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Fotografia - Arte, Cultura E Estética

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Influência da fotografia na arte
A invenção da fotografia tem um impacto enorme, pois além de apontar novos rumos
para a arte, acaba levando a mudanças na percepção visual de quem produz ou
recebe a imagem.
Portanto nos valemos de ideias de Picasso, em um diálogo com outro artista,
Brassai, em 1939, mencionadas por Dubois:
Quando você vê tudo o que é possível exprimir através da fotografia,
descobre tudo o que não pode ficar por mais tempo no horizonte da
representação pictural. Por que o artista continuaria a tratar de
sujeitos que podem ser obtidos com tanta precisão pela objetiva de
um aparelho de fotografia? Seria absurdo, não é? A fotografia
chegou no momento certo para libertar a pintura de qualquer
anedota, de qualquer literatura e até do sujeito. (PICASSO, 1939,
apud DUBOIS, 1990, p. 31).
Além do papel norteador que a fotografia pode desempenhar, outro ponto é a
possibilidade de inserir sua lógica no processo de criação da pintura.
Vale ressaltar que, o movimento Impressionista teve demasiada influência da
fotografia, o mesmo era conhecido como Bela Época, e emergiu com a pintura
francesa no século XIX. O nome é oriundo da obra de Claude Monet, “Impressão:
nascer do sol”. O elo entre a fotografia e o impressionismo se dá através da
invenção da fotografia que teve um papel fundamental, pois contribuiu para
impulsionar o movimento impressionista, é possível notar que os pintores deste
movimento mostram uma relação com a natureza na tela para serem tão reais
quanto as fotografias. Diversas vezes os artistas impressionistas desenvolveram
suas telas a partir de fotos ou perspectivas fornecidas por lentes fotográficas.
Com certeza, o surgimento da fotografia mudou muito o mundo da arte, a mesma fez
com que a pintura encontrasse outras formas de interpretar a realidade. A pintura
esteve posta a elaborar imagens que não podiam ser registradas por câmeras
fotográficas. Como por exemplo o cubismo e o expressionismo que são
completamente divorciados de representações confiáveis da realidade com suas
imagens bizarras.
O que se colocava era a relação entre as técnicas artísticas e as
novas técnicas industriais, ou seja, a relação entre os valores e os
significados das imagens produzidas pela pintura e pela fotografia.
Desde sua invenção, a fotografia, com o rápido progresso técnico
que alcançou, permitindo reduzir os tempos de exposição e alcançar
o máximo de precisão, se impôs como forma de reprodução e de
expressão artística. O registro dos movimentos, por meio da técnica
estroboscópica, a produção industrial de câmeras, cada vez mais
sensíveis e as grandes transformações da psicologia da visão,
determinadas pela utilização generalizada da fotografia, ao mesmo
tempo fascinavam e ameaçavam os fazedores de arte, influenciando
o direcionamento da pintura e o desenvolvimento das correntes
artísticas. As encomendas – retratos, paisagens, ilustrações – feitas
aos fotógrafos, aguçavam ainda mais a crise que atingia os pintores,
transformando progressivamente o seu fazer artístico em atividade
voltada para a elite. Essa situação pressionava no sentido da
descoberta de novas formas de arte e, ao mesmo tempo, deixava no
ar a discussão sobre a propriedade artística da fotografia e o destino
da arte (ARGAN, 1992).
A fotografia redefine várias artes, como a pintura, e se redesenha como arte. Para a
câmera, o olhar do fotógrafo é registrado, mas ele possui todas as características do
processo de geração da imagem. A arte acabou se eximindo do registro de imagens
e passou a expressar mais a percepção e subjetividade do pintor, juntamente com
fotos que se tornaram abstratas pela estranheza do olhar do fotógrafo, ele passou a
perceber e registrar coisas inusitadas e indistintas que estão incluídas naquilo que
todos nós já sabemos e vemos com outros olhos.
"(...) é através da fotografia que arte e ciência provocaram seus
efeitos mais impressionantes sobre o pensamento do homem comum
contemporâneo. Sob diversos pontos de vista, a história das
técnicas, da arte, da ciência e do pensamento podem ser divididas,
de maneira apropriada e convincente, em seus períodos pré e
pós-fotográficos." (William M. Ivins, Jr, in BRASIL, acesso em 09
março 2021).
O desenvolvimento da fotografia tornou popular e diversificada a nossa forma de
registar o mundo, seja com a maior aproximação ao mundo real ou até mesmo
através da criação de uma cena imaginada.
É válido destacar os pintores franceses, Pierre Commoy e Gilles Blanchard, também
conhecidos como Pierre et Gilles. Desde 1976, criam obras em conjunto, criando
assim um mundo onde a pintura e a fotografia se encontram, por meio de sua arte
montam um mundo de perfeição, fantasia e glamour. Em suas obras, se faz presente
representações de santos, mártires, heróis, deuses gregos e celebridades do mundo
real. Na produção das cenas, figurinos, maquiagem e iluminação, os artistas
compõem o conceito de ideal, que fundamentado na artificialidade, transpassa o
“falso absoluto” para adquirir o estado de hiper-realidade. Os personagens utilizados
 em suas fotografias também auxiliam no desenvolvimento deste mundo belo e ideal.
Referências Bibliográficas
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do iluminismo aos movimentos
contemporâneos. Tradução de Denise Bottmann e Frederico Carotti. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992.
CAVALCANTE, N. Do Impressionismo à arte abstrata: a influência da fotografia e
das teorias da percepção. Paranoá: cadernos de arquitetura e urbanismo, n. 21, 7
nov. 2018. DOI: https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n21.2018.01. Disponível
em: https://periodicos.unb.br/index.php/paranoa/article/view/24054. Acesso em: 10
mar. 2021.
SOUZA, Júlia Bertolucci Delduque. Reflexões sobre fotografia e arte: Um olhar sobre
fotoformas e sobras de Geraldo de Barros. [S. l.], 2010. Disponível em:
https://lume.ufrgs.br/handle/10183/27883#:~:text=Esta%20monografia%20estuda%2
0as%20rela%C3%A7%C3%B5es,no%20que%20esta%20equa%C3%A7%C3%A3o
%20resultou.&text=Tais%20ferramentas%2C%20aplicadas%20%C3%A0%20obra,d
esta%20arte%20fotogr%C3%A1fica.%20... Acesso em: 6 mar. 2021.

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