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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS JULIA ESTELA STOCCO NICOLE CALESSO PEREIRA LEONARDO MALAQUIAS WILL ROBSON RAMALHO AZAMBUJA WILLY ANDERSON PENTEADO FRANCO JUNIOR MICROESTRUTURA POLIMÉRICA PONTA GROSSA 2019 JULIA ESTELA STOCCO NICOLE CALESSO PEREIRA LEONARDO MALAQUIAS WILL ROBSON RAMALHO AZAMBUJA WILLY ANDERSON PENTEADO FRANCO JUNIOR MICROESTRUTURA POLIMÉRICA Trabalho apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Engenheiro de Materiais na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientador: Prof. Adriane Bassani Sowek PONTA GROSSA 2019 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Variação da taxa de nucleação e de crescimento como função da temperatura de cristalização .............................................................................. 5 Figura 2: Modelo de estrutura cristalina segundo o Modelo da Miscela Franjada ............................................................................................................. 6 Figura 3: Resfriamento da lâmina sob a peça metálica .............................. 10 Figura 4: Resfriamento da lâmina sob ABS ................................................ 11 Figura 5: Resfriamento da lâmina à temperatura ambiente ........................ 12 Figura 6: Resfriamento da lâmina sobre a chapa de aquecimento. ............ 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Tg Temperatura de transição vítrea Tm Temperatura de fusão cristalina SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 5 1.1 CRISTALINIDADE POLIMÉRICA .......................................................... 5 1.2 MORFOLOGIA POLIMÉRICA ................................................................ 6 2 OBJETIVOS ............................................................................................ 7 3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 8 3.1 MATERIAIS ............................................................................................. 8 3.2 MÉTODOS .............................................................................................. 8 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 9 4.1 RESFRIAMENTO NO FREEZER COM A LÂMINA EM CONTATO COM O METAL .................................................................................................... 10 4.2 RESFRIAMENTO NO FREEZER COM A LÂMINA EM CONTATO COM O ABS ......................................................................................................... 11 4.3 RESFRIAMENTO A TEMPERATURA AMBIENTE SOB A LUVA ......... 11 4.4 RESFRIAMENTO LENTO SOBRE A CHAPA DE AQUECIMENTO .... 12 5 CONCLUSÃO ....................................................................................... 14 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 15 5 1 INTRODUÇÃO 1.1 CRISTALINIDADE POLIMÉRICA O modo como as cadeias moleculares estão empacotadas é o que define a estrutura do polímero, podendo ser desordenado formando fase amorfa, ou regular e repetitivo formando a fase cristalina. A cristalinidade de um polímero é um importante parâmetro que define suas propriedades físicas e químicas, juntamente com peso molecular (massa molar) e sua distribuição (1). A facilidade com que a cristalização ocorre depende da estrutura química, presença de impurezas e condições de cristalização do polímero. Polímeros cristalizáveis típicos são os que possuem cadeias lineares. Se tiverem ramificações ou grupos laterais estes devem ser suficientemente pequenos ou dispostos regularmente e simetricamente ao longo das cadeias (1). O processo de cristalização se dá em duas etapas: nucleação e crescimento. Para que haja crescimento dos núcleos e posterior crescimento é necessário que as cadeias se ordenem de forma a formar um embrião. Esse embrião deve atingir um raio crítico, de forma que, embriões abaixo desse valor possuem energia livre positiva, não sendo energeticamente estáveis e acabam sendo dissolvidos. Acima desse valor, os embriões são estáveis e crescem (1). O crescimento dos núcleos passa por um máximo entre as temperaturas Tg e Tm do polímero, isso pode ser observado na imagem abaixo. Figura 1: Variação da taxa de nucleação e de crescimento como função da temperatura de cristalização Fonte: CANEVAROLO JR., S. V. Ciência dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros. 2ª ed. São Paulo: Artliber, 2006. 178p. Por meio da Figura 1, vê-se que entre as temperaturas Tg e Tm a mobilidade aumenta e a nucleação e o crescimento são facilitados. Abaixo de Tg as cadeias são imóveis e não se rearranjam para que ocorra a cristalização. 6 Já acima de Tm a mobilidade atinge valores muito altos e impossibilita a formação de cristais (1). 1.2 MORFOLOGIA POLIMÉRICA Os polímeros também apresentam polimorfismo, ou seja, podem se cristalizar em duas ou mais células unitárias diferentes, que dão origem a fases ou estruturas cristalinas diferentes. Possuem dois modelos de morfologia: modelo da miscela franjada e o modelo da cadeia dobrada (1). O primeiro modelo, os polímeros semicristalinos são constituídos por duas fases distintas: cristalitos pequenos, de aproximadamente 100 Å, dispersos numa matriz amorfa. Os cristalitos são considerados como constituídos por segmentos moleculares de diferentes cadeias, alinhados paralelamente uns aos outros numa ordem tridimensional. Assim, uma mesma cadeia pode participar de vários cristalitos. Uma representação esquemática é mostrada na Figura 2. Este modelo de morfologia considera que um polímero nunca poderá se tornar 100% cristalino, pois, durante a cristalização, os segmentos de cadeias localizados nas regiões amorfas ficam tencionados, não podendo se cristalizar posteriormente (1). Figura 2: Modelo de estrutura cristalina segundo o Modelo da Miscela Franjada. Fonte: CANEVAROLO JR., S. V. Ciência dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros. 2ª ed. São Paulo: Artliber, 2006. 92p Já o modelo de cadeias dobradas, surgiu na década de 1950, quando pela primeira vez, se obteve monocristais poliméricos crescidos a partir do resfriamento de soluções diluídas. Assim esse modelo concluiu-se que as cadeias devem estar dobradas dentro do cristal de maneira regular, estabelecendo um “plano de dobramento”. A espessura do cristal é chamada de “período de dobramento” (1). 7 2 OBJETIVOS Estudar, analisar e comparar as mudanças respectivas de comportamento para cada oligômero fornecido, conforme condições de resfriamento estabelecidas. 8 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Para o ensaio utilizou-se placas de vidro, oligômeros de massa molar 1500, 4000 e 6000 g/mol, placa aquecedora, peça metálica, geladeira, tecido, caixa iluminada com suporte para filtros polarizadores. 3.2 MÉTODOS As placas de vidro devem ser posicionadas sobre a placa aquecedora até a homogeneização da temperatura da placa, em seguida deve-se fundir os oligômeros sobre as placas, priorizando a homogeneização da amostra pelo vidro, então fecha-se o sistema com a outra parte do vidro e deixa-se as amostras resfriarem em ambientes diferentes (geladeira, peça metálica dentro da geladeira, tecido, placa aquecedora desligada, caixa iluminada e bancada). Após a solidificação do oligômero, deve-se posicionar as amostras dentro da caixa iluminada para observara formação das cruzes de malta em quantidade e tamanho. 9 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A prática microestrutura polimérica consistiu-se em analisar a estrutura esferulítica dos oligômeros (massa molar menor que 10.000 g/mol). Para esse experimento usou-se o polietilenoglicol (1500 g/mol), onde preparou-se quatro amostras em lâminas, levadas ao aquecimento em uma placa. Após isso foram submetidas ao resfriamento, uma sob uma luva em temperatura ambiente, duas no freezer sendo uma em contato com uma peça metálica e outra em contato com uma peça de polímero ABS, e por último uma amostra em uma lâmina foi resfriada lentamente sob a placa de aquecimento, sendo que o tempo que cada lâmina levou para resfriar, foi aproximadamente o mesmo. A estrutura esferulítica a formação se dá por meio de material fundido, através do resfriamento, sendo que ocorre radialmente em torno de um núcleo de cristalização pelo crescimento do mesmo. Quanto maior for o gradiente de temperatura menor será o crescimento dos esferulitos, sendo que terá maior quantidade dos mesmos quando observados. A visualização da Cruz de Malta é feita através da luz polarizada (1-3). O aquecimento das lâminas em cima da placa deve ocorrer acima de Tm 66°C (aproximadamente), pois o material deve se fundir para que assim possa se cristalizar e, a mobilidade das cadeias será favorecida assim como favorece a propriedade termodinâmica do processo, formando os esferulitos. A taxa de nucleação está diretamente ligada com o número de esferulitos como o tamanho dos mesmos, quanto maior a taxa de nucleação maior será a quantidade de esferulitos formados durante a cristalização. O tempo para que polímero passa para se cristalizar também influencia diretamente na formação dos esferulitos, sendo que em um maior tempo, a terá um tamanho de esferulito maior, observando-se uma menor quantidade dos mesmos. A formação dos esferulitos podem ocorrer de maneira natural, ou por uma partícula impureza, sendo nucleação homogênea e nucleação heterogênea (1,3). 10 4.1 RESFRIAMENTO NO FREEZER COM A LÂMINA EM CONTATO COM O METAL Dentre as demais amostras essa apresentou o maior gradiente de temperatura, sendo pelo resfriamento rápido, maior quando comparado com o da amostra em contato da lâmina de vidro com o ABS do freezer. Após o resfriamento do oligômero na lâmina, observou-se a estrutura formada, como representa a Figura 3. Figura 3: Resfriamento da lâmina sob a peça metálica. Fonte: Os autores. Através desse resfriamento não ficou notório a visualização dos esferulitos, demarcando as “cruzes de malta”, porém no canto superior esquerdo da imagem consegue se observar alguma ordenação das cruzes. Esta má visualização se dá pela alta taxa de resfriamento, obtendo-se que o crescimento dos núcleos não teve o tempo suficiente, sendo assim obteve-se maior quantidade de esferulitos, pois a taxa de resfriamento alta leva a temperaturas próximas de Tg, favorecendo o maior número de embriões. O alto número de esferulitos é explicada pela taxa de nucleação, que para essa amostra se encontra maior quando comparada com as demais, pois o raio crítico é menor em taxas maiores, favorecendo uma diminuição da barreira energética que deve ser vencida para que ocorra o crescimento e propagação dos embriões (1,3). 11 4.2 RESFRIAMENTO NO FREEZER COM A LÂMINA EM CONTATO COM O ABS Ao se comparar com a lâmina em contato com o metal, essa apresenta uma menor quantidade de esferulitos, porém em maior tamanho, sendo representada na Figura 4. Figura 4: Resfriamento da lâmina sob ABS. Fonte: Os autores. Para a estrutura acima, consegue-se ver as “cruzes de malta”, que é formada durante a cristalização do oligômero. Durante esse processo ocorre o intercepto entre o crescimento de embriões vizinhos, pela falta de espaço o que impede o crescimento em todas direções. Esse intercepto leva a formação de uma morfologia, a cruz de malta, que pode ser vista pelo fenômeno da birrefringência através da luz polarizada (3). A taxa de resfriamento para essa amostra se encontra um pouco menor que para a lâmina que ficou em contato com a peça metálica, pois o ABS é menos condutor que o metal, assim, apresentando uma condição melhor para o crescimento dos embriões em termos de tamanho. O raio crítico para o embrião é maior quando comparado com a lâmina resfriada no metal, devido a uma menor taxa de nucleação, favorecendo assim, a taxa de crescimento dos embriões (1,3). 4.3 RESFRIAMENTO A TEMPERATURA AMBIENTE SOB A LUVA A Figura 5 representa a morfologia do polietilenoglicol fundido a uma taxa de resfriamento moderado, ou seja, em temperatura ambiente. 12 Os esferulitos se iniciam em um núcleo e crescem radialmente se alimentando do polímero fundido até tocar outro esferulito, o crescimento se dá pela formação individual de lamelas. As áreas adjacentes às lamelas formam a chamada fase amorfa constrita, em que se concentram defeitos como finais de cadeias ou dobramentos irregulares (4). Figura 5: Resfriamento da lâmina à temperatura ambiente. Fonte: Os autores. A quantidade de núcleos estáveis é dependente do tempo e da temperatura, portanto em uma temperatura constante o raio do esferulito aumenta a uma velocidade constante, assim nota-se a solidificação para a temperatura ambiente, sendo com início da nucleação nas bordas da lâmina e propagando-se a caminho do interior da lâmina. A taxa de nucleação para essa lâmina é menor quando comparada as lâminas resfriadas ao freezer, sendo maior o raio crítico, o que favorece o aumento da barreira energética a ser vencida para ocorrer a propagação e crescimento dos núcleos. 4.4 RESFRIAMENTO LENTO SOBRE A CHAPA DE AQUECIMENTO A taxa de resfriamento lento sobre a placa de aquecimento faz que essa amostra na lâmina apresenta um menor número de esferulitos e maior tamanho dos mesmos, quando comparada com as demais lâminas. Na Figura 6, notamos a representação da morfologia da cristalização mais lenta. Essas taxas de resfriamento interferem no crescimento dos esferulitos. 13 Figura 6: Resfriamento da lâmina sobre a chapa de aquecimento. Fonte: Os autores. O resfriamento nessa amostra ocorreu sobre a placa de aquecimento, sendo que o gradiente de temperatura para essa lâmina é menor quando comparada com as lâminas já mencionadas. Na figura 6, é possível visualizar as cruzes de malta, formada pelos interceptos dos núcleos durante o crescimento. O resfriamento lento favorece a taxa de crescimento em comparação com a taxa de nucleação, obtendo maiores tamanhos de esferulitos e consequentemente em menor quantidade. O raio crítico para essa lâmina é maior, pois a taxa de resfriamento é pequena e lenta (1,3). Ao se adicionar-se agentes nucleantes como aditivos, a rigidez dielétrica do polietilenoglicol é aumentada. Isso ocorre porque o agente nucleante faz que os esferulitos sejam menores e mais uniformes, aumentando a quantidade e assim, o caminho médio livre para os elétrons é menor pelo fato de que o menor tamanho dos esferulitos proporcionam um aumento da fase amorfa do polietilenoglicol. O polietilenoglicol contém uma gama de aplicações, sendo como na indústria de isolantes pelas suas propriedades dielétricas ou na indústria farmacêutica, como remédio na constipação em crianças, pois o polietilenoglicol é um laxativo osmótico (3,5). 14 5 CONCLUSÃO Ao submeter o oligômero polietilenoglicol a diferentes condições de resfriamento, obtém-se tamanhos, quantidades de esferulitos diferentes para cada condição. Simplificadamente esse resfriamento ocorre do modo rápido no freezer, resfriamento médio a temperatura ambiente e resfriamento lento sob a placa de aquecimento.Ao comparar-se as lâminas nas diversas condições, notou-se que a lâmina que teve a maior taxa de resfriamento, apresentou a maior quantidade de esferulitos formados, com menor tamanho, sendo a lâminas resfriada ao freezer na peça metálica. A lâmina que apresenta menor taxa de resfriamento apresentou menor quantidade de esferulitos com maior tamanho, sendo a lâmina resfriada lentamente sob a placa de aquecimento. De maneira geral quanto maior for o gradiente de temperatura, menor será o raio crítico e em maiores quantidades de esferulitos serão formados, sendo que a energia a ser imposta para ocorrer o crescimento e propagação será menor. O polietilenoglicol é aplicado em vários setores industriais, como mencionados anteriormente pode ser utilizado como isolantes por causa da adição de aditivos que aumentam a fase amorfa, garantindo propriedades dielétricas. Porém a aplicação na indústria farmacêutica é a mais significativa, como o exemplo mencionado, como laxantes osmóticos. 15 REFERÊNCIAS [1] CANEVAROLO JR., S. V. Ciência dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros. 3ª edição. São Paulo: Artliber Editora, 2010. [2] MANO, E. B. MENDES, L. C. Introdução à polímeros. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2004. 191 p [3] CANEVAROLO JR, S. V. Técnicas de caracterização de polímeros. 3ª.reimpressão. São Paulo, SP: Artliber, 2017. 448 p. ISBN 8588098199. [4] CRUZ, L. C. A. Estudo da cinética de cristalização do Polifluoreto de vinilideno (PVDF). Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2013. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10007333.pdf>. Acesso em: 21 de maio de 2019. [5] BOECHAT, P. G. MELO, M. C. B. DUARTE, M. A. TORRES, M. G. F. XAVIER, A. T. Polyethylene glycol in the treatment of chronic functional constipation in children. Minas Gerais: UFMG, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/v29n2/a17v29n2.pdf> Acesso: 21 de maio de 2019
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