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nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 1 HHIISSTTÓÓRRIIAA 1. A OCUPAÇÃO DA AMÉRICA Você já se perguntou como a América começou a ser habitada? Primeiramente, devemos ter a noção de que as explicações sobre períodos muito remotos da história ficam na base das hipóteses e não de verdades únicas e fechadas. Assim, temos pelo menos três teorias (hipóteses) sobre como se deu o processo de povoamento do continente e, consequentemente, do atual estado de Pernambuco. São elas: ► Estreito de Bering ► Ilhas do Pacífico ► Autoctonismo Figura 1 - Fonte: http://ligadosnahistoria.blogspot.com/2010/04/o-povoamento-da- america.html O mapa acima ajuda a ilustrar o nosso pensamento. É muito forte entre os pesquisadores a ideia de que o homem tenha surgido na África, visto que ali existem os vestígios mais antigos até então encontrados sobre as atividades humanas. Partindo dessa explicação, surgem as duas primeiras e mais bem aceitas hipóteses sobre o povoamento da América. A primeira e mais importante diz que, através de intensas migrações, o homem se deslocou por milhares de anos, saindo da África, chegando à Ásia e, por meio do Estreito de Bering, fez o caminho em direção ao nosso continente. Isso foi possível graças ao fenômeno climático conhecido como glaciação, que é caracterizado pela diminuição intensa na temperatura, que, por sua vez, aumenta as massas de gelo da Terra e gera a diminuição do nível do mar, permitindo que o solo apareça em alguns espaços, como no Estreito de Bering, favorecendo a circulação de pessoas pela região. De acordo com essa hipótese, o povoamento se iniciou pela América do Norte (número 1 do mapa). A segunda hipótese, um pouco menos aceita na comunidade acadêmica, fala sobre a mesma imigração oriunda da África em direção à Ásia, porém, ao invés do deslocamento ter seguido para o norte do continente, ele foi em direção ao sul, alcançando a região atual conhecida como Austrália e, por meio das várias ilhas situadas no Oceano Pacífico, o homem conseguiu chegar à América. Por essa teoria, o povoamento foi iniciado pela América do Sul (número 2 do mapa). A última hipótese defende a ideia de que o homem não migrou para a América, mas surgiu no próprio continente. Nesse sentido, ele seria autóctone (quem nasce na região) e não alóctone (quem não tem suas origens no lugar onde habita). A teoria, no entanto, não é bem aceita, visto que, como dissemos, os registros mais antigos das atividades humanas se encontram na África e não na América. Portanto, agora você já sabe quais são as principais explicações sobre o povoamento da América. CUIDADO: Existe a possibilidade de que as duas primeiras rotas de migração possam ter ocorrido em um período temporal próximo, de modo que possam ter sido complementares ao invés de excludentes. É mais uma hipótese! SE LIGA NA DICA! Essas explicações ou mesmo a ordem de importância sobre o povoamento da América podem ser modificadas com o tempo, por causa do desenvolvimento científico e a descoberta de novas provas sobre o passado. Existe, no Brasil, uma corrente de pesquisadores que defende a chegada do homem pela América do Sul, pois registros muito antigos foram encontrados na nossa região. Isso abriu um intenso debate para se rediscutir a questão das migrações humanas. 2. A PRÉ-HISTÓRIA DO ESTADO DE PERNAMBUCO Você sabia que no estado de Pernambuco existe uma das maiores e mais importantes áreas de registros humanos do Brasil para o período que antecede a chegadas dos portugueses? Vejamos quais são. Esses lugares são chamados de sítios arqueológicos. Você já ouviu falar? Provavelmente sim. De acordo com pesquisadores da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), o sítio arqueológico é um local onde se encontram registros de indivíduos ou grupos de indivíduos significativos para a história ou pré-história do homem. A área arqueológica é formada por um conjunto de sítios cujos registros humanos são de uma enorme riqueza e importância para pesquisadores. Uma das principais artes conservadas ao longo de milhares de anos é a chamada pintura rupestre, entendida como representações artísticas realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos, conforme a imagem abaixo: 2 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA Figura 2 - Fonte: http://chicohistoriador.blogspot.com/2010/06/tradicao- nordeste.html É através desses registros que pesquisadores investigam e conhecem as características socioculturais das populações nativas, como as suas organizações sociais, alimentação, cenas de caça, ritos fúnebres, formas de sobrevivência, trabalhos, vida familiar, entre outros. Portanto, os sítios e seus registros (pinturas, materiais, ferramentas, etc.) são os principais locais para a compreensão das atividades humanas antes da chegada dos europeus. O atual estado de Pernambuco detém o segundo maior parque arqueológico (espaço de conservação de registros humanos) do país, conhecido como Parque Nacional do Catimbau, localizado entre o sertão e agreste, nos municípios de Buíque, Ibimirim e Tupanatinga. Ele abriga cerca de 30 sítios com diversas pinturas rupestres, com diferentes técnicas e estilos. Esse parque é menor apenas do que o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí. Vejamos os principais sítios existentes em Pernambuco: Nome do sítio Localização Peri-Peri Venturosa Pedra do Tubarão Venturosa Alcobaça Buíque Todos os sítios arqueológicos citados acima se encontram nas regiões do agreste e sertão pernambucano. Por que será? O clima mais árido favorece o menor desgaste dos registros, sobretudo as pinturas, que conseguem permanecer conservadas por um tempo mais longo se compararmos com as regiões onde as chuvas são torrenciais. Todavia, é INCORRETO afirmar que APENAS existem registros históricos sobre a ocupação humana no interior do estado, muito embora aí se observe a sua maior concentração. 3. CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS Você já parou para pensar o que significa a palavra índio? Quais os valores em torno dessa nomenclatura? Como e por que ela foi criada? A resposta dessas questões reside na forma como os europeus perceberam e assimilaram o conjunto de características sociais e culturais das populações que viviam na América antes da chegada dos europeus. O índio não é apenas uma forma de nomear o nativo americano. Ele invoca valores e imposições culturais. Mas como assim? Primeiramente, sabemos que o termo “índio” era usado para designar os habitantes da Índia, na Ásia. Porém, os europeus acreditavam inicialmente que a América era a Índia e, portanto, nomearam seus homens e mulheres por índios. Todavia, mesmo após entender que não era a mesma região, portugueses e espanhóis continuaram a chamar os habitantes locais de índios para designar o outro, o diferente, aqueles que tinham comportamentos culturais muito distintos dos europeus. Nesse jogo de interpretação e nomeação, o termo “índio” esconde a diversidade de populações nativas, já que os europeus as julgavam iguais. É certo que a ideia mais generalizada do que é o índio surgiu de acordo com os primeiros contatos dos europeus com aqueles situados no litoral. De modo geral, eles eram caçadores, coletores e seminômades, viviam em grupos e dependiam da natureza para sobreviver, a exemplo dos sambaquis que se alimentavam dos animais marinhos. Boa parte desses nativos conviviam com práticas de antropofagia, em virtude das guerras entre populações diferentes e de seus prisioneiros. Um ritual específico era realizado, demonstrando o poder da guerra na cultura indígena, definidora dos prestígios inerentes aos homensdas regiões vencedoras. Porém, outros termos também eram comumente utilizados pelos portugueses para se referirem aos nativos da América, como o Tupi. Você sabe o que é o Tupi? Os grupos indígenas litorâneos, não raros inimigos entre si, foram nomeados genericamente pelos portugueses de Tupis, ao contrário daqueles que se situavam no interior, tidos como bravos e ferozes à ação evangelizadora dos jesuítas. Estes eram os Tapuias. Portanto, na visão dos estrangeiros, existiam duas grandes divisões dos ameríndios: Tupis e Tapuias. Com o passar da colonização, as definições foram assumindo novas classificações. Dentre elas, destaca-se a separação por tronco linguístico, comumente usada na época, a exemplo dos Tupis-Guaranis, Jês, Aruaques, entre outros. Veja o mapa abaixo: nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 3 HHIISSTTÓÓRRIIAA Figura 3 - Fonte: http://historiaemfocoslsm.blogspot.com/2011/12/povos- indigenas-no-brasil.html Outras divisões também foram realizadas, como as que privilegiavam as diferenças culturais, o que mostra os aspectos distintivos entre os grupos. Tupiniquim, Potiguar, Caetés e Aimorés são algumas das designações das populações indígenas pelos seus traços culturais. Em Pernambuco, prevaleceram os povos Caetés, Potiguar e Tabajara. Eles fizeram alianças e guerras com os portugueses no processo de colonização local. Os grupos nativos do litoral do Brasil, em geral, se reuniam em aldeias com milhares de integrantes, unidos por laços de parentesco ou amizade. As atividades guerreiras assumiam um papel fundamental na organização dessas populações indígenas. O ritual da antropofagia era o reflexo da cultura guerreira, visto que os prisioneiros capturados nas batalhas eram utilizados para alimentar a sede de vingança por novos enfrentamentos. Os guerreiros que capturavam um inimigo tinham seus corpos marcados para demonstrar sua distinção aos demais, recebendo uma série de regalias por bravura e valentia. Em geral, as divisões nas mesmas comunidades eram regidas pela idade e sexo. Líderes e orientadores espirituais eram comumente chamados de pajés, enquanto que os militares eram caciques. SE LIGA NA DICA! Quando uma questão se referir ao índio, não pense nessa categoria como um grupo único, unido e homogêneo. O termo esconde a diversidade e pluralidade dos nativos americanos. 4. A CAPITANIA DE PERNAMBUCO Já se perguntou como surgiu Pernambuco? Quem dividiu o território e quem inicialmente colonizou a região? Vejamos essa questão agora. Após os trinta primeiros anos de presença portuguesa na América, D. João III, rei de Portugal, voltou-se definitivamente para sua colonização. Receoso das constantes visitas de piratas e corsários, entre eles franceses e holandeses, D. João III resolveu dirigir para a América estratégias de colonização. Para tanto, seria preciso realizar altos investimentos na construção de cidades, fortalezas, instituições e portos, além de um exército humano que se deslocasse para o “além- mar”, a fim de iniciar a exploração territorial. Assim, o vasto projeto de colonização exigiria recursos exorbitantes. Na tentativa de minimizar os custos, instalaram-se a partir do ano de 1534 as capitanias hereditárias, projeto já conhecido e desenvolvido nas possessões portuguesas insulares da África ocidental, cuja função era repassar aos particulares o custeio com a colonização, já que Portugal não tinha condições de arcar sozinho com essa despesa. As obrigações e deveres repassados aos donatários, isto é, os principais administradores das capitanias, estavam reunidas no Foral. SE LIGA NA DICA! Veja a seguir alguns direitos e deveres contidos no Foral: • Fundar vilas; • Distribuir sesmarias (lotes de terra concedidos para colonos); • Exercer a atividade judicial e administrativa; • Escravizar indígenas; • Defender o território; • Arrecadar o monopólio régio do pau-brasil. A Carta de Doação, por sua vez, repassava oficialmente a posse da região ao donatário, com seus respectivos limites geográficos, cabendo a ele povoar, colonizar e defender a capitania, não permitindo sua venda nem sua repartição. Entretanto, assegurava o direito de repassá-la hereditariamente. 4 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA Figura 4 - Fonte: https://historiaprimeiroanoblasallesp.wordpress.com/2015/11/27/ capitanias-hereditarias-alessandro-marega/ As fronteiras e divisões políticas sofreram mudanças ao longo do tempo. Atenção para a formação original, do século XVI, e em algumas de suas transformações: Em Pernambuco, a administração ficou sob responsabilidade de Duarte Coelho Pereira. Segundo a Carta de Foral, a extensão da capitania de Pernambuco teria como limite ao sul o Rio São Francisco; ao norte, o rio Igarassu, atualmente conhecido como Canal de Santa Cruz que separa a ilha de Itamaracá do continente; a oeste, a posse iria até onde permitia o Tratado de Tordesilhas. Essa configuração geográfica reunia cerca de 60 léguas de terra, tendo uma feição parecida com a imagem acima. Entretanto, esses limites foram recebendo novos contornos à medida que a colonização se ampliava, os engenhos eram construídos (ou destruídos), as vilas cresciam e os índios eram submetidos ao domínio português. No século XVIII, a Capitania de Pernambuco englobava praticamente todo o registro do rio São Francisco (chamada Comarca do São Francisco), além da ampla jurisdição que obtivera sobre territórios como Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Itamaracá, chamadas então de “capitanias anexas” a Pernambuco, que na prática estendia significativamente as suas fronteiras político-militares, como pode ser visto na imagem abaixo. A região, todavia, veio a sofrer uma série de recortes em seu território em função das várias revoltas eclodidas no século XIX, conforme veremos nos capítulos posteriores. Figura 5 - Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_Pernambuco#/media/ File:Nordeste_brasileiro_-_1709_(cropped).svg O capitão-donatário de Pernambuco se transferiu para a América trazendo sua esposa, D. Brites de Albuquerque, seus filhos, parentes e colonos dispostos a explorar o território. Muitos deles receberam lotes de sesmarias que estimularam o povoamento e dispersão de colonizadores pela extensa capitania. A instalação de feitorias e a existência de povoações de europeus no entorno de Itamaracá levou Duarte Coelho e sua comitiva a descer por aquela região. Em seguida, atravessou o rio Igarassu e fundou, nessa região, o primeiro povoado da capitania, no ano de 1535. Construiu fortes, moradias e a considerada igreja mais antiga do Brasil, chamada Igreja dos Santos Cosme e Damião, até hoje existente no atual município de Igarassu. SE LIGA NA DICA! O primeiro povoado de Pernambuco foi Igarassu, seguido de Olinda. Apenas no começo do século XVII, Recife se tornou uma vila (no contexto da Guerra dos Mascates), embora seu povoamento tenha sido muito anterior. Em seguida, deslocou-se para a região mais ao sul, nela fundando o Colégio Jesuíta, igrejas, a Câmara municipal e uma cadeia, e dando-lhe o nome de Olinda. Esta se tornou a sede da capitania, onde se instalaram as autoridades civis e eclesiásticas, bem como foi o local onde se construiu a moradia dos senhores de engenho. Você já notou que algumas cidades históricas brasileiras se parecem bastante entre si? Isso porque Portugal tinha um projeto e planejamento arquitetônico de construção de cidades e vilas. Olinda fora escolhida como sede da capitania porque tinha o nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 5 HHIISSTTÓÓRRIIAA perfil idealizadopelos portugueses. A localização em um ponto alto do relevo litorâneo, estratégico para a construção dos fortes defensivos, oferecia uma visão privilegiada que permitia monitorar os navios que entravam e saíam, além da movimentação de pessoas na parte baixa da vila. Isso sem contar as várias igrejas erguidas nesses espaços. Cidades como Salvador e Ouro Preto têm um desenho urbanístico parecido com Olinda, pois representam um ideal português de organização arquitetônica, diferente do Recife que se aproxima mais da Holanda. Você sabia que a aliança com os índios foi um fator determinante para a fixação da colonização portuguesa em vários lugares do litoral no século XVI, incluindo Pernambuco? Vamos entender melhor como isso ocorreu. Duarte Coelho teve muitos problemas com os índios habitantes do litoral de Pernambuco, os quais resistiram bastante às incursões dos portugueses. A aliança com as populações nativas se tornou uma importante estratégia de fixação local, através do qual tiveram acesso à terra, bem como estabeleceram relações de autoajuda militar que auxiliava na defesa da região. Como isso ocorreu? Ora, vimos que os índios tinham uma cultura guerreira. Os portugueses aproveitaram esse fato para estabelecerem alianças com grupos que aceitaram apoio nas suas guerras. Isso sem contar a prática do escambo (troca de produtos) que chamou a atenção de algumas populações. A dependência dos portugueses em relação às alianças com os grupos indígenas era tamanha que o povoado de Olinda surgiu no entorno de uma aldeia dos Caetés, realidade não diferente de várias vilas e cidades na América portuguesa do século XVI. Outra estratégia de aliança foi através de casamentos, sendo a figura mais expressiva a de Jerônimo de Albuquerque, cunhado do donatário, que se casou com a filha de um cacique dos Tabajaras, trazendo esse povo para o lado dos portugueses, visto que na cultura dos índios o casamento era um tipo de demarcação de alianças. Esse mesmo Jerônimo é tido como o “Adão Pernambucano”, em função dos inúmeros amancebamentos que realizou no Pernambuco colonial e, portanto, da produção de extensas redes de amizade e parentesco com os nativos da América. 5. A ECONOMIA E A SOCIEDADE AÇUCAREIRA Você sabe o papel da produção de açúcar no crescimento da colônia? De que modo ela movimentou a economia e a sociedade? Seguimos avançando no tempo e na história sobre a formação de Pernambuco... A economia açucareira foi a base da colonização portuguesa na América. Desde o início, Portugal procurava estimular o povoamento da região recém- descoberta através da produção do açúcar, buscando fixar os colonos na terra, que até então servia principalmente de extração do pau-brasil nas feitorias espalhadas pelo litoral. O povoamento de europeus deveria ser sustentava a partir de bases econômicas que oferecessem vantagens aos novos colonos. A opção mais rentável foi pela empresa açucareira, já que o esperado metal precioso não foi rapidamente encontrado no Brasil. Você já deve ter ouvido falar que as duas capitanias que prosperaram foram Pernambuco e São Vicente, correto? Mas por quê? A conhecida prosperidade que acompanhou o crescimento das capitanias de São Vicente e Pernambuco teve base na adaptabilidade das mudas de plantação de açúcar. O clima e o solo fértil, além das imensas terras, foram determinantes na organização das primeiras vilas e cidades coloniais, as quais cresceram na dependência da produção desta especiaria. Entretanto, das duas capitanias que prosperaram, Pernambuco foi ainda mais longe (São Vicente encontrou dificuldades no começo do XVII e já não apresentava os lucros de anos anteriores), chegando a ser o maior produtor de açúcar do mundo em fins do século XVI, concorrendo com o Recôncavo Baiano, contexto de grande lucratividade para os portugueses. SE LIGA NA DICA! A produção açucareira viabilizou a colonização portuguesa do litoral, especialmente em Pernambuco. Em Pernambuco, Duarte Coelho, desde os primeiros anos de assentamento na região, estimulava o plantio de açúcar. Tanto é que, em 1535, já nasciam os primeiros engenhos, crescendo vertiginosamente nas décadas posteriores. Os dados numéricos exemplificam esse crescimento: Década Quantidade de engenhos 1550 4 1570 30 Fins do XVI 140 Portanto, concurseiro, você nota o rápido e grande crescimento de engenhos estimulados pelo clima favorável, pelo solo de massapê e pelas alianças com 6 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA os indígenas locais. Nesse sentido, a empresa do açúcar ganhou intensa expansão, ampliando-se rapidamente para o Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia. Mas você sabia que a economia açucareira foi muito além da produção e da vida nos engenhos? Ela também gerou reflexos em vários setores comerciais, políticos, sociais e culturais... Acontece que juntamente com esse alargamento e predomínio das zonas canavieiras, surgiram vilas e cidades que projetavam e refletiam a vida dos engenhos e das senzalas. O alargamento do plantio açucareiro estimulou o crescimento de atividades paralelas, a exemplo da produção de subsistência, em especial da farinha de mandioca, principal alimento dos escravos. A pecuária foi multiplicada pela necessidade da sua força motriz utilizada nas moendas, bem como nos transportes. Portos foram ganhando cada vez mais circulação de pessoas e mercadorias, dinamizando as atividades locais e fortalecendo o crescimento de certas regiões. Nesse sentido, a empresa colonial girava em torno da cana e se estendia por vários setores da colônia: formação de vilas e cidades, defesa do território, relações entre grupos sociais. Sabe o que foi a Plantation? A produção de açúcar esteve baseada no esquema da Plantation, definida pela exportação de um determinado gênero (monocultura), criado em larga escala, utilizando imensos latifúndios, com base na mão de obra escrava. SE LIGA NA DICA! Os tópicos que definem a produção com base na Plantation são: • Latifúndio (grandes extensões de terra) • Monocultura (predominância de produção de uma cultura/produto) • Exportador (voltada para o mercado externo) • Escravocrata (a mão de obra básica é o escravo) E a sociedade? Qual a relação com a economia açucareira? As principais camadas definidas em razão da produção açucareira foram os senhores de engenho e os escravos. Estes últimos foram bastante impulsionados por aquela atividade econômica, reconhecida como sua principal força motriz. Os senhores viviam em suas casas grandes, junto com familiares, agregados e escravos domésticos, enquanto que o escravo da lavoura residia nas senzalas. O desenvolvimento do açúcar permitiu a diversificação de grupos sociais, como na área das artes liberais (sapateiro, carpinteiro, alfaiate, pescador, entre outros), que se proliferaram nos espaços urbanos e deram tom à dinâmica econômica das áreas adjacentes aos engenhos. Ao mesmo tempo, desembarcavam em Pernambuco escravos de várias etnias africanas, utilizados como mão de obra nas lavouras. Eles constituíam elementos fundamentais na produção açucareira, responsáveis pela fabricação e transportes das sacas. O tráfico de escravos, fenômeno que envolvia a compra, deslocamento e venda de escravos entre África e Brasil, encontrou ambiente bastante favorável em Pernambuco, depositando milhões de africanos como mão de obra para a produção local e fomentando o porto do Recife devido à lucratividade derivada do comércio de cativos. Figura 6 - Pequena ilustração de um engenho. Fonte: http://pt.slideshare.net/QuedmaSilva/engenho-de-acar-36398131 Possuir escravos, nessa sociedade, era um grande sinal de prestígio e poder, servindo, em algumas situações, como produtosde exibição. Já os senhores eram detentores de comportamentos associados à fidalguia portuguesa, sendo vistos, a partir do século XVII, como membros da “nobreza da terra”, em função dos serviços de colonização e expulsão dos invasores neerlandeses. Seus trajes, participação em cerimônias e controle da administração e política local revelam o poder que era investido a essas pessoas, que estão na base da formação do patriarcalismo, concentração de terras e rendas ainda persistente no Brasil. Figura 7 - Representação da relação senhor e escravo. Fonte: http://www.fcnoticias.com.br/senhor-de-engenho-e-escravos/ Portanto, a economia açucareira assumiu um papel fundamental nos primeiros passos de construção das sociedades coloniais, bem como na fixação de colonos e na exploração da terra que visava, sobretudo, enriquecer a metrópole, com a mercadoria sendo monopolizada e exportada pelos comerciantes régios. O Brasil se tornou, a partir de então, uma região açucareira de grandes latifúndios. Pernambuco, em especial, dependerá por séculos da exportação desse nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 7 HHIISSTTÓÓRRIIAA produto, embora tivesse importância também a plantação de mandioca e algodão. Em virtude da invasão holandesa (1630-1654) e do descobrimento de metais preciosos em Minas Gerais em fins do século XVII, as vilas açucareiras foram perdendo de destaque, agravadas por sucessivas crises e o enfraquecimento da aristocracia local, a qual progressivamente foi perdendo espaço para a atuação de comerciantes na costa brasileira. E qual seria o papel das instituições eclesiásticas na colonização do Brasil? A colonização portuguesa no continente americano foi acompanhada de perto pela instalação de instituições europeias, como forma de projetar na colônia uma administração, justiça e religião similares às metropolitanas. A título de exemplo, as câmaras eram órgãos surgidos nas vilas e cidades coloniais com o intuito de implantar e reproduzir funções da administração portuguesa dentro da colônia, com o funcionamento gerido, sobretudo, pela “nobreza colonial”. Os representantes da igreja tridentina também se fizeram presentes na conquista portuguesa. A própria justificativa da colonização esteve atrelada à catequização de novos fiéis no Novo Mundo, ensinando-lhes o “caminho da salvação” e aumentando a quantidade de católicos através do processo de conversão dos indígenas. Os jesuítas eram os missionários por excelência, responsáveis não apenas pela catequização, mas, também, pelo ensino básico das elites. Aqui se situa um ponto de debate e intensas disputas na sociedade colonial. Isso porque os jesuítas tinham a missão de catequizar os indígenas, ou seja, educá-los e instruí-los para se adequarem aos padrões de comportamento social e religioso baseados nas concepções da Igreja Católica. Contudo, a ação missionária encontrou grande resistência dos colonos, pois estes desejavam a escravização das populações nativas por serem mão de obra mais barata e rápida do que os africanos escravizados e transportados pelo oceano Atlântico. O governo português se posicionou ao lado dos missionários jesuítas ao proibir o cativeiro de índios, a não ser daqueles que continuavam a resistir à colonização. Nesse caso, muitos grupos locais contrários à presença de colonos foram escravizados com base no ideal medieval de “guerra justa”. O crescimento de igrejas, capelas e irmandades mostra a preocupação em educar a população nos moldes eclesiásticos católicos portugueses. O ensino tridentino era a chave para organização da população nativa nos preceitos e valores europeus, incluindo a exploração e trabalho forçado. As ordens religiosas também estiveram presentes na colonização do Brasil, e exemplo dos já comentados jesuítas, mas também da atuação dos oratorianos, carmelitas, franciscanos, entre outros. Já ouviu falar da Inquisição? Sabe qual era a sua função? O órgão de repressão e coerção máximo aos hereges na Idade Moderna para combater os pecados e “crimes de fé” era a Inquisição, também conhecida como o Tribunal do Santo Ofício. Ela tinha a função de punir os que estivessem envolvidos em casos heréticos, como sodomia, bigamia, além dos casos de judaísmo na América. Isto é, combatia qualquer tipo de comportamento diferente do católico. As punições eram amplas, desde o degredo até a morte do acusado. No Brasil, não existiu efetivamente um tribunal da Inquisição, mas sim visitações de representantes do Santo Ofício que ouviam as confissões e denunciações para o julgamento final. Elas ocorreram em períodos esporádicos nos séculos de colonização. Em seu tempo de atuação, a Inquisição prendeu mais de mil pessoas e mandou 29 para a fogueira. Seu maior alvo eram os cristãos-novos, grupo bastante atuante na sociedade colonial. Na figura abaixo, temos a representação de uma condenação na fogueira dirigida pela Inquisição em Portugal. As praças se tornavam verdadeiras cerimônias e espetáculos públicos apreciados, inclusive, pelos monarcas. Figura 8 - Fonte: http://histgeo6.blogspot.com/2011/11/inquisicao-no-tempo-de-d- joao-v.html http://histgeo6.blogspot.com/2011/11/inquisicao-no-tempo-de-d-joao-v.html http://histgeo6.blogspot.com/2011/11/inquisicao-no-tempo-de-d-joao-v.html 8 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA 6. A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA O levante dos luso-brasileiros aos holandeses no século XVII foi um acontecimento significativo na história colonial. Sabe por quê? Um breve estudo da diplomacia portuguesa na Europa é fundamental para compreender os acontecimentos em Pernambuco. A União Ibérica (1580-1640) foi o período em que Portugal esteve sob o governo de monarcas espanhóis. Após ter emergido como grande reino europeu, a Espanha perseguiu o objetivo de unificar a península Ibérica, incorporando Portugal ao seu território. Os portugueses resistiram enquanto puderam. Mas, em fins do século XVI, alguns acontecimentos contribuíram para a Espanha concretizar seus objetivos. Em 1578, o rei Dom Sebastião, monarca da dinastia de Avis, morreu e não deixou herdeiros. Então, o cardeal Dom Henrique, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, assumiu a regência. Com sua morte, em 1580, o rei da Espanha, Felipe II, da mesma linhagem familiar, achou-se no direito de ocupar o trono português e invadiu Portugal. O domínio espanhol sobre Portugal duraria 60 anos. A famosa frase proferida por Felipe II ao invadir Portugal foi: Comprei, herdei e conquistei!! Espanha e Holanda Antes disso, Portugal já havia estabelecido relações comerciais com negociantes holandeses, que passaram a financiar a produção açucareira no Brasil e a controlar a sua comercialização no mercado europeu. Por outro lado, no mesmo período, a Espanha pretendia dominar o território dos Países Baixos, na qual a Holanda estava situada, pois a circulação de mercadorias naquela região contribuía significativamente para abastecer os cofres do tesouro espanhol. Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, criaram a República das Províncias Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em relação aos espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os holandeses continuassem a comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de sufocar economicamente a Holanda e impedir sua independência. As invasões holandesas Os holandeses reagiram rapidamente, concentrando seus esforços no controle das fontes dos produtos que negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das Índias Orientais. Essa empresa, de porte enorme, invadiu domínioscoloniais portugueses no Oriente. Em decorrência dos êxitos desse empreendimento, os holandeses criaram, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o acesso ao açúcar brasileiro e monopolizar o seu comércio nos mercados europeus. Para controlar a produção e comercialização do produto, era necessário ocupar e se apoderar de partes do território colonial brasileiro, onde o açúcar era produzido. Desse modo, contando com uma frota composta de 26 navios e 500 canhões, os holandeses iniciaram sua primeira invasão ao Brasil em 1624. Atacaram a cidade de Salvador, na época o centro administrativo da colônia. Mas, um ano após terem chegado, foram expulsos. Uma segunda tentativa de invasão se deu em 1630, dessa vez em Pernambuco. No primeiro momento, os holandeses conseguiram conquistar Olinda e Recife. Em 1635, o principal ponto de defesa dos portugueses em Pernambuco, o Arraial do Bom Jesus, foi invadido e, assim, a resistência luso-brasileira recuou. Houve combates, mas os invasores resistiram e estabeleceram o controle de uma extensa parte do litoral brasileiro que ia de Sergipe ao Maranhão. A Companhia das Índias Ocidentais nomeou um governador para administrar o domínio recém-conquistado, que ficou conhecido como o Brasil Holandês. Maurício de Nassau Para o cargo de governador, foi nomeado o conde João Maurício de Nassau, que chegou ao Recife em janeiro de 1637. No período em que governou o Brasil Holandês, de 1637 a 1644, Nassau procurou estabelecer uma administração eficiente e um bom relacionamento com os senhores de engenho da região. Desse modo, foram colocados à disposição dos proprietários de engenho recursos financeiros, para serem utilizados na compra de escravos e de maquinário para o fabrico do açúcar. Nassau também criou as Câmaras dos Escabinos, que eram órgãos de representação municipal, a fim de estimular a participação política da população nas decisões de interesse local. Durante o governo de Nassau, o Recife se tornou a sede da colonização holandesa e passou por um intenso processo de urbanização e melhoramentos que mudaram completamente a paisagem local. Com o fim do domínio espanhol sobre Portugal, em 1640, o novo rei português, D. João IV, decidiu recuperar o território invadido, retirando-o do domínio holandês. Esse período coincidiu com o descontentamento dos senhores de engenho diante dos holandeses. Nassau já havia partido e, para explorar ao máximo a produção do açúcar brasileiro, a Holanda adotou inúmeras medidas impopulares, em especial o aumento dos impostos, o que contrariava os interesses dos proprietários de engenho. Insurreição pernambucana A luta contra os holandeses foi iniciada pelos próprios senhores de engenho locais e durou cerca de dez anos. A partir da iniciativa dos senhores, os colonos da região foram mobilizados e travaram várias batalhas nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 9 HHIISSTTÓÓRRIIAA contra os holandeses. As mais importantes foram a de Guararapes e Campina de Taborda. Mas a expulsão definitiva dos holandeses teve início em junho de 1645, em Pernambuco, através da eclosão de uma insurreição liderada pelo paraibano André Vidal de Negreiros, pelo senhor de engenho João Fernandes Vieira, pelo índio Felipe Camarão e pelo negro Henrique Dias. A chamada Insurreição Pernambucana chegou ao fim em 1654, tendo libertado o território do domínio holandês. Porém, a expulsão dos holandeses teria um impacto negativo sobre a economia colonial. Durante o período em que estiveram na América portuguesa, os holandeses tomaram conhecimento de todo o ciclo da produção do açúcar e conseguiram aprimorar os aspectos técnicos e organizacionais do empreendimento. Quando foram expulsos do Brasil, dirigiram-se para as Antilhas, ilhas localizadas na região da América Central. A crise da produção açucareira Nas Antilhas, os holandeses montaram uma grande produção açucareira que, em pouco tempo, passou a concorrer com o açúcar do Brasil e logo se impôs no mercado europeu. Consequentemente, provocou a queda das exportações brasileiras. Já na segunda metade do século XVII, os engenhos estavam em decadência. Portugal buscava encontrar outros meios para explorar economicamente a colônia. Um novo meio de exploração teria início com a descoberta de riquezas minerais, como o ouro, a prata e os diamantes, na região que ficaria conhecida como Minas Gerais. Ainda assim, o açúcar nunca deixou de ser um grande produto de riqueza para Portugal e sua produção encontrou recuperação no século XVIII. 7. A GUERRA DOS BÁRBAROS Atenção, concurseiro: é importante saber o surgimento de termos como “Guerra dos Bárbaros” e “Confederação dos Cariris”, pois já foi tema de questões em provas passadas. O processo de expansão territorial e a ampliação dos espaços colonizados pelos portugueses na América levaram a uma série de combates entre portugueses e indígenas, dentre os quais se destaca a Guerra dos Bárbaros. Bárbaro e Civilizado. Significados e apropriações: Esse termo foi criado com o objetivo de designar os diversos conflitos ocorridos na região em que hoje se encontra o Nordeste brasileiro, em sua parte continental, durante a segunda metade do século XVII e o início do XVIII. O termo “bárbaro” era a forma com que os europeus nomearam os comportamentos culturais e sociais de grupos indígenas. Na verdade, portugueses e espanhóis consideravam o seu modo de viver como “civilizado”, entendendo como “bárbaro” os estilos e comportamentos culturais diferentes, incluindo a vida dos indígenas que se contrapunha à colonização. Civilizado e bárbaro são conceitos etnocêntricos, isto é, construídos de acordo com a representação (percepção) de uma cultura sobre a outra. Se tivéssemos a oportunidade de perguntar aos nativos da América a quem eles poderiam atribuir o significado de bárbaros, certamente seriam os invasores europeus, por não se enquadrarem em sua forma de vida. Mas como surgiu e quais os motivos dessa guerra? E quais são os grupos envolvidos? Você já imagina? Uma das principais atividades econômicas desenvolvidas na colônia desde o início da colonização foi a pecuária. Entretanto, com o fortalecimento da produção açucareira e das regiões urbanas, o gado não pôde se estruturar nos espaços litorâneos, pois seu emprego necessitava de grandes áreas para poder servir ao pastoreio. A opção para continuar a produção era o deslocamento para o interior, cujos espaços ainda não haviam sido reconhecidos e conquistados, mas que reservavam imensas áreas a serem exploradas pelos colonizadores europeus. Dessa forma, combinavam-se propósitos do Estado português, ansioso em ampliar os territórios dominados e fixar as estruturas políticas europeias no continente, e dos vaqueiros, que obteriam os lugares para depositar seu gado. Você lembra a diferença entre Tupi e Tapuia mostrada no capítulo 3? Vai ser útil aqui! O deslocamento para o interior, porém, enfrentou diversas resistências dos nativos que já habitavam as localidades, chamados pelos colonos de Tapuias. Os criadores de gado não conseguiam, por recursos próprios, adentrar o continente. Por isso, solicitou ao http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u265.jhtm 10 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA governo português auxílio para quebrar os obstáculos humanos dirigidos pelos índios do interior. A Guerra dos Bárbaros, portanto, refere-se ao conjunto de combates travados entre os portugueses, com seus representantes instalados nos núcleos urbanos açucareiros, e os indígenas, que residiam no sertão e rejeitavam o domínio dos europeus. Os conflitos se iniciaram por volta do anode 1651 na capitania da Bahia e se estenderam até meados de 1720, envolvendo as capitanias de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande e Ceará. Imagine uma faixa de terra litorânea colonizada pelos portugueses querendo ampliar suas fronteiras para o continente. E, do outro lado, índios residentes nas áreas interioranas, além dos nativos expulsos de suas próprias terras no litoral, que estavam lutando para não serem mortos ou conquistados pelos portugueses. O sertão, nesse contexto, era o espaço desconhecido, não habitado pelos “civilizados”, contrastando com os núcleos urbanos. Por isso, seus homens e mulheres eram conhecidos como “bárbaros”, gente sem modos, comportamentos, ou seja, aqueles personagens que fugiam aos padrões de vida europeus e, por isso, associados à selvageria. Imagem esta que contrastava com o litoral, local onde estavam instaladas as principais vilas e cidades portuguesas e onde o poder de penetração da cultura europeia era mais ativo, permitindo que seus habitantes fossem contagiados pelas condutas dos que se achavam civilizados. Portanto, a urbe era a civilização, e o sertão, a barbárie, de acordo, claro, com a visão dos europeus. Ao final dos conflitos, nas primeiras décadas do século XVIII, as resistências foram diminuindo e as tropas enviadas ao sertão foram aos poucos conquistando seu objetivo maior: conquistar os territórios, dizimando ou catequizando as populações locais, a fim de ampliar o espaço de fixação portuguesa na América. Para conseguir seus propósitos, os portugueses contaram com o apoio de tropas diversas, incluindo negros alforriados, indígenas aliados e paulistas, que em conjunto dissolveram as resistências dos tapuias. SE LIGA NA DICA! A Guerra dos Bárbaros é um importante exemplo de que as populações indígenas não foram extintas e nem todas elas se renderam às invasões dos europeus no começo da colonização. 8. A GUERRA DOS MASCATES Sabe o que significa Mascate? Era o nome dado pela aristocracia de Olinda aos comerciantes portugueses residentes no porto do Recife. Mas qual a razão desse conflito? Uma região em declínio econômico e político (Olinda) e outra em crescimento (Recife). O choque é inevitável! Mas como duas regiões tão próximas poderiam ter diferenças tão grandes? Primeiramente, devemos saber que desde o início da colonização a sede política e econômica da capitania de Pernambuco era Olinda, região onde Duarte Coelho construiu a principal vila, dando-lhe estatuto de capital. Seu domínio e controle se estendiam por vastas regiões, inclusive o Recife, que apenas se caracterizava como um porto de escoamento da produção dos senhores do açúcar. Porém, a partir de 1654, a expulsão definitiva dos holandeses de Pernambuco provocou uma grande mudança no cenário econômico da região. Os grandes produtores de açúcar, que anteriormente usufruíram dos investimentos holandeses, viviam agora uma crise decorrente da baixa do açúcar no mercado internacional e a concorrência produzida nas Antilhas. Contudo, esses senhores de engenho ainda possuíam o controle político local por meio do poder exercido pela câmara municipal de Olinda. Em contrapartida, Recife – região vizinha e politicamente subordinada à Olinda – era considerado o principal pólo de desenvolvimento econômico de Pernambuco. O comércio da localidade trazia grandes lucros aos portugueses, que controlavam a atividade comercial da região. Essa posição favorável foi causada pelas diversas melhorias empreendidas com a colonização holandesa, que a havia transformado em seu principal centro administrativo. Com o passar do tempo, a divergência política e econômica entre a aristocracia de Olinda (mazombos) e os comerciantes portugueses de Recife (mascates) criou uma tensão local. Inicialmente, os senhores de engenho de Olinda, vivendo sérias dificuldades para investirem no negócio açucareiro, pediram vários empréstimos aos comerciantes portugueses de Recife. Contudo, a partir da deflagração da crise açucareira, muitos dos senhores de engenho acabaram não tendo condições de honrar seus compromissos. Nessa mesma época, a complicada situação econômica de Olinda somava-se ao completo sucateamento da cidade, que sofreu com as guerras que expulsaram os holandeses. Com isso, a câmara de Olinda decidiu aumentar os impostos de toda a região, incluindo Recife, para que fosse possível recuperar o centro administrativo pernambucano. Inconformados, os comerciantes portugueses, pejorativamente chamados de mascates, buscaram se livrar da dominação política olindense. http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-dos-mascates.htm nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 11 HHIISSTTÓÓRRIIAA Para tanto, os comerciantes de Recife conseguiram elevar o seu povoado à categoria de vila, tendo dessa maneira o direito de formar uma câmara municipal autônoma. A medida deixou os latifundiários de Olinda bastante apreensivos, pois eles perderiam o controle sobre uma importante região da capitania. Desse modo, a definição das fronteiras dos dois municípios serviu como estopim para o conflito. Perder o poder político sobre o Recife era uma medida que os senhores de Olinda não desejavam acatar. A guerra teve início em 1710, com a vitória dos olindenses que conseguiram invadir e controlar a nova vila pernambucana. Logo em seguida, os recifenses conseguiram retomar o controle em uma reação militar apoiada por autoridades políticas de outras capitanias. O prolongamento da guerra só foi interrompido no momento em que a Coroa Portuguesa estabeleceu, em 1711, um novo governante, que teria como principal missão pôr um ponto final ao conflito. O escolhido para essa tarefa foi Félix José de Mendonça, que apoiou os mascates portugueses e determinou a prisão dos latifundiários olindenses envolvidos com a guerra. Além disso, visando evitar futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das regiões. Dessa maneira, não haveria razões para que uma fosse politicamente favorecida por Félix José. 9. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 Vamos agora começar a estudar a principal revolta separatista da história colonial brasileira, que teve como centro articulador a província de Pernambuco. Como todo conteúdo importante e complexo, precisamos recuar alguns anos e compreender os antecedentes que criaram as condições para a eclosão da revolução. Vejamos que fatores foram esses. Mais um detalhe: Você sabia que a Revolução de 1817 também é conhecida como Revolução dos Padres? Isso se deve à intensa participação de religiosos no movimento. Antecedentes A Revolução foi deflagrada no ano de 1817, como resultado de várias insatisfações e dificuldades socioeconômicas que viviam os habitantes de Pernambuco e províncias adjacentes. Entre os principais fatores, apontamos: » A Corte portuguesa, instalada no Rio de Janeiro desde o ano de 1808, que aumentou excessivamente os impostos das províncias brasileiras para sustentar os gastos e necessidades da família real; » A crise econômica de produtos essenciais ao comércio de Pernambuco, como o açúcar e o algodão; » O controle de portugueses nas exportações econômicas da província, assim como sua intervenção na política; » A grande seca de 1816, que provocou uma fome generalizada e aumentou as dificuldades econômicas em Pernambuco. Na província de Pernambuco, as discussões por mudanças eram realizadas em sociedades secretas desde o fim do século XVIII. As principais foram as lojas maçônicas, destacando-se o Areópago de Itambé e o Seminário de Olinda, onde se levantavam hipóteses de reformas amplas, apoiadas em ideias externas, como as dos iluministas (defensores dos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade), a Revolução Francesa (contestaçãoao poder absolutista dos reis europeus) e a Revolução Americana (exemplo prático de libertação de uma colônia em relação à sua metrópole). O movimento em Pernambuco seguia o ideal de republicanismo apoiado pelas revoluções. SE LIGA NA DICA! Concurseiro, pense que Pernambuco não estava isolado do mundo. Seus habitantes circulavam, liam, estudavam... Por isso, ideias sobre revoluções, mudanças, novos projetos políticos que floresciam em diversas partes do mundo chegavam secretamente e eram fortemente discutidos na província. O decorrer da revolução O movimento se iniciou com a ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. O seu estopim ocorreu quando o capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, Barros Lima tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se rendendo. Vemos, portanto, que a Revolução Pernambucana de 1817 começou como um movimento militar, mas ele teve vários líderes. Assim que se iniciou o processo de reformulação interna, foi instalado um governo provisório composto por membros de diferentes setores sociais: Manuel Correia de Araújo (agricultura), Domingos José Martins (comércio), João Ribeiro (clero) e Domingos Teotônio Jorge (forças armadas). Ainda contaram com o apoio de Antônio Carlos de Andrade e Silva e de Frei Caneca. Em 29 de março, foi convocada uma assembleia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas, estabelecendo a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi mantido como religião oficial, porém havia liberdade DETALHE: Nesta época, o termo capitania havia sido mudado para província. http://pt.wikipedia.org/wiki/6_de_mar%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jos%C3%A9_de_Barros_Lima&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Barbosa_de_Castro&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Pinto_de_Miranda_Montenegro http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_do_Brum http://pt.wikipedia.org/wiki/29_de_mar%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Assembl%C3%A9ia_constituinte http://pt.wikipedia.org/wiki/Assembl%C3%A9ia_constituinte http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_de_culto 12 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA de culto (o livre exercício de todas as religiões); foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravidão, entretanto, foi mantida. SE LIGA NA DICA! Embora desejassem a independência e a instalação de uma república, os líderes do movimento não tocaram na questão da abolição da escravidão, pois eles eram grandes senhores de escravos e não queriam gerar prejuízos para suas atividades econômicas com a formação da nova República. Principais mudanças realizadas com a Revolução: » Deposição do governador Caetano de Pinto Miranda Montenegro; » Extinção de impostos abusivos; » Liberdade de imprensa e religião; » Igualdade entre os cidadãos; » Instalação da República; » Lei Orgânica: esboço de uma Constituição. Expansão e queda A Revolução que eclodiu em Pernambuco buscava suporte interno e externo. Houve tentativas de obter apoio das províncias vizinhas. Na Bahia, o emissário da revolução, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso ao desembarcar e, imediatamente fuzilado por ordem do governador, o Conde dos Arcos (governador da Bahia). No Rio Grande do Norte, o movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, André de Albuquerque Maranhão, que, depois de prender o governador, José Inácio Borges, ocupou Natal e formou uma junta governativa, porém não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O jornalista Hipólito José da Costa foi convidado para o cargo de ministro plenipotenciário da nova república em Londres, mas recusou. Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão pernambucano, enquanto uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias, 8000 homens cercavam a província. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio, as tropas portuguesas entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte. Apesar de sentenças severas, um ano depois, todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam sido executados. SE LIGA NA DICA! Você sabia que a bandeira criada pelos revoltosos em 1817 inspirou a atual do estado de Pernambuco? Veja a imagem abaixo e compare com a oficializada nos dias de hoje. A diferença é que a bandeira atual apresenta apenas uma estrela, enquanto o símbolo dos revolucionários exibia três. Auxílio externo Em maio de 1817, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil dólares na bagagem e três missões: 1. Comprar armas para combater as tropas de D. João VI; 2. Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro; 3. Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, e transportá-lo ao Recife, onde comandaria a revolução pernambucana, retornando em seguida a Paris para reassumir o trono de imperador da França. Porém, na data de chegada do emissário aos Estados Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando chegaram ao Brasil, os quatro veteranos de Napoleão (conde Pontelécoulant, coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet), muito depois de terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar. Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com o secretário de Estado, Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados Unidos autorizariam a entrada de navios pernambucanos em águas americanas e que também aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do movimento. SE LIGA NA DICA! Mesmo não conseguindo alcançar seus propósitos principais, a Revolução de 1817 deixou profundas marcas no governo português e na sua relação com o Brasil, assim como gerou a redistribuição das fronteiras e da administração local. http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_de_culto http://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_In%C3%A1cio_Ribeiro_de_Abreu_e_Lima http://pt.wikipedia.org/wiki/Conde_dos_Arcos http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_de_Albuquerque_Maranh%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_In%C3%A1cio_Borges http://pt.wikipedia.org/wiki/Natal http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_Jos%C3%A9_da_Costa http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_Jos%C3%A9_da_Costa http://pt.wikipedia.org/wiki/Londres http://pt.wikipedia.org/wiki/Ipojuca http://pt.wikipedia.org/wiki/19_de_maio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Flag_Pernambucan_Revolt_of_1817.svg http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B4nio_Gon%C3%A7alves_Cruz&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Filad%C3%A9lfia http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Napole%C3%A3o_Bonaparte http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Santa_Helena http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Santa_Helena http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conde_Pontel%C3%A9coulant&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Rush nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 13 HHIISSTTÓÓRRIIAA Consequências Debelada a revolução, foi desmembrada de Pernambuco a capitania do Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), tornando-se província autônoma. Essa havia sido anexada ao território pernambucano ainda na segunda metade do século XVIII, juntamente o Ceará e Paraíba, que também se tornaram autônomas em 1799. Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, como recompensa, puderam formar uma província independente. Apesar dos revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por D. João VI. A Coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das ideias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa. 10. PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL Mas o que pode ter acontecido entre a Revolução de 1817 e a Independência do Brasil, em 1822? Em 1821, iniciou-se um novo movimento em Pernambuco, quando foi organizada a Junta Constitucionalista que antecipou em um ano a independência. Nesse contexto, era possível encontrar na região uma série de elementos relacionados com a revolução de 1817. Ainda subsistiam as condições objetivas da crise e os elementos subjetivos, iluministas, expressos na Revolução do Porto, em andamento em Portugal, que difundia ideias constitucionalistas e liberais, apesar de suas contradições. O governo de Pernambuco estava nas mãos de Luís do Rego Barreto, responsável pela repressão em 1817. Muitos líderes da Revolução se encontravam em liberdade. A Junta Provisória foi formada em outubro de 1821, na cidade de Goiana, organizada principalmente por proprietários rurais – dispostos na maçonaria – e por parcelas das camadas urbanas de Recife. Na prática era um poder paralelo, na medida em que, com um discurso liberal, condenava o governo de Luís do Rego e defendia sua deposição. O movimento de caráter político se transformou rapidamente em uma luta armada, que impôs a chamada Convenção de Beberibe, determinando a expulsão do governador para Portugal e a eleição, pelo povo, de uma nova junta para administrar a província de Pernambuco. O novo governo foi formado principalmente por ex-combatentes da revolução de 1817, predominando, porém, os elementos da camada mais rica da sociedade local. Uma das medidas mais importantes do novo governo foi a expulsão das tropas portuguesas do Recife, que na prática representou o rompimento definitivo da província com Portugal. Obviamente, o governo não iria deixar “barato” mais um levante e insubordinação por parte das elites pernambucanas. O movimento representava uma ameaça aberta tanto aos interesses portugueses de recolonização, expresso nas Cortes de Lisboa, como principalmente à elite tradicional brasileira e a seu projeto moderado de independência política. O regionalismo e o sentimento de autonomia que se manifestavam na Região Nordeste contrariavam as intenções da aristocracia rural, organizada principalmente no Rio de Janeiro. Para essa elite, a independência deveria conservar as estruturas socioeconômicas e promover mudanças políticas apenas no sentido de romper com Portugal e garantir a soberania do Brasil, possibilitando, dessa forma, que essas elites exercessem, com maior liberdade, seus interesses econômicos. A manutenção da unidade territorial (ao contrário do que ocorria na América espanhola) era a forma de garantir que os interesses predominantes no Rio de Janeiro fossem igualmente predominantes em todo o Brasil. A repressão ao movimento foi articulada por José Bonifácio, junto com alguns fazendeiros de Pernambuco, que depôs a Junta em 17 de setembro de 1822. Um novo governo formou-se na província, do qual participava Francisco Paes Barreto e outros ricos proprietários, o que fez com que o governo ficasse popularmente conhecido como "Junta dos Matutos". Em 8 de dezembro de 1822, D. Pedro I foi reconhecido imperador em Recife, e a elite pernambucana passou a participar da elaboração de uma Constituição brasileira. A historiografia tradicional encara a "Formação do Estado Nacional" de forma elitizada, desprezando as guerras de independência que ocorreram em várias províncias do país. Enquanto movimentos antilusitanos se desenvolviam no Nordeste, reunia-se no Rio de Janeiro uma Assembleia Constituinte, concentrando as atenções das elites, incluindo as de Pernambuco. As discussões políticas na Assembleia deixavam antever a organização das primeiras tendências que se desenvolveriam mais tarde no país. No entanto, naquele momento, a tendência predominante foi a centralizadora, vinculada principalmente aos interesses lusitanos e apoiada sobretudo pelos portugueses residentes no Brasil, em sua maioria comerciantes, que pretendiam reverter o processo de independência. O fechamento da Constituinte foi o primeiro passo concreto para a realização desse objetivo, seguido da imposição da Constituição em 1824, autoritária e centralizadora, fazendo com que as elites provinciais vissem ruir qualquer possibilidade de autonomia. http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Para%C3%ADba http://pt.wikipedia.org/wiki/1799 http://pt.wikipedia.org/wiki/Alagoas http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=maconaria http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=jose%20bonifacio 14 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA SE LIGA NA DICA! As primeiras décadas do século XIX apresentam várias revoltadas lideradas pelas elites em Pernambuco, com alguns propósitos e causas comuns. Portanto, ver esses movimentos numa perspectiva de “longa duração” ajuda a conectar as informações e favorece o conhecimento histórico. 11. CONFEDERAÇÃO DE EQUADOR A Confederação do Equador contou com a participação de diversos segmentos sociais, incluindo os proprietários rurais que, em grande parte, haviam apoiado o movimento de independência e a ascensão de D. Pedro I ao trono, julgando que poderiam obter maior poder político com o controle sobre a província de Pernambuco. Dessa maneira, as elites agrárias da região pretendiam preservar as estruturas socioeconômicas e ao mesmo tempo chegar ao poder, até então manipulado pelos mercadores e militares de origem portuguesa, que se concentravam em Recife. No entanto, esse movimento não foi protagonizado apenas pelas elites. A necessidade de lutar contra o poder central fez com que a aristocracia rural mobilizasse parte das camadas populares. Se as camadas populares não tinham até então sua própria organização, isso não significa que não houvesse condição para organizar suas reivindicações e caminhar com as próprias pernas, questionando não apenas o autoritarismo do poder central, mas da própria aristocracia da província. SE LIGA NA DICA! A Confederação do Equador é, em grande medida, uma continuação da Revolução de 1817. A insatisfação em Pernambuco continuava. Mais uma tentativa de ser uma região autônoma e líder de uma república. A imprensa teve um papel essencial! Vamos aprender os principais jornais e seus divulgadores? Na organização do movimento, foi de grande importância o papel da imprensa, em especial dos jornais "A Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco", de Cipriano Barata e do "Tífis Pernambucano", de Frei Caneca. A eclosão está diretamente associada às demonstrações de autoritarismo do imperador na província de Pernambuco, nomeando Francisco Paes Barretocomo presidente da província, em lugar de Pais de Andrade, apoiado pelo povo. As Câmaras Municipais de Recife e Olinda não aceitaram a substituição. Em 2 de junho de 1824, foi proclamada a Confederação do Equador. O caráter separatista do movimento pretendia negar a centralização e o autoritarismo que marcavam a organização política do Brasil. A consolidação dessa situação dependia em grande parte da adesão das demais províncias do Nordeste, que viviam situação semelhante tanto do ponto de vista político como econômico. Dessa maneira, as ideias republicanas e principalmente federalistas assimiladas dos EUA serviram como elemento de propaganda junto às elites de cada província. SE LIGA NA DICA! Não esqueça: o autoritarismo da primeira Constituição do Brasil (1824) foi um fator determinante para a eclosão dessa revolta. O governo da Confederação deslocou homens para outras províncias a fim de obter a adesão de seus governantes. Foi convocada uma Assembleia Legislativa e Constituinte, cuja abertura estaria marcada para o dia 7 de agosto de 1824. Do ponto de vista político, Pais de Andrade elaborou um projeto de Constituição tendo como modelo a Constituição Colombiana. Do ponto de vista social, o projeto elaborado por Frei Caneca almejava a extinção do tráfico negreiro para o porto do Recife. Essa medida é considerada como a primeira e mais importante fissura do movimento, uma vez que atingia diretamente os interesses dos proprietários rurais. No entanto, os trabalhos preparatórios da Assembleia Constituinte foram suspensos devido à ameaça das forças de repressão. O governo provisório encabeçado por Pais de Andrade procurou adquirir armas nos Estados Unidos, garantir a adesão das demais províncias e organizar milícias populares para fazer frente às tropas monárquicas de D. Pedro I. Os presidentes das províncias do Ceará e do Rio Grande do Norte aderiram ao movimento e organizaram tropas para defendê-lo. Na Paraíba, o apoio veio das forças contrárias ao presidente Filipe Néri, fiel ao imperador, que acabou deposto. Confronto e Derrota A organização de tropas para defender a Confederação permitiu grande participação popular. Setores dessa camada já estavam organizados em "brigadas" desde 1821, compostas por mulatos, negros libertos e militares de baixa patente. Essas brigadas foram organizadas pelos líderes do movimento e acionadas em determinadas situações, porém, sob o controle das elites locais. No entanto, em vários momentos na história dos brigados houve insubordinação e radicalização, expressando não o sentimento nativista, mas a radicalização contra proprietários ou ainda a população branca. http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=cipriano%20barata http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=frei%20caneca nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 15 HHIISSTTÓÓRRIIAA Em 1823, ocorreram ataques diretos aos portugueses, que ficaram conhecidos como "mata-marinheiro" e protestos raciais, marcados pelo exemplo haitiano. Esse processo de radicalização amedrontava as elites e, por várias vezes, foram responsáveis por seu recuo na luta contra o poder central. As divisões internas ao movimento, sobretudo em relação às elites e suas tendências diferenciadas, assim como o distanciamento delas em relação à massa popular, contribuíram para a derrota do movimento. Por outro lado, havia a presença de tropas mercenárias contratadas pelo poder central, comandadas por Lord Cochrane, que cercavam a província. Essa situação foi responsável pela política vacilante de Pais de Andrade, que não aceitou os termos de rendição propostos pelo mercenário, devido, principalmente, à forte pressão que sofria das camadas baixas da população. Essa situação é reforçada quando, depois da tomada de Recife pelas tropas mercenárias, Pais de Andrade refugiou-se em um navio inglês, enquanto os elementos mais radicais resistiam em Olinda, liderados por Frei Caneca. A violenta repressão, financiada pelo capital inglês, foi responsável por debelar o movimento e prender seus principais líderes, que foram executados, dentre eles o próprio Frei Caneca. SE LIGA NA DICA! O grande símbolo da Confederação do Equador foi Joaquim da Silva Rabelo, conhecido como Frei Caneca. Sua participação em revoltas não era nova, já que esteve presente em 1817. Contudo, foi em 1824 que sua figura se destacou através de seu papel de divulgador das ideias liberais. 12. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA Para encerrar o ciclo das revoluções liberais em Pernambuco, vamos falar sobre a Revolução Praieira. Figura 9 - Revolução Praieira: o levante que se pôs contra o governo de Dom Pedro II. Na década de 1840, explode a Revolução Praieira em Pernambuco. Movimento de caráter liberal e federalista, inspirava-se no contexto das revoluções liberais, socialistas e nacionalistas que varreram a Europa no século XIX, principalmente a Revolução de 1848 na França, que promoveu a extinção do absolutismo no país (“A Primavera dos Povos”). A nível local, os revoltosos em Pernambuco se queixavam da falta de autonomia provincial (liberalismo) e repudiavam a monarquia (defendendo o republicanismo). Sem contar a rivalidade com os portugueses, que continuava bastante intensa por causa de seu controle político e econômico. SE LIGA NA DICA! Você percebeu que parte das questões que moviam a Praieira em 1848 é oriunda de revoltas anteriores? A de 1824, por exemplo, já mostrava a insatisfação com a falta de autonomia. O republicanismo, por outro lado, era ainda mais antigo, remontando ao movimento de 1817. E os conflitos com os portugueses... percebeu as permanências? O nome Praieira provinha da Rua da Praia, onde era sediado o jornal divulgador das ideias revolucionárias, de nome Diário Novo. Nele foram publicadas as principais ideias dos revoltosos, incluindo o Manifesto ao Mundo, escrito por Borges da Fonseca, que apresentava as seguintes reivindicações: » Voto livre e universal; » Liberdade de imprensa; » Garantia de trabalho; » Nacionalização do comércio; » Instalação de uma República. As ideias eram influenciadas pelos escritos de socialistas na Europa. No entanto, devido à resistência 16 nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. HHIISSTTÓÓRRIIAA de grupos aristocráticos em Pernambuco, algumas propostas foram reformuladas, perdendo o caráter socialista do movimento, embora mestiços, escravos libertos e índios tenham participado da Praieira. Entre os principais líderes, havia o capitão Pedro Ivo e o intelectual General Abreu e Lima. As difíceis condições econômicas e sociais na província e a alta concentração fundiária estiveram no cerne do movimento, o que dá cores mais populares à revolta, ao contrário das anteriores, em que havia a predominância esmagadora das elites pernambucanas. SE LIGA NA DICA! A Praieira não chegou a ser radicalmente uma revolta socialista! Foi uma luta por liberdade, mudanças sociais e políticas, por melhorias das condições de vida, contra o encarecimento de gêneros de primeira necessidade, do monopólio do comércio pelos portugueses e da grande concentração de terras. Eis os principais propósitos da revolução. Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a nomeação de um presidente de província conservador mineiro para conter a ação dos liberais pernambucanos. Revoltados com essa ação autoritária do poder imperial, os praieiros pegaram em armas e tomaram a cidade de Olinda. A essa altura, um conflito civil, contando com o apoio de grandes proprietários, profissionais liberais, artesãos e populares, tomou conta do estado. Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade de Recifee entraram em novo confronto com as forças imperiais. Nesse período, o insurgente Pedro Ivo surgiu como um dos maiores líderes dos populares. Entretanto, a falta de apoio de outras províncias acabou desarticulando o movimento pernambucano. No ano de 1851, o governo imperial deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de oitocentas baixas. 13. ESCRAVIDÃO: CRISE, RESISTÊNCIA E ABOLIÇÃO Desde o crescimento da produção do açúcar no século XVI, populações foram sendo retiradas de suas regiões naturais da África e transferidas ao Brasil por meio do tráfico de escravos, em especial a Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Sua presença se fazia perceber facilmente na sociedade colonial, perpassando os séculos até chegar ao Brasil independente, momento no qual a mão de obra esteve direcionada, sobretudo, para a produção cafeicultora. Entretanto, a escravidão estava sendo pressionada na Europa do século XIX, criticada pelos seus valores e combatida por diversas nações. Os africanos escravizados, transportados como mão de obra para o Brasil, também resistiram às imposições dos europeus. As resistências de escravos se manifestaram de diversas formas e em diferentes períodos, abarcando desde lutas armadas, como a Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia no ano de 1835, até as constantes fugas. Na Capitania de Pernambuco, que abrangia o atual estado de Alagoas, ocorreu a maior resistência escrava do período colonial: o Quilombo dos Palmares. Comunidade formada por escravos fugidos e resgatados das terras de senhores de cativos, eles formaram uma sociedade de apoio mútuo que atuava também em ataques e roubos nas urbes coloniais durante os séculos XVI e XVII. Seu principal representante foi Zumbi, reconhecido pela resistência e luta dos afrodescendentes contra a escravidão no Brasil, capturado por um missionário português. Entretanto, conseguiu fugir e agregou a revolta dirigida pelos quilombolas. Palmares se localizava na Serra da Barriga, no atual Estado de Alagoas. O tamanho da organização desse grupo era tanto, que o quilombo resistiu por um século às tentativas de destruição do reduto de escravizados. Por diversas vezes, o governo português havia enviado tropas para combater a resistência escrava, porém enfrentando sucessivas derrotas, o que levou à contratação dos bandeirantes, comandados por Domingos Jorge Velho, o ferrenho paulista que conseguiu, através de sua tropa particular, desarticular os cativos. ► Você sabe o que é o tráfico de escravos e suas consequências para a formação do Brasil? O tráfico de escravos que nos interessa entender se refere ao complexo comercial que transportava homens, mulheres e crianças do continente africano para territórios americanos entre os séculos XVI e XIX. Em vista disso, a sociedade brasileira foi fortemente influenciada pelos valores do sistema escravista, bem como pelas características culturais dos povos transportados para o Novo Mundo. http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-praieira.htm nuceconcursos.com.br Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 17 HHIISSTTÓÓRRIIAA A colonização portuguesa na América exigiu o incremento de mão de obra escrava para atuar nas principais áreas de produção econômica exportadora do período colonial, movida pelo açúcar e os metais preciosos. Mesmo após a independência em 1822, o Brasil continuava essencialmente um país dependente da escravidão, voltada para a cafeicultura. Portanto, os africanos escravizados e, por extensão, o comércio de gente transatlântico eram primordiais para o funcionamento da economia brasileira. Transportadas por meio de tumbeiros (navios especializados no tráfico negreiro), milhões de pessoas foram desembarcadas na América na condição de escravas. Os portos do Recife, Salvador e Rio de Janeiro foram por excelência os locais de recepção desse contingente humano no Brasil. Na figura abaixo, é possível ver a representação de um navio negreiro, com destaque para o local de transporte dos africanos escravizados. Figura 10 - Fonte: https://oficinaodm.wordpress.com/os- miseraveis/historia/navios-negreiros/ Já imaginou como é ser transportado nessa situação? Veja algumas informações que relatam a situação dessas pessoas. As condições nos tumbeiros eram bastante precárias, sobretudo em termos higiênico-sanitários. Em geral, 400 a 600 negros eram transportados em compartimentos sem nenhuma ventilação. Além disso, o pouco fornecimento de alimentação gerava deficiências no quadro clínico dos africanos, como a falta de Vitamina C a proliferação da doença chamada escorbuto. Os porões dos tumbeiros eram verdadeiros focos de disseminação de epidemias. Todos esses elementos provocavam sérios danos e mortes durante as viagens, que duravam em torno de 2 a 5 meses. Em alguns casos, 20% da população de escravizados não resistia à travessia atlântica. As principais regiões de aquisição de escravos na África se localizavam especialmente na parte ocidental do continente, em locais como Guiné, Congo, Angola, Moçambique e Costa do Marfim/Mina. No século XIX, a Inglaterra exerceu forte pressão contra o sistema escravista. Após 1822, ela estabeleceu o fim do tráfico negreiro como uma das exigências para o reconhecimento da emancipação do Brasil. Assim, o tratado de 3 de novembro de 1826 fixou o prazo de três anos para a sua completa extinção. O tráfico passou a ser considerado, a partir de então, ato de pirataria, sujeito a punições. Finalmente, em 7 de novembro de 1831 – com atraso de dois anos em relação ao estipulado pelo tratado de 1826 –, uma lei formalizou esse compromisso. Apesar das crescentes pressões britânicas, o tráfico continuou com pouca fiscalização no Brasil. E a razão era simples: a economia brasileira, desde a época colonial, estava assentada no trabalho escravo. Em tal circunstância, a abolição do tráfico criaria enormes dificuldades à economia, comprometendo as suas bases produtivas. Várias leis retardaram a definitiva abolição do regime escravista. As principais foram: » Lei Bill Aberdeen (1845): o Parlamento britânico aprovou uma lei, chamada Bill Aberdeen, conferindo à Marinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro no oceano Atlântico e fazer os traficantes responderem diante do almirantado ou de qualquer tribunal do vice-almirantado dos domínios britânicos. » Lei Eusébio de Queirós (1850): decretou a extinção do tráfico negreiro no Brasil. » Lei do Ventre Livre/ Rio Branco (1871): declarou serem livres os filhos de escravos nascidos a partir da data da lei. » Lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários (1885): determinava a liberdade dos escravos com mais de 60 anos. Os limites dados às leis eram evidentes. Por exemplo, embora em 1871 o governo brasileiro tivesse implementado uma ordem para impedir a escravidão dos filhos de escravos, isso não ocorreu na prática, pois essa nova geração ainda ficava vinculado ao senhor de seus pais por mais de duas décadas. Já a lei dos Sexagenários assegurava a libertação de escravos com uma idade pouco provável de ser alcançada por aqueles que trabalhavam exaustivamente durante sua vida. Assim, a abolição foi protelada pelas elites tradicionais e escravocratas brasileiras, que no século XIX foi cada vez mais se concentrando na região sul e sudeste. A abolição foi finalmente assinada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, que, na ausência de D. Pedro II, assumiu a regência, promulgando a Lei Áurea e declarando proibida a escravidão no Brasil. Você sabia que existiram pernambucanos envolvidos no processo de abolição da escravatura no Brasil? Vejamos um panorama geral para depois focarmos em Pernambuco. No Rio de Janeiro, no ano de 1880, os abolicionistas fundaram duas sociedades para organizar
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