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Rosalia

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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA MM. 12ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA, PARANÁ.
FATO NOVO – CONFIRMAÇÃO DO CARGO DE CONFIANÇA NO DEPOIMENTO QUE A AUTORA PRESTOU COMO TESTEMUNHA NOS AUTOS 0011378-17.2016.5.09.0001 – TESTEMUNHA NÃO PODE MENTIR - NÃO FAZ JUS AO PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS – ERRO MATERIAL NO CÁLCULO PERICIAL – AVALIAÇÃO DO IMÓVEL BASEADA EM LAUDO DE PERITO IMPEDIDO
Autos n° 0001707-73.2012.5.09.2012
ASSOCIAÇÃO DE ENSINO VERSALHES, devidamente qualificada nos autos em epígrafe, na ação movida por ROSALIA DE LIMA JACOMEL, também já qualificada, vem, respeitosamente, perante V. Exa., através de sua procuradora judicial que ao final subscreve, com a finalidade expor e requerer o que segue:
1. – FATO NOVO
A justiça é a busca incansável da verdade, evitando a fraude, o dolo.
Quando se depõe como testemunha, a mentira torna-se crime. E a Autora confessa de maneira irrefutável, diante do poder judiciário, que exercia cargo de confiança, confirmando o que está registrado em seu contrato de trabalho, devidamente registrado em carteira de trabalho. E, portanto, não faz jus ao pagamento de horas extras, é o que comprova o seu depoimento nos autos 0011378-17.2016.5.09.0001.
Este erro pode ser corrigido em qualquer tempo, por ser de ordem pública. 
A última vez que a Reclamada se manifestou nestes autos foi em 02 de maio de 2017, fls. 2189/2205.
Desde então, esta é a primeira vez que está sendo intimada a se manifestar nestes autos.
Diante disso, nesta oportunidade, com base no autorizado pelo art. 435 do CPC, requer a juntada da ata da audiência de instrução, bem como do arquivo em mídia, da audiência de instrução ocorrida nos autos n° 0011378-17.2016.5.09.0001, em 29/08/2017, em que a Autora depôs como testemunha, afirmando categoricamente que EXERCIA CARGO DE CONFIANÇA.
Art. 435.
É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
A mídia ora apresentada é de fundamental importância e influencia diretamente nos fatos destes autos.
Cópia do trecho do depoimento da Sra. ROSALIA LIMA JACOMEL, o qual foi gravado através do sistema fidelis áudio visual: 
(1h02m43s) Tinha cargo de confiança e por isso não registrava a jornada de trabalho realizada?
(1h02m44s) Sim, exercia cargo de coordenadora de confiança por isso não registrava a jornada de trabalho. 
Novamente ao ser indagada se possuía cargo de confiança, respondeu: 
(1h03m04s) SIM, tinha cargo de confiança
Conforme se observa do Ofício n° 1020/2018 (fl. 2301, o Ministério Público Federal está apurando indícios de ilícitos penais cometidos nos presentes autos, que levaram a obtenção de uma vantagem ilícita pela Exequente.
A Autora não faz jus ao pagamento de horas extras, posto que EXERCIA CARGO DE CONFIANÇA e está enquadrada na exceção do art. 62, II, da CLT.
2 – DECISÃO BASEADA EM MENTIRA NÃO PODE CONVALIDAR
A conta neste processo foi atualizada em valor superior a 3 milhões de reais.
Qual trabalhador brasileiro ganha ou tem direito a receber 3 milhões de reais em horas extras?
A conta e sua origem chama a atenção diante da absoluta impossibilidade de tamanho valor.
O título executivo está fundamentado em uma mentira!
A Autora exercia função de confiança e não faz jus ao percebimento de horas extras.
A Executada está na iminência de ser privada de sua propriedade (imóvel penhorado nestes autos)!
O valor da condenação baseado em uma situação que não condiz com a realidade chega a ser doloso.
Trata-se de legítima ofensa ao direito de propriedade, garantido pelo art. 5°, caput e inciso II, da Constituição Federal, posto que a sentença padece de vício absoluto em relação ao qual não se admite trânsito em julgado da decisão.
3. – DO CÁLCULO
Intimada para se manifestar sobre o cálculo do Sr. Perito às fls. 2224/2280 e ainda sobre a manifestação de fls. 2223, aduz a Executada:
3.1. Não tem direito a horas extras 
Conforme exposto, a Reclamante não exercia cargo de confiança e, portanto, não faz jus ao percebimento de horas extras, nem tampouco adicional noturno.
Neste diapasão, do cálculo do senhor perito, deveriam ser excluídas as seguintes verbas.
Que somam, R$1.153.557,93 (um milhão, cento e cinquenta e três mil, quinhentos e cinquenta e sete reais e noventa e três centavos), mais o FGTS (11,2%) R$129.198,48 (cento e vinte e nove mil, cento e noventa e oito reais e quarenta e oito centavos).
Neste caso, o total apurado do Sr. Perito de R$1.549.724,48 cairia para R$266.968,07 (duzentos e sessenta e seis mil, novecentos e sessenta e oito reais e sete centavos), sendo este o valor correto, ante a situação fática que se apresenta.
3.2. Do Adicional de Horas Extras
Ainda que a Reclamante fizesse jus ao pagamento de horas extras, ainda assim, não seria o valor apurado pelo expert.
Para calcular os valores devidos a título de Horas Extras, vemos que o Perito se equivocou com o adicional utilizado.
Pois, indevidamente apurou os referidos valores integralmente, ou seja, majorou o valor da hora mais o valor do adicional, na apuração das horas extras deferidas, contudo esquece o Contador de considerar que o Autor era HORISTA, e a respeitável sentença de fls., determinou o pagamento somente do adicional. Transcrevemos:
Assim, constou expressamente da condenação que o empregado era horista e que a jornada suplementar deveria ser adimplida apenas com a aplicação do fator de percentagem.
Portanto, considerando que todas as horas trabalhadas já foram devidamente pagas por ser o Autor Horista (recebeu pelas horas que laborou), e considerando também a condenação acima transcrita, é devido somente o adicional sobre as horas extras, até porque, sendo o reclamante horista, o valor da hora já foi devidamente remunerado, restando apenas devido o adicional das horas para as horas trabalhadas além da jornada normal.
Contudo, por equívoco, a perícia calculou o valor hora acrescida do adicional para as verbas calculadas a título de Horas Extras, art. 318 da CLT, durante todo o período imprescrito.
Há que se destacar que a determinação constou, inclusive, da decisão de fls. 1657/1658:
 
Sendo assim, a soma das horas extras, intervalo interjornada, adicional noturno e reflexos que constou do cálculo de fls. 1058, dos autos 0000410-26.2015.5.09.0012, reduziria em 2/3, passando de R$286.511,81 (duzentos e oitenta e seis mil, quinhentos e onze reais e oitenta e um centavos), para R$95.503,93 (noventa e cinco mil, quinhentos e três reais e noventa e três centavos).
Do montante total, também reduziria o valor de R$21.392,88 (vinte e um mil, trezentos e noventa e dois reais e oitenta e oito centavos) equivalente ao FGTS e à multa indenizatória sobre as horas extras, intervalo interjornada, adicional noturno e reflexos indevidos.
Consequentemente, temos que o valor correto para o “total apurado” seria de R$277.042,86 (duzentos e setenta e sete mil, quarenta e dois reais e oitenta e seis centavos).
Desta forma, requer-se a reforma dos cálculos homologados, devendo ser apurado somente o adicional para as horas extras, conforme disposto no art. 318 da CLT.
3.3. Erro Material Não Transita em Julgado
O cálculo padece de erro material.
Em que pese a manifestação do perito às fls. 2223, o erro material não transita em julgado, sendo que sua correção pode, inclusive, ser determinada de ofício, conforme estabelecem om art. 833 da CLT e 494, I, do CPC:
Art. 833 – Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do Trabalho.
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I – para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
No mesmo sentido é a jurisprudência:
TRT-4 - Agravo De Petição AP 00006850820145040801 (TRT-4)
Data de publicação: 17/10/2017
Ementa: AGRAVO DE PETIÇÃO DA EXEQUENTE.ERRO MATERIAL NO JULGADO. PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA. O erro material presente no acórdão exequendo é sanável a qualquer tempo e não se opera a coisa julgada, embora a parte não tenha oposto embargos de declaração, e os erros nos cálculos não transitam em julgado. Portanto, não há preclusão.
CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO. ERRO MATERIAL. ADEQUAÇÃO AO COMANDO EXEQUENDO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO. Constatado erro material na conta homologada, caracterizado por inexatidão no cálculo das diferenças de adicional noturno, é mister declarar que esta seja retificada para se obedecer a coisa julgada. E, em se tratando de matéria de ordem pública, a correção pode ocorrer em qualquer tempo, de ofício ou a requerimento da parte, a fim de se evitar o enriquecimento ilícito da parte, não se sujeitando ao instituto da preclusão. (TRT 3ª R.; AP 0000173-73.2015.5.03.0136; Rel. Des. Jorge Berg de Mendonça; DJEMG 17/09/2018
Isto posto, impugna-se o argumento do perito às fls. 2223, bem como o cálculo de fls. 2224 e ss., requerendo seja determinada a correção do erro material apontado.
3.4. Mesmo que fossem devidas as verbas deferidas em Agravo de Petição
Finalmente, temos que o cálculo de fls. 2224 e ss. apurou valores em desacordo, ou além daqueles fixados em sentença.
A sentença foi expressa em estabelecer que o valor do salário por fora seria R$2.000,00 MENSAIS, contudo, o expert dividiu o valor em hora aula.
Outrossim, constou também da sentença que o salário por fora refletiria em verbas específicas, quais sejam:
1) DSR’s
2) hora-aula
 e com estes em 
3) gratificação de professor
4) férias acrescidas do terço constitucional
5) 13° salário
6) aviso prévio
7) FGTS com a indenização de 40%.
Inobstante, em manifesto equívoco, o perito lançou ainda reflexos em hora atividade à base de 12% do salário da Reclamante.
Isto posto, requer seja determinada a correção do cálculo do sr. Perito, para que se adeque ao limites da sentença.
Cumpre destacar que, ainda que estivessem absolutamente corretos os títulos e verbas computados do cálculo de fls. 2224 e ss., ainda assim, o cálculo estaria equivocado, posto que, para as horas extras o perito somou hora mais adicional e, conforme já arguido anteriormente e, fato incontroverso, a Autora era horista, tendo sido determinado em sentença que, em razão disso, receberia apenas o adicional de hora extra, ante a aplicação do art. 318 da CLT.
Assim, mesmo considerando os indevidos títulos computados na conta pericial, houve equívoco na somatória de valores.
O valor correto seria:
O que equivale a praticamente metade do “TOTAL APURADO” pelo perito de R$1.549.724,48 (um milhão, quinhentos e quarenta e nove mil, setecentos e vinte e quatro reais e quarenta e novo centavos).
4. – DA AVALIAÇÃO DO IMÓVEL BASEADA EM LAUDO DE PERITO IMPEDIDO
Constou da decisão dos Embargos a Execução (fl. 1992) dos Autos Suplementares da Execução Provisória que as delimitações do imóvel penhorado tem como base laudos colacionados tanto nestes quanto em outros autos.
Referido laudo foi anexado pela Exequente nestes autos às fls. 1634/1719 (laudo elaborado pelo Eng. Luiz Octávio Oliani no processo 31597-2007-014-09-00-2), na qualidade de perito do Juízo, afirmando:
A utilização do laudo se confirma não só pela afirmação constante da decisão de Embargos a Execução, mas também pelo despacho de fls. que determinou que os laudos permanecessem nos autos após a juntada realizada pela Exequente.
O laudo que seria utilizado para sacramentar a avaliação pretendida pela Exequente já era anunciado por ela antes mesmo que estivesse pronto, pois quando da Impugnação à Sentença de liquidação (fls. 1490 – Autos Suplementares da Execução Provisória – nestes autos fls. 1531), em julho de 2015, a Exequente informou ao Juízo de Primeiro Grau que no processo n° 31597.2007.014.09.00.2 haveria a realização de levantamento topográfico planimétrico georreferenciado, bem como, avaliação dos imóveis matrícula 43.670, 42.613 e 45.195.
E, tendo informado isso, requereu que o Juízo de Primeiro Grau aguardasse pela apresentação dos laudos do processo 31597-2007-014-09-00-2 para que, só então, decidisse o feito.
A EXEQUENTE JÁ SABIA O RESULTADO DO LAUDO PERICIAL ANTES MESMO QUE ELE ESTIVESSE PRONTO E REQUEREU QUE O JUIZO AGUARDASSE A ELABORAÇÃO DO MESMO, ISTO PORQUE, O PERITO NAQUELE PROCESSO JÁ ERA SEU CONHECIDO E, ANTES DE HAVER SIDO DESIGNADO COMO PERITO DO JUÍZO, JÁ HAVIA SIDO CONTACTADO PELA EXEQUENTE, DE MANEIRA PARTICULAR, PARA ELABORAR UMA AVALIAÇÃO, SEGUNDO OS SEUS INTERESSES.
4.1. – Do imóvel Penhorado
A Reclamante requereu a penhora do imóvel matrícula 43.670 tendo constado em sua petição de fls., aquela que, supostamente seria a área da matrícula pretendida.
Restou determinada a penhora, conforme as delimitações traçadas pela Exequente, sendo que o croqui de localização anexado aos autos suplementares de execução provisória, às fls. 1296/1297, é composto pelas próprias imagens apresentadas pela Exequente.
A Executada impugnou a delimitação e o valor apresentados pela Exequente, já que o imóvel, a princípio, não possui qualquer delimitação.
As matrículas 43670, 42613 e 45195, compõem um único imóvel, com uma única indicação fiscal (47.026.034), uma única inscrição imobiliária (44.0.0021.0360.00-6).
São partes ideais do mesmo imóvel, sendo matrícula 43670, correspondente a 10%, a matrícula 42613 correspondente a 40% e a matrícula 45195 correspondente a 50%.
A real delimitação dos imóveis é aquela apresentada pela Executada junto à Prefeitura Municipal de Curitiba, conforme se demonstra a seguir:
4.2. – Da Atuação do Perito como Assistente Técnico
O Perito que elaborou o laudo que serviu de base para a homologação da avaliação pericial realizada em agosto/2015, havia sido contratado por terceiro interessado no imóvel para realizar a mesma avaliação, em face da mesma instituição de ensino em maio/2015.
Diante da impugnação apresentada pela Executada, a Exequente, a fim de ratificar manipuladas e alteradas delimitações apresentadas em sua petição, trouxe aos Autos Suplementares da Execução Provisória (0000410-26.2015.5.09.0012 – fls. 1465 – e nestes autos fls. 1507), o memorial descritivo que segue, elaborado pela Companhia de Geotecnologias do Paraná, em maio/2015, assinado pelo ENGENHEIRO LUIZ OCTÁVIO OLIANI, cuja elaboração foi encomendada pela empresa SACI 1 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.:
Cumpre destacar, que a empresa SACI que encomendou o memorial descritivo elaborado pela COGEP, em maio/2015, representada pelo Engenheiro LUIZ OCTÁVIO OLIANI, possui interesse em adquirir o imóvel representado pela matrícula n° 43670, desde que esteja com aquelas delimitações do memorial, conforme manifestou expressamente nos autos n° 31597-2007-014-09-00-2, às (fls. 1431).
Assim, tal fato, por si só, já demonstra que o memorial encomendado pela empresa SACI, é tendencioso, obviamente elaborado com o único objetivo de favorecer a quem pagou pela elaboração do trabalho.
Pois bem, ocorre que conforme já demonstrado, o memorial encomendado pela empresa SACI e apresentado nestes autos pela Exequente, foi elaborado em maio/2015, atendendo interesse específico da empresa contratante.
Inobstante, imediatamente após, o Engenheiro LUIZ OCTÁVIO OLIANI, representante da COGEP, foi nomeado como perito do Juízo (informação trazida a estes autos pela Exequente, por ocasião da apresentação da Impugnação à Sentença de Liquidação às fls. 1489 – Autos Suplementares de Execução Provisória), para a avaliação do mesmo imóvel que estava sendo requerido como garantia nos autos n° 31597-2007-014-09-00-2 (fls. 550, 13/07/2015).
Conforme se observa daqueles autos, o perito não se deu por impedido, mesmo sabendo que já havia atuado como particular em relação ao mesmo imóvel.
No caso em tela, aplica-se à COGEP, representada pelo Engenheiro Sócio Gerente, LUIZ OCTÁVIO OLIANI, as regras relativas ao impedimento e suspeição, delineadas pelos arts. 144/148 do CPC, sendo que, na forma do disposto no art. 30 e incisos do Códigode Ética Profissional e Disciplinar do Conselho Nacional dos Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil, o Engenheiro Sócio Gerente da COGEP, LUIZ OCTÁVIO OLIANI, deveria ter se declarado impedido, pois já havia sido contratado por particular para atuar como assistente técnico em desfavor da Executada, na elaboração de trabalho relativo às mesmas matrículas.
LUIZ OCTÁVIO OLIANI apresentou o laudo, naqueles autos em agosto/2015 (fls. 995/1003), estando a matrícula 43670, delimitada da forma que segue:
Coincidentemente, este laudo que, em tese, não existia em data anterior a agosto/2015, traçou imagem idêntica àquela petição anexada a estes autos pela Exequente (fls. 1195/1217), meses antes:
Ambas, “coincidentemente” com as mesmas delimitações, contrariando o projeto de subdivisão original apresentado pela Executada junto à Prefeitura Municipal de Curitiba.
Note-se que aquele laudo elaborado pelo Engenheiro LUIZ OCTÁVIO OLIANI, foi utilizado pela Exequente (fls. 1634/1719) quando da resposta aos Embargos à Execução, como documento oficial, com fé pública, a fim de, mais uma vez, confirmar a subdivisão pretendida.
Conforme já demonstrado, a Exequente afirmou expressamente que o laudo realizado por “peritos desta Justiça do Trabalho” teria o fim de demonstrar, claramente, que a avaliação pretendida pela Exequente é que seria a correta. Sendo que, imediatamente este MM. Juízo despachou determinando a permanência dos referidos laudos nos autos e, posteriormente, afirmado em sua decisão (fls. 1992) que aqueles eram os documentos que sacramentavam a avaliação pretendida pela Exequente.
Portanto, os documentos anexados aos autos pela Exequente exerceram influência direta na delimitação do imóvel penhorado.
Contudo, conforme já afirmado, os laudos foram feitos por Perito do Juízo suspeito/impedido, já que o mesmo, anteriormente, já havia atuado como contratado particular, por terceiro interessado no imóvel matrícula 43.670, para elaborar memorial descritivo com as delimitações pretendidas por sua contratante SACI.
Assim, os laudos elaborados por Assistente Técnico/Perito do Juízo “colacionados nesses e em outros autos” não podem ser utilizado para a delimitação do imóvel penhorado. Todo o quadro caracteriza indícios de que houve um conluio entre Exequente, Terceiro Interessado, Assistente Técnico/Perito do Juízo, situação que, demonstra a necessidade de minuciosa investigação por parte da Justiça.
4.3. Das Regras Específicas do TRT da 9ª Região
Não bastasse toda a regra processual que já disciplina a matéria, o inciso II, do art. 4°, do Edital de Credenciamento para Peritos do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, também regulamente a matéria e, segundo este, o Sr. LUIZ OCTÁVIO OLIANI, não poderia, jamais ter atuado como perito naquele processo pelo lapso temporal de 3 (três) anos:
4.4. Do Interesse da SACI / Localização Alterada da Matrícula 43670
A empresa SACI (contratante do memorial elaborado pelo assistente técnico) e a Associação de Ensino Antonio Luis (proprietária do imóvel penhorado) são partes nos autos 0006953-37.2015.8.16-0194 em trâmite na 11ª Vara Cível da Capital.
Naqueles autos discutem a posse da matrícula 45.195 que, coincidentemente, ocupa o mesmo espaço geográfico, com a mesma delimitação que a Exequente, atualmente, pretende fazer crer que seria a matrícula 43670.
Destaque-se que nos autos em trâmite perante a Justiça Comum as partes não estão discutindo a delimitação do imóvel ou a localização da matrícula. Este tema é incontroverso. Nos autos em trâmite perante a Justiça Comum em que são parte a SACI e a Associação de Ensino Antonio Luis é incontroverso que o espaço que configura o interesse da Exequente nestes autos trabalhistas é, sim, a matrícula 45195, limítrofe com a matrícula 93448 que já é de propriedade da empresa SACI.
Naquela ação, a SACI, proprietária da matrícula 93448, se apropriou indevidamente da matrícula limítrofe, 45195 (que a Exequente agora diz ser 43670) e, movida por seus interesses em continuar avançando sobre os imóveis de propriedade da Executada, agora, a SACI, encomendou o laudo elaborado pelo Assistente Técnico/Perito LUIZ OCTÁVIO OLIANI, para que dissesse que o imóvel matrícula 45195, na verdade, era a matrícula 43670 e, assim, através da arrematação em qualquer ação trabalhista, se apossasse de mais um imóvel da Executada.
Tal fato se comprova pelo documento que constitui decisão nos autos de reintegração de posse, entre a Associação de Ensino Antonio Luis e a SACI (terceira interessada no imóvel penhorado nestes autos), de número 0006953-37.2015.8.16.0194, em trâmite perante a 22ª Vara Cível de Curitiba, que a própria empresa SACI (contratante do laudo de assistente técnico do Sr. Luiz Octávio Oliani, apresentado pela exequente) apresentou nos autos n° 31597-2007-014-09-00-2 (em que o Sr. Luiz Octávio Oliani é perito do juízo) às fls. 1532.
Esclarecendo que, nos autos de reintegração de posse em trâmite perante a 22ª Vara Cível o que se discute é a localização do imóvel da instituição de ensino e não a vizinhança das matrículas. E, ao admitir que o imóvel estaria em uma ou outra matrícula, ou ainda, nas duas, é incontroverso que as matrículas são contíguas. Assim, a matrícula que se avizinha ao imóvel matrícula 93448 é o imóvel matrícula 45195, e não, a matrícula 43670, como pretende fazer crer a Exequente.
Nos autos n° 31597-2007-014-09-00-2, às (fls. 1426) a SACI afirma que adquiriu a matrícula 93448 da empresa Rodobens:
 
Na mesma petição (fls. 1421/1424) a SACI afirma que a Rodobens e a Associação de Ensino Antonio Luis, proprietária do imóvel penhorado nestes autos, estariam discutindo a posse da matrícula 93448 e ainda da matrícula vizinha limítrofe em uma Ação de Reintegração de posse perante a 11ª Vara Cível de Curitiba em razão de haver uma edificação construída parte na matrícula 93448, hoje de propriedade da SACI, e parte na matrícula vizinha limítrofe:
 
Nos autos da Reclamatória Trabalhista n° 31597-2007-014-09-00-2, onde consta o laudo de avaliação elaborado pelo perito LUIZ OCTÁVIO OLIANI da COGEP, a SACI afirma que é proprietária da matrícula 93448 e que possui interesse na matrícula vizinha, a qual, segundo a avaliação do assistente técnico, também elaborada pelo Sr. LUIZ OCTÁVIO OLIANI da COGEP, encomendado pela própria SACI e anexado pela Exequente nesta Reclamatória Trabalhista, seria a matrícula 43670.
Ocorre porém que, nos autos da Reintegração de Posse mencionados pela SACI, terceira interessada no imóvel penhorado nestes autos, a própria Rodobens, que vendeu a matrícula 93448 para a SACI, apresenta um laudo (fls. 1138 – autos 1754/2009 – processo físico; fls. 1365, autos 0029496-41.2009.8.16.0001 – projudi) comprovando que a matrícula limítrofe com a matrícula 93448 é, na verdade, a matrícula 45195, conforme a Executada vem demonstrando nestes autos, e não a matrícula 43670, conforme pretendem fazer crer a SACI e a Exequente.
O imóvel limítrofe com o de matrícula 93448 é a 45195, e não a 43670, conforme pretende fazer crer a Exequente.
Conforme afirma a própria Rodobens, a matrícula 43670 tem outros limites e está em outro lugar. Vale salientar que a questão das matrículas limítrofes é fato incontroverso na ação de Reintegração de Posse entre a Rodobens e Associação de Ensino Antonio Luis.
A Exequente, aqui, é pessoa diretamente interessada na expropriação do imóvel de mat. 45.195 como se a 43.670 fosse, em conluio com os representantes da Saci 1 Empreendimentos Imobiliários, os quais não são partes, sequer interessadas na RT nº 31597-2007-014-09-00-2, porém, com interesse em regularizar o imóvel já invadido pelos mesmos, encomendaram memorial descritivo das matrículas penhoradas, nestes autos, cuja subdivisão foi criada para melhor atender o interesse de ambos, vez que as matrículas 45.195, 43.670 e 42.613 perfazem o total de uma área de 136.000 m2, distribuídas nos seguintes percentuais: 50% da área para a Matrícula 45.195, 10% da área referentes à matrícula 43.670 e 40% referentes a áreada Matrícula 42.613 e peticionaram nos autos RT nº 31597-2007-014-09-00-2 informando seu interesse em adquirir a área.
Ocorre, que o memorial descritivo contratado pela Saci e disponibilizado à Exequente, para instruir os autos de execução provisório, foi criado a fim de que fossem satisfeitos os interesses escusos de ambas as partes ( Saci e Exequente), mediante fraude, vez que projetaram a Matrícula 43.670 – a menor área (10%) – como limite da matrícula adquirida pela Saci 1 Empreendimentos Imobiliários, com o intuito de facilitar a aquisição por meio destes, visto que uma área menor, tem um valor pecuniário muito mais acessível do que àquela referente a mat. 45.195 que corresponde a 50% da área e que é a que efetivamente faz divisa como o imóvel da Saci.
4.5. Da Má fé dos Interessados no Imóvel Penhorado nestes autos
Conforme já exposto, a definição quanto à localização do imóvel penhorado nestes autos tem como fundamento o laudo pericial apresentado pelo perito do Juízo nos autos RT nº 31597-2007-014-09-00-2.
O laudo de assistente técnico apresentado nestes autos (igual ao laudo pericial sobre o qual se baseia a delimitação do imóvel penhorado nestes autos) foi contratado pela empresa SACI, que figura como contratante no próprio laudo.
O Assistente Técnico contratado pela SACI para a elaboração do laudo apresentado pela Exequente chama-se LUIZ OCTÁVIO OLIANI.
Logo após a contratação como assistente técnico particular, o Sr. LUIZ OCTÁVIO OLIANI foi designado como perito do juízo nos autos 31597-2007-014-09-00-2, para elaborar laudo pericial sobre o mesmo imóvel penhorado nestes autos, em relação ao qual já havia desenvolvido trabalho, como particular, contratado pela empresa SACI, terceira interessada no imóvel penhorado nestes autos.
A própria empresa SACI manifestou expressamente seu interesse nos autos 31597-2007-014-09-00-2.
A SACI na petição apresentada nos autos 31597-2007-014-09-00-2, fundamenta suas razões no laudo do perito Sr. LUIZ OCTÁVIO OLIANI, para afirmar que a instituição de ensino agia de má fé, mesmo sabendo que ela, meses atrás, havia contratado o “perito do juízo” como particular, para elaborar um laudo segundo seus interesses.
 
Na manifestação da SACI ela afirma que a instituição haveria agido de má fé ao construir um imóvel sobre duas matrículas, que agora, tenta induzir o Juízo em erro, querendo fazer crer que a matrícula vizinha seria a 93448, mesmo sabendo ser incontroverso que a matrícula vizinha da 93448, na verdade, é a 45195 e não a 43670, como dá a entender neste momento. Consoante demonstrado, a vizinhança das matrículas é fato incontroverso tanto na ação de reintegração de posse entre a SACI e a instituição de ensino, quando na ação de reintegração de posse entre a Rodobens (que vendeu a matrícula 93448 para a SACI) e a instituição de ensino.
É a instituição que está agindo de má fé?!!!!
Ora, tanto nas ações de reintegração de posse quanto nas reclamatórias trabalhistas a executada sempre apresenta o mesmo laudo, o qual está em consonância com os documentos da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Já a Rodobens e a SACI apresentam laudos conforme a sua conveniência do momento, em uma ação é de um jeito e em outra ação de outro.
A Executada trouxe a estes autos, agora, o laudo apresentado pela Rodobens nos autos de Reintegração de Posse apenas para demonstrar que a matrícula 43670 não é onde está afirmando a Exequente, contudo, apenas a título de informação, esclarece a Executada que, nos autos de reintegração de posse, tanto da Rodobens quanto da SACI, elas, sim, agiram de má-fé, deslocando o prédio e colocando-o parte da matrícula 45195 e parte na matrícula 93448, quando, na verdade, conforme documentos da Prefeitura Municipal de Curitiba, o imóvel está totalmente construído na matrícula 45195.
A má fé não é da instituição de ensino e, sim, dos interessados em tomar as propriedades da Executada.
O laudo pericial que fundamenta a delimitação da matrícula 43670 nestes autos foi elaborado por perito impedido/suspeito.
O laudo pericial que fundamenta a delimitação da matrícula 43670 alterou a localização do imóvel, posto que o perito já havia sido contratado anteriormente por terceiro interessado nos imóveis da Executada para fazer o mesmo laudo segundo os seus interesses.
Os laudos apresentados nos outros processos em trâmite perante a Justiça Comum comprovam que a matrícula 43670 penhorada nestes autos não está onde pretende fazer crer a Exequente.
A delimitação homologada nos autos desta reclamatória trabalhista foi propositadamente alterada, está errada, não pode prevalecer, devendo ser anulada.
EX POSITIS
REQUER:
a) Seja considerado o fato novo ora apresentado para reconhecer o exercício do cargo de confiança e declarar que a Autora não faz jus ao percebimento de horas extras;
b) Seja reconhecida a violação do direito de propriedade da executada;
c) Seja determinada a correção do cálculo do Sr. Perito para exclusão do valor relativo às horas extras e demais acessórios, conforme item 3.1;
d) Sucessivamente, dada a condição de horista da Exequente, seja determinada a correção do cálculo para que seja computado somente o adicional da hora extra, consoante determinado em sentença, posto que a hora laborada já se encontra remunerada, conforme item 3.2;
e) Seja determinada a correção do erro material relativo aos reflexos do salário por fora, conforme item 3.4;
f) averiguação da suspeição/impedimento do perito Sr. Luiz Octávio Oliani, intimando-o para prestar os esclarecimentos acerca de sua participação na consecução dos laudos, haja vista os indícios veementes de fraude. Restando confirmada sua participação na elaboração do memorial descritivo encomendado pela SACI, que seja declarada a nulidade do referido laudo vez que carreado a estes autos, como documento base para confirmar a delimitação pretendida pela Exequente, amparando decisão judicial monocrática com relação a delimitação do imóvel de mat. 43.670;
g) seja declarada a nulidade da delimitação fixada, a fim de que não se leiloe o imóvel errado, pois conforme se comprova, a matrícula limítrofe com a 93448 é a matrícula 45.195;
h) seja declarada a nulidade do auto de penhora e avaliação lavrado pela Sra. Oficial de Justiça, ante a total inabilidade técnica da mesma para fins de delimitação da matrícula 43.670, aliada a todas as provas retro mencionadas de que a matrícula limítrofe da mat. 93.448 é a mat. 45.195;
i) Seja investigada a existência de fraude processual envolvendo a Exequente, a SACI e o Sr. Luiz Octávio Oliani, no intuito de alterar a delimitação do imóvel penhorado;
j) Seja reconhecido que a matrícula 43670, penhorada nestes autos, não é vizinha da matrícula 93448 de propriedade da SACI, terceira interessada no imóvel e contratante da avaliação do assistente técnico, LUIZ OCTÁVIO OLIANI, apresentado pela Exequente.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba, 24 de setembro de 2018.
Mônia Xavier Gama Vallim
OAB.PR. 23380
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