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Transição demográfica, é a mudança de um contexto populacional com elevada frequência de óbitos e nascimentos na população, para uma redução na frequência, tanto de mortes quanto de nascimentos. No Brasil, o processo de transição demográfica teve início na década de 40, quando se observou redução na mortalidade causada por doenças infecciosas e parasitárias, em função das medidas de prevenção adotadas. Esta redução proporcionou um aumento na longevidade e expectativa de vida da população. Observamos ainda uma queda na fecundidade, reduzindo em 30 anos, cerca de 50%, a taxa de fecundidade, uma vez que em 1960 a média de filhos era de 6,3 por mulher, enquanto em 1990 a média foi de menos de três filhos por mulher. Esta redução na fecundidade tem relação com a efetividade de métodos de planejamento familiar, o que reduziu a população d e jovens e crianças, modificando a estrutura etária da população. O fato de termos tido uma redução na mortalidade, fez com que as pessoas vivessem mais, aumentando a população de idosos e sua expectativa de vida. Este aumento na população idosa favorece o adoecimento e a mortalidade por doenças crônicas e degenerativas. Além da taxa de mortalidade e fecundidade, não podemos esquecer da influência da migração, pois com a industrialização ocorreu o processo de urbanização, e com migração da população rural para as cidades, tal fato colaborou para a mudança no perfil demográfico brasileiro. Podemos afirmar que de uma sociedade predominantemente rural e tradicional, com famílias numerosas e risco de morte na infância elevado, passamos para uma sociedade urbana com famílias menores. Além do envelhecimento, observamos uma feminização populacional, devido a maior proporção do sexo feminino em relação ao masculino, pois as mulheres têm maior longevidade que os homens, uma vez que são menos vulneráveis aos riscos. É a mudança no modo de adoecer, morrer e de incapacitar uma população. Como pudemos observar, com o passar dos anos, houve um declínio nas mortes em decorrência das doenças infectoparasitárias, com melhoria nas condições sanitárias e de vida, houve redução da mortalidade infantil, porém observamos com o envelhecimento da população e a industrialização, uma mudança no modo de vida e maior predisposição a doenças crônicas degenerativas. Desta forma, há uma redução da mortalidade para aumento de morbidade e incapacidade por doenças crônicas na população idosa. A teoria da transição epidemiológica assume que há a substituição de mortes decorrentes de doenças infectocontagiosas por doenças e agravos crônicos não transmissíveis, porém, em nosso país observa-se o que alguns autores denominam de tripla carga, que é a persistência de doenças infecciosas e parasitárias e causas perinatais, aumento de mortes e inca pacidades decorrentes de violência e causas externas e de doenças crônicas e de seus fatores de risco como tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada, dentre outros. Alguns autores caracterizam a transição epidemiológica no Brasil como tendo: • Superposição: de doenças inf ecciosas e parasitárias com doenças crônicodegenerativas. • Contra transição: com ressurgimento de doenças antigas como dengue e cólera e aumento de doenças como malária, tuberculose, hanseníase e leishmaniose. • Transição prolongada: permanência elevada da morbimortalidade decorrente de doenças infecciosas e crônicas não transmissíveis. • Polarização epidemiológica: onde há diferentes padrões de morbimortalidade nas diferentes regiões do país. É caracterizada em nosso país pela substituição da desnutrição pela obesidade. Com a transição observada nos últimos anos, vimos que a desnutrição deixou de ser a causa de morbimortalidade, e a obesidade passa a ser a principal causa, tornando-se um problema de saúde pública. Segundo Soares e Cols (2013), na maioria dos países tem se observado que a desnutrição infantil está sendo eliminada e substituída pela má-nutrição, e que no Brasil estudos têm retratado uma diminuição em torno de 50% na prevalência da desnutrição no Brasil, embora a desnutrição nos primeiros anos de vida ainda seja preocupante. A má qualidade nutricional, caracterizada pelo consumo de alimentos industrializados, uma dieta rica em gorduras, açúcares e sal predispõem distúrbios nos lipídeos (aumento de gordura), que associados à inatividade física favo recem a obesidade. Como reflexo da transição nutricional, observou-se uma redução no déficit estatural na população, característico dos quadros de desnutrição na infância, porém, em contrapartida, temos aumento vertiginoso de sobrepeso e obesidade em todas as faixas etárias. A transição demográfica no Brasil é resultante da redução na taxa de mortalidade e fecundidade, que levou ao aumento da expectativa de vida e ao envelhecimento populaci onal. Somado a isto, tivemos a industrialização, e a urbanização. A transição epidemiológica no Brasil é caracterizada pela tripla carga, persistência de doenças infecciosas e parasitárias, com elevada morbimortalidade por doenças crônicas e degenerativas e por causas externas. A transição nutricional é caracterizada pela substituição de um padrão de escassez alimentar, como na desnutrição, para um padrão de excesso, porém de má qualidade nutricional, como na obesidade. Existe uma forte relação entre as três transições, pois as mudanças sociais decorrentes da industrialização e urbanização, associadas ao envelhecimento populacional decorrente da transição Transição nutricional demográfica, juntamente com mudanças nos hábitos alimentares que caracterizam a transição nutricional, agravadas pelo sedentarismo, tabagismo, predispõem a obesidade que são fatores de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Assim como a urbanização e a vida moderna têm forte relação com o aumento da morbimortalidade por causas externas. O cenário de transições demográfica, epidemiológica e nutricional impõem ao Sistema Único de Saúde a necessidade de um modelo de assistência integrado e de cuidados integrais que articulem os cuidados da atenção básica aos outros pontos da rede de atenção à saúde, de modo a enfrentar a condição de tripla carga. Do contrário, teremos uma população envelhecida com incapacida des e com qualidade de vida comprometida. QUESTÕES 1. Complete a frase a seguir: A _________________ é resultante da redução da taxa de ___________________, que levou ao aumento da expectativa de vida e ao envelhecimento populacional. a) Transição demográfica, de morbidade e natalidade. b) Transição nutricional, de mortalidade e fecundidade. c) Transição epidemiológica, de morbidade e fecundidade. d) Transição demográfica, de mortalidade e fecundidade. e) Transição epidemiológica, de mortalidade e natalidade 2. Houve um declínio nas mortes em decorrência das doenças infecto- parasitárias, com melhoria nas condições sanitárias e de vida, principalmente da mortalidade infantil, porém com o envelhecimento da população e a urbanização, com maior predisposição a doenças crônicas degenerativas. Assinale a sequência correta. Qual transição tem relação com o texto exposto acima? ( ) Transição demográfica. ( ) Transição nutricional. ( ) Transição epidemiológica. a) V, V, V. b) V, F, V. c) V, V, F. d) F, F, V. e) V, F, F 3. Como se caracteriza a transição epidemiológica? a) ( ) Aumento da mortalidade por doençasinfecto-parasitárias na primeira infância. b) ( ) Redução da morbimortalidade por doenças crônicas degenerativas. q u e s t õ e s c) ( ) Aumento da morbimortalidade por doenças crônicas degenerativas. d) ( ) Redução da morbimortalidades por causas externas. e) ( ) Redução da desnutrição e aumento de casos de obesidade.
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