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Cultura Nyanja

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Índice 
Introdução	3
1.1.	Objectivos	3
1.2.	Metodologia do trabalho	3
1. História	4
2. Sociedade	4
3. Ritos de Iniciação	4
4. Casamento tradicional dos nyanjas	7
5. Os Rituais funebres e Luto	7
Conclusão	13
Bibliografia	14
Introdução 
 O Nyanjas é uma etnia africana da família das línguas bantus faladas além de Malawi (oficial) também é falada em Moçambique, na Zâmbia. Em Moçambique, as suas origens estão ligadas ao antigo Império Marave (Séc. XV-XVIII). A lingua Nyanja sempre foi muito permeável às influências linguísticas das línguas dos povos que vivem no seu território. Isso resultou em uma multiplicidade de dialetos em que abundam a participação no léxico dos termos das línguas de cada área, como Chichewa, Kololo, Lomwe, Yao.
1.1. Objectivos 
Geral 
· Conhecer os habitos e costumes do grupo etno linguistico Nyanja.
Específicos 
· Descrever as or procedimentos funebres do povo Nyanja;
· Descrever os procedimentos de cerimonias tradicionais do grupo Nyanja;
· Descrever as formas da pratica de ritos de iniciaçao do povo Nyanja. 
1.2. Metodologia do trabalho 
Para a elaboração deste trabalho, a metodologia utilizada foi a consulta bibliográfica, artigos referentes ao tema, bem como a entrevista a individuos conhecedores da linhagem Nyanja.
1. História
O povo Nyanja vem de uma grande emigração que veio do centro do Congo Kinshasa dirigida para o atual Malawi durante os séculos XIV ou XV. Na história recente, podemos mencionar como, quando o Dr. David Livingstone chegou ao país, Nyanja, assistido por grupos de Kololo, derrotou o Chefe Chibisa tornando-se seus líderes, eles se estabeleceram de forma estável, logo se casando com mulheres de Nyanja. Eles têm fama de ter sido sempre muito hospitaleiros para os estrangeiros, o que permitiu ao longo dos séculos o estabelecimento entre eles de muitos povos que fogem da fome ou da guerra.
2. Sociedade
Tradicionalmente, eles foram tatuados com duas marcas em cada lado do rosto entre a orelha eo olho, mas pouco a pouco esta prática está desaparecendo. Tradicionalmente, os Manyanja não se casam muito jovens, mas durante anos eles devem demonstrar sua capacidade de viver como adultos.
Durante esses anos de sua juventude, os homens estão construindo suas próprias casas, preparando seus campos e fabricando seus próprios utensílios agrícolas. Da mesma forma, as mulheres jovens devem demonstrar aos seus idosos que sabem como cultivar o jardim familiar, cozinhar e entreter adequadamente uma casa.
3. Ritos de Iniciação
Os ritos de iniciação são imprescindíveis num casamento ente esses povos em questão “Yao e Nyanja”. Segundo MACY, (1997:83-86) o conteúdo dos ritos versa sobretudo o comportamento para com os pais e os mais velhos, as tarefas que devem desempenhar, as demonstrações de “respeito” ao marido, e as normas sobre o casamento e a sexualidade chamando a atenção para o facto de que entre os Nhanjas, os ritos de iniciação das raparigas costumavam incluir a “circuncisão feminina” prática actualmente em desuso. No concernente à idade em que as crianças são iniciadas, refere-se que nalguns casos, as raparigas passam pelos primeiros ritos entre 5 e os 6 anos.Todavia, para as raparigas existem três tipos de ritos: um primeiro que pode ocorrer depois dos oito anos de idade e antes da rapariga ser menstruada; um segundo, após a primeira menstruação, em que lhes são transmitidos conhecimentos sobre a higiene e a sexualidade; e um terceiro, a quando da primeira gravidez. Porém, actualmente as crianças passam pela primeira etapa dos ritos entre os oito e os onze anos de idade. No que tange à duração dos ritos de iniciação, a situação é bastante diversa, variando entr euma a três semanas para os rapazes e entre duas a seis semanas para as raparigas, para quem os ritos são, para além de mais longos, mais complexos. Porém, tudo indica que actualmenteos ritos são menos demorados do que antes.
Ritos de iniciacao são cerimonias de caracter tradicional e cultural praticadas nas sociedades africanas que visa preparar adolescentes para encarar a outra fase da vida, isto e, a fase adulta. Visam essencialmente a integracao pessoa, social e cultural do individuo, permite ao individuo reunir multiplas influencias do seu meio em seguida integra-lo na sus maneira de pensar, de agir e de se comportar, o individuo participa activamente nas actividades e na vida do grupo que pertence.
Nas sociedadee, os ritos assumem particular importancia na educacao dos jovens (rapazes e raparigas) e na transmissao e preservacao dos valores culturais das comunidades. A passagem da adolescencia a fase adulta e marcada por ritos, designados por ritos de iniciacao. Estes ritos constituem um processo, mais ou menos longo, de socializacao dos jovens com vista a sua integracao na vida adulta. A partir destes ritos, eles tomam a consciencia da sua propria identidade e do lugaar que lhes compete na comunidade. Os jovens passam a tomar parte, com alguns direitos em varias realizacoes sociais, como participar em todas actividades que a vida em comunidade impoe. O objectivo central destes ritos e incutir nos jovens o comportamento que se espera do adulto na sciedade. Aos rapazes são transmitidas normas de conduta social e etica, são lhes ensinado tabus ligados as cerimonias funebres e a vida sexual. Aprendem tambem a importancia da conservacao dos recursos naturais comunitarios, jurisprudencia e a resolucao de conflitos. Recebem conhecimentos sobre a religiao, os mitos, a musica e dança tradicional. As raparigas são submetidas aos respectivos ritos de iniciacao (cinamwali), apartir da primeira mestruacao. A educacao dada incide mais sobre as normas de conduta que a rapariga deve observar na familia e na comunidade. Isso inclui a educacao sexual, o papel da mulher na producao agricola e nas tarefas domesticas. Elas aprendem as normas de comportamento, tabus e interdicoes no contexto da sua comunidade. Um pouco mais cedo do que outras comunidades circunvizinhas, como algumas tribos dos nhanjas, que para levar as suas filhas aos ritos de iniciação esperam a chegada da monarca, os nhanjas levam logo em tenra idade para irem se acostumando com os ensinamentos, pois a iniciação feminina decorre em diferentes fases de desenvolvimento fisiológico. A criança, a quem desde o seu primeiro dia de vida coube à sua mãe a responsabilidade de imbuir nela o sentido da vida, através do carinho, repreensão, sensibilização etc., agora são confiadas as mestras e madrinhas para completarem a sua formação humana com valores superiores da comunidade através dos ritos cujos principais meios de transmissão são: a canção, a dança, provérbios e parábolas. As matérias tratadas têm sido genéricas e envolvem as questões relacionadas com o ser e estar na comunidade, a sexualidade – no sentido da iniciada conhecer melhor o seu corpo, como se comportar na comunidade enquanto mulher, qual é o seu papel e lugar, o que lhe é ou não permitido fazer na sociedade, como se manifestar diante das circunstâncias de vida como doença e morte, o que lhe espera no futuro na sua qualidade de mulher, entre outras matérias de importância social. Estes ritos, de acordo com subdividem-se em quatro fases ou etapas.
Os ritos tidos como acções simbólicas e padronizadas através da repetição na interacção social foram sendo sujeitos a circunstâncias políticas e sociais vivenciadas pela comunidade. Obedecendo a três momentos sequenciados (separação, margem e agregação) foram, entretanto, sendo modificados, permanecendo todavia o objectivo primordial - a manutenção das desigualdades de género em torno dos papéis sociais atribuídos, exercício da sexualidade e dos direitos. Na parte da obra que fala das mudanças nos ritos, os autores oferecem um campo aberto para uma análise crítica dos estudos que consideram as relações de poder e as desigualdades entre mulheres e homens no campo da sexualidade, sem que se questionem os aspectos estruturais da subordinação das mulheres. Assim, por exemplo, na aprendizagem sobre o sexo, os aparatos de disciplina dos corpos ditam regrasem geral sob um regime binário: licito, ilícito, permitido e proibido, que se intensificam para legitimar um certo tipo de sexualidade ligada a padrões socialmente estabelecidos do masculino e do feminino. Padrões esses oriundos de representações sociais e culturais construídos a partir das diferenças biológicas dos sexos e transmitidos através dos ritos. Essas representações interiorizadas são referências fundamentais para a constituição da identidade feminina mas, sobretudo, para aprendizagem por parte das mulheres que o seu valor e o seu poder, se localiza no corpo e no uso deste. A produção de significados a partir do corpo do outro é definida e regulada através de práticas discursivas produzidas pelo poder disciplinar que as nomeia, mas onde prevalece a violência. Dessa forma, o aparato dessa construção exige um tipo de aprendizagem que depende frequentemente de um ideal de que certo conhecimento seja afixado a certas identidades na base de um poder constrangedor. O livro faz-nos reflectir sobre o facto de que, tal como as demais dimensões da identidade, a sexualidade é uma construção social e que não se refere apenas ao sexo genital. Tratar desta problemática pressupõe reconhecê-la como uma abordagem com uma multidimensionalidade a diversos níveis. Como Helle-Valle (2005) demonstra, a sexualidade deve ser reconhecida como uma dimensão humana que quanto mais se conhece e compreende, mais se reconhece a necessidade de lhe ampliar o sentido. Entre as funções mantidas em segredo situa-se a repressão sexual das meninas. O controlo sexual do potencial reprodutivo é focalizado nas mulheres. O papel de pai e esposo é definido em termos de autoridade em relação aos seus dependentes e esta relação é formulada através de uma metáfora do esposo como sendo o chefe. O que dá à jovem o estatuto de mulher é a concepção, pois a identidade feminina está intimamente confinada à sua função de mãe. Parte-se do pressuposto de que os processos identitários funcionam como coordenadas culturais no processo de constituição da subjectividade. Além de posicionarem os sujeitos concretos nas suas relações com os diversos grupos sociais existentes nos contextos culturais em que estão inseridos, estes são todavia marcados por funções e papéis inquestionáveis. Mas o livro chama sobretudo a atenção, como já afirmámos, para as mudanças, o que vem perturbar o cenário de uma suposta simplicidade e imutabilidade dos ritos como expressão de uma cultura essencial. Neste processo, o papel da escola na construção da consciência de cidadania, é crucial.
4. Casamento tradicional dos nyanjas
O povo nyanja hoje em dia tem vivido uma cultura similar a dos yaos, isto e, no que diz respeito a religiao e ritos de iniciacao. Pode se encontar nyanjas que praticam a religiao isla e outros a religiao crista. Assim sendo cada um destes seguem os procedimentos das religioes a que professam. Mas mesmo praticando essas religioes, eles praticam os ritos tradicionais quanto aocasamento, exigindo o lobolo que e pago valores monetarios ou seja anumal como boi. O casamento tradicional (ukwati) só podem ser contrair por quem tiver a capacidade matrimonial exigida pela tradição.
Neste tipo de casamentos a capacidade matrimonial dos nubentes é comprovada por meio de processo preliminar orientados pelos anciaos da familia (cla).
Para a realização do casamento tradicional (ukwati) é indispensável a presença:
· Dos contraentes,
· Da autoridade comunitária;
· De duas testemunhas.
5. Os Rituais funebres e Luto
Luto, de acordo com o dicionário Aurélio (Ferreira, 2003), significa tanto o sentimento de dor pela morte de alguém quanto os sinais exteriores deste sentimento, em especial o traje usado e o tempo de permanência em estado de luto. É considerado reação normal e esperada frente ao rompimento de uma relação significativa, pois se compreende que ocorre não simplesmente uma morte, mas a partida de alguém amado em circunstância dolorosa.
No que diz respeito ao(s) significado(s) presente(s) em rituais fúnebres, podemos considerar que incluem a demarcação de um estado de enlutamento, de reconhecimento da importância da perda e da importância daquele ente que foi perdido. Ritualizar é marcar, pontuar um aspecto da realidade ou um acontecimento. Neste contexto, os enlutados tendem a se encontrar em um estado de margem ou limiar, no qual entram mediante ritos de separação do morto e saem através de ritos de suspensão do luto e reintegração social. Algumas vezes coincide o período de margem dos vivos com o período de margem do morto ou seja, o término do período de luto coincide com a agregação do morto em um estatuto post mortem, de acordo com a crença de cada cultura.
Os rituais relacionados com a morte, como os funerais, servem para contextualizar a experiência, permitindo as mudanças de papéis e a transição do ciclo de vida. Além do mais, podem oferecer à família o suporte da sensação de pertencer a uma cultura capaz de proporcionar respostas previsíveis num momento em que o choque da perda deixa-a entorpecida e desarticulada. Desta maneira, a universalidade das manifestações humanas diante da morte existe para atender às necessidades psicológica e social de dar um enquadramento e uma previsibilidade à perda pela morte.
· Um ritual para admitir a perda e entrar no luto;
· Um ritual que simbolize o que os familiares incorporaram do morto; 
· Um ritual para simbolizar os momentos de mudança na vida.
Os rituais de luto apresentam como funções: marcar a perda de um dos membros da família; afirmar a vida como foi vivida pelo que morreu; facilitar a expressão do luto conforme os valores da cultura; falar sobre a morte e sobre a vida que continua expressando significados; apontar uma direção que faça sentido diante da perda e da continuação da vida dos que ficaram.
Esta função do ritual também é compartilhada por ao ressaltar que, apesar de a cerimônia ser, a priori, em homenagem ao morto, a vida continua é para os vivos, sendo o ritual, portanto, especialmente vital e benéfico para aqueles que assistem, criando um momento de comunhão, de estar juntos, de cumplicidade, de compaixão e renovação, estabelecendo conexão com o sagrado e marcando o início do luto necessário. Desta forma, é importante garantir um tributo digno ao falecido em uma cerimônia para marcar este momento, estabelecendo uma reintegração do defunto em outro lugar, que é o da memória.
Compreende-se, a partir de todas as considerações feitas, que o caráter simbólico dos rituais, incorporados pelos indivíduos, tende a permitir ou facilitar a comunicação social de significados relacionados à morte e o morrer, fornecendo sentido à realidade. Os rituais podem ajudar a simbolizar a morte do ente querido, favorecendo a reintegração cotidiana e social rompida pela mudança que a perda ocasiona. Além do mais, o investimento e dedicação presentes nos rituais poderão amenizar possíveis sentimentos de culpa, sendo o ritual fúnebre necessário para a maturação psicológica, por ter atribuições relevantes como: ajudar o indivíduo a confrontar-se com a perda concreta, entrando no processo de luto, possibilitando-lhe também a manifestação pública de seu pesar.
A literatura tem mostrado que vem ocorrendo mudança na forma como tem sido tratado o tema da morte ao longo do tempo nas sociedades ocidentais, de modo que vários autores) têm ressaltado um progressivo distanciamento das questões relativas à finitude no que diz respeito à sociedade de um modo geral, mesmo considerando que a morte encontra-se cada vez mais escancarada e maciçamente veiculada nos meios de comunicação.
Há um paradoxo implicado no tema da morte nos dias atuais, pois ao mesmo tempo em que ela está cada vez mais próxima das pessoas, devido principalmente ao desenvolvimento das telecomunicações, há um interdito sobre o tema. Neste contexto, observamos que a televisão introduz diariamente em milhares de lares cenas de morte e todo tipo de violência, acidentes e doenças sem, no entanto, haver possibilidade de que esse conteúdo seja elaborado. A morte torna-se,então, ao mesmo tempo, companheira cotidiana e interdita. Apesar de tão próxima, invasiva e sem limites, “reina uma conspiração do silêncio”.
Assim, apesar da facilidade de acesso ou mesmo do escancaramento de notícias sobre mortes e imagens de mortos, sinalizam que permanece o enquadramento da morte como tema tabu, de forma que apenas delimitaram-se lugares para ela, que são: o lugar do espetáculo; o lugar do produto; da técnica; da banalização ou mesmo do humor, como em determinadas propagandas de funerárias que fazem trocadilhos referentes à morte. Desta maneira, continua vedado socialmente
o aprofundamento em questões ligadas, por exemplo, à expressão de sentimentos de dor e pesar diante da morte de um ente querido, ou às demandas existenciais relacionadas à própria finitude.
Nesse contexto de negação, muitas vezes os rituais que são praticados diante da morte parecem se esvaziar, ocorrendo apenas de forma protocolar, sem possibilitar aos participantes a manifestação de sentimentos, o reconhecimento de seu luto e o suporte social necessário em um momento de crise como esse. alerta que os rituais de luto podem ocorrer de forma rígida ou vazia, deixando as pessoas desconectadas de qualquer sensação de elaboração genuína, porque “a falta de rituais de luto autênticos na vida contemporânea frequentemente impede o processo necessário de elaboração após uma morte.
Como já dissemos, quando o ritual é dotado de seu caráter simbólico de recomhecimento da perda, tende a ajudar a simbolizar a morte do ente querido, favorecendo a reintegração cotidiana e social rompida pela mudança que a perda ocasiona. Porém, o ritual somente consegue cumprir essa função se houver um envolvimento, uma espécie de adesão mental dos participantes, que devem se identificar com o ritual e com grupo que participa dele. Quando não há essa adesão, ocorre um esvaziamento do sentido da prática ritual, que pode se dar tanto para o grupo todo como para algum ou alguns participantes individualmente. fez uma distinção interessante entre rituais que confortam e rituais que perturbam. De acordo com ela, quando o ritual é despido de sua dimensão simbólica apaziguadora, momentos como do funeral tendem a perturbar e não confortar.
Sobre essa questão, traçou um paralelo entre o afastamento para com o tema da morte e a depressão. Para ele, em uma cultura que gira em torno de um individualismo exacerbado e hedonista, no qual os avanços tecnológicos ditam os preceitos de um modo de vida no qual morrer é um acidente de percurso, o adoecimento psíquico é uma forma de burlar o interdito, lembrando o homem de sua morte.
O deprimido seria, então, um indivíduo que denuncia em seu próprio padecer que a morte é inerente à vida, visto que o sofrimento condensa essa condição básica, que apresenta a infelicidade como um subproduto do que tem sido silenciado. Para este autor, diferente do medo da putrefação e do horror diante da decomposição, o medo contemporâneo assume a forma de uma vergonha; antigamente prevaleciam os rituais, mas agora resta um silenciar dos costumes.
A morte vem se tornando cada vez mais vergonhosa e interdita, ocorrendo um fenômeno curioso na sociedade capitalista, que é a substituição da interdição em torno do sexo pela interdição em torno da morte, ou seja, vem ocorrendo uma inversão na qual a obscenidade não reside mais nos fatos referentes ao início da vida, mas sim aos referentes ao seu fim.
A devoção nos cuidados com o cadáver e os critérios muitas vezes longos e minuciosos seguidos em rituais fúnebres revelam a inquietação que a morte provoca e a tentativa de encontrar um lugar em nossas vidas para algo que ainda se encontra além de uma explicação. A morte é algo diante do qual ficamos perplexos, porque representa o desconhecido na existência humana. Além do mais, a morte do outro nos remete a nossa própria morte. Criamos, então, formas de lidar com essa realidade; acreditamos que existe outra vida depois da morte, praticamos rituais diante da perda de um ente querido, dedicamo-nos ao corpo morto e o honramos e choramos. Criamos um espaço sagrado dentro de nossas vidas para algo que vai além das explicações palpáveis.
Portanto, o caráter simbólico dos rituais, incorporados pelos indivíduos, comunica socialmente e fornece sentido à realidade, ajudando a simbolizar a morte do ente querido, visto que se trata de um momento extremamente doloroso e de difícil aceitação. Diante do desprazer que a morte provoca, o acontecimento torna-se mais acessível de ser trabalhado em nossa consciência quando nos são fornecidos símbolos que nos ajudam na passagem por essa fase difícil e na reintegração cotidiana e social rompida pela mudança que a perda ocasiona.
A compreensão do ritual fúnebre como importante categoria de análise nas condições de luto implica, portanto, que haja mais subsídios teóricos que contribuam com a fundamentação das práticas de suporte aos enlutados, sendo estas práticas pensadas como medidas preventivas diante da possibilidade de complicações em estados de luto, como o luto crônico, o luto adiado, transtornos psiquiátricos ou manifestações psicossomáticas.
Compreende-se, portanto, que a dedicação presente nos rituais relacionados à morte possibilita aos vivos amenizar possíveis sentimentos de culpa, sendo o ritual fúnebre necessário para a maturação psicológica por ter atribuições relevantes, como ajudar o indivíduo a confrontar-se com a perda concreta, entrando no processo de luto e possibilitando-lhe também a manifestação pública de seu luto.
Deste modo, considerando-se a relevância das manifestações rituais diante da morte, bem como a carência de estudos acerca da relação entre rituais e luto, sugere-se a necessidade de estudos sobre o tema, principalmente no que se refere às características do mundo contemporâneo.
Conclusão
Niassa é uma província que se localiza no nordeste de Moçambique. a sua capital é Lichinga está situada acerca de 2800 km de Maputo. Os grupos étnico-linguísticos predominantes nesta província são, Macua, Yao e Nyanja, sendo o grupo étnico-linguístico Macua o mais numeroso com cerca de 55% da população de Niassa. Este grupo além de numeroso nesta província, também considera-se numeroso do país. Em segundo lugar desta província,encontra-se os Yao com cerca de 37% da população nativa, e finalmente os nyanja. Porém, apesar de se tratar de etnias diferentes, os povos Yao e Nyanjas apresentam semelhança nas suas organizações sociais, hábitos e costumes, entre outros aspectos. A família Nyanja é baseada no direito matriarcal, sendo o regime familiar matrilinear euxorilocal que consiste em após o matrimónio, os cônjuges vão mostrar na casa da mulher, ou na mesma povoação. Ao passo que entre os Yao, a sucessão e a herança diferem-se por via transversal uterina, isto é, a viúva é herdada pelo sobrinho, filho da irmã do defunto, isto é, se o marido morre, esta viúva automaticamente terá que se casar com o sobrinho do falecido, ou seja, esta viúva passa a ser esposa do filho da cunhada. Em todas as etnias predominantes nesta província, os ritos de iniciação é um elemento imprescindível naquela cultura, pois além de ser uma prática sociocultural, é também indispensável num casamento realizado nestas três etnias. Portanto, tanto os homens, quanto as mulheres são submetidos aos ritos de iniciação que se desenvolve durante um período bastante longo de segregação em lugar isolado, ou nas margens dos rios, ou numa palhota no meio da mata.Também após a realização do trabalho, já pudemos notar que a esterilidade dos cônjuges é algo preponderante num casamento. Pois, notamos que os homens assim como as mulheres estéreis são desprezados respectivamente. A impotência sexual também é algo considerável num casamento entre os povos em foco. Portanto, estes elementos e outros podem levar à destruição de um casamento, ou seja, podem levar ao divórcio.
Bibliografia
AMARAL, M. G. O Povo Nyanja. Subsídios para o estudo de um povo do noroeste de 	Moçambique, Lisboa, 1990.AURÉLIO, B. de H. F.
Novo Dicionário EletrônicoAurélio versão 5.0 Coordenação e edição: Margarida dos Anjos e 	Marina Baird Ferreira. Brasil: Editora positivo, 2004.AMIDE, J. B. Wayao”we” no 	conhecido Niassa, Diname, 2008.MACY, P. Women and Income Generation in the 	Distrit of Cuamba, Mozambique, 1996.MARTINEZ, L. F.
O Povo Macua e a sua Cultura (Tese de Doutoramento em Missiologiana Pontifícia 	Universidade de Roma. 1987) Ministério da Educação, Lisboa, 1989.MEDEIROS, E.		
História de Cabo Delgado e do Niassa, Patrocinado pela Cooperação 	Suica,1997. http://www.niassa.gov.mz acesso em31deMarco 2021.

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