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Tecido Ósseo Introdução O tecido ósseo é o componente principal do esqueleto, serve de suporte para os tecidos moles e protege órgãos vitais, como os contidos nas caixas craniana e torácica, bem como no canal raquidiano. Ele também aloja e protege a medula óssea, formadora das células do sangue; proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis; e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças originadas na contração muscular. Além dessas funções, os ossos funcionam como depósito de cálcio, fosfato e outros íons, armazenando- os e liberando-os de maneira controlada para manter constante a sua concentração nos líquidos corporais. São capazes ainda de absorver toxinas e metais pesados, minimizando, assim, seus efeitos adversos em outros tecidos. Origem: mesoderma e mesênquima. O tecido ósseo é um tecido conjuntivo especializado. Características: células aprisionadas em uma matriz extracelular mineralizada (matriz óssea), que conferem propriedades mecânicas conforme a demanda. Tecido duro, matriz extracelular dura. O tecido ósseo, apesar de ser um tecido rígido, é um tecido dinâmico – pressão constante gera absorção daquele local (atrair células de absorção ali e formar uma cavidade), pressão intermitente e tração geram produção. Funções: sustentação do esqueleto, proteção das partes moles do corpo e armazenamento de minerais, equilíbrio de Ca+2 no organismo. O tecido ósseo é um tecido bastante acidófilo, porque possui muita proteína na matriz extracelular (colágeno, principalmente). Assim, o tecido ósseo é formado por células separadas por uma matriz extracelular acidófila, podendo ser confundido com tecido conjuntivo não modelado como por exemplo o da derme. Entretanto, o tecido ósseo se diferencia da derme porque na derme existem vários tipos celulares juntos, e no tecido ósseo há superfícies internas e externas. O tecido ósseo tem vasos, portanto, é um tecido vascularizado, diferente da cartilagem. Células As células do tecido ósseo pertencem a duas linhagens diferentes: 1. as células da linhagem osteoblástica, formadas pelos osteoblastos e osteócitos, são derivadas de células osteoprogenitoras de origem mesenquimal; 2. as células da linhagem osteoclástica são os osteoclastos, originados de monócitos produzidos na medula hematopoética. Os osteócitos são responsáveis por manter a matriz extracelular e situam-se no interior de peças ósseas. Os osteócitos ocupam pequenos espaços da matriz, denominados lacunas. Os osteoblastos sintetizam a parte orgânica da matriz e localizam-se sempre na superfície de peças ósseas. Os osteoclastos são células gigantes, móveis e multinucleadas que reabsorvem o tecido ósseo, participando dos processos de remodelação dos ossos. Todos os ossos são revestidos, em suas superfícies externas e internas, por membranas conjuntivas denominadas, respectivamente, periósteo e endósteo. Células: existem 3 células produtoras e 1 célula degradadora, sendo elas: Osteoprogenitores (mesenquimais, que parecem fibroblastos) Osteoblastos (células produtoras, depositadoras de osso; células polarizadas para direcionar a síntese a matriz extracelular) Osteócitos (células aprisionadas na matriz; os osteoblastos se dividem e empurram uma célula filha para dentro da matriz mineralizada) Osteoclasto (grande, multinucleada, degradadora; reabsorve o osso; derivada de vários macrófagos que se fundem para aumentar a superfície de absorção) Células osteoprogenitoras Mesenquimais indiferenciadas (pluripotente) que ficam na superfície óssea externa ou fibrosa do periósteo. Localizadas no interior do periósteo e do endósteo. Podem dar origem a si mesmas e a osteoblastos. Podem dar origem a tendões ou cartilagem, a depender da demanda, mediada por sinais químicos e hormonais. Células alongadas, com poucas organelas. Parece fibrócito, é uma célula quiescente. Ficam ao redor de osso jovem em formação. Periósteo A camada mais externa do periósteo contém principalmente fibras colágenas e fibroblastos. As fibras de Sharpey são feixes de fibras colágenas do periósteo que penetram o tecido ósseo e prendem firmemente o periósteo ao osso. A camada interna do periósteo, justaposta ao tecido ósseo, é mais celularizada e apresenta células osteoprogenitoras, morfologicamente semelhantes aos fibroblastos. Essas células se multiplicam por mitose e se diferenciam em osteoblastos, desempenhando papel importante no crescimento dos ossos por aposição. Diferentemente da cartilagem, que cresce por aposição de células na superfície das peças cartilaginosas e por processo intersticial no interior das peças, o tecido ósseo somente cresce pelo mecanismo de aposição, que também é muito importante na remodelação óssea e na reparação das fraturas. Reveste o osso externamente, formando uma cápsula externa ao osso. Nutre, troca nutrientes entre as células do tecido ósseo. Crescimento aposicional do osso – deposição de mais camadas sobre um tecido preexistente. Crescimento em espessura. Possui uma parte fibrosa mais externa e uma parte celular mais interna. Periósteo fibroso: Tecido conjuntivo denso não modelado. Importante para que tendões e músculos se amarrem ali. Durante o crescimento, algumas fibras invadem a matriz óssea para se ancorarem; os tendões e ligamentos atravessam profundamente a matriz óssea – o osso mineraliza por cima dessas inserções. Periósteo celular: Células osteoprogenitoras, osteoblastos e pré-osteoblastos. Endósteo O endósteo reveste as superfícies internas do osso e geralmente é constituído por uma delgada camada de células osteogênicas achatadas, que reveste as cavidades do osso esponjoso, o canal medular, os canais de Havers e os de Volkmann. Além de fornecer novos osteoblastos para o crescimento, a remodelação e a recuperação do osso após traumatismos mecânicos, o endósteo e, principalmente, o periósteo são importantes para a nutrição do tecido ósseo em função da existência de vasos sanguíneos em seu interior. Reveste internamente o osso. Separa o osso da medula Tem células osteoprogenitoras e osteoblastos. Presente tanto em ossos longos quanto ossos curtos e chatos. Osteoblastos Dispõem-se sempre nas superfícies ósseas, lado a lado, em um arranjo que lembra um epitélio simples. Quando em intensa atividade sintética, os osteoblastos são cuboides, com citoplasma muito basófilo. Em contrapartida, em estado pouco ativo, tornam-se achatados, e a sua basofilia citoplasmática é pouco intensa. Os osteoblastos são as células que sintetizam a parte orgânica da matriz óssea (colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas) e fatores que influenciam a função de outras células ósseas. Eles são capazes de concentrar fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. Após sintetizar matriz extracelular, o osteoblasto é aprisionado pela matriz orgânica recém-sintetizada e passa a ser chamado de osteócito. A matriz, então, deposita-se ao redor do corpo da célula e de seus prolongamentos e passa por deposição de cálcio, formando as lacunas que contêm os osteócitos e os canalículos – túneis compostos pelos prolongamentos celulares dos osteócitos. Os osteoblastos em fase de síntese mostram as características ultraestruturais das células produtoras de proteínas. A matriz óssea recém- formada, adjacente aos osteoblastos ativos e ainda não calcificada, recebe o nome de osteoide (pré-osso, que será mineralizada). Localizados nas superfícies ósseas. Intensa síntese proteica: RER abundante, Golgi abundante e nucléolo evidente. Produção de matriz óssea. Polarizados de acordo com a direção de síntese de matriz. Junções GAP (junções comunicantes), semelhante a um epitélio, para que eles possam produzir um osso sincronicamente (sincronia metabólica). Quando estimulados pela calcitonina – depositammais osso. Quando estimulada pelo hormônio paratireóide – produzem fator estimulador de osteoclastos = degradação do osso. O osteoblasto controla o osteoclasto indiretamente; o hormônio chega da paratireóide e o osteoblasto produz fatores que estimulam o osteoclasto. Produzem o osteoide = matriz orgânica não mineralizada. Liberam vesículas que iniciarão a mineralização do osteoide. Se diferenciam em osteócitos. Área mais clarinha próxima ao osteoblasto: osteoide Os osteoclastos soltam fragmentos de sua membrana plasmática para o osteoide da matriz óssea, nos quais vão enzimas fosfatases que quebram ATP e liberam fosfato, O fosfato com o cálcio formam cristais de fosfato de cálcio que crescem espontaneamente, e então vão se depositando no colágeno. Osteócito Os osteócitos são células achatadas encontradas no interior da matriz óssea e ocupam espaços denominados lacunas. Cada lacuna contém apenas um osteócito. Das lacunas partem vários canalículos que contêm prolongamentos dos osteócitos, os quais fazem contato com prolongamentos de osteócitos adjacentes por meio de junções comunicantes, por onde podem passar pequenas moléculas e íons de um osteócito para o outro. Não existe difusão de substâncias através da matriz calcificada do osso, pois esta é impermeável. Por esse motivo, a nutrição dos osteócitos depende dos canalículos que existem na matriz, em cujo interior circulam substâncias que possibilitam as trocas de moléculas, íons e gases entre os capilares sanguíneos e os osteócitos. A observação de osteócitos por microscopia eletrônica de transmissão mostra que essas células exibem pequena quantidade de retículo endoplasmático granuloso, complexo de Golgi pouco desenvolvido e núcleo com cromatina condensada. Embora essas características ultraestruturais indiquem pequena atividade sintética, os osteócitos são essenciais para a manutenção da matriz óssea. Sua morte é seguida por reabsorção da matriz ao seu redor. Aprisionado na matriz óssea mineralizada. Manutenção e renovação da matriz óssea. Troca minerais e colágeno ao redor dele. Emitem canalículos que deixam os osteócitos chegarem até a superfície da matriz óssea onde existem vasos no canal haversiano, que fornecem nutrientes para eles. Eles sobrevivem por difusão de nutrientes e gases (nutrição por processos celulares). Os osteócitos possuem junções GAP entre si por meio dos canalículos, mais ou menos 100 micrômetros de distância um do outro. Não é interessante que haja muitos vasos sanguíneos na matriz óssea: é necessária uma quantidade de vasos suficiente para nutrir os osteócitos sem comprometer a rigidez do osso. Osteoclasto Os osteoclastos convivem com os osteoblastos e osteócitos, mas pertencem a uma linhagem celular bastante diferente. São derivados de monócitos que, no interior do tecido ósseo, fundem-se para formar os osteoclastos multinucleados. São células móveis, de tamanho muito grande e multinucleadas, responsáveis pela reabsorção do tecido ósseo. Têm citoplasma de aspecto granuloso (algumas vezes contendo vacúolos), fracamente basófilo nos osteoclastos jovens e muito acidófilo nos maduros. Os osteoclastos situam-se na superfície do tecido ósseo ou em túneis no interior das peças ósseas. Nas áreas de reabsorção de tecido ósseo, os osteoclastos são encontrados frequentemente ocupando pequenas depressões da matriz escavadas pela atividade dessas células e conhecidas como lacunas de Howship. A superfície ativa dos osteoclastos está voltada para a superfície óssea. Ela apresenta inúmeros prolongamentos irregulares com formato de folhas ou pregas que se ramificam. Em torno dessa área com prolongamentos há uma região de citoplasma, a zona clara, que é pobre em organelas, mas contém muitos filamentos de actina. A zona clara é um local de adesão do osteoclasto à matriz óssea e cria um microambiente fechado entre a superfície ativa da célula e a superfície óssea, no qual ocorre a reabsorção. Os osteoclastos secretam ácido para o interior desse microambiente sob a forma de íons de hidrogênio (H+), além de colagenase e outras hidrolases que atuam localmente, tanto digerindo a matriz orgânica como dissolvendo os cristais de sais de cálcio. O colágeno da matriz óssea é degradado por enzimas colagenases. A atividade dos osteoclastos é coordenada por citocinas (pequenas proteínas sinalizadoras que atuam localmente) e por hormônios, como a calcitonina, produzida pela glândula tireoide, e o paratormônio, secretado pelas glândulas paratireoides. Algumas dessas ações não são diretas sobre os osteoclastos, mas são desencadeadas por meio de osteócitos. Célula que degrada o tecido ósseo. Origem de células precursoras de monócitos na medula óssea. O monócito vira macrófago e eles se fundem. Células grandes, multinucleadas. Situadas nas lacunas de Howship. Célula especializada e polarizada. Mitocôndrias em grande quantidade. Com as mitocôndrias, temos que quebrar o ATP e produzir ions H+, em uma bomba de prótons. O H+ é retirado da reação de formação de bicarbonato. Nessa reação, há o abaixamento do pH do local. Para tanto, é necessário que essa região seja selada para que não ocorra um tamponamento da região pelo líquido residual ao redor da célula. CO2 + H2O → H+ + HCO2- Zonas: 1. Basal: onde estão os núcleos 2. Clara ou seladora: separação da região para evitar tamponamento 3. Zona vesiculada 4. Borda pregueada Matriz extracelular A matriz óssea é constituída de uma parte orgânica e de uma parte inorgânica. Cerca de 95% da parte orgânica da matriz é formada por fibras colágenas constituídas principalmente por colágeno do tipo I, e o restante, por proteoglicanos e glicoproteínas. Em virtude de sua riqueza em fibras colágenas, a matriz óssea descalcificada cora- se pelos corantes seletivos do colágeno e, em cortes corados por HE, é corada em vermelho-rosa por eosina. Dentre as glicoproteínas e sialoproteínas, destacam-se a osteonectina, que parece ser importante para o mecanismo de calcificação da matriz, e a osteopontina. Vários fatores de crescimento fazem parte da matriz orgânica: as proteínas morfogenéticas ósseas (BMP, bone morphogenetic proteins), o fator de crescimento de fibroblastos (FGF, fibroblast growth factor) e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF, platelet-derived growth factor). A parte inorgânica representa cerca de 50% do peso da matriz óssea. Os íons mais encontrados são o fosfato e o cálcio. Há também bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato em pequenas quantidades. Estudos de difração de raios X mostraram que os cristais que se formam pelo cálcio e pelo fosfato têm a estrutura do mineral hidroxiapatita. No entanto, os cristais de matriz óssea mostram imperfeições e não são idênticos à hidroxiapatita encontrada em rochas. Os íons da superfície do cristal de hidroxiapatita são hidratados, existindo, portanto, uma camada de água e íons em volta dele, a qual é denominada capa de hidratação, que facilita a troca de íons entre o cristal e o líquido intersticial. A associação de cristais de hidroxiapatita à superfície das fibras colágenas é responsável pela rigidez e pela resistência mecânica do tecido ósseo. Após a remoção do cálcio, os ossos mantêm sua forma intacta e tornam-se tão flexíveis quanto os tendões. Por outro lado, a destruição da parte orgânica, que é principalmente colágeno, pode ser realizada por incineração e também deixa o osso com sua forma intacta, porém tão quebradiço que dificilmente pode ser manipulado sem se partir. Não existe ainda uma explicação totalmente aceita para o mecanismo de calcificação ou mineralização. Sabe-se que a calcificação começa pela deposição de sais de cálcio sobre as fibrilas colágenas, um processo que parece ser induzido por proteoglicanos e glicoproteínas da matriz. A deposição dos sais de cálcio é tambéminfluenciada pela concentração desses minerais em vesículas (vesículas da matriz) que brotam do citoplasma dos osteoblastos e são expelidas para a matriz. Além disso, existe ainda a possível participação da enzima fosfatase alcalina, sintetizada pelos osteoblastos. Matriz orgânica: colágeno tipo 1, osteocalcina (aderir o mineral ao osso), osteopontina (aderir as vesículas), osteonectina do osso (aderir outras moléculas), sialoproteína (aderir as células), proteoglicanos e mais. Produção de uma fibra de colágeno pelos osteoblastos – síntese de colágeno. Forma-se fibrilas (tríplice hélice) a partir de moléculas. Cross link entre aminoácidos de lisina formam ligações covalentes. São feitos pela enzima lisil- oxidase que necessita de íons cobre como co- fator. Na cartilagem, nós temos fibrilas de colágeno. Nos tendões, ligamentos, fáscias, cápsulas, derme e osso temos fibras ou feixes de colágeno. Apenas na fibrocartilagem teremos fibras e fibrilas. Hidroxilação enzimática dos resíduos de prolina e lisina no pró-colágeno durante a síntese de colágeno. Escorbuto – falta de ácido ascórbico – deficiência da hidroxilação do colágeno, e assim, deficiência de produção do colágeno. Mutações genéticas nos genes do colágeno e osteogênese imperfeita pela defeituosa compactação das fibras de colágeno (fibrilas enfraquecidas). A hidroxiapatita se deposita entre as fibrilas. Matriz inorgânica: hidroxiapatita {Ca10(PO4)6(OH)2}, bicarbonato, citrato, magnésio, manganês, sódio, potássio, cloro, metais pesados e flúor. 25% água, 25% fibras colágenas e 50% sais minerais. Tipos de ossos Quanto à forma: 1. Ossos chatos: crânio 2. Ossos longos: fêmur, tíbia 3. Ossos curtos: carpo 4. Ossos irregulares: esfenoide e etmoide 5. Ossos sesamóides: patela, interior de tendões Quanto à origem: Intramembranosa: membrana de tecido conjuntivo (mesênquima) Endocondral: molde cartilaginoso (cartilagem) Quanto à organização: 1. Osso primário: fibras desorientadas – primeiro a ser formado (jovem) 2. Osso secundário – organizado em lamelas concêntricas ou não (maduro) Osso primário ou imaturo Em cada osso o primeiro tecido ósseo a ser formado é do tipo primário (não lamelar), sendo substituído gradativamente por tecido ósseo lamelar ou secundário. No adulto é muito pouco encontrado, persistindo apenas próximo às suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos dentários e em alguns pontos de inserção de tendões. O tecido ósseo primário tem fibras colágenas dispostas em várias direções sem organização definida, tem menor quantidade de minerais (mais facilmente penetrado pelos raios X) e maior proporção de osteócitos do que o tecido ósseo secundário. Os osteócitos do osso primário se dispõem de maneira aparentemente desorganizada, e a matriz, quando vista em cortes ao microscópio, aparece heterogênea, com manchas mais escuras. Fibras dispostas irregularmente. Osso feito rapidamente. Osso secundário ou maduro O tecido ósseo secundário é a variedade mais encontrada no adulto. Sua principal característica é ser formado por fibras colágenas organizadas em lamelas, que têm de 3 a 7 μm de espessura, são planas ou têm forma de anéis. As fibras colágenas de cada lamela são paralelas entre si; porém, de lamela para lamela as fibras têm direções diferentes. As lacunas que contêm osteócitos estão geralmente situadas entre as lamelas ósseas, mas algumas vezes estão dentro das lamelas. Devido a essa disposição, no osso lamelar os osteócitos se dispõem em fileiras, ao contrário do osso não lamelar, em que se dispõem sem organização aparente Menos vascularizado e mais mineralizado. Remodelado por osteoclastos. Osso lamelar – colágeno entre eles dispostos em lamelas concêntricas. As lamelas ósseas que se reúnem em conjuntos de lamelas podem ter dois tipos de arranjos espaciais: 1. Lamelas planas se dispõem paralelamente umas às outras, formando pilhas de lamelas de tecido ósseo 2. Lamelas curvas em forma de anéis se dispõem em camadas concêntricas em torno de um canal central. Separando conjuntos de lamelas, ocorre frequentemente o acúmulo no meio extracelular de uma substância cimentante, que consiste em matriz mineralizada, porém com pouquíssimo colágeno. Os conjuntos de lamelas organizadas concentricamente formam as estruturas denominadas sistemas de Havers ou ósteons. Cada um desses sistemas é um cilindro longo, às vezes bifurcado, em geral paralelo à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas. No centro desse cilindro ósseo existe um canal revestido de endósteo, o canal de Havers, que contém vasos e nervos. A diáfise dos ossos é quase toda composta de osso lamelar e se constitui em um bom material para analisar a distribuição e a organização das lamelas nesse tipo de osso. Suas lamelas ósseas organizam-se em arranjo bastante característico, formando quatro arranjos principais: os sistemas de Havers, os sistemas circunferenciais interno e externo e os sistemas intermediários. Esses quatro sistemas são facilmente identificáveis em cortes transversais à diáfise. Os sistemas de Havers são formados por lamelas dispostas concentricamente, e os outros três são compostos de pilhas de lamelas planas ou levemente curvas. O tecido ósseo secundário ou lamelar formado por sistemas de Havers é característico da diáfise dos ossos longos, embora sistemas de Havers pequenos sejam encontrados no osso compacto de outros locais. Os sistemas circunferenciais interno e externo, constituídos por lamelas ósseas paralelas entre si, formam duas faixas: uma situada na parte interna do osso, em volta do canal medular e em contato com o endósteo, e a outra na região mais externa, próxima ao periósteo. O sistema circunferencial externo é mais espesso do que o interno, e os sistemas de Havers ocupam a porção intermediária da diáfise entre eles. Os sistemas de Havers são constituídos por um número variável de lamelas ósseas concêntricas. Como os osteócitos se nutrem por meio do trânsito de substâncias no interior dos canalículos ósseos, a espessura da parede de cada sistema de Havers é limitada pela distância entre os osteócitos mais externos e o canal central do sistema, o canal de Havers, por onde circulam vasos sanguíneos. Os canais de Havers comunicam-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa do osso por meio de túneis transversais ou oblíquos à diáfise, situados no interior do osso, chamados de canais de Volkmann. Estes se distinguem dos de Havers por não serem envolvidos por lamelas ósseas concêntricas. Os canais vasculares existentes no tecido ósseo se formam pela deposição de matriz óssea ao redor de vasos preexistentes. Vasos sanguíneos são aprisionados na matriz óssea pelo envolvimento de tecido ósseo em seu entorno, formando os canais de Hanver e Volksmann, revestidos por periósteo/endósteo. Osso esponjoso e Osso compacto Observando-se macroscopicamente um osso serrado, verifica-se, do ponto anatômico, que sua superfície é formada por tecido ósseo sem cavidades visíveis, o osso compacto, e, interiormente, por uma parte com muitas cavidades intercomunicantes, o osso esponjoso. Essa classificação é principalmente macroscópica e não histológica, pois os componentes do osso compacto e os tabiques que separam as cavidades do osso esponjoso têm a mesma estrutura histológica básica. Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são formadas por osso esponjoso revestido por uma delgada camada superficial de osso compacto. A diáfise (parte cilíndrica) é quase totalmente formada por osso compacto, com pequena quantidade de osso esponjoso na sua superfície interna, delimitando o canal medular. Nos ossos longos, o osso compacto é chamado também de osso cortical. Os ossos curtos têm o centro esponjoso e possuem em toda a sua periferiauma camada de osso compacto. Nos ossos chatos que constituem a abóbada craniana, existem duas camadas de osso compacto, as tábuas interna e externa, separadas por osso esponjoso que, nessa localização, recebe o nome de díploe. As cavidades do osso esponjoso e o canal medular da diáfise dos ossos longos são ocupados pela medula óssea. No recém-nascido, toda a medula óssea tem cor vermelha, devido à sua grande quantidade de sangue, e é ativa na produção de células do sangue (medula óssea hematógena). Pouco a pouco, com a idade, vai sendo infiltrada por tecido adiposo, com diminuição da atividade hematógena, transformando-se na medula óssea amarela. Osso esponjoso ou trabecular: Rede de finas placas ósseas chamadas trabéculas orientadas ao longo de linhas de estresse. Espaço entre elas são preenchidos por medula óssea vermelha onde as células sanguíneas são formadas. Encontradas nas extremidades dos ossos logos e dentro dos ossos chatos. Como o osso é um tecido dinâmico, sua remodelação (formação, reabsorção) obedece às forças externas de tração, tenção e pressão. Isso é o que ocorre na ortodontia. Osteoporose Os osteoclastos degradam demais o osso esponjoso. Redução principalmente do osso trabecular. Alendronato (bifosfonato) atrapalha o citoesqueleto do osteoclasto, fazendo com que ele pare de liberar vesículas e o osteoclasto perde a borda em escova. Gera a morte de osteoclastos por apoptose. Fraturas Quando ocorrem fraturas ósseas, há o rompimento de vasos, formação de coágulos e a ativação de periósteo e endósteo para a reparação da fratura. O periósteo produz condroblastos para tentar fechar a fratura rapidamente. As células osteoprogenitoras produzem novos osteoblastos e condroblastos também para formar o calo cartilaginoso. Quando o reparo do osso ou da cartilagem articular não é mais possível, a opção são as próteses. Homeostase do cálcio e o tecido ósseo O esqueleto é um reservatório de cálcio e fosfato O íon cálcio está envolvido em várias funções do corpo (sistema nervoso e muscular, coagulação sanguínea, atividades enzimáticas e reações bioquímicas) Pequenas mudanças nos níveis de cálcio podem ser letais 1. Parada cardíaca se os níveis ficarem muito altos 2. Parada respiratória se os níveis ficarem muito baixos Hormônios: 1. Calcitonina: deposita cálcio no osso 2. Paratormônio (PTH): retira cálcio do osso Remodelação óssea O diâmetro dos sistemas de Havers é muito variável porque o tecido ósseo está em remodelação constante. Cada um é construído por deposição sucessiva de lamelas ósseas a partir da periferia para o interior; os sistemas mais jovens têm canais mais amplos do que os antigos, e as lamelas mais internas são sempre as mais recentemente adicionadas. Entre os dois sistemas circunferenciais da diáfise, encontram-se inúmeros sistemas de Havers e grupos irregulares de curtos conjuntos de lamelas paralelas, geralmente de contorno triangular, que constituem os sistemas intermediários. Esses trechos de lamelas ósseas formam-se a partir de restos de sistemas de Havers que foram reabsorvidos durante o crescimento do osso. Simultaneamente, osteoclastos produzem pequenos túneis e osteoblastos reconstroem os osteons. Osteoclastos isolam uma superfície óssea, selando as extremidades celulares Enzimas e ácidos secetados se misturam e degradam a matriz óssea Cálcio e fósforo são liberados no líquido intersticial Redistribuição contínua da matriz óssea ao longo das linhas de estresse mecânico Região distal do fêmur é completamente remodelada a cada 4 meses
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