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Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 28 Aula 2: Terrenos A escolha de um terreno para se edificar é fator preponderante para o bom andamento da construção. Algumas características do terreno que podem influenciar sua escolha e que representam economia na hora de comprar ou de construir e demais observações serão apresentadas a seguir. 1. Critérios de Escolha 1.1. Topografia O terreno pode ser plano, em aclive (sobe em direção ao fundo) ou em declive (aquele que desce, ou seja, o nível da rua está mais alto que o fundo). Quando o terreno tem estas inclinações, um bom projeto pode aproveitar melhor o traçado natural e evitar grandes cortes de terra ou aterros. É esta movimentação de terra que deixa a obra mais cara, pois é preciso pensar em estruturas de contenção (muro de arrimos) e de drenagem, que são bem caras. Por outro lado, os terrenos mais íngremes costumam custar menos que os planos e permitem visuais bem interessantes quando a construção é bem pensada. Mas, geralmente para acomodar a casa em desnível é preciso fazer alguns degraus. Então, se você quer uma casa térrea, é necessária uma avaliação antes da aquisição. 1.2. Tipo de Solo Não se sabe, sem a devida inspeção, o tipo de fundação que demandará a edificação para aquele tipo de solo. Para ter certeza do tipo certo de fundação, é preciso contratar uma sondagem que faz o perfil do terreno para determinar em que camadas estão os solos apropriados para apoiar o alicerce. Se você ainda está começando a pesquisar, observe: • Se há muitas pedras na superfície do terreno, provavelmente será preciso fazer uma fundação mais profunda e mais cara; • Se há proximidade com rios ou cursos d´água, tubulações e córregos, saiba que solos alagados também aumentam os custos de fundação; • Perguntar aos proprietários de edificações contíguas qual tipo de fundação eles adotaram. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 29 Isso tudo serve para ter uma ideia do tipo de solo, mas nada disso te dá certeza. Vale a pena contratar um serviço de sondagem de solo quando adquirir o terreno e antes de fazer o projeto. 1.3. Posição em relação ao Sol Na hora de escolher o terreno, veja onde o sol nasce e onde ele se põe. O melhor é deixar os quartos voltados para o nascer do sol. Então veja se a face voltada para sol nascente fica num bom lugar do terreno ou se ela está virada pra um prédio alto que faz sombra no terreno. Veja também se não um terreno vizinho vazio que pode roubar seu sol mais pra frente. 1.4. Localização e Vizinhança Todos se preocupam com a facilidade de acesso e com a infraestrutura (transporte, lazer, serviços) próximas ao terreno. Mas às vezes esquece-se de coisas que podem causar incômodo. Imagine-se em meio a um barulho em horário de sono, ou ainda, próximo a uma casa noturna movimentada. Ou querendo chegar em casa, mas com dificuldade por estar perto de um grande pavilhão de eventos. Antes de escolher o terreno e decidir, observe sempre o entorno e visite o terreno em horários diferentes, inclusive à noite e no final de semana. 1.5. Dimensionamento e Recuos Cuidado com terrenos muito estreitos porque, em geral, você é obrigado a deixar um recuo lateral, ou seja, você não poderá ocupar toda a largura do terreno. Quem determina isso é a Lei de Uso e Ocupação do Solo de cada município. Em geral, a largura da frente do terreno é valorizada e corresponde a 30% do preço do lote. Quanto maior à frente, mais caro. E se for de esquina, mais caro também, pois são mais opções de projeto, de insolação e de ventilação. Embora seja mais caro, pode valer a pena porque você conseguirá aproveitar melhor o terreno. 1.6. Leis de Zoneamento e suas limitações O zoneamento divide a cidade em áreas e determina o que pode ser construído em cada uma delas: só residências, prédios, comércio, indústria ou zonas mistas. O zoneamento define também o número de andares que se pode construir (tecnicamente isso se chama gabarito) e quanto pode se ocupar do solo. O corretor de imóveis pode te ajudar a identificar o zoneamento do terreno ou você pode pedir uma ficha de informação na Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 30 prefeitura. Caso seja um loteamento em condomínio, verifique as condições que o condomínio impõe. 1.7. Verificação de Proteção Ambiental Veja se o terreno tem muitas árvores. Se você quiser retirar algumas no local onde vai fazer a edificação, verifique na prefeitura se aquele terreno tem restrições. As árvores nativas são protegidas por diversas leis e você precisará pedir uma licença se quiser cortar. Ou, o melhor seria planejar a construção sem derrubar nenhuma das árvores, fazendo um projeto em que elas fiquem bem integradas à casa. Há também locais de preservação ambiental que não podem ser desmatados e construídos e faixas próximas a rios que devem ser preservadas. 1.8. Infraestrutura da Região Verifique se a concessionária de luz, de abastecimento de água e as redes de esgoto e de gás chegam ao seu terreno. Veja também se as ruas são pavimentadas, se a região é servida por transporte público e se por perto tem hospital, supermercados, padaria, farmácia, escola e outros serviços que você acha importantes. Estar em uma área mais estruturada aumenta o custo do terreno, mas pode te dar melhor qualidade de vida e até fazer você economizar tempo e dinheiro. 1.9. Documentação Para escolher o terreno, verifique se não há nenhum problema com a documentação do imóvel. Exija a certidão de propriedade do terreno atualizada (é emitida pelo Cartório de Registro de Imóveis) para saber se a situação está regular. Também é importante pedir as certidões de ações dos distribuidores (cartórios) cíveis, de protesto, de execuções fiscais e de ações federais do proprietário e de seu esposo (a). Esses documentos indicam se há ações contra o proprietário que envolva o terreno a ser vendido. Se o proprietário constar como solteiro na certidão de propriedade e agora estiver casado, além das certidões em nome de seu cônjuge, ele terá que atualizar seu estado civil no registro do imóvel (isso se chama tecnicamente de ‘averbação do casamento perante o Cartório de Registro de Imóveis’). Se for comprar de pessoa jurídica, você precisa pedir a Certidão Negativa de Débitos (CND) do INSS. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 31 Seja quem for o vendedor, não se esquecer da solicitação do carnê do IPTU, no qual constam as metragens do terreno e seu valor venal, e a Certidão Negativa de Débitos Municipais, que mostra se existe dividas com o município, referentes ao terreno. 1.10. Adequação ao provável Projeto Depois de ter avaliado os pontos acima, ter muita clareza de qual é o objetivo. Pensar no tipo de projeto que se intenta construir é muito importante para escolher o terreno. O que é importante: muito espaço livre ou uma casa que ocupe bem o terreno; com muitos cômodos; economizar na compra ou economizar na obra; em que lugar da cidade se quer estar. Pensar também o quanto esse terreno facilita a construção da edificação que se deseja. 2. Características Gerais Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são a seguir apresentadas. 2.1. Limpeza Sem sabermos as características do terreno, é quase impossível executar-se um bom projeto. As características ideais de um terreno para um projeto econômico são: • Carpir: quando a vegetação é rasteira e com pequenos arbustos, usando para tal, unicamente a enxada; • Roçar: quando além da vegetação rasteira, houver árvores de pequeno porte,que poderão ser cortadas com foice; • Destocar: quando houver árvores de grande porte, necessitando desgalhar, cortar ou serrar o tronco e remover parte da raiz. Este serviço pode ser feito com máquina ou manualmente. Os serviços serão executados de modo a não deixar raízes ou tocos de árvore que possam dificultar os trabalhos. Todos os materiais vegetais bem como o entulho terão que ser removidos do canteiro de obras. 2.2. Levantamento Topográfico de Lotes Urbanos O levantamento topográfico é geralmente apresentado através de desenhos de planta com curvas de nível e de perfis. Deve retratar a conformação da superfície do terreno, bem Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 32 como as dimensões dos lotes, com a precisão necessária e suficiente proporcionando dados confiáveis que, interpretados e manipulados corretamente, podem contribuir no desenvolvimento do projeto arquitetônico e de implantação. 2.3. Levantamento Planimétrico Executada a limpeza do terreno e considerando que os projetos serão elaborados para um determinado terreno, é necessário que se tenha as medidas corretas do lote, pois nem sempre as medidas indicadas na escritura conferem com as medidas reais. Apesar de não pretendermos invadir o campo da topografia, vamos mostrar em alguns desenhos, os processos mais rápidos para medir um lote urbano. Os terrenos urbanos, são geralmente de pequena área possibilitando, portando, a sua medição sem aparelhos ou processos próprios da topografia desde que se tenha uma referência confiável (casa vizinha, esquina, piquetes, etc). No entanto, casos mais complexos, sem referência, necessitamos de um levantamento executado por profissional de topografia. 2.3.1. Lote Regular Geralmente em forma de retângulo, bastando portanto medir os seus "quatro" lados, e usar o valor médio, caso as medidas encontradas forem diferentes as da escritura. Para verificar se o lote está no esquadro, devemos medir as diagonais que deverão ser iguais. 2.3.2. Lote Irregular com Pouco Fundo Medir os quatro lados e as duas diagonais Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 33 2.3.3. Lote Irregular com Muita Profundidade Neste caso, a medição da diagonal se torna imperfeita devido a grande distância Convém utilizar um ponto intermediário "A" diminuindo assim o comprimento da diagonal. 2.3.4. Lote com Um ou Mais Limites em Curva Para se levantar o trecho em curva, o mais preciso será a medição da corda e da flecha (central). Nestes casos devemos demarcar as divisas retas até encontrarmos os pontos do início e fim da corda. Medir a corda e a flecha no local. E com o auxílio de um desenho (realizado no escritório) construir a curva a partir da determinação do centro da mesma utilizando a flecha e a corda. • c = corda; • f = flecha. Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 34 2.3.5. Levantamento Altimétrico É de grande importância para elaborarmos um projeto racional, que sejam aproveitadas as diferenças de nível do lote. Podemos identificar a topografia do lote através das curvas de níveis. A curva de nível é uma linha constituída por pontos todos de uma mesma cota ou altitude de uma superfície qualquer. Quando relacionadas a outras curvas de nível permite comparar as altitudes e se projetadas sobre um plano horizontal podem apresentar as ondulações, depressões, inclinações etc. de uma superfície. Podemos observar na Figura que quando mais inclinada for a superfície do terreno, as distâncias entre as curvas serão menores, menos inclinada as distâncias serão maiores d1 < d2. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 35 As curvas de níveis são elaboradas utilizando aparelhos topográficos que nos fornecem os níveis, os ângulos e as dimensões de um terreno ou área. Este levantamento não é muito preciso, quando utilizamos métodos simples para a sua execução, mas é o suficiente para construção residencial unifamiliar, que geralmente utilizam terrenos pequenos. Caso seja necessário algo mais rigoroso, devemos fazer um levantamento com aparelhos recorrendo a um topógrafo. Geralmente é suficiente tirar um perfil longitudinal e um transversal do terreno, mas nada nos impede de tirarmos mais, caso necessário. Nos métodos existentes, se usa basicamente balizas com distância uma da outra no máximo de 5,0m, ou de acordo com a inclinação do terreno. Em terrenos muito íngremes a distância deverá ser menor e em terrenos com pouca inclinação, podemos utilizar as balizas na distância de 5,0 em 5,0m. 3. Noções Básicas de Topografia “A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura resultante da esfericidade terrestre.” A Topografia é a descrição mais próxima do real que podemos fazer de uma área, sendo assim um levantamento topográfico consiste basicamente da obtenção de dados no campo, levantamento topográfico, e posteriormente do serviço de escritório, tratamento dos dados e desenvolvimento da planta topográfica, que vem a ser a projeção dos dados coletados em papel. As divisões dos levantamentos Topográficos são: • Levantamento PLANIMÉTRICO – é aquele em que são adquiridos em campo, leituras de ângulos e distâncias, afim de que possamos determinar pontos e feições do terreno que serão projetados sobre um plano horizontal de referência através de suas coordenadas X e Y (representação bidimensional), e, • Levantamento ALTIMÉTRICO – desenvolvido a partir da tomada de ângulos e/ou distâncias com o objetivo de determinar as feições morfométricas do terreno em questão, estando relacionados a um plano de referência vertical ou de nível através de suas coordenadas Z vinculadas às X e Y (representação tridimensional), como em um perfil topográfico por exemplo. • Quando nos referimos ao conjunto de métodos e sendo assim o conjugado de dados adquiridos (planimétricos e altimétricos), abrangemos as duas espécies Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 36 de levantamentos citados anteriormente (planimetria e altimetria) e a este é dado o nome de TOPOMETRIA, comumente citada como PLANIALTIMETRIA. O modelo mais tradicional de coordenadas é o de Geográficas, explicitadas em: • Latitude, representada pela letra (ϕ), corresponde ao ângulo que se forma entre a linha do equador e os polos, admitindo valores que vão de 0° a 90°, sendo estes positivos no hemisfério norte e negativos no hemisfério sul, dessa forma abrangendo um intervalo que parte de -90º até +90°; • Longitude, a qual se representa pela letra (λ), corresponde ao ângulo que é descrito entre o meridiano de referência (observatório de Greenwich) e o do lugar pretendido, admitindo valores que giram de -180° até +180°, sendo esta variação positiva para leste e negativa para oeste. Como a intenção aqui é apenas fornecer ao aluno as noções mais triviais de topografia, o assunto não será aprofundado. Porém, faz-se necessário conhecer os principais tipos de levantamentos e seus equipamentos utilizados, o que será apresentado a seguir. 3.1. Equipamentos e Acessórios Como a topografia esta baseada na leitura de ângulos e distâncias, faz-se uso de determinados equipamentos para a obtenção dessas medidas, de forma que alguns fazem leituras de ambos e outros só um determinado tipo (ou distância ou ângulo). As distâncias são medidas de forma horizontal, ou inclinada e os ângulos horizontais ou verticais, assim como visto anteriormente. Dessa forma deve-se optar pelo melhor equipamento para o desenvolvimento do trabalho a ser executado,por exemplo, para executar um levantamento altimétrico, o melhor equipamento é o Nível, já para um levantamento planimétrico este equipamento não desempenha tal função, restando assim, para serem utilizados os teodolitos, teodolitos eletrônicos, estações totais, entre outros. Aula 2 - Terrenos UNIDADE 1 – CONCEITOS ELEMENTARES 37 O trabalho prático de campo na topografia se utiliza de diversas ferramentas, sendo os mais usuais apresentados nas duas tabelas abaixo, juntamente com os acessórios: 3.2. Levantamento Expedito Um levantamento expedito é normalmente um levantamento rápido com pouco rigor e tem como finalidade a execução de um esboço da zona a representar. Um levantamento Aula 2 - Terrenos INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO 38 expedito utiliza instrumentos simples e expeditos de medição de ângulos, como a bússola, e distâncias, as quais muitas vezes são contabilizadas a passo ou à fita. Este tipo de levantamento é utilizado frequentemente no reconhecimento de um itinerário ou na definição de um esboço do terreno para a preparação de um trabalho topográfico de campo. O itinerário a reconhecer é normalmente marcado sob a forma de um gráfico retilíneo denominado gráfico de Dufour, no qual é indicada a direção do Norte (Nm) em cada seção, através de setas, os declives de cada seção, os seus comprimentos e outras anotações complementares. Ademais, existem diversas outras metodologias de levantamentos. Porém, não serão objetos de estudos neste curso que tem por nesta faze intenta apenas nortear o aluno e guarnecê-lo das informações necessárias à continuidade do aprendizado elementar. Extra ído de Pinto Jr. et a l , 2001. Extra ído de Espartel 1987. Extra ído de Cesar Augusto Siega Araújo. Sem prejuízo de conteúdo
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