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ANATOMIA SISTÊMICA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
 
 
Parte II 
 
Conteúdos teórico e prático 
 
 
 
Cavidades corpóreas 
Sistema respiratório 
Aparelho cardiovascular 
Aparelho digestório 
Sistema urinário 
Aparelho reprodutor 
Endocrinologia 
 
 
 
 
 
 
Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Cavidades Corpóreas 
 
1 
Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
CAVIDADES CORPÓREAS 
 
 
Durante a construção corpórea dos vertebrados, distingue-se uma etapa onde o 
embrião forma um tubo dorsal e um tubo ventral (princípio de construção corpórea de 
paquimeria ou tubulação). 
O tubo dorsal é representado no animal pelo espaço ósseo dorsal que guarnece 
o sistema nervoso central. Já o tubo ventral é revestido por uma membrana serosa e é 
representado pelo espaço da região do tronco que guarnece os órgãos vitais e de 
manutenção da vida, formando as cavidades corpóreas. 
 
Desta forma, pode-se conceituar cavidade corpórea como o espaço 
formado, embriologicamente, pelo paquímero ou tubo ventral que acomoda 
e protege os órgãos do animal, sendo revestida por serosas. 
 
As cavidades corpóreas têm uma parede de limitação formada por ossos, 
cartilagens, articulações, músculos e tegumento (massa externa de construção 
corpórea). Essa parede possui uma estratigrafia básica (da superfície externa para 
interna) em: tegumento → tecido subcutâneo → camadas musculares e suas fáscias → 
fáscia interna do tronco → túnica serosa. 
Durante a evolução dos vertebrados, a cavidade corpórea assumiu limitações 
físicas e funcionais que possibilitaram sua divisão nos mamíferos em: cavidade torácica, 
cavidade abdominal e cavidade pélvica. 
 
❖ Nota 1: Os termos tórax, abdome e pelve referem-se à região do corpo e são 
diferentes de cavidades e paredes torácica, abdominal e pélvica. Portanto, tórax é 
composto pela cavidade e parede torácica; abdome é composto pela cavidade e 
parede abdominal; e pelve é composta por cavidade e parede pélvica. 
 
A cavidade torácica separa-se da abdominal por um limite físico transversal 
representado pelo músculo diafragma, o qual possibilita a passagem de estruturas de 
característica contínua entre essas por orifícios (óstio da veia cava caudal, hiato 
esofágico e hiato aórtico). A cavidade abdominal não tem uma separação física real com 
a cavidade pélvica, sendo o limite entre essas representado pela linha terminal, que é 
formada pela união dos pontos de referência do promontório sacral, linha arqueada e 
parte cranial da sínfise pélvica. 
 
❖ Nota 2: 
- Limites da cavidade torácica: 
Cranial: primeira vértebra torácica (dorsalmente), o primeiro par de costelas 
(lateralmente) e o manúbrio do esterno (ventralmente). 
 Caudal: última vértebra torácica (dorsalmente), o último par de costelas e o arco 
costal (lateralmente), o processo xifóide (ventralmente) e o m. diafragma 
(transversalmente). 
 
- Limites da cavidade abdominal: 
Cranial: primeira vértebra lombar (dorsalmente), o último par de costelas e o arco 
costal (lateralmente), o processo xifóide (ventralmente) e o m. diafragma 
(transversalmente). 
Caudal: linha terminal. 
 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Cavidades Corpóreas 
 
2 
Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
- Limites da cavidade pélvica: 
Cranial: linha terminal (promontório sacral, linha arqueada e corpo do pube). 
Caudal: terceira ou quarta vértebra caudal (dorsalmente), arco isquiático 
(ventralmente), ligamentos sacrotuberais e músculos semimembranáceos 
(lateralmente), musculatura e fáscia perineal (caudalmente). 
 
As serosas que envolvem as cavidades corpóreas internamente têm a 
característica de serem formadas por duas lâminas: uma que reveste internamente sua 
parede (serosa parietal) e uma que envolve os órgãos contidos nessa (serosa visceral). 
Macroscopicamente, as serosas são lisas, transparentes, delgadas, brilhantes e 
bastante inervadas. Produzem um líquido (líquido seroso), que fica entre suas lâminas e 
atua diminuindo o atrito e o impacto entre os órgãos durante os seus movimentos de 
acomodação. Além disso, a serosa ajuda na fixação (através de ligamentos e pregas), 
proteção dos órgãos e na distribuição dos vasos sanguíneos para estes. 
A serosa que reveste a cavidade torácica é denominada de pleura (parietal e 
visceral), a qual se distribui nos dois antímeros, formando os “sacos pleurais”. A porção 
mediana da cavidade torácica, assim como seus órgãos, não recebe revestimento pela 
pleura, formando uma região denominada de mediastino. A pleura ao revestir a cavidade 
torácica e seus órgãos forma várias pregas e ligamentos. 
As cavidades abdominal e pélvica são revestidas total (cavidade abdominal) ou 
parcialmente (cavidade pélvica) por uma única serosa, o peritônio (parietal e visceral). 
Os órgãos que são revestidos completamente pelo peritônio são denominados de 
intraperitoneais, os parcialmente de retroperitoneais e os não revestidos de 
extraperitoneais. 
O peritônio forma vários ligamentos e pregas ao dirigir-se da parede aos órgãos, 
porém algumas assumem maior importância funcional como os mesos e os omentos. Os 
mesos são pregas peritoneais que se prolongam até a margem de um órgão enquanto 
os omentos formam “bolsas” que envolvem alguns órgãos abdominais. 
 
❖ Nota 3: 
Alguns sistemas possuem órgãos e formações que devem permitir interação com o 
meio externo pela entrada e saída de substâncias (ex.: sistema digestório, sistema 
urinário). Esses sistemas possuem órgãos cavitários que são revestidos internamente 
por mucosas e o caminho formado por eles para conduzir os elementos do meio 
externo para o meio interno e vice-versa são denominados de tratos sistêmicos. É 
importante distinguir cavidade corpórea (espaço do corpo que aloja órgãos e é 
revestida internamente por serosa) de cavidade do órgão (espaço do órgão revestido 
internamente por mucosa e que pode ou não estar alojado em uma cavidade 
corpórea). 
 
 
ROTEIRO PRÁTICO: Cavidades Corpóreas 
 
 
➢ Em cadáveres de animais domésticos ou em blocos dos sistemas das cavidades 
corpóreas, reconheça os órgãos que ocupam as cavidades corpóreas e as serosas 
(pleura e peritônio) com suas formações. 
➢ Note o encaixe entre os órgãos, o que auxilia a manter suas posições nas cavidades 
corpóreas. 
➢ A partir de agora, cada órgão será estudado detalhadamente em seu respectivo 
sistema. 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
3 
Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
 
 
1. CONCEITO E FUNÇÃO 
 
A respiração é uma função básica dos seres vivos, que consiste na absorção do 
oxigênio pelo organismo e na eliminação de produtos resultantes do metabolismo celular, 
especialmente o gás carbônico. 
Nos animais, a troca gasosa não pode ser realizada diretamente entre as células 
e o meio, portanto esses necessitam de um elemento intermediário para realiza-la, que 
é o sangue. Esta troca indireta que envolve o sangue é denominada de hematose. 
 
Desta forma, pode-se conceituar o sistema respiratório como o conjunto de 
órgãos desenvolvidos para garantir o processo de respiração através da 
troca gasosa com o sangue, em um processo denominado hematose. 
 
As funções do sistema respiratório são: conduzir o ar até o local da hematose, 
propiciar as condições adequadas de purificação, umidade e temperatura do ar e realizar 
a hematose para o processo da respiração. 
 
 
2. CARACTERÍSTICAS E COMPOSIÇÃO 
 
Os órgãos componentes do sistema respiratório são, no sentido crânio-caudal, 
o nariz, a faringe (nasofaringe e laringofaringe), laringe, traquéia, brônquios e pulmões. 
Todo o trato respiratório é desenvolvido para garantir a chegada do ar em 
condições adequadas até o alvéolo pulmonar. Portanto, durante a condução do ar, este 
precisa ser preparado para atender as características do organismo, mantendo as 
condições de umidade, temperatura e purificação necessárias para entrarem contato 
com o sangue. A hematose ocorre nos alvéolos pulmonares (pulmão), onde o sangue 
dos capilares alveolares entra em contato com o ar através da fina parede alveolar. 
O volume de ar que entra no organismo é regulado pelas narinas e pela laringe, 
porém a entrada e a saída do ar são controladas pelos músculos respiratórios, dentre os 
quais o mais importante é o músculo diafragma. Estes músculos expandem a cavidade 
torácica criando uma pressão negativa capaz de “puxar” o ar para o interior do trato 
respiratório (inspiração). O relaxamento da musculatura faz com que a pressão torácica 
volte a sua normalidade expulsando o ar do trato (expiração). 
Funcionalmente, o sistema respiratório pode ser dividido em uma porção 
condutora e uma porção respiratória. 
- Porção condutora: 
A porção condutora é constituída por órgãos tubulares de estrutura ósteo-
cartilago-membranácea (osso, cartilagem, músculos e mucosa), cuja função é a de 
conduzir o ar inspirado até os pulmões e o ar expirado até o meio externo. 
A porção condutora possui uma estrutura óssea e cartilagínea em sua formação 
para garantir a sustentação necessária para mantê-la sempre aberta para a passagem 
do ar. Toda a mucosa que reveste a porção condutora é especializada em preparar o ar 
para a hematose, realizando seu controle de umidade, temperatura e “purificação”. 
Seus componentes são nariz, faringe (nasofaringe e laringofaringe), laringe, 
traquéia e brônquios. 
- Porção respiratória: 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
A porção respiratória é constituída pelos pulmões, representado, 
microscopicamente, pelas unidades morfofuncionais que formam o seu parênquima que 
são os alvéolos pulmonares. 
 
 
2.1 Nariz: nariz externo, cavidade nasal e seios paranasais 
 
Nariz Externo 
O nariz externo é a área inicial do sistema respiratório demarcada externamente 
no animal. Nos mamíferos domésticos, com exceção do equino, o tegumento desta 
região é modificado. De acordo com sua extensão, a região modificada é variavelmente 
conhecida como plano nasal (região bem individualizada característica dos caninos, 
felinos e pequenos ruminantes), plano rostral (presença do osso rostral característico do 
suíno), plano nasolabial (relação de extensão do nariz externo com o lábio superior, 
característico dos bovinos). Os planos podem ser divididos por um sulco mediano 
denominado filtro (philtrum) e conserva-se úmido no bovino, no suíno e no cão. 
Sua entrada é marcada rostralmente por duas aberturas que comunicam o meio 
externo com as cavidades nasais denominadas narinas. Estas são mantidas abertas por 
meio de um grupo de cartilagens hialinas, que se dispõem ao seu redor e são auxiliadas 
pela cartilagem do septo nasal. Estas cartilagens dão o formato da narina para as 
espécies. Nos equinos, a forma de vírgula da cartilagem nasal alar divide a narina em 
uma porção ventral (narina verdadeira) e uma dorsal em “fundo cego” (divertículo nasal 
– narina falsa). 
 
Cavidade Nasal 
A cavidade nasal é a região que se estende desde as narinas (rostral) até as 
coanas (caudal), que representam seus limites com o meio externo e com a nasofaringe, 
respectivamente. Esta separada da cavidade oral pelo palato duro e suas funções 
relacionam-se com a passagem e preparo do ar, além da característica olfatória. 
A cavidade nasal está protegida e sustentada por um arcabouço formado pelos 
ossos nasal, frontal, lacrimal, incisivo, maxilar e palatino. É dividida em antímeros direito 
e esquerdo por uma parede mediana denominado septo nasal, o qual é formado por 
cartilagem e pelos ossos vômer e etmóide. 
A parte ventral da cavidade nasal (assoalho da cavidade nasal) é sustentada 
pelo palato duro e separa essa da cavidade oral. Em sua extremidade cranial encontra-
se um estreito orifício, a abertura nasal do ducto incisivo, que é um curto conduto que 
comunica a cavidade oral, a cavidade nasal e o órgão vomeronasal. 
A mucosa da cavidade nasal forma elevações alongadas denominadas de 
conchas nasais. Estas são sustentadas pela parte óssea lateral e por formações do osso 
etmoide denominadas de etmoturbinais, que são pequenas lâminas ósseas que se 
destacam da lâmina crivosa do etmóide em direção à cavidade nasal. 
As conchas nasais garantem uma maior superfície de contato da mucosa com o 
ar, sem aumentar o tamanho do órgão. De acordo com sua disposição e formação são 
denominadas de conchas nasais dorsal, ventral e etmoidais. 
As conchas nasais etmoidais situam-se na região caudal da cavidade nasal. A 
mais rostral e maior delas situa-se entre as porções caudais das conchas nasais dorsal 
e ventral e é por isso denominada de concha nasal média. As conchas nasais etmoidais 
contém o maior número de células olfatórias nos mamíferos. 
As conchas nasais dorsal e ventral formam, em sua extremidade rostral, pregas 
que revestem as cartilagens nasais. A concha nasal dorsal forma a prega nasal reta e a 
concha nasal ventral as pregas nasais alar e basal. Próximo as pregas nasais alar e 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
basal encontra-se o óstio nasolacrimal, que é a abertura nasal do ducto nasolacrimal, o 
qual comunica a região da órbita óssea com a cavidade nasal. 
A presença das conchas nasais determina a divisão da cavidade em quatro 
espaços, os meatos nasais dorsal, médio, ventral e comum. O meato nasal dorsal situa-
se entre o teto da cavidade nasal e a concha nasal dorsal. O meato nasal médio 
encontra-se entre as conchas nasais dorsal e ventral. O meato nasal ventral situa-se 
entre a concha nasal ventral e o assoalho da cavidade nasal. Os três meatos comunicam-
se com o meato nasal comum, que é o espaço situado entre todas as conchas nasais e 
o septo nasal. 
 
Seios Paranasais 
Os seios paranasais são cavidades cheias de ar localizadas no interior de alguns 
ossos do crânio. Estão revestidos pela mucosa nasal e todos se abrem direta ou 
indiretamente na cavidade nasal. Os seios paranasais são estruturas pares, de formato 
irregular, podendo ser assimétricos. Suas capacidades desenvolvem-se com a idade, 
havendo muitas variações individuais. 
Suas funções estão relacionadas com o acondicionamento e purificação do ar 
inspirado; aumentam a superfície externa do crânio, sem aumentar o peso da cabeça; 
aumentam a resistência da cabeça contra pressões externas; protegem o encéfalo, 
constituindo uma caixa isolante com finalidades termorreguladoras. 
Encontra-se nos animais domésticos os seios paranasais maxilar (recesso 
maxilar no cão), frontal, palatino, esfenoidal e lacrimal (somente nos suínos e 
ruminantes). No equino, os seios palatino e esfenoidal encontram-se fundidos, formando 
o seio esfenopalatino. 
 
 
2.2 Faringe 
A faringe é um órgão tubular que serve tanto ao sistema respiratório quanto ao 
aparelho digestório. Forma um tubo que comunica as cavidades nasal e oral com a 
laringe e o esôfago, respectivamente. 
O palato mole (prega musculo-membranácea contínua com o palato duro) divide 
parcialmente a faringe em duas porções, a nasofaringe (dorsalmente e ligada a cavidade 
nasal) e a orofaringe (ventralmente e ligada a cavidade oral). A porção caudal da faringe, 
que não é dividida pelo palato mole, é comum aos tratos digestório e respiratório e é 
denominada laringofaringe. Em virtude das posições do esôfago (dorsalmente) e da 
laringe (ventralmente), há um entrecruzamento das vias digestória e respiratória na 
região da laringofaringe. 
A nasofaringe é a maior das três partes da faringe. Rostralmente, comunica-se 
com a cavidade nasal através das coanas, e caudalmente está separada da 
laringofaringe pelo arco palatofaríngico Em suínos e ruminantes, a nasofaringe é 
parcialmente dividida medianamente pelo septo faríngico, que representa uma 
continuação da parte membranácea do septo nasal. 
Em sua região dorso-lateral, encontra-se a tonsilafaríngica, e, em sua parede 
lateral, observa-se uma fenda em forma de meia-lua que é o óstio faríngico da tuba 
auditiva. Este óstio comunica a nasofaringe com a orelha média por meio da tuba 
auditiva, permitindo regular a pressão na cavidade timpânica. 
Equinos e outros perissodátilos possuem uma invaginação da mucosa da tuba 
auditiva, denominada de divertículo da tuba auditiva (“bolsa gutural), sendo sua possível 
função o controle da pressão e temperatura sanguínea no interior da artéria carótida 
comum. A secreção mucosa do divertículo da tuba auditiva é, normalmente, drenada na 
faringe, através do óstio faríngico da tuba auditiva, quando o equino deglute ou está 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
pastando. Quando a saída é obstruída, a secreção acumula-se originando uma 
tumefação palpável e, muitas vezes, visível caudalmente a mandíbula. 
 
 
2.3 Laringe 
A laringe forma a conexão entre a faringe e a traqueia. Ela atua como uma 
válvula que se fecha durante a deglutição e ruminação e permanece aberta nos 
processos de respiração e eructação, sendo também o principal órgão da fonação. Está 
constituída por cartilagens, ligamentos e músculos e sustentada ao crânio pelo aparelho 
hioide (osso hioide e os músculos associados). 
As formas das cartilagens da laringe e até o número de elementos menores 
variam entre as espécies, mas poucas são as diferenças de significado prático. 
- Cartilagem epiglote (cranial): composta por cartilagem elástica, sendo bastante flexível, 
com forma de folha. Durante a deglutição, a epiglote é deslocada caudalmente de modo 
que ela cobre o ádito da laringe (entrada da laringe) e impede que substâncias estranhas 
penetrarem na traqueia. A “forma de tubo” da cartilagem epiglote nos suínos promove 
seu encaixe na nasofaringe, permitindo que eles deglutam e respirem ao mesmo tempo. 
- Cartilagem tireóide (ventral): composta por cartilagem hialina, sendo a maior e 
possuindo forma de escudo. Aloja as cartilagens epiglote e aritenóides. Sua parte mais 
crânio-ventral geralmente é espessada e forma a proeminência laríngica, mais 
desenvolvida nos machos. É o ponto de união da laringe com o osso hioide. 
- Cartilagem cricóide (caudal): é constituída por cartilagem hialina, tem forma de anel, 
sendo larga em sua parte dorsal e mais estreita ventralmente. 
- Cartilagens aritenóides (médio-lateral): constituem um par, possuindo um formato 
contorcido irregular. Apresenta três processos: o processo vocal da aritenóide (se 
estende medialmente formando o ponto de formação da prega vocal); o processo 
muscular da aritenóide (se estende lateralmente, dando inserção a musculatura da 
região) e o processo corniculado da aritenóide (se estende dorsalmente, formando a 
margem caudal da entrada da laringe). 
O conjunto das articulações, ligamentos e músculos da laringe possibilita a sua 
mobilidade. As articulações e ligamentos possuem o nome das estruturas que interligam. 
A musculatura pode ser extrínseca, movimento indireto da laringe acompanhando o 
pescoço, ou intríseca, movimento direto das cartilagens da laringe. 
A cavidade da laringe está dividida, no sentido rostro-caudal, em três segmentos: 
vestíbulo (do ádito da laringe até as pregas vocais), glote (região das pregas vocais) e 
cavidade infraglótica (da glote até a primeira cartilagem traqueal). As pregas vocais de 
ambos os lados delimitam uma fenda mediana para passagem do ar na região da glote 
denominada de rima da glote. Esta é bastante importante porque representa um 
estreitamento na cavidade ou lúmen da laringe. 
A laringe é inervada pelos nervos laríngeos cranial e caudal (recorrente). No 
equino, uma lesão no nervo laríngeo recorrente pode levar a uma paralisia do músculo 
cricoaritenóideo dorsal, causando a hemiplegia laríngea (“cavalo roncador”). 
A proteção da passagem do alimento e água para a laringe é conseguida de 
duas formas. Na deglutição, a laringe é deslocada cranialmente e a epiglote inclinada 
caudalmente, formando uma cobertura parcial à entrada da laringe. Uma segunda 
proteção ativa é fornecida a um nível mais profundo pela glote, que se fecha pela adução 
das pregas vocais. A inibição da inspiração nesse momento reduz ainda mais o risco de 
o alimento ser levado para a laringe. Quando esses mecanismos falham e o alimento 
adentra a laringe, desencadeia-se o reflexo da tosse. 
Um conjunto de forças expiratórias contra uma glote fechada permite uma 
expulsão forçada do ar quando liberado (tosse e espirro). O fechamento mantido da 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
glote, com elevação da pressão intratorácica, também é usado em atividades envolvendo 
tensão abdominal (defecação, micção e parto), já que o bloqueio da expiração ajuda a 
manter a pressão intratorácica, estabilizando o diafragma e ajudando na ação dos 
músculos da parede do abdome. 
A produção de voz é outra função importante da laringe. Os sons da palavra 
humana são mais complexos que aqueles produzidos pelas outras espécies animais, 
embora sua estrutura laríngea não seja mais complexa. O som básico é produzido pela 
vibração da corrente de ar que passa através da glote. O tom é controlado pela 
espessura, pelo comprimento e pela tensão das pregas vocais. Em circunstâncias 
normais a voz não parte da laringe em sua forma final, sendo muito mais modificada 
pelas câmaras de ressonância proporcionadas por outras cavidades da cabeça. 
 
 
2.4 Traquéia 
A traquéia é um órgão tubular cartilagíneo que se situa no nível do plano sagital 
mediano, iniciando-se na laringe e estendendo-se por todo o pescoço até o terço cranial 
do tórax, onde termina se bifurcando nos brônquios principais direito e esquerdo. 
É formada por uma série de cartilagens traqueais em forma de anéis 
incompletos, unidas umas às outras pelos ligamentos anulares da traqueia. Estes últimos 
contêm fibras elásticas, o que confere ao órgão uma relativa mobilidade. Esta arquitetura 
da traqueia permite que ela acompanhe o movimento do pescoço e evite seu 
colabamento. No pescoço, ela pode ser palpada em quase toda a sua extensão. 
Cada cartilagem traqueal é de natureza hialina, de forma mais ou menos circular 
e suas extremidades estão próximas uma da outra e no espaço entre elas encontra-se o 
músculo traqueal. 
A forma da última cartilagem traqueal difere das restantes porque é mais larga e 
apresenta internamente uma crista mediana, denominada carina da traquéia. Esta crista 
separa as origens dos brônquios principais direito e esquerdo. Um pouco antes de sua 
bifurcação, em ruminantes e suínos, a traquéia dá origem ao brônquio traqueal, para o 
lobo cranial do pulmão direito. 
 
 
2.5 Brônquios 
Cada brônquio principal direito e esquerdo origina-se da bifurcação da traquéia 
e atinge o hilo do pulmão, por onde penetra no órgão. 
De cada brônquio principal originam-se os brônquios lobares, um para cada lobo 
do pulmão. Nos ruminantes e suínos, a traqueia forma, antes de bifurcar-se nos 
brônquios principais, o brônquio traqueal direcionado ao lobo cranial direito. 
De cada brônquio lobar, originam-se os brônquios segmentares, cada um destes 
ventilando um segmento bronco-pulmonar. Os brônquios segmentares dão origem aos 
brônquios subsegmentares, que ventilam áreas independentes dentro de um segmento, 
e suas subdivisões microscópicas formam os bronquíolos respiratórios que se ligam aos 
alvéolos pulmonares. 
 
 
 
2.6 Pulmões 
Os pulmões são órgãos parenquimatosos pares e ocupam a cavidade pleural 
direita e esquerda. O parênquima pulmonar é formado pelos bronquíolos respiratórios, 
suas ramificações e pelos alvéolos pulmonares. 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
No indivíduo normal, os pulmões sempre contêm ar e crepitam quando 
comprimidos. Quando colocados na água, eles flutuam.Sua cor varia de acordo com a 
área em que o animal vive, mas normalmente são rosados. 
A posição dos pulmões é mantida por meio dos brônquios e dos vasos que nele 
penetram ou dele saem, e por uma prega da pleura denominada ligamento pulmonar. Os 
brônquios e vasos sanguíneos que vão a cada pulmão constituem o conjunto 
denominado raiz do pulmão. O hilo pulmonar é a área do pulmão por onde estas 
estruturas penetram. 
Cada pulmão apresenta para descrição, um ápice (cranial), três faces (costal, 
medial e diafragmática), duas margens (dorsal e ventral) e uma base (caudal). 
Caracteristicamente os pulmões são subdivididos em lobos pulmonares. Um 
lobo pulmonar pode ser definido como uma grande parte de tecido pulmonar que é 
ventilado por um brônquio lobar específico, estando separado dos lobos adjacentes por 
fissuras interlobares. 
Cada espécie possui um número de lobos pulmonares, que está relacionado 
com a necessidade da capacidade de acomodação do pulmão na cavidade torácica em 
situações de compressão da mesma. 
Divisão pulmonar nas espécies domésticas: 
Pulmão direito: 
- Eqüino: lobo cranial, lobo caudal, lobo acessório. 
- Ruminante: lobo cranial (dividido em partes cranial e caudal), lobo médio, lobo caudal, 
lobo acessório. 
- Suíno: lobo cranial, lobo médio, lobo caudal, lobo acessório. 
- Cão: lobo cranial, lobo médio, lobo caudal, lobo acessório. 
Pulmão esquerdo: 
- Eqüino: lobo cranial, lobo caudal. 
- Ruminante: lobo cranial (dividido em partes cranial e caudal), lobo caudal. 
- Suíno: lobo cranial (dividido em partes cranial e caudal), lobo caudal. 
- Cão: lobo cranial (dividido em partes cranial e caudal), lobo caudal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROTEIRO PRÁTICO: Sistema Respiratório 
 
 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
➢ Em um cadáver de um animal doméstico ou em um bloco dos sistemas das 
cavidades corpóreas, reconheça os órgãos do sistema respiratório: nariz → faringe 
→ laringe → traqueia → brônquio → pulmão. 
 
NARIZ 
➢ O nariz externo é dividido em nariz externo, cavidade nasal e seios paranasais. 
➢ Observe em cabeças de animais domésticos o Nariz Externo. As espécies canina, 
felina, suína, bovina, ovina e caprina têm o tegumento que reveste o nariz 
diferenciado. Em equinos, isso não ocorre. Por isso, reconheça nas primeiras 
espécies a forma do nariz externo que caracteriza o plano nasal (PN) (can, fel, ov, 
cap), o plano rostral (PR) (sui) e o plano nasolabial (PNL) (bov). A sustentação e 
forma do nariz externo é feita pelas cartilagens nasais (CN). Veja que o nariz 
externo e sua transição com o lábio superior podem estar demarcados por um sulco 
mediano denominado filtro (1). Reconheça as aberturas do nariz, denominadas de 
narinas (2) e a região de transição do nariz externo com a cavidade nasal que é o 
vestíbulo nasal (3), que pode apresentar pêlos de proteção denominados 
vibrissas. Em equinos, a narina forma dois ductos (caminhos), um ventral, que 
permite a entrada do ar para a cavidade nasal (“narina verdadeira”) e um dorsal em 
forma de bolsa, ou seja, fechado caudalmente (“narina falsa”) denominado de 
divertículo nasal (4). 
➢ Observe em hemi-cabeças (cortes sagitais de cabeças) e em cortes transversais de 
cabeças a Cavidade Nasal. Veja que ela é recoberta pela mucosa nasal e dividida 
medianamente pelo septo nasal (5). A mucosa nasal forma “dobras” que são 
denominadas de conchas nasais. Reconheça a concha nasal dorsal (6), a concha 
nasal ventral (7) e as conchas nasais etmoidas (8), cuja mais rostral recebe o 
nome de concha nasal média (9). Reconheça, ainda, os espaços entre as conchas 
nasais, que são denominados de meato nasal dorsal (10), meato nasal médio (11), 
meato nasal ventral (12) e meato nasal comum (13). Observe que a concha nasal 
dorsal afunila-se rostralmente formando a prega nasal reta (14), assim como a 
concha nasal ventral, que forma a prega nasal alar (15) (mais dorsal) e a prega 
nasal basal (16) (mais ventral). Próximo a essas últimas pregas, procure identificar 
o óstio naso-lacrimal (17). 
➢ Observe em hemi-cabeças e em cortes transversais de cabeças os Seios 
Paranasais (18). 
➢ Termine o estudo do nariz, identificando o espaço que representa sua transição com 
a nasofaringe, denominado de coana (19). 
 
FARINGE 
➢ Observe em hemi-cabeças a região da faringe. Veja que ela é formada por músculos 
que se fixam em uma base óssea, estando revestida por mucosa. Ela é dividida 
horizontalmente pelo palato mole (20), que é a continuidade caudal do palato duro 
(21). A parte da faringe que está dorsal ao palato mole liga-se com a cavidade nasal 
e é chamada de nasofaringe (NF). A parte que está ventral ao palato mole liga-se 
com a cavidade oral e é denominada de orofaringe (OF). A porção final da faringe, 
que não possui divisão pelo palato mole e que está rostral ao esôfago e laringe, é 
denominada de laringofaringe (LF). 
➢ Faça o trajeto do ar pelo trato respiratório e o trajeto do alimento pelo trato digestório 
e repare que a laringofaringe é uma região da faringe comum aos tratos respiratório 
e digestório, onde ocorre o entrecruzamento dessas vias. 
➢ Observe na nasofaringe a presença de um orifício denominado óstio faríngico da 
tuba auditiva (22), que representa a abertura da tuba auditiva na faringe. Em 
Anatomia Sistêmica dos Animais Domésticos II – Sistema Respiratório 
 
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Profa. Dra. Patrícia Orlandini Gonçalez 
equinos, a tuba auditiva forma uma bolsa denominada divertículo da tuba auditiva 
(23). Dorsalmente ao óstio faríngico da tuba auditiva, procure reconhecer uma área 
onde a mucosa fica diferenciada, com aspecto granuloso, formando a tonsila 
faríngica (24). 
➢ Termine o estudo da faringe, reconhecendo a prega que liga o palato mole à parede 
lateral da faringe e marca a transição da nasofaringe com a laringofaringe, que é o 
arco palatofaríngico (25). O espaço formado por essa prega é denominado de óstio 
intrafaríngico. 
 
LARINGE 
➢ Reconheça a laringe em uma hemi-cabeça e perceba sua ligação com a faringe e a 
traqueia. 
➢ Em peças específicas reconheça a estrutura da laringe. Observe sua formação por 
cartilagens unidas entre si por articulações e ligamentos, servindo para a fixação de 
músculos e revestidas internamente por mucosa. 
➢ Reconheça as cartilagens da laringe (peças articuladas e isoladas): cartilagem 
epiglote da laringe (26), cartilagens aritenóides da laringe (27), cartilagem 
tireóide da laringe (28), cartilagem cricóide da laringe (29). 
A cartilagem epiglote é a mais rostral e elástica e tem forma de folha ou cunha. Em 
suínos, a cartilagem epiglote é mais arredondada e longa, o que permite seu encaixe 
na nasofaringe. 
A cartilagem aritenóide é dupla e de forma irregular e apresenta o processo vocal 
(30), o processo muscular (31) e o processo corniculado (32). Em suínos, existe 
ainda um processo medial ao processo corniculado denominado de processo 
cuneiforme (32-Cf) 
A cartilagem tireóide é a maior e tem forma de escudo, apresentando a 
proeminência laríngea (33), a incisura tireóidea cranial (34), a incisura tireóidea 
caudal (35), os cornos rostrais (36) e os cornos caudais (37). 
A cartilagem cricóide tem forma de anel, sendo mais larga dorsalmente. 
➢ Observe, em uma laringe articulada, sua parte interna. Veja que a mucosa forma 
uma prega na região do processo vocal da cartilagem aritenóide que é a prega vocal 
(38). Em caninos e equinos, observe rostralmente à prega vocal, a prega ventricular 
(39), sendo que entre as duas forma-se uma entrada ou recesso denominado 
ventrículo laríngeo (40). 
Assim, tendo como ponto de referência as pregas vocais, reconheça que a cavidade 
da laringe é dividida em 4 regiões: ádito da laringe (abertura, “porta de entrada”), 
vestíbulo da laringe (do ádito até a pregas vocais), glote (região das pregas vocais) 
e cavidade infraglótica (das pregas vocais até a traqueia). 
➢ Reconheça, por fim, os músculos intrínsecosda laringe: m. cricotireóideo (41), m. 
cricoaritenóideo dorsal (42), m. cricoaritenóideo lateral (43), m. aritenóideo 
transverso (44), m. tireoaritenóideo (45). O m. tireoaritenóideo é dividido em m. 
vocal (45vo) e m. ventricular (45ve) no cão e no cavalo. 
 
 
 
 
TRAQUEIA e BRÔNQUIOS 
➢ Observe a estrutura de uma traqueia e reconheça a cartilagem traqueal (46), os 
ligamentos anulares da traqueia (47) e o músculo traqueal (48). Veja que 
internamente ela é revestida por mucosa. 
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➢ Identifique na finalização da traqueia a carina da traqueia (49), que é uma projeção 
que marca a divisão dessa em brônquio principal direito (50) e brônquio principal 
esquerdo (51). Em suínos e ruminantes, veja que há a formação de um brônquio 
antes da bifurcação da traqueia, o qual é denominado de brônquio traqueal (52). 
➢ Em uma peça em que foi retirado totalmente ou parcialmente o parênquima 
pulmonar, veja a divisão dos brônquios: brônquios principais (50 e 51) → 
brônquios lobares (53) → brônquios segmentares (54) → brônquios 
subsegmentares (55). 
 
PULMÃO 
➢ Em um pulmão que permaneceu com seu formato íntegro ou em um “bloco de 
cavidade”, observe que o pulmão tem um ápice (extremidade cranial), uma base 
(extremidade caudal), uma face costal (área lateral voltada para as costelas), uma 
face medial (face voltada para o coração), uma face diafragmática (face caudal 
voltada para o m. diafragma), uma margem dorsal e uma margem ventral. 
➢ O parênquima pulmonar é penetrado pelos brônquios, vasos sanguíneos e linfáticos 
e nervos. Estas estruturas em conjunto formam a raiz do pulmão e a área onde elas 
entram no pulmão é o hilo pulmonar. 
➢ O pulmão é formado por lobos (lê-se lóbos) divididos entre si por fissuras 
interlobares (inter = entre). Alguns lobos são divididos em partes por fissuras 
intralobares (intra = dentro). 
➢ Distingue-se entre as espécies: lobo pulmonar cranial direito (56), lobo pulmonar 
médio (57), lobo pulmonar acessório (58), lobo pulmonar caudal direito (59), 
lobo pulmonar cranial esquerdo (60), lobo pulmonar caudal esquerdo (61). 
Ainda pode-se observar os lobos pulmonares craniais subdivididos em: parte cranial 
do lobo pulmonar cranial direito (56-CR), parte caudal do lobo pulmonar cranial 
direito (56-CA), parte cranial do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CR) e parte 
caudal do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CA). 
➢ Abaixo estão descritos os lobos encontrados nas espécies domésticas: 
 
Equino: 
- Pulmão direito: lobo pulmonar cranial direito (56), lobo pulmonar acessório (58), 
lobo pulmonar caudal direito (59). 
- Pulmão esquerdo: lobo pulmonar cranial esquerdo (60), lobo pulmonar caudal 
esquerdo (61). 
 
Ruminante (possui brônquio traqueal): 
- Pulmão direito: parte cranial do lobo pulmonar cranial direito (56-CR), parte 
caudal do lobo pulmonar cranial direito (56-CA), lobo pulmonar médio (57), lobo 
pulmonar acessório (58), lobo pulmonar caudal direito (59). 
- Pulmão esquerdo: parte cranial do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CR) e 
parte caudal do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CA), lobo pulmonar caudal 
esquerdo (61). 
 
 
 
Suíno (possui brônquio traqueal): 
- Pulmão direito: lobo pulmonar cranial direito (56), lobo pulmonar médio (57), lobo 
pulmonar acessório (58), lobo pulmonar caudal direito (59). 
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- Pulmão esquerdo: parte cranial do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CR) e 
parte caudal do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CA), lobo pulmonar caudal 
esquerdo (61). 
 
Canino e Felino: 
- Pulmão direito: lobo pulmonar cranial direito (56), lobo pulmonar médio (57), lobo 
pulmonar acessório (58), lobo pulmonar caudal direito (59). 
- Pulmão esquerdo: parte cranial do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CR) e 
parte caudal do lobo pulmonar cranial esquerdo (60-CA), lobo pulmonar caudal 
esquerdo (61). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APARELHO CARDIOVASCULAR 
 
 
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Durante o processo de evolução, os seres vivos desenvolveram um sistema de 
comunicação entre as células e entre estas e o meio externo capaz de conduzir os 
componentes necessários para o seu metabolismo e proteção e seus metabólitos. 
Dessa forma, os animais possuem o Aparelho Cardiovascular, o qual engloba os 
órgãos relacionados com a circulação do sangue, condução e drenagem da linfa e os 
órgãos produtores de células sanguíneas (órgãos hematocitopoiéticos). 
 
- Sistema circulatório sanguíneo → sangue, coração e vasos sangüíneos 
(artérias, veias e capilares). 
- Sistema linfático → linfa, órgãos linfóides (tecidos linfóides difusos, tonsilas 
e linfonodos) e vasos linfáticos (capilares e vasos linfáticos). 
- Órgãos hematocitopoiéticos → baço, timo e medula óssea. 
 
 
 
SISTEMA CIRCULATÓRIO SANGUÍNEO 
 
 
1. CONCEITO E FUNÇÃO 
 
O sistema circulatório sanguíneo representa os órgãos desenvolvidos para 
levar os nutrientes e receber o produto da excreção das células de organismos 
mais complexos. 
 
As funções do sistema circulatório sanguíneo garantem a correspondência 
intercelular e as trocas indiretas necessárias entre essas e o meio externo, a fim de 
garantir o equilíbrio funcional do organismo. Dessa forma, pode-se considerar que o 
sistema circulatório sanguíneo relaciona-se com: 
- Transporte de nutrientes para as células e os tecidos corporais; 
- Remoção de metabólitos e transporte destes para os órgãos responsáveis pela sua 
excreção como os rins, intestinos, pulmões e pele; 
- Participação no processo de manutenção do equilíbrio hidro-eletrolítico; 
- Participação no processo de manutenção da temperatura corporal; 
- Transporte de células e substâncias especializadas para a defesa do organismo; 
- Transporte de hormônios e outras secreções de um órgão para outro, regulando suas 
funções, mantendo a correlação humoral. 
 
 
2. COMPOSIÇÃO 
 
O sistema circulatório sanguíneo é formado por uma rede de vasos interligados 
(artérias, veias e capilares sanguíneos), por um líquido circulante (sangue) e por uma 
bomba contrátil-propulsora (coração). 
 
 
 
2.1 Sangue 
O sangue pode ser considerado um tecido com propriedades especiais, onde há 
uma matriz líquida (plasma) na qual os componentes celulares (eritrócitos, leucócitos e 
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plaquetas) flutuam livremente. Nos répteis, aves e mamíferos o sangue pode 
compreender de 5 a 10 % do peso corporal. 
Por ser um tecido, suas características morfológicas serão estudadas na 
Histologia. 
 
 
2.2 Coração 
 
Forma, estrutura e arquitetura 
O coração dos animais domésticos é um órgão muscular cavitário, com formato 
de um cone irregular achatado lateralmente em equinos e ruminantes e mais globoso em 
suínos e caninos. Apresenta uma base (área dorso-cranial ocupada pelos grandes 
vasos), um ápice (área ventro-caudal formada pela parte ventral do ventrículo esquerdo), 
uma face auricular (voltada para a face lateral esquerda do animal) e uma face atrial 
(voltada para a face lateral direita do animal). 
Localiza-se na cavidade torácica, na região do mediastino médio, sendo que 
60% do seu volume situa-se no antímero esquerdo. 
A parede do coração é constituída, estratigraficamente (meio externo para 
interno), por três camadas, o epicárdio (ou lâmina visceral do pericárdio seroso), o 
miocárdio e o endocárdio. 
O epicárdio é a parte visceral da membrana serosa, sendo liso, brilhante e 
transparente, revestindo a superfície muscular externa do coração. Em determinados 
pontos da superfície cardíaca, principalmente próxima à região de vasos sanguíneos, 
ocorre a presença de um estratoconjuntivo subseroso, profundamente ao epicárdio, 
onde é comum o acúmulo de tecido adiposo. 
O miocárdio forma a maior parte da estrutura do coração, sendo um tipo de 
músculo estriado com uma complicada arquitetura de feixes musculares, que engloba o 
sistema de condução cardíaca. 
O endocárdio é a túnica interna do coração, apresentando-se como uma 
membrana fina e lisa que reveste todas as formações internas do miocárdio, 
continuando-se com o revestimento interno dos vasos sanguíneos (endotélio). 
O coração é protegido externamente por um saco fibroseroso denominado 
pericárdio, no qual estão contidos o coração e a raiz dos vasos da base. É formado por 
uma parte fibrosa (pericárdio fibroso) e por uma parte serosa (pericárdio seroso). 
O pericárdio fibroso é o envoltório mais externo e resistente do coração. 
Dorsalmente, continua-se sobre os vasos da base do coração, formando uma conexão 
com a coluna vertebral, que permite com que este fique suspenso na cavidade torácica. 
O pericárdio seroso é uma membrana serosa que envolve o coração, 
internamente ao pericárdio fibroso. Compõe-se de duas lâminas, uma parietal e uma 
visceral. A lâmina parietal do pericárdio seroso constitui o revestimento brilhante da face 
interna do pericárdio fibroso. A lâmina visceral do pericárdio seroso corresponde ao 
epicárdio, estando em íntimo contato com o miocárdio. O estreito espaço situado entre 
as lâminas parietal e visceral constitui a cavidade pericárdica, a qual é preenchida pelo 
líquido pericárdico, secretado pelo pericárdio seroso. 
 
 
 
 
Câmaras cardíacas 
A cavidade do coração é subdividida em quatro câmaras: 2 átrios (direito e 
esquerdo) e 2 ventrículos (direito e esquerdo). É importante perceber que, apesar dos 
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átrios e ventrículos serem denominados de direito e esquerdo, eles não estão voltados 
para os antímeros direito e esquerdo do animal. Na verdade, nos animais domésticos, o 
átrio direito e o ventrículo direito estão em uma posição cranial em relação ao corpo, 
enquanto que o átrio e ventrículo esquerdo estão em uma posição caudal. 
Os átrios localizam-se dorsalmente aos ventrículos e inclinam-se lateralmente 
para a face direita, para que os vasos que deixam os ventrículos tenham sua saída pela 
base do coração. Por isso, os átrios formam expansões para a face lateral esquerda, 
denominadas aurículas direita e esquerda, que “abraçam” a saída dos vasos sanguíneos 
dos ventrículos (artérias aorta e tronco pulmonar). 
Os átrios e os ventrículos têm o mesmo volume de cavidade, porém sua 
observação externa pode dar a ideia errônea de que os ventrículos são maiores, já que 
os ventrículos tem a parede mais espessa que a dos átrios e, portanto, um volume total 
(parede mais cavidade) maior. 
O átrio e o ventrículo direito relacionam-se, respectivamente, com a recepção e 
direcionamento do sangue de baixa concentração de oxigênio (“sangue venoso” ou 
“sangue pobre em oxigênio). Já o átrio e o ventrículo esquerdo realizam essas mesmas 
funções com o sangue de alta concentração de oxigênio (“sangue arterial” ou “sangue 
rico em oxigênio”). O átrio direito recebe o sangue proveniente dos tecidos do corpo do 
animal e o envia para o ventrículo direito, que direciona-o para o pulmão onde será 
realizada a hematose. O átrio esquerdo recebe o sangue proveniente do pulmão e o 
envia para o ventrículo esquerdo, que direciona-o para os tecidos do corpo do animal, 
fechando a circulação. O ventrículo esquerdo possui uma parede mais espessa que a 
do ventrículo direito, já que é responsável pelo bombeamento do sangue que será 
distribuído pelo corpo do animal. 
O átrio direito comunica-se com o ventrículo direito pelo óstio átrio-ventricular 
direito que é guarnecido pela valva tricúspide (formada por três válvulas); já o átrio 
esquerdo comunica-se com o ventrículo esquerdo pelo óstio átrio-ventricular esquerdo 
guarnecido pela valva bicúspide ou mitral (formada por duas válvulas). Os óstios átrio-
ventriculares direito e esquerdo estão circundados por anéis fibrosos que mantêm sua 
circunferência de abertura aproximadamente constantes durante as contrações 
cardíacas. A entrada de cada óstio é guardada pelas valvas, que funcionam como 
dispositivos orientadores da corrente sanguínea, evitando o refluxo do sangue dos 
ventrículos para os átrios durante suas contrações. As valvas cardíacas prendem-se nas 
paredes dos ventrículos, em uma formação denominada de músculos papilares, através 
das cordas tendíneas, o que faz que o fechamento e aberturas das valvas estejam 
associados à contração e relaxamento dos ventrículos, respectivamente. 
Internamente, os átrios são separados entre si pelo septo interatrial e os 
ventrículos pelo septo interventricular. Externamente não é possível visualizar a 
separação entre os átrios, mas a área entre os ventrículos é demarcada por um sulco na 
face direita (sulco interventricular subsinuoso) e outro na face esquerda (sulco 
interventricular paraconal). Ainda, externamente, é possível observar o limite entre átrios 
e ventrículos, através do sulco coronário, que corresponde, internamente, à região das 
valvas átrio-ventriculares. 
A parede interna dos átrios e das aurículas possuem elevações do miocárdio e 
endocárdio denominados de músculos pectíneos, responsáveis por evitar o 
turbilhonamento do sangue que chega pelas veias cavas cranial e caudal e veias 
pulmonares. Já os ventrículos possuem cristas subendocárdicas de miocárdio, 
denominadas de trabéculas cárneas, que acomodam o fluxo de sangue proveniente dos 
átrios. Nos ventrículos, observa-se também cordões de miocárdio relacionados com o 
sistema de condução cardíaca, que se estendem do septo interventricular até a parede 
ventricular oposta, que são denominados de trabéculas septomarginais. 
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Vascularização do coração 
O requerimento de energia pelo coração é extremamente elevado, devido à 
grande atividade que realiza, sendo que cerca de 10% do volume total bombeado 
durante a contração cardíaca é destinado ao próprio coração. 
Apesar do coração estar repleto de sangue, para que este realize suas trocas 
com os tecido cardíacos, ele precisa ser distribuído e drenado por vasos sanguíneos, 
como ocorre em qualquer outro tecido. 
Assim, o sangue chega até a parede cardíaca pelas artérias coronárias esquerda 
e direita. Estes vasos originam-se do bulbo da aorta e percorrem os sulcos coronário e 
interventriculares. No sulco coronário formam os ramos circunflexos direito e esquerdo; 
já nos sulcos interventriculares paraconal e subsinuoso formam os ramos de mesmo 
nome. O sangue é drenado da parede cardíaca pelas veias cardíacas magna (percorre 
o sulco interventricular paraconal), média (percorre o sulco interventricular subsinuoso), 
parvas (percorre a região do sulco coronário) e mínimas (drenam pequenas regiões 
diretamente nas câmaras cardíacas). As veias que drenam o coraçã desembocam 
diretamente no átrio direito em uma região denominada de seio coronário. 
 
Sistema de condução cardíaco 
As fibras musculares cardíacas possuem a capacidade de se contraírem 
ritmicamente. O ritmo de contração intrínseco do músculo cardíaco é dado por um 
conjunto de fibras musculares modificadas (sistema de condução cardíaco). Este, por 
sua vez, está sob o controle do sistema nervoso autônomo, que regula o aumento ou a 
diminuição da frequência do batimento cardíaco. 
O sistema de condução cardíaco é constituído pelo nó sino-atrial, nó átrio-
ventricular e feixe átrio-ventricular. 
O nó sino-atrial situa-se na região da crista terminal, sob o epicárdio do sulco 
terminal, que é a depressão formada entre a veia cava cranial e a aurícula direita. As 
fibras do nó sino-atrial são ricamente inervadas e envolvidas por abundante quantidade 
de tecido conjuntivo,seu estímulo ocorre com a chegada do sangue pela veia cava 
cranial. A onda de excitação se difunde do nó sino-atrial por toda a musculatura atrial e 
atinge o nó átrio-ventricular. Este não responde imediatamente e a breve demora permite 
a conclusão da contração atrial. 
O nó átrio-ventricular possui estrutura semelhante ao primeiro, sendo 
encontrado sob o endocárdio do septo inter-atrial. As fibras deste nó continuam-se 
ventralmente no septo interventricular, constituindo o feixe átrio-ventricular, que difunde 
o impulso para a musculatura ventricular. 
O feixe átrio-ventricular percorre a região endocárdica do septo interventricular 
e se divide em dois ramos, atingindo todas as partes da musculatura ventricular esquerda 
e direita, estendendo-se pelas trabéculas septo-marginais, que auxilia na coordenação 
da contração ventricular. 
Assim, o nó sino-atrial é o marcapasso natural do coração, do qual a onda de 
excitação normalmente se difunde para todas as partes da musculatura cardíaca. 
 
 
 
 
2.3 Vasos Sanguíneos 
 
Artérias, veias e capilares 
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Os vasos sanguíneos compreendem as artérias, as veias e os capilares, que 
formam uma extensa rede tubular fechada, com estrutura e diâmetro variáveis. 
Os capilares funcionam como membranas semi-permeáveis, que permitem as 
trocas entre o sangue e as células. Formam extensas redes de vasos sanguíneos 
microscópicos no interior dos tecidos. São formados pelas arteríolas e se reúnem 
formando as vênulas. A quantidade de capilares varia de um órgão para outro, sendo 
mais abundante naqueles mais ativos. Alguns órgãos e tecidos, como epiderme, córnea, 
lente (cristalino) e cartilagens hialinas não possuem capilares e os nutrientes para esses 
chegam através de alguma troca passiva com um líquido próximo. 
As artérias caracterizam-se por conduzir sangue do coração para os tecidos, ou 
seja, o sangue circula centrifugamente em relação ao coração. Variações na parede das 
artérias permitem sua divisão em artérias de grande, médio e pequeno calibre e 
arteríolas. 
As veias caracterizam-se por conduzir o sangue dos tecidos para o coração, ou 
seja, o sangue circula centripetamente em relação ao coração. A estrutura das veias é 
semelhante a das artérias, no entanto, sua parede é mais delgada e seu diâmetro é, 
geralmente, maior que das artérias correspondentes, podendo também ser divididas em 
veias de grande, médio e pequeno calibre e vênulas. 
Sendo assim, pode-se concluir que as artérias se ramificam (dividem-se) para 
penetrar nos tecidos e conduzir o sangue até eles. Já as veias retornam dos tecidos e, 
portanto, drenam o sangue deles, sendo assim, os ramos venosos confluem (unem-se) 
para retornar ao coração. Durante seu percurso, as artérias e veias emitem e formam, 
respectivamente, diversos ramos. Aqueles que acompanham o percurso de um vaso 
sanguíneo principal são denominados de ramos colaterais e aqueles que representam o 
último ramo fornecido por uma artéria são chamados de ramos terminais. 
É importante entender que a maioria das artérias carrega sangue rico em 
oxigênio, porém algumas podem conduzir sangue pobre em oxigênio, sendo que o 
contrário é válido para as veias. O que determina se um vaso sanguíneo é uma artéria 
ou uma veia é sua característica morfológica e o sentido do fluxo sanguíneo que ele 
conduz. 
A maioria das veias (exceto as do cérebro, pés e base do coração) possui, em 
seu interior, válvulas que auxiliam no retorno do sangue para o coração e evitam o refluxo 
quando a circulação fica estagnada. As artérias apresentam-se em menor número do 
que as veias e localizam-se profundamente a estas na massa externa corpórea. As veias 
profundas geralmente acompanham as artérias, já as veias superficiais, frequentemente, 
são independentes delas. A nomenclatura das artérias e veias é estabelecida utilizando-
se critérios como órgão alvo, posição e região percorrida. 
Abaixo, relacionam-se as principais diferenças observadas macroscopicamente 
entre as artérias e as veias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artérias Veias 
Sangue centrífugo em relação ao coração Sangue centrípeto em relação ao coração 
Trajeto retilíneo Trajeto sinuoso 
Esbranquiçadas no cadáver Transparentes no cadáver 
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Amareladas e rosadas no animal vivo Azuladas no animal vivo 
Vazia no cadáver Repleta de sangue no cadáver 
Profundas Superficiais e profundas 
Sangue sai em jatos Sangue sai de forma difusa 
Calibre permanente Colabam 
Não possuem válvulas em seu percurso Possuem válvulas em seu percurso 
Diâmetro proporcionalmente menor Diâmetro proporcionalmente maior 
Formam menos anastomoses Formam mais anastomoses 
 
 
Vasos sanguíneos da base cardíaca (“Vasos da base”) 
Os vasos da base são os vasos sanguíneos que chegam e saem das câmaras 
cardíacas. São vasos de grande calibre que comunicam o coração com o pulmão 
(condução do sangue para a hematose) e o coração com as demais regiões corpóreas 
(condução do sangue para as trocas metabólicas). 
São considerados como vasos da base a veia cava cranial, a veia cava caudal, 
as veias pulmonares, a artéria tronco pulmonar e a artéria aorta. 
A veia cava cranial e a veia cava caudal são os ramos terminais venosos formados 
pela união das veias que retornam com o sangue dos tecidos da parte cranial e caudal 
do corpo, respectivamente. As veias cavas se abrem no átrio direito. Separando as 
aberturas das veias cavas cranial e caudal há uma crista transversa, o tubérculo 
intervenoso, que evita a confrontação entre os fluxos sanguíneos, desviando ambos 
ventralmente para os átrios. 
As veias pulmonares são de número variável e representam os vasos que 
retornam o sangue para o coração após a hematose no pulmão, chegando no átrio 
esquerdo. 
A artéria tronco pulmonar conduz o sangue para o pulmão, para ser feita a 
hematose, saindo do ventrículo direito. Sua formação provoca uma elevação no 
ventrículo direito, denominada de cone arterioso. No óstio formado pela sua saída do 
ventrículo direito encontra-se uma valva (valva da tronco pulmonar), formada por três 
válvulas em forma de meia-lua, que evita o retorno do sangue para o coração. 
A artéria aorta conduz o sangue para os tecidos corpóreos, para que sejam 
realizadas as trocas metabólicas entre esses. A aorta sai do ventrículo esquerdo e seu 
óstio também é guarnecido por uma valva (valva da aorta) composta por três válvulas 
semilunares. A aorta tem uma posição mais central na base do coração e seu óstio é 
circundado por um anel fibroso, que pode acumular cartilagem. Em ruminantes, a 
cartilagem cardíaca pode ossificar e formar um par de ossos (ossos cardíacos). 
 A aorta pode ser dividida topograficamente em três segmentos contínuos que se 
denominam, a partir de sua origem, de aorta ascendente, arco da aorta e aorta 
descendente. A aorta ascendente apresenta uma dilatação inicial denominada de bulbo 
da aorta, o qual emite as artérias coronárias direita e esquerda destinadas ao próprio 
coração. O arco da aorta é a curvatura caudal da aorta e dele se origina, cranialmente, 
o tronco braquiocefálico, destinado à região cranial do tórax, membros torácicos, 
pescoço e cabeça. A aorta descendente dirige-se caudalmente para a região torácica e 
abdominal, originando os ramos arteriais destas regiões. 
 
Especializações vasculares 
Algumas arquiteturas vasculares especiais se formam para permitir um fluxo 
sanguíneo adequado para os tecidos. São estas: as anastomoses, as redes admiráveis, 
os seios venosos e o tecido erétil. 
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Anastomose é a união natural entre dois ramos colaterais arteriais ou venosos 
que garante o suprimento sanguíneo de um tecido em casos de problemas do fluxonormal. Existe um tipo especial de anastomose, encontrada na extremidade de 
membros, na pele, no intestino e na língua de carnívoros, que se faz diretamente entre 
uma arteríola e uma vênula, em situação pré-capilar, que são denominadas de 
anastomoses artério-venosas. Estas anastomoses ocorrem como um mecanismo de 
desvio de sangue da rede capilar, que é acionado quando há a necessidade de desviar 
o fluxo sanguíneo para evitar hemorragias severas ou para conservar ou dissipar 
energia. 
As redes admiráveis se formam a partir da divisão de uma artéria em diversos 
ramos de comprimento e calibre pequenos e de sua união posterior. Normalmente, são 
encontradas em ruminantes, suínos e carnívoros e servem, provavelmente, como meio 
de controle de temperatura e pressão sanguínea (ex. rede admirável oftálmica, rede 
admirável epidural rostral e epidural caudal). 
Os seios venosos são cavidades membranosas revestidas por endotélio e 
repletas de sangue venoso que, geralmente, percorrem sulcos ósseos. Sua função, 
provavelmente, relaciona-se com a termorregulação sanguínea e drenagens de regiões 
especiais (ex. seios da dura-máter). 
O tecido erétil é uma especialização vascular em que muitos espaços teciduais 
agrupados, revestidos de endotélio, se estabelecem em continuidade com a circulação 
sanguínea. Os espaços, em geral, são fechados, mas como são diretamente nutridos 
por arteríolas, se ingurgitam rapidamente sobre estimulação nervosa apropriada (ex. 
estrutura do pênis, clitóris, teta, partes da mucosa nasal e órgão vômeronasal). 
 
 
3. CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA 
 
O sangue mantém um fluxo que permite sua reoxigenação (circulação pulmonar) 
e sua distribuição por todo o corpo (circulação sistêmica). Algumas formas especiais de 
circulação favorecem a comunicação entre os órgãos (circulação portal) ou a fase de 
desenvolvimento do animal (circulação fetal). 
A Circulação Pulmonar é aquela relacionada com a saída e o retorno do sangue 
ao coração para a realização da hematose no pulmão. Considera-se seu início no 
ventrículo direito e seu término no átrio esquerdo. 
A Circulação Sistêmica é aquela relacionada com a saída e o retorno do 
sangue ao coração para a realização das trocas teciduais. Considera-se seu início no 
ventrículo esquerdo e seu término no átrio direito. 
A Circulação Portal é uma especialização da circulação sistêmica, onde o 
sangue drenando dos capilares de uma estrutura flui através de veias maiores para 
realizar trocas em outra região de capilares de outra estrutura antes de retornar ao 
coração. Desta forma, pode-se considerar que circulação portal é aquela em que um 
tronco venoso está interposto entre duas redes capilares. Exemplos desta são as 
circulações porta-hepática e porta-hipofisária. 
O sistema porta-hepático, comum a todos os vertebrados, é composto por veias 
que coletam sangue dos capilares do estômago, pâncreas, baço, intestino e o transporta 
aos capilares do fígado. Funcionalmente, este sistema tem grande importância, porque 
garante que o fígado seja o primeiro a adquirir substâncias provenientes desses órgãos 
que serão armazenadas, transformadas ou servirão como comunicador para o 
metabolismo hepático, antes de serem liberadas na circulação geral. Assim, as veias que 
retornam do estômago e do intestino contêm nutrientes que foram absorvidos pelos 
capilares desses órgãos após o processo da digestão para serem transformadas ou 
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armazenadas no fígado; o sangue das veias que retornam do pâncreas carregam 
hormônios que irão atuar no metabolismo hepático; e as veias que retornam do baço 
carregam produtos da quebra de hemácias que serão reaproveitados pelo fígado. 
O sistema porta-hipofisário é formado por veias que coletam o sangue dos 
capilares do hipotálamo (SNC) e o conduzem até a rede de capilares da glândula 
hipófise, permitindo que neuro-comunicadores do hipotálamo possam chegar primeiro a 
hipófise, levando comandos a essa, antes do sangue retornar ao coração. 
A Circulação Fetal, nos mamíferos domésticos, retira os nutrientes e oxigênio 
necessários para o metabolismo celular do sangue materno através das trocas 
placentárias. Desta forma, a circulação fetal sofre modificações que evitam passagens 
desnecessárias, como a pulmonar, favorecendo a troca placentária e preservando a 
distribuição tecidual. 
As artérias umbilicais do feto, originárias da artéria aorta, que são portadoras de 
“sangue misto” no feto, saem do corpo do embrião pelo cordão umbilical e chegam à 
placenta, onde ocorrem as trocas materno-fetais, que permitem o retorno do sangue, 
pelas veias umbilicais, rico em nutrientes e oxigênio. 
A veia umbilical do feto, em equinos e suínos, dirige-se ao fígado e atinge a veia 
cava caudal pela veia porta. Já em carnívoros, ruminantes, roedores e homem o sangue 
da veia umbilical flui diretamente para a veia cava caudal pelo ducto venoso. 
Assim, quando a veia umbilical desemboca na veia cava caudal, há uma mistura 
do sangue rico em oxigênio da primeira com o sangue pobre em oxigênio da segunda, 
resultando em um sangue misto que irá retornar ao coração e ser distribuído para os 
órgãos. Isso permite concluir que somente as veias umbilicais levam sangue totalmente 
rico em oxigênio e nutrientes no feto. 
Na sequência, o sangue da veia cava caudal chega ao átrio direito, onde se 
mistura com o da veia cava cranial. Uma parte desse sangue passa para o átrio 
esquerdo, através de uma abertura no septo interatrial, exclusiva do feto, denominada 
de forame oval. A outra parte do sangue passa para o ventrículo direito e dirige-se aos 
pulmões pela artéria tronco pulmonar, a qual se comunica, no feto, com a aorta pelo 
ducto arterioso, desviando outra quantidade de sangue para a circulação sistêmica. A 
pequena quantidade de sangue que chega aos pulmões é somente aquela necessária 
para a sua nutrição e retorna para o átrio esquerdo pelas veias pulmonares. 
O desvio do sangue por estas comunicações presentes no feto (forame oval e 
ducto arterioso) é favorecido pela menor pressão existente no átrio esquerdo, 
consequente do escasso fluxo de sangue procedente dos pulmões. 
No parto fica suprimida a circulação placentária devido à ruptura do cordão 
umbilical. Disto resulta um aumento de gás carbônico no sangue que provoca o primeiro 
movimento respiratório. Este movimento aumenta a pressão torácica e conduz o fluxo 
sanguíneo para os pulmões, aumentando a pressão no tronco pulmonar e no átrio 
esquerdo, fechando o ducto arterioso e o forame oval, respectivamente. 
As modificações funcionais que surgem após o nascimento são estabelecidas 
rapidamente. Porém, as alterações anatômicas definitivas são lentas e somente muito 
mais tarde são terminadas. A artéria umbilical se transforma no ligamento redondo da 
vesícula urinária; a veia umbilical forma o ligamento redondo do fígado; o ducto venoso 
forma o ligamento venoso do fígado; o ducto arterioso forma o ligamento arterioso; e o 
forame oval forma a fossa oval. 
 
SISTEMA LINFÁTICO 
 
 
1. CONCEITO E FUNÇÕES 
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O sistema linfático é um sistema orgânico auxiliar do sistema circulatório 
sanguíneo, responsável pela drenagem dos líquidos tissulares (líquido que 
circunda as células componentes dos tecidos), resultante das trocas que 
ocorrem nos capilares sanguíneos, interagindo esse com os sistema de 
defesa do animal. 
 
O líquido intersticial com seus resíduos (resquícios de células, microrganismos e 
macromoléculas), forma a linfa que circula dentro de ductos específicos que forma os 
vasos linfáticos. Como a linfa carreia substâncias que podem alertar o sistema imune do 
animal em condições específicas, ela é drenada em formações de tecidos linfáticos (ou 
linfóides), que representam concentrados de linfócitos (células dedefesa do organismo). 
Os elementos do sistema linfáticos são encontrados em todo o corpo, com 
exceção do sistema nervoso central (SNC), medula óssea, epiderme, córnea, lente e 
cartilagens hialinas. 
Assim, pode-se dizer que o sistema linfático é responsável pela absorção e 
transporte dos líquidos tissulares e defesa do organismo, por meio de filtração desse 
líquido e seus resíduos (linfa), captação de antígenos presentes nestes e produção de 
células do sistema imune, os linfócitos. 
 
 
2. COMPOSIÇÃO 
 
2.1 Linfa 
A linfa é o líquido circulante do sistema linfático, de aspecto claro e viscoso, pobre 
em albumina, rico em fibrinogênio, de pH alcalino, absorvido dos espaços intercelulares, 
contendo elementos nutritivos e também produtos de excreção celular. 
Forma-se a partir da drenagem do líquido tissular (líquido intercelular). 
 
2.2 Vasos Linfáticos 
Os vasos linfáticos são representados pelos capilares, vasos coletores e troncos 
linfáticos. 
Os capilares linfáticos possuem fundo cego (semelhante a dedos de luvas), forma 
irregular e uma parede endotelial fina, que os torna importantes na absorção de 
substâncias de grande tamanho (macromoléculas) que os capilares sanguíneos não são 
capazes de absorver. 
Os capilares linfáticos se reúnem para formar os vasos linfáticos coletores, que 
por sua vez confluirão para formar vasos maiores, os troncos linfáticos. Estes vasos têm 
válvulas em seu interior que facilitam o fluxo da linfa, dando um “aspecto de rosário” a 
estes. De todos os vasos linfáticos, os capilares são os únicos que não possuem válvulas 
em seu interior. 
Dos vasos linfáticos, dois têm maior importância devido a seu tamanho e papel na 
confluência de vasos menores, sendo estes o ducto torácico e o ducto linfático direito. 
Após a drenagem da linfa, os vasos linfáticos desembocam nas veias e a linfa se 
mistura com o sangue retornado a circulação sanguínea. 
 
2.4 Tecidos Linfáticos 
Os tecidos linfáticos são representados pelos tecido linfático difuso, tecido linfático 
organizado e linfonodos. 
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Normalmente os tecidos linfáticos aparecem em mucosas que revestem um trato 
com comunicação com o meio externo, permitindo uma maior entrada de microrganismos 
e, consequente, necessitando de um maior mecanismo de defesa. 
O tecido linfático difuso é um acúmulo de linfócitos guarnecido por tecido 
conjuntivo associado a mucosas. 
O tecido linfático organizado é representado pelas tonsilas, que são estruturas 
linfo-epiteliais, que compreendem agregados de linfonódulos não encapsulados em 
mucosas. As tonsilas não têm cápsula para revestimento e possuem apenas uma via de 
drenagem, ou seja, apenas vasos linfáticos eferentes (“que saem”). Podem ser 
encontradas tonsilas nas mucosas nasal, faríngea (adenóide), palatinas (amídalas), 
laríngea, anal, vulvar e prepucial. 
Os linfonodos representam um acúmulo de tecido linfático, cercado por fibras 
elásticas e músculo liso, recoberto por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso e 
gordura. Os linfonodos se encontros no trajeto dos vasos linfáticos e funcionam como 
centros do sistema imune através da drenagem e monitoração constante da linfa. A 
coloração destes órgãos varia entre o amarelo-acinzentado e o marrom-avermelhado e 
seu formato e distribuição também variam entre as espécies domésticas. Possuem uma 
via de drenagem formada por vasos linfáticos aferentes (“que entram”) e vasos linfáticos 
eferentes (“que saem”). 
 
 
 
ÓRGÃOS HEMATOCITOPOIÉTICOS 
 
1. BAÇO 
O baço está contido na parte cranial esquerda da cavidade abdominal, onde está 
unido à grande curvatura do estômago pelo ligamento gastro-lienal derivado do omento 
maior. Sua forma básica é alongada dorso-ventralmente e achatada latero-medialmente, 
possuindo uma grande variação de formato entre as espécies. 
Atribui-se ao baço as seguintes funções: defesa orgânica, produção de sangue 
(no feto e em casos de deficiência da medula óssea), degradação de eritrócitos 
esgotados; remoção de substâncias em forma de partículas da circulação; reservatório 
de sangue. 
Apesar destas funções, o baço não é essencial à vida, pois algumas podem ser 
atribuídas a outros órgãos. 
 
 
2. MEDULA ÓSSEA 
A medula óssea está contida nas trabéculas da substância esponjosa dos ossos 
e na cavidade medular dos ossos longos. Produz células sanguíneas ao longo da vida 
do animal, sofrendo alterações morfológicas e funcionais durante a ontogênese do 
animal. Assim, em animais jovens a medula óssea tem grande capacidade 
hematocitopoiética e é conhecida como medula óssea vermelha; em animais adultos 
essa sofre uma invasão de células adiposas e passa a ser conhecida como medula 
óssea amarela; e em animais desnutridos e idosos observa-se uma degeneração, sendo 
denominada de medula óssea gelatinosa. 
 
 
 
 
3. TIMO 
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O timo é um órgão parenquimatoso, de aspecto lobulado, possuindo uma parte 
torácica (em todas as espécies) e uma parte cervical (variação entre as espécies). 
Tem uma relevante função imunológica, que é a diferenciação e a produção 
primária de linfócitos T, sendo importante para o animal jovem, no desenvolvimento pós-
natal e na manutenção da competência imunológica nos animais. 
O timo começa a regredir aproximadamente na época da puberdade e depois 
pode quase desaparecer, mesmo quando persiste um vestígio de tamanho considerável, 
verifica-se que consiste amplamente em tecido adiposo e elementos fibrosos, com 
supressão do tecido tímico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROTERIO PRÁTICO: Aparelho Cardiovascular 
 
 
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➢ Em um cadáver de um animal doméstico ou em um bloco dos sistemas das 
cavidades corpóreas, procure reconhecer os órgãos do aparelho cardiovascular. 
 
 
A. SISTEMA CIRCULATÓRIO SANGUÍNEO 
 
CORAÇÃO 
 
Parte externa: 
➢ Identifique as regiões do coração de acordo com o seu posicionamento no animal. 
Observe que o coração tem um formato aproximadamente cônico, com uma porção 
mais larga denominada de base do coração (BA) e uma porção mais afunilada 
denominada de ápice do coração (AP). A base é a porção voltada dorso-
cranialmente de onde saem e entram os vasos sanguíneos que se correspondem 
com o coração. O ápice é a porção voltada ventro-caudalmente, que representa a 
finalização dos ventrículos, sendo seu extremo caudal formado pelo ventrículo 
esquerdo. 
➢ Identifique que a porção dorsal do coração é formada pelo átrio direito (1) e pelo 
átrio esquerdo (2). Os átrios estão inclinados para face direita do coração, sendo 
que o átrio direito está em uma posição dorso-cranial no coração e o átrio esquerdo 
em uma posição dorso-caudal. Os átrios formam expansões que se prolongam para 
a face esquerda denominadas de aurícula direita (3) e aurícula esquerda (4). 
➢ Ventralmente aos átrios, observa-se o ventrículo direito (5) e o ventrículo 
esquerdo (6). Os ventrículos têm a parede mais espessa que a dos átrios, sendo 
que a parede do ventrículo esquerdo é mais espessa que a do ventrículo direito. O 
ventrículo direito tem uma posição ventro-cranial no coração e o ventrículo esquerdo, 
uma posição ventro-caudal. 
➢ A “linha de separação” entre os ventrículos e os átrios com suas aurículas é 
demarcada por uma depressão denominada de sulco coronário (7). 
➢ Posicione o coração, tendo como referência sua base e seu ápice, e identifique as 
regiões que ficam voltadas para o antímeros esquerdo e direito. A região voltada 
para o antímeros esquerdo é denominada de face auricular (FAU), porque nela se 
observa as extremidades das aurículas. A região voltada para o antímeros direito é 
denominada de face atrial (FAT), porque nela se observaas paredes dos átrios. Nas 
duas faces é possível observar os ventrículos direito e esquerdo. Os ventrículos 
direito e esquerdo são separados entre si por uma depressão nas faces esquerda e 
direita, que são denominadas de sulco interventricular paraconal (8), na face 
auricular (esquerda), e sulco interventricular subsinuoso (9), na face atrial 
(direita). 
➢ Observe que o ventrículo direito é mais cranial, formando o contorno cranial do 
coração denominado de margem ventricular direita (MVD). Já o ventrículo 
esquerdo forma o contorno caudal do coração, denominado de margem ventricular 
esquerda (MVE). 
 
 
 
 
 
Estratificação cardíaca 
➢ Veja que o coração é formado por três camadas. A camada mais interna é fina e 
esbranquiçada, sendo denominada de endocárdio (10). A camada média é espessa 
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e muscular, recebendo o nome de miocárdio (11). A camada mais externa é fina, 
transparente e corresponde a lâmina visceral do pericárdio seroso, sendo 
denominada de epicárdio (12). 
➢ O coração é revestido por três túnicas: a lâmina visceral do pericárdio seroso (12), 
a lâmina parietal do pericárdio seroso (13) e o pericárdio fibroso (14). A lâmina 
visceral do pericárdio seroso está aderida ao miocárdio e, por isso, também é 
chamada de epicárdio. A lâmina parietal do pericárdio seroso e o pericárdio fibroso 
estão unidos e separados do coração pela cavidade pericárdica, formando o saco 
pericárdico (15). A parte externa do saco pericárdico corresponde ao pericárdio 
fibroso e a parte interna a lâmina parietal do pericárdio seroso. 
 
Parte interna 
➢ Em cortes sagitais do coração, observe as cavidades das câmaras cardíacas, 
identificando internamente o átrio direito (1), átrio esquerdo (2), aurícula direita 
(3), aurícula esquerda (4), ventrículo direito (5) e ventrículo esquerdo (6). 
➢ Observe que os átrios são separados entre si pelo septo interatrial (16) e os 
ventrículos pelo septo interventricular (17). As margens dos ventrículos são ligadas 
ao septo interventricular por “pontes de miocárdio” denominadas de trabéculas 
septomarginais (18). Veja se é possível evidenciar no septo interatrial o resquício 
do forame oval do feto, denominado de fossa oval (FO). 
➢ As paredes dos átrios e aurículas são demarcadas por elevações denominadas de 
músculos pectíneos (19). Já as paredes dos ventrículos, principalmente em sua 
porção ventral, possuem elevações que se chamam trabéculas cárneas (20). 
➢ O átrio direito comunica-se com o ventrículo direito pelo óstio átrio-ventricular 
direito (21), que é guarnecido pela valva tricúspide (22). O átrio esquerdo 
comunica-se com o ventrículo esquerdo pelo óstio átrio-ventricular esquerdo (23), 
que é guarnecido pela valva bicúspide (24). 
➢ As valvas são formadas pelo conjunto de válvulas, que se prendem pelas cordas 
tendíneas (25) nos músculos papilares (26). 
 
 
VASOS SANGUÍNEOS 
 
Vasos da base 
➢ Identifique na face atrial, chegando ao átrio direito, a veia cava cranial (27) e a veia 
cava caudal (28). Observe uma depressão entre a veia cava cranial e a aurícula 
direita, chamada de sulco terminal (29), correspondendo internamente à crista 
terminal (30), que é o ponto onde se localiza o nó sino-atrial. 
➢ Observe também na face atrial, no átrio esquerdo, as veias pulmonares (31). 
➢ Identifique na face auricular, saindo do ventrículo direito, o tronco pulmonar (32). 
Sua saída forma uma projeção do ventrículo direito, o cone arterioso (33). 
➢ Observe também na face auricular, saindo do ventrículo esquerdo, a artéria aorta 
(34). A saída da artéria aorta forma o bulbo da aorta (34BU), que se continua pela 
aorta ascendente (34AS), até curvar e formar o arco da aorta (34AR), que segue 
caudalmente como aorta descendente (34DE). 
➢ Observe um cordão que une a aorta com o tronco pulmonar com a aorta denominado 
de ligamento arterioso (LIG-A). Este representa o resquício do ducto arterioso 
presente no feto. 
➢ Os óstios das artérias tronco pulmonar e aorta são guarnecidos, respectivamente, 
pelas valva da tronco pulmonar (35) e valva da aorta (36). 
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➢ O bulbo da aorta origina as artérias coronárias. A artéria coronária esquerda (37) 
emerge entre a aurícula esquerda e a a. tronco pulmonar. Um de seus ramos segue 
no sulco interventricular paraconal, formando o ramo interventricular paraconal 
(38), enquanto o outro segue acompanhando o sulco coronário como ramo 
circunflexo esquerdo (39). 
➢ A artéria coronária direita (40) emerge entre a aurícula direita e a a. tronco 
pulmonar. Um de seus ramos segue no sulco coronário pela face atrial, formando o 
ramo circunflexo direito (41), que fornece um ramo que percorre o sulco 
interventricular subsinuoso, formando o ramo interventricular subsinuoso (42). 
Observe em corações de caninos, felinos e ruminantes que o ramo interventricular 
subsinuoso é formado pelo ramo circunflexo esquerdo. 
➢ Veja que a face auricular é drenada pela veia magna (43), enquanto que a face atrial 
pela veia média (44). 
 
Ramos primários e secundários da artéria aorta 
➢ Identifique o arco da aorta (34AR) em um cadáver e observe que ele emite 
cranialmente a a. braquiocefálica (45), a qual forma a a. subclávia direita (46D) e 
a a. subclávia esquerda (46E). Em carnívoros e suínos a a. subclávia esquerda é 
formada diretamente do arco da aorta. 
➢ As aa. subclávias direita e esquerda tem a mesma ramificação. Desta forma, procure 
identificar os ramos principais das aa. subclávias em um dos antímeros: 
• a. vertebral (47) – direciona-se para a coluna vertebral, penetrando nos forames 
transversos das vértebras cervicais. As aa. vertebrais direita e esquerda se unem 
na região occipital para formar a a. basilar, responsável por parte da irrigação do 
encéfalo; 
• tronco costocervical (48) – destina-se à região crânio-dorsal das costelas e 
profunda do pescoço; 
• a. torácica interna (49) – direciona-se caudo-ventralmente, pecorrendo 
medialmente a parte ventral das costelas e terminando na região cranial do abdome 
como a. epigástrica cranial, a qual fornece ramos para as glândulas mamárias 
torácicas caudais e abdominais craniais; 
• a. cervical superficial (50) – dirige-se dorso-cranialmente para a região do 
pescoço; 
• a. axilar (51) – ramo terminal da a. subclávia destinada ao membro torácico. 
➢ Após a emissão da a. subclávia o tronco braquiocefálico pode formar o tronco 
bicarotídeo (52) (normalmente ausente em carnívoros) ou formar diretamente a a. 
carótida comum direita (53D) e a a. carótida comum esquerda (53E). 
➢ As artérias carótidas comuns direita e esquerda têm a mesma ramificação. Sendo 
assim, procure reconhecer em um dos antímeros: 
• a. carótida interna (54) – corre medialmente e penetra na cavidade craniana; 
• a. carótida externa (55) – é o ramo terminal da a. carótida comum e dirige-se para 
a região lateral da cabeça; 
• a. occipital (56) – estende-se dorsalmente para o pescoço e região occipital do 
crânio. Pode originar-se da a. carótida externa ou da a. carótida interna. 
➢ Siga agora a aorta descendente torácica (34DE-T) e a aorta descendente 
abdominal (34DE-A) e observe que ela origina, nos dois antímeros, artérias 
segmentares (metaméricas) ao longo do tronco, denominadas de artérias 
intercostais (57), na região torácica, e de artérias lombares (58), na região 
abdominal. A última a. intercostal fica na transição com o abdome e, por isso, recebe 
o nome especial de a. costoabdominal. 
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➢ Além dessas artérias, procure identificar outros importantes ramos primários 
originários da aorta descendente: 
• a. broncoesofágica (59) – destinada aos brônquios e esôfago; 
• a. frênica (60) – destinada

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