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DIAGNÓSTICO DE RISCOS E IMPACTOS AMBIENTAIS Professor Robson Zago Souza 2 2 ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS Nesse segundo bloco aprenderemos um pouco mais sobre a análise e a avaliação de riscos ambientais. Atualmente, as indústrias estão sendo obrigadas a utilizar diferentes técnicas de perigos baseados em inúmeras legislações vigentes, a fim de evitar danos ao meio ambiente. Bons estudos! 2.1 Técnicas de Análise de Risco Ao longo dessa disciplina você já se deparou com textos, artigos e aulas que falam dos impactos negativos causados pela ação humana, certo? Para que esses diferentes tipos de riscos ambientais diminuam ou até mesmo sejam eliminados, o homem criou inúmeras técnicas de análise de riscos. Essas técnicas são ferramentas imprescindíveis para o correto gerenciamento de uma empresa. Existe uma sutil diferença entre análise e avaliação de impactos ambientais. Na análise, o objetivo é identificar os fatores que contribuíram para os resultados. Já a avaliação tem o intuito de comparar os resultados que foram muitas vezes alcançados com aquilo que foi desejado. Por essa razão, a análise de riscos ambientais é de extrema importância, pois nesse campo de observação, os resultados serão interpretados e compreendidos. Existem, hoje em dia, inúmeras técnicas de análise de riscos. Veremos algumas delas a seguir. Análise Preliminar de Perigos (APP) A primeira das técnicas apresentada se chama Análise Preliminar de Perigos (APP). Essa técnica consiste no preenchimento de uma planilha onde os principais itens a serem 3 preenchidos são: causa, modo de detecção, efeitos, além das recomendações e observações. A seguir, um modelo de apresentação de uma planilha para a elaboração da APP: Exemplo: no primeiro campo devemos colocar um tipo de risco que possa existir dentro da empresa, como uma liberação tóxica, por exemplo. A seguir, devemos preencher as possíveis causas dessa liberação (como um vazamento ou até mesmo o não consumo de todo gás tóxico). Depois, é necessário indicar se existe um modo de detecção, como um alarme ou se ele simplesmente não existe e quais os possíveis efeitos desse risco (possíveis mortes, por exemplo). É necessário categorizar esse risco em três frentes (frequência, severidade e risco). No campo frequência existe uma classificação que vai desde “Muito Improvável”, simbolizado pela letra A, indo para “Improvável”, onde se utiliza a letra B, passando por “Ocasional” (letra C), “Provável” (letra D) e, por último, “Frequente” (letra E). Já no campo severidade deve-se mencionar se o incidente é “Desprezível” (simbolizado pelo número I em romano), “Marginal” (II), ou seja, com potencial de causar ferimentos e pequenos danos ao meio ambiente, “Crítico (III)”, nesse caso é capaz de causar grandes danos ao meio ambiente e instalações e, por último, “Catastrófico” (IV), com potencial de causar danos irreparáveis, por exemplo. A última frente a ser mencionada é a categoria de risco, passando de “Desprezível” (1), “Menor” (2), “Moderado” (3), “Sério” (4) e “Crítico” (5). 4 Por fim e não menos importante, deve-se escrever quais são as medidas e/ou observações para que esse risco seja de fato extinto ou minimizado. Uma das observações que podem ser dadas de acordo com o exemplo dado sobre a liberação tóxica é a instalação de um sistema de alarme e minimizar armazenamento local. HazOp HazOp é uma técnica que deve contar com uma equipe multidisciplinar que trabalha para evitar possíveis anomalias dentro de uma empresa. Também deve ser preenchida uma tabela, como você verá a seguir: Fonte: Amorim, 2013. Na primeira coluna deve-se estabelecer uma palavra-guia, que tem como função apresentar se existe aumento ou diminuição quantitativa. Depois, deve-se preencher qual o tipo de desvio (se é menos vazão ou mais vazão de um líquido) e, sucessivamente, preencher o campo de causas possíveis (a fim de evitar o possível problema). Tanto o campo “consequências”, como o de “ações requeridas” são muito parecidos com a técnica anterior. 5 What if? Por fim, temos a What if?, técnica bastante interessante e um pouco mais simples que aponta as causas e consequências a partir de uma pergunta: “O que aconteceria se?”. Veja a tabela a seguir: Atividade O que aconteceria se Causas Consequências Observações e Recomendações Exemplo: na primeira coluna deve ser escrita qual é a atividade que vai desencadear todo o processo. Por exemplo, a construção de uma hidrelétrica. Após isso, deve-se responder a um questionamento, algo do tipo “o que aconteceria se fosse construída uma barragem na região” para depois serem apontadas as causas, consequências e, é claro, as observações e recomendações. Para ilustrar o exemplo anterior, poderíamos citar como causa o alagamento da região, como consequência, a morte de peixes e/ou a queda do número de peixes para os pescadores. Como observação e/ou recomendação pode ser realizado um estudo mais aprofundado na área para evitar tal problema. 2.2 Avaliação da Exposição, Percepção e Comunicação de Riscos Ambientais Você já deve ter ouvido falar em expressões do tipo: “Não subestime a mãe natureza”, ou ainda, “Aqui se faz, aqui se paga”. Contextualizando essas expressões com a nossa temática, podemos falar um pouco sobre os riscos de acidentes ambientais que todos 6 nós estamos passíveis de enfrentar. Acidentes como terremotos, maremotos e até mesmo tsunamis ocorrem quase diariamente nos quatro cantos do planeta. Precisamos nos recordar do significado de risco, que nada mais é do que uma combinação entre a magnitude dos danos atrelada à frequência da sua ocorrência. Muitas das vezes esses acontecimentos não foram ou não são previstos pelo homem, o que torna cada vez mais difícil encontrar soluções ou medidas para atenuar ou eliminar qualquer tipo de impacto, até mesmo aquele que, por muitas vezes, pode ser fatal. Por essa razão, é imprescindível que se concentrem estudos em busca de respostas principalmente para os grandes acidentes. O uso da comunicação, por exemplo, pode ser uma importante ferramenta para o acesso à informação, juntamente com o estudo da percepção de risco, que vai procurar sinais negativos que podem causar grandes estragos. Outro item que também precisa ser considerado é a avaliação da exposição dos riscos ambientais. É extremamente importante saber, por exemplo, quais são os agentes de um ambiente de trabalho. Tanto um agente físico, químico ou biológico pode causar inúmeras enfermidades nas pessoas e, dependendo da sua concentração, impactos irreversíveis no meio ambiente. 2.3 Técnicas de Identificação de Perigos Dentre as diversas técnicas utilizadas para a identificação de perigos, as mais comumente utilizadas e aqui apresentadas, são: 1. Análise Preliminar de Perigos (APP) 2. Estudo de Perigos e Operabilidade (HazOp – Hazard and Operability Study) 3. Lista de Verificação (Checklist) 4. Análise “E se...” (What If...?) 5. Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) 6. Análise Histórica de Acidentes 7. Análise de Causas e Consequências 8. Análise de Árvore de Falhas (AAF) 7 9. Análise de Árvore de Eventos (AAE) Existem muitas técnicas de prevenção de impactos negativos dentro de uma empresa. O vídeo que foi indicado nesse subitem, por exemplo, aponta algumas técnicas e dicas de identificação de perigos mais utilizadas nas empresas brasileiras. É importante ressaltar que não existe uma técnica perfeita, pois cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens. Também é importante frisar que as empresas podem utilizar mais de uma das técnicas apresentadas, podendo dessa forma alcançar um alto grau de excelência.Existe, por exemplo, uma técnica chamada Análise de Modos de Falhas e Eventos (AMFE) que, diferente das outras técnicas mostradas acima, faz uma análise individual de componentes que possam causar danos em um sistema. Ainda diferente das técnicas estudadas, ela não considera erros humanos. Abaixo segue um modelo de planilha de AMFE: 8 Fonte: Amorim, 2013. Já a Análise de Segurança da Tarefa (AST) é outra técnica bastante eficiente, pois descreve passo a passo as etapas, além de citar as medidas preventivas. Essa técnica, inclusive, é muito parecida com outra que já estudamos aqui: a Análise Preliminar de Perigos (APP), porém, a AST foca em uma tarefa e suas diversas etapas. 9 2.4 Estudo de Análise de Riscos Ambientais (EAR) Você já percebeu que este bloco enfatiza as análises e avaliações de impactos ambientais, não é mesmo? Nesse subitem não será diferente. O estudo de análises de riscos é uma ferramenta que não necessariamente é restrita à área de gestão ambiental, mas pode ser usada em outras áreas, até mesmo na gestão de projetos. O EAR se baseia na quantificação e qualificação de riscos através de cálculos matemáticos e, é claro, na identificação de perigos. Para a elaboração do EAR são realizadas algumas etapas importantes. Uma delas é a caracterização da região a ser estudada. Nessa primeira etapa é realizado um levantamento da região que será influenciada pela construção do empreendimento, além da caracterização de todas as atividades operacionais. Após toda a coleta de informações, os resultados são cruzados e interpretados. Outra etapa da EAR é a de identificar perigos que, por sua vez, podem causar acidentes. Nessa etapa o estudo visa identificar eventos indesejáveis para que sejam eliminados. Nesse caso são definidas as hipóteses acidentais, que podem causar grandes consequências. Detalhe: nessa fase são empregadas técnicas de identificação de perigos, tais como a APP, Hazop, What if e/ou Checklist. A partir daí, são realizadas as estimativas dos efeitos físicos de análise e de vulnerabilidade. Nessa etapa deverão ser utilizados modelos matemáticos que representem os efeitos decorrentes das hipóteses que foram identificadas através das técnicas realizadas na etapa anterior. Uma das representações que possam representar os possíveis efeitos são as sobrepressões causadas pelas explosões e as radiações térmicas oriundas de incêndios. As próximas etapas estão relacionadas com estimativas de efeitos e frequências de falhas de equipamentos. Nessas etapas também podem-se utilizar técnicas de identificação de perigos, tais como a Análise Árvore de Eventos (AAE), a Análise de Árvore de Falhas (AAF), além da Análise Histórica de Acidentes. Os dados referentes aos equipamentos costumam estar disponíveis nos fabricantes que, por sua vez, precisam manter o seu banco de dados sempre atualizado. 10 Com relação à última etapa antes do gerenciamento de riscos, a estimativa e a avaliação dos riscos dependem de uma série de fatores a serem contemplados, como danos à saúde e levantamento de possíveis vítimas fatais. Por fim, é necessário criar um programa que contemple todas as informações citadas acima: um programa de gerenciamento de riscos. Esse programa é parte fundamental de um processo de análise e avaliação de riscos e passa por auditorias com intuito de melhorar sempre, além da criação de um plano de emergência. O Plano de Ação de Emergência, por exemplo, é um elemento fundamental, pois através dele são criadas ações que visam à minimização de impactos de perigos não identificados. Esse programa de gerenciamento de riscos contempla também os seguintes itens: revisão de riscos e processos, pois a empresa sofre muitas transformações durante o processo; capacitação dos profissionais; investigação de acidentes, até para que se saibam as possíveis causas; auditorias, que são importantíssimas ferramentas desde que feitas de forma periódica. Nesta etapa também é criado um Plano de Emergência Individual (PEI), porém, específico para incidentes de poluição relacionados a óleo no mar. Esse plano deve possuir minimamente os cenários acidentais, a estrutura organizacional, a análise da vulnerabilidade, os equipamentos e materiais de resposta e os procedimentos operacionais de resposta. 2.5 Normas Aplicadas Veremos agora que tudo o que foi mostrado até então é totalmente amparado por legislações. Especificamente sobre a avaliação de impactos ambientais (AIA), a Resolução CONAMA n.1, de 23 de janeiro de 1986 dispõe sobre seus critérios básicos. Um dos itens importantes apontados nessa resolução e que são consideradas ferramentas importantíssimas para a AIA são o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Nessa resolução são definidas, por exemplo, quais são as atividades onde o EIA/RIMA é obrigatório. Não é qualquer atividade, por exemplo, que necessita de um EIA/RIMA, tais como a reforma ou a construção de uma 11 casa. Já para a construção de aeroportos, rodovias, aterros sanitários, enfim, grandes construções, aí sim um estudo acompanhado de um relatório é obrigatório. A resolução também aponta algumas atividades técnicas relacionadas ao estudo de impacto ambiental, tais como: diagnóstico ambiental, o meio físico, biológico e socioeconômico. O meio físico faz referência a fatores abióticos, como o solo, a água, o ar etc. Já o meio biológico está relacionado basicamente a fauna e a flora. Por fim, o diagnóstico socioeconômico faz menção ao uso e ocupação do solo, as relações de dependência a sociedade local e a potencial utilização dos recursos ambientais. Conclusão Chegamos ao fim do nosso terceiro bloco “Análise e Avaliação de Riscos Ambientais”. Nele foi possível observar que, por mais que a ação antrópica ainda castigue a natureza, o homem pouco a pouco tenta restabelecê-la. Isso é notado através das diversas técnicas de identificação de perigos apresentadas ao longo desse bloco, além de estudos de análises de riscos. Toda e qualquer técnica/estudo apresentado nesse bloco tem o intuito de diminuir os impactos ambientais, mesmo sabendo que eliminá-lo em 100% é algo quase impossível de atingir. Referências Bibliográficas AMORIM, E. L. C. Curso completo de análise de risco. Notas de Aula. Maceió, 2013. Disponível em: <www.ctec.ufal.br/professor/elca>. Acesso em: Março/2019. Apostila do curso sobre estudo de análise de riscos e programa de gerenciamento de riscos. Módulo 10. Ministério do Meio Ambiente. 2006. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_12.pdf>. Acesso em: Março/2019. FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE (FEEMA). Instrução técnica para elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Rio de Janeiro: FEEMA, 2007.
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