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hanseníase Tutoria 4 – Hanseníase Referências Bibliográficas: Microbiologia Médica – Murray, Rosenthal & Pfaller ,7ª Edição, Capítulo 25. Boletim Epidemiológico; Secretaria de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde; Volume 49, 2018 Hanseníase no Estado de Mato Grosso - Maria de Lurdes de Queiroz: Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva, para obtenção do título de mestre em saúde coletiva, Cuiabá, 2009. Aspectos Microbiológicos do Mycobacterium leprae – Suzana Macieira; BVS. Hanseníase: estigma e preconceito vivenciados por pacientes institucionalizados em Santa Catarina (1940-1960). Revista Brasileira de Enfermagem. Borenstein et al. Brasília, nov de 2008. Hanseníase: Manifestações clínicas; Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação. BVS. Diagnóstico de Hanseníase. Diltor Vladimir Araújo Opromolla. BVS, 1. Aspectos Epidemiológicos da hanseníase. 1.1 Caracterização da situação epidemiológica da hanseníase e diferenças por sexo, Brasil, 2012-2016. Em 2016, segundo a OMS, 143 países reportaram 214.783 casos novos, o que representa taxa de detecção de 2,9/100 mil hab. No Brasil, no mesmo ano, foram notificados 25.218 casos novos, perfazendo taxa de detecção de 12,2/100 mil hab. Esses parâmetros classificam o país como de alta carga para a doença; segundo com o maior número de casos novos registrados. Estima-se que 95% são naturalmente resistentes à infecção. 5% susceptíveis, a doença pode se manifestar de diferentes formas, depende de fatores como sexo, idade e susceptibilidade genética, ou às coletividades – condições socioeconômicas e geográficas. Autores apontam que tanto a hanseníase como as formas multibacilares (MB) da doença são mais frequentes nos homens. Predomínio é explicado pela maior exposição ao bacilo e menor cuidado de indivíduos do sexo masculino com a saúde (retarda diagnóstico e aumenta risco para o desenvolvimento de incapacidades físicas). Brasil está em consonância com a estratégia global da Hanseníase 2016-2020 da OMS para reduzir a carga da doença. Estratégia pauta-se em três pilares: Fortalecimento do controle e da parceria governamental; Combate da hanseníase e suas complicações; Enfrentamento da discriminação promovendo inclusão social. Abrangem a detecção precoce de casos, tratamento imediato com esquema de poliquimioterapia (PQT), desenvolvimento de pesquisas básicas e enfrentamento do estigma, promovendo mobilização e sensibilização junto à comunidade. Análise epidemiológica segundo sexo é de suma importância para subsidiar processos de elaboração, execução e implementação de políticas públicas. Permite indicar diferenças de acesso em termos da capacidade de alcance do programa e da capacidade da população em utilizar os serviços de saúde. É possível identificar variações na carga de hanseníase entre grupos populacionais e discutir se estão ligadas a processos socioeconômicos, como a diferença de acesso e oportunidades. Hanseníase é endêmica! 1.2 Resultados da Pesquisa hanseníase Entre 2012 a 2016, diagnosticados 151.764 casos novos no Brasil, equivale a uma taxa média de detecção de 14,97 casos novos/100mil hab. Entre estes, 84.447 casos novos - sexo masculino (55,6% do total). Observou-se que a taxa de detecção por 100mil hab na população masc foi maior que na população fem em todas as faixas etárias, sobretudo a partir dos 15 anos de idade. Proporção é crescente com o aumento da faixa etária, na população masculina de 60 ou mais anos de idade, tem taxa média de detecção cerca de oito vezes maior que na menor de 15 anos. Incapacidades físicas na hanseníase são importantes sinalizadores do diagnóstico tardio. Classifica-se o caso de hanseníase como incapacidade: Grau 0: força muscular e sensibilidade estão preservadas; Grau 1: há diminuição da força muscular e/ou diminuição de sensibilidade; Grau 2: há deformidade visível nas mãos e/ou pés e/ou olhos. Detecção de casos novos grau 2, estudo revela uma taxa média de 10,53 casos/1 milhão de hab do Brasil (2012 a 2016). Masc, a taxa foi mais elevada, 15,17 casos por 1 milhão de homens, fem a taxa foi de 6,07 casos para cada 1 milhão de mulheres. Média, 2.042 pessoas foram diagnosticadas anualmente com incapacidades visíveis. Análise dos indicadores por macrorregião mostrou que as regiões Centro-Oeste (37,27/100 mil hab.) e Norte (34,26/100 mil hab.) exibiram as maiores taxas médias de detecção geral no período analisado (2012-2016), enquanto as menores foram registradas nas regiões Sul (3,75 por 100 mil habitantes) e Sudeste (5,31 por 100 mil habitantes). Observa-se que todas as UFs, exceto o Rio Grande do Norte, apresentaram maiores taxas de detecção no sexo masculino. Os maiores valores deste indicador no sexo masculino foram registrados nos estados de Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Rondônia, enquanto Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Alagoas as taxas médias de detecção foram mais próximas entre os sexos. Taxa média de detecção dos casos novos com grau 2 por UF, observou-se que todas as UFs apresentaram maiores taxa no sexo masculino, seis estados apresentaram razões de sexo iguais ou maiores que 1,5, destacando-se o Acre (1,9), o Amazonas (1,5) e Roraima (1,8). Nos cinco anos de análise, 95,7% dos casos novos diagnosticados no país declararam sua raça/cor no momento da notificação. Sendo 58,9% corresponderam à raça/cor parda, 26,8% à branca, 12,8% à preta, 0,9% amarela e 0,4% indígena. Assim, considerando se a definição de população negra como o conjunto de pretos e pardos, observa-se uma detecção mais elevada (71,7%) da doença neste grupo populacional. Esse predomínio reproduz o contexto histórico da população negra no Brasil, pois este segmento, além de representar a maior parte da população do país, é o que mais padece com as desigualdades em diversos aspectos da vida social, inclusive na saúde. Avaliando-se a raça/cor autodeclarada por sexo no período de 2012 a 2016, novamente observa-se uma maior proporção de casos no sexo masculino em todas as raças, registrando-se a maior diferença entre os sexos na população indígena. O nível de escolaridade mais frequente entre os casos novos foi o segmento analfabeto + ensino fundamental incompleto, observado em 55,0% das notificações realizadas entre 2012 a 2016. Diferença entre os sexos de acordo com a escolaridade: maior proporção dos casos novos em homens no grupo supracitado (58,1%), seguido pelo grupo de casos com ensino fundamental completo e médio incompleto (54,0%). hanseníase Casos com ensino superior: predomínio do sexo feminino, percentual de 59,1%. Casos com ensino médio completo e superior incompleto, praticamente não houve diferenças entre os sexos, tendo sido 51,6% dos casos registrados entre mulheres. Vale ressaltar a importância dessa informação para o planejamento das atividades, principalmente nos aspectos relacionados à educação em saúde, sobretudo na abordagem de autocuidado. No período 2012-2016, a proporção dos casos novos com classificação operacional multibacilar foi prevalente no sexo masculino (62,7%), enquanto a classificação paucibacilar prevaleceu no sexo feminino (58,6%). Esses dados remetem a alta proporção das formas clínicas virchowiana e dimorfa observada na população masculina. A hanseníase virchowiana ocorre nos indivíduos que apresentam imunidade celular menos eficaz contra o Mycobacterium leprae e representa importante foco infeccioso nos casos não tratados. A forma dimorfa acomete pessoas com instabilidade imunológica contra o bacilo, constituindo um grupo mais sujeito às reações hansênicas, que são uma das principais causas de surgimento de incapacidadesfísicas. Além das questões operacionais que promovem o diagnóstico mais tardio nos homens, é possível que fatores biológicos estejam envolvidos na associação entre a hanseníase multibacilar e o sexo masculino. Um estudo desenvolvido no Brasil, sobre a hanseníase multibacilar em hanseníase grupos populacionais, com análise de 541.090 casos novos de hanseníase diagnosticados no período de 2001 a 2013, demonstrou que as formas multibacilares foram predominantes nos homens, inclusive entre casos detectados mais precocemente (com grau 0). O mesmo estudo comparou o índice baciloscópico do diagnóstico em 2.253 casos de hanseníase detectados na (Fiocruz)/RJ, revelando que os homens apresentam cargas bacilares mais elevadas que as mulheres em todas as faixas etárias, mesmo entre os casos detectados com grau 0 d. Os homens foram detectados principalmente por modos de detecção passivo, com encaminhamento em 56,3% dos casos, demanda espontânea em 57,0%, e exame de contatos em 46,0%. Situação inversa foi observada entre as mulheres; entre elas, a maior detecção foi pelo exame de contatos (54,0%), seguido do exame de coletividade (50,7%). Esses dados mostram que apesar da hanseníase ser um problema relativamente maior hanseníase entre os homens, esse grupo populacional provavelmente comparece menos às unidades de saúde para o controle de comunicantes. 2. Compreender a História Natural da Hanseníase 2.1 Mycobacterium leprae Gênero Mycobacterium: bacilos aeróbios, imóveis, não formadores de esporos; de 0,2 a 0,6 × 1 a 10 μm. Ocasionalmente, formam filamentos ramificados que podem ser interrompidos. Parede celular é rica em lipídios (superfície hidrofóbica, micobactéria resistente a vários desinfetantes e colorações comuns). Uma vez corados, não podem ser descorados com soluções ácidas (bactérias acidorresistentes). A parede celular das micobactérias é complexa e este grupo de microrganismo é exigente, por isso muitas micobactérias crescem lentamente, dividindo-se a cada 12- 24 horas (período de oito semanas para que o crescimento seja detectado em culturas). São causa significativa de morbidade e mortalidade, principalmente em países com recursos médicos limitados. Atualmente, + 150 espécies de micobactérias já foram descritas, muitas das associadas a doenças humanas. Apesar da abundância de espécies de, apenas as seguintes espécies e grupos causam a maioria das infecções humanas: M. tuberculosis, M. leprae, complexo M. avium, M. kansasii, M. fortuitum, M. chelonae e M. abscessus. Taxonomicamente, Mycobacterium leprae pertence a ordem ActinomyceIalis e familia Mycobaderiaceae. Apresenta- -se como bacilo reto ou levemente encurvado, com extremidades arredondadas, medindo ± 1 a 8 µm de comprimento e 0,3 µm de diâmetro. O M. leprae, ou bacilo de Hansen, é um parasita intracelular obrigatório, predominante em macrófagos onde podem ser observados formando aglomerados ou globias, em arranjos paralelos. Reprodução ocorre por divisão binária, é gram-positivo e fortemente álcool-ácido resistente quando submetido à coloração de Ziehl-Neelsen, na qual apresentam-se, na maioria deles, corados de forma irregular ou granular. 1895, Hansen e Looft consideraram a transformação em grânulos fator de degeneração (morte bacilar). 1960, outros pesquisadores observaram (microscopia ótica e eletrônica) que bacilos corados irregularmente não estavam viáveis (perda parcial do conteúdo celular que ocorre após a morte). Essa perda é decorrente de alterações na membrana citoplasmatica. Parede celular possui cerca de 20 nm de espessura e sua estrutura química é semelhante a de outras micobactérias: constituída de peptideoglicanos entrelaçados e ligados a cadeias polissacarídeas, que servem de suporte para os ácidos micólicos de alto peso molecular, que abrangem cerca de metade do peso da parede celular bacteriana, responsáveis pela natureza hidrofóbica. O bacilo possui algumas características distintas. No peptideoglicano, a L-alanina é substituída pela glicina, forma como os ácidos micólicos estão associados a parede celular é distinto em outras micobactérias. Outro componente da parede celular micobacteriana: lipoarabinomanana (LAM), semelhante ao encontrado em outras espécies,mas observou-se diferenças entre o LAM encontrado no M. leprae e no M. tuberculosis. Em bactérias gram negativas, os lipopolissacarídeos têm propriedades imunorreguladoras; nas micobactérias podem atuar de forma importante para a sobrevivência no interior da célula do hospedeiro e na patogênese da doença. Observou-se também a presença de um material protéico, que se constitui em um importante alvo imunogênico de células T. A natureza exata dessas proteínas ainda não hanseníase está totalmente estabelecida. A partir de um extrato da parede celular identificou-se uma proteína com peso molecular de 17 (kD); uma outra proteína de 14 kD, semelhante proteína de choque térmico de E. coli, também foi identificada, sendo também encontrada no citoplasma do bacilo. O porque desta proteína estar associada à parede celular e como ela está ligada a outros componentes precisa ser melhor escla- recido. O bacilo apresenta uma estrutura mais externa denominada cápsula. A superfície externa do leprae é caracterizada pela presença de uma grande quantidade de componentes lipídicos, provavelmente responsáveis pela "zona elétron transparente"e pelo aspecto espumoso do material visto no interior dos macrófagos de pacientes virchovianos. Os dois lipídeos capsulares mais importantes são: 1 – ftiocerol dimicocerosato (PDIM), quimicamente distinto daqueles encontra- dos em outras espécies de micobactérias; 2 – glicolipídeo fenólico 1 (PGL-1) que contém um grupo fenólico glicosilado corn um trissacarídeo característico e aparentemente único para o M. leprae. O PDIM e o PGL-1 podem ser detectados em tecidos infectados de seres humanos, indicando que esses componentes podem persistir por um longo período, mesmo após o bacilo ter sido degradado e eliminado. A porção terminal 3,6-di-O-metil glucose do PGL- 1 ainda não foi detectada em nenhuma outra molécula natural: constituindo-se na chave para a alta especificidade da resposta humoral durante o processo de infecção. O PGL-1 pode reagir com compostos de radicais livres, sugerindo que este lipídeo capsular pode proteger o bacilo dos efeitos tóxicos de enzimas lisossomais e metabólitos oxidativos produzidos pelos macrófagos durante a infecção. Composição lipídica da membrana celular não está totalmente caracterizada, existem evidências indicando presença de fosfolipídeos característicos de membrana, que são encontrados em espécies cultiváveis de micobactérias, incluindo membros sorologicamente ativos de manosídio fosfatidilinositol (PIM). A diversidade de PIM encontrados no M. leprae é menor do que a observada em outras espécies de micobactérias. Estudos bioquímicos permitiram a identificação de dois importantes polipeptídeos de membrana — MMP-I, proteína, 35kD, sorologicamente ativa e reconhecida por anticorpos monoclonais murinos específicos para o bacilo; e MMP-II, 22kD. O citoplasma é eletrodenso contendo estruturas comuns a organismos gram positivos. Em análise eletroforética em gel de poliacrilamida, identificou-se três importantes proteínas citoplasmáticas: 1ª de 28kD, 2ª 17kD (sorologicamente distinta da proteína encontrada na parede celular) e 3ª, semelhante à proteína de choque térmico GroES, também encontrada na parede celular. Estudos acerca da composição protéica do bacilo, baseados em técnicas sorológicas, permitiram a identificação de uma proteína de 65kD identificada como sendo homóloga à proteína de choquetérmico GroEL e que geralmente é encontrada degradada em preparados de bacilos. Uma outra proteína de 70kD identificada por anticorpos monoclonais também corresponde a uma proteína de choque térmico, homóloga à DnaK de E. coli. Estudos realizados com anticorpos monoclonais também permitiram identificar uma proteína de 18kD, estruturalmente ligada a proteínas de choque térmico e uma de 28kD identificada como a enzima superóxido dismutase (catalisa a dismutação do superóxido em oxigénio e peróxido de hidrogénio). Entre as atividades bioquímicas mais conhecidas, está a capacidade do bacilo de oxidar uma variedade de difenóis, em particular o D-isômero de dihidroxifenilalanina (DOPA), cuja oxidação foi descrita como sendo única para o M. leprae (entre as micobactérias). A enzima dismutase superóxido, esta envolvida em mecanismos de sobrevivência do bacilo no interior dos macrófagos, fazendo com que o bacilo resista aos efeitos tóxicos dos metabólitos oxidativos produzidos pelas células do hospedeiro. Decarboxilase glutamato, betaglucoronidase e N-acetil beta glucosaminidase, porém não se sabe com certeza se elas são derivadas do bacilo ou do tecido do hospedeiro. hanseníase 2.2 Fisiologia e Estrutura das Micobactérias São classificadas no gênero Mycobacterium com base em (1) acidorresistência, (2) presença de ácidos micólicos contendo 70 a 90 carbonos e (3) alto conteúdo (61% a 71 mol) de guanina mais citosina (G+C) DNA. Embora outras espécies de bactérias possam ser acidorresistentes, elas se coram menos intensamente (são parcialmente acidorresistentes) e suas cadeias de ácidos micólicos são mais curtas. As micobactérias têm uma complexa parede celular rica em lipídio. A estrutura básica da parede celular é típica das bactérias Gram-positivas: uma membrana plasmática interna recoberta por uma camada espessa de peptidoglicano e ausência de membrana externa. Noentanto, a estrutura da parede celular nas micobactérias é muito mais complexa do que em outras bactérias Gram-positivas. Ancorados à parede celular estão proteínas, manosídios de fosfatidilinositol e lipoarabinomanana (LAM), funcionalmente relacionado aos lipopolissacarídeos antigêncios O, presentes em outras bactérias. Há também lipídios, glicolipídios e peptidoglicolipidios. Os componentes lipídicos compreendem 60% do peso da parede celular. Proteínas de transporte e porinas estão intercaladas por todas as camadas da parede celular e constituem 15% do peso da parede. 3. Patogênese e Imunidade Pelo fato de a bactéria se multiplicar muito lentamente, o período de incubação é prolongado; sintomas desenvolvem-se em até 20 anos após a infecção. As manifestações clínicas da lepra dependem da reação imune do paciente à bactéria. A apresentação clínica da lepra varia da forma tuberculoide à forma lepromatosa. Os pacientes com lepra tuberculoide (também chamada doença de Hansen paucibacilar) apresentam uma forte reação imune celular, com muitos linfócitos e granulomas presentes nos tecidos e relativamente poucas bactérias. Como acontece nas infecções por M. Tuberculosis, em pacientes imunocompetentes as bactérias induzem a produção de citocinas que medeiam a ativação de macrófagos, fagocitose e elimi- inação dos bacilos. Os pacientes com lepra lepromatosa (doença de Hansen multibacilar) possuem uma resposta forte aos anticorpos, mas um defeito específico na resposta celular aos antígenos de M. leprae. Assim, uma abundância de bactérias é tipicamente observada nos macrófagos da derme e nas células de Schwann dos nervos periféricos. Esta é a forma mais infecciosa de lepra. hanseníase 4. Manifestações Clínicas O espectro do envolvimento tecidual é influenciado pelo estado imune do paciente, como observado previamente. A forma tuberculoide é mais branda e caracterizada por manchas de pele não pigmentada. A forma lepromatosa. Está associada a lesões de pele desfigurantes, nódulos, placas, espessamento da derme e envolvimento da mucosa nasal. hanseníase – Hanseníase Indeterminada: inicial, evolui espontaneamente para a cura na maioria dos casos ou para as chamadas formas polarizadas (25% dos casos, em 3 a 5 anos). Geralmente, encontra-se apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele normal, com distúrbio da sensibilidade, ou áreas circunscritas de pele com aspecto normal e com distúrbio de sensibilidade, podendo ser acompanhadas de alopécia e/ou anidrose. Mais comum em crianças. – Hanseníase Tuberculoide: mais benigna e localizada, ocorre em pessoas com alta resistência ao bacilo. Lesões são poucas (ou única), de limites bem definidos e um pouco elevados, com dormência. Comprometimento simétrico de troncos nervosos, podendo causar dor, fraqueza e atrofia muscular. Próximo às lesões em placa podem ser encontrados filetes nervosos espessados. Nas lesões e/ou trajetos de nervos pode haver perda total da sensibilidade térmica, tátil e dolorosa, ausência de sudorese e/ou alopécia. Pode ocorrer a forma nodular infantil (acomete crianças em 1 a 4 anos), quando há um foco multibacilar no domicílio lesões papulosas ou nodulares, únicas ou em pequeno número, principalmente na face. – Hanseníase virchowiana (ou lepromatosa): imunidade celular é nula e o bacilo se multiplica muito, levando a um quadro mais grave, com anestesia dos pés e mãos que favorecem os traumatismos e feridas que podem causar deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele. Lesões cutâneas caracterizam-se por placas infiltradas e nódulos (hansenomas), de coloração eritemato-acastanhada ou ferruginosa, podem se instalar também na mucosa oral. Pode ocorrer inflitração facial com madarose superciliar e ciliar, hansenomas nos pavilhões auriculares, espessamento e acentuação dos sulcos cutâneos. Acometer laringe, com quadro de rouquidão e órgãos internos (fígado, baço, suprarrenais e testículos), bem como, a hanseníase históide, com predominância de hansenomas com aspecto de quelóides ou fibromas, com grande número de bacilos. Compromete maior número de troncos nervosos de forma simétrica. – Hanseníase Dimorfa (ou Borderline): intermediária, resultado de imunidade intermediária, características clínicas/laboratoriais que se aproximam do polo tuberculoide ou virchowiano. Número de lesões cutâneas é maior; apresentam-se como placas, nódulos eritemato- • Reações hansênicas Reações hansênicas (Tipo 1 e 2): alterações do sistema imunológico, que se exteriorizam como manifestações inflamatórias agudas e subagudas, que hanseníase podem ocorrer mais frequentemente nos MB. Podem ocorrer antes do diagnóstico da doença (levando à suspeita de hanseníase); durante ou depois do tratamento com (PQT) e caracterizam-se por: Reação Tipo 1– dimorfa ou tuberculoide, é mediada por célula; aparecimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou placas), infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas, com ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). Reação Tipo 2 ou eritema nodoso hansênico (ENH), é mediada por anticorpos, acastanhadas, em grande número, tende a simetria. As lesões mais características nesta forma clínica são denominadas lesões pré foveolares ou foveolares, elevadas ou não, com áreas centrais deprimidas e aspecto de pele normal, com limites internos nítidos e externos difusos. O acometimento dos nervos é mais extenso podendo ocorrer neurites agudas de grave prognóstico. ocorre na forma Virchoviana – inclui nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre, dores articulares e mal-estar generalizado, com ou sem espessamento e dor nos nervos periféricos (neurite).São a principal causa de lesões dos nervos e de incapacidades. Importante que o diagnóstico das reações seja feito precocemente, para início imediato do tratamento, visando prevenir essas incapacidades. Frente à suspeita de reação hansênica, recomenda-se: - confirmar o diagnóstico de hanseníase e fazer a classificação operacional; - diferenciar o tipo de reação hansênica; - investigar fatores predisponentes (infecções, infestações, distúrbios hormonais, fatores emocionais, contato infectado sem tratamento e outros). • Complicações Muitas vezes se confundem com a evolução do próprio quadro clínico da doença. Muitas delas dependem da resposta imune dos indivíduos acometidos, outras estão relacionadas com a presença do M. leprae nos tecidos e, por fim, algumas das complicações decorrem das lesões neurais características da hanseníase. Complicações diretas: – Decorrentes da presença do bacilo na pele e outros tecidos, principalmente em quantidades maciças ( pacientes multibacilares com alta carga bacilar). Rinite hansênica decorre da massiva infiltração da mucosa do trato respiratório superior. A ulceração da mucosa septal leva a exposição da cartilagem septal com necrose e sua perfuração ou mesmo perda completa desse suporte da pirâmide nasal. Se houver comprometimento dos ossos próprios nasais, o colapso nasal é completo com o surgimento do característico nariz desabado. Na arcada dental superior, a invasão óssea permite o afrouxamento dos incisivos superiores com sua perda. A destruição da espinha óssea nasal anterior elimina o ângulo obtuso naso-labial deixando-o em ângulo agudo, o que leva a um aspecto simiesco se já houver o colapso nasal antes referido. A mucosa oral pode se tornar espessa e apresentar nódulos, particularmente na região do palato, permitindo, se houver evolução do processo infiltrativo, a perfuração do palato. hanseníase Na área ocular, a triquíase decorre de processo inflamatório do próprio bulbo piloso ou por atrofia dos tecidos que apoiam os folículos, com posicionamento anômalo do cílio podendo atingir córnea e conjuntiva. O comprometimento massivo dos bulbos, com perda tanto ciliares como supraciliares, podem levar à madarose ciliar e supraciliar. As alterações da íris podem ser descritas como atrofias irianas do estroma, do epitélio pigmentário ou totais, nódulos inespecíficos e nódulos específicos (pérolas irianas), irites agudas, irites crônicas, sinéquias anteriores e sinéquias posteriores. Esses comprometimentos oculares são importantes e necessitam acompanhamento constante de atenção oftalmológica ou prevenção ocular. Por fim, os frequentes infiltrados inflamatórios de pálpebras e pele da região frontal permitem o surgimento de rugas precoces e pele redundante palpebral resultando em blefarocalase. Complicações devido à lesão neural: – Primárias: decorrentes do comprometimento sensitivo e motor e as demais, resultantes dessas. 1) Troncos nervosos mais acometidos, no membro superior: nervo ulnar, mediano e radial. *Lesão do N. ulnar acarreta paralisia dos músculos interósseos e os lumbricais do quarto e quinto dedos da mão. Causa um desequilíbrio de forças no aparelho flexo- extensor dos dedos. Falange proximal é hiper-extendida e os flexores profundos flexionam exageradamente as falanges distais – o resultado é a mão em garra. *N mediano, acometido na região do punho, leva à paralisia dos músculos tenares, perda da oposição do polegar. *Lesão do N. radial, menos acometido entre eles, conduz à perda da extensão de dedos e punho, causando deformidade em “mão caída”. 2) No membro inferior, a lesão do tronco do tibial posterior leva a garra dos artelhos e importante perda de sensibilidade da região plantar com graves consequências secundárias (úlceras plantares). A lesão do N. fibular comum pode provocar paralisia da musculatura dorsiflexora e eversora do pé. O resultado é a impossibilidade de elevar o pé, com marcada alteração da dinâmica normal da marcha (pé caído). 3) Na face, a lesão do ramo zigomático do N facial causa paralisia da musculatura orbicular com consequente impossibilidade de oclusão das pálpebras, levando ao lagoftalmo. – Secundárias: devidas, em geral, ao comprometimento neural, mas requerem um segundo componente causador. Caso das úlceras plantares que, decorrentes basicamente da alteração de sensibilidade da região plantar, necessitam de força de fricção e trauma continuado na região plantar para que a úlcera surja. Da mesma forma, a perda da sensibilidade autonômica, que inerva as glândulas sebáceas sudoríparas, leva a perda da pliabilidade da pele, deixando-a seca e fragilizada ao trauma. Complicações devido às reações: Doença de evolução crônica, mas seu curso pode ser interrompido de forma abrupta por sinais e sintomas agudos. Se salientam a febre alta, dor no trajeto dos nervos, o surgimento de lesões da pele (placas ou nódulos) e a piora do aspecto de lesões que já existiam previamente. São alterações do sistema imunológico, que se expressam por meio de manifestações inflamatórias agudas e subagudas (ocorrem com maior frequência nos casos MB, durante ou depois do tratamento PQT. As reações também levam a algumas complicações específicas: orquite aguda dolorosa, pode ocasionar atrofia testicular e ginecomastia. Amiloidose pode ser uma complicação em casos virchovianos, com frequentes reações tipo 2. No aparelho ocular: podem levar a complicações específicas como esclerites, uveites, irites e iridocilites. As medidas de prevenção ocular são fundamentais para evitar lesões irreversíveis no globo ocular, inclusive a cegueira. OBS: Utilizar a classificação da OMS (Multibacilar e Paucibacilar). 5. Métodos Diagnósticos 5.1 Grupo indeterminado: Exclusivamente clínico; lesões podem ser confundidas com várias dermatoses; hanseníase Exames de laboratório, a baciloscopia e a histopatologia ajudam pouco. O diagnóstico é feito desde que se prove que existe um distúrbio de sensibilidade do tipo ramuscular de uma determinada área da pele ou de uma mancha. Esse distúrbio de sensibilidade se caracteriza pela ausência ou diminuição das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil. A primeira sensibilidade a se alterar é a térmica, depois a dolorosa e finalmente a tátil. É possível que numa fase mais precoce, a mancha apresente apenas um distúrbio de sensibilidade. Pesquisa do distúrbio da sensibilidade térmica se faz com um tubo com água quente e outro com água fria, colocando- se alternadamente os tubos na pele sadia e área suspeita. Sensibilidade dolorosa, utiliza-se0 um alfinete. Sensibilidade tátil, toca-se com algodão a área suspeita e a pele sadia pedindo-se ao paciente que coloque o dedo no local onde ele sentir que o algodão está sendo aplicado. Deve-se explicar ao paciente o que se pretende realizar e assegurar-se de que ele esteja de olhos fechados durante o exame e ao responder as perguntas. Casos duvidosos, crianças, ou indivíduos de baixo nível intelectual: usa-se recursos clínicos adicionais. prova da histamina e a prova da pilocarpina. Histamina: coloca-se uma ou várias gotas de uma solução milesimal dessa substância, na área suspeita e na área sadia e perfura-se a pele superficialmente através das mesmas. Vai ser observado, dentro de alguns instantes, um pequeno halo eritematoso em torno da picada, devido à ação da histamina sobre os vasos; em seguida há formação de uma área eritematosa maior que seria o eritema reflexo devido ao estímulo das terminações nervosas e finalmente há formação de uma pápula. No lugar onde existe perturbação da sensibilidade, não haverá formação do eritema maior de origem reflexa.Pilocarpina: injetando-se intradermicamente uma solução de nitrato ou cloridrato dessa substância a 1 ou 2%. Aplicada na área suspeita e na pele sadia, observando-se depois de 1 minuto ou 2, a saída de gotículas de suor na área sadia e a ausência ou diminuição do suor na área suspeita. Podemos sensibilizar essa prova, pincelando a região onde foi injetada a pilocarpina com lugol e pulverizando o local com amido. Identifica-se a sudorese pelo aparecimento de pontos azulados onde emergem as gotículas de suor. 5.2 Tipo Tuberculoide Lesões dermatológicas podem se assemelhar àquelas de muitas outras dermatoses. Assim, as lesões tuberculóides tórpidas podem lembrar tuberculose cutânea, sarcoidose, leishmaniose, etc. Lesões reacionais também podem lembrar a sarcoidose, a sífilis secundária, eritema polimorfo, etc. Contudo, nessa forma clínica, as lesões cutâneas também apresentam distúrbios de sensibilidade e na maioria das vezes bastante acentuados. Troncos nervosos periféricos frequentemente comprometidos e o espessamento de um ou mais deles (N. ulnar, mediano, tibial posterior, etc). São diagnósticos, raras são as doenças que causam espessamento de nervo. Às vezes, se vê nervos superficiais espessados como que emergindo de uma placa anestésica (característica do tipo tuberculóide). Assim como necrose caseosa do nervo, impropriamente chamada de "abscesso" de nervo. A baciloscopia é na maioria das vezes negativa a biópsia revela quadro histopatológico caracterizado por granulomas tuberculóides, que em si não são patognomônicos da hanseníase a não ser que apresentem sinais evidentes de comprometimento de filetes nervosos. Diagnóstico é feito pelas manifestações clínicas associadas ao quadro estrutural tuberculóide. Nos casos reacionais, contudo, às vezes a baciloscopia é positiva na ocasião da eclosão do surto agudo e a presença de bacilos álcool-ácido resistentes nas lesões confirmaria o diagnóstico. 5.3 Tipo Dimorfa A clínica pode sugerir o diagnóstico de hanseníase principalmente quando houver sinais de comprometimento neurológico (espessamento de nervos e o número de nervos lesados que, às vezes, é considerável e tende à simetria). hanseníase Do ponto de vista estritamente cutâneo, necessita do diagnóstico diferencial com pitiríase rósea, sífilis secundária, sarcoidose, erupções por drogas e linfomas. A biópsia revela um quadro histopatológico caracterizado por esboços de estruturas tuberculóides de permeio a histiócitos com aspecto vacuolizado contendo muitas vezes lipídios. Baciloscopia é sempre positiva e há ocasiões que os bacilos são vistos em grande quantidade. 5.4 Tipo VIrchoviano Em determinadas situações, oferecem certa dificuldade porque distúrbios de sensibilidade são frequentemente bastante discretos, e o ataque aos troncos nervosos se torna evidente, em geral, em fases tardias da moléstia. Lesões cutâneas lembram leucemia, micose fungóide, doença de Hodgkin e outros linfomas. Quadro estrutural constituído principalmente pelo acúmulo de macrófagos indiferenciados e outros vacuolizados contendo grande número de bacilos. Vacuolização é devida ao acúmulo de lipídios. A baciloscopia é sempre positiva. Pinça-se a lesão com o polegar e o indicador procurando produzir isquemia do local e em seguida se faz uma incisão com um bisturi colhendo-se a linfa que extravasa. 0 material é colocado em lâmina, fixado pelo calor e corado pelo método de Ziehl-Neelsen. Em algumas ocasiões, (como experimentações terapêuticas) são colhidos esfregaços de seis lesões cutâneas mais ativas e se estabelecem índices, contando-se os bacilos segundo o método de Ridley e extraindo sua média (índice baciloscópico ), e avaliando a média da percentagem de bacilos típicos que se encontram em cada lesão examinada ( índice morfológico ). Nos virchovianos, principalmente, podem ocorrer surtos de eritema nodoso ou eritema polimorfo (ENH). Em casos de hanseníase com lesões específicas não muito evidentes, a presença desses surtos pode necessitar o diagnóstico diferencial com outras patologias. Lembrar que, em geral, surtos de eritema nodoso hansênico são mais generalizados, há maior comprometimento do estado geral, tendência a recidivas e frequentemente as suas lesões supuram (formam pus). Recurso útil em algumas ocasiões, teste de Mi solda. Se em um caso com eritema nodoso a reação de Mitsuda for positiva, não se deve tratar de hanseníase, ENH somente ocorre em casos bacilíferos em que o teste de Mitsuda é sempre negativo. Tanto virchovianos como dimorfos muito avançados comprometem o sistema ósteo-artículomuscular e vísceras, ao lado da hiperreatividade humoral que apresentam, principalmente quando apresentam surtos de eritema nodoso, podem simular várias doenças sistêmicos como o lupus eritematoso sistêmico. Do ponto de vista estritamente cutâneo, nos casos de hanseníase indeterminado e nos tuberculóides de evolução crônica, o diagnóstico se faz principalmente pela detecção de distúrbios de sensibilidade nas lesões, e nos dimorfos e virchovianos a primeira coisa que se deve fazer é a pesquisa de bacilo. O quadro neurológico da hanseníase é o de uma mononeurite múltipla que está sempre associada ao comprometimento ramuscular nas lesões. Nos casos em que as lesões neurais vêm acompanhadas das lesões cutâneas de hanseníase, o diagnóstico não é difícil. O problema é com aqueles casos em que só há comprometimento neural, os chamados neuríticos puros, ou naqueles que apresentaram lesões cutâneas, mas estas regrediram , restando apenas as alterações neurais. ML Flow Teste simples e rápido de fluxo lateral de alta sensibilidade para detecão de anticorpos IgM no soro ou sangue humanos contra o glicolipidio fenólico I (PGL – I). É realizado usando membrana porosa de nitrocelulose impregnada com antígeno PGL – I específico imobilizado formando uma linha discreta na zona do teste. Reagente de detecção possui partículas impregnadas de ouro coloidal vermelho com IgM anti- humano dentro da membrana. Amostra de soro ou sangue é colocada na cavidade e através da solução tampão é carregada hanseníase através da membrana. Anticorpos IgM específicos anti PGL – I se ligam ao IgM anti-humano formando um complexo que migra pela mebrana formando duas linhas, uma do teste e outra do controle: o resuktado é positivo. Se a amostra não possuir anticorpos Anti PGL – I, formará apenas uma linha, que é a do controle, o resultado é negativo. Sugere a presença da forma MB. 6. Terapêutica e Programas de Tratamento Os esquemas recomendados pela OMS foram os seguintes 6.1 Paucibacilares Dapsone 100 mg/dia —auto- administrada + Rifampicina 600mg/mês, supervisionada. Duração do tratamento: 6 meses. Se houver recidiva, deve-se repetir o tratamento com o mesno esquema, porém, se for constatada mudança para a forma multibacilar, o esquema deve ser o correspondente a essa forma. 6.2 Multibacilares Dapsona 100mg/dia — auto- administrada Clofazimina — 50 mg/dia auto- administrada e 300 mg/mês supervisionada Rifampicina — 600 mg/mês supervisionada. Duração do tratamento: 24 meses. Caso ocorra recidiva após esse tratamento, o mesmo esquema deve ser repetido. Dosagem para crianças a) Dapsona 1-2 mg/kg/dia b) Clofazimina 1 mg/kg/dia ou 2 mg/kg/dias alternados e 150 mg/ mês c) Rifampicina 10 mg/kg/mês A Poliquimioterapia (PQT): finalidade básica impedir a instalação da resistência bacteriana. A rifampicina: droga altamente bactericida, destrói a maior parte dos bacilos, inclusive as subpopulações de mutantes resistentes dapsona e clofazimina, restando a subpopulação mutante resistente a ela mesma. Essasbactérias mutantes resistentes à rifampicina seriam destruídas pela sulfona e clofazimina, após um período mais prolongado. Outras finalidades seriam: a) limitar o tempo de tratamento; b) conseguir uma supervisão parcial do tratamento com a administração mensal das drogas na Unidade de Saúde; c) contatos mais frequentes do paciente com a equipe de saúde viabilizando as ações de educação sanitária e de prevenção de incapacidades; d) conseguir aumentar adesão a terapêutica. Tempo de tratamento para os MB se deve ao fato desses pacientes, na sua grande maioria, não apresentarem mais bacilos viáveis após esse período. Vem se admitindo que doentes, que na ocasião do diagnóstico apresentam indices baciloscópicos muito altos precisam, as vezes, continuar o tratamento após 2 anos, e aqueles com índices baixos e lesões incipientes podem parar com a medicação após 12 meses. Problema importante é que um paciente MB que recebe alta após 2 anos de tratamento continua, muitas vezes, apresentando bacilos mortos eliminados muito lentamente. A persistência de antígenos pode fazer com que os pacientes continuem tendo reações tipo 2 ou ENH, inclusive ocorrência de neurites que podem levar a incapacidades. Deixa de ser uma doença bacteriana para se tornar uma doença essencialmente imunológica. Quase 60% dos pacientes MB podem apresentar ENH de vários graus de intensidade durante o seu tratamento. 6.3 Tratamento de gestantes Procura-se restringir a ingestão de drogas no primeiro trimestre, mas Rifampicina, Clofazimina e a Dapsona têm sido usadas no tratamento, sem relatos conclusivos acerca de complicações para o feto e a gestante.
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