Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 1 EXAME FÍSICO DE PELE E FÂNEROS ❖ PELE - Necessita ter condições básicas adequadas para o exame, como iluminação adequada, desnudamento das partes a serem examinadas e conhecimento prévio dos procedimentos semiotécnicos ➢ Coloração: - Primeiro, registra-se a cor da pele na anamnese do paciente -> Identificação - Pode haver dificuldade em avaliar as modificações de coloração em peles escuras ✓ Alterações na coloração o Palidez -> ambiente iluminado naturalmente é essencial p/ avaliação - Deve ser avaliada por toda a extensão da pele, especialmente para os negros, nas regiões palmoplantares - Dois tipos: ▪ Generalizada => vasoconstrição generalizada ou redução do número de hemácias1 ▪ Localizada => isquemia por alguma obstrução de artéria (altera o fluxo na região) -> pesquisar áreas homólogas da região afetada o Vermelhidão ou eritrose -> exagero da coloração roséa da pele - Dois tipos: ▪ Generalizada => pacientes febris ou indivíduos expostos ao sol ▪ Localizada => ruborização do rosto por emoção, p.ex. - Aqui se encaixam o eritema palmar, comum em hepatopatias crônicas (princip. Cirrose) e a acrocianose, uma alteração que apresenta frialdade persistente e cianose das extremidades 1 A presença da hemoglobina é um fator que contribui para a coloração da pele -> Ocorre em anemias, a palidez generalizada - A vermelhidão (rubor) faz parte dos QUATRO SINAIS CARDNAIS PARA O PROCESSO INFLAMATÓRIO -> dor, calor, rubor, tumor (flogose) o Cianose -> tem várias causas clínicas - Deve ser pesquisada ao redor dos lábios, ponta do nariz, lobos das orelhas, extremidades dos dedos das mãos e dos pés - Dois tipos: ▪ Generalizada => por toda a pele, predominância em alguns lugares ▪ Localizada => obstrução de via que drena a região - Três graus: leve, moderada e intensa o Icterícia -> acúmulo de bilirrubina no sangue - Afeta a coloração da pele, das mucosas visíveis e da esclera - É diferente de condições que afetam somente a cor da pele, como a carotenose, por uso de medicamentos ou uma alimentação rica em ingestão de vitamina A (cenoura) - Consequência de: Hepatite infecciosa, hepatopatia alcoólica, hepatopatia por medicamentos, leptospirose, malária, lesões obstrutivas das vias biliares ➢ Umidade: - Deve-se realizar a inspeção, mas o principal método é a palpação - Umidade normal: indivíduos hígidos - Pele seca: pessoas idosas, dermatopatias crônicas (esclerodermia, ictiose), insuficiência renal crônica e desidratação - Umidade aumentada (pele sudorenta): indivíduos normais ou febris, ansiedade, hipertireoidismo, ondas 2 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 2 de calor em mulheres na menopausa provocam umidade excessiva ➢ Textura: - Normal: condições normais - Pele lisa ou fina: idosos, hipertireoidismo, áreas recentemente edemaciadas - Pele áspera: exposição ambiental, mixedema e dermatopatias crônicas - Pele enrugada: idosos, emagrecimento rápido, regiões pós-edema ➢ Espessura: - Pinçamento da dobra cutânea -> epiderme e derme -> pinçar, principalmente, antebraço, tórax e abdome - Normal: indivíduos hígidos - Pele atrófica: translucidez que possibilita ver a rede venosa superficial -> presente em idosos e prematuros, p.ex. - Pele hipertrófica ou espessa: trabalho exposto ao sol, espessamento do tegumento muito notável -> também é comum na esclerodermia (dermatopatia crônica) ➢ Temperatura: - Deve-se diferenciar temperatura corporal de temperatura da pele. Para avaliação da temperatura da pele, usa-se a palpação com a face dorsal das mãos, comparando-se com o lado homólogo cada segmento examinado. Nas extremidades ocorrem variações mais acentuadas. É muito influenciada pela temperatura do meio ambiente, emoção, ingestão de alimentos, sono e outros fatores - O aumento da temperatura da pele pode ser generalizado -> exteriorização cutânea do aumento da temperatura corporal (febre) - Atenção às diferenças de temperatura em regiões homologas -> discrepância de até 2º C podem ser palpadas e indicar transtorno na irrigação sanguínea -> isquemia em alguma área mais fria - O foco é o aumento da temperatura em áreas restritas ou segmentares -> causa principal: processos inflamatórios -> calor + rubor (dor se for estimulada, edema é um processo secundário) ➢ Elasticidade e mobilidade: - Devem ser analisadas e interpretadas simultaneamente -> para elasticidade, pinça-se a prega cutânea com o polegar e o indicador, fazendo em seguida certa tração e depois se solta a pele. traciona-se para elasticidade; para mobilidade, apoia-se os dedos sobre a superfície a ser examinada e a movimenta para todos os lados - Elasticidade é a propriedade de o tegumento cutâneo se estender quando tracionado; mobilidade refere-se à sua capacidade de se movimentar sobre os planos profundos subjacentes - ↑ Elasticidade e mobilidade => comum na Síndrome de Ehlers-Danlos -> distúrbio na produção de colágeno torna a pele super elástica, desfavorecendo os processos de reparação dos danos teciduais - ↓ Elasticidade e mobilidade => observada nas pessoas idosas, nos pacientes desnutridos e, principalmente, na desidratação ➢ Turgor: - Pinçar uma prega de pele que abranja tecido subcutâneo (hipoderme) - Normal: Sensação de pele “suculenta” -> prega se desfaz rápido, aspecto de hidratação - Diminuído: sensação de pele murcha -> prega se desfaz lentamente -> aspecto de desidratação ➢ Lesões elementares: - Modificações do tegumento causadas por processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, neoplásicos, transtornos do metabolismo ou por defeito de - Para a avaliação empregam-se a inspeção e a palpação ✓ Alterações de cor - Classificadas como manchas ou máculas - Ocorre no mesmo plano do tegumento, sem elevações na superfície o Pigmentares - Alterações do pigmento melânico - Hipocrômicas: diminuição ou ausência da melanina -> ex: vitiligo, nevo hipocrômico congênito, hanseníase - Hipercrômicas: aumento de melanina -> ex: pelagra, melasma, nevos pigmentados, efélides (manchas de sarda) o Vasculares - Distúrbios da microcirculação, desaparecem após digitopressão, vitropressão e puntipressão (diferença para manchas hemorrágicas) - Telangiectasias: dilatação de arteríolas, vênulas e capilares ▪ Varículas ou microvarizes (venocapilares) ▪ Aranhas vasculares (no tronco, somem com puntipressão) 3 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 3 - Mancha eritematosa ou hiperêmica: podem estar presentes com pápula, vesícula, bolha ▪ Vasodilatação -> desaparece com digitopressão ou vitropressão ▪ Uma das lesões mais encontradas ▪ Surge em sarampo, varicela, rubéola o Hemorrágicas - Não desaparecem com compressão da região, porque se trata de conteúdo extravasado - Petéquias: puntiformes e com até 1cm de diâmetro - Víbices: formam uma linha (estrias) - Equimoses: placas maiores que 1cm de diâmetro -> Se o extravasamento sanguíneo for suficiente para elevar a pele, se trata de um HEMATOMA (frequentemente associado à equimose) -> a coloração depende do tempo ➢ Lesões sólidas: ✓ Elevações edematosas - Enquadra-se a lesão urticada ou tipo urticária - Correspondem a formações sólidas, uniformes, de formato variável (arredondados, ovalares, irregulares) - Quase sempre são eritematosas e pruriginosas, resultando de um edema dérmico circunscrito ✓ Formações sólidas o Pápulas - Pequeno tamanho (até 1cm de diâmetro), superficiais, bordas bem delimitadas - Podem ser puntiformes, planas ou acuminadas, isoladas ou coalescentes, da cor da pelenormal ou cor rósea, castanha ou arroxeada - Presentes em muitas dermatoses: picada de inseto, leishmaniose, verruga, erupções medicamentosas, acne, hanseníase o Tubérculos - Circunscritas, diâmetro maior do que 1cm, situadas na DERME - Consistência pode ser mole ou firme -> geralmente desenvolvem cicatriz - Observadas em sífilis, tuberculose, hanseníase e tumores o Nódulos, nodosidades e goma - Tamanho pequeno - grão de ervilha, por exemplo - são os nódulos. Mais volumosas, são as nodosidades. Gomas são nodosidades que tendem ao amolecimento e ulceração com eliminação de substância semissólida o Vegetações 4 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 4 - Salientes, lobulares, filiformes ou em couve- flor, de consistência mole e agrupadas em maior ou menor quantidade - Muitas dermatoses se caracterizam por vegetações: verrugas, sífilis, leishmaniose, tuberculose, granuloma venéreo, neoplasias e dermatites medicamentosas ➢ Lesões de conteúdo líquido ✓ Coleções liquidas o Vesículas - A diferença fundamental entre pápula e vesícula é que a pápula é uma lesão sólida. Às vezes, para resolver a dúvida punciona-se a lesão - O encontro de substância líquida caracteriza a vesícula (até 1cm de diâmetro) -> Observada em varicela, herpes-zóster, queimaduras, eczema (inflamação cutânea) o Bolhas - Diferencia-se da vesícula pelo tamanho: seu diâmetro é superior a 1cm de diâmetro - As bolhas podem ter conteúdo claro, turvo amarelado (bolha purulenta) ou vermelho- escuro (bolha hemorrágica) o Pústulas - Vesícula de conteúdo purulentoo - Surge em varicela, herpes-zóster, queimaduras, piodermites, acne pustulosa o Abcessos - Coleções purulentas (conjunto de bolhas purulentas), mais ou menos proeminentes e circunscritas - Quando há sinais inflamatórios (FLOGOSE), são chamados abscessos quentes. A ausência de sinais flogísticos caracteriza os abscessos frios. Exemplos: furunculose, abscesso tuberculoso ➢ Lesões secundárias: ✓ Alterações da espessura o Queratose -> Espessamento da camada córnea, superfície eventualmente áspera, de consistência endurecida e coloração esbranquiçada o Liquenificação -> Espessamento da pele com acentuação dos sulcos ou do quadriculado normal da pele, devido aumento da camada malpighiana o Edema -> Espessamento da pele, depressível, com cor própria da pele ou rósea branca, determinado pelo acumulo de liquido na derme e/ou hipoderme ✓ Perdas e reparações teciduais - Lesões provocadas por eliminação ou destruição patológicas e de reparações dos tecidos cutâneos o Escamas -> Muitas afecções manifestam- se por descamação -> caspa, pitiríase versicolor, psoríase e queimadura da pele por raios solares o Erosão -> Perda da epiderme -> não deixa cicatrizes. Pode ser traumática -> escoriação; ou não traumática -> secundária à ruptura de pústulas, vesículas e bolhas o Ulceração -> A perda atinge a derme, ao contrário da erosão, deixa cicatriz o Crosta -> “cascão” o Escara -> porção de tecido cutâneo necrosado 5 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 5 o Cicatriz -> proliferação de tecido fibroso circunjacente ❖ FÂNEROS ➢ Cabelos: - Couro cabeludo: Reparta o cabelo em vários locais e verifique se há descamação, nódulos, nevos ou outras lesões ✓ Tipo de implantação -> Na mulher, têm uma implantação mais baixa e formam uma linha de implantação característica, enquanto nos homens é mais alta e existem as “entradas" laterais. ✓ Distribuição -> A distribuição é uniforme e, quando há áreas sem pelos, são denominadas alopecia, cujas causas são múltiplas ✓ Quantidade -> Do ponto de vista semiológico, a constatação de queda de cabelos é um dado de interesse -> nos idosos os cabelos são mais escassos ✓ Coloração -> As modificações da coloração podem ser artificiais ou consequentes a enfermidades. Uma alteração interessante é a que se observa nos meninos com desnutrição proteica grave, cujos cabelos se tornam ruivos ✓ Outras características (brilho, espessura, consistência) -> Muitas vezes, os cabelos podem perder o brilho e tornar-se quebradiços e secos. Essas alterações ocorrem no mixedema, nos estados carenciais e em várias outras afecções ➢ Pelos: - Quanto à espessura, consistência, brilho e comprimento, da mesma maneira que os cabelos, podem tornar-se secos, quebradiços e sem brilho, pelos mesmos motivos assinalados - As alterações de distribuição e de quantidade costumam ocorrer associadamente e obedecem aos mesmos mecanismos ✓ Hipertricose (síndrome do lobisomem): Caracterizada por um crescimento excessivo de pêlos. As pessoas acometidas por este distúrbio apresentam a pele toda coberta de pêlos, exceto as palmas das mãos e dos pés ✓ Hirsutismo: é o aumento exagerado de pelos sexuais masculinos na mulher. Pode ser constitucional, idiopático ou androgênico. No 2 Associado a diversas doenças, a maioria cardíacas e pulmonares hirsutismo provocado por níveis elevados de testosterona, observam-se implantação tipo masculina e calvície temporal ➢ Unhas: - As seguintes características devem ser analisadas: ✓ Forma ou configuração ✓ Tipo de implantação ✓ Espessura ✓ Superfície ✓ Consistência ✓ Brilho ✓ Coloração - A unha normal forma um ângulo menor que 160°, apresenta apenas uma curvatura lateral nítida, a superfície é lisa, brilhante, a espessura e a consistência são firmes. No hipocratismo digital2, o ângulo de implantação é de aproximadamente 180° - Quanto à coloração, podem ser pálidas (anêmicas), ou adquirir uma tonalidade azulada, ou seja, cianótica - A ocorrência de manchas brancas é comum em pessoas sadias e são chamadas leuconiquias - As unhas podem estar parcialmente descoladas do leito, denotando onicólise. São as unhas de Plummer, observadas no hipertireoidismo - Coiloníquia ou unha em colher é um estado distrófico no qual a placa ungueal torna-se fina e desenvolve-se uma depressão. Tais alterações ocorrem na anemia ferropriva grave e são provocadas por irritantes locais 6 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 6 - Observar também as regiões que rodeiam as unhas, pois processos inflamatórios de origem micótica ocorrem com frequência. São as paroníquias3, muito comuns nas pessoas que têm as mãos em constante contato com água (lavadeiras, cozinheiras) - Por fim, deve-se observar se há sinais indicativos do hábito de roer unhas (onicofagia), que é indicativo de ansiedade Complementos ➢ Enfisema subcutâneo - Existência de bolha de ar debaixo da pele -> é reconhecida através da palpação -> sensação de crepitação muito característica - O ar pode ser procedente do tórax, em decorrência de um pneumotórax, ou ter origem em processo local por ação de bactérias produtoras de gás (p. ex. gangrena gasosa) ➢ Edema - As coleções líquidas nas cavidades serosas devem ser referidas por serem fenômenos fisiopatologicamente afins ao edema e é comum que sejam vistas associadas no mesmo paciente; contudo, os derrames cavitários (hidrotórax, ascite, hidropericárdio e hidrartrose) serão estudados na semiologia dos diferentes aparelhos - A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se indaga sobre tempo de duração, localização e evolução o Localização e distribuição - Distinguir entre edema localizado ou generalizado (anasarca) -É nos membros inferiores que mais frequentemente se constata a existência de edema; todavia, duas outras regiões devem ser sistematicamente investigadas: face (especialmente regiões subpalpebrais) e região pré-sacra, esta particularmente nos pacientesacamados, recém-natos e lactentes o Intensidade - Com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame -> Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê-se uma depressão, no local comprimido, que costuma ser chamada de fóvea Estabelece- se a intensidade do edema referindo-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes(+, + +, + + + e + + + +) 3 Pode ser provocada por fungos e bactérias, mas a principal causa é a umidade constante da mão - OBS: todo paciente que apresenta edema deve ser pesado diariamente -> avaliar retenção ou eliminação de água o Consistência - A mesma manobra adotada para avaliar a intensidade serve também para investigar a consistência do edema -> o grau de resistência encontrado ao se comprimir a região edemaciada - Edema mole: é facilmente depressível. Observado em diferentes condições, significa apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa, e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água - Edema duro: nesse tipo de edema, depara-se com maior resistência para obter a formação da fóvea. Traduz a existência de proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios (caso de alguns linfonodos) o Elasticidade - Ao se avaliar a intensidade e a consistência, verifica-se, também, a elasticidade. Esta é indicada não só pela sensação percebida pelo dedo que comprime, mas principalmente observando-se a volta da pele à posição primitiva quando se termina a compressão - Edema elástico -> típico de edemas inflamatórios - Edema inelástico -> depressão da área persiste por certo tempo o Temperatura da pele circunjacente - Usa-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da vizinhança e da região homóloga. - Há três possibilidades: • Pele de temperatura normal: frequentemente a temperatura na região edemaciada não se altera, o que é desprovido de qualquer significado especial • Pele quente: significa edema inflamatório • Pele fria: traduz comprometimento da irrigação sanguínea daquela área o Sensibilidade da pele circunjacente - Faz-se digitopressão da área que está sendo investigada - Doloroso é o edema cuja pressão desperta dor, e indolor, quando tal não ocorre. Edema doloroso é o inflamatório o Outras alterações da pele adjacente - Mudança de coloração -> palidez (transtornos de irrigação sanguínea), cianose (perturbação venosa localizada ou cianose central) ou rubor (processo inflamatório) - Textura e espessura da pele -> pele lisa e brilhante acompanha o edema recente e intenso; pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quando o edema está sendo eliminado 7 Andressa Santos Pereira Medicina – UNEB | Turma XIII 7
Compartilhar