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Criminologia - Aula 8 - Pena e sistema carcerario

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Criminologia
Aula 8: Pena e sistema carcerário 
Teorias justificativas da pena 
Ao longo da história, surgiram várias teorias que tentaram definir o fundamento da pena: 
Teoria garantirista – Visa substituir a vingança privada. Por fim, hoje Zaffaroni entende, com base em estudos de Tobias Barreto, que a pena não possui qualquer fundamento, sendo um mero ato político de poder.
Teoria mista – Busca conjugar todas as outras teorias
Teoria relativa de prevenção especial – Origina-se com o Positivismo. Segundo essa teoria, a pena é dirigida ao condenado, visando a sua ressocialização, intimidação ou neutralização, quando incorrigível.
Teoria relativa da prevenção geral – Para a escola clássica, a pena é um instrumento de intimidação, usado para inibir os demais membros da sociedade a praticarem crimes.
Teoria absoluta – Presente na Idade Média, entende a pena como um instrumento de castigo, aplicado tão-somente para retribuir o mal causado pelo delito. Posteriormente, já no Estado burguês, a pena visava retribuir a desordem à ordem pública.
Prevenção delitiva 
Entende-se por prevenção delitiva o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. Para que possa alcançar esse verdadeiro objetivo do Estado de Direito, que é a prevenção de atos nocivos e consequentemente a manutenção da paz e harmonia sociais, mostra-se irrefutável a necessidade de dois tipos de medidas: a primeira delas atingindo indiretamente o delito e a segunda, diretamente. 
As ações indiretas devem focar dois caminhos básicos: o indivíduo e o meio em que ele vive. Em relação ao indivíduo, devem as ações observar seu aspecto personalíssimo, contornando seu caráter e seu temperamento, com vistas a moldar e motivar sua conduta. O meio social deve ser analisado sob seu múltiplo estilo de ser, adquirindo tal atividade um raio de ação muito extenso, visando uma redução de criminalidade e prevenção; até porque seria utopia zerar a criminalidade. Todavia, a conjugação de medidas sociais, políticas, econômicas etc. podem proporcionar uma sensível melhoria de vida ao ser humano.
Por sua vez, as medidas diretas de prevenção criminal direcionam-se para a infração penal “in itinere” ou em formação (“iter criminis”). Grande valia possuem as medidas de ordem jurídica, dentre as quais se destacam aquelas atinentes à efetiva punição de crimes graves, incluindo os de colarinho branco; repressão implacável às infrações penais de todos os matizes (tolerância zero), substituindo o direito penal nas pequenas infrações pela adoção de medidas de cunho administrativo (“police acts”); atuação da polícia ostensiva em seu papel de prevenção, manutenção da ordem e vigilância; aparelhar e treinar as polícias judiciárias para a repressão delitiva em todos os segmentos da criminalidade; repressão jurídico-processual, além de medidas de cunho administrativo, contra o jogo, a prostituição, a pornografia generalizada etc.; elevação de valores morais, com o culto à família, religião, costumes e ética, além da reconstrução do sentimento de civismo.
Nesse contexto de prevenção criminal, destacam-se três modelos: prevenção primária, secundária e terciária.
A prevenção primária tem como objetivo principal o combate aos fatores indutores da criminalidade antes que eles incidam sobre o indivíduo. Atua na raiz do delito, neutralizando o problema antes que ele apareça. Este tipo de prevenção busca afastar aquelas más condições socioeconômicas que tenderiam para o aumento da criminalidade. Tal sistema de prevenção defende o desenvolvimento de programas de combate à fome, à miséria, ao desemprego, financiamento de moradias etc. Tais ações, não por acaso, constituem ações de cunho político, social, cultural e econômico. Para que essa modalidade de prevenção produza os efeitos esperados, é necessário um investimento de longo e médio prazo. Seria imprescindível, portanto, um grande investimento na área social.
A prevenção secundária consiste em medidas voltadas aos indivíduos predispostos a praticar um delito. Tal forma de prevenção opera a médio e curto prazo e age quando e onde ocorre o crime. A função primordial da prevenção secundária é, portanto, agir sobre os grupos de risco, erradicando seu caráter potencializador. Além disso, a prevenção secundária procura produzir nos indivíduos um respeito pela norma que os dissuada de violá-la. Caso o façam, deverão se sujeitar aos castigos previstos em lei, os quais serão mais severos quanto maior for a relevância do bem juridicamente protegido.
A prevenção terciária é a única das formas de prevenção que possui destinatário identificável – o recluso – bem como objetivo certo – evitar sua reincidência. Opera, pois, no âmbito penitenciário através de programas de reabilitação e ressocialização, buscando a reinserção social e amparo à família do preso.
História da pena e da prisão
Instituto relativamente recente em nossa história, até chegar ao modelo atual a pena privativa de liberdade sofreu várias influências. Vejamos algumas curiosidades:
Na Idade Média havia a prisão de Estado, voltada para os inimigos do poder. Exemplos dessas prisões foram a Bastilha, em Paris (França), e a Ponte dos Suspiros, em Veneza (Italia). 
Nos séculos XVI e XVII Foram muito utilizadas as penas de galés, nas quais o criminoso era condenado com trabalhos forçados, preso em correntes. Havia, ainda, as casas de correção, oficinas que exploravam a mão de obra de pequenos delinquentes, vadios etc.
Até o século XIX a prisão funcionava, na maioria das vezes, de forma cautelar, para conter o sujeito que aguardava a sua sentença ou a aplicação da pena propriamente dita. No Direito Canônico fora criada a penitência do claustro, a qual deu origem à expressão penitenciária.
Por fim, houve o caso dos hulks, navios enormes utilizados para deportar os degredados ingleses para as colônias. Inicialmente os condenados eram enviados para os EUA, prática interrompida com a proclamação da Independência norte-americana, em 1776.
A partir daí, a Austrália tornou-se a colônia escolhida para receber os degradados ingleses. Porém, por ser bem mais distante da Inglaterra do que eram os EUA, para a viagem não se tornar inviável economicamente era necessário esperar lotar o navio de condenados, numa espécie de "lotada". A espera, porém, implicava em novos custos.
Assim, o dono do navio começou a explorar a mão de obra dos condenados, alugando-os para o trabalho na estiva do porto e em terras vizinhas, o que passou a gerar um lucro maior do que já ganhava pelo transporte.
Lei de execução penal 
Segundo o art. 1º da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), o nosso ordenamento adotou a teoria relativa da prevenção especial, segundo a qual a pena deve buscar a ressocialização do condenado. Porém, não é isso o que se observa.
Tentaremos fazer uma análise da pena privativa de liberdade dentro de um modelo ideal, uma vez que o fracasso desta espécie de pena é comum a vários países. Para constatar tal realidade, um dos dados mais relevantes é o índice de reincidência.
O índice de reincidência gira em torno de 70% tanto no Brasil quanto na Suécia, pais desenvolvido que não alcança a ressocialização almejada, mesmo investindo em uma das melhores estruturas de presidio do mundo. 
Alguns questionamentos
1. A reincidência, sendo a pratica de um crime já havendo o transito em jugado da condenação de outro, poderia se configurar numa agravante de pena conforme o art. 63 do Código Penal?
2. Não haveria um bis in idem? 
Este princípio estabelece que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo delito. O bis in idem acontece quando o princípio não é observado, e o autor do delito acaba sendo punido mais de uma vez pelo mesmo crime.
3. Se houve reincidência, não se demonstra o fracasso do Estado em ressocializar? 
Na prática, ocorre que os operadores do sistema irão orientar a aplicação da pena segundo aquilo que lhes é cobrado.
Ou seja, o poder público e a coletividade possuem outras preocupações no que se refere à aplicação da pena, o que originará metas informais que tornar-se-ão fins prioritários:impedir fugas e manter a disciplina, evitando rebeliões.
Sistema social da prisão 
Trata-se de uma sociedade dentro de outra, com um sistema peculiar de poder totalitário, na mão de poucos, com impossibilidade de simbiose, baseado na força e com uma cultura particular.
Os que dela participam são o diretor, os guardas e os presos, dos quais falaremos a seguir.
Diretor: a diretoria, em regra, é formada por membros das camadas mais privilegiadas da sociedade, sendo um cargo de confiança, por isso, transitório. Segundo Thompson, ao assumir sua função, o diretor busca adotar medidas para ressocializar os presos, mas percebe que possui várias limitações, por encontrar-se num sistema em plena atividade que, se sofrer alguma mudança muito brusca, pode gerar duvidas que levem a um colapso. 
O diretor também depende dos guardas, uma vez que são eles que matem um contato direto com os presos, mas se lhes der muita liberdade, pode haver excessos que podem gerar rebeliões. 
Assim, verifica que não há reação se fracassar nos objetivos de intimidação ou de ressocialização. Contudo, pode vir a perder seu cargo se fracassar quanto a manutenção da ordem interna da cadeia.
Guarda: possuem um contato mais direto com os presos, também não podendo lhes ser cobrado o papel de ressocializar, pois suas funções são incompatíveis: punir e recuperar, conseguir sua confiança e tranca-lo, efetuar revistas. 
Outra característica é que na cadeia tudo é proibido, salvo o que é expressamente autorizado, não havendo, portanto, senso de dever. 
Como a guarda, em inferioridade numérica e desarmada, consegue manter a ordem? O principal instrumento disponível é a capacidade de influir na distribuição de sanções disciplinares e recompensas, presentes no regulamento ou não. 
Preso: tudo é organizado para que se sintam parte da camada social mais baixa, moralmente inferiores e rejeitados (trancas, revistas, uso de cores neutras). Além de sua liberdade, vários outros bens são atingidos pela prisão: 
· Autonomia: o preso é obrigado a seguir ordens, sem direito a analisa-las, julgá-las ou compreende-las, tendo sacrificada sua iniciativa, qualidade tão relevante e cobrada na vida extramuros. 
· Intimidade: passa por revistas diárias, tanto pessoal quanto de seus pertences, inclusive à noite (incertas), tem suas cartas lidas, não havendo a possibilidade de desenvolvimento da personalidade do sujeito. Assim, adere a uma cultura de massa, pois não há mais a noção de propriedade e nem de indivíduo. 
· Segurança: o preso encontra-se mais exposto a exposição dos demais, pois não pode denunciar à autoridade ou enfrentar o agressor, sob pena de represálias pelos detentos. 
Instituição de sequestro
Influenciada pela disciplina militar, a cadeia é o que Michel Foucault chamou de instituição de sequestro.
Uma disciplina que também serviu de modelo para fábricas, escolas e hospitais, locais em que o tempo e o corpo dos que deles participam são submetidos a um regramento quase absoluto: tempo para entrar, hora para acordar, para comer, para tomar remédio, para tomar banho de sol, para visita, para dormir.
No caso do sistema carcerário, é um modelo que não ensina como viver em sociedade. Pelo contrário, quanto mais tempo o sujeito passa na cadeia mais ele desaprende os valores e as pautas de conduta da vida em liberdade.
Teorias preventivas 
Teoria da prevenção geral - destina-se ao controle da violência, buscando diminui-la ou evitá-la (MASSON, 2009). Pode ser negativa ou positiva. A prevenção geral positiva tem por objetivo demonstras que a lei penal é vigente e está pronta para incidir diante de casos concretos. Já a prevenção geral negativa objetiva, no sentir de Feuerbach (o pai do Direito penal moderno), cria no ânimo do agente uma espécie de “coação psicológica”, desestimulando-o a delinquir.
Teoria da prevenção especial - destina-se diretamente ao condenado, diversamente da prevenção geral, cujo destinatário é a coletividade. Pela chamada prevenção especial negativa, busca-se intimidar o condenado a não mais praticar ilícitos penais (evitar-se, assim, a reincidência). Já a prevenção especial positiva busca a ressocialização do condenado, que, após o cumprimento da pena, deverá estar apto ao pleno convívio social (utopia, segundo entendemos!).

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