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nuceconcursos.com.br 
Todos os direitos reservados ao NUCE. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra. 
1 
 
HHIISSTTÓÓRRIIAA 
1. A OCUPAÇÃO DA AMÉRICA 
 
 
Você já se perguntou como a América começou a 
ser habitada? 
Primeiramente, devemos ter a noção de que as 
explicações sobre períodos muito remotos da história 
ficam na base das hipóteses e não de verdades únicas e 
fechadas. Assim, temos pelo menos três teorias 
(hipóteses) sobre como se deu o processo de 
povoamento do continente e, consequentemente, do 
atual estado de Pernambuco. São elas: 
 
► Estreito de Bering 
► Ilhas do Pacífico 
► Autoctonismo 
 
 
 
 Figura 1 - Fonte: 
http://ligadosnahistoria.blogspot.com/2010/04/o-povoamento-da-
america.html 
 
O mapa acima ajuda a ilustrar o nosso pensamento. É 
muito forte entre os pesquisadores a ideia de que o 
homem tenha surgido na África, visto que ali existem 
os vestígios mais antigos até então encontrados sobre 
as atividades humanas. Partindo dessa explicação, 
surgem as duas primeiras e mais bem aceitas hipóteses 
sobre o povoamento da América. 
 A primeira e mais importante diz que, através de 
intensas migrações, o homem se deslocou por 
milhares de anos, saindo da África, chegando à Ásia e, 
por meio do Estreito de Bering, fez o caminho em 
direção ao nosso continente. Isso foi possível graças 
ao fenômeno climático conhecido como glaciação, que 
é caracterizado pela diminuição intensa na 
temperatura, que, por sua vez, aumenta as massas de 
gelo da Terra e gera a diminuição do nível do mar, 
permitindo que o solo apareça em alguns espaços, 
como no Estreito de Bering, favorecendo a circulação 
de pessoas pela região. De acordo com essa hipótese, 
o povoamento se iniciou pela América do Norte 
(número 1 do mapa). 
 A segunda hipótese, um pouco menos aceita na 
comunidade acadêmica, fala sobre a mesma imigração 
oriunda da África em direção à Ásia, porém, ao invés 
do deslocamento ter seguido para o norte do 
continente, ele foi em direção ao sul, alcançando a 
região atual conhecida como Austrália e, por meio das 
várias ilhas situadas no Oceano Pacífico, o homem 
conseguiu chegar à América. Por essa teoria, o 
povoamento foi iniciado pela América do Sul (número 
2 do mapa). 
A última hipótese defende a ideia de que o homem 
não migrou para a América, mas surgiu no próprio 
continente. Nesse sentido, ele seria autóctone (quem 
nasce na região) e não alóctone (quem não tem suas 
origens no lugar onde habita). A teoria, no entanto, 
não é bem aceita, visto que, como dissemos, os 
registros mais antigos das atividades humanas se 
encontram na África e não na América. 
 
 Portanto, agora você já sabe quais são as principais 
explicações sobre o povoamento da América. 
 
 CUIDADO: Existe a possibilidade de que as duas 
primeiras rotas de migração possam ter ocorrido em 
um período temporal próximo, de modo que possam 
ter sido complementares ao invés de excludentes. É 
mais uma hipótese! 
 
 SE LIGA NA DICA! 
Essas explicações ou mesmo a ordem de importância 
sobre o povoamento da América podem ser 
modificadas com o tempo, por causa do 
desenvolvimento científico e a descoberta de novas 
provas sobre o passado. Existe, no Brasil, uma 
corrente de pesquisadores que defende a chegada do 
homem pela América do Sul, pois registros muito 
antigos foram encontrados na nossa região. Isso abriu 
um intenso debate para se rediscutir a questão das 
migrações humanas. 
 
2. A PRÉ-HISTÓRIA DO ESTADO DE 
PERNAMBUCO 
 
 
 Você sabia que no estado de Pernambuco existe 
uma das maiores e mais importantes áreas de 
registros humanos do Brasil para o período que 
antecede a chegadas dos portugueses? Vejamos 
quais são. 
 Esses lugares são chamados de sítios arqueológicos. Você 
já ouviu falar? Provavelmente sim. De acordo com 
pesquisadores da Universidade Católica de 
Pernambuco (UNICAP), o sítio arqueológico é um 
local onde se encontram registros de indivíduos ou 
grupos de indivíduos significativos para a história ou 
pré-história do homem. A área arqueológica é formada 
por um conjunto de sítios cujos registros humanos são 
de uma enorme riqueza e importância para 
pesquisadores. Uma das principais artes conservadas 
ao longo de milhares de anos é a chamada pintura 
rupestre, entendida como representações artísticas 
realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de 
cavernas e abrigos rochosos, conforme a imagem 
abaixo: 
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
 
 
 Figura 2 - Fonte: 
http://chicohistoriador.blogspot.com/2010/06/tradicao-
nordeste.html 
 
 É através desses registros que pesquisadores 
investigam e conhecem as características socioculturais 
das populações nativas, como as suas organizações 
sociais, alimentação, cenas de caça, ritos fúnebres, 
formas de sobrevivência, trabalhos, vida familiar, entre 
outros. Portanto, os sítios e seus registros (pinturas, 
materiais, ferramentas, etc.) são os principais locais 
para a compreensão das atividades humanas antes da 
chegada dos europeus. 
 
 O atual estado de Pernambuco detém o segundo 
maior parque arqueológico (espaço de conservação de 
registros humanos) do país, conhecido como Parque 
Nacional do Catimbau, localizado entre o sertão e 
agreste, nos municípios de Buíque, Ibimirim e 
Tupanatinga. Ele abriga cerca de 30 sítios com 
diversas pinturas rupestres, com diferentes técnicas e 
estilos. Esse parque é menor apenas do que o Parque 
Nacional Serra da Capivara, no Piauí. 
 
 
 Vejamos os principais sítios existentes em 
Pernambuco: 
 
Nome do sítio Localização 
Peri-Peri Venturosa 
Pedra do Tubarão Venturosa 
Alcobaça Buíque 
 
 Todos os sítios arqueológicos citados acima se 
encontram nas regiões do agreste e sertão 
pernambucano. Por que será? O clima mais árido 
favorece o menor desgaste dos registros, sobretudo as 
pinturas, que conseguem permanecer conservadas por 
um tempo mais longo se compararmos com as regiões 
onde as chuvas são torrenciais. Todavia, é 
INCORRETO afirmar que APENAS existem 
registros históricos sobre a ocupação humana no 
interior do estado, muito embora aí se observe a sua 
maior concentração. 
 
 
3. CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS DAS 
POPULAÇÕES INDÍGENAS 
 
 
Você já parou para pensar o que significa a 
palavra índio? Quais os valores em torno dessa 
nomenclatura? Como e por que ela foi criada? A 
resposta dessas questões reside na forma como os 
europeus perceberam e assimilaram o conjunto de 
características sociais e culturais das populações que 
viviam na América antes da chegada dos europeus. 
O índio não é apenas uma forma de nomear o nativo 
americano. Ele invoca valores e imposições culturais. 
Mas como assim? Primeiramente, sabemos que o 
termo “índio” era usado para designar os habitantes da 
Índia, na Ásia. Porém, os europeus acreditavam 
inicialmente que a América era a Índia e, portanto, 
nomearam seus homens e mulheres por índios. 
Todavia, mesmo após entender que não era a mesma 
região, portugueses e espanhóis continuaram a chamar 
os habitantes locais de índios para designar o outro, o 
diferente, aqueles que tinham comportamentos 
culturais muito distintos dos europeus. 
 
Nesse jogo de interpretação e nomeação, o termo 
“índio” esconde a diversidade de populações nativas, 
já que os europeus as julgavam iguais. É certo que a 
ideia mais generalizada do que é o índio surgiu de 
acordo com os primeiros contatos dos europeus com 
aqueles situados no litoral. De modo geral, eles eram 
caçadores, coletores e seminômades, viviam em 
grupos e dependiam da natureza para sobreviver, a 
exemplo dos sambaquis que se alimentavam dos 
animais marinhos. Boa parte desses nativos conviviam 
com práticas de antropofagia, em virtude das guerras 
entre populações diferentes e de seus prisioneiros. Um 
ritual específico era realizado, demonstrando o poder 
da guerra na cultura indígena, definidora dos prestígios 
inerentes aos homensdas regiões vencedoras. Porém, 
outros termos também eram comumente utilizados 
pelos portugueses para se referirem aos nativos da 
América, como o Tupi. 
 
Você sabe o que é o Tupi? 
 
Os grupos indígenas litorâneos, não raros inimigos 
entre si, foram nomeados genericamente pelos 
portugueses de Tupis, ao contrário daqueles que se 
situavam no interior, tidos como bravos e ferozes à 
ação evangelizadora dos jesuítas. Estes eram os 
Tapuias. Portanto, na visão dos estrangeiros, existiam 
duas grandes divisões dos ameríndios: Tupis e 
Tapuias. 
 
Com o passar da colonização, as definições foram 
assumindo novas classificações. Dentre elas, destaca-se 
a separação por tronco linguístico, comumente usada 
na época, a exemplo dos Tupis-Guaranis, Jês, 
Aruaques, entre outros. Veja o mapa abaixo: 
 
 
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3 
 
HHIISSTTÓÓRRIIAA 
 
 
 Figura 3 - Fonte: 
http://historiaemfocoslsm.blogspot.com/2011/12/povos-
indigenas-no-brasil.html 
 
 Outras divisões também foram realizadas, como as 
que privilegiavam as diferenças culturais, o que mostra 
os aspectos distintivos entre os grupos. Tupiniquim, 
Potiguar, Caetés e Aimorés são algumas das 
designações das populações indígenas pelos seus 
traços culturais. Em Pernambuco, prevaleceram os 
povos Caetés, Potiguar e Tabajara. Eles fizeram 
alianças e guerras com os portugueses no processo de 
colonização local. 
 
 Os grupos nativos do litoral do Brasil, em geral, se 
reuniam em aldeias com milhares de integrantes, 
unidos por laços de parentesco ou amizade. As 
atividades guerreiras assumiam um papel fundamental 
na organização dessas populações indígenas. O ritual 
da antropofagia era o reflexo da cultura guerreira, visto 
que os prisioneiros capturados nas batalhas eram 
utilizados para alimentar a sede de vingança por novos 
enfrentamentos. Os guerreiros que capturavam um 
inimigo tinham seus corpos marcados para demonstrar 
sua distinção aos demais, recebendo uma série de 
regalias por bravura e valentia. Em geral, as divisões 
nas mesmas comunidades eram regidas pela idade e 
sexo. Líderes e orientadores espirituais eram 
comumente chamados de pajés, enquanto que os 
militares eram caciques. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
Quando uma questão se referir ao índio, não pense 
nessa categoria como um grupo único, unido e 
homogêneo. O termo esconde a diversidade e 
pluralidade dos nativos americanos. 
 
 
 
 
 
 
4. A CAPITANIA DE PERNAMBUCO 
 
 
Já se perguntou como surgiu Pernambuco? Quem 
dividiu o território e quem inicialmente colonizou 
a região? Vejamos essa questão agora. 
Após os trinta primeiros anos de presença portuguesa 
na América, D. João III, rei de Portugal, voltou-se 
definitivamente para sua colonização. Receoso das 
constantes visitas de piratas e corsários, entre eles 
franceses e holandeses, D. João III resolveu dirigir 
para a América estratégias de colonização. Para tanto, 
seria preciso realizar altos investimentos na construção 
de cidades, fortalezas, instituições e portos, além de 
um exército humano que se deslocasse para o “além-
mar”, a fim de iniciar a exploração territorial. Assim, o 
vasto projeto de colonização exigiria recursos 
exorbitantes. 
 
Na tentativa de minimizar os custos, instalaram-se a 
partir do ano de 1534 as capitanias hereditárias, 
projeto já conhecido e desenvolvido nas possessões 
portuguesas insulares da África ocidental, cuja função 
era repassar aos particulares o custeio com a 
colonização, já que Portugal não tinha condições de 
arcar sozinho com essa despesa. As obrigações e 
deveres repassados aos donatários, isto é, os principais 
administradores das capitanias, estavam reunidas no 
Foral. 
 
SE LIGA NA DICA! 
 
 Veja a seguir alguns direitos e deveres contidos no Foral: 
• Fundar vilas; 
• Distribuir sesmarias (lotes de terra concedidos para 
colonos); 
• Exercer a atividade judicial e administrativa; 
• Escravizar indígenas; 
• Defender o território; 
• Arrecadar o monopólio régio do pau-brasil. 
 
 A Carta de Doação, por sua vez, repassava oficialmente 
a posse da região ao donatário, com seus respectivos 
limites geográficos, cabendo a ele povoar, colonizar e 
defender a capitania, não permitindo sua venda nem 
sua repartição. Entretanto, assegurava o direito de 
repassá-la hereditariamente. 
 
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
 
 
 Figura 4 - Fonte: 
https://historiaprimeiroanoblasallesp.wordpress.com/2015/11/27/
capitanias-hereditarias-alessandro-marega/ 
 
As fronteiras e divisões políticas sofreram 
mudanças ao longo do tempo. Atenção para a 
formação original, do século XVI, e em algumas 
de suas transformações: 
Em Pernambuco, a administração ficou sob 
responsabilidade de Duarte Coelho Pereira. Segundo a 
Carta de Foral, a extensão da capitania de Pernambuco 
teria como limite ao sul o Rio São Francisco; ao norte, 
o rio Igarassu, atualmente conhecido como Canal de 
Santa Cruz que separa a ilha de Itamaracá do 
continente; a oeste, a posse iria até onde permitia o 
Tratado de Tordesilhas. Essa configuração geográfica 
reunia cerca de 60 léguas de terra, tendo uma feição 
parecida com a imagem acima. 
 
Entretanto, esses limites foram recebendo novos 
contornos à medida que a colonização se ampliava, os 
engenhos eram construídos (ou destruídos), as vilas 
cresciam e os índios eram submetidos ao domínio 
português. No século XVIII, a Capitania de 
Pernambuco englobava praticamente todo o registro 
do rio São Francisco (chamada Comarca do São 
Francisco), além da ampla jurisdição que obtivera 
sobre territórios como Ceará, Rio Grande do Norte, 
Paraíba e Itamaracá, chamadas então de “capitanias 
anexas” a Pernambuco, que na prática estendia 
significativamente as suas fronteiras político-militares, 
como pode ser visto na imagem abaixo. A região, 
todavia, veio a sofrer uma série de recortes em seu 
território em função das várias revoltas eclodidas no 
século XIX, conforme veremos nos capítulos 
posteriores. 
 
 
Figura 5 - Fonte: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_Pernambuco#/media/
File:Nordeste_brasileiro_-_1709_(cropped).svg 
 
O capitão-donatário de Pernambuco se transferiu para 
a América trazendo sua esposa, D. Brites de 
Albuquerque, seus filhos, parentes e colonos dispostos 
a explorar o território. Muitos deles receberam lotes de 
sesmarias que estimularam o povoamento e dispersão 
de colonizadores pela extensa capitania. 
 
A instalação de feitorias e a existência de povoações de 
europeus no entorno de Itamaracá levou Duarte 
Coelho e sua comitiva a descer por aquela região. Em 
seguida, atravessou o rio Igarassu e fundou, nessa 
região, o primeiro povoado da capitania, no ano de 
1535. Construiu fortes, moradias e a considerada igreja 
mais antiga do Brasil, chamada Igreja dos Santos 
Cosme e Damião, até hoje existente no atual 
município de Igarassu. 
 
SE LIGA NA DICA! 
O primeiro povoado de Pernambuco foi Igarassu, 
seguido de Olinda. Apenas no começo do século 
XVII, Recife se tornou uma vila (no contexto da 
Guerra dos Mascates), embora seu povoamento tenha 
sido muito anterior. 
 
Em seguida, deslocou-se para a região mais ao sul, nela 
fundando o Colégio Jesuíta, igrejas, a Câmara 
municipal e uma cadeia, e dando-lhe o nome de 
Olinda. Esta se tornou a sede da capitania, onde se 
instalaram as autoridades civis e eclesiásticas, bem 
como foi o local onde se construiu a moradia dos 
senhores de engenho. 
 
Você já notou que algumas cidades históricas 
brasileiras se parecem bastante entre si? 
 
Isso porque Portugal tinha um projeto e planejamento 
arquitetônico de construção de cidades e vilas. Olinda 
fora escolhida como sede da capitania porque tinha o 
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
perfil idealizadopelos portugueses. A localização em 
um ponto alto do relevo litorâneo, estratégico para a 
construção dos fortes defensivos, oferecia uma visão 
privilegiada que permitia monitorar os navios que 
entravam e saíam, além da movimentação de pessoas 
na parte baixa da vila. Isso sem contar as várias igrejas 
erguidas nesses espaços. Cidades como Salvador e 
Ouro Preto têm um desenho urbanístico parecido 
com Olinda, pois representam um ideal português de 
organização arquitetônica, diferente do Recife que se 
aproxima mais da Holanda. 
 
Você sabia que a aliança com os índios foi um 
fator determinante para a fixação da colonização 
portuguesa em vários lugares do litoral no século 
XVI, incluindo Pernambuco? Vamos entender 
melhor como isso ocorreu. 
 
Duarte Coelho teve muitos problemas com os índios 
habitantes do litoral de Pernambuco, os quais 
resistiram bastante às incursões dos portugueses. A 
aliança com as populações nativas se tornou uma 
importante estratégia de fixação local, através do qual 
tiveram acesso à terra, bem como estabeleceram 
relações de autoajuda militar que auxiliava na defesa da 
região. Como isso ocorreu? Ora, vimos que os índios 
tinham uma cultura guerreira. Os portugueses 
aproveitaram esse fato para estabelecerem alianças 
com grupos que aceitaram apoio nas suas guerras. Isso 
sem contar a prática do escambo (troca de produtos) 
que chamou a atenção de algumas populações. 
 
A dependência dos portugueses em relação às alianças 
com os grupos indígenas era tamanha que o povoado 
de Olinda surgiu no entorno de uma aldeia dos Caetés, 
realidade não diferente de várias vilas e cidades na 
América portuguesa do século XVI. Outra estratégia 
de aliança foi através de casamentos, sendo a figura 
mais expressiva a de Jerônimo de Albuquerque, 
cunhado do donatário, que se casou com a filha de um 
cacique dos Tabajaras, trazendo esse povo para o lado 
dos portugueses, visto que na cultura dos índios o 
casamento era um tipo de demarcação de alianças. 
Esse mesmo Jerônimo é tido como o “Adão 
Pernambucano”, em função dos inúmeros 
amancebamentos que realizou no Pernambuco 
colonial e, portanto, da produção de extensas redes de 
amizade e parentesco com os nativos da América. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. A ECONOMIA E A SOCIEDADE 
AÇUCAREIRA 
 
 
 Você sabe o papel da produção de açúcar no 
crescimento da colônia? De que modo ela 
movimentou a economia e a sociedade? Seguimos 
avançando no tempo e na história sobre a 
formação de Pernambuco... 
 
 A economia açucareira foi a base da colonização 
portuguesa na América. Desde o início, Portugal 
procurava estimular o povoamento da região recém-
descoberta através da produção do açúcar, buscando 
fixar os colonos na terra, que até então servia 
principalmente de extração do pau-brasil nas feitorias 
espalhadas pelo litoral. 
 
 O povoamento de europeus deveria ser sustentava a 
partir de bases econômicas que oferecessem vantagens 
aos novos colonos. A opção mais rentável foi pela 
empresa açucareira, já que o esperado metal precioso 
não foi rapidamente encontrado no Brasil. 
 
Você já deve ter ouvido falar que as duas 
capitanias que prosperaram foram Pernambuco e 
São Vicente, correto? Mas por quê? 
 
A conhecida prosperidade que acompanhou o 
crescimento das capitanias de São Vicente e 
Pernambuco teve base na adaptabilidade das mudas de 
plantação de açúcar. O clima e o solo fértil, além das 
imensas terras, foram determinantes na organização 
das primeiras vilas e cidades coloniais, as quais 
cresceram na dependência da produção desta 
especiaria. Entretanto, das duas capitanias que 
prosperaram, Pernambuco foi ainda mais longe (São 
Vicente encontrou dificuldades no começo do XVII e 
já não apresentava os lucros de anos anteriores), 
chegando a ser o maior produtor de açúcar do mundo 
em fins do século XVI, concorrendo com o 
Recôncavo Baiano, contexto de grande lucratividade 
para os portugueses. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
A produção açucareira viabilizou a colonização 
portuguesa do litoral, especialmente em Pernambuco. 
 
Em Pernambuco, Duarte Coelho, desde os primeiros 
anos de assentamento na região, estimulava o plantio 
de açúcar. Tanto é que, em 1535, já nasciam os 
primeiros engenhos, crescendo vertiginosamente nas 
décadas posteriores. Os dados numéricos 
exemplificam esse crescimento: 
 
Década Quantidade de engenhos 
1550 4 
1570 30 
Fins do XVI 140 
 
Portanto, concurseiro, você nota o rápido e grande 
crescimento de engenhos estimulados pelo clima 
favorável, pelo solo de massapê e pelas alianças com 
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
os indígenas locais. Nesse sentido, a empresa do 
açúcar ganhou intensa expansão, ampliando-se 
rapidamente para o Ceará, Rio Grande do Norte, 
Paraíba e Bahia. 
 
Mas você sabia que a economia açucareira foi 
muito além da produção e da vida nos engenhos? 
Ela também gerou reflexos em vários setores 
comerciais, políticos, sociais e culturais... 
 
Acontece que juntamente com esse alargamento e 
predomínio das zonas canavieiras, surgiram vilas e 
cidades que projetavam e refletiam a vida dos 
engenhos e das senzalas. O alargamento do plantio 
açucareiro estimulou o crescimento de atividades 
paralelas, a exemplo da produção de subsistência, em 
especial da farinha de mandioca, principal alimento 
dos escravos. A pecuária foi multiplicada pela 
necessidade da sua força motriz utilizada nas moendas, 
bem como nos transportes. Portos foram ganhando 
cada vez mais circulação de pessoas e mercadorias, 
dinamizando as atividades locais e fortalecendo o 
crescimento de certas regiões. Nesse sentido, a 
empresa colonial girava em torno da cana e se estendia 
por vários setores da colônia: formação de vilas e 
cidades, defesa do território, relações entre grupos 
sociais. 
 
Sabe o que foi a Plantation? 
 
A produção de açúcar esteve baseada no esquema da 
Plantation, definida pela exportação de um determinado 
gênero (monocultura), criado em larga escala, 
utilizando imensos latifúndios, com base na mão de 
obra escrava. 
 
SE LIGA NA DICA! 
Os tópicos que definem a produção com base na 
Plantation são: 
 
• Latifúndio (grandes extensões de terra) 
• Monocultura (predominância de produção de uma 
cultura/produto) 
• Exportador (voltada para o mercado externo) 
• Escravocrata (a mão de obra básica é o escravo) 
 
 E a sociedade? Qual a relação com a economia 
açucareira? 
 
 As principais camadas definidas em razão da produção 
açucareira foram os senhores de engenho e os 
escravos. Estes últimos foram bastante impulsionados 
por aquela atividade econômica, reconhecida como 
sua principal força motriz. Os senhores viviam em 
suas casas grandes, junto com familiares, agregados e 
escravos domésticos, enquanto que o escravo da 
lavoura residia nas senzalas. 
 
 O desenvolvimento do açúcar permitiu a 
diversificação de grupos sociais, como na área das 
artes liberais (sapateiro, carpinteiro, alfaiate, pescador, 
entre outros), que se proliferaram nos espaços urbanos 
e deram tom à dinâmica econômica das áreas 
adjacentes aos engenhos. Ao mesmo tempo, 
desembarcavam em Pernambuco escravos de várias 
etnias africanas, utilizados como mão de obra nas 
lavouras. Eles constituíam elementos fundamentais na 
produção açucareira, responsáveis pela fabricação e 
transportes das sacas. O tráfico de escravos, fenômeno 
que envolvia a compra, deslocamento e venda de 
escravos entre África e Brasil, encontrou ambiente 
bastante favorável em Pernambuco, depositando 
milhões de africanos como mão de obra para a 
produção local e fomentando o porto do Recife 
devido à lucratividade derivada do comércio de 
cativos. 
 
 
 
 Figura 6 - Pequena ilustração de um engenho. Fonte: 
http://pt.slideshare.net/QuedmaSilva/engenho-de-acar-36398131 
 
 Possuir escravos, nessa sociedade, era um grande sinal 
de prestígio e poder, servindo, em algumas situações, 
como produtosde exibição. Já os senhores eram 
detentores de comportamentos associados à fidalguia 
portuguesa, sendo vistos, a partir do século XVII, 
como membros da “nobreza da terra”, em função dos 
serviços de colonização e expulsão dos invasores 
neerlandeses. Seus trajes, participação em cerimônias e 
controle da administração e política local revelam o 
poder que era investido a essas pessoas, que estão na 
base da formação do patriarcalismo, concentração de 
terras e rendas ainda persistente no Brasil. 
 
 
 
Figura 7 - Representação da relação senhor e escravo. Fonte: 
http://www.fcnoticias.com.br/senhor-de-engenho-e-escravos/ 
 
Portanto, a economia açucareira assumiu um papel 
fundamental nos primeiros passos de construção das 
sociedades coloniais, bem como na fixação de colonos 
e na exploração da terra que visava, sobretudo, 
enriquecer a metrópole, com a mercadoria sendo 
monopolizada e exportada pelos comerciantes régios. 
O Brasil se tornou, a partir de então, uma região 
açucareira de grandes latifúndios. Pernambuco, em 
especial, dependerá por séculos da exportação desse 
 
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produto, embora tivesse importância também a 
plantação de mandioca e algodão. 
 
Em virtude da invasão holandesa (1630-1654) e do 
descobrimento de metais preciosos em Minas Gerais 
em fins do século XVII, as vilas açucareiras foram 
perdendo de destaque, agravadas por sucessivas crises 
e o enfraquecimento da aristocracia local, a qual 
progressivamente foi perdendo espaço para a atuação 
de comerciantes na costa brasileira. 
 
E qual seria o papel das instituições eclesiásticas 
na colonização do Brasil? 
 
A colonização portuguesa no continente americano foi 
acompanhada de perto pela instalação de instituições 
europeias, como forma de projetar na colônia uma 
administração, justiça e religião similares às 
metropolitanas. A título de exemplo, as câmaras eram 
órgãos surgidos nas vilas e cidades coloniais com o 
intuito de implantar e reproduzir funções da 
administração portuguesa dentro da colônia, com o 
funcionamento gerido, sobretudo, pela “nobreza 
colonial”. 
 
Os representantes da igreja tridentina também se 
fizeram presentes na conquista portuguesa. A própria 
justificativa da colonização esteve atrelada à 
catequização de novos fiéis no Novo Mundo, 
ensinando-lhes o “caminho da salvação” e 
aumentando a quantidade de católicos através do 
processo de conversão dos indígenas. Os jesuítas eram 
os missionários por excelência, responsáveis não 
apenas pela catequização, mas, também, pelo ensino 
básico das elites. 
 
Aqui se situa um ponto de debate e intensas disputas 
na sociedade colonial. Isso porque os jesuítas tinham a 
missão de catequizar os indígenas, ou seja, educá-los e 
instruí-los para se adequarem aos padrões de 
comportamento social e religioso baseados nas 
concepções da Igreja Católica. Contudo, a ação 
missionária encontrou grande resistência dos colonos, 
pois estes desejavam a escravização das populações 
nativas por serem mão de obra mais barata e rápida do 
que os africanos escravizados e transportados pelo 
oceano Atlântico. O governo português se posicionou 
ao lado dos missionários jesuítas ao proibir o 
cativeiro de índios, a não ser daqueles que 
continuavam a resistir à colonização. Nesse caso, 
muitos grupos locais contrários à presença de colonos 
foram escravizados com base no ideal medieval de 
“guerra justa”. 
 
O crescimento de igrejas, capelas e irmandades mostra 
a preocupação em educar a população nos moldes 
eclesiásticos católicos portugueses. O ensino 
tridentino era a chave para organização da população 
nativa nos preceitos e valores europeus, incluindo a 
exploração e trabalho forçado. As ordens religiosas 
também estiveram presentes na colonização do Brasil, 
e exemplo dos já comentados jesuítas, mas também da 
atuação dos oratorianos, carmelitas, franciscanos, entre 
outros. 
 
 
Já ouviu falar da Inquisição? Sabe qual era a sua 
função? 
 
O órgão de repressão e coerção máximo aos hereges 
na Idade Moderna para combater os pecados e 
“crimes de fé” era a Inquisição, também conhecida 
como o Tribunal do Santo Ofício. Ela tinha a função 
de punir os que estivessem envolvidos em casos 
heréticos, como sodomia, bigamia, além dos casos de 
judaísmo na América. Isto é, combatia qualquer tipo 
de comportamento diferente do católico. As punições 
eram amplas, desde o degredo até a morte do acusado. 
No Brasil, não existiu efetivamente um tribunal da 
Inquisição, mas sim visitações de representantes do 
Santo Ofício que ouviam as confissões e denunciações 
para o julgamento final. Elas ocorreram em períodos 
esporádicos nos séculos de colonização. Em seu 
tempo de atuação, a Inquisição prendeu mais de mil 
pessoas e mandou 29 para a fogueira. Seu maior alvo 
eram os cristãos-novos, grupo bastante atuante na 
sociedade colonial. 
 
Na figura abaixo, temos a representação de uma 
condenação na fogueira dirigida pela Inquisição em 
Portugal. As praças se tornavam verdadeiras 
cerimônias e espetáculos públicos apreciados, 
inclusive, pelos monarcas. 
 
 
 Figura 8 - Fonte: 
http://histgeo6.blogspot.com/2011/11/inquisicao-no-tempo-de-d-
joao-v.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://histgeo6.blogspot.com/2011/11/inquisicao-no-tempo-de-d-joao-v.html
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6. A INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA 
 
 
O levante dos luso-brasileiros aos holandeses no 
século XVII foi um acontecimento significativo 
na história colonial. Sabe por quê? Um breve 
estudo da diplomacia portuguesa na Europa é 
fundamental para compreender os 
acontecimentos em Pernambuco. 
A União Ibérica (1580-1640) foi o período em que 
Portugal esteve sob o governo de monarcas espanhóis. 
Após ter emergido como grande reino europeu, a 
Espanha perseguiu o objetivo de unificar a península 
Ibérica, incorporando Portugal ao seu território. Os 
portugueses resistiram enquanto puderam. Mas, em 
fins do século XVI, alguns acontecimentos 
contribuíram para a Espanha concretizar seus 
objetivos. 
 
Em 1578, o rei Dom Sebastião, monarca da dinastia 
de Avis, morreu e não deixou herdeiros. Então, o 
cardeal Dom Henrique, único sobrevivente masculino 
da linhagem de Avis, assumiu a regência. Com sua 
morte, em 1580, o rei da Espanha, Felipe II, da mesma 
linhagem familiar, achou-se no direito de ocupar o 
trono português e invadiu Portugal. O domínio 
espanhol sobre Portugal duraria 60 anos. 
A famosa frase proferida por Felipe II ao invadir 
Portugal foi: Comprei, herdei e conquistei!! 
 
Espanha e Holanda 
 
Antes disso, Portugal já havia estabelecido relações 
comerciais com negociantes holandeses, que passaram 
a financiar a produção açucareira no Brasil e a 
controlar a sua comercialização no mercado europeu. 
Por outro lado, no mesmo período, a Espanha 
pretendia dominar o território dos Países Baixos, na 
qual a Holanda estava situada, pois a circulação de 
mercadorias naquela região contribuía 
significativamente para abastecer os cofres do tesouro 
espanhol. 
 
Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos 
Países Baixos, incluindo a Holanda, criaram a 
República das Províncias Unidas e passaram a lutar 
por sua autonomia em relação aos espanhóis. Ao 
incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle 
sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os 
holandeses continuassem a comercializar o açúcar 
brasileiro. Era uma tentativa de sufocar 
economicamente a Holanda e impedir sua 
independência. 
 
As invasões holandesas 
 
Os holandeses reagiram rapidamente, concentrando 
seus esforços no controle das fontes dos produtos que 
negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das 
Índias Orientais. Essa empresa, de porte enorme, 
invadiu domínioscoloniais portugueses no Oriente. 
Em decorrência dos êxitos desse empreendimento, os 
holandeses criaram, em 1621, a Companhia das Índias 
Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o 
acesso ao açúcar brasileiro e monopolizar o seu 
comércio nos mercados europeus. 
Para controlar a produção e comercialização do 
produto, era necessário ocupar e se apoderar de partes 
do território colonial brasileiro, onde o açúcar era 
produzido. Desse modo, contando com uma frota 
composta de 26 navios e 500 canhões, os holandeses 
iniciaram sua primeira invasão ao Brasil em 1624. 
Atacaram a cidade de Salvador, na época o centro 
administrativo da colônia. Mas, um ano após terem 
chegado, foram expulsos. 
 
Uma segunda tentativa de invasão se deu em 1630, 
dessa vez em Pernambuco. No primeiro momento, os 
holandeses conseguiram conquistar Olinda e Recife. 
Em 1635, o principal ponto de defesa dos portugueses 
em Pernambuco, o Arraial do Bom Jesus, foi invadido e, 
assim, a resistência luso-brasileira recuou. Houve 
combates, mas os invasores resistiram e estabeleceram 
o controle de uma extensa parte do litoral brasileiro 
que ia de Sergipe ao Maranhão. A Companhia das 
Índias Ocidentais nomeou um governador para 
administrar o domínio recém-conquistado, que ficou 
conhecido como o Brasil Holandês. 
 
Maurício de Nassau 
 
Para o cargo de governador, foi nomeado o conde 
João Maurício de Nassau, que chegou ao Recife em 
janeiro de 1637. No período em que governou o Brasil 
Holandês, de 1637 a 1644, Nassau procurou estabelecer 
uma administração eficiente e um bom relacionamento 
com os senhores de engenho da região. Desse modo, 
foram colocados à disposição dos proprietários de 
engenho recursos financeiros, para serem utilizados na 
compra de escravos e de maquinário para o fabrico do 
açúcar. 
 
Nassau também criou as Câmaras dos Escabinos, que 
eram órgãos de representação municipal, a fim de 
estimular a participação política da população nas 
decisões de interesse local. Durante o governo de 
Nassau, o Recife se tornou a sede da colonização 
holandesa e passou por um intenso processo de 
urbanização e melhoramentos que mudaram 
completamente a paisagem local. 
 
Com o fim do domínio espanhol sobre Portugal, em 
1640, o novo rei português, D. João IV, decidiu 
recuperar o território invadido, retirando-o do 
domínio holandês. Esse período coincidiu com o 
descontentamento dos senhores de engenho diante 
dos holandeses. Nassau já havia partido e, para 
explorar ao máximo a produção do açúcar brasileiro, a 
Holanda adotou inúmeras medidas impopulares, em 
especial o aumento dos impostos, o que contrariava os 
interesses dos proprietários de engenho. 
 
Insurreição pernambucana 
 
A luta contra os holandeses foi iniciada pelos próprios 
senhores de engenho locais e durou cerca de dez anos. 
A partir da iniciativa dos senhores, os colonos da 
região foram mobilizados e travaram várias batalhas 
 
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contra os holandeses. As mais importantes foram a de 
Guararapes e Campina de Taborda. 
 
Mas a expulsão definitiva dos holandeses teve início 
em junho de 1645, em Pernambuco, através da eclosão 
de uma insurreição liderada pelo paraibano André 
Vidal de Negreiros, pelo senhor de engenho João 
Fernandes Vieira, pelo índio Felipe Camarão e pelo 
negro Henrique Dias. A chamada Insurreição 
Pernambucana chegou ao fim em 1654, tendo 
libertado o território do domínio holandês. 
 
Porém, a expulsão dos holandeses teria um impacto 
negativo sobre a economia colonial. Durante o 
período em que estiveram na América portuguesa, os 
holandeses tomaram conhecimento de todo o ciclo da 
produção do açúcar e conseguiram aprimorar os 
aspectos técnicos e organizacionais do 
empreendimento. Quando foram expulsos do Brasil, 
dirigiram-se para as Antilhas, ilhas localizadas na 
região da América Central. 
 
A crise da produção açucareira 
 
Nas Antilhas, os holandeses montaram uma grande 
produção açucareira que, em pouco tempo, passou a 
concorrer com o açúcar do Brasil e logo se impôs no 
mercado europeu. Consequentemente, provocou a 
queda das exportações brasileiras. Já na segunda 
metade do século XVII, os engenhos estavam em 
decadência. Portugal buscava encontrar outros meios 
para explorar economicamente a colônia. Um novo 
meio de exploração teria início com a descoberta de 
riquezas minerais, como o ouro, a prata e os 
diamantes, na região que ficaria conhecida como 
Minas Gerais. Ainda assim, o açúcar nunca deixou de 
ser um grande produto de riqueza para Portugal e sua 
produção encontrou recuperação no século XVIII. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. A GUERRA DOS BÁRBAROS 
 
 
 Atenção, concurseiro: é importante saber o 
surgimento de termos como “Guerra dos 
Bárbaros” e “Confederação dos Cariris”, pois já 
foi tema de questões em provas passadas. 
 
O processo de expansão territorial e a ampliação dos 
espaços colonizados pelos portugueses na América 
levaram a uma série de combates entre portugueses e 
indígenas, dentre os quais se destaca a Guerra dos 
Bárbaros. 
 
Bárbaro e Civilizado. Significados e apropriações: 
Esse termo foi criado com o objetivo de designar os 
diversos conflitos ocorridos na região em que hoje se 
encontra o Nordeste brasileiro, em sua parte 
continental, durante a segunda metade do século XVII 
e o início do XVIII. O termo “bárbaro” era a forma 
com que os europeus nomearam os comportamentos 
culturais e sociais de grupos indígenas. Na verdade, 
portugueses e espanhóis consideravam o seu modo de 
viver como “civilizado”, entendendo como “bárbaro” 
os estilos e comportamentos culturais diferentes, 
incluindo a vida dos indígenas que se contrapunha à 
colonização. Civilizado e bárbaro são conceitos 
etnocêntricos, isto é, construídos de acordo com a 
representação (percepção) de uma cultura sobre a 
outra. Se tivéssemos a oportunidade de perguntar aos 
nativos da América a quem eles poderiam atribuir o 
significado de bárbaros, certamente seriam os 
invasores europeus, por não se enquadrarem em sua 
forma de vida. 
 
Mas como surgiu e quais os motivos dessa 
guerra? E quais são os grupos envolvidos? Você já 
imagina? 
 
Uma das principais atividades econômicas 
desenvolvidas na colônia desde o início da colonização 
foi a pecuária. Entretanto, com o fortalecimento da 
produção açucareira e das regiões urbanas, o gado não 
pôde se estruturar nos espaços litorâneos, pois seu 
emprego necessitava de grandes áreas para poder 
servir ao pastoreio. A opção para continuar a 
produção era o deslocamento para o interior, cujos 
espaços ainda não haviam sido reconhecidos e 
conquistados, mas que reservavam imensas áreas a 
serem exploradas pelos colonizadores europeus. 
Dessa forma, combinavam-se propósitos do Estado 
português, ansioso em ampliar os territórios 
dominados e fixar as estruturas políticas europeias no 
continente, e dos vaqueiros, que obteriam os lugares 
para depositar seu gado. 
 
Você lembra a diferença entre Tupi e Tapuia 
mostrada no capítulo 3? Vai ser útil aqui! 
 
O deslocamento para o interior, porém, enfrentou 
diversas resistências dos nativos que já habitavam as 
localidades, chamados pelos colonos de Tapuias. Os 
criadores de gado não conseguiam, por recursos 
próprios, adentrar o continente. Por isso, solicitou ao 
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u265.jhtm
 
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governo português auxílio para quebrar os obstáculos 
humanos dirigidos pelos índios do interior. A Guerra 
dos Bárbaros, portanto, refere-se ao conjunto de 
combates travados entre os portugueses, com seus 
representantes instalados nos núcleos urbanos 
açucareiros, e os indígenas, que residiam no sertão e 
rejeitavam o domínio dos europeus. 
 
Os conflitos se iniciaram por volta do anode 1651 na 
capitania da Bahia e se estenderam até meados de 
1720, envolvendo as capitanias de Pernambuco, 
Paraíba, Rio Grande e Ceará. Imagine uma faixa de 
terra litorânea colonizada pelos portugueses querendo 
ampliar suas fronteiras para o continente. E, do outro 
lado, índios residentes nas áreas interioranas, além dos 
nativos expulsos de suas próprias terras no litoral, que 
estavam lutando para não serem mortos ou 
conquistados pelos portugueses. 
 
O sertão, nesse contexto, era o espaço desconhecido, 
não habitado pelos “civilizados”, contrastando com os 
núcleos urbanos. Por isso, seus homens e mulheres 
eram conhecidos como “bárbaros”, gente sem modos, 
comportamentos, ou seja, aqueles personagens que 
fugiam aos padrões de vida europeus e, por isso, 
associados à selvageria. Imagem esta que contrastava 
com o litoral, local onde estavam instaladas as 
principais vilas e cidades portuguesas e onde o poder 
de penetração da cultura europeia era mais ativo, 
permitindo que seus habitantes fossem contagiados 
pelas condutas dos que se achavam civilizados. 
Portanto, a urbe era a civilização, e o sertão, a 
barbárie, de acordo, claro, com a visão dos europeus. 
 
Ao final dos conflitos, nas primeiras décadas do século 
XVIII, as resistências foram diminuindo e as tropas 
enviadas ao sertão foram aos poucos conquistando seu 
objetivo maior: conquistar os territórios, dizimando ou 
catequizando as populações locais, a fim de ampliar o 
espaço de fixação portuguesa na América. Para 
conseguir seus propósitos, os portugueses contaram 
com o apoio de tropas diversas, incluindo negros 
alforriados, indígenas aliados e paulistas, que em 
conjunto dissolveram as resistências dos tapuias. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
A Guerra dos Bárbaros é um importante exemplo de 
que as populações indígenas não foram extintas e nem 
todas elas se renderam às invasões dos europeus no 
começo da colonização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. A GUERRA DOS MASCATES 
 
 
Sabe o que significa Mascate? Era o nome dado 
pela aristocracia de Olinda aos comerciantes 
portugueses residentes no porto do Recife. Mas 
qual a razão desse conflito? 
 
Uma região em declínio econômico e político (Olinda) 
e outra em crescimento (Recife). O choque é 
inevitável! Mas como duas regiões tão próximas 
poderiam ter diferenças tão grandes? 
 
Primeiramente, devemos saber que desde o início da 
colonização a sede política e econômica da capitania 
de Pernambuco era Olinda, região onde Duarte 
Coelho construiu a principal vila, dando-lhe estatuto 
de capital. Seu domínio e controle se estendiam por 
vastas regiões, inclusive o Recife, que apenas se 
caracterizava como um porto de escoamento da 
produção dos senhores do açúcar. 
 
Porém, a partir de 1654, a expulsão definitiva dos 
holandeses de Pernambuco provocou uma grande 
mudança no cenário econômico da região. Os grandes 
produtores de açúcar, que anteriormente usufruíram 
dos investimentos holandeses, viviam agora uma crise 
decorrente da baixa do açúcar no mercado 
internacional e a concorrência produzida nas Antilhas. 
Contudo, esses senhores de engenho ainda possuíam o 
controle político local por meio do poder exercido 
pela câmara municipal de Olinda. 
 
Em contrapartida, Recife – região vizinha e 
politicamente subordinada à Olinda – era considerado 
o principal pólo de desenvolvimento econômico de 
Pernambuco. O comércio da localidade trazia grandes 
lucros aos portugueses, que controlavam a atividade 
comercial da região. Essa posição favorável foi 
causada pelas diversas melhorias empreendidas com a 
colonização holandesa, que a havia transformado em 
seu principal centro administrativo. 
 
Com o passar do tempo, a divergência política e 
econômica entre a aristocracia de Olinda (mazombos) 
e os comerciantes portugueses de Recife (mascates) 
criou uma tensão local. Inicialmente, os senhores de 
engenho de Olinda, vivendo sérias dificuldades para 
investirem no negócio açucareiro, pediram vários 
empréstimos aos comerciantes portugueses de Recife. 
Contudo, a partir da deflagração da crise açucareira, 
muitos dos senhores de engenho acabaram não tendo 
condições de honrar seus compromissos. 
 
Nessa mesma época, a complicada situação econômica 
de Olinda somava-se ao completo sucateamento da 
cidade, que sofreu com as guerras que expulsaram os 
holandeses. Com isso, a câmara de Olinda decidiu 
aumentar os impostos de toda a região, incluindo 
Recife, para que fosse possível recuperar o centro 
administrativo pernambucano. Inconformados, os 
comerciantes portugueses, pejorativamente chamados 
de mascates, buscaram se livrar da dominação política 
olindense. 
http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-dos-mascates.htm
 
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Para tanto, os comerciantes de Recife conseguiram 
elevar o seu povoado à categoria de vila, tendo dessa 
maneira o direito de formar uma câmara municipal 
autônoma. A medida deixou os latifundiários de 
Olinda bastante apreensivos, pois eles perderiam o 
controle sobre uma importante região da capitania. 
Desse modo, a definição das fronteiras dos dois 
municípios serviu como estopim para o conflito. 
Perder o poder político sobre o Recife era uma medida 
que os senhores de Olinda não desejavam acatar. 
 
A guerra teve início em 1710, com a vitória dos 
olindenses que conseguiram invadir e controlar a nova 
vila pernambucana. Logo em seguida, os recifenses 
conseguiram retomar o controle em uma reação 
militar apoiada por autoridades políticas de outras 
capitanias. O prolongamento da guerra só foi 
interrompido no momento em que a Coroa 
Portuguesa estabeleceu, em 1711, um novo 
governante, que teria como principal missão pôr um 
ponto final ao conflito. 
 
O escolhido para essa tarefa foi Félix José de 
Mendonça, que apoiou os mascates portugueses e 
determinou a prisão dos latifundiários olindenses 
envolvidos com a guerra. Além disso, visando evitar 
futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco 
decidiu transferir semestralmente a administração para 
cada uma das regiões. Dessa maneira, não haveria 
razões para que uma fosse politicamente favorecida 
por Félix José. 
 
 
9. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 
 
 
Vamos agora começar a estudar a principal 
revolta separatista da história colonial brasileira, 
que teve como centro articulador a província de 
Pernambuco. Como todo conteúdo importante e 
complexo, precisamos recuar alguns anos e 
compreender os antecedentes que criaram as 
condições para a eclosão da revolução. Vejamos 
que fatores foram esses. 
 
Mais um detalhe: Você sabia que a Revolução de 1817 
também é conhecida como Revolução dos Padres? 
Isso se deve à intensa participação de religiosos no 
movimento. 
 
Antecedentes 
 
A Revolução foi deflagrada no ano de 1817, como 
resultado de várias insatisfações e dificuldades 
socioeconômicas que viviam os habitantes de 
Pernambuco e províncias adjacentes. Entre os 
principais fatores, apontamos: 
 
» A Corte portuguesa, instalada no Rio de Janeiro 
desde o ano de 1808, que aumentou excessivamente os 
impostos das províncias brasileiras para sustentar os 
gastos e necessidades da família real; 
» A crise econômica de produtos essenciais ao 
comércio de Pernambuco, como o açúcar e o algodão; 
» O controle de portugueses nas exportações 
econômicas da província, assim como sua intervenção 
na política; 
» A grande seca de 1816, que provocou uma fome 
generalizada e aumentou as dificuldades econômicas 
em Pernambuco. 
Na província de Pernambuco, as discussões por 
mudanças eram realizadas em sociedades secretas 
desde o fim do século XVIII. As principais foram as 
lojas maçônicas, destacando-se o Areópago de Itambé e o 
Seminário de Olinda, onde se levantavam hipóteses de 
reformas amplas, apoiadas em ideias externas, como as 
dos iluministas (defensores dos princípios de 
igualdade, liberdade e fraternidade), a Revolução 
Francesa (contestaçãoao poder absolutista dos reis 
europeus) e a Revolução Americana (exemplo 
prático de libertação de uma colônia em relação à sua 
metrópole). O movimento em Pernambuco seguia o 
ideal de republicanismo apoiado pelas revoluções. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
Concurseiro, pense que Pernambuco não estava 
isolado do mundo. Seus habitantes circulavam, liam, 
estudavam... Por isso, ideias sobre revoluções, 
mudanças, novos projetos políticos que floresciam em 
diversas partes do mundo chegavam secretamente e 
eram fortemente discutidos na província. 
 
O decorrer da revolução 
 
O movimento se iniciou com a ocupação do Recife, 
em 6 de março de 1817. O seu estopim ocorreu 
quando o capitão José de Barros Lima, conhecido 
como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou o 
comandante Barbosa de Castro. Depois, na 
companhia de outros militares rebelados, Barros Lima 
tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas 
para impedir o avanço das tropas monarquistas. O 
governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro 
refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou 
se rendendo. 
 
Vemos, portanto, que a Revolução Pernambucana de 
1817 começou como um movimento militar, mas ele 
teve vários líderes. Assim que se iniciou o processo de 
reformulação interna, foi instalado um governo 
provisório composto por membros de diferentes 
setores sociais: Manuel Correia de Araújo (agricultura), 
Domingos José Martins (comércio), João Ribeiro 
(clero) e Domingos Teotônio Jorge (forças armadas). 
Ainda contaram com o apoio de Antônio Carlos de 
Andrade e Silva e de Frei Caneca. 
 
Em 29 de março, foi convocada uma assembleia 
constituinte, com representantes eleitos em todas as 
comarcas, estabelecendo a separação entre os poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi 
mantido como religião oficial, porém havia liberdade 
DETALHE: Nesta época, o termo capitania havia sido mudado 
para província. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/6_de_mar%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jos%C3%A9_de_Barros_Lima&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Barbosa_de_Castro&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Pinto_de_Miranda_Montenegro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_do_Brum
http://pt.wikipedia.org/wiki/29_de_mar%C3%A7o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Assembl%C3%A9ia_constituinte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Assembl%C3%A9ia_constituinte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_de_culto
 
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de culto (o livre exercício de todas as religiões); foi 
proclamada a liberdade de imprensa (uma grande 
novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a 
escravidão, entretanto, foi mantida. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
Embora desejassem a independência e a instalação de 
uma república, os líderes do movimento não tocaram 
na questão da abolição da escravidão, pois eles eram 
grandes senhores de escravos e não queriam gerar 
prejuízos para suas atividades econômicas com a 
formação da nova República. 
 
Principais mudanças realizadas com a Revolução: 
» Deposição do governador Caetano de Pinto Miranda 
Montenegro; 
» Extinção de impostos abusivos; 
» Liberdade de imprensa e religião; 
» Igualdade entre os cidadãos; 
» Instalação da República; 
» Lei Orgânica: esboço de uma Constituição. 
 
 Expansão e queda 
 
 A Revolução que eclodiu em Pernambuco buscava 
suporte interno e externo. Houve tentativas de obter 
apoio das províncias vizinhas. Na Bahia, o emissário 
da revolução, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o 
Padre Roma, foi preso ao desembarcar e, 
imediatamente fuzilado por ordem do governador, o 
Conde dos Arcos (governador da Bahia). No Rio 
Grande do Norte, o movimento conseguiu a adesão 
do proprietário de um grande engenho de açúcar, 
André de Albuquerque Maranhão, que, depois de 
prender o governador, José Inácio Borges, ocupou 
Natal e formou uma junta governativa, porém não 
despertou o interesse da população e foi tirado do 
poder em poucos dias. O jornalista Hipólito José da 
Costa foi convidado para o cargo de ministro 
plenipotenciário da nova república em Londres, mas 
recusou. 
 
 Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão 
pernambucano, enquanto uma força naval, despachada 
do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em 
poucos dias, 8000 homens cercavam a província. No 
interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de 
Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de 
recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio, as tropas 
portuguesas entraram no Recife e encontraram a 
cidade abandonada e sem defesa. O governo 
provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte. 
 
 Apesar de sentenças severas, um ano depois, todos os 
revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam 
sido executados. 
 
 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
Você sabia que a bandeira criada pelos revoltosos em 
1817 inspirou a atual do estado de Pernambuco? Veja 
a imagem abaixo e compare com a oficializada nos 
dias de hoje. A diferença é que a bandeira atual 
apresenta apenas uma estrela, enquanto o símbolo dos 
revolucionários exibia três. 
 
 
 
 Auxílio externo 
 
 Em maio de 1817, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz 
Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil 
dólares na bagagem e três missões: 
1. Comprar armas para combater as tropas de D. João 
VI; 
2. Convencer o governo americano a apoiar a criação de 
uma república independente no Nordeste brasileiro; 
3. Recrutar alguns antigos revolucionários franceses 
exilados em território americano para, com a ajuda 
deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de 
Santa Helena, e transportá-lo ao Recife, onde 
comandaria a revolução pernambucana, retornando 
em seguida a Paris para reassumir o trono de 
imperador da França. 
 
 Porém, na data de chegada do emissário aos Estados 
Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam 
sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e 
próximas da rendição. Quando chegaram ao Brasil, os 
quatro veteranos de Napoleão (conde Pontelécoulant, 
coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet), 
muito depois de terminada a revolução, foram presos 
antes de desembarcar. 
 
 Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá 
chegou a se encontrar com o secretário de Estado, 
Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso 
de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados 
Unidos autorizariam a entrada de navios 
pernambucanos em águas americanas e que também 
aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, 
em caso de fracasso do movimento. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
Mesmo não conseguindo alcançar seus propósitos 
principais, a Revolução de 1817 deixou profundas 
marcas no governo português e na sua relação com o 
Brasil, assim como gerou a redistribuição das 
fronteiras e da administração local. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_de_culto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imposto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_In%C3%A1cio_Ribeiro_de_Abreu_e_Lima
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conde_dos_Arcos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_de_Albuquerque_Maranh%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_In%C3%A1cio_Borges
http://pt.wikipedia.org/wiki/Natal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_Jos%C3%A9_da_Costa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_Jos%C3%A9_da_Costa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Londres
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ipojuca
http://pt.wikipedia.org/wiki/19_de_maio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Flag_Pernambucan_Revolt_of_1817.svg
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ant%C3%B4nio_Gon%C3%A7alves_Cruz&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filad%C3%A9lfia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Napole%C3%A3o_Bonaparte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Santa_Helena
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Santa_Helena
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conde_Pontel%C3%A9coulant&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Rush
 
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13 
 
HHIISSTTÓÓRRIIAA 
Consequências 
 
Debelada a revolução, foi desmembrada de 
Pernambuco a capitania do Rio Grande (atual Rio 
Grande do Norte), tornando-se província autônoma. 
Essa havia sido anexada ao território pernambucano 
ainda na segunda metade do século XVIII, juntamente 
o Ceará e Paraíba, que também se tornaram 
autônomas em 1799. 
 
Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários 
rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, como 
recompensa, puderam formar uma província 
independente. Apesar dos revolucionários terem 
ficado no poder menos de três meses, conseguiram 
abalar a confiança na construção do império 
americano sonhado por D. João VI. A Coroa nunca 
mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à 
contaminação das ideias responsáveis pela subversão 
da antiga ordem na Europa. 
 
 
10. PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA 
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 
 
 
Mas o que pode ter acontecido entre a Revolução 
de 1817 e a Independência do Brasil, em 1822? 
 
Em 1821, iniciou-se um novo movimento em 
Pernambuco, quando foi organizada a Junta 
Constitucionalista que antecipou em um ano a 
independência. Nesse contexto, era possível encontrar 
na região uma série de elementos relacionados com a 
revolução de 1817. Ainda subsistiam as condições 
objetivas da crise e os elementos subjetivos, 
iluministas, expressos na Revolução do Porto, em 
andamento em Portugal, que difundia ideias 
constitucionalistas e liberais, apesar de suas 
contradições. 
 
O governo de Pernambuco estava nas mãos de Luís 
do Rego Barreto, responsável pela repressão em 1817. 
Muitos líderes da Revolução se encontravam em 
liberdade. A Junta Provisória foi formada em outubro de 
1821, na cidade de Goiana, organizada principalmente 
por proprietários rurais – dispostos na maçonaria – e 
por parcelas das camadas urbanas de Recife. Na 
prática era um poder paralelo, na medida em que, com 
um discurso liberal, condenava o governo de Luís do 
Rego e defendia sua deposição. 
 
O movimento de caráter político se transformou 
rapidamente em uma luta armada, que impôs a 
chamada Convenção de Beberibe, determinando a 
expulsão do governador para Portugal e a eleição, pelo 
povo, de uma nova junta para administrar a província 
de Pernambuco. O novo governo foi formado 
principalmente por ex-combatentes da revolução de 
1817, predominando, porém, os elementos da camada 
mais rica da sociedade local. Uma das medidas mais 
importantes do novo governo foi a expulsão das 
tropas portuguesas do Recife, que na prática 
representou o rompimento definitivo da província 
com Portugal. 
 
Obviamente, o governo não iria deixar “barato” mais 
um levante e insubordinação por parte das elites 
pernambucanas. O movimento representava uma 
ameaça aberta tanto aos interesses portugueses de 
recolonização, expresso nas Cortes de Lisboa, como 
principalmente à elite tradicional brasileira e a seu 
projeto moderado de independência política. 
 
O regionalismo e o sentimento de autonomia que se 
manifestavam na Região Nordeste contrariavam as 
intenções da aristocracia rural, organizada 
principalmente no Rio de Janeiro. Para essa elite, a 
independência deveria conservar as estruturas 
socioeconômicas e promover mudanças políticas 
apenas no sentido de romper com Portugal e garantir a 
soberania do Brasil, possibilitando, dessa forma, que 
essas elites exercessem, com maior liberdade, seus 
interesses econômicos. 
 
A manutenção da unidade territorial (ao contrário do 
que ocorria na América espanhola) era a forma de 
garantir que os interesses predominantes no Rio de 
Janeiro fossem igualmente predominantes em todo o 
Brasil. A repressão ao movimento foi articulada por 
José Bonifácio, junto com alguns fazendeiros de 
Pernambuco, que depôs a Junta em 17 de setembro de 
1822. Um novo governo formou-se na província, do 
qual participava Francisco Paes Barreto e outros ricos 
proprietários, o que fez com que o governo ficasse 
popularmente conhecido como "Junta dos Matutos". 
 
Em 8 de dezembro de 1822, D. Pedro I foi 
reconhecido imperador em Recife, e a elite 
pernambucana passou a participar da elaboração de 
uma Constituição brasileira. A historiografia 
tradicional encara a "Formação do Estado Nacional" 
de forma elitizada, desprezando as guerras de 
independência que ocorreram em várias províncias do 
país. Enquanto movimentos antilusitanos se 
desenvolviam no Nordeste, reunia-se no Rio de 
Janeiro uma Assembleia Constituinte, concentrando as 
atenções das elites, incluindo as de Pernambuco. 
 
As discussões políticas na Assembleia deixavam 
antever a organização das primeiras tendências que se 
desenvolveriam mais tarde no país. No entanto, 
naquele momento, a tendência predominante foi a 
centralizadora, vinculada principalmente aos interesses 
lusitanos e apoiada sobretudo pelos portugueses 
residentes no Brasil, em sua maioria comerciantes, que 
pretendiam reverter o processo de independência. 
 
O fechamento da Constituinte foi o primeiro passo 
concreto para a realização desse objetivo, seguido da 
imposição da Constituição em 1824, autoritária e 
centralizadora, fazendo com que as elites provinciais 
vissem ruir qualquer possibilidade de autonomia. 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Para%C3%ADba
http://pt.wikipedia.org/wiki/1799
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alagoas
http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=maconaria
http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=jose%20bonifacio
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
 SE LIGA NA DICA! 
 
As primeiras décadas do século XIX apresentam várias 
revoltadas lideradas pelas elites em Pernambuco, com 
alguns propósitos e causas comuns. Portanto, ver 
esses movimentos numa perspectiva de “longa 
duração” ajuda a conectar as informações e favorece o 
conhecimento histórico. 
 
 
11. CONFEDERAÇÃO DE EQUADOR 
 
 
A Confederação do Equador contou com a 
participação de diversos segmentos sociais, incluindo 
os proprietários rurais que, em grande parte, haviam 
apoiado o movimento de independência e a ascensão 
de D. Pedro I ao trono, julgando que poderiam obter 
maior poder político com o controle sobre a província 
de Pernambuco. Dessa maneira, as elites agrárias da 
região pretendiam preservar as estruturas 
socioeconômicas e ao mesmo tempo chegar ao poder, 
até então manipulado pelos mercadores e militares de 
origem portuguesa, que se concentravam em Recife. 
 
No entanto, esse movimento não foi protagonizado 
apenas pelas elites. A necessidade de lutar contra o 
poder central fez com que a aristocracia rural 
mobilizasse parte das camadas populares. Se as 
camadas populares não tinham até então sua própria 
organização, isso não significa que não houvesse 
condição para organizar suas reivindicações e 
caminhar com as próprias pernas, questionando não 
apenas o autoritarismo do poder central, mas da 
própria aristocracia da província. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
A Confederação do Equador é, em grande medida, 
uma continuação da Revolução de 1817. A insatisfação 
em Pernambuco continuava. Mais uma tentativa de ser 
uma região autônoma e líder de uma república. 
 
A imprensa teve um papel essencial! Vamos 
aprender os principais jornais e seus 
divulgadores? 
 
Na organização do movimento, foi de grande 
importância o papel da imprensa, em especial dos 
jornais "A Sentinela da Liberdade na Guarita de 
Pernambuco", de Cipriano Barata e do "Tífis 
Pernambucano", de Frei Caneca. A eclosão está 
diretamente associada às demonstrações de 
autoritarismo do imperador na província de 
Pernambuco, nomeando Francisco Paes Barretocomo 
presidente da província, em lugar de Pais de Andrade, 
apoiado pelo povo. As Câmaras Municipais de Recife 
e Olinda não aceitaram a substituição. Em 2 de junho 
de 1824, foi proclamada a Confederação do Equador. 
 
O caráter separatista do movimento pretendia negar a 
centralização e o autoritarismo que marcavam a 
organização política do Brasil. A consolidação dessa 
situação dependia em grande parte da adesão das 
demais províncias do Nordeste, que viviam situação 
semelhante tanto do ponto de vista político como 
econômico. Dessa maneira, as ideias republicanas e 
principalmente federalistas assimiladas dos EUA 
serviram como elemento de propaganda junto às elites 
de cada província. 
 
 
SE LIGA NA DICA! 
 
Não esqueça: o autoritarismo da primeira Constituição 
do Brasil (1824) foi um fator determinante para a 
eclosão dessa revolta. 
 
O governo da Confederação deslocou homens para 
outras províncias a fim de obter a adesão de seus 
governantes. Foi convocada uma Assembleia 
Legislativa e Constituinte, cuja abertura estaria 
marcada para o dia 7 de agosto de 1824. Do ponto de 
vista político, Pais de Andrade elaborou um projeto de 
Constituição tendo como modelo a Constituição 
Colombiana. Do ponto de vista social, o projeto 
elaborado por Frei Caneca almejava a extinção do 
tráfico negreiro para o porto do Recife. 
 
Essa medida é considerada como a primeira e mais 
importante fissura do movimento, uma vez que atingia 
diretamente os interesses dos proprietários rurais. No 
entanto, os trabalhos preparatórios da Assembleia 
Constituinte foram suspensos devido à ameaça das 
forças de repressão. 
O governo provisório encabeçado por Pais de 
Andrade procurou adquirir armas nos Estados 
Unidos, garantir a adesão das demais províncias e 
organizar milícias populares para fazer frente às tropas 
monárquicas de D. Pedro I. Os presidentes das 
províncias do Ceará e do Rio Grande do Norte 
aderiram ao movimento e organizaram tropas para 
defendê-lo. Na Paraíba, o apoio veio das forças 
contrárias ao presidente Filipe Néri, fiel ao imperador, 
que acabou deposto. 
 
Confronto e Derrota 
 
A organização de tropas para defender a Confederação 
permitiu grande participação popular. Setores dessa 
camada já estavam organizados em "brigadas" desde 
1821, compostas por mulatos, negros libertos e 
militares de baixa patente. Essas brigadas foram 
organizadas pelos líderes do movimento e acionadas 
em determinadas situações, porém, sob o controle das 
elites locais. No entanto, em vários momentos na 
história dos brigados houve insubordinação e 
radicalização, expressando não o sentimento nativista, 
mas a radicalização contra proprietários ou ainda a 
população branca. 
 
http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=cipriano%20barata
http://www.historianet.com.br/pesquisa/index.asp?busca=frei%20caneca
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
Em 1823, ocorreram ataques diretos aos portugueses, 
que ficaram conhecidos como "mata-marinheiro" e 
protestos raciais, marcados pelo exemplo haitiano. 
Esse processo de radicalização amedrontava as elites e, 
por várias vezes, foram responsáveis por seu recuo na 
luta contra o poder central. As divisões internas ao 
movimento, sobretudo em relação às elites e suas 
tendências diferenciadas, assim como o 
distanciamento delas em relação à massa popular, 
contribuíram para a derrota do movimento. 
 
Por outro lado, havia a presença de tropas mercenárias 
contratadas pelo poder central, comandadas por Lord 
Cochrane, que cercavam a província. Essa situação foi 
responsável pela política vacilante de Pais de Andrade, 
que não aceitou os termos de rendição propostos pelo 
mercenário, devido, principalmente, à forte pressão 
que sofria das camadas baixas da população. Essa 
situação é reforçada quando, depois da tomada de 
Recife pelas tropas mercenárias, Pais de Andrade 
refugiou-se em um navio inglês, enquanto os 
elementos mais radicais resistiam em Olinda, liderados 
por Frei Caneca. A violenta repressão, financiada pelo 
capital inglês, foi responsável por debelar o 
movimento e prender seus principais líderes, que 
foram executados, dentre eles o próprio Frei Caneca. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
O grande símbolo da Confederação do Equador foi 
Joaquim da Silva Rabelo, conhecido como Frei 
Caneca. Sua participação em revoltas não era nova, já 
que esteve presente em 1817. Contudo, foi em 1824 
que sua figura se destacou através de seu papel de 
divulgador das ideias liberais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA 
 
 
 Para encerrar o ciclo das revoluções liberais em 
Pernambuco, vamos falar sobre a Revolução 
Praieira. 
 
 
 
Figura 9 - Revolução Praieira: o levante que se pôs contra o governo de 
Dom Pedro II. 
 
 Na década de 1840, explode a Revolução Praieira em 
Pernambuco. Movimento de caráter liberal e 
federalista, inspirava-se no contexto das revoluções 
liberais, socialistas e nacionalistas que varreram a 
Europa no século XIX, principalmente a Revolução de 
1848 na França, que promoveu a extinção do 
absolutismo no país (“A Primavera dos Povos”). A 
nível local, os revoltosos em Pernambuco se 
queixavam da falta de autonomia provincial 
(liberalismo) e repudiavam a monarquia (defendendo o 
republicanismo). Sem contar a rivalidade com os 
portugueses, que continuava bastante intensa por 
causa de seu controle político e econômico. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
Você percebeu que parte das questões que moviam a 
Praieira em 1848 é oriunda de revoltas anteriores? A 
de 1824, por exemplo, já mostrava a insatisfação com 
a falta de autonomia. O republicanismo, por outro 
lado, era ainda mais antigo, remontando ao 
movimento de 1817. E os conflitos com os 
portugueses... percebeu as permanências? 
 
 O nome Praieira provinha da Rua da Praia, onde era 
sediado o jornal divulgador das ideias revolucionárias, 
de nome Diário Novo. Nele foram publicadas as 
principais ideias dos revoltosos, incluindo o Manifesto 
ao Mundo, escrito por Borges da Fonseca, que 
apresentava as seguintes reivindicações: 
 
» Voto livre e universal; 
» Liberdade de imprensa; 
» Garantia de trabalho; 
» Nacionalização do comércio; 
» Instalação de uma República. 
 
 As ideias eram influenciadas pelos escritos de 
socialistas na Europa. No entanto, devido à resistência 
 
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HHIISSTTÓÓRRIIAA 
de grupos aristocráticos em Pernambuco, algumas 
propostas foram reformuladas, perdendo o caráter 
socialista do movimento, embora mestiços, escravos 
libertos e índios tenham participado da Praieira. Entre 
os principais líderes, havia o capitão Pedro Ivo e o 
intelectual General Abreu e Lima. As difíceis 
condições econômicas e sociais na província e a alta 
concentração fundiária estiveram no cerne do 
movimento, o que dá cores mais populares à revolta, 
ao contrário das anteriores, em que havia a 
predominância esmagadora das elites pernambucanas. 
 
 SE LIGA NA DICA! 
 
A Praieira não chegou a ser radicalmente uma revolta 
socialista! Foi uma luta por liberdade, mudanças 
sociais e políticas, por melhorias das condições de 
vida, contra o encarecimento de gêneros de primeira 
necessidade, do monopólio do comércio pelos 
portugueses e da grande concentração de terras. Eis os 
principais propósitos da revolução. 
 
Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a 
nomeação de um presidente de província conservador 
mineiro para conter a ação dos liberais 
pernambucanos. Revoltados com essa ação autoritária 
do poder imperial, os praieiros pegaram em armas e 
tomaram a cidade de Olinda. A essa altura, um 
conflito civil, contando com o apoio de grandes 
proprietários, profissionais liberais, artesãos e 
populares, tomou conta do estado. 
 
Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade 
de Recifee entraram em novo confronto com as 
forças imperiais. Nesse período, o insurgente Pedro 
Ivo surgiu como um dos maiores líderes dos 
populares. Entretanto, a falta de apoio de outras 
províncias acabou desarticulando o movimento 
pernambucano. No ano de 1851, o governo imperial 
deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de 
oitocentas baixas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13. ESCRAVIDÃO: CRISE, RESISTÊNCIA E 
ABOLIÇÃO 
 
 
Desde o crescimento da produção do açúcar no século 
XVI, populações foram sendo retiradas de suas regiões 
naturais da África e transferidas ao Brasil por meio do 
tráfico de escravos, em especial a Pernambuco, Bahia e 
Rio de Janeiro. Sua presença se fazia perceber 
facilmente na sociedade colonial, perpassando os 
séculos até chegar ao Brasil independente, momento 
no qual a mão de obra esteve direcionada, sobretudo, 
para a produção cafeicultora. Entretanto, a escravidão 
estava sendo pressionada na Europa do século XIX, 
criticada pelos seus valores e combatida por diversas 
nações. 
 
Os africanos escravizados, transportados como mão 
de obra para o Brasil, também resistiram às imposições 
dos europeus. As resistências de escravos se 
manifestaram de diversas formas e em diferentes 
períodos, abarcando desde lutas armadas, como a 
Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia no ano de 1835, 
até as constantes fugas. 
 
Na Capitania de Pernambuco, que abrangia o atual 
estado de Alagoas, ocorreu a maior resistência escrava 
do período colonial: o Quilombo dos Palmares. 
Comunidade formada por escravos fugidos e 
resgatados das terras de senhores de cativos, eles 
formaram uma sociedade de apoio mútuo que atuava 
também em ataques e roubos nas urbes coloniais 
durante os séculos XVI e XVII. 
 
Seu principal representante foi Zumbi, reconhecido 
pela resistência e luta dos afrodescendentes contra a 
escravidão no Brasil, capturado por um missionário 
português. Entretanto, conseguiu fugir e agregou a 
revolta dirigida pelos quilombolas. Palmares se 
localizava na Serra da Barriga, no atual Estado de 
Alagoas. 
 
O tamanho da organização desse grupo era tanto, que 
o quilombo resistiu por um século às tentativas de 
destruição do reduto de escravizados. Por diversas 
vezes, o governo português havia enviado tropas para 
combater a resistência escrava, porém enfrentando 
sucessivas derrotas, o que levou à contratação dos 
bandeirantes, comandados por Domingos Jorge 
Velho, o ferrenho paulista que conseguiu, através de 
sua tropa particular, desarticular os cativos. 
 
► Você sabe o que é o tráfico de escravos e suas 
consequências para a formação do Brasil? 
 
 O tráfico de escravos que nos interessa entender se 
refere ao complexo comercial que transportava 
homens, mulheres e crianças do continente africano 
para territórios americanos entre os séculos XVI e 
XIX. Em vista disso, a sociedade brasileira foi 
fortemente influenciada pelos valores do sistema 
escravista, bem como pelas características culturais dos 
povos transportados para o Novo Mundo. 
 
http://www.brasilescola.com/historiab/revolucao-praieira.htm
 
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A colonização portuguesa na América exigiu o 
incremento de mão de obra escrava para atuar nas 
principais áreas de produção econômica exportadora 
do período colonial, movida pelo açúcar e os metais 
preciosos. Mesmo após a independência em 1822, o 
Brasil continuava essencialmente um país dependente 
da escravidão, voltada para a cafeicultura. Portanto, os 
africanos escravizados e, por extensão, o comércio de 
gente transatlântico eram primordiais para o 
funcionamento da economia brasileira. 
 
Transportadas por meio de tumbeiros (navios 
especializados no tráfico negreiro), milhões de pessoas 
foram desembarcadas na América na condição de 
escravas. Os portos do Recife, Salvador e Rio de 
Janeiro foram por excelência os locais de recepção 
desse contingente humano no Brasil. 
 
Na figura abaixo, é possível ver a representação de um 
navio negreiro, com destaque para o local de 
transporte dos africanos escravizados. 
 
 
 
Figura 10 - Fonte: https://oficinaodm.wordpress.com/os-
miseraveis/historia/navios-negreiros/ 
 
 Já imaginou como é ser transportado nessa 
situação? Veja algumas informações que relatam 
a situação dessas pessoas. 
 
 As condições nos tumbeiros eram bastante precárias, 
sobretudo em termos higiênico-sanitários. Em geral, 
400 a 600 negros eram transportados em 
compartimentos sem nenhuma ventilação. Além disso, 
o pouco fornecimento de alimentação gerava 
deficiências no quadro clínico dos africanos, como a 
falta de Vitamina C a proliferação da doença chamada 
escorbuto. Os porões dos tumbeiros eram verdadeiros 
focos de disseminação de epidemias. Todos esses 
elementos provocavam sérios danos e mortes durante 
as viagens, que duravam em torno de 2 a 5 meses. Em 
alguns casos, 20% da população de escravizados não 
resistia à travessia atlântica. 
 
 As principais regiões de aquisição de escravos na 
África se localizavam especialmente na parte ocidental 
do continente, em locais como Guiné, Congo, Angola, 
Moçambique e Costa do Marfim/Mina. 
 
 No século XIX, a Inglaterra exerceu forte pressão 
contra o sistema escravista. Após 1822, ela estabeleceu 
o fim do tráfico negreiro como uma das exigências 
para o reconhecimento da emancipação do Brasil. 
Assim, o tratado de 3 de novembro de 1826 fixou o 
prazo de três anos para a sua completa extinção. O 
tráfico passou a ser considerado, a partir de então, ato 
de pirataria, sujeito a punições. Finalmente, em 7 de 
novembro de 1831 – com atraso de dois anos em 
relação ao estipulado pelo tratado de 1826 –, uma lei 
formalizou esse compromisso. 
 
 Apesar das crescentes pressões britânicas, o tráfico 
continuou com pouca fiscalização no Brasil. E a razão 
era simples: a economia brasileira, desde a época 
colonial, estava assentada no trabalho escravo. Em tal 
circunstância, a abolição do tráfico criaria enormes 
dificuldades à economia, comprometendo as suas 
bases produtivas. 
 
 Várias leis retardaram a definitiva abolição do 
regime escravista. As principais foram: 
 
» Lei Bill Aberdeen (1845): o Parlamento britânico 
aprovou uma lei, chamada Bill Aberdeen, conferindo à 
Marinha o direito de aprisionar qualquer navio 
negreiro no oceano Atlântico e fazer os traficantes 
responderem diante do almirantado ou de qualquer 
tribunal do vice-almirantado dos domínios britânicos. 
» Lei Eusébio de Queirós (1850): decretou a extinção do 
tráfico negreiro no Brasil. 
» Lei do Ventre Livre/ Rio Branco (1871): declarou serem 
livres os filhos de escravos nascidos a partir da data da 
lei. 
» Lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários (1885): 
determinava a liberdade dos escravos com mais de 60 
anos. 
 
 Os limites dados às leis eram evidentes. Por exemplo, 
embora em 1871 o governo brasileiro tivesse 
implementado uma ordem para impedir a escravidão 
dos filhos de escravos, isso não ocorreu na prática, 
pois essa nova geração ainda ficava vinculado ao 
senhor de seus pais por mais de duas décadas. Já a lei 
dos Sexagenários assegurava a libertação de escravos 
com uma idade pouco provável de ser alcançada por 
aqueles que trabalhavam exaustivamente durante sua 
vida. Assim, a abolição foi protelada pelas elites 
tradicionais e escravocratas brasileiras, que no século 
XIX foi cada vez mais se concentrando na região sul e 
sudeste. 
 
 A abolição foi finalmente assinada em 13 de maio de 
1888 pela princesa Isabel, que, na ausência de D. 
Pedro II, assumiu a regência, promulgando a Lei 
Áurea e declarando proibida a escravidão no Brasil. 
 
 Você sabia que existiram pernambucanos 
envolvidos no processo de abolição da escravatura 
no Brasil? Vejamos um panorama geral para 
depois focarmos em Pernambuco. 
 
 No Rio de Janeiro, no ano de 1880, os abolicionistas 
fundaram duas sociedades para organizar

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