos.
Conclusão
Dotado de vasto conhecimento na Geografia e na vida (negro, nascido em uma cidade
pobre do interior baiano), Milton, nesse compilado de ensaios, passa parte de sua visão acerca
do espaço e sua definição, partindo da relação com diversos fatores que o compõem: relações
de produção, local, paisagem, empirismo, distribuição, redes, políticas sociais, etc. Todas
essas relações apresentando embasamento teórico e empírico adquiridos ao longo da vida,
tanto no Brasil, quanto em sua fase exilada, na França.
Este livro toca no ponto ‘definição de espaço’ de uma forma moderna, clara e simples,
porém não simplória e bastante própria, entretanto, por vezes, repetitiva, mesmo essa
discussão já tendo se iniciado no século XVIII e inúmeros autores da área (e até de outras)
que já tentaram explicar o espaço em si. Ao afirmar que o espaço é indivisível, Milton Santos
entra em conflito com muitas das correntes antigas, ainda que este force ao longo do volume
uma série de subdivisões que não podem, de forma alguma, caminharem sozinhas.
Mesmo tendo sido lançado há 32 anos, Espaço e Método segue no topo das prateleiras
das livrarias quando o assunto é geografia, justamente por ter uma linguagem simples, clara,
facilitando o entendimento de qualquer aluno do curso, independente do período destes e
também de outros cursos que lidam com essas questões geográficas, mesmo que não
geograficamente.
Ainda alvo de críticas de pessoas e/ou órgãos mais conservadores, ‘Espaço e Método’
contribui bastante para o desenvolvimento acadêmico de quem o lê por tocar num ponto
muito específico não só da geografia, mas da humanidade: o entendimento de seu lugar, neste
caso, do espaço como um todo, não de um ‘espaço limitado’, municiando quem o lê de bases
teóricas para compreender todas as relações (sociais, políticas, econômicas, sociológicas e
produtivamente) que compõem a questão “O que é o espaço?”, uma dúvida ou curiosidade
que há muito não é exclusiva da geografia.
Referências Bibliográficas:
ARENDT, H. (A vida activa e a era moderna. In: ARENDT, H. A condição humana. Rio de
Janeiro. Forense Universitária, 1958, p 260-269.)
BRITO, T. M. A (A metamorfose do conceito de região: leituras de Milton Santos. Revista
do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFF, Niterói, v. 10, n. 20, 2008, p. 74-105
[200-]). Disponível em <http://bit.ly/2BnxmQG>. Data de acesso: 29/11/2017
SANTOS, M. (Espaço e Método. EdUSP, 1985)

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