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O PAPEL DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA PARA A DEMOCRATIZAÇÃO

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PEDAGOGIA
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 LICENCIATURA
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 (
Mônica Oliveira Ferreira
)
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o papel da cultura afro-brasileira e indíge
na para a democratização social
)
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São Francisco de Itabapoana
2020
)
 (
Mônica Oliveira Ferreira
)
 (
o papel da cultura afro-brasileira e indíge
na para a democratização social
)
 (
Trabalho apresentado 
a
 
Faculdades Integradas Norte do Paraná - UNOPAR
, como requisito parcial à aprovação no
 2º 
semestre do curso de
 Pedagogia
.
)
 (
São Francisco de Itabapoana
2020
)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
1.	A IMPORTÂNCIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA	4
CONSIDERAÇÕES FINAIS	9
REFERÊNCIAS	10
INTRODUÇÃO
A promoção de uma Educação voltada para o exercício da cidadania e o respeito às diversidades foram compromissos assumidos pelas reformas curriculares implantadas no Brasil com a instituição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB - Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), bem como das orientações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997). Para além de preparar os jovens para o mercado de trabalho, o papel da escola deve ser o de “promover a autonomia intelectual e o pensamento crítico, no sentido de criar condições para a democratização do ensino e de prepará-los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social” (LIBÂNEO, 1992, p. 16). 
Pode-se considerar, portanto, que a prática educativa é responsável tanto pelos processos de mudanças educacionais quanto pela inclusão social. A Constituição de 1988, a LDB (1996) e os PCN (1999) abriram caminho para uma profunda mudança curricular que trouxe à tona o debate de questões importantes sobre a educação para as relações étnico-raciais. Indígenas e negros tiveram significativa atuação na história brasileira, embora tenham sido pouco reconhecidos e referenciados ao longo da nossa educação escolar.
Como proposta deste portfólio, buscar compreender como as recentes mudanças curriculares com a implementação da lei 11.645/2008, e também das diretrizes curriculares subseqüentes, contribuíram para se repensar o papel da educação em valorizar as contribuições dos povos indígenas e africanos para a formação do Brasil e promover o ensino da história e cultura indígena e afro-brasileira. Também propor a refletir sobre o papel de gestores e professores em rever suas práticas pedagógicas, superando metodologias arcaicas, excludentes e discriminatórias. Portanto, de nada valem as alterações e obrigatoriedade legais se os educadores não mudarem sua postura, ações e atitudes, que representem na prática o respeito e o reconhecimento da diversidade cultural, histórica e social do nosso País
1. A IMPORTÂNCIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA
A educação é capaz de oferecer tanto aos jovens como aos adultos a possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e inferioridade entre grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura racista na qual foram socializados (MUNANGA, 2005, p.15-16).
Em seu artigo 26, a LDB, Lei 9.394/96, que regulamenta a educação escolar em nosso país, propõe que “o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia” (BRASIL, 1996). O caráter multicultural da nossa sociedade deveria ser à base da nossa historiografia, como forma de superar a visão eurocêntrica que predominava nos manuais de ensino. Notadamente, esse reconhecimento foi fruto da luta dos movimentos sociais negros e indígenas que reivindicaram por anos maior representatividade nas diferentes esferas sociais.
Em 2008, uma nova lei foi sancionada pelo Governo Federal – Lei nº 11.645/08 – que tornou obrigatório também o ensino da história e cultura dos povos indígenas na Educação Básica. A lei foi resultado da luta dos movimentos indígenas, que também reivindicaram um melhor conhecimento sobre esses grupos de modo que a educação brasileira promovesse uma formação etno-histórica mais heterogênea que convergisse com a pluralidade cultural da nossa sociedade, incluindo a própria diversidade das crianças e jovens presentes nas escolas.
Ao modificar a Lei 10.639/2003, muitos entenderam que a nova lei substituiu à anterior, mas o fato é que a lei 11.645/2008 acrescentou a perspectiva indígena aos estudos das relações étnico-raciais no Brasil, uma vez que ela também compõe nossa matriz cultural. 
Em virtude disso, houve uma produção crescente de obras acadêmicas e literárias sobre a história da África e a presença dos negros na formação do Brasil. Igualmente, com os grupos indígenas novas pesquisas vêem surgindo, principalmente pelo fato de que esses povos foram tão ou mais negligenciados historicamente do que os africanos, embora se reconheça que ambos foram tratados como coadjuvantes ao longo da história brasileira. A partir de tais pesquisas a transposição didática se faz necessária, para que essas abordagens tenham uma linguagem apropriada para o ensino básico. Portanto, não se trata somente de inclusão, mas de valorização, respeito e tolerância para se repensar o papel da escola em promover aprendizagens significativas para a formação de crianças e jovens. É nesse sentido que devemos refletir sobre a importância da educação para as relações étnico-raciais.
A busca pela diversidade não é algo restrito à Educação, compreende um todo social, fruto da ação de sujeitos para se buscar um melhor convívio. Contudo, essa ação pressupõe uma tomada de consciência que passa, indubitavelmente, pela educação escolar. É nesse ambiente que vamos construir nossas primeiras noções de pertencimento a uma sociedade, estabelecer relações com o outro e conviver com as diferenças. As propostas político-pedagógicas, as experiências de aprendizagem irão determinar essa dinâmica. Portanto, é interessante pensarmos na importância do que propõem as diretrizes curriculares no âmbito das relações étnico-raciais para se buscar esse tratamento mais democrático e igualitário.
Nesse sentido, pensar uma educação das relações étnico-raciais significa reconhecer a diversidade dos grupos que compõem a sociedade brasileira e que devem ter igual direito de exercício de sua cidadania. Isso quer dizer que cabe à educação oportunizar tanto os conhecimentos e saberes necessários à compreensão da história e cultura desses grupos, quanto de eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas e etnocêntricos. Esse compromisso deve ser assumido tanto pela educação informal, que tem por base a educação familiar, quanto pela educação formal, aprendida no espaço escolar.
Pedagogias de combate ao racismo e a discriminações elaboradas com o objetivo de educação das relações étnico/raciais positivas têm como objetivo fortalecer entre os negros e despertar entre os brancos a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, à participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras. Também farão parte de um processo de reconhecimento, por parte do Estado, da sociedade e da escola, da dívida social que têm em relação ao segmento negro da população, possibilitando uma tomada de posição explícita contra o racismo e a discriminação racial e a construção de ações afirmativas nos diferentes níveis de ensino da educação brasileira (BRASIL, 2004, p. 16-17).
O documento também reforça a importância da formação de professores capacitados, de modo a se tornarem um dos principais agentes dessa transformação educacional.
O compromisso com uma prática sociocultural na escola e com uma formação de cidadãos mais atuantes e democráticos levou, anos depois, a uma revisão das diretrizes curriculares para o desenvolvimentodas temáticas envolvendo diversidade e inclusão. O documento das DCN de 2013 colocava como principal desafios as garantias educacionais relacionadas quanto ao direito humano universal e social inalienável. Nesse âmbito, a amplitude do termo inclusão foi colocada, para se referir à diversidade humana, social, cultural, econômica dos grupos historicamente excluídos.
Os princípios de diversidade e inclusão deveriam fazer parte dos projetos pedagógicos, dos recursos didático-metodológicos, das teorias de aprendizagem, das práticas de ensino, desde a alfabetização, passando pela Educação Básica e a Educação de Jovens e Adultos, propondo um diálogo aberto às questões de educação em direitos humanos, educação especial, educação ambiental, educação do campo e educação para as relações étnico-raciais, incluindo nesse contexto a educação escolar indígena e quilombola. O desenvolvimento curricular proposto pelas diretrizes também passam pela capacitação doente, considerado por vezes como sendo a etapa mais complexa, uma vez a formação dos profissionais inclui diferentes aprendizagens e exige um conjunto de competências para o melhor desempenho das capacidades de trabalho em desenvolver nos estudantes as habilidades cognitivas necessárias para a formação escolar democrática, inclusiva e participativa.
São inegáveis as contribuições que a conquista dos dispositivos constitucionais traz para uma reforma educacional mais eficiente e eficaz. Contudo, a complexidade em transpor os direitos legais na prática escolar continua sendo o maior desafio colocado aos profissionais da Educação. A implantação das relações étnico-raciais e de uma Educação Inclusiva requer profundas transformações nas práticas e concepções didático-pedagógicas.
No que se refere especificamente às temáticas indígenas e africanas, nosso foco de abordagem, a superação de práticas discriminatórias é o primeiro passo. Nesse contexto, existe uma série de representações no imaginário social que imprimem a marca do eurocentrismo e que devem ser gradativamente superadas para buscarmos uma educação mais crítica e mais concernente com as novas bases curriculares propostas para a formação e reconhecimento da diversidade cultural da nossa sociedade.
Embora boa parte dos temas seja mais direcionada à disciplina de História, alguns também contemplam outras áreas, para se buscar um trabalho interdisciplinar. Notadamente, as possibilidades de trabalho docente e didático-metodológicas são amplas e não pretendemos esgotá-las em poucas linhas. Cabe ao futuro professor, buscar novas propostas e estender a pesquisa de outros materiais para aprimorar sua formação.
2. POSTAGEM FORMATIVA SOBRE A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA
Filme: Pajerama
Diretor: Leonardo Cadaval
É uma curta metragem em animação inspirada na cidade de São Paulo e sua relação com o território indígena e com a história. O personagem indígena anda na floresta, e em sua caminhada encontra elementos urbanos que interferem em seu território.
O curta-metragem Pajerama de Leonardo Cadaval trás um olhar referindo-se a sociedade como a selva em que vivemos. O personagem simbolizado por um índio, através de uma caçada percorre as transformações da selva por áreas urbanizadas. Pajerama é especificamente sobre a urbanização da cidade de São Paulo, que tem uma desconexão total com a natureza, onde seu horizonte passa a serem dominados por construções altíssimas, os rios se canalizam, o céu fica laranja diante de tanta poluição no ar, nas águas, no solo, sonora e visual.
O enredo é simples, mas bem elaborado, para o seu objetivo: refletir sobre os processos de urbanização e compreender algumas conseqüências das transformações na natureza causadas pelas ações humanas.
A urbanização engolindo espaços e culturas.
O desenvolvimento da sociedade principalmente após a era industrial criou uma dinâmica de exploração muito grande e essa atuação do homem sobre o meio ambiente gera muitas conseqüências tais como a extinção das espécies, elevações climáticas, desastres ambientais, etc. o paradigma sustentável deu espaço ao predatório. Dessa forma, o consumo dos bens com o objetivo precípuo de acumulação de capital, em decorrência do aumento da produtividade, tornou-se superior às capacidades do ambiente.
No vídeoa pode ser notado um outdoor com a palavra “comprar” que traduz exatamente o que vivemos nos dias atuais, o capitalismo emplacado, onde o mais importante é a concentração de lucros sem importar q que custo, como alguém já disse antes “vivemos em uma selva de pedras” e muitas vezes nos vemos perdidos, sem saber pra onde ir, e somos muitas vezes impulsionados a esse capitalismo, não podemos nos esquecer que cabe a cada um de nós a preservação das nossas comunidades, pois é através do trabalho de cada um é que ocorre a transformação do espaço, seja boa ou ruim.
10
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se, propondo mais reflexões do que certezas. De concreto, apenas a constatação que ainda temos um longo caminho a percorrer no que se refere à educação para as relações étnico-raciais no Brasil. Tomemos aqui alguns questionamentos levantados pela professora Nilma Lino Gomes, ao analisar estratégias para superação do racismo na escola:
Como será que nós, professores e professoras têm trabalhado com a questão racial na escola? Que atitudes tomamos frente às situações de discriminação racial no interior da escola e da sala de aula? Até quando esperaremos uma situação drástica de conflito racial ou enfrentamento para respondermos a essas perguntas? Por que será que a questão racial ainda encontra tanta dificuldade para entrar na escola e na formação do professorado brasileiro? (GOMES, 2005, p. 146).
As respostas passam, inevitavelmente, pela formação histórica e cultural da sociedade brasileira, que negou, ao longo do tempo, o papel exercido por negros e indígenas. A dificuldade de se inserir a temática de forma efetiva nas escolas também reflete a incompreensão sobre a função da Educação nesse processo. Instituir novas formas de convivência e respeito necessita de uma formação sólida, que leves em consideração diferentes dimensões humanas e sociais, entre elas, a ética, a cultura, a diversidade, a sexualidade, as relações étnicas.
A lei nº 11.645/2008 não apresenta uma solução isolada para acabar com a invisibilidade das sociedades afro-brasileiras e das populações indígenas, mas representam um avanço, um passo significativo no sentido de se reconhecer que somos uma sociedade historicamente formada pela diversidade e como tal, todas devem ser conhecidas e respeitadas dentro e fora do ambiente escolar para a convivência de uma sociedade mais tolerante e democrática. Torná-las uma realidade na prática cotidiana é nosso papel enquanto educadores e cidadãos brasileiros.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2004. 
_______. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: Casa Civil, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em: 30 set. 2020.
_______.Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural. Brasília: MEC, 1997, p. 115-166. 
GOMES, Nilma Lino. Educação e relações raciais: Refletindo sobre algumas estratégias de Atuação. In: MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o Racismo na escola. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005, p. 143-154.
MUNANGA, Kabengele. (Org.). Superando o racismo na escola. 2.ed. revisada. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Continuada,Alfabetização e Diversidade. Brasília, 2005.

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