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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid “Suas mãos na comunicação com os Surdos” Teresina-PI 2020.2 BÁSICO 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid Ronaldo José Amorim Campos Réitor Ní véa Maria Ribéiro Rocha da Cunha Pro -Réitora dé Ensino Isabél Cristina Cavalcanté Carvalho Moréira Pro -Réitor dé Pésquisa, Po s-Graduaça o é Inovaça o Gardé nia Alvés da Rocha Supérvisora CASA Maria Bérénicé da Silva Oriéntadora Educacional Karléth Costa Spindola Rodrigués Psico loga CASA Elisabété Marqués Cardozo dé Sousa Proféssora dé Libras Elaboraça o da Apostila 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid Quém Somos O UniFacid iniciou suas atividades acadêmicas, em Teresina, no ano de 2001. Com um projeto inovador, nos tornamos referência no Ensino Superior do Estado do Piauí. Oferecemos graduação (presencial e EAd) nas áreas de Administração, Ciências Contábeis, Direito, Engenharia, Tecnologia da Informação, Comércio Exterior, Gastronomia. Curso nas áreas de Saúde, incluindo Medicina, Odontologia dentre outros. O UniFacid conta com dois campi situados na zona leste da capital. O campus I, localizado na Rua Veterinário Bugyja Brito, 1354, é dividido em três prédios e concentra laboratórios de Eletromorfoterapia, Psicologia Experimental, Semiologia Cardiológica e o Centro de Empreendedorismo e Internacionalização - CEI. Além disso, comporta a Unidade I do Centro de Aprendizagem e Serviços Integrados (CASI) que oferece atendimento ao público em diversas áreas da saúde. O campus II, fica na Rua Vereador Joel Loureiro, 6918, e abriga o CASI II que funciona como um posto avançado do SUS e conta com um centro cirúrgico para pequenas intervenções. Dispõe de farmácia-escola, laboratório-escola e Núcleo de Práticas Jurídicas. Visite-nos! Oferecemos cursos de Graduação e Pós-Graduação nas modalidades presencial, semipresencial e à distância e Mestrado Profissional em Biotecnologia e Atenção Básica de Saúde. Conheça nossa instituição e venha viver experiências que ampliam seu mundo. 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid SUMA RIO 1. APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 5 2. CONSELHOS ÚTEIS ................................................................................................. 7 3. COMUNICANDO COM O SURDO.........................................................................9 4. LEI DE LIBRAS.......................................................................................................10 5. LIBRAS, QUE LÍNGUA É ESSA............................................................................12 6. NOMECLATURAS...................................................................................................14 7. ALFABETO MANUAL ........................................................................................... 16 8. NUMERAIS .............................................................................................................. 17 8.1. Números Cardinais ................................................................................................... 17 8.2. Números Ordinais ..................................................................................................... 17 8.3. Números Quantitativos ............................................................................................. 17 9. HORAS ....................................................................................................................... 19 10. CUMPRIMENTO, SAUDAÇÕES E AGRADECIMENTOS ............................. 21 11. PARÂMETROS DA LIBRAS ................................................................................ 22 11.1 Configuração da Mão .............................................................................................. 22 11.2. Ponto de Articulação .............................................................................................. 23 11.3. Movimento ............................................................................................................. 23 11.4. Orientação ............................................................................................................... 25 11.5 Expressões Não-manuais ......................................................................................... 25 12. PRONOMES ............................................................................................................ 27 12.1. Pronomes Pessoais .................................................................................................. 27 12.2. Pronomes Possessivos ............................................................................................ 27 12.3. Pronomes Demonstrativos ..................................................................................... 27 12.4. Pronomes Interrogativos ......................................................................................... 27 13. ADVÉRBIOS .......................................................................................................... 28 14. CORES ..................................................................................................................... 29 5 15. CALENDÁRIO ........................................................................................................ 31 15.1. Dias da Semana ...................................................................................................... 31 15.2. Meses do Ano ......................................................................................................... 32 16. ESTADOS BRASILEIROS .................................................................................... 34 17. FAMÍLIA ................................................................................................................. 37 18. MEIOS DE TRANSPORTES ................................................................................ 39 19. MEIOS DE COMUNICAÇÃO .............................................................................. 41 20. DISCIPLINAS ......................................................................................................... 43 21. MATERIAIS ESCOLARES .................................................................................. 44 22. GRAUS DE INSTRUÇÃO ..................................................................................... 45 23. ANTÔNIMOS .......................................................................................................... 46 24. VOCABULÁRIO COMPLEMENTAR ...............................................................52 24.1. Alimentos...............................................................................................................52 24.2. Vestuário................................................................................................................53 24.3. Sinais relacionados à saúde...................................................................................55 25. TEXTOS COMPLEMENTARES .......................................................................... 60 25.1. Educação de Surdos...............................................................................................60 25.2. O Intérprete de Língua de Sinais...........................................................................62 25.3. O Sujeito Surdo: aceitação e desenvolvimento......................................................64 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 69 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 1-APRESENTAÇA O Seja bem-vindo ao Curso de Libras Básico pensado pela CASA- Coordenadoria de Apoioe Suporte ao Aluno do Centro Universitário Unifacid, desde 2018, com o objetivo de oferecer ao aluno da IES o aprendizado gratuito da língua de sinais e promover a acessibilidade e inclusão. Vamos aprender a Libras, aprender o que são mitos e verdades; o alfabeto manual, números e uma conversação básica para a comunicação com a pessoa surda. Os temas escolhidos são muitos interessantes e instigantes e irão fazer com que você queira desvendar cada mistério do mundo dos surdos. Sabemos que você vai explorar cada assunto aproveitando para aplicar cada aprendizado em sala de aula, grupos de estudos e atividades realizadas. Mais uma vez, contamos com sua disponibilidade e interesse para que este processo de ensino-aprendizado seja engrandecedor a todos. Esperamos que você aproveite bem o Curso de Libras Básico: “Suas Mãos na comunicação com os Surdos”; mas não pare por ai, aprofunde seus conhecimentos e inicie novas práticas, assim, vai poder perceber cada vez mais a importância da Língua Brasileira de Sinais para a pessoa surda e também ouvintes sejam em sua vida escolar, familiar, social e profissional e você contribuirá pra uma sociedade mais justa. Agradecemos sua participação e esperamos que continuem com o mesmo interesse no decorrer do curso. Bons estudos! 7 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 2- CONSELHOS U TEIS NO APRENDIZADO E USO DA LIBRAS Estude o material recebido, sempre que possível, com a presença de uma pessoa surda. Para que um sinal seja produzido corretamente, é necessário observar: a) configuração de mão, b) ponto de articulação, c) movimento e expressão. Focalize o rosto do usuário da LIBRAS, não as mãos. Como usuário da LIBRAS, você aprenderá a ampliar seu campo visual. Caso não encontre um sinal para uma determinada palavra, lembre-se de que somente a comunidade surda poderá criá-lo. Certifique-se de que haja claridade suficiente no momento da conversa em LIBRAS. Não tenha receio de sinalizar e errar. O erro faz parte do processo de aprendizagem. Pode ser que em sua cidade, devido ao regionalismo, os surdos utilizem alguns sinais diferentes para a mesma palavra. Caso isto ocorra, busque conhecê-los também com o próprio surdo. Nem sempre você encontrará um sinal que signifique exatamente a palavra que deseja empregar. Caso isso ocorra, procure um sinal que mais se aproxime. EX.: CONFECCIONAR (FAZER - sinal em LIBRAS). Os termos técnicos, possivelmente, não terão sinais específicos que os represente exatamente. Portanto, é recomendável digitá-lo para o surdo e tentar "interpretá-lo", até que ele, entendendo o contexto, crie o sinal correspondente. Informe aos surdos sobre o que acontece ao seu redor. Procure dar ao surdo o máximo de informações visuais. 8 Ex.: campainha luminosa para início e término de qualquer atividade. Se você quiser chamar a atenção de um surdo, procure tocá-lo no ombro se estiver próximo, ou acene com os braços se estiver distante. O contato com a comunidade surda é fundamental nesse processo de aprendizado da língua, pois além do grande exercício que se pode fazer, é uma preciosa oportunidade de se conhecer também a cultura dessa comunidade. Sugerimos aos participantes que desejem aprofundar-se no estudo da LIBRAS que entrem em contato com as associações e federações de surdos locais e regionais, cujos contatos poderão ser obtidos na FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos no seguinte endereço eletrônico: feneis@ruralrj.com.br. 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 3- COMUNICANDO COM O SURDO? Ao encontrar um surdo, se você não sabe a Língua de Sinais, observe: • Não gritar; • Posicionar-se na frente da pessoa; • Para chamar sua atenção abane as mãos no campo visual do surdo e/ou toque a pessoa gentilmente; • Feito o contato visual, olhos nos olhos, fale calmamente em tom de voz normal, articulando bem as palavras, sem exagerar; Utilize a comunicação visual, se você sabe, mesmo que poucos sinais, use-os. Não se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. (Extraido de www.feneis.com.br) 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 4- LEI DE LIBRAS Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a LÍNGUA BRASILERA DE SINAIS -LIBRAS e dá outras providências. Eu o presidente da república faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei. Art. 1 -É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo Único. entende-se como LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual- motora. Com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2 -Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art 3 -As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4 -O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de educação especial, de fonoaudióloga e de magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino 11 da língua brasileira de sinais -libras, como parte integrante dos parâmetros curriculares nacionais -PCNS. Conforme legislação vigente. Parágrafo Único. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS -LIBRAS não poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa. Art. 5 -Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2002; 1810 da Independência e 1140 da República. Fernando Henrique Cardoso Paulo Renato Souza Texto Publicado no D.O.U. de 25.4.2002. 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 5- LIBRAS, QUE LI NGUA E ESSA? ? Quais são os termos corretos? ➢ Linguagem de sinais? ➢ Linguagem Brasileira de Sinais? A língua de sinais, para início de conversa, é uma língua e não de uma linguagem. Por isso, não devemos utilizar os termos “linguagem de sinais” e sim “Língua Brasileira de Sinais”. Língua define um povo, como o povo brasileiro. Linguagem pode ter vários sentidos: linguagem visual, dos animais, corporal, musical, etc... Desmistificando a Língua Brasileira de Sinais Diversos autores, através de suas pesquisas na área, vêm mostrando claramente que as Línguas de Sinais podem ser comparadas em termos de complexidade e expressividade a quaisquer línguas orais, mesmo se pertence a uma modalidade diferente, são visual- espaciais, ou seja, são estabelecidas pelo canal visual (visão) e utilizam o espaço para estabelecer a comunicação entre os seus interlocutores. As pessoas usuárias da Libras, sejam surdas ou ouvintes, podem estabelecer discussões sobre diferentes temas como: filosofia,política, esportes, literatura e da mesma forma, utilizá-la com função estética para recitar poesias, fazer teatro, historias, humor entre outras. A diferença da modalidade das línguas de sinais determina o uso de mecanismos sintáticos específicos diferentes dos utilizados nas línguas oral-auditivas, por exemplo, na língua portuguesa. Um dos mitos mais famosos com relação às línguas de sinais é o de que são Universais, visto que a universalidade ancora-se na ideia de ser esta língua um código que os surdos utilizam para se comunicar e, muitas vezes transmitir fatos da língua portuguesa, podendo até comunicar-se em qualquer lugar do mundo. Esse mito não é verídico, visto que do 13 mesmo modo que as pessoas falam diferentes línguas orais no mundo, também as pessoas surdas em qualquer parte do mundo falam diferentes línguas de sinais. Na verdade até pouco tempo, as línguas de sinais não possuíam escrita, mas a ideia de representá-la graficamente surgiu em 1974, por Valerie Sutton, uma coreógrafa americana que fez uma espécie de transcrição dos sinais para utilizá-los com os passos de dança, isto de imediato chamou a atenção da comunidade científica dinamarquesa das línguas de sinais. Iniciam-se, então, pesquisas na área e, a partir desde momento, acontece o primeiro encontro de pesquisadores, nos EUA organizado por Judy Shepard-Kegel, e dele um grupo de surdos adultos aprendem a escrever os sinais do Sign Writing, a escrita dos sinais. No Brasil o sistema ainda é um experimento e foi, a partir de 1996, que um grupo de pesquisadores, liderado por Antônio Carlos da Rocha Costa, na Pontifícia Universidade Católica - PUC de Porto Alegre, começou sua caminhada para o desenvolvimento da escrita da língua de sinais brasileira e futuro reconhecimento legal. A Libras possibilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza, favorecendo seu acesso ao conhecimento e a integração no grupo social ao qual pertence. É através da Língua de Sinais que a comunicação das pessoas surdas acontece com mais rapidez e eficiência entre as pessoas que dela fazem uso. As línguas de sinais não são universais, elas possuem sua própria estrutura de país para país e diferem até mesmo de região para região de um mesmo país, dependendo da cultura daquele determinado local para construir suas expressões ou regionalismos. Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo, a expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal, etc. Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não tem sinal correspondente, como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar tal palavra. http://www.infoescola.com/portugues/pronomes-pessoais/ 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 6- NOMENCLATURAS A pessoa que tem surdez... ➢ Surda? Pessoa surda? Deficiente auditiva? ➢ Pessoa com deficiência auditiva? Pessoa com baixa audição? ➢ Portadora de deficiência auditiva? ➢ Pessoa portadora de deficiência auditiva? ➢ Portadora de surdez? Pessoa portadora de surdez? Primeiramente não devemos nos reportar ao termo PORTADOR(A) para nos referir a esta pessoa como substantivo ou adjetivo de portar alguma coisa. Ter uma deficiência não significa que ela a porte. Tanto o substantivo portador quanto o verbo portar não se aplicam à condição inata ou adquirida da pessoa surda. O termo adequado e considerado pela comunidade surda é “Surdo” ou “Pessoa Surda”. O QUE É SURDEZ? Surdez é o nome dado à impossibilidade e dificuldade de ouvir, podendo ter como causa vários fatores que podem ocorrer antes, durante ou após o nascimento. A deficiência auditiva pode variar de um grau leve a profunda, ou seja, a criança pode não ouvir apenas os sons mais fracos ou até mesmo não ouvir som algum. SURDO – pessoa que não escuta. Embora associado ao termo “mudo”, muitas vezes é usado no senso-comum para designar os surdos que têm a habilidade da fala oral. Não é utilizado para designar pessoas que são surdas somente de um ouvido. SURDO-MUDO – Há muitos séculos aplicados aos surdos, é um termo controverso, pois está relacionado ao estigma social que o surdo suscita ao não usar a comunicação oral. No 15 entanto, deveria ser utilizado para se referir ás pessoas que têm algum impedimento orgânico no aparelho fonoarticulatório. MUDO – Segundo Aurélio (2001:475) mudo implica ser privado do uso da palavra por defeito orgânico, ou causa psíquica. Deficiente Auditivo – Pessoa que possui a deficiência em um ou ambos ouvidos, podendo dispor em grau de perda, desde a surdez leve até a profunda. Termo comum no vocabulário médico e científico. O termo Surdo-Mudo é repudiado na comunidade surda porque os surdos entendem que a expressão da LIBRAS é uma forma legítima da “Fala”, ainda que não seja oral, é a forma de comunicação utilizada pelos surdos, é sua língua ,materna. SURDO E DEFICIENTE AUDITIVO De acordo com o Decreto 5.626/05: Surdo: é aquela pessoa que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Deficiente auditivo: é o indivíduo que tem perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. SINAL DE BATISMO Na comunidade surda o sinal é a identificação visual da pessoa. Por esse motivo, cabe à própria comunidade a criação desse sinal de acordo com as características físicas da mesma. Após esse batismo, você será identificada dentro da comunidade surda pelo sinal e não pelo nome. Ronaldinho Silvio Santos Xuxa 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 7- ALFABETO MANUAL Em Libras o alfabeto manual ou datilologia é produzido por diferentes formatos das mãos que representam as letras do alfabeto escrito e é utilizado para “escrever” no ar, ou melhor, soletrar no espaço neutro, o nome de pessoas, lugares e outras palavras que ainda não possuem sinal. 17 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 8- NUMERAIS Em Libras existem três formas diferentes de representar os numerais: • Números Cardinais: Utilizados como código representativo. Exemplos: número do telefone, número da caixa postal, número da casa, número da conta no banco,... etc. • Números Ordinais: Indicam ordem e são sinalizados com movimentos. Do 1° ao 5° o movimento é vertical, do 6° ao 9° o movimento é horizontal. Exemplos: Primeiro da fila, terceiro lugar, sexto colocado em um campeonato,... etc. • Números Quantitativos: Utilizados para indicar quantidades. Somente os numerais de 1 ao 4 terão modificações quanto a configuração de mão, já os demais números continuarão com a mesma configuração que os cardinais e ordinais. 18 Exemplos: Quantidades de pessoas, quantidades de mesas, quantidade de casa, ... etc. ATIVIDADE Escreva as frases abaixo: _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Relacione as colunas: (1) CACHORRO (2) PAPEL (3) LIVRO (4) EMANUEL (5) XEROX (6) COMPUTADOR (7) BISCOITO (8) FELICIDADE (9) SAUDADE (10) VITÓRIA Resolva as continhas: = ___ =____ =___ = _____ ÷ = _______ =_____ Leia as perguntas a seguir, eclassifique-as em numerais cardinais, ordinais ou quantitativos. Depois as responda em Libras. ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 19 a) Você mora em um apartamento. Em qual andar você mora? b) Qual o número da sua casa? c) Quantas pessoas moram com você? d) Quantos anos você tem? e) Quantos vizinhos você tem? f) Qual o preço do aluguel que você paga? g) Você está em uma fila e tem duas pessoas na sua frente. Qual a sua posição? 9- HORAS Em Libras, há dois sinais para se referir a hora: um para se referir ao horário cronológico e o outro para a duração. • HORA-CRONOLÓGICO: É sinalizado por um apontar para o pulso. Quando utilizado em frases interrogativas, usa-se a expressão interrogativa “QUE-HORA?”. Com relação às horas do dia, usa-se a configuração dos numerais para quantidade, de 1 hora às 12 horas, acrescentando o sinal de manhã, tarde, noite ou madrugada quando necessário. Exemplo: QUE-HORA? AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI? VOCÊ TRABALHO COMEÇAR QUE-HORA? VOCÊ ACORDA QUE-HORA? • HORA-DURAÇÃO: É sinalizado por um círculo ao redor do rosto. Quando utilizado em frase interrogativa, usa-se a expressão interrogativa “QUANTAS- HORAS?”. Esse sinal pode-se incorporar os quantificadores: 1, 2, 3 e 4, mas, a partir da quinta hora, já não há mais essa incorporação. Exemplo: VIAJAR PIAUI QUANTAS-HORAS? TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS? 20 1 HORA 2 HORAS 3 HORAS 4 HORAS 5 HORAS MEIA- HORA Enumere as perguntas feitas em LIBRAS pelo Instrutor e depois as responda em LIBRAS: ( ) VOCÊ DORMIR QUANTA-HORA? ( ) VOCÊ ESTUDAR QUANTA-HORA? ( ) AULA DE LIBRAS COMEÇAR QUE-HORA? ( ) VIAGEM CARRO ATÉ PARNAÍBA QUANTA-HORA? ( ) VOCÊ DORMIR QUE-HORA? ( ) AULA DE LIBRAS TERMINAR QUE-HORA? ( ) AULA DE LIBRAS QUANTA-HORA? 21 10- CUMPRIMENTOS, SAUDAÇO ES E AGRADECIMENTOS BOM DIA BOA TARDE BOA NOITE BOA SORTE OI TCHAU COM LICENÇA POR FAVOR OBRIGADO DESCULPA NOME PRAZER EM CONHECER 22 11- PARA METROS DA LIBRAS Nas línguas de sinais podem ser encontrados os parâmetros primários: configuração de mão (CM), o ponto de articulação (PA) e o movimento (M) e os secundários: orientação de mão (O) e expressões não-manuais (ENM). • Configuração da mão (CM): são as diversas formas que uma ou as duas mãos tomam na realização do sinal. Podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor. 23 Exemplos: CM em “S” CM em “Y” CM em “F” CM em “A” LARANJA DESCULPA FAMÍLIA ARROZ • Ponto de Articulação (P.A): é o espaço em frente ao corpo ou uma região do corpo, onde os sinais são articulados. Os sinais articulados no espaço são de dois tipos: os que se articulam no espaço neutro ou tocam alguma parte do corpo. Exemplos: Testa: PESSOA, ESQUECER; Ombro: RESPONSABILIDADE Orelha: APARELHO AUDITIVO; Boca: VERMELHO; Bochecha: PROVAR; Braço: ALUNO; Antebraço: TREINAR; Mão: dorso: DOENTE. Cabeça: (atrás) estado do PARÁ; (em cima) PARANA; • Movimento (M): os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais RIR, CHORAR E CONHECER tem movimento, como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ, SENTAR não tem movimento. http://2.bp.blogspot.com/_Dt6SgmrbJgk/TE9VfeeD0hI/AAAAAAAAATM/BVJJ_etii9U/s1600/PA.png 24 Existem sinais que mudam o seu significado quando lhes é acrescido movimento. Ex: CADEIRA SENTAR Tipos de movimentos: a) Movimento retilíneo: Ex: Deficiente b) Movimento helicoidal: Ex: Importante b) Movimento circular: Ex: Brincar d) Movimento semicircular: Ex: Professor e) Movimento sinuoso: Ex: Brasil http://4.bp.blogspot.com/_Dt6SgmrbJgk/TE9WtH8K1uI/AAAAAAAAATU/tN2KNypki-k/s1600/M.png 25 • Orientação (O): é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal. Ex: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita ou para a esquerda, os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de oposição QUERER E QUERER-NÃO; IR e VIR. • Expressões Não-manuais (ENM): muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. 26 ATIVIDADE 1) Conforme estudos sobre as configurações de mãos, exemplifique sinais que são realizados com a CM abaixo: _________________________ ________________________ __________________________ ________________________ 2) Conforme os Parâmetros estudados, preencha a tabela abaixo. CM: CM: M: M: PA: PA: O: O: CM: CM: M: M: PA: PA: O: O: 27 12- PRONOMES PRONOMES INTERROGATIVOS: Os pronomes interrogativos QUE e QUEM geralmente são usados no início da frase, mas o pronome interrogativo ONDE e o pronome QUEM, quando está sendo usado com o sentido de"quem é" ou "de quem é" são mais usados no final. Exemplos: ✓ POR QUÊ?/ PORQUE: Ex.: VOCÊ FALTAR AULA ONTEM POR QUÊ? Ex.: PORQUE EU DOENTE. ✓ PARA-QUE? Ex.: VOCÊ APRENDER LIBRAS PARA-QUÊ? ✓ QUAL? Ex.: VOCÊ GOSTAR COMER QUAL? ✓ COMO?Ex.: VOCÊ APRENDER LIBRAS COMO? ✓ QUANDO? (FUTURO/PASSADO): Ex.: VOCÊ VAI VIAJAR QUANDO? (FUTURO) Ex.:VOCÊ JÁ IR CASA QUANDO? (PASSADO) ✓ ONDE/ LUGAR/ AONDE: Ex.: VOCÊ MORAR ONDE? ✓ QUE?/ O-QUE?/ QUEM? Ex.: VOCÊ FAZER O-QUE? Ex.: AQUEL@ QUEM? 28 13- ADVE RBIOS Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), os advérbios também expressam circunstâncias como: tempo, lugar, modo, quantidade, afirmação, negação e interrogação. Na Libras não há marca de tempo nas formas verbais. Os verbos ficam sempre no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente através dos advérbios de tempo que indicam se a ação está ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; se ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou se irá ocorrer no futuro: AMANHÃ. Por isso, os advérbios geralmente vêm no começo da frase, mas podem ser usados também no final. SEMPRE ONTEM ANTEONTEM PASSSADO FUTURO 29 14- CORES 30 CLARO 31 15- CALENDA RIO 15.1-SEMANA 32 15.2- MESES DO ANO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO 33 ATIVIDADE Leia as perguntas abaixo e responda em libras. 1- Que dia da semana é hoje? 2- Em que mês você nasceu? 3- Quais os dias que você trabalha? 4- Quais os dias que você descansa? 5- Qual o ano do seu nascimento? 6- Qual dia, mês e ano que você começou aprender libras? 7- Que dia da semana você mais gosta? 8- Quantos meses têm um ano? 9- Qual mês você fica de férias? 10- Uma semana tem quantos dias? 11- Qual o primeiro dia da semana? 12- Qual oúltimo dia da semana? 13- Qual o terceiro dia da semana? Complete as frases, substituindo as gravuras por palavras: a) iremos ao circo: ____________________________ b) Meu irmão casou no mês de : ____________________ c) Na próxima irei viajar para Parnaíba: _________________ d) Eu nasci do dia 17 de : ______________________ 34 16- ESTADOS BRASILEIROS ESTADOS ACRE ALAGOAS AMAPÁ AMAZONAS BAHIA BRASÍLIA CEARÁ 35 ESPIRITO SANTO GOIAS MARANHÃO MINAS GERAIS MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL PARÁ PERNAMBUCO PIAUÍ PARANÁ 36 RIO DE JANEIRO RIO GRANDE DO NORTE RIO GRANDE DO SUL RONDÔNIA RORAIMA SANTA CATARINA TOCANTINS 37 17- FAMI LIA 38 39 18- MEIOS DE TRANSPORTES 40 Fonte: www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com http://www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com/ 41 19- MEIOS DE COMUNICAÇA O 42 43 20-DISCIPLINAS DISCIPLINAS GEOGRAFIA ARTES HISTÓRIA PORTUGUÊS QUÍMICA INGLÊS GRAMÁTICA LITERATURA CIÊNCIAS FÍSICA FILOSOFIA 44 21- MATERIAIS ESCOLARES CADERNO BORRACHA REGUA GRAMPEADOR MOCHILA MESA CADEIRA QUADRO COLA PAPEL APONTADOR LIVRO TESOURA CANETA LÁPIS 45 22- GRAUS DE INSTRUÇA O ENSINO FUNDAMENTAL 1 ENSINO FUNDAMENTAL 2 ENSINO MÉDIO GRADUAÇÃO PÓS- GRADUAÇÃO MESTRADO DOUTORADO FACULDADE UNIVERSIDADE ESCOLA 46 23-ANTO NIMOS 47 48 49 50 51 Fonte: www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com http://www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com/ 52 24-VOCABULA RIO COMPLEMENTAR 24.1. Alimentos (fotos: http://trabalhandocomsurdos.blogspot) 53 24.2. Vestuário: (imagens: http://danianepereira.blogspot.com) 54 55 24.3. Sinais relacionados à saúde (Imagens: https://www.youtube.com/watch?v=3Tep1RvixL4) 56 57 58 59 60 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 1-Educaça o dé Surdos Desde a Antiguidade os surdos eram vistos como incapazes e houve uma época em que estes sujeitos não podiam se casar, receber herança ou serem educados, pois eram omitidos da sociedade por suas famílias e viviam em um mundo à parte. Como vimos no item anterior várias foram as discussões em torno do modo eficiente para se educar os surdos. Neste momento vamos ver cada um dos métodos adotados ao longo da história e ao final deste item convido você a refletir sobre os mesmos e a se posicionar sobre cada um deles de maneira que sua reflexão o leve a compreender a experiência vivenciada pelos surdos ao longo de sua trajetória dentro do sistema de ensino. Após o Congresso de Milão (1880), a Língua de Sinais foi abolida na Educação dos Surdos por quase um século e o método enfatizado passou a ser o oralista, Comunicação total, Bilinguismo. Conheceremos a seguir cada um deles. Método Oralista Por meio deste método busca-se treinar o surdo para que o mesmo adquira a capacidade de verbalizar, estimulando-se os resíduos auditivos e trabalhando a concepção da comunicação verbal e da leitura labial. A leitura labial só apresenta eficiência se a pessoa que está falando posicionar-se de frente para o surdo e falar devagar para que o mesmo possa compreender a mensagem. Mesmo assim estudiosos 61 afirmam que o surdo só acaba por compreender 20% do que lhe foi transmitido. Após este longo período aplicando-se somente o método oralista, surge o método da comunicação total. Método de Comunicação Total O método de comunicação total que associava o oralismo com o uso da Língua de Sinais, sendo este método bastante criticado por entender-se que a mistura de duas línguas com estrutura própria pode levar a um uso errôneo da Língua de Sinais, também conhecido por português sinalizado. E finalmente, após as tentativas efetuadas surge o método Bilinguismo. Método Bilinguismo Neste método a concepção aborda que as crianças surdas devem primeiramente aprender a Língua de Sinais por meio do convívio com adultos surdos, seja na família, em comunidades e associações de surdos ou ainda por intermédio de professores surdos. Na proposta do Bilinguismo a Língua de Sinais é respeitada como a língua natural do surdo e somente a partir desta constatação é que se inicia o desenvolvimento da aprendizagem da língua oral e escrita. Resumidamente você pôde perceber que os três métodos utilizados na Educação de Surdos iniciam-se com um radicalismo total, desrespeitando a vontade e a naturalidade de comunicação do surdo. Depois de uma tentativa sem muito parâmetro de junção das duas formas de comunicação oral e sinais que de certa forma atrapalha a construção da linguagem pelo sujeito surdo. Atualmente uma proposta de resgate pela valorização da cultura surda, que tem por base a Língua de Sinais e que oferece a possibilidade do sujeito surdo adquirir a língua oral como sua segunda língua, mas que ainda não está totalmente estruturada para ser implantada de maneira efetiva. Mais uma vez estão os surdos frente ao impasse de serem conduzidos pelas decisões ouvintes sobre seu modo de se comunicar e ser educados, com o diferencial de que na atualidade é crescente o movimento surdo que questiona e começa a se posicionar de fato diante das questões aqui apresentadas. 62 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 2- O Inté rprété dé Lí ngua dé Sinais Com certeza em algum momento você já ouviu falar dele, então quem é este personagem? Qual é a sua relação com o sujeito surdo? Portanto, fique atento (a) a cada detalhe a seguir! O Intérprete de Língua de Sinais é geralmente uma pessoa ouvinte, fluente na Língua de Sinais que atua como se fosse uma ponte de comunicação entre o surdo e o mundo ouvinte. Para ser Intérprete não basta conhecer os sinais ou mesmo ter fluência na Língua do surdo, é preciso ter conhecimento de procedimentos éticos que permeiam esta profissão recentemente reconhecida por lei. O Intérprete de Língua de Sinais pode atuar em escolas, instituições públicas, hospitais ou outros locais onde se faça necessária a comunicação com pessoas surdas, usuárias da Língua de Sinais. O profissional Intérprete também atua em eventos e palestras fazendo a tradução simultânea (aquela que é feita ao mesmo tempo) ou consecutiva (feita logo em seguida) da Língua Oral para a Língua de Sinais e vice-versa. Ser Intérprete, principalmente nas escolas requer um preparo para lidar em um primeiro momento com a resistência por parte da comunidade escolar e até mesmo com a resistência do aluno surdo e de sua família, pois embora esse seja um direito adquirido pelos surdos, esta é uma realidade muito recente, o convívio inicial requer adaptações. De acordo com o código de ética que orienta a profissão, o Intérprete deve ser imparcial em sua interpretação, traduzindo a mensagem que é transmitida de maneira 63 responsável e literal. Portanto, este profissional não pode influenciarcom nenhum tipo de posicionamento e ou comentário, explicações, acrescentando ou omitindo informações que possam interferir na compreensão da mensagem transmitida. O trabalho desenvolvido pelo Intérprete junto ao aluno surdo em sala de aula é de extrema importância para que o processo de aprendizagem deste aluno se dê de maneira a alcançar o máximo de desempenho possível. Pois a maior barreira para o desenvolvimento e a aquisição do conhecimento do surdo é a comunicação. Com a presença do Intérprete a falta de comunicação é quase que inexistente desde que o surdo conheça a Língua de Sinais. Esta é uma questão importante, pois muitos surdos (principalmente os nascidos em famílias ouvintes) não têm o conhecimento pleno da língua e encontram enorme dificuldade tanto nos sinais quanto na língua falada e escrita. Este é um desafio que precisa ser vencido com a participação de toda a sociedade, pois pouco adianta dizer que temos uma política de inclusão, que todos os alunos devem frequentar as escolas regulares se na realidade estas escolas não estiverem de fato preparadas para acolher tais alunos. Atenção! A política de inclusão neste caso não diz respeito apenas à construção de rampas e banheiros adaptados ou mesmo à presença do Intérprete em sala de aula, e sim salas de recursos e novas tecnologias que possam auxiliar o acesso e permanência na escola. No caso da surdez em especial, é necessária a conscientização de todos os envolvidos no processo, desde os professores, os alunos ouvintes, a família do surdo e o próprio aluno surdo de que o profissional Intérprete é um reforço no processo, mas todos devem colaborar para que de fato a integração/inclusão aconteça. 64 CENTRO UNIVERSITÁRIO UniFacid 3- O Sujéito Surdo: acéitaça o é désénvolviménto Agora falaremos do sujeito Surdo que de acordo com Felipe (2001) são aqueles que participam de comunidades, associações, na sua própria cidade ou entre outras localidades, sendo fatores predominantes dessas comunidades surdas o uso da Língua de Sinais, os esportes e interações sociais. As pessoas que se aceitam enquanto surdas e que buscam adaptar-se ao mundo ouvinte à sua maneira, sem abrir mão de construir o conhecimento, de expressar suas opiniões, que querem estar ativas diante de questões simples ou mais complexas como a participação política, fazem questão de assumir a sua identidade surda. Agora que você já compreendeu melhor as diferenças entre as identidades surdas vamos dar continuidade ao nosso estudo falando um pouco mais da cultura surda. Ao falarmos de cultura logo nos remetemos a costumes, valores, ações coletivas de um determinado grupo que se organiza, expondo suas opiniões, reivindicando seus direitos, demonstrando suas habilidades, repassando seu conhecimento e sua história para as gerações futuras. A Profª Nídia de Sá destaca em um texto extraído de seu livro Cultura, Poder e Educação de Surdos do ano (2002), que a cultura surda está ligada aos códigos utilizados pelos surdos, a maneira como eles se organizam, como expressam sua solidariedade, a sua linguagem, seus valores e sua arte. Então, a necessidade de uma cultura própria não significa em si uma segregação, não significa que os surdos querem se isolar. É preciso ficar claro que como em qualquer outro grupo unido por uma cultura, existem também diferenças e questões que surgem no convívio e acabam remetendo à exclusão dos próprios membros, seja por não identificação ou por divergência de opiniões. O importante na existência dessa cultura surda é a capacidade de autoaceitação, do posicionamento frente à outra cultura, a cultura ouvinte, a cultura da maioria que é 65 imposta ao surdo em seu meio social sem a preocupação com as diferenças linguísticas, exigindo do surdo um esforço único no sentido de se adaptar diante de todas as barreiras, sejam elas linguísticas ou não. Perlin, autora surda, resume a questão da cultura surda nas seguintes palavras: “Precisamos realizar a experiência de sermos surdos, sermos o que somos: povo surdo, onde ser povo determina a esperança e a certeza de que não somos exterminados, que não nos fechamos na deficiência, que partimos para as ações interculturais com outros povos”. Fazer parte da comunidade surda, seja enquanto surdo ou ouvinte frequentador, é conforme afirma Sá (2002) bem mais do que utilizar a língua de sinais, é de certa maneira optar por conhecer e compreender a problemática da surdez por meio de sua própria experiência ou do convívio com uma pessoa surda. A autora reforça ainda que o surdo pode e deve ter acesso a todos os bens culturais, não somente de forma regional, mas universal, e que esta apropriação da cultura deve se dar por meio da compreensão de si mesmo em conjunto com seus pares, de acordo com a sua leitura cultural do mundo. Cabe ressaltar neste momento a importância do convívio da criança surda com adultos surdos integrantes das comunidades surdas, seja em associações ou outros locais onde a criança surda possa aprender e adquirir fluência na Língua de Sinais, língua natural do surdo que posteriormente a ajudará a ter mais facilidade em adquirir o conhecimento sobre a língua oral e escrita. Cabe destacar que a aceitação é o primeiro e principal passo para o desenvolvimento do sujeito surdo, o apoio dos familiares, o incentivo e a motivação para que estas pessoas busquem ultrapassar qualquer que sejam suas limitações, principalmente em relação à comunicação, é o equilíbrio necessário para que o surdo se sinta em condições de ser parte da sociedade. Como cidadão de direito, o surdo pode demonstrar sua força diante dos obstáculos ainda resistentes na falta de informação e no preconceito de algumas pessoas. A convivência com o surdo seja em nossos lares, na vizinhança, na escola ou em outros locais que frequentamos como o trabalho ou os pontos de lazer pode nos ensinar muito. Diante do que estudamos até agora, devemos nos preocupar em entendê-los e permitir que se expressem à sua maneira, seja por meio da escrita, dos gestos ou 66 mímicas e por intermédio da Língua de Sinais, pois o mais importante é diminuir as barreiras de comunicação existentes entre ouvintes e surdos. FONTE: INTERNET-2019 Bibliografia: QUADROS, Ronice Muller de. Aquisição de Linguagem por Crianças Surdas. Fonte: Brasil Escola - https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/aquisicao- linguagem-por-criancas-surdas.htm. E você o que está pensando sobre todas estas informações apresentadas até o momento? Você sabe se na sua cidade tem uma Associação de Surdos? Já frequentou alguma reunião? Se houver, esta é uma ótima oportunidade de você se familiarizar com a questão dos costumes surdos e a Língua de Sinais Brasileira. 67 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 68 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 69 REFERE NCIAS BIBLIOGRA FICAS BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. BRANDÃO, Flávia. Dicionário Ilustrado de LIBRAS. São Paulo: Global, 2011. BRITO, L. F. Por uma gramática de língua de Sinas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. CAPOVILLA, Fernando C.; RAPHAEL, Walkiria D. (editores) Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilingue da Língua Brasileira de Sinais. Vol II: sinais de M a Z. 2ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2001. FELIPE, Tanya A. O Signo Gestual-Visual e sua Estrutura Frasal na Língua dos Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1988. FELIPE. Tanya A. LIBRAS em Contexto. Brasília: LIBREGRAF, 2004. FINGER, I.; QUADROS, R. M. Teorias de aquisição da linguagem. Florianópolis. ED. da UFSC, 2008. GESSER, A. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda. 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Professora de Educação Básica concursada pela Secretaria da Educação do Piauí- SEDUC. Professora de Surdos na Escola Profa. Consuelo Pinheiro -APAE de Teresina-PI. Sócia efetiva da APILSPI- Ass. de Intérpretes de Libras do Piauí- 2020. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA-NC https://ifrs.edu.br/caxias/abertas-inscricoes-para-curso-de-libras-basico/ https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/
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