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O caso dos exploradores de caverna - TESE DE ACUSAÇÃO

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1. INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem como finalidade expor tese de acusação dos fatos relatados na obra literária e fictícia, “O Caso dos Exploradores de Cavernas”, escrita por LonFuller. 
Sob a Teoria Tridimensional do Direito, correlaciona três fatores interdependentes que fazem do Direito uma estrutura social axiológico-normativa. Esses três elementos são: fato, valor e norma. Importa, desde logo, afirmar que esses três elementos devem estar sempre referidos ao plano cultural da sociedade onde se apresentam. Na óptica tridimensional fato, valor e norma são dimensões essenciais do Direito, o qual é, desse modo, insuscetível de ser partido em fatias, sob pena de comprometer-se a natureza especificamente jurídica da pesquisa. 
Logo não podemos imaginar as leis sem levar em consideração os eventos sociais, os hábitos, a cultura e as carências da sociedade. Desta forma, buscaremos provar que a solução encontrada pelos quatros suspeitosos para sanar suas necessidades humanas mediante a morte do Sr. Roger Whetmore em prol da sobrevivência dos demais, após desmoronamento de pedras que obrigou quatro homens a conviverem em um ambiente inóspito, na verdade se tratou de um homicídio qualificado, com requintes de crueldade.
2. RESUMO DA OBRA
 O caso dos exploradores de caverna é um estudo fictício proposto pelo jusfilósofo Lon L. Fuller (1902—1978).
O Caso se inicia quando um colapso de terra prende cinco espeleólogos (exploradores de caverna). Depois de contatar a superfície por rádio, descobrem que levarão dez dias para resgatá-los. Porém, em dez dias os espeleólogos amadores estarão mortos de inanição. 
Depois de os médicos relutantemente responder-lhes que sobreviveriam se matassem e comessem algum de seus colegas, os espeleólogos tiram a sorte para saber quem seria a vítima. Quando consultaram um médico, um oficial do governo e um ministro religioso sobre o dilema, ninguém lhes deu resposta. Desligam o rádio e prosseguem no jogo voraz. E o azarado chama-se Roger Whetmore. 
O caso é julgado no ano 4300 no país fictício da Comunidade de Newgarth. Segundo as leis penais dos Estatutos da Comunidade de Newgarth, N.C.S.A seção 12-A, “Alguém que deliberadamente tirar a vida de outro será punido com a morte”. Com base nessa norma, os quatro exploradores são julgados e condenados à morte por homicídio depois de serem resgatados. O julgamento seguiu com cinco juízes e casa um expuseram seu voto.
O Ministro Truepenny: defende a aplicação estrita da letra da lei. Para Truepenny os réus realizaram a conduta típica de deliberadamente matar um dentre eles, mesmo com a concordância da vítima de tirar a sorte. Tendo assim seu voto a condenação. 
Ministro Foster: argumenta que as leis postas se fundamentam no direito natural e que as situações extremas excluíram o comportamento dos réus da esfera da lei positiva, análogo à legítima defesa, propõe uma teoria do propósito da lei para interpretação do tipo penal. Seu voto é pela absolvição dos acusados.
Ministro Tatting: discorda de Foster, pois o direito natural preconiza a liberdade de contrato. Todavia, absteve-se.
Ministro Keen: Seu voto afirma que indulto compete ao Chefe do Executivo, não ao judiciário. Também, não competia decidir a moralidade das ações dos réus, mas a lei positiva. Legítima defesa aplica-se somente em resistência à ameaça de agressão para proteger sua própria vida. Portanto, não é análogo ao caso em julgamento. Seu voto é de manter a condenação.
Ministro Handy: condenou as picuinhas legalistas, alegando que deveriam julgar conforme a opinião popular. Uma decisão é imprópria se não considerar o sentimento do povo, detentores da soberania do poder legal. O caso era para ser julgado segundo a realidade humana. Seu voto foi para absolvê-los.
Com a votação do Tribunal Supremo empatada, a sentença condenatória de primeira instância foi mantida. Os condenados foram enforcados.
A obra aborda o embate entre o direito natural e o positivismo jurídico. É um sério problema de interpretação do direito. O texto aborda o julgamento de quatro aventureiros sobreviventes de um acidente que os reteve durante quase quarenta dias em uma caverna e que os obrigou a matar um dos companheiros que com eles se encontrava, no 33° dia de aprisionamento, o que fez com que não padecessem de inanição e pudessem escapar vivos desse horrível.
3. TESE DE ACUSAÇÃO 
No ordenamento jurídico brasileiro, todos os bens e valores pessoais encontram-se protegidos por normas ou dispositivos legais que os abriga. 
O enredo do livro, poderá parecer à primeira vista um caso simples de estado de necessidade, com base no Art 23 e 24 CP, e os argumentos que serão apresentados aos senhores pela defesa, usando situações semelhantes, encenações, usarão de artifício que na verdade tem a real intenção de tirar a atenção dos senhores, mas peço que fiquem atentos a verdade e fatos.
“Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Art. 24 - considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.  § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.  § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.” (Código Penal)
Antes de estado de caracterizar um estado de necessidade outros fenômenos ocorreram.
A lei tutela o valor vida e pretende impedir um fato anormal e que caracterizaria uma situação de abuso do direito. Podemos fazer uma análise psicológica dos réus que ali estavam na caverna, imaginamos pelos relatos, que em estado de instabilidade emocional, em situação de clausura, risco eminente de morte, e ainda assim podemos observar que não tiveram suas faculdades mentais afetadas, seus princípios morais e raciocínios afetados, afastando a aplicabilidade da Art. 26 do CP, o que por sua vez não há o que falar neste caso em doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardo no momento em que ocorreu o ato.
“Art.26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. (Código Penal)
Durante o processo de sorteio para a escolha de qual seria sacrificado em prol do outro, assim como o raciocínio articulado de alegação para cometer um crime que é utilizar o indivíduo em óbito, a fim de manter-se vivo, mostra que a todo momento os réus expõem situações explicitas de discernimento, onde sujeitos com suas faculdades metais comprometida não possuiria o que claramente mostra a capacidade de raciocínio, distinção de certo e errado, moral ou não, bom ou mau.
Retomando ao início dos fatos, lembro-lhes que no vigésimo dia, Whetmore se comunica com o exterior, tem a notícia que o resgate demorará dez dias, conforme os autos do processo. Aqui tiveram a noticia que dos dias prováveis do salvamento, nada mais se sabe a não ser o relato de criminosos, pois relatos posteriores a esse contato vieram justamente dos sobreviventes. Embora tenhamos consciência das dificuldades ali vividas, vale ressaltar que o estado de necessidade de sobrepõem o direito à vida.
Considerando que no direito, a avaliação do estado emocional/psicológico deve ser levada em consideração nos autos, comprova-se que nos réus em questão os estados emocionais e psicológicos abalados inexistem, indicando, portanto, que os mesmos estão capazes de exercer suas faculdades mentais. Dessa forma, conclui-se que os réus possuíam consciência de seus atos e das penalidades as quais seriam impostas.
Era inevitável o agravamento da situação, e a possibilidade da vida era cada vez menor, porque não esperar a mortede um dos acusados, em vez de cometer tamanha barbárie? Nota-se que não buscaram alternativas de sobrevivência, visto que nada justifica pois no vigésimo dia ainda tinham comida/ração.
Recorda-se que o sr. Roger foi assassinado no 23º dia, o que diante dos fatos mencionado, não justifica a decisão contraria a situação e ao amigo. Aqui não há o que se falar em acordo, como mostra nos relatos. Não houve quebra de acordo uma vez que Roger pediu que esperasse mais dias, houve sim por parte dos acusados, ato grosseiro e precipitado.
Sendo assim, diante do direito à vida e a legislação que imputa penalidades a todos que vão de encontro ao mesmo, os réus deverão ser considerados culpados por homicídio. Com efeito, não há dúvida que conforme os fatos constantes nos autos que os réus praticaram de forma livre e consciente, sem pudor o delito de homicídio qualificado, considerando a plena consciência no ato de extirpar a vida de outrem.
Luana Mendonça

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