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ESTRATÉGIAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Érika Madeira E-book 4 Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 EMPREENDEDORISMO E NOVAS OPORTUNIDADES NA INTERNET �����������������������4 Empreendedorismo �������������������������������������������������������������������4 Design Thinking �����������������������������������������������������������������30 Startup �������������������������������������������������������������������������������������36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ������������������������������������41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS �������������������������������������������������������42 2 INTRODUÇÃO Os empreendedores falham, em média, 3,8 vezes antes do sucesso final. O que separa os bem-sucedidos dos outros é a persistência Lisa M. Amos. A sociedade é mutável; logo, suas necessidades também são� Nesse sentido, pode-se observar que as pessoas clamam por serviços e produtos que fa- cilitem suas vidas e ofereçam novas possibilidades de lidar com o dia a dia� Neste módulo, verificaremos como transformar as ne- cessidades humanas em um negócio bem-sucedido, seja por meio da internet, desenvolvendo a criativida- de ou conhecendo técnicas de empreendedorismo, somos capazes de inovar dentro da empresa ou de nos tornarmos nosso próprio patrão� 3 EMPREENDEDORISMO E NOVAS OPORTUNIDADES NA INTERNET Empreendedorismo A cultura de um país é algo que pode mudar com o tempo, conforme a sociedade avança em todos os aspectos, por exemplo, ético, moral, tecnológico, social, emocional etc� Assim, os valores mudam, e o que antes era comum pode passar a ser simples- mente inconcebível� Nesse sentido, o caso da escravidão é um exemplo� Por muito tempo, foi comum possuir pessoas escra- vizadas em casa� Não eram uma ou dez famílias que tinham, mas sim inúmeras famílias por todo o mundo, sob condições desumanas, alguém que, sem ganhar nada por isso, fazia todo o trabalho que ninguém mais queria fazer� E hoje? Você se imagina com um escravizado dentro de casa? Você se imagina sendo escravizado por alguém? É algo tão absurdo que é difícil até de ima- ginar, certo? Mas, no Brasil, essa foi a realidade de milhões de pessoas até 1888, quando se extinguiu oficialmente a escravidão no país. Da mesma forma, podemos citar a cultura de exe- cução em praça pública� Você já deve ter assistido a algum filme ou ter lido em algum livro em que era comum queimar, enforcar ou decepar a cabeça de 4 alguém em plena manhã de domingo em uma praça pública� As pessoas ficavam lá, assistindo, como quem hoje se amontoa no centro de uma cidade para assistir a um artista de rua se apresentar� Era normal� Lembre- se de Tiradentes, que, em 21 de abril de 1792, foi en- forcado, esquartejado e suas partes foram expostas pela cidade do Rio de janeiro, a fim de desencorajar outras tentativas de rebelião� À época, tudo isso era normal� O fato é que, embora nossa sensação de insatisfa- ção com o ser humano ainda seja grande, as coisas estão evoluindo� Já vivemos tempos de barbárie e, como a cultura demora a se solidificar, às vezes não percebemos a enorme diferença de valores entre gerações� No dia a dia, essa diferença fica muito clara quan- do observamos um diálogo entre netos e avós, por exemplo� Coisas que são essenciais para uns, sim- plesmente são absurdas ou não fazem a menor falta para outros� Você já deve ter ouvido falar de Geração Y, ou os Millennials� Há uma série de estudos dividindo e classificando as gerações conforme a data de nascimento� Pessoas nascidas em uma determinada época foram expostas a um conjunto de elementos sociais, políticos, eco- nômicos, tecnológicos e emocionais, que ajudou a formar sua personalidade, seu ser� Quem nunca ouviu a máxima “somos frutos do meio em que vivemos”? 5 Em matéria de 2017 para a revista Exame, pode-se encontrar um excelente apanhado da classificação das gerações e como o contexto histórico influen- ciou cada uma no comportamento e na forma de consumir� Observe a Tabela 1: Baby Boomers (1940 a 1959) Geração X (1960 a 1979) Geração Y ou Millennials (1980 a 1994) Geração Z (1995 a 2010) Contexto Contexto Contexto Contexto Pós-Guerra� No Brasil, ditadu- ra e pressão� Transição polí- tica, hegemonia do capitalismo e meritocracia� Globalização, estabilidade econômica e surgimento da internet Mobilidade e múltiplas realidades, redes sociais e nativos digitais Comportamento Comportamento Comportamento Comportamento Idealista, revo- lucionários e coletivos Materialistas, competitivos e individualistas Abstratos, questionadores e globais Identidade fluída, realistas e ativis- tas ponderados Consumo Consumo Consumo Consumo Ideológico, vinil, cinema e música Consumo do status, marcas, carros e artigos de luxo Preferem experi- ências, festivais, viagens Consumo da verdade, singu- laridade, acesso e ética Tabela 1: Gerações e suas características� Fonte: Adaptado de Kojikovski (2017)� Com isso, podemos compreender que a percepção de mundo é muito diferente entre pessoas de gerações distintas� Isso se aplica, também, ao mercado de trabalho� Compartilhando uma experiência pessoal para elucidar esta reflexão, eu venho de uma criação em que as duas figuras ativas eram minha mãe e meu avô, uma e duas gerações anteriores à minha, respectivamente� No caso da minha mãe, o foco era o dinheiro� A cada emprego que eu arrumava, o pri- meiro (e único) questionamento dela era: “E nesse, quanto você vai ganhar?” 6 No caso do meu avô, nem com o salário havia preo- cupação, só de eu estar trabalhando já era bom� Isso porque, na época dele, ter emprego era uma bênção tão grande que dispensava qualquer objeção� Não que eu queira diminuir a importância do trabalho� De maneira alguma! Com a crise vivida hoje, realmen- te estar empregado é uma boa notícia� No entanto, os valores da minha geração (Millennials) são outros, e há uma forte preocupação com outros aspectos, como condições de trabalho e qualidade de vida� Não me importa se a empresa é uma multinacional que me proporciona status ou se o salário é de dei- xar meus colegas de faculdade mortos de inveja, se eu tiver que agir de forma antiética, trabalhar em condições abusivas ou não me sentir reconhecida emocionalmente, esse trabalho simplesmente não serve para mim� E por mais que eu não chute o balde na primeira decepção, com certeza eu farei de tudo para sair dali, e encontrar um trabalho de acordo com as minhas convicções� Atualmente, essa postura é bastante comum� Por que você acha que muitas empresas passaram a oferecer salas de videogame, mesa de sinuca, espa- ço soneca e afins nas suas dependências? Por que dar flexibilidade de horário e possibilidade de home office? Principalmente para reter talentos. Uma experiência agradável de trabalho já é item cru- cial para muitos de nós� A qualidade de vida engloba uma série de fatores, entre eles o trabalho, com o qual passamos a maior parte do nosso tempo� Por 7 isso, embora a concorrência seja acirrada, estar em um ambiente ruim ou praticando uma atividade que não faz bem deixou de ser uma possibilidade para muitos jovens da Geração Y� Apesar de o Brasil ser um país jovem e imaturo quanto a muitas coisas, tendo uma sociedade que, em grande parte, é passiva e não acostumada a se defender, muitos talentos jamais se candidatariam a vagas com descrições como: Pré-requisitos: ● Conhecimentos em linguagens como R, Python e/ou SQL; ● Não ter medo do trabalho; ● Fazer muito com nada� Em outras palavras, não vamos dar recursos, mas esperamos resultados, e como avisamos das más condições de trabalho já na descrição da vaga, de- pois não adianta vir reclamar� É uma afronta ao co- laborador, que é visto uma fonte de lucros e não um ser humano� Ser convidado a atuar como sócio, mas receben- do como funcionário, é um dos fatores que levou muitos profissionais a empreender. A buscapela flexibilização das relações profissionais, dos horá- rios e locais de trabalho, a procura por um trabalho plural e a compreensão da internet como parte da carreira também são fatores que ajudam a abrir um leque de possibilidade de novos trabalhos, de novas 8 formas de vender ou prestar serviços, que antes nem imaginávamos� Leal e Salles (2014) mostram que características- -chave como otimismo e uma relação próxima com a tecnologia fazem da Geração Y a mais propensa e aberta ao empreendedorismo. Aliás, o perfil pro- fissão dos Millennials inclui em letras garrafais o tal do empreendedorismo� A partir dessa geração, podemos observar jovens cada vez mais preocupados em não só melhorar a própria experiência de vida, mas em melhorar o mundo, e não é de se espantar que tenham começa- do a empreender em buscar de uma vida com mais sentido� Figura 1: Planejamento� Fonte: Pixabay� Segundo estudo do Pombo (s. d.), em seu O que é ser empreendedor, o sistema capitalista tem como 9 https://pixabay.com/pt/photos/pessoas-de-discuss%C3%A3o-reuni%C3%A3o-5069845/ característica inerente uma força que o economista austríaco Joseph A� Schumpeter denomina de “pro- cesso de destruição criativa”, fundamentando-se no princípio do desenvolvimento de novos produtos, métodos de produção e mercados� Em síntese, trata- -se de destruir o velho para criar o novo� Pela definição de Schumpeter, o agente básico desse processo de destruição criativa está na figura do que se denominou de empreendedor� Em uma visão mais simplista, podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, que realiza antes, sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação� FIQUE ATENTO Segundo Maria Inês Felippe (1996), empreendedor é aquele capaz de deixar os integrantes da empre- sa surpreendidos, sempre prontos para trazer e gerir novas ideias, produtos ou mudar tudo o que já existe� É um otimista que vive no futuro, transfor- mando crises em oportunidades e influenciando as pessoas para guiá-las em direção às suas ideias. É aquele que cria algo novo ou inova o que já existe e está sempre pesquisando� É o que busca novos negócios e oportunidades com a preocupação na melhoria dos produtos e serviços� Suas ações baseiam-se nas necessidades do mercado� 10 Ninguém nasce empreendedor� O contato com famí- lia, escola, amigos, trabalho e sociedade favorece o desenvolvimento de alguns talentos e características de personalidade, bem como bloqueia ou enfraquece outros� Isso acontece ao longo da vida, muitas vezes ao acaso, pelas diversas circunstâncias enfrentadas� Assim, o empreendedor é um ser social, ou seja, é fruto da relação constante entre os talentos e carac- terísticas individuais e o meio em que vive� Maria Inês Felippe (1996) explica esse caso da seguinte forma: “a profissão empreendedor não é fruto do nascimento ou de herança genética, mas resultado de trabalho, talento e reserva econômica� É própria de uma sociedade capitalista liberal e de sua ideologia de sucesso individual”� Além do que temos comentado a despeito das gera- ções que buscam um trabalho de impacto na socie- dade, o Sebrae traz outros motivos que se unem a essa ideologia, levando pessoas a abrirem o próprio negócio: Em geral, as pessoas que sonham em ter o seu próprio negócio são movidas pela ambição de ganhar muito di- nheiro e ser independentes. A simples ideia de estarem subordinadas a alguém as apavora. Algumas pessoas são levadas a abrir o seu próprio negócio por motivos que, muitas vezes, são alheios às suas vontades. Tais situações abrangem exemplos de profissionais que saíram de grandes organizações com recursos eco- nômicos significativos e que resolveram montar o seu próprio negócio; aqueles que deixaram seus empregos para se tornarem empresários e aqueles que, sem a 11 maior pretensão, herdaram algum negócio da família (POMBO [s.d.]). Foi o caso de Antônio A� Saraiva, cuja história mos- tra um empreendedorismo empurrado por força do destino, uma vez que teve de assumir os negócios do pai após ele ser assassinado na própria padaria� O portal Endeavor (2014) traça um pouco dessa traje- tória, contando que Antônio Saraiva, apesar de dividir seu tempo entre a empresa e os estudos de medicina, conseguiu em determinado momento enxergar um investimento que traria muito lucro a um custo popu- lar� Na contramão dos tradicionais fast-food, sempre associados à cultura norte-americana, A. Saraiva visualizou um especializado em comida árabe� Fundado em 1988, o Habib’s unia preços bastan- te acessíveis com um cardápio diferenciado, que incluía esfirras, quibes e beirutes unidos às tradi- cionais comidas de fast-food como batatas fritas, pastéis e pizzas� Genuinamente brasileiro, o Habib’s conta com mais de 400 estabelecimentos espalha- dos pelo Brasil� O empresário caracterizou-se pela visão avançada de oportunidades de negócio; enxergou o espaço para espalhar a culinária pouco conhecida pelo povo bra- sileiro até então, com um custo mínimo de produção, possibilitando preços acessíveis aos mais variados bolsos� Saraiva é presidente, além do Habib’s, de redes que incluem Ragazzo, Arabian Bread, Ice Lips, Promilat, Vox Line e Centrais de Produção em terri- tório nacional� 12 Figura 2: Antônio Alberto Saraiva, empresário luso-brasileiro, fundador do Habib´s� Fonte: www.sunoresearch.com.br Na realidade, ser o próprio patrão implica estar ex- posto a constantes mudanças, assumir responsabi- lidades e sofrer pressões da sociedade, dos órgãos governamentais e dos empregados� A dedicação ao trabalho aumenta significativamente: muitas vezes, trabalha-se mais de 8 horas por dia, sem um salário fixo, garantido no final do mês e sem férias integrais� A seguir, elencamos algumas características que formam o perfil do empreendedor de sucesso: 13 https://www.sunoresearch.com.br/tudo-sobre/antonio-alberto-saraiva/ ● É motivado pelo desejo de realizar; ● Corre riscos viáveis, possíveis; ● Tem capacidade de análise; ● Precisa de liberdade para agir e para definir suas metas e os caminhos para atingi-las; ● Sabe aonde quer chegar; ● Confia em si mesmo; ● Não depende dos outros para agir, porém, sabe agir em conjunto; ● É tenaz, firme e resistente ao enfrentar dificuldades; ● É otimista, sem perder o contato com a realidade; ● É flexível sempre que preciso; ● Administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar; ● É corajoso, porém, não é temerário; ● Sabe postergar a satisfação de suas necessidades; ● Mantém a automotivação, mesmo em situações difíceis; ● Aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros; ● É capaz de recomeçar, se necessário; ● Mantém a autoestima, mesmo em situações de fracasso; ● Tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais; ● É capaz de exercer liderança, de motivar e de orien- tar outras pessoas com relação ao trabalho; ● É criativo na solução de problemas; ● É capaz de delegar; 14 ● É capaz de dirigir sua agressividade para a con- quista de metas, a solução de problemas e o enfren- tamento de dificuldades; ● Usa a própria intuição e a de outras pessoas para escolher os melhores caminhos, corrigir a sua atua- ção, descobrir lacunas a serem preenchidas no mer- cado, avaliar a tendência e a variação dos negócios, e para escolher pessoas, sejam elas sócios, forne- cedores ou empregados; ● Procura sempre qualidade; ● Acredita no trabalho com participação e contri- buição social; ● Tem prazer em realizar o trabalho e em observar o seu próprio crescimento empresarial; ● É capaz de administrar bem o tempo; ● Não busca, exclusivamente, posição ou reconhe- cimento social; ● É independente, seguro e confiante na execução de sua atividade profissional; ● É capaz de desenvolver os recursos de que neces- sita e de conseguir as informações de que precisa; ● Te m d e s e j o d e p o d e r, c o n s c i e n t e o u inconscientemente�Ou seja, o “[���] empreendedor bem-sucedido é uma pessoa com características de personalidade e talen- to que preenchem um padrão determinado, o que leva a agir de tal forma que alcança o sucesso, realiza os sonhos e atinge os objetivos” (POMBO, [s. d.], p� 2-3)� 15 Neste ponto, devemos ficar atentos a uma confusão recorrente entre os termos empreendedor e empre- sário, que não são sinônimos� Segundo Demétrio (2017), empreendedor e empresário têm papéis dis- tintos e, por isso, exigem competências diferentes� Nem todo empreendedor é empresário, assim como nem todo empresário é um empreendedor� A confusão ocorre, porque muitos desconhecem as características de um e de outro� Para muitos, empreendedor e empresário são quem abre um ne- gócio, mas não é bem assim� Você pode, por exem- plo, empreender dentro de uma empresa que não é sua� Algumas pessoas, inclusive, usam a expressão “empreender no CNPJ de outro”� Referem-se a inovar e tirar ideias do papel independentemente de quem é o dono do negócio� Já o empresário tem competências voltadas à per- petuação do negócio ou da empresa� Empresários podem abrir suas empresas, mas muitos compram ou herdam os negócios prontos� Desse modo, optam por administrá-los sem grandes inovações, seguindo à risca a forma como eram gerenciados. Ao contrário do empreendedor, o empresário não é um realizador de novas ideias, somando criativi- dade e imaginação. Ele dificilmente corre os riscos de um empreendedor� Importa ter uma visão mais concreta, com expertise de mercado, manter uma rotina financeira, gerenciar equipes ou aumentar as vendas� Dito com outras palavras, empreendedor é paixão; empresário é profissão. 16 Existem empreendedores que falham justamente por não serem empresários, isto é, até têm ideias, abrem um negócio, mas lhes faltam competências necessárias para consolidar aquilo que foi criou� Agregar conhecimento sobre gestão pode ajudar a dar conta de levar o negócio adiante� O empresário, por sua vez, se lhe falta a capacidade de criar e ino- var, ainda assim pode procurar desenvolver caracte- rísticas empreendedoras ou contratar alguém que o ajude nesse processo de inovação� FIQUE ATENTO Empreendedor e Empresário são figuras distintas, embora possam ter características comuns entre si. Empreender está ligado à criatividade e inova- ção, com vistas a solucionar as necessidades de mercado; já o empresariar diz respeito a manter próspero um negócio� Empreendedorismo e internet A chegada da internet revolucionou o modo com que lidamos com o mundo, mudando também a maneira de fazer negócios� Vivendo em um mundo conectado em que o celular está sempre à mão, é muito natural para as novas gerações considerar o empreendedo- rismo usando a internet� Hoje, a rede passou a ser uma extensão obrigató- ria das empresas físicas, mas muitos empreendi- mentos já nascem no “www” e por lá permanecem� 17 Comumente me deparo com a seguinte situação: busco um produto, encontro-o em um site com outros produtos de meu interesse e, dado meu imediatismo, quero comprar e ir retirar na loja, quero as coisas para já� Só que, ao vasculhar o site, cadê o endereço? Eles não têm loja física� É pagar o frete e esperar� Com isso, empreender na internet tem basicamente duas vertentes: os que empreendem lá, porque é mais fácil, e os que precisam empreender na internet� Vamos analisar essas duas situações� Abrir um negócio virtual implica uma série de vanta- gens, a começar pelo menor risco� Muitas pessoas, que estão sem trabalho, podem começar a vender pela internet sem ter o custo de alugar um espaço, tornar o espaço apresentável, ter estoque, criar uma boa fachada e imediatamente se formalizar, o que também implica um custo� Pode-se, por exemplo, começar a vender joias sim- plesmente usando uma conta no Instagram� Se não der certo — opção inexistente a um empreendedor —, distribui-se o pequeno estoque pelo próprio corpo e repensa outras formas de negócio� Então, o risco de abrir um negócio físico, ainda mais no cenário pandêmico e de crise econômica em que o Brasil se encontra, é maior e tudo fica mais complexo. Além disso, as pessoas têm ideias interessantes e usam a internet para dar asas à imaginação, pelo simples motivo da facilidade� Basta se sentar em frente ao computador e começar� 18 Também existem outros benefícios, como o fato de, no ambiente virtual, poder “trabalhar 24h/dia”, en- quanto em uma loja física apenas as grandes redes conseguiriam operar. Está tudo ali, à disposição do cliente sem nunca fechar� Aliás, você já pensou no frisson que foi o 24h? Era supermercado 24h, posto 24h, tem até o Banco 24h que, quando surgiu, era simplesmente demais� Com o passar do tempo e a adoção da internet nos negócios, fomos nos acostumando a ter muita coisa 24h e, agora, correr porque tal coisa fecha às 17:00 é simplesmente atrasado demais� Há casos em que a internet não é só a opção mais fácil, é a mais barata ou a de menor risco� Aliás, não é uma opção, é o coração do negócio� Há ideias que, sem internet, o negócio não existe� Por exemplo, o Babbel é um aplicativo de aprendizado de idiomas� Aprender uma língua requer tempo, paciência e de- dicação, mas principalmente tempo� Tempo para você se locomover até a escola de idio- mas, tempo para estar lá presencialmente durante as aulas, tempo para revisar/treinar o conteúdo entre uma aula e outras, bem como tempo e muita força de vontade para continuar praticando eternamen- te o idioma pós-curso ou você esquece tudo que aprendeu� Acontece que o tempo que temos disponível é muito fragmentado� Você até dispõe de tempo, mas em pe- quenas frações insuficientes para assumir um com- promisso de três horas consecutivas, por exemplo� 19 A questão é que ninguém dispõe dessas três horas, sobretudo quem mora em grandes centros urbanos� Contudo, intervalos de 15 minutos que inutilmente usamos checando as redes sociais todo mundo tem� Com isso e uma boa dose de autodisciplina, pode- mos estudar bem mais de duas horas de italiano por semana� Essa é a sacada do Babbel� Não é só sobre evitar seu deslocamento até o curso, mas so- bre aproveitar a fragmentação de tempo, comum na sociedade atual� É sobre aprender no seu ritmo e não no da sua turma� É sobre poder trancar e retomar o curso sem burocracia� É sobre abraçar essa tendên- cia autodidata que se desenvolve nesse mundo cheio de informação disponível� Diferentemente de alguns negócios, a Babbel não usa a tecnologia apenas como facilitador, sua metodo- logia de ensino requer funcionalidades tecnológicas para que o estudante aprenda� Não se trata de uma mera videoconferência entre aluno e professor� Além disso, a empresa pode ser resumida no aplicativo em si, ou seja, não complementa nada� Portanto, esse é um caso de empreendedorismo nas- cido na web, focado em mobile e 100% digital� Quer modelo de negócio mais atual? É um tipo de serviço que só faz sentido na internet, com tecnologia� Fora desse contexto, a ideia não existe� Outro caso clássico é o Facebook� Mark Zuckerberg empreendeu criando um negócio que só faz sentido na internet� Note como a empresa expandiu passan- do de conectar pessoas a distribuidor de entreteni- 20 mento e, finalmente, operando em B2B, conectando empresas a clientes, por meio de publicidade e ma- peamento de dados de usuários� Assim, perceba que usar a internet para facilitar parte do processo de venda convencional pode ser uma boa opção para seu negócio� Aliás, a porta de entra- da para o empreendedorismo digital no país ainda tende a ser o comércio eletrônico� Tente expandir sua mente para ofertar produtos e serviços 100% digitais� A verdadeira inovação pode estar aí� REFLITA Muitas pessoas ainda são reticentes quanto à ado- ção de tecnologia em alguns cenários� É comum, por exemplo, ouvirmos expressões de miseração quando do olhar do mais velho para com o mais novo, em observância à sua dependência da in- ternet e sua desconexãodo que é físico� “No meu tempo que era bom� A gente empinava pipa e corria na rua. Agora essa criançada só fica no celular. Coitados”� Com base no que temos estudado sobre as dife- renças entre gerações, você acredita que as neces- sidades socioemocionais possam efetivamente mudar o ser humano, de modo que se substitua o face a face por recursos tecnológicos não repre- sente uma perda real? 21 Empreendedorismo e inovação Em conformidade com a definição de empreende- dorismo que estudamos no início, podemos dizer que empreender e inovar são duas faces da mesma moeda� Não dá para falar de um sem falar do outro� No entanto, chamaremos a atenção para os tipos de inovação que podem acontecer� Um leigo tende a tomar por inovação a criação de um novo produto ou serviço� Quando a diretoria pede algo inovador para alavancar a empresa, muitos fi- cam tentando tirar um coelho da cartola e podem sentir que não há mais o que inventar� Contudo, a realidade é que uma simples mudança de olhar so- bre um produto já existente pode ser a tal inovação que falta� Inovar na proposta única de valor é um bom exemplo que pode trazer uma reviravolta na organização� Vamos analisar o caso das Havaianas� Muitos se lembrarão que os chinelos nem sempre foram con- siderados fashion� Tudo começou com a empresa Alpargatas, cuja trajetória se iniciou com a produção de calçados especiais para os trabalhadores da la- voura de café� As Alpargatas Roda eram feitas de tecido similar ao jeans na parte superior e solado de corda, modelo que aliás voltou à moda recentemente em um estilo hippie-chique. Esses calçados fizeram muito sucesso principalmente por seu preço bem acessível às clas- ses mais baixas, que de fato trabalhavam no campo� 22 Só algum tempo depois é que vieram, inspirados em um modelo japonês, os chinelos Havaianas� Devido à sua simplicidade, esse produto foi copiado por muitas outras empresas, dando origem ao slogan “Havaianas, recuse imitações”� Com muita concorrên- cia e ainda abraçando somente a classe C, a empresa se encontrou em crise, por isso, precisava de ideias� Foi então que uma pesquisa de mercado pontuou que os clientes optavam por usar o produto apenas em casa, fato que levou a empresa a ter uma ideia� A marca investiu em novas cores de chinelos e em propagandas que reforçassem o uso do produto na praia� Investiu em modelos estampados e começou a bater forte na mensagem de produto 100% nacional, o que gera a sensação de pertencimento� A empresa convidou artistas plásticos para suas campanhas publicitárias, o que elevou o padrão es- tético da marca� Os chinelos foram do branco com tiras azuis a modernas edições especiais atreladas a grandes eventos, como Copa do Mundo ou lança- mento de filmes. Não demorou para usarem a técnica de Product Placement, em que famosos apareciam usando Havaianas nas mais diversas situações� A mensa- gem? Havaianas, todo mundo usa� Foi assim que a organização saiu da limitação da classe C e começou a vender para todas as classes� Em outras palavras, foi uma estratégia de inovação que não criou outro produto ou uma nova forma de vender, mas mudou a percepção da marca� Era uma 23 nova proposta de valor, passando do confortável e barato para o 100% nacional e acessório da moda� As havaianas chegaram a ser lançadas, em parceria com a H�Stern, em um modelo exclusivo com aca- bamento em ouro 18k e diamantes, com preço de quase R$ 60 mil� De R$ 25 a R$ 60 mil, eles inovaram na proposta de valor� Figura 3: Chinelos Havaianas� Fonte: Pixabay. Cabe dizer que, às vezes, a inovação é necessária não por uma questão de expansão dos negócios ou para desviar da concorrência, mas por uma necessidade de adaptação� O negócio pode estar indo bem, mas de repente o mercado muda e, mantendo sua forma de operar, pode não ter como acompanhar as novas tendências� 24 https://pixabay.com/pt/photos/sand%C3%A1lias-de-dedo-ver%C3%A3o-f%C3%A9rias-673794/ Marcelo Tibau (2015) aborda um bom exemplo para análise: a Bycast, uma empresa com sede em Vancouver, tinha como foco de atuação, até meados dos anos 2000, o envio de vídeo e conteúdo de áudio em forma comprimida através da Internet� Com a popularização do YouTube e do streaming, esse mer- cado desapareceu quase que “da noite para o dia”� A empresa precisava encontrar um novo mercado, o tempo estava se esgotando e o nosso capital estava sendo queimado no processo de busca� A solução veio de uma fonte improvável, a institui- ção médica canadense The British Columbia Cancer Agency� Com uma “biblioteca” de CDs com imagens médicas que enchiam salas e mais salas, a institui- ção tinha cada vez mais dificuldades em mantê-los organizados e disponíveis aos médicos e pessoal autorizado das suas instalações de saúde� Ao notar essa necessidade, a Bycast desenvolveu um software que auxiliava a gerenciar uma quantidade massiva de dados em diferentes localidades geográ- ficas. Isso levou à descoberta de um segmento de mercado em torno de imagem médica e compartilha- mento de dados em vários locais� Quando a Bycast foi adquirida pela NetApp, em 2010, a sua base de dados incluía alguns dos maiores repositórios de conteúdo digital do mundo� A inovação surge de maneira inusitada, mas uma das características essenciais do processo é a flexibilida- de, que permite que não nos agarremos a soluções costumeiras e nos adaptemos� 25 Alan Chiu, ex-diretor da Bycast, virou um dos sócios da Xseed Capital, uma empresa que atua como inves- tidor-anjo em novos negócios� Nessa posição, tem ajudado jovens empreendedores financeiramente, bem como ao compartilhar seu conhecimento em negócios� Essa experiência o levou a ser convidado pela Universidade de Stanford, da qual é ex-aluno, a contar um pouco da sua experiência e dar dicas de melho- res práticas para empreendedorismo� Um de seus conselhos transcende o mundo corporativo e pode ser aplicado em nossa própria vida: “Seja intelec- tualmente honesto e adaptável”� Empreendedores tendem a ser pessoas naturalmente otimistas, mas não convém manter um otimismo cego� Temos que inovar e nos adaptar” (TIBAU, 2015)� FIQUE ATENTO O termo investidor-anjo surgiu na década de 1920, nos teatros da Broadway, Nova York (EUA)� Nessa época, alguns empresários bancavam os altos cus- tos das produções teatrais, apoiavam a execução da peça e participavam de seu retorno financeiro. Começaram a ser conhecidos como “anjos”� Hoje, o investidor-anjo é conhecido não só por ajudar fi- nanceiramente a empresa, mas também por trazer experiência e conhecimento� São pessoas físicas que aplicam de 5% a 10% do próprio patrimônio em empresas de alto potencial de retorno� Além de aju- dar financeiramente a startup, trazem experiência 26 e rede de contatos para auxiliar os negócios� Esse tipo de assistência também é conhecido como Smart Money (CÂMARA, 2018)� No período pandêmico de 2020, presenciamos uma série de empresas passando pela mesma situação� Tudo ia bem até que, sem aviso prévio, o Covid-19 chegou� Em um momento que só se falava em mobi- lidade, de repente, ninguém mais podia sair de casa� Em situações assim, adaptabilidade é tudo� Ter a ca- pacidade de enxergar uma maneira de continuar em vez de esperar a pandemia passar para “voltar tudo como era antes” requer um espírito de empreendedor� Note que, dentro da mesma vertical, empresas se comportam diferentemente� Vamos tornar exemplos os restaurantes: para alguns, como o China In Box, nada mudou, pois já operavam de forma adequada aos moldes pandêmicos, focados em delivery e com sistema satisfatório (e próprio) de entrega� Outros, porém, como o Outback, que ofereciam além dos pratos uma experiência durante a refeição, tive- ram sua rotina totalmente alterada, o que os obrigou a recorrer ao iFood para viabilizar sua existência� Outros, por fim, fecharam as portas. Portanto, inovar pode não ser um ponto extra no jogo, mas a pontu- ação necessária para manter a empresajogando� 27 A boa notícia é que a veia empreendedora pode ser desenvolvida aos poucos� Embora muitos nasçam com “tino para os negócios”, engana-se quem acha que só dá para ser empreendedor se nascer um� Inclusive, no quesito inovação, há coisas que você pode praticar no dia a dia visando a se tornar mais flexível e criativo. Jogue o jogo proposto pelo Instituto Ayrton Senna a seguir: JOGO DA IMPROVISAÇÃO Objetivo Exercitar novas maneiras de pensar e agir por meio da experimentação� Duração prevista 15 minutos� Competências socioemocionais em foco Imaginação criativa e curiosidade para aprender� Recursos e providências 4 ou 5 objetos de seu cotidiano e um suporte de registro (seja ele um caderno, seu diário de bordo, celular ou computador)� Figura 4: Jogo da Improvisação� Fonte: Adaptado de Intituto Ayrton Senna� 28 Para jogar, realize o passo a passo: Passo 1 Selecione, sem pensar muito, 4 ou 5 objetos de seu cotidiano e os coloque em cima de uma superfície, enfileirados� Passo 3 Preparado? Inicie com o primeiro objeto da fileira� Você terá 40 segundos para imaginar o maior número de funcionabilidades para o objeto até o cronômetro apitar� Passo 2 Prepare um cronômetro para apitar de 40 em 40 segundos� Seguindo a ordem da fileira, você irá interagir com esse objeto por esse tempo� Quando o cronômetro sinalizar, passe para o próximo e siga improvisando funcionalidades até que tenha jogado com todos os objetos� Passo 4 - Como foi a experiência? Que sentimentos, sensações e comportamentos foram experimentados durante a atividade? - Como você percebeu o exercício de sua imaginação criativa? - O que, no seu cotidiano de trabalho, pode ser reinventado criativamente? Depois de realizar o jogo, reflita e registre: Figura 5: Passo a passo� Fonte: Adaptado de Intituto Ayrton Senna� Por exemplo: ao selecionar um garfo, sabe-se que ele normalmente serve como talher� No jogo, pode-se imaginá-lo com uma pipoca na ponta e anunciar a sua nova funcionalidade: “uma catapulta para acertar pipocas na boca”� Pode-se selecionar uma caneca, 29 colocar sobre a cabeça e propor “esse é um boné para quem quer bronzear o nariz”� Além de tentar desenvolver o espírito inovador, pode procurar práticas que aflorem: iniciativa, pen- samento estratégico, autoconfiança, otimismo, re- siliência e o manejo de ansiedade e riscos� Essas características vão se tornar hábitos saudáveis de um empreendedor� Vamos agora adentrar algumas técnicas amplamente utilizadas no mercado de trabalho, que você precisa estar a par, tanto para se posicionar bem em uma entrevista de emprego quanto para botar a mão na massa em um negócio próprio� Design Thinking Design Thinking é uma metodologia de superação de desafios em que se faz imersão no universo do público-alvo, com a finalidade de proporcionar solu- ções adequadas às suas necessidades. Ou seja, é um modelo de pensamento que vai além da necessidade de criar um produto ou serviço� A ideia é entrar na vida do consumidor e procurar ditar comportamentos e necessidades futuras� Em artigo, o Sebrae (s. d.) nos traz o bê-á-bá e as bases dessa metodologia: ● Empatia: significa se colocar no lugar do outro para entender melhor seus sentimentos, comporta- mento e desejos� Com isso, é possível traduzir tais 30 observações em insights, as quais podem melhorar a vida das pessoas� ● Experimentação: é importante experimentar ideias e arriscar, pois se aprende muito com os erros, per- mitindo a descoberta de caminhos inusitados� De acordo com Linus Pauling, ganhador do Prêmio Nobel de Química e da Paz: “Para ter uma boa ideia, você antes precisa ter muitas ideias”� A tarefa é ter, cola- borativamente, o maior número de ideias e, depois, prototipar as melhores� ● Prototipação: significa criar modelos do que será o serviço ou o produto, para avaliar se é viável, desejá- vel e praticável� Trata-se de concretizar as ideias, para que outras pessoas tenham condições de verificar, criticar e contribuir� O design thinking é centrado no ser humano, alta- mente colaborativo, experimental, otimista e visu- al� Assim, é preciso acreditar que se pode fazer a diferença ao desenvolver um processo intencional para chegar até o novo, impactar positivamente as pessoas e criar soluções de negócio inovadoras� Prototipar é, portanto, usar a criatividade para trans- formar desafios em oportunidades. O processo de design viabiliza o design thinking, visto que pode ocorrer por meio de uma abordagem es- truturada para gerar e aprimorar ideias� É realizado em quatro fases, da identificação do desafio até a solução do problema: ● Imersão (insights) 31 ● Ideação ● Prototipação ● Realização Figura 6: Design Thinking como processo� Fonte: www.se- brae.com.br� Repare que essas fases podem se repetir ao longo do processo, já que pode ser necessário refinar as ideias ou partir de outro ponto de vista� O design, na sua essência, é a capacidade de equilibrar um projeto sobre três pilares, garantindo as melhores soluções: Viabilidade Praticabilidade Desejabilidade Figura 7: Pilares� Fonte: Elaboração própria� No geral, a viabilidade e a praticabilidade são mais comumente lembradas e consideradas pelos em- presários� A viabilidade diz respeito a uma solução viável financeiramente, capaz de gerar um modelo de negócio sustentável� A praticabilidade considera 32 https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Imagens%20SebraeNA/InfograficoDesignThinking.gif https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Imagens%20SebraeNA/InfograficoDesignThinking.gif a viabilidade técnica do projeto em curto prazo, ou seja, considera se é tecnologicamente possível re- alizar o que se propõe� No entanto, o diferencial do pensamento de design está justamente na terceira parte: a desejabilidade� Observe a Figura 8: Figura 8: Zona de solução de desafios. Fonte: www.sebrae. com.br Ou seja, quando se usa design em um projeto, signi- fica que todo o trabalho é orientado pelas pessoas envolvidas naquele contexto, considerando clientes, colaboradores, usuários e outros indivíduos� As inovações propriamente ditas são criadas dessa maneira, na medida em que não necessariamente envolvem uma tecnologia de ponta, mas resultam do valor que o cliente percebe ao fazer uso delas� 33 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/design-thinking-inovacao-pela-criacao-de-valor-para-o-cliente,c06e9889ce11a410VgnVCM1000003b74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/design-thinking-inovacao-pela-criacao-de-valor-para-o-cliente,c06e9889ce11a410VgnVCM1000003b74010aRCRD Pensar como um designer dentro do seu negócio pode ser justamente o que está faltando para que o empresário entregue o valor que gostaria aos seus clientes� Fazer uma imersão pelo mundo deles e en- tender que necessidades, desejos e expectativas realmente têm, e não os que o empresário acha que têm, pode tornar o negócio mais humano e desejável� Não há necessidade de ir a fundo em técnicas com- plexas e pesquisas de mercado� Às vezes, tudo o que um empreendimento precisa para fazer sentido para o cliente é justamente algo simples, como estar próximo dele no dia a dia, dialogando e entendendo seu ponto de vista� O uso do Design Thinking na criação de aplicativos para varejo Em virtude da transformação digital ocorrida nos últimos anos, a utilização de aplicativos para vendas de produtos por meio do celular está em expansão e pode ser um diferencial para os pequenos negócios� Esse crescimento explica-se pelo fato de as pesso- as poderem comprar em qualquer lugar, desde que tenham acesso à internet, interesse na compra do produto e facilidade de navegação� No entanto, um aplicativo é diferente de um site, sendo assim, deve ser projetado pensando na sua natureza� Entre as características de um bom aplicativo, está a simplicidade, pelo fato de facilitar a vida das pesso- as. Em outras palavras, podemos verificar que apps 34não utilizados, lentos ou sem funcionalidade são deletados rapidamente pelos usuários� Por isso, o design thinking pode ser uma estratégia para projetar aplicativos de sucesso, uma vez que traz lições valiosas das reais demandas envolvidas, a fim de remover obstáculos rumo ao objetivo final: a solução (SEBRAE, 2019)� Nada é melhor do que um bom exemplo para trazer a completa compreensão do assunto, não é mesmo? Se você ainda não conseguiu trazer para a realidade o que é exatamente o Design Thinking, observe a Figura 9: Figura 9: Design Thinking no mundo real� Fonte: www.se- brae.com.br 35 https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Imagens%20SebraeNA/InfograficoDesignThinking.gif. https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Imagens%20SebraeNA/InfograficoDesignThinking.gif. Muito atrelado à questão da “imersão no universo do cliente” presente no Design Thinking, nasceu o mé- todo lean startup ou startup enxuta (SOUZA, 2020)� Nesse tipo de startup, evita-se produzir algo de que ninguém precisa ou quer� O foco de qualquer método lean é adotar estratégias que identifiquem desperdí- cios de qualquer natureza� Basicamente, tudo gira em torno de interações com os possíveis clientes para validar as ideias de produto da empresa antes de sair por aí atrás de investido- res, por exemplo� O MVP é um grande aliado nessa metodologia� Que tal adentrarmos um pouco mais no universo das startups? Startup Startup é uma ideia de empresa ou uma empresa nascente voltada à tecnologia e inovação, que tenha como objetivo desenvolver e aprimorar um modelo de negócio� Geralmente, opera de forma repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza� Há termos que talvez sejam desconhecidos, por isso, devemos entender claramente todos eles: ● Modelo de negócios: é a forma como a startup (e na verdade qualquer tipo de empresa) ganha dinhei- ro� As franquias são um modelo de negócio em que uma marca consolidada empresta seu nome, sua experiência e sua receita de sucesso em troca do pagamento de royalties� É o caso do McDonald’s e o Boticário, por exemplo� Outro modelo de negócios é 36 por assinatura, em que a empresa concede produtos ou serviços durante o pagamento de uma quantia� É o caso dos serviços de streaming e revistas� Isca e Anzol é outro modelo conhecido que consiste em vender um produto com baixa margem de lucro, en- quanto um outro, do qual o primeiro depende, gera alto valor à empresa. As máquinas gourmet de café são um bom exemplo, pois as máquinas em si cus- tam pouco, mas as cápsulas não, precisando de re- posição frequentemente e com uma margem de lucro alta, que é de onde o faturamento vem� ● Escalabilidade: ser escalável significa que você consegue aumentar seu faturamento sem aumentar a despesa na mesma proporção� Imagine um site de streaming� Digamos que ela pague mil reais por um título e o hospede em seus servidores� Se uma ou mil pessoas estão acessando e consumindo aquele título, o custo da empresa para exibir aquele conte- údo continua sendo de mil reais — o único possível incremento é o de ter maior capacidade de proces- samento para exibir o filme em paralelo, o que pode custar um pouco mais em termos de infra de TI —, enquanto seu ganho aumenta exponencialmente con- forme mais pessoas pagam a assinatura� Note que uma doceria não é escalável� Se com R$ 30 compro matéria-prima para produzir dois bolos, se eu quiser vender 10 bolos, vou gastar R$ 150� Ganho mais, mas gasto mais� A receita e a despesa crescem na mesma proporção� 37 Do mesmo modo que as pequenas empresas têm grandes chances de fecharem as portas nos primei- ros cinco anos, startups têm uma chance ainda maior de morrerem nos cinco primeiros meses� Com isso, é importante entendermos os dois grandes ciclos pelos quais uma startup passa antes de atingir seu objetivo principal: deixar de ser uma startup e virar uma grande empresa� No primeiro ciclo, os empreendedores trabalham na definição do produto a ser ofertado. Verifique as etapas: 1. Ideia: detecção de oportunidade� 2. Modelo de negócio: neste momento, os empreen- dedores investigam qual modelo faria mais sentido� 3. Elevator Pitch: ter um discurso que facilmente demonstre o que a startup tem a oferecer� 4. Mockup: neste ponto, a startup já tem um modelo do seu produto usado para demonstração� Ainda não é o produto real, mas uma representação de baixo custo� É usado para vender a ideia do produto� 5. Protótipo: este item requer maior investimento e já possibilita um teste de usabilidade, é usado com o usuário final para fazer simulações. No segundo ciclo, as startups que resistem já estão operando e vendendo: 6. Minimum Viable Product (MVP): representa o produto mais simples pelo qual o cliente aceita pa- gar� Imagine uma startup de produtos em conser- 38 va� Talvez seu carro-chefe seja a geleia de pimenta agridoce de 500ml, em pote de vidro com paninho xadrez franzido cobrindo a tampa� Mas seu MVP será feito com potes de 200ml, sem embalagem apenas contendo as conservas que precisam ser experimen- tadas dentro� É o mínimo que você pode oferecer, em termos de esforço e dinheiro, para conseguir testar a aceitação do seu produto com o público-alvo� 7. Receita: nesta fase, trabalha-se para incrementar o produto e aumentar a receita� Imagine um quiosque que venda pipoca gourmet� Um saco plástico de pi- poca doce com o logo impresso pode ser vendido a R$ 7, com uma margem de lucro de R$ 3� Você pode pesquisar e achar um fornecedor de embalagens que entregue por uma diferença de R$ 1, um pote transparente reutilizável que melhora a percepção do produto que pode passar a ser vendido por R$ 15� Se antes sua despesa de produção era R$ 5, com a nova embalagem passa a ser R$ 6, só que agora seu lucro é de R$ 9� 8. Break-even: neste ponto, despesas e receitas se equilibram, com isso, a startup deixa de dar prejuízo� 9. Product-market fit: é quando a startup encontra um mercado que demande o produto em maior es- cala do que ela consegue atender� Nesse ponto, seus consumidores praticamente viram seus vendedores e advogados� 10. Saída: o empreendedor vende sua startup parcial ou totalmente para uma grande empresa ou abre seu capital na bolsa� 39 Portanto, ao completar esses dois grandes ci- clos, a startup morre para se tornar uma empresa consolidada� REFLITA Você tem algum serviço ou produto que gostaria que fosse lançado no mercado? Do que você sente falta no seu dia a dia? Imagine que você disponha de tempo e R$ 25 mil para investir� O que você criaria na sua startup? Utilize a metodologia de Design Thinking e de Lean Startup para esboçar o passo a passo que seguiria. Anote suas dificulda- des e soluções� 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, verificamos que as gerações têm ca- racterísticas bem distintas, o que implica diferentes anseios e formas de consumir� De um lado, encontra- mos pessoas preocupadas com a qualidade de vida, por isso, têm usado sua familiaridade com a internet tanto para trabalhar quanto para ter suas necessi- dades supridas, através do empreendedorismo� Do outro lado, encontramos pessoas mais apegadas a bens materiais e estabilidade� Em seguida, fomos capazes de entender que não se nasce empreendedor, tornar-se um, desenvolven- do habilidades que ajudarão a criar e conduzir um negócio bem-sucedido� Aliás, no quesito empreen- dedorismo, os profissionais da área de Tecnologia da Informação têm um ponto extra a seu favor: o conhecimento no que tem sido chave para empre- ender, que é a tecnologia� Por isso, com um pouco de criatividade e usando técnicas como a de Design Thinking, é possível se destacar empreendendo dentro da sua empresa ou começando seu próprio negócio, com o modelo startup� 41 Referências Bibliográficas & Consultadas BULGACOV, S� Manual de gestão empresarial� 2� ed� São Paulo: Atlas, 2006 [Minha Biblioteca]� CÂMARA, I� Investidor-anjo: o que é e como se tornar um? 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