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BÁRBARA DE O. S. COSTA RA: 1319256 
LAILA ESTEVES SILVA RA: 1528569 
 
 
 
 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a 
obtenção do título de Pedagogia Universidade Paulista – Polo Ribeirão Preto - 
Boqueirão Orientação: Nome do Orientador: Celina U.F. Nascimento. 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO – SP 
2018 
2 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
 
BÁRBARA DE O. S. COSTA RA:139256 
LAILA ESTEVS SILVA RA:1528569 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE PEDAGOGIA 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO –SP 
2018 
 
 
 
 
 
 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
Agradecemos a Deus por ter nos dado saúde e determinação para superar todas 
as dificuldades e conseguir chegar até aqui. 
A nossa família por todo amor, incentivo e por sempre acreditar em nós. 
Obrigada a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, seja de 
forma direta ou indireta. 
Agradecemos de forma especial a nossa Profa. Orientadora pelo carinho e 
paciência conosco. A palavra de agora em diante é GRATIDÃO! 
4 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A alfabetização de qualquer indivíduo 
é algo que nunca será alcançado por 
completo, ou seja, não há um ponto final.” 
(Magda Soares) 
5 
 
 
 
Sumário 
 
Agradecimentos..................................................................................................................03
 
Epígrafe..........................................................................................................................................04 
 
Sumário..........................................................................................................................................05 
 
Resumo..........................................................................................................................................06 
 
Abstract..........................................................................................................................................08 
 
Introdução......................................................................................................................................09 
 
Capítulo I- O que é alfabetizar? O que é letrar?............................................................................13 
 
Capítulo II- Métodos estudados para serem aplicados na alfabetização.......................................22 
 
Capítulo III- Políticas públicas e suas interferências no processo alfabetizar e letrar....................30 
 
Capítulo IV- Alfabetização e letramento e suas contribuições para o processo de ensinagem.....34 
 
Considerações finais.......................................................................................................................38 
 
Referências Bibliográficas...............................................................................................................41 
 
Sites pesquisados...........................................................................................................................42 
6 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre a compreensão dos 
processos de alfabetização e letramento, tratando da origem, conceitos e 
especificidades de cada um desses processos educacionais e segundo pensadores 
da época. Procura também de diferenciá-los, para que essas especificidades 
possam ser compreendidas com clareza, ressaltando que são processos 
diferentes, porém, que devem ser trabalhados juntos, um contemplando o outro, 
para que se obtenha sucesso na formação inicial dos alunos do ensino 
fundamental. A discussão do letramento surge sempre envolvida no conceito de 
alfabetização, o que tem levado a uma inadequada e imprópria síntese dos 
procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre alfabetização. 
Não podemos separá-los, pois a principio o estudo do aluno no universo da escrita 
se dá concomitantemente por meio desses dois processos: a alfabetização e pelo 
desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita nas praticas sociais que 
envolvem a língua escrita, letramento. 
No Brasil é muito grande o número de pessoas que são alfabetizadas, sabem 
ler e não praticam a leitura e não conseguem executar tarefas simples como, por 
exemplo, preencher um simples formulário. Essas pessoas são exemplos de 
alfabetizados e não letrados. 
Em contrapartida, vemos crianças que não sabem ler, ou seja, ainda não são 
alfabetizadas, porém, fingem ler livros, colocam os dedos nas linhas com precisão 
e até fantasiam e contam estórias, esse é um exemplo de pessoas que ainda não 
são alfabetizadas, mas são letradas. 
Durante muito tempo a escola se preocupou em ensinar a junção das letras e 
códigos, até surgir à necessidade de trabalhar com contextos e conteúdos que 
fizessem parte da vida cotidiana dos alunos. Percebeu-se a importância da 
comunicação através de diálogos e de textos vivenciados pelo aluno, visando 
ensiná-lo para o social e para o pleno exercício da cidadania com temas e 
linguagens utilizadas pela sociedade. Nesse sentido, não basta apenas alfabetizar, 
ou seja, ensinar códigos ou ler e escrever, mas valorizar e considerar as 
experiências 
 
A escola é vista pela sociedade como lugar estruturado, organizado e adequado 
7 
 
 
para educar e formar a criança, por isso, é fundamental que a escola e professores 
proporcionem uma educação onde a criança aprenda não somente a ler e escrever. 
Mas compreender as diversas linguagens, fala gestos, imagens e seus significados, 
objetivando uma alfabetização significativa. 
Acredita-se que o letramento se constitui em um instrumento para melhores 
resultados na formação das crianças que saem das séries iniciais do ensino 
fundamental, o que contribuirá para diminuir os altos e vergonhosos índices de 
analfabetismo funcional no Brasil. 
 
 
Palavras-chave: Alfabetização – letramento – analfabetismo funcional 
8 
 
 
Abstract 
 
The present work proposes a reflection on the understanding of the 
processes of literacy and literacy, dealing with the origin, concepts and specificities 
of each of these educational processes and second thinkers of the time. It also 
seeks to differentiate them, so that these specificities can be clearly understood, 
emphasizing that they are different processes, however, that must be worked 
together, one contemplating the other, so that success in the initial formation of 
elementary school students can be achieved. The discussion of literacy is always 
involved in the concept of literacy, which has led to an inadequate and improper 
synthesis of procedures, with prevalence of the literacy concept on literacy. We can 
not separate them, because in the beginning the study of the student in the universe 
of writing occurs concurrently through these two processes: literacy and the 
development of reading and writing skills in social practices involving written 
language, literacy. 
It is believed that literacy constitutes an instrument for better results in the 
education of children who leave the initial grades of elementary education, which 
will help to reduce the high and shameful indexes of functional illiteracy in Brazil. 
 
 
Keywords: Literacy - literacy - functional illiteracy
9 
 
 
Introdução 
 
 
Neste Trabalho de Conclusão de Curso , mostraremos as diferentes formas 
de se entender o que é alfabetizar e letrar e os impactos causados na educação 
quando falta um ou outro , pois os alunos devem ser alfabetizados de modo que 
possam entender o que estão escrevendo, ou seja;consigam interpretar um texto 
para que o mesmo possa levar uma vida digna, não basta ler, o ser capa de 
entender tudo que está cotidianamente em seu redor é que lhe trás o prazer e 
querer saber. A razão pela qual foi feita a escolha deste tema é a necessidade de 
aprimoramentoe aprofundamento te todos os envolvidos pela questão de 
alfabetizar e letrar e suas divergências, seja na área docente ou na gestão. A partir 
de então, compreender melhor este processo de ensino com a ajuda de artigos, 
autores, os quais nos possibilitam uma maior compreensão a respeito do assunto 
tendo em vista de que para o aluno aprender é preciso: 
• Trabalhar dentro da realidade escolar, considerando as necessidades dos 
alunos. 
• Ampliar a participação dos pais na vida escolar de seus filhos. 
• Incentivar os professores a se atualizarem para participar das práticas 
inovadoras e inclusivas. 
• Acreditar no trabalho uns dos outros, desenvolver práticas metodológicas 
que trabalha a motivação e a autoestima dos alunos, professores e demais 
profissionais, através de alternativas que favoreçam a organização dos 
trabalhos em equipe, na divisão de tarefas e das responsabilidades. 
• Resgatar os valores e os conceitos de família junto aos alunos e pais. 
• Promover a participação da comunidade escolar e local no processo de 
planejamento, execução e avaliação das ações. 
• Elaborar o currículo com a participação de todos, onde contempla conteúdos 
e estratégias de aprendizagem significativas para oferecer um ensino de 
qualidade e diminuir os índices de evasão e reprovação. 
• Relacionamento harmonioso professor-aluno e escola-comunidade: 
• Promovendo um ambiente favorável a aprendizagem, para tornar a escola 
um espaço aberto a debates, reflexões e discussões, viabilizando o 
desenvolvimento de ações facilitadoras da melhoria do ensino com vista ao 
crescimento integral de todos. 
 
10 
 
 
O leitor encontrará neste documento questões que evidenciam a importância 
do alfabetizar e letrar em sala de aula, os caminhos que o alfabetizador necessita 
percorrer para que possa encontrar resultados positivos na busca, diante de 
formações e estudos mais aprofundados, pois a pesquisa aponta a complexidade 
deste processo e a necessidade de formação continuada. 
Mostrará também alguns pensadores e teóricos como Emília Ferreiro (1991), 
Marlene Carvalho (2007), Paulo Freire, Piaget, Magda Soares e Ana Toberosky 
(1999) que, através de seus trabalhos muito bem fundamentados, apresentam uma 
nova visão de como ver o mundo da criança dentro do contexto da alfabetização, 
repensar o papel do professor e do aluno no processo ensino/aprendizagem 
buscando alternativas para um trabalho de qualidade. 
Foram pesquisadas estratégias pedagógicas utilizadas pelas professoras 
em sala de aula como alfabetização com textos e alfabetização com silabação, 
observando como esses processos são absorvidos pelos aprendizes e como eles 
podem facilitar o processo de aprendizagem dos mesmos. 
O desenvolvimento do trabalho apresenta-se em três capítulos: o primeiro 
trás a realidade do analfabetismo brasileiro com dados do IBGE e a importância de 
alfabetizar e letrar e seus diferentes contextos, a influência de Piaget e o 
conhecimento de Magda Soares e Emília ferreiro. O segundo capítulo, mostra a 
metodologia por Paulo Freire e suas fases de aplicação: sintético, analítico, 
alfabético e fônico. Também trás um material antigo de alfabetização, a cartilha 
Caminho Suave. O Terceiro capítulo mostra a importância da política pública sobre 
a alfabetização e seu pacto e o Quarto capítulo são as contribuições de alfabetizar 
e letrar no contexto pedagógico. 
É preciso ter em mente que a alfabetização e o letramento não podem e não 
devem ser responsabilidade exclusiva do professor alfabetizador, mas sim de toda 
a escola, inclusive do gestor escolar. Este deve ter o mínimo de conhecimento do 
processo de aquisição da escrita e da leitura para criar medidas administrativas, de 
planejamento e de organização da dinâmica pedagógica que possibilitem bons 
resultados. O intuito do trabalho não é de apenas apontar erros e falhas, mas é 
uma chamada para uma reflexão, aliás, mais que isso, é uma auto - reflexão sobre 
a questão. 
No cotidiano encontram-se pessoas que mesmo sendo alfabetizadas 
sentem dificuldades de exercer algumas tarefas, pelo fato de não conseguirem 
interpretar o que estão lendo e extrair as informações necessárias para obter o 
sucesso na execução de atividades simples como, por exemplo, preencher uma 
ficha para uma vaga de emprego etc, tais pessoas são consideradas alfabetizadas, 
porém não letradas. 
11 
 
 
 
 Por muito tempo as escolas trabalharam com intuito de ensinar códigos e a 
união de letras, mas com o passar do tempo houve uma mudança significativa, 
onde a necessidade de inserir conteúdos significativos para os alunos trouxe para 
a educação formas de trabalhar com acontecimentos cotidianos, desse modo às 
experiências vividas pelos alunos começaram ser valorizadas. 
 É fundamental que o ambiente escolar respeite as experiências já vividas do 
aluno e trabalhe acrescentando aprendizados novos nos conhecimentos prévios 
desses, prestando incentivos para que as crianças adquiram o hábito de ler e 
escrever. Desse modo o professor deve trabalhar com diversos tipos de textos e 
procurar encontrar o melhor método de alfabetizar letrando. 
 É importante ressaltar que criança aprende brincando, portanto a socialização 
e interação em grupo proporciona um clima mais divertido e prazeroso, no qual uma 
criança acaba aprendendo com a outra. 
 A tarefa de educar e formar a criança para se tornar um cidadão é função 
também da família, que deve incentivar a criança a entrar no mundo letrado. Os 
pais podem oferecer a criança livros literários divertidos, contar estórias infantis, 
incentivando assim a leitura. É fato 
que crianças que convivem em ambientes onde a leitura se faz presente, veem na 
leitura uma atitude prazerosa e não somente percebem os livros como tarefas 
escolares. 
 É fácil encontrar diversos livros, revistas para o público infantil ou infanto 
juvenil, que despertam na criança ou no pré-adolescente curiosidade, fantasia e o 
desejo de mergulhar no universo das estórias, dos contos, das fábulas etc. Assim 
sendo cabe ao professor e aos pais buscarem o tipo de leitura, as imagens, a 
linguagem utilizada e optarem por textos adequados conforme a idade da criança. 
 O hábito de ler e escrever devem estar presentes na vida da criança, podendo 
ser inserido através de jogos, brincadeiras e em todas as disciplinas, sabendo que 
a leitura não só diz respeito à língua portuguesa, mas deve ser trabalhada para a 
melhoria de todas as outras disciplinas, vendo que o educando que ler bem 
consegue interpretar o mundo das palavras e linguagens com mais facilidade. 
 
 Portanto o professor deve levar em consideração que a alfabetização e o 
letramento podem ser executados juntos. Desse modo, ensinar os códigos 
12 
 
 
alfabéticos, os sons das letras, e os vários tipos de linguagens deve estar presentes 
durante as séries iniciais, visando dessa maneira uma educação de qualidade, com 
incentivos as práticas que norteiam uma alfabetização significativa para a vida 
pessoal, social e a formação de futuros cidadãos, ou seja, uma educação que vise 
despertar no aluno a reflexão e a participação efetiva e positiva em sua sociedade. 
13 
 
 
Capítulo I – O QUE É ALFABETIZAR? O QUE É LETRAR? 
 
 
Segunda as informações contidas na enciclopédia livre (Wikipédia) 
Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a 
condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-
se apropriado da escrita. 
Surge um novo sentido para o adjetivo letrado, que significava apenas "que, 
ou o que é versado em letras ou literatura; literato", e que agora passa a caracterizar 
o indivíduo que domina a leitura, ou seja, que não só sabe ler e escrever (atributo 
daquele que é alfabetizado), mas também faz uso competente e frequente da leitura 
e da escrita. Fala-se no letramentocomo ampliação do sentido de alfabetização. O 
nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos escritos que 
a criança ou adulto reconhece. Segundo essa corrente, a criança que vive em um 
ambiente em que se leem livros, jornais, revistas, bulas de remédios, receitas 
culinárias e outros tipos de literatura (ou em que se conversa sobre o que se leu, 
em que uns leem para os outros em voz alta, leem para a criança enriquecendo 
com gestos e ilustrações), o nível de letramento será superior ao de uma criança 
cujos pais não são alfabetizados, nem outras pessoas de seu convívio cotidiano lhe 
favoreçam este contato com o mundo letrado. 
De acordo com Marlene Carvalho (2007, p.15): 
“... para formar indivíduos letrados, não apenas alfabetizados, o 
repertórios e as situações de leitura, tanto das crianças quanto dos jovens 
e adultos, precisa ser ampliado para conter diversos tipos de textos que 
circulam intensamente na vida social. Nem todo mundo gosta de 
romances, há quem prefira revistas em quadrinhos. Mas todo mundo que 
passa oito anos na escola fundamental deveria no mínimo aprender a 
escrever uma carta, a ler um contrato ou procurar as informações de que 
necessita na vida cotidiana, seja em enciclopédias, dicionários, jornais 
ou bula de remédio.” 
 
Outro comentário importante da autora, neste mesmo livro, é que "muita 
gente que não gosta de ler foi escolarizada exclusivamente com cartilhas e livros 
didáticos, sem ter sido convidada a folhear um jornal, a curtir um poema, a procurar 
14 
 
 
uma informação num catálogo, ou a relaxar com uma história em quadrinhos. Ela 
diz também que " a escola pode contribuir de muitas maneiras para formar 
indivíduos, não apenas alfabetizados, mas também letrados. Desde a 
alfabetização, apresentar uma ampla variedade de textos é favorecer um mergulho 
no mundo da escrita, com a exploração de mil e uma possibilidades. 
" O desenvolvimento das capacidades linguísticas de ler e escrever, falar e 
ouvir com compreensão, em situações diferenciadas dos familiares, não acontecem 
espontaneamente. Elas precisam ser ensinadas sistematicamente e isso ocorre, 
principalmente, nos anos iniciais da Educação Fundamental." É o que comenta o 
livro Pró Letramento, do Ministério da Educação. 
Com base ainda neste mesmo livro vimos que historicamente o conceito de 
alfabetização se identificou ao ensino-aprendizado da tecnologia da escrita, ou 
seja, a capacidade de decodificar os sinais gráficos, transformando-os em sons da 
fala, transformando-os em sinais gráficos. 
E a partir dos anos 80 o conceito de alfabetização foi ampliado com as 
contribuições dos estudos sobre a psicogênese da aquisição da língua escrita, com 
os trabalhos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. De acordo com esses estudos o 
aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondência 
entre grafemas e fonemas, mas se caracteriza como um processo ativo por meio 
do qual a criança, desde seus primeiros contatos com a escrita, construiria e 
reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita, 
compreendido como um sistema de representação. 
Com o surgimento dos termos letramento e alfabetização funcional, muitos 
pesquisadores passaram a preferir distinguir alfabetização e letramento. Passaram 
a utilizar o termo alfabetização em sentido restrito, para designar o aprendizado 
inicial da leitura e da escrita. E utilizam letramento para designar os usos e as 
competências de usos da língua escrita. 
A partir dessa discussão vale lembrar que é importante que a criança 
perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário e que tenha os adultos como 
modelo. Assim, não é necessário que a criança espere aprender a ler para ter 
acesso ao prazer da leitura: ela pode acompanhar as leituras feitas pelos adultos, 
pode manusear livros e outros tipos de textos impressos , tentando ler ou adivinhar 
o que está escrito, participar de construções de textos cooperativos, produzir 
escritas espontâneas etc. ou seja, as primeiras experiências de escritas das 
15 
 
 
crianças não precisam se limitar a exercícios grafo-motores ou a atividades 
controladas de reproduzir escritos e preencher lacunas, mesmo na realização 
desses pequenos trabalhos, é possível atribuir alguma função e algum sentido às 
práticas de na sala de aula. 
 
A realidade do Analfabetismo brasileiro a partir dos dados do IBGE 
 
“Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma 
‘chaga’, nem uma ‘erva daninha’ a ser erradicada (...), mas uma 
das expressões concretas de uma realidade social injusta.” (Ação 
Cultural para a Liberdade, 1976) 
 
A PNDA (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostra que a taxa 
de analfabetismo (que é a porcentagem das pessoas analfabetas de um grupo 
etário em relação ao total das pessoas do mesmo grupo) caiu de 11,5%, em 2004, 
para 8%, em 2015. O analfabetismo concentra-se na região Nordeste, onde a taxa 
chega a 16,2% muito superior em relação ao Sul, com 4,1%. E é maior nas faixas 
de idade mais avançadas: no grupo de 15 a 19 anos, a taxa é de 0,8%, enquanto 
na faixa de 65 anos ou mais, é de 25,7%. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura1 
16 
 
 
 
 
17 
 
 
Em entrevista coletiva realizada em São José dos Campos (SP), o ministro 
da Educação, Aloizio Mercadante (2015), destacou que o desafio é a alfabetização 
dos brasileiros maiores de 60 anos. De acordo com a pesquisa, 23,1% dos 
analfabetos estão nesta faixa etária. Esse percentual caiu 1,3 pontos em relação a 
2012. 
“O analfabetismo se concentra especialmente na população com mais de 60 
anos e, sobretudo, na área rural, concentrado no Nordeste, no semiárido do Brasil”, 
disse. “Nosso maior desafio é incentivar o trabalhador pobre, de mais idade, a voltar 
a estudar”, explicou Mercadante. 
Entre as ações estruturantes que o MEC vem realizando, investimentos em 
programas como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego 
(Pronatec) e o recém-criado Sistema de Seleção Unificada da Educação 
Profissional e Tecnológica (Sisutec), bem como a expansão da Rede Federal de 
Educação Profissional e Tecnológica, ajudaram a impulsionar melhorias 
consistentes nesta etapa da educação básica, oferecendo mais oportunidades e 
estímulo aos estudantes. 
 
Magda Soares e a importância do processo de aprendizagem da língua 
escrita. 
 
Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação (FAE) da 
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pesquisadora do Centro de 
Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), é um dos maiores nomes na área de 
alfabetização e letramento, com ênfase em ensino- aprendizagem. Além de sua 
inquestionável importância no cenário acadêmico, há 7 anos a especialista atua 
como consultora da rede municipal de educação da cidade mineira de Lagoa Santa, 
onde desenvolve um intenso trabalho ligado à formação de professores da rede 
pública. 
Segundo Magda a alfabetização é um processo no qual o indivíduo assimila 
o aprendizado do alfabeto e a sua utilização como código de comunicação. Esse 
processo não se deve resumir apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas 
(codificação e decodificação) do ato de ler, mas na capacidade de interpretar, 
compreender, criticar e produzir conhecimento. A alfabetização envolve também o 
desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma 
18 
 
 
maneira geral. 
O termo letramento tem sido utilizado atualmente por alguns estudiosos para 
designar o processo de desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita nas 
práticas sociais e profissionais. Por que esse termo surgiu? 
É o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais e da escrita, 
ou seja, um conjunto de práticas sociais, que usam a escrita, enquanto sistema 
simbólico, enquanto tecnologia, em contextos específicos da escrita denomina-se 
letramento que implicahabilidades várias, tais como: capacidade de ler e escrever 
para atingir diferentes objetivos, permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza 
sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e 
garanta a sua memória, garantindo-lhe a sua condição diferenciada na relação com 
o mundo. Compreender o que se lê. 
O letramento tem início quando a criança começa a conviver com as 
diferentes manifestações da escrita na sociedade e se amplia cotidianamente por 
toda vida, com a participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita. 
 
Abarca as mais diversas práticas de escrita na sociedade e pode ir desde 
uma apropriação mínima da escrita, tal como o indivíduo que é analfabeto, mas 
letrado na medida em que identifica o valor do dinheiro e o ônibus que deve tomar, 
consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir marcas de mercadorias etc. 
Para dizer que uma pessoa é letrada é quando faz uso das habilidades de 
ler e escrever inserindo um conjunto de práticas sociais, não apenas no 
conhecimento das letras e do modo de associá-las, mas usar esse conhecimento 
em benefício de formas de expressão e comunicação, reconhecidas e necessárias 
em um determinado contexto cultural, letramento depende da alfabetização, ou 
seja, da teoria e prática, pessoas letradas e não alfabetizadas mesmo incapazes 
de ler e escrever compreendem os papeis sociais da escrita distinguem gêneros ou 
reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade. 
 
A influência de Piaget na Alfabetização 
 
Para as estudiosas, Emília Ferrero e Ana Teberosky (1999), no lugar de uma 
criança que espera de forma passiva uma resposta produzida para suas 
indagações, existe uma criança que procura compreender ativamente a natureza 
19 
 
 
da linguagem que se fala à sua volta. Entendem a teoria de Piaget como uma teoria 
geral de aquisição de conhecimento, e desta forma, a possibilidade de sua 
aplicação na aprendizagem da linguagem oral e escrita. Assim, partem de 
pressupostos piagetianos e compreendem a escrita como objeto de conhecimento 
e o sujeito da aprendizagem como sujeito consciente, ou seja, produtores de 
conhecimento e não meros receptores passivos. 
A conquista das habilidades de leitura e escrita tem início no ambiente 
escolar com o desenvolvimento da oralidade e o legado de Piaget é um subsídio 
de aperfeiçoamento nas técnicas pedagógicas. 
A linguagem é necessariamente, interindividual, sendo constituída, por um 
sistema de signos (=significantes arbitrários e convencionais). Mas ao lado da 
linguagem, a criança pequena menos socializada que a de 7-8 anos e sobretudo 
que o próprio adulto, tem necessidade de outro sistema de significantes, mais 
individual e mais motivado: os símbolos, cujas formas mais correntes na criança 
pequena se encontra no jogo simbólico ou na imaginação. O jogo simbólico aparece 
mais ou menos ao mesmo tempo da linguagem. 
O ambiente pautado, outrossim, em pressupostos piagetianos, fortalece a 
interação do professor com os alunos, entre o sujeito (aluno) e o objeto, construindo 
sequencialmente o conhecimento. Desta forma, ao desenvolver a linguagem e o 
pensamento simbólico, a criança cria bases cognitivas para a compreensão e 
utilização dos símbolos, a escrita. 
O pensamento de Piaget mudou a maneira dos educadores conceberem a 
educação. Através de suas investigações, as práticas pedagógicas voltaram-se 
para a interação e para a mediação, tornando o professor, o agente que auxilia o 
aluno a construir seu conhecimento, não sendo um mero transmissor de 
conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
O processo de Alfabetização e as contribuições de Emília Ferreiro. 
 
20 
 
 
 
 
Figura 2 
 
 
 
 
As pesquisas sobre psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e Ana 
Teberosky (1999) indicaram que as crianças passam por diferentes níveis de 
estruturação da linguagem escrita, criando suas próprias hipóteses quando em 
contato com a leitura. 
 
As referidas autoras elaboraram teorias inovadoras responsáveis por 
mudanças no cenário educacional. Seus pressupostos serviram de base teórica 
para programas de alfabetização e, no Brasil, “o construtivismo” foi tido como 
solução para os altos índices de reprovação nas décadas de 80 e 90, em âmbito 
nacional. Influenciou os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil 
e os Parâmetros Curriculares Nacionais, que se basearam nas ideias das autoras 
citadas: 
Os resultados dessas investigações também permitiram compreender que a 
alfabetização não é um processo baseado em perceber e memorizar, e, para 
aprender a ler e escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza 
conceitual: ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas 
também de que forma ela representa graficamente a linguagem. (BRASIL, 1997, p. 
21). 
21 
 
 
Essas inovações fundamentaram uma nova visão de alfabetização trazendo 
uma proposta que busca inserir as práticas sociais da leitura e da escrita num 
processo que emancipa os alunos e os próprios professores. Para Fraseando 
Moreira (2015), Emília Ferreiro não apresentou um método de alfabetização, mas, 
revolucionou a educação por propor a “desmetodização”, vinculando o ensino 
aprendizagem no contexto do educando e mostrando a importância da leitura. 
Emília Ferreiro inovou propondo uma alfabetização com base no Letramento 
e posicionando-se a favor do contato desde cedo da criança com livros e fontes 
literárias diversas. 
22 
 
 
Capítulo II – MÉTODOS ESTUDADOS PARA SEREM APLICADOS NA 
ALFABETIZAÇÃO 
 
Método Paulo Freire 
 
“A consciência do mundo e a consciência de si como ser 
inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua 
inconclusão num permanente movimento de busca” (...). 
(Pedagogia da Autonomia, 1997.) 
 
Educador brasileiro reconhecido por sua contribuição para a história das 
ideias pedagógicas no Brasil e América Latina, especialmente no que diz respeito 
aos processos de alfabetização e Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire 
(1921-1997) defendia uma educação preocupada com os problemas de nosso 
tempo e com o desenvolvimento da consciência crítica. Seu método, desenvolvido 
na década de 1960 como estratégia para a alfabetização de adultos e popularmente 
conhecido como “Método Paulo Freire”, possui fundamentação humanista ao 
vislumbrar na educação um ato criador, a medida em que proporciona ao indivíduo 
autonomia, consciência crítica e capacidade de decisão. 
O próprio Paulo Freire considerava sua metodologia um método de aprender 
e não propriamente de ensinar, portanto muito mais próxima a uma Teoria do 
Conhecimento do que uma metodologia de ensino propriamente dita. Como tal, os 
princípios ético - metodológicos de sua teoria eram constituídos com base no 
respeito pelo educando e na conquista da autonomia, tendo o dialogicidade como 
fio condutor do processo de ensino-aprendizagem. 
 
O método: 
 
As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo 
levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o 
educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assim 
seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de 
palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois 
de composto o universo das palavras geradoras, apresenta-se elas em cartazes 
23 
 
 
com imagens. Então, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-
las na realidade daquela turma. 
A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser 
estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. 
Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da 
vogal. (I.E . BA-BE-BI-BO-BU) 
As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. 
Usando as famílias silábicas agora conhecidas,o grupo forma palavras novas. 
A conscientização: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os 
diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, 
alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e decodificação. 
Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover a conscientização 
acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento da 
realidade social. 
 
“Estudar não é um ato de consumir ideias, mas de criá-las e
 recriá-las.” FREIRE P.. (1982) Ação cultural para a liberdade e 
outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra (6ª edição), pp. 09-12. 
 
As fases de aplicação do método: 
 
Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes: 
1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem 
as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das 
palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico. 
2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza 
fonética, dificuldades fonéticas - numa sequência gradativa das mais simples para 
as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade 
social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade. 
3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se 
de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito 
de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, 
regionais e nacionais. 
4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os 
24 
 
 
debates, as quais deverão servir como subsídios, sem, no entanto, seguir uma 
prescrição rígida. 
5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias 
fonéticas correspondentes às palavras geradoras. 
Baseado na experiência de Angicos, onde em 45 dias alfabetizaram-se 300 
trabalhadores, João Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para 
organizar uma Campanha Nacional de Alfabetização. Essa campanha tinha como 
objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas, em 20.000 círculos de cultura, e já 
contava com a participação da comunidade - só no estado da Guanabara (Rio de 
Janeiro) se inscreveram 6.000 pessoas. Mas com o Golpe de 64 toda essa 
mobilização social foi reprimida, Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso 
e depois exilado. Assim, esse projeto foi abortado. Em seu lugar surgiu o MOBRAL, 
uma iniciativa para a alfabetização, porém, distinta dos ideais freirianos. 
"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, 
não aprendo nem ensino”. (Paulo Freire). 
Outros tipos de Métodos de alfabetização. 
 
Ao trabalhar a aprendizagem dessa maneira, o método inova ao promover a 
horizontalidade na relação educador- educando, a valorização da sua cultura e da 
sua oralidade. Partindo dos princípios de que o educando é sujeito da própria 
aprendizagem e de quando ele chega à escola já possui um conhecimento de sua 
língua e de sua cultura, promove uma aprendizagem que ocorre coletivamente e se 
dá no conflito entre o conhecimento antigo e o novo conhecimento. 
 
Portanto, na visão de Paulo Freire a educação deve ser capaz de promover 
a autoconfiança e toda ação educativa deve ser um ato contínuo de recriação e de 
ressignificação de significados enquanto condição de possibilidade para uma 
educação conscientizada e libertadora, dentro de uma perspectiva contínua de 
diálogo e reflexão sobre a ação com o objetivo de ampliar a visão de mundo e a 
participação ativa do indivíduo em todas as esferas da vida em sociedade. 
 
O melhor método para a alfabetização é uma discussão antiga entre os 
especialistas no assunto e também entre os pais quando vão escolher uma escola 
para seus filhos começaram a ler as primeiras palavras e frases. No caso brasileiro, 
https://www.infoescola.com/pedagogia/metodo-de-educacao-libertadora/
25 
 
 
com os elevados índices de analfabetismo e os graves problemas estruturais na 
rede pública de ensino, especialistas debatem qual seria o melhor método para 
revolucionar, ou pelo menos, melhorar a educação brasileira. Ao longo das 
décadas, houve uma mudança da forma de pensar a educação, que passou de ser 
vista da perspectiva de como o aluno aprende e não como o professor ensina. 
 
São muitas as formas de alfabetizar e cada uma delas destaca um aspecto 
no aprendizado. Desde o método fônico, adotado na maioria dos países do mundo, 
que faz associação entre as letras e sons, passando pelo método da linguagem 
total, que não utiliza cartilhas, e o alfabético, que trabalha com o soletramento, 
todos contribuem, de uma forma ou de outra, para o processo de alfabetização. 
 
Método Sintético 
 
O método sintético estabelece uma correspondência entre o som e a grafia, 
entre o oral e o escrito, através do aprendizado por letra por letra, ou sílaba por 
sílaba e palavra por palavra. 
 
Os métodos sintéticos podem ser divididos em três tipos: o alfabético, o 
fônico e o silábico. No alfabético, o estudante aprende inicialmente as letras, depois 
forma as sílabas juntando as consoantes com as vogais, para, depois, formar as 
palavras que constroem o texto. 
 
Método Analítico 
 
O método analítico, também conhecido como “método olhar-e-dizer”, 
defende que a leitura é um ato global e audiovisual. Partindo deste princípio, os 
seguidores do método começam a trabalhar a partir de unidades completas de 
linguagem para depois dividi-las em partes menores. Por exemplo, a criança parte 
da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las em unidades mais simples, as 
sílabas. 
 
Este método pode ser divido em palavração, setenciação ou global. Na 
palavração, como o próprio nome diz, parte-se da palavra. Primeiro, existe o 
26 
 
 
contato com os vocábulos em uma sequência que engloba todos os sons da língua 
e, depois da aquisição de um certo número de palavras, inicia-se a formação das 
frases. 
 
Na setenciação, a unidade inicial do aprendizado é a frase, que é depois 
dividida em palavras, de onde são extraídos os elementos mais simples: as sílabas. 
Já no global, também conhecido como conto e estória, o método é composto por 
várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim, sendo ligadas por frases 
com sentido para formar um enredo de interesse da criança. Os críticos deste 
método dizem que a criança não aprende a ler, apenas decora. 
 
Método Alfabético 
 
Um dos mais antigos sistemas de alfabetização, o método alfabético, 
também conhecido como soletração, tem como princípio de que a leitura parte da 
decoração oral das letras do alfabeto, depois, todas as suas combinações silábicas 
e, em seguida, as palavras. A partir daí a criança começa a ler sentenças curtas e 
vai evoluindo até conhecer histórias. 
 
Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a 
palavra. Por exemplo, a palavra casa soletra-se assim c, a, ca, s, a, sa, casa. O 
método Alfabético permite a utilização de cartilhas. 
 
As principais críticas a este método estão relacionadas à repetição dos 
exercícios, o que o tornaria tedioso para as crianças, além de não respeitar os 
conhecimentos adquiridos pelos alunos antes de eles ingressarem na
 escola. O método alfabético, apesar de não ser o indicado pelos Parâmetros 
Curriculares Nacionais, ainda é muito utilizado em diversas cidades do interior do 
Nordeste e Norte do país, já que é mais simples de ser aplicado por professores 
leigos, através da repetição das Cartas de ABC, e na alfabetização doméstica. 
 
Método Fônico 
 
O método fônico consiste no aprendizado através da associação entre 
27 
 
 
fonemas e grafemas, ou seja, sons e letras. Esse método de ensino permite 
primeiro descobrir o princípio alfabético e, progressivamente, dominar o 
conhecimento ortográfico próprio de sua língua, através de textos produzidosespecificamente para este fim. 
 
O método é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, ou 
seja, as relações entre sons e letras devem ser feitas através do planejamento de 
atividades lúdicas para levar as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e 
a decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento. 
 
O método fônico nasceu como uma crítica ao método da soletração ou 
alfabético. Primeiro são ensinados as formas e os sons das vogais. Depois são 
ensinadas as consoantes, sendo, aos poucos, estabelecidas relações mais 
complexas. Cada letra é aprendida como um fonema que, juntamente com outro, 
forma sílabas e palavras. São ensinadas primeiro as sílabas mais simples e depois 
as mais complexas. 
 
Visando aproximar os alunos de algum significado é que foram criadas 
variações do método fônico. O que difere uma modalidade da outra é a maneira de 
apresentar os sons: seja a partir de uma palavra significativa, de uma palavra 
vinculada à imagem e som, de um personagem associado a um fonema, de uma 
onomatopeia ou de uma história para dar sentido à apresentação dos fonemas. Um 
exemplo deste método é o professor que escreve uma letra no quadro e apresenta 
imagens de objetos que comecem com esta letra. Em seguida, escreve várias 
palavras no quadro e pede para os alunos apontarem a letra inicialmente 
apresentada. A partir do conhecimento já adquirido, o aluno pode apresentar outras 
palavras com esta letra. 
 
Os especialistas dizem que este método alfabetiza crianças, em média, no 
período de quatro a seis meses. Este é o método mais recomendado nas diretrizes 
curriculares dos países desenvolvidos que utilizam a linguagem alfabética. 
 
A maior crítica a este método é que não serve para trabalhar com as muitas 
exceções da língua portuguesa. Por exemplo, como explicar que cassa e caça têm 
28 
 
 
a mesma pronúncia e se escrevem de maneira diferente? 
 
A velha cartilha Caminho Suave 
 
Figura 3 
 
 
 
 
 
A grande maioria dos brasileiros alfabetizados até os anos de 1970 e início 
dos 80 teve na cartilha Caminho Suave o seu primeiro passo para o aprendizado 
das letras. Com mais de 40 milhões de exemplares vendidos desde a sua criação, 
a cartilha idealizada pela educadora Branca Alves de Lima, que morreu em 2001, 
aos 90 anos, teve um grande sucesso devido à simplicidade de sua técnica. 
Na tentativa de facilitar a memorização das letras, vogais e consoantes, e 
depois das sílabas para aprender a formar as palavras, a então professora Branca, 
no final da década de 40, criou uma série de desenhos que continham a inicial das 
palavras: o “A” no corpo da abelha, o “F” no cabo da faca, o “G”, no corpo do gato. 
Por causa da facilidade no aprendizado por meio desta técnica, rapidamente 
a cartilha tornou-se o principal aliado na alfabetização brasileira até o início dos 
anos 80, quando o construtivismo começou a tomar forma. Em 1995, o Ministério 
da Educação retirou a cartilha do seu catálogo de livros. Apesar disto, estima-se 
que ainda são vendidas 10 mil cartilhas por ano no Brasil. 
Mesmo sabendo que o vocabulário da cartilha não é vasto ao ponto de 
levantar hipóteses de escrita para o aluno, as variações textuais são de grande 
29 
 
 
valia neste processo e nelas não são oferecidos tais atributos.
30 
 
 
Capítulo III – POLÍTICAS PÚBLICAS E SUAS INTERFERÊNCIAS NO 
PROCESSO ALFABETIZAR-LETRAR 
 
- Importância 
 
A capacidade de ler e escrever e de utilizar a leitura e a escrita nas diferentes 
situações do cotidiano são, sem dúvida, necessidades inquestionáveis tanto em 
termos individuais, para o pleno exercício da cidadania, quanto em termos sociais 
e políticos, para o desenvolvimento da sociedade. 
Dada a sua importância, a Organização das Nações Unidas instituiu o dia 8 
de setembro como o Dia Mundial da Alfabetização, com o objetivo de combater o 
analfabetismo e as consequentes desigualdades de um mundo globalizado. A 
promoção da alfabetização deve ser uma luta constante, tendo em vista conquistas 
como a paz, a erradicação da pobreza e a democratização. 
É um dever do Estado garantir o acesso de todos os cidadãos ao direito de 
aprender a ler e a escrever, pois este é uma das formas de inclusão social, cultural 
e política e de construção da democracia. 
Apesar da redução no número de analfabetos, o Brasil ainda está longe de 
poder comemorar neste 8 de setembro. O Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 
2011-2012, divulgado em julho do ano passado, mostrava que, embora a 
escolaridade média do brasileiro tenha melhorado nos últimos anos, a inclusão no 
sistema de ensino não representou aumento significativo nos níveis gerais de 
alfabetização da população. São quase 13 milhões de pessoas analfabetas, 
segundo o relatório de 2012 da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios), organizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 
com base em dados de 2011. O Brasil tem uma dívida com sua população. 
 
- Deveres do estado. 
 
É dever do Estado garantir o acesso de todos os cidadãos ao direito de 
aprender a ler e a escrever. 
E não basta combatermos o analfabetismo apenas em termos quantitativos. 
Temos um enorme déficit qualitativo a enfrentar. Afinal, a sociedade moderna exige 
mais do que entender as letras do alfabeto. É preciso também fazer uso do ler e do 
31 
 
 
escrever para responder às exigências contínuas que a sociedade nos impõe. 
Como propõe o educador brasileiro Paulo Freire, “a alfabetização é mais, muito 
mais, que ler e escrever. É a habilidade de ler o mundo, é a habilidade de continuar 
aprendendo e é a chave da porta do conhecimento”. 
Vem daí a criação, nos anos 1980, no Brasil, do termo “letramento”, para dar 
conta da ampliação do sentido de alfabetização, como um conhecimento em 
construção. Ainda que não haja uma definição única e unânime de seu sentido, é 
possível pensarmos numa síntese. Nas sociedades letradas contemporâneas, a 
leitura e a escrita são bens culturais cujo acesso deve ser propiciado aos indivíduos, 
bem como a sua participação efetiva. Ler é um processo que envolve também a 
construção da interpretação de textos, assim como escrever implica a capacidade 
de comunicar-se adequadamente com um leitor em potencial: é um processo de 
expressão de ideias e de organização do pensamento sob a forma escrita. 
Somente o fato de uma pessoa ser alfabetizada não garante que ela seja 
letrada. Também não significa que ser alfabetizada e letrada garanta o pleno 
exercício da cidadania. Mas, sem dúvida, há uma forte correlação entre letramento, 
alfabetização, escolarização e educação. 
A leitura e a escrita são habilidades individuais, mas que precisam ser 
ensinadas e aprendidas. Nesse sentido, a escola é o local privilegiado, ainda que 
não exclusivo, para aquisição desse conhecimento. Indicadores como Inaf têm 
buscado identificar habilidades de letramento, relacionando o grau de instrução 
com os níveis de letramento. 
Na história da educação brasileira, houve um tempo em que não saber ler e 
escrever era considerado como uma ignorância particular. Mas hoje se percebe que 
essa falta é reconhecida como uma necessidade social e política prioritária, com a 
decorrente demanda por um projeto de educação escolar e de ensino-
aprendizagem da leitura e da escrita. Logo, o letramento pode ser tomado como 
um importante eixo articulador de todo o currículo da educação básica. 
O momento, portanto, é oportuno para demandarmos aos poderes públicos 
a adoção de políticas que considerem o letramento e a educação escolar como 
conceitos e práticas relacionadas e complementares entre si, para avançarmos na 
conquista de direitos humanos básicos e que devem ser igualmente acessíveis a 
todos os brasileiros, para o pleno exercício da cidadania. 
 
32 
 
 
- PNAIC- Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa 
 
O Pacto Nacional pela Alfabetizaçãona Idade Certa (Pnaic) é uma iniciativa 
do governo federal e tem como principal objetivo garantir a alfabetização das 
crianças brasileiras até os 8 anos, ao fim do 3.º ano do Ensino Fundamental, em 
língua portuguesa e matemática. O Pnaic está em sintonia com a meta 5 do Plano 
Nacional de Educação (PNE). 
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC foi 
implementado no início desse ano. Para garantir a alfabetização de todas as 
crianças até os oito anos de idade, o governo federal aportará incentivos financeiros 
e assistência técnica e pedagógica, visando formar 360 mil professores 
alfabetizadores até 2015. “A iniciativa do Ministério da Educação partiu dos dados 
levantados pelo Censo 2010. Ao todo, são 15,2% as crianças brasileiras em idade 
escolar que não sabem ler, nem escrever”, explicou a professora da Secretaria de 
Educação Básica – SEB/MEC, Clélia Mara dos Santos, durante o IV Encontro 
Nacional de Lideranças da Mobilização Social pela Educação. 
O objetivo do MEC, segundo Santos, é que 100% das crianças brasileiras 
estejam plenamente alfabetizadas. “E não estamos falando de apenas saber ler e 
escrever, mas também de saber interpretar textos e fazer contas”, afirmou. “Para 
isso, o trabalho irá além do governo. É preciso criar um pacto entre sociedade, 
família, escola e governantes.” 
 
Mais de 5.300 municípios brasileiros aderiram ao PNAIC. Já em dezembro 
do ano passado, uma parte destas cidades começaram as ações do pacto. “A ideia 
é que os estados brasileiros deem o apoio necessário aos seus municípios, 
especialmente os que têm mais dificuldade”. 
 
- Eixo de atuação 
 
A primeira ação do PNAIC é a formação continuada de professores 
alfabetizadores e de orientadores de estudo. O MEC dará um curso presencial de 
dois anos para professores alfabetizadores, com carga horária de 120 horas por 
ano, baseado no Programa Pró-Letramento. Os encontros com os educadores 
serão conduzidos pelos orientadores de estudo. 
http://pacto.mec.gov.br/o-pacto
http://pacto.mec.gov.br/o-pacto
http://www.blogeducacao.org.br/mobilizadores-trocam-experiencias-em-iv-encontro-nacional-de-liderancas-da-mobilizacao-social-pela-educacao/
http://www.blogeducacao.org.br/mobilizadores-trocam-experiencias-em-iv-encontro-nacional-de-liderancas-da-mobilizacao-social-pela-educacao/
http://www.blogeducacao.org.br/mobilizadores-trocam-experiencias-em-iv-encontro-nacional-de-liderancas-da-mobilizacao-social-pela-educacao/
http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=698&id=12346&option=com_content&view=article
33 
 
 
“Os orientadores de estudo são professores das redes municipal e estadual, 
que farão um curso específico, com 200 horas de duração por ano, ministrado por 
universidades públicas. Os municípios tiveram que informar ao MEC quem são os 
educadores da região com formação em pedagogia e experiência com os anos 
iniciais do ensino fundamental. Eles serão o foco de atuação do pacto”, explicou 
Santos. Segundo a professora, o grande diferencial dessa ação é que o curso 
ocorrerá dentro de cada município, no próprio ambiente 
34 
 
 
Capítulo IV 
 
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O 
PROCESSO DE ENSINAGEM 
 
Sem pretensão de retomada histórica e conceitual, buscamos refletir 
sobre o tema, a partir do que a literatura tem nos oferecido a respeito, tendo 
como foco a função da escola e do ensino das práticas discursivas na e para a 
contemporaneidade e de acordo com a visão de autores renomados. 
Do ponto de vista de cultura pedagógica escolar. Diante dos impasses 
conceituais ou metodológicos, manifesta-se a necessidade de fazer escolhas, 
em processo que nega e/ou aceita certos pressupostos e metodologias. Nessa 
esteira a escola tem-se perguntado a respeito do que fazer: alfabetizar ou letrar? 
Ou outros impasses, tais como: é possível alfabetizar letrando? Se alfabetizo, 
não letro? Se letro não alfabetizo? Muitos equívocos e mitos vão se construindo 
em torno desse debate e algumas análises da prática pedagógica nas primeiras 
aprendizagens apontam que houve preocupação, por parte da escola, em letrar, 
deixando de lado o alfabetizar. Gostaríamos de discutir esses aspectos, 
compactuando com o parecer de que, no mínimo, esta constatação possui um 
equívoco: uma concepção de que letramento se refere a conhecimento, entre 
eles, dos gêneros textuais que circulam na sociedade, de suas funções e de seus 
portadores. Trata-se, no entanto, de uma concepção equivocada, (algo 
compreensível historicamente, na medida que se coloca a questão no interior 
das relações teoria e prática) pois letramento não é apenas conhecimento, é, 
acima de tudo, envolvimento, prática, atividade. 
Além disso, podemos relacionar essa dicotomia às diferentes concepções 
de educação e de linguagem que sustentaram as práticas de ensino da 
linguagem na escola. Por um bom tempo, alfabetização se constituiu em 
preocupação central dos educadores, no sentido de oferecer as melhores 
condições para a aquisição do alfabeto – o que levava a uma habilidade de 
decodificar, de conhecer e articular sons e letras, de ser alfabetizado. Essa 
perspectiva, somada a uma concepção de linguagem como código ou 
instrumento, conduziu a uma pedagogia do ensino de linguagem. À escola, como 
muitos programas testemunham, cabia uma educação em que o que contava era 
35 
 
 
o conhecimento, não como processo, como algo a ser construído, mas 
transmitido e assimilado. 
É preciso, no entanto, situar o nosso momento: educamos no contexto de 
um novo século, com demandas diferenciadas e que se alteram em um 
dinamismo irrefreável, fruto das transformações e dos avanços em uma 
sociedade em constante mudança. Vivemos hoje novas orientações e desafios: 
à educação não cabe apenas repassar ou transmitir conhecimentos, mas 
favorecer a formação humana, desenvolvendo as potencialidades dos sujeitos, 
por meio de uma aprendizagem que conduza os alunos a aprender a pensar e a 
aprimorar habilidades necessárias ao enfrentamento com o mundo que ora se 
apresenta. A uma concepção de língua como código, contrapõe-se a de 
linguagem como interação – a de que os sujeitos praticam ações, produzem 
efeitos sobre os outros, buscam alcançar intenções. Em especial, destaca-se a 
concepção de interação social: os sujeitos aprendem a pensar e a estabelecer 
seus vínculos dentro da sociedade, em comunhão com os outros, o que faz da 
linguagem uma atividade social, fruto das condições históricas e culturais. 
 
Segundo SOARES (1998), "letramento, refere-se à condição de quem não 
apenas sabe ler e escrever, mas que cultiva e exerce as práticas sociais da 
escrita". Isto posto, vale ressaltar que alfabetização e letramento são conceitos 
que se interpenetram, embora, a depender de quem fala e de onde fala, possam 
produzir significados distintos ou semelhantes. Explicando melhor: uma pessoa 
pode-se referir à alfabetização como o momento específico de aprendizagem do 
código, sem, com isso, deixar de se preocupar com letramento. Outra, ao 
"enunciar" letramento, já apresenta embutida a noção de alfabetização. Na 
verdade, em relação ao que compete à escola, o letramento inclui alfabetização. 
Assim, não é uma coisa ou outra, mas uma e outra. SOARES destaca: " não só 
sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais". Esse "não só" 
produz alargamentos e considerações significativas: incorpora uma concepção 
de linguagem como ação e interação entre sujeitos, ou seja, exercemos e 
cultivamos a linguagem em nossas relações cotidianas. Só pode exercer e 
cultivar as práticas sociais de escrita o sujeito que vive uma relação com a 
linguagem e não apenas com a língua. 
36 
 
 
Acrescenta a noção de dinamismo, de movimento: se aprendemos a ler e 
escrever, precisamos exercitar essas competências no esforço de nos tornarmos 
mais humanos. Também permite entender que o desenvolvimento dos sujeitosencontra-se indissociavelmente relacionado à linguagem, aqui assumida como 
espaço de constitutividade humana. Incorpora ainda mais: o letramento é uma 
relação, construída social e historicamente, entre sujeitos e mundo, entre 
sujeitos e linguagem. À medida que exercemos e cultivamos as práticas sociais 
de escrita, relacionamo-nos com o mundo, com as pessoas, e com a própria 
linguagem. Homem e linguagem estão sempre no porvir, necessitando de força 
e de energia criadora para seu processo de constituição. 
Assim sendo, falar em letramento significa colocar em discussão, na 
verdade, o que temos feito de nossas vidas, o que temos construído, que 
identidade estabelecemos. O letramento, enfim, produz ações, o que permite 
aproximação com o outro e, nesse processo, aprender e reaprender novas 
relações e novos lugares. E, nessas relações, entender que o outro nos 
completa, dada a incompletude própria dos seres humanos, é apreender no outro 
o que nos falta e podermos igualmente nos constituir em fonte de completude do 
outro. 
 
Trata-se de um paradigma que vai orientar nossas decisões: ensinar a 
língua, para que os sujeitos a conheçam ou ensinar a língua como linguagem, 
como uso, como prática. 
Segundo SOARES (1998): 
 "trata-se de uma condição, portanto, de um modo de 
existência. Compete à escola exatamente propiciar essas condições e 
às sociedade, com um todo, ampliar, enriquecer e estabelecer 
relações com espaços reais de letramento". 
 
Os sujeitos necessitam aprender diferentes maneiras de ler e de escrever, 
que correspondem não só aos diferentes objetivos e expectativas dos leitores e 
dos produtores de texto, mas ao fato de que circulam na sociedade tipos e 
gêneros textuais diversos. Não se realiza o direito de ler e de escrever sem que 
os objetos culturais de leitura e de escrita estejam garantidos. Objetos que 
contemple variação de suportes, (jornais, livros de literatura, livros de 
37 
 
 
informações, revistas diversas, vídeos, documentários) e, que, respeitadas as 
especificidades linguísticas e diferentes propostas de interlocução, também 
contemplem variação de mídias (rádios, internet, televisão). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
Considerações finais 
 
Um olhar sobre a realidade cultural, em geral e, em especial, um olhar 
sobre as práticas escolares de leitura e escrita, aponta um certo lado perverso 
desse processo: estimula-se a prática de ler e de escrever, mas não há 
preocupação em mobilizar espaços de leitura e de produção textual: bibliotecas 
e salas de leitura abandonadas; acervo precário; ausência de preparação dos 
professores para o uso desse espaço; inexistência de projetos que despertem 
razões para ler e razões para escrever ou, ainda projetos isolados, eventos, sem 
relação produtiva com os objetos mais amplos de formação de leitores e de 
produtores de textos. 
Temos testemunhado esforços de muitas instituições escolares, privadas 
e públicas, na luta pela melhoria na formação de seus alunos. Esforços para 
alterar currículos, para organizar os tempos escolares, para capacitar 
professores, entre outros. Mas, raramente, verificamos esforços para dinamizar 
e mobilizar os espaços de ler e escrever como condição humana para mudança. 
Evidentemente que essas opções são decorrentes do projeto de futuro que 
queremos para aqueles que formamos, das concepções que temos dos 
processos de ensino e de aprendizagem e, principalmente, do tipo de homem 
que desejamos formar. São elas que formatarão o desenho de nossas ações e 
poderão ou não favorecer a eliminação da exclusão do direito ao poder ler e ao 
poder escrever. 
É indiscutível que o desenvolvimento dos alunos encontra-se relacionado 
ao nível de letramento que na escola conseguem assegurar, uma vez que 
construir conhecimento pressupõe ler e produzir textos escritos, em seus 
diferentes gêneros e tipos, não apenas verbal, mas também não-verbal; não 
apenas na modalidade escrita, mas, sobretudo na modalidade oral, 
considerando-se a sociedade de discursos em que nos encontramos inserido. É 
reconhecer que a escrita, cada vez mais fortalecida em nossa sociedade, permite 
não só o resgate do conhecimento já selecionado e transmitido historicamente, 
mas se constitui em ferramenta essencial para o alcance de novas descobertas, 
permitindo também a elaboração e a sistematização de novos conhecimentos. 
Precisamos orientar nossos alunos para que exerçam conscientemente 
sua cidadania. Para trabalhar com a informação para a educação há 
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necessidade que a escola tenha uma equipe habilitada cognitiva e afetivamente 
que se comunique em tempo integral com a comunidade escolar, que busque 
concretizar as mudanças contínuas que se processam no mundo e trabalhem 
em compatibilidade com uma proposta de ensino vivo. Os alunos não aprendem 
só na escola. A vida é uma escola; o mundo uma grande sala de aula que se 
renova a cada dia, então, eles buscam cultura como um modo de vida, de 
pensamento, de ação, de sentimento: linguagem, valores, costumes e afeto. 
 Sabemos que ler e escrever são processos naturais na escola, 
precisamos ultrapassar a visão restrita de que, após alfabetizados, eles sabem 
ler e escrever. Temos de identificar a linguagem e a escrita como um elo entre 
as disciplinas e um dos meios escolares específicos mais usuais para aprender, 
construir e comunicar o conhecimento em todas as áreas. 
Adotando o conceito de letramento como condição e como manifestação 
humana, negar essa condição é, na verdade, tornar aos sujeitos analfabetos. 
Conhecer a escrita, mas não saber usa-la, constitui-se hoje em uma forma de 
exclusão e de abandono, assim como vivem e viveram muitos dos que não 
dominam ou dominavam o código escrito. 
 
 
A ESCOLA 
 
Escola é.... 
O lugar onde se faz amigos 
Não se trata só de prédios, salas, quadros, 
Programas, horários, conceitos... 
Escola é, sobretudo, gente, 
Gente que trabalha, que estuda, 
Que se alegra, se conhece, se estima. 
O diretor é gente, 
Cada funcionário é gente. 
E a escola será cada vez melhor 
Na medida em que cada um 
Se comporte como colega, amigo, irmão. 
Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”. 
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir 
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Que não tem amizade a ninguém, 
Nada de ser como o tijolo que forma a parede, 
Indiferente, frio, só. 
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar. 
Cumprir as obrigações. 
Relacionar-se com os demais. 
Obter êxito. 
Paulo Freire 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
CARVALHO, Marlene, Guia Prático do Alfabetizador? São Paulo: Ática, 2007. 
 
41 
 
 
FERREIRO, Emília. Psicogêneses da língua escrita. Tradução de Diana Myriam 
 
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Cultura escrita e Educação. Conversa 
de Emília Ferreiro com José Antônio Castorina, Daniel Golden e Rosa Maria Torres. 
Porto Alegre: Artmed, 2001. 
 
LIECHTENSTEIN, Liana di Marco e Mário Corso. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1999. 
NICOLAU, M.L.M. A educação pré-escolar: fundamentos e didática. 3ª edição. 
São Paulo: Editora Ática, 1987. 
 
 JEAN PIAGET. Seis estudos de Piaget.Tradução: Maria Alice 
Magalhães D’ e Paulo Sérgio Lima Silva, 25ª edição. Rio de Janeiro: Florence 
Universitária, 2011. 
 
PIAGET, J. A psicogênese dos conhecimentos e a sua significação 
epistemológica. 
 
In PIATELLI – PALMARINI, M (org.)Teorias da linguagem, teorias da 
aprendizagem: o debate entre Piaget e Noam Chomsky. Edição 70. Lisboa, 1985ª. 
 
Pró- Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos anos 
inicias do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. 
 
 Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. 
 
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, 
Autêntica,1998. 
 
 
 
 
 
 
 
Sites: 
42 
 
 
www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia 
www.scrib.com 
www.trabalhosfeitos.com/ensaios 
www.passeidireto.com 
www.ncbi.mlnih.gov/pmc/artcles 
www.resbarchgart.net/publication 
www.npjornal.org.article 
 
 
 
 
 
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