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Maratona de Questões História Thales Rogério INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 1- Ao longo de uma evolução iniciada nos meados do século XIV, o tráfico lusitano se desenvolve na periferia da economia metropolitana e das trocas africanas. Em seguida, o negócio se apresenta como uma fonte de receita para a Coroa e responde à demanda escravista de outras regiões europeias. Por fim, os africanos são usados para consolidar a produção ultramarina. ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes. São Paulo: Cia. das Letras, 2000 (adaptado). A atividade econômica destacada no texto é um dos elementos do processo que levou o reino português a a) utilizar o clero jesuíta para garantir a manutenção da emancipação indígena. b) dinamizar o setor fabril para absorver os lucros dos investimentos senhoriais. c) aceitar a tutela papal para reivindicar a exclusividade das rotas transoceânicas. d) fortalecer os estabelecimentos bancários para financiar a expansão da exploração mineradora. e) implementar a agromanufatura açucareira para viabilizar a continuidade da empreitada colonial. Comentários ✓ A colonização portuguesa no Brasil teve como principais características: civilizar, exterminar, explorar, povoar, conquistar e dominar. Sabemos que os termos civilizar, explorar, exterminar, conquistar e dominar estão diretamente ligados às relações de poder de uma determinada civilização sobre outra, ou seja, os portugueses submetendo ao domínio e conquista os indígenas. Já os termos explorar, povoar remete-se à exploração e povoamento do novo território (América). ✓ No litoral do atual estado de São Paulo, Martin Afonso de Souza fundou no ano de 1532 os primeiros povoados do Brasil, as Vilas de São Vicente e Piratininga (atual cidade de São Paulo). No litoral paulista, o capitão-mor logo desenvolveu o plantio da cana-de-açúcar; os portugueses tiveram o contato com a cultura da cana-de-açúcar no período das cruzadas na Idade Média. ✓ As primeiras experiências portuguesas de plantio e cultivo da cana-de-açúcar e o processamento do açúcar nos engenhos aconteceram primeiramente na Ilha da Madeira (situada no Oceano Atlântico, a 978 km a sudoeste de Lisboa, próximo ao litoral africano). Em razão da grande procura e do alto valor agregado a este produto na Europa, os portugueses levaram a cultura da cana-de-açúcar para o Brasil (em virtude da grande quantidade de terras, da fácil adaptação ao clima brasileiro e das novas técnicas de cultivo), desenvolvendo os primeiros engenhos no litoral paulista e no litoral do nordeste (atual estado de Pernambuco), a produção do açúcar se tornou um negócio rentável. INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 2- A originalidade do Absolutismo português talvez esteja no fato de ter sido o regime político europeu que melhor sintetizou a ideia do patrimonialismo estatal: os recursos materiais da nação se confundindo com os bens pessoais do monarca. LOPES, M. A. O Absolutismo: política e sociedade na Europa moderna. São Paulo: Brasiliense, 1996 (adaptado). Na colonização do Brasil, o patrimonialismo da Coroa portuguesa ficou evidente a) nas capitanias hereditárias. b) na catequização indígena. c) no sistema de plantation. d) nas reduções jesuítas. e) no tráfico de escravos. No século XVI, no contexto de implantação do sistema das capitanias hereditárias no Brasil, existiam dois tipos de documentos importantes: as cartas forais e as cartas de doação. As cartas de doação eram os documentos, com valor administrativo e jurídico, que regulamentavam os direitos administrativos e políticos que eram concedidos aos donatários (os que recebiam as capitanias hereditárias) pela coroa portuguesa. Já as cartas forais apresentavam as questões fiscais (taxas alfandegárias, impostos e outras obrigações) relacionadas à administração do sistema de capitanias hereditárias. Fonte: www.historiadobrasil.net INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 2- Uma sombra pairava sobre as tão esperadas descobertas auríferas: a multidão de aventureiros que se espalhara por serras e grotões mostrava-se criminosa e desobediente aos ditames da Coroa ou da Igreja. Carregavam consigo tantos escravos que o preço da mão de obra começara a aumentar na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Ao fim de dez anos, a tensão entre paulistas e forasteiros, entre autoridades e mineradores, só fazia aumentar. DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta, 2010. No contexto abordado, do início do século XVIII, a medida tomada pela Coroa lusitana visando garantir a ordem na região foi a a) regulamentação da exploração do trabalho. b) proibição da fixação de comerciantes. c) fundação de núcleos de povoamento. d) revogação da concessão de lavras. e) criação das intendências das minas. A Intendência das Minas foi um órgão criado pelo poder metropolitano (Portugal) no Brasil, com o objetivo (função) de fazer a administração nas regiões mineradoras de ouro. Esse órgão foi criado no ano de 1702, tendo uma representação em cada uma das capitanias com presença de atividades de mineração de ouro. Este órgão foi, assim como outras ações de Portugal, uma forma de fiscalizar, controlar e facilitar a arrecadação de impostos sobre o ouro que era encontrado no Brasil, durante o Ciclo do Ouro (principalmente século XVIII). Fonte: www.historiadobrasil.net 3- O tenentismo veio preencher um espaço: o vazio deixado pela falta de lideranças civis aptas a conduzirem o processo revolucionário brasileiro que começava a sacudir as já caducas instituições políticas da República Velha. Os “tenentes” substituíram os inexistentes partidos políticos de oposição aos governos de Epitácio Pessoa e de Artur Bernardes. PRESTES, A. L. Uma epopeia brasileira: a Coluna Prestes. São Paulo: Moderna, 1995 (adaptado). Um dos objetivos do movimento político abordado no texto era INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio a) unificar as Forças Armadas pelo comando do Exército nacional. b) combater a corrupção eleitoral perpetrada pelas oligarquias regionais. c) restaurar a segurança das fronteiras negligenciadas pelo governo central. d) organizar as frentes camponesas envolvidas na luta pela reforma agrária. e) pacificar os movimentos operários radicalizados pelo anarco- sindicalismo. O tenentismo foi um movimento político e militar organizado por jovens oficiais da baixa oficialidade do exército brasileiro contra o regime político da Primeira República. Esse movimento era integrado em grande parte por tenentes insatisfeitos com o andamento da política brasileira e com o domínio imposto pelas oligarquias. O tenentismo enquanto movimento atuou de 1922 a 1927 e, ao longo desse período, uma série de rebeliões nomeadas como levantes tenentistas ocorreram. A primeira grande revolta tenentista veio poucas semanas após o fechamento do Clube Militar. Ela ficou conhecida como Revolta do Forte de Copacabana e ocorreu no dia 5 de julho de 1922. INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 4- Mesmo com a instalação da quarta emissora no Rio de Janeiro, a Rádio Educadora, em janeiro de 1927, a música popular ainda não desfrutava desse meio de comunicação para se tornar mais conhecida. Renato Murce, um dos maiores radialistas de todos os tempos, registrou, no seu livro Nos bastidores do rádio, que as emissoras veiculavam apenas “um certo tipo de cultura, com uma programação quase só da chamada música erudita, conferências maçantes e palestras destituídas de interesse”. E acrescentou: “Nada de música popular. Em samba, então, nem era bom falar”. CABRAL, S. A MPB na Era do Rádio. São Paulo: Moderna, 1996. A situação descrita no texto alterou-se durante o regime do Estado Novo, porque o meio de comunicação foi instrumentalizado para a) exportar as manifestações folclóricas nacionais. b) ampliar o alcance da propaganda político-ideológica. c) substituir as comemorações cívicas espontâneas.d) atender às demandas das elites oligárquicas. e) favorecer o espaço de mobilização social. Após o golpe de Estado de 1937 e a proibição de partidos políticos, Vargas estabeleceu um governo ditatorial. A constituição outorgada de 1937 permaneceu como “letra morta", não tendo nem mesmo a aprovação da população através de plebiscito, como era a proposta. O DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – era o órgão de estado responsável pela censura das artes, das publicações e dos meios de comunicação e, paralelamente, da elaboração da propaganda oficial do governo. O objetivo era de exaltação da figura de Vargas, que é apresentado como o “Pai dos Pobres" e, das ações de seu governo. Um bom exemplo é a legalização do samba , como demonstração do caráter “ popular" do governo Vargas. O rádio foi o meio de comunicação mais importante para a divulgação da proposta ideológica do Estado Novo 5- Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria problemas que com frequência emergiram durante a formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas regiões do Brasil, essas divergências foram acompanhadas de revoltas, inclusive contra o imperador D. Pedro I. Com a abdicação deste, em 1831, o país atravessaria tempos ainda mais turbulentos sob o regime regencial. REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês em 1835. São Paulo: Cia. das Letras, 2003 (adaptado). A instabilidade política no país, ao longo dos períodos mencionados, foi decorrente da(s) INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio a) disputas entre as tendências unitarista e federalista. b) tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional. c) dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina. d) extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex- escravos. e) reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e diplomática. O Brasil permaneceu como território unificado por conta da vitória das tropas de Pedro contra revoltosos, logo após a independência e, por conta da existência de uma estrutura de Estado para o país anterior a 1822. Embora corrupto e obsoleto, o Estado português, transportado para o Brasil quando da vinda da família real em 1808, deu às regiões coloniais um elemento de unidade e alguma estrutura de estado. A disputa entre um projeto unitarista e o federalista é recorrente após a independência das colônias espanholas e a portuguesa na América . A autonomia e os interesses das elites locais das várias regiões demandava o federalismo e, a proposta de não esfacelamento do território demandava o unitarismo como única solução possível INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 6- As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar. LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado). Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748, simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial: a) A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal. b) A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social. c) A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos. d) A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre. e) A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial. Comentários O trecho transcrito descreve uma cena que tipifica bastante bem a dinâmica social do Brasil-Colônia. A mesma cena foi tema de pinturas de Debret como “ Um funcionário brasileiro a passeio com sua família" ou “ Viagem ao Brasil : retorno de um proprietário". Aliás, particularmente as obras Debret e de Rugendas são fontes iconográficas bastante importantes para o estudo da época da escravidão no Brasil. A hierarquia social e os costumes da época são demonstrados de forma bastante explícita. As obras de um e de outro fazem parte da iconografia de manuais de História da escola básica , assim como de obras mais técnicas, de análise do período. A cuidadosa leitura do trecho e conhecimento básico acerca das características do Brasil colonial são suficientes para responder corretamente a questão. Nota-se que os escravos eram bem vestidos mas... estavam sempre descalços. Essa era uma forma de demonstração da hierarquia social: apesar da rica vestimenta não deixavam de ser escravos, obrigados a qualquer tipo de trabalho. Fonte: Eulália Ferreira, Ex-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ), de Conhecimentos Gerais, Atualidades, História, Relações Internacionais INEP - 2021 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 7- Chamando o repórter de “cidadão”, em 1904, o preto acapoeirado justificava a revolta: era para “não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!”. Para ele, a vacinação em si não era importante — embora não admitisse de modo algum deixar os homens da higiene meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante era “mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”. CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado). A referida Revolta, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro no início da República, caracterizou se por ser uma a) agitação incentivada pelos médicos. b) atitude de resistência dos populares. c) estratégia elaborada pelos operários. d) tática de sobrevivência dos imigrantes. e) ação de insurgência dos comerciantes. A Revolta da Vacina foi um revolta popular que se iniciou no Rio de Janeiro, em 10 de novembro de 1904, sendo causada pela insatisfação popular em razão de uma campanha de vacinação obrigatória contra a varíola conduzida pelo sanitarista Oswaldo Cruz. A revolta causou a morte de 30 pessoas e grande destruição material na então capital do Brasil. O trabalho do médico fazia parte do projeto de reformas urbanas do prefeito Pereira Passos. A questão da revolta se dava pelo fato da vacinação, além de ser obrigatória, não teve seu propósito explicado para a população. Para Saber Mais! A partir da segunda metade do século XIX, o crescimento sem planejamento do Rio de Janeiro e o grande fluxo de pessoas que passavam na cidade — que tinha um dos portos mais importantes do Brasil — permitiram que uma série de epidemias surgisse. Doenças como febre amarela, varíola, cólera, peste bubônica, entre outras, causavam surtos epidêmicos regulares na cidade. Diversas teorias médicas se desenvolveram no século XIX acerca dos motivos que explicavam a quantidade de epidemias no Rio de Janeiro, e isso foi incorporado pela mentalidade das elites. Em geral, falava-se dos gases mórbidos expelidos pelos pântanos nos arredores da cidade e da dificuldade de penetração do Sol e do vento por conta da geografia do Rio de Janeiro, bem como das habitações precárias dos pobres que residiam no centro da cidade. Em junho de 1904, Rodrigues Alves propôs que fosse formulada uma lei para tornar a vacinação obrigatória em toda a cidade do Rio de Janeiro. A vacinação tinha como alvo a varíola, uma das doenças que mais castigavam a capital. Durante sua gestão, Oswaldo Cruz também se comprometeu a combater a febre amarela e a peste bubônica.
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