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Alterações Fisiológicas do Idoso

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Alterações Fisiológicas do Idoso
Do ponto de vista biológico, conceitua-se o envelhecimento como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte (Papaléo Netto, 2016).
O processo de envelhecimento é progressivo, gradual e, principalmente, variável. O fenótipo por ele determinado é o resultado de fenômenos intrínsecos ao organismo associados a fatores ambientais, ao estilo de vida, às condições nutricionais e à ocorrência de doenças. Desse modo, ninguém envelhece igual a outro da mesma espécie.
É impossível estabelecer o momento exato em que um indivíduo se torna idoso. Na verdade, o processo de envelhecimento faz parte de um contínuo que se inicia com a concepção e só termina com a morte. Ninguém, ao chegar a determinada idade, é considerado idoso nem o processo é considerado completo. Torna-se mais velho a cada dia, continuamente, até o final da vida. Contudo, como é necessário estabelecer limites cronológicos para estudos e planejamentos administrativos, no Brasil, do ponto de vista legal, idoso é toda pessoa maior de 60 anos de idade (Lei n. 8.842, de janeiro de 1994, e Lei n o 10.741, de outubro de 2003).
Senescência X Senilidade
Uma das principais preocupações sempre foi distinguir quais seriam as modificações estruturais e funcionais provocadas exclusivamente pelo processo do envelhecimento (senescência) daquelas causadas pelas doenças que podem acometer o idoso (senilidade). Na maioria das vezes, essa tarefa é impossível, pois há estreita relação entre esses dois fenômenos, o fisiológico e o patológico. Com isso, o processo de envelhecimento modifica e é modificado pelas doenças. As modificações anatômicas e fisiológicas guardam pouca relação com a idade cronológica e variam de um órgão para outro e de um indivíduo para outro.
Modificações gerais
A taxa de metabolismo basal diminui cerca de 10 a 20% no idoso, o que reduz suas necessidades calóricas. 
Além disso, apresentam modificações no sistema de regulação da temperatura corporal que são responsáveis tanto pela frequente inexistência de febre ou pela febre mitigada, quando acometidos por doenças infecciosas, como também pelo maior risco de apresentarem hipotermia ou hipertermia em situações de frio ou calor extremo.
A imunidade celular declina, e ocorrem alterações da imunidade humoral, com aumento na prevalência de neoplasias e infecções e redução da resposta vacinal. Paradoxalmente, há maior predisposição à formação de autoanticorpos, processo conhecido como imunossenescência.
Modificações Sistêmicas
Pele e Fâneros
	É praticamente impossível determinar quais modificações da pele seriam provocadas exclusivamente pelo envelhecimento, sem a influência de fatores externos ao organismo.
· Maior exposição aos raios solares antecipa e intensifica o envelhecimento da pele (fotoenvelhecimento). 
· Diminuição da espessura e da elasticidade da epiderme e derme, em decorrência de alterações do colágeno e diminuição das fibras elástica - a rede vascular torna-se mais visível. 
· Redução da espessura do tecido subcutâneo, principalmente da face e membros, somado aos fatores acima, gera rugas.
· Pele torna-se flácida, formando grandes pregas nos braços, coxas e abdome. Aumento da espessura da pele, em áreas específicas, com acentuação do seu quadriculado normal, alteração comum na nuca, denominada cútis romboidal.
· Redução da quantidade e da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas - a pele torna-se rugosa e seca.
· Os melanócitos diminuem em número e sofrem alterações funcionais, acarretando o aparecimento de manchas hipercrômicas, planas e lisas, principalmente na face e no dorso das mãos – lesões conhecidas como melanose senil (não oferecem riscos).
· A redução da espessura da pele e do subcutâneo faz com que, ao menor trauma, surjam manchas vermelhas e salientes, denominadas púrpura senil – principalmente no dorso das mãos e antebraço.
· Nos homens os pelos do corpo diminuem. Com exceção dos pelos do nariz, sobrancelhas e orelhas.
· Nas mulheres, em decorrência da deficiência de estrogênios, há aumento da quantidade e da espessura dos pelos do lábio superior e do mento e diminuição dos pelos das axilas, pernas e púbis.
· A medula dos cabelos se enche de ar e o córtex perde o pigmento, ocasionando a canície (embranquecimento dos cabelos). Dependendo dos hormônios sexuais e da hereditariedade, a quantidade de bulbos capilares diminui no crânio, dando início à calvície.
· As unhas passam a crescer mais lentamente do que nos jovens e tornam-se espessas e curvas. 
Sistema Osteoarticular e Muscular
· Nos homens, a partir dos 60 anos, e nas mulheres, imediatamente após a menopausa, começa a perda de tecido ósseo, com diminuição da espessura do osso compacto e redução das lâminas do osso trabecular.
· Com a soldadura dos ossos do crânio (sinostose), as suturas desaparecem, e o crânio perde a elasticidade.
· Desgaste dos ossos maxilar e mandíbula.
· Anquilose (adesão anormal com rigidez) das articulações costocondrais, fazendo com que a caixa torácica perca sua elasticidade e mobilidade.
· Espessura dos discos intervertebrais diminui – acentuam-se as curvaturas da coluna vertebral, principalmente a torácica.
· Cartilagens articulares tornam-se mais delgadas e sofrem rachaduras superficiais.
· Uma das mais importantes alterações que acompanham o processo do envelhecimento é a perda de 1 a 2% da massa muscular ao ano após a sexta década de vida.
· Diminuição da massa e da força muscular, processo associado ao envelhecimento normal, mas cuja velocidade e intensidade dependem do estilo de vida – Sarcopenia. Além da inatividade física‚ contribuem para a ocorrência da sarcopenia fatores nutricionais‚ metabólicos‚ neurohumorais e imunológicos.
· A sarcopenia difere da atrofia muscular pelo desuso porque nela não ocorre somente redução da massa (tamanho das fibras) mas também do número de fibras musculares‚ principalmente as de contração rápida‚ resultando em diminuição progressiva da força muscular com a idade.
· A perda gradual da massa muscular é um dos fenômenos responsáveis pela síndrome da fragilidade do idoso‚ condição que aumenta o risco de quedas‚ declínio funcional‚ redução da mobilidade‚ incapacidade e perda da independência.
	
Sistema Nervoso
· Velocidade de condução nervosa diminui - atenuação dos reflexos tendinosos profundos, principalmente os patelares e os aquileus.
· Redução do tempo total de sono em decorrência da diminuição da duração e da frequência da fase 4 do sono não REM (sono profundo) – aumentam-se os despertares noturnos
· Para relembrar: 
· Diferença entre músculo estriado esquelético e músculo estriado cardíaco:
O músculo estriado esquelético realiza contração rápida e vigorosa e é voluntário.
O músculo estriado cardíaco é um músculo especializado, presente apenas no coração. Sua ação de contração é rápida, rítmica, contínua e involuntária.
· Nervo Glossofaríngeo e Nervo Vago:
O nervo glossofaríngeo é responsável pela sensibilidade geral e especial do terço posterior da língua (a inervação especial é a responsável pelas sensações gustativas ao terço posterior da língua, principalmente azedo e amargo). Também inerva a faringe (inerva o músculo estilofaríngeo, que tem a função de elevar e dilatar a faringe), úvula, tonsila, tuba auditiva, seio e corpos carotídeos (essa inervação é de suma importância para o controle reflexo da frequência cardíaca, pressão arterial e respiração) – reflexo carotídeo.
O nervo vago realiza a inervação parassimpática das vísceras torácicas e abdominais. A porção parassimpática do nervo realiza inervação do coração e quando estimulado apresenta efeito inotrópico negativo, ou seja, redução da força de contração cardíaca – reflexo do arco aórtico
Órgãos do Sentido
· Pavilhões auriculares aumentam, principalmente os lóbulos, pelo acúmulode gordura.
· Articulações entre o martelo e a bigorna e entre esta e o estribo calcificam-se.
· A audição diminui com a idade, principalmente para sons agudos – presbiacusia.
· Hiperpigmentação e edema das pálpebras inferiores. As superiores podem perder músculo‚ causando ptose palpebral
· Na maioria ocorre a opacificação do cristalino – ocasiona catarata.
· A distância mínima para uma visão nítida aumenta rapidamente após os 50 anos – presbiopia.
· Receptores olfatórios diminuem e as papilas gustatórias atrofiam-se - diminuição do olfato e do paladar, principalmente para alimentos salgados. Podem reduzir apetite.
Sistema Cardiovascular
· Há aumento do colágeno, diminuição das fibras elásticas e depósitos de cálcio – artérias ficam enrijecidas e tortuosas (principalmente a aorta, as coronárias, as carótidas e as renais).
· Aorta dilata-se na porção proximal.
· Peso do coração aumenta.
· No miocárdio: acúmulo de gordura nos átrios e no septo interventricular, fibrose, aumento do colágeno e diminuição da complacência do ventrículo esquerdo - predispõe à insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.
· Pericárdio e endocárdio espessados. As valvas sofrem degeneração com espessamento, fibrose e calcificação (principalmente, a aórtica e a mitral). Geralmente não causam estenose ou insuficiência valvar, mas podem atingir o feixe de His.
· Acentuada redução da quantidade de células do nó sinusal, ocasionalmente do nó atrioventricular - predispõe ao aparecimento de arritmias, como a doença do nó sinusal.
· Sistema Cardiovascular sofre acentuada redução da sua capacidade funcional. Em situações de maior demanda (esforço físico ou isquemia cardíaca) pode ter sinais de isquemia dos órgãos.
· Aumento da resistência periférica e da pressão sistólica – risco de doenças cerebrovasculares.
Sistema Respiratório
· Enrijecimento e calcificação das cartilagens traqueais e brônquicas.
· Bronquíolos perdem a elasticidade por substituição da musculatura lisa por colágeno.
· Aumento das fibras elásticas e da quantidade de elastina pulmonares – porém elasticidade pulmonar diminui.
· Alvéolos dilatam-se - formação de cistos por ruptura.
· A diminuição da elasticidade e da complacência pulmonar e a dilatação alveolar ocasionam o aumento do volume residual (VR); como a capacidade pulmonar total (CPT) não sofre modificações com a idade, a capacidade vital (CV) diminui com o aumento do VR. Como consequência, a relação ventilação/perfusão altera-se, e a pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2) diminui. A pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) não se altera.
· Mecanismos de limpeza brônquica, a velocidade dos batimentos ciliares, a produção de muco e a eficácia da tosse são reduzidas – aumento do risco de infecções.
Sistema Digestório
· Perda de dentes e reabsorção óssea e deslocamento da mandíbula – comprometimento da mastigação e nutrição.
· Mucosa oral perde a elasticidade e a resistência – risco de traumas e às infecções (candidíase)
· Queixa de glossodinia, ou queimor na língua, sem alterações que justifiquem.
· Diminuição das células secretoras das glândulas digestivas (salivares, mucosa gástrica, pâncreas).
· A túnica muscular de todo o tubo digestivo se atrofia – comprometimento da motilidade.
· Enfraquecimento da parede do intestino grosso facilita a formação de divertículos.
· Microvilosidades intestinais se atrofiam.
· Peso do fígado e o número de hepatócitos diminuem.
· Volume da secreção biliar diminui, vesícula tem tendência à discinesia (movimentos anormais, involuntários). Farmacocinética de medicamentos pode se alterar.
Sistema urinário
· Redução do tamanho e do peso dos rins, relacionada à modificações vasculares na parte cortical
· Néfrons diminuem em número, alguns glomérulos tornam-se espessados, hialinizados ou fibrosados e muitas arteríolas aferentes obliteram-se.
· Túbulos renais diminuem de tamanho e no néfron distal surgem divertículos – cistos renais.
· Espessamento da cápsula renal e depósito de tecido adiposo perirrenal.
· Musculaturas vesical e uretral atrofiam-se - diminuição da capacidade vesical e da elasticidade uretral.
· A partir da quarta década de vida, o fluxo plasmático renal e a filtração glomerular sofrem redução de aproximadamente 10% por década – redução da depuração (clearance) da creatinina. Porém, a creatinina sérica mantém-se dentro da normalidade, pois ela é produzida pelos músculos, que diminuem com o envelhecimento.
· Diminuição da síntese de aldosterona e ao aumento do hormônio antidiurético (ADH) - diminuição da capacidade de concentração e diluição da urina. Risco de hiponatremia, hipernatremia (redução e aumento da concentração de sódio) e desidratação.
· Capacidade dos rins de excretar ácidos comprometida – maior risco de acidose.
· Diminuição da excreção de potássio - redução da filtração glomerular e da liberação de renina.
· Complacência da bexiga diminui - aumento do volume residual pós-miccional.
Sistema Endócrino
· Tireoide, hipófise, paratireoides e suprarrenais apresentam atrofia.
· Tendência à formação de nódulos – principalmente na tireóide.
· Timo atrofia-se – não degera totalmente.
· Glândula pineal involui e calcifica-se – redução da secreção de melatonina.
· Diminuição da produção de testosterona e interrupção da produção de estrogênios - hormônios foliculoestimulante (FSH) e luteinizante (LH) têm sua secreção aumentada.
· Resistência à insulina e diminuição da tolerância à glicose.
· Redução 50% secreção do hormônio do crescimento (GH)
· Queda no sulfato de desidroepiandrosterona (DHEA) – alterações fisiológicas desconhecidas.
Sistema Genital Feminino
· Órgãos genitais, principalmente os ovários atrofiam-se – estéreis após a menopausa.
· Modificações mais acentuadas do que os genitais masculinos.
· O tecido glandular é substituído por fibroso – mamas flácidas e pendentes.
· Vagina diminui em comprimento e largura, a sua mucosa atrofia-se e torna-se ressecada.
· O útero perde peso e os ligamentos afrouxam-se, favorecendo a ptose.
Sistema Genital Masculino
· Diminuição dos testículos, das vesículas seminais e das dimensões do pênis (perde elasticidade).
· Volume prostático aumenta, mas as suas glândulas atrofiam-se.
· A capacidade reprodutiva diminui com a idade, mas, geralmente, o homem idoso não é estéril.
Referência: PORTO & PORTO. Semiologia Médica. 8. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

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