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▪ O funcionamento adequado do corpo humano necessita do bom aporte sanguíneo para os tecidos. ▪ Para isso, é importante que todos os componentes do sistema cardiovascular (coração, vasos sanguíneos e sangue) estejam íntegros. ▪ Problemas em qualquer um desses componentes pode gerar diversos distúrbios, sendo os principais: ✓ Edema, Congestão e Choque {que são os distúrbios hemodinâmicos propriamente dito} ou seja → relacionados com a fração mecânica do sistema cardiovascular, ✓ Além de, Hemorragia e Trombose {que são distúrbios mais relacionados aos mecanismos de hemostasia}. ▪ Esses problemas estão entre as doenças cardiovasculares que mais causam mortalidade e morbidade na contemporaneidade, daí a importância de seu conhecimento. Para compreender os mecanismos que provocam edema, é preciso o conhecimento da distribuição dos compartimentos corporais. De forma geral, os líquidos corporais se dividem em três compartimentos: ✓ Intracelular; ✓ Extracelular (interstício/ terceiro espaço) ✓ e Vasos sanguíneos. Toda a água do organismo (cerca de 60% do peso corporal) pode estar dentro das células, no espaço entre elas ou compondo o sangue. O movimento da água e dos solutos de baixo peso, como os sais, entre os espaços intravascular e intersticial é regulado pelas: ✓ Pressões hidrostática/capilar, composta pelos líquidos. Atua empurrando a água e sais de dentro dos capilares para o espaço intersticial. ✓ e Coloidosmótica, composta principalmente pelas proteínas. Atua puxando a água e sais de volta para o leito venoso. Dessa forma: A pressão hidrostática elevada ou a pressão coloido-osmótica diminuída rompe esse balanço e resulta no aumento da saúde de líquido dos vasos. É importante salientar que: Essas pressões funcionam de forma oposta → ou seja, quando a pressão hidrostática está elevada → a pressão coloidal tende a estar mais baixa. O QUE ACONTECE? O líquido sai dos vasos sanguíneos para o interstício, e daí a maior parte é reabsorvida na terminação venular. No entanto, uma parte desse líquido fica retido no terceiro espaço → sendo drenada pelos vasos linfáticos para retornar ao sangue. Esse fluxo se repete de forma constante e ininterrupta na circulação sanguínea → porém, quando o líquido se acumula no interstício ocorre o edema. No Edema, ocorre o aumento da pressão hidrostática ou diminuição da pressão coloidal. Pode se formar em qualquer cavidade do corpo. EDEMA X EFUSÕES → Edema: Acúmulo de líquidos nos tecidos; → Efusão: Acúmulo de líquidos nas cavidades corporais fechadas; IMAGEM: - Toda vez que acontece um aumento da pressão hidrostática → ocorre uma diminuição da pressão coloido-osmótico plasmática, gerando líquido na região intersticiais → pois os vasos não estão conseguindo fazer a drenagem de forma correta. É IMPORTANTE SALIENTAR QUE: Normalmente, o edema e efusões são composto por líquido pobre em proteína → sendo chamado de transudato, e esses casos são gerados por muitas doenças, como: insuficiência cardíaca, renal, hepática e desnutrição. Mas há também os tipos de edema e efusões gerados pelo processo inflamatório, denominado de exsudato e nesse caso o líquido é rico em proteínas. Nesse caso aqui, o edema aqui é causado pelo aumento da permeabilidade vascular → gerado na inflamação com o objetivo de facilitar a chegadas das células imunes para as regiões afetadas. Com isso, é possível se dividir duas classes de edemas e efusões: ✓ Inflamatórios ✓ Não Inflamatórios. ENTENDA O FLUXOGRAMA: Figura: Vias que levam ao edema sistêmico devido a insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou pressão osmótica plasmática reduzida. Insuficiência Cardíaca: Acontece por uma pressão hidrostática aumentada, consequentemente ocasiona queda no fluxo sanguíneo renal → deflagrando o eixo renina-angiotensina- aldosterona e induzindo a retenção de sódio e água → logo: torna-se um círculo vicioso de retenção de fluido, aumento das pressões hidrostáticas venosas e piorando do edema. A não ser que o débito cardíaco seja restaurado ou a retenção de água renal seja reduzida (p. ex., por restrição de sal ou tratamento com diuréticos ou antagonistas da aldosterona). Síndrome Nefrótica: Nesse caso, os capilares glomerulares danificados passam a extravasar → levando à perda de albumina (e de outras proteínas plasmáticas) na urina e ao desenvolvimento de edema generalizado. Portanto: ocorre redução na síntese de albumina no quadro de doença hepática grave (p. ex., cirrose) e desnutrição proteica. Independentemente da causa → baixos níveis de albumina levam, gradualmente, a edema, volume intravascular reduzido, hipoperfusão renal e hiperaldosteronismo secundário. Infelizmente, maior retenção de sal e água pelos rins não só falha em corrigir o déficit de volume plasmático, mas também exacerba o edema, Em suma: Pressão Hidrostática aumentada → Insuficiência Cardíaca. Albumina da circulação se perdeu ou foi sintetizada em quantidades inadequadas → são as causas comuns de pressão osmótica plasmática reduzida → Insuficiência Nefrótica. o O edema inflamatório é causado pelo acúmulo de líquido nos locais de inflamação, o que ocorre graças ao aumento da permeabilidade vascular, que permite o escape do exsudato. o A permeabilidade vascular pode ser aumentada por vários mecanismos: ✓ Contração das células endoteliais, gerando espaços intersticiais aumentados; ✓ Lesão endotelial, causando necrose da célula endotelial e consequentemente seu desprendimento; ✓ Transporte aumentado de fluidos e proteínas através da célula endotelial. o Vale ressaltar ainda que o edema inflamatório normalmente estará acompanhado dos outros sinais: rubor (vermelhidão), calor, dor e/ou perda de função. ▪ As causas do edema não inflamatório são: ✓ Aumento da Pressão Hidrostática; ✓ Redução da Pressão Coloidal; ✓ Retenção de sódio e água e obstrução linfática; DENISE GUERRA - MEDICINA AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA ▪ Pode provocar drenagem venosa deficiente na região gerando edema, o que ocorre, por exemplo, na trombose venosa profunda que causa edema nas extremidades. ▪ Por outro lado, na insuficiência cardíaca → o edema é sistêmico, visto que a deficiência no bombeamento do sangue da câmara direita cardíaca para a artéria pulmonar causa acúmulo de sangue na circulação venosa. REDUÇÃO DA PRESSÃO COLOIDAL ▪ É mais frequentemente causada pela deficiência de albumina {principal proteína plasmática}, quando esta não é sintetizada adequadamente ou quando ela é perdida, principalmente na urina. Esse quadro se apresenta principalmente nas síndromes renais (nefrótica) e hepáticas (cirrose), mas também é comum em casos severos de desnutrição proteica. O que acontece? sem a pressão exercida pela albumina → o líquido é “perdido” para o terceiro espaço, e então o edema é formado. ▪ Síndromes renais também podem causar edema por meio da retenção de sal → que ocorrem tanto nas desordens primárias renais, quanto nos casos de hipoperfusão renal → comumente causada pela insuficiência cardíaca (ICC). Como na ICC o maior problema é o déficit do débito cardíaco → o sistema renina-angiotensina-aldosterona é ativado para reverter esse quadro → elevando as concentrações de ADH, retendo sal e consequentemente água. No início, esse mecanismo funciona → mas com o agravamento da ICC, o líquido retido aumenta apenas a pressão venosa, gerando edema. Na disfunção renal grave, é comum que inicialmente se forma edema periórbita. OBSTRUÇÃO LINFÁTICA Ocorre mediante: traumas, fibroses, tumores invasivos, agentes infecciosos → culminando no rompimento de vasos linfáticose bloqueio da eliminação de líquido intersticial (resultando em linfedema na parte afetada do corpo). No linfedema, a causa mais conhecida é a filariose (elefantíase). Nesse caso, a obstrução é gerada pela fibrose nos vasos linfáticos e linfonodos, que por sua vez é gerada pela presença das filárias (inflamação crônica). A hiperemia e congestão são resultado do aumento local do volume sanguíneo, mas têm mecanismos subjacentes e consequências diferentes. A HIPEREMIA É um processo ativo, que ocorre como consequência da dilatação arteriolar, como ocorre no músculo esquelético durante o exercício ou nos locais de inflamação → gerando aumento do fluxo sanguíneo. O que acontece? Nesses casos, forma-se eritema no tecido afetado por conta do “congestionamento” dos vasos com sangue oxigenado. Em outras palavras, a hiperemia é provocada por processos fisiológicos que visam aumentar o fluxo sanguíneo em determinado local com a alguma finalidade. Em suma: A Hiperemia pode ser → ✓ Fisiológica: No caso do exercício físico, a digestão. ✓ Ou Patológica: Como a inflamação; CONGESTÃO É um tipo de hiperemia, porém é um processo passivo e resulta da redução do fluxo sanguíneo no tecido, o que pode ser → ✓ Uma condição sistêmica: como ocorre na insuficiência cardíaca, ✓ ou condição local: como na obstrução venosa isolada (trombose), ou seja, é um processo patológico. Os tecidos que sofrem congestão normalmente se apresentam com cianose, por conta da estase dos glóbulos vermelhos e acúmulo de hemoglobina desoxigenada. A congestão frequentemente provoca edema, por conta do aumento do volume e da pressão. Câncer de Mama Elefantíase DENISE GUERRA - MEDICINA Nos casos crônicos, a congestão pode causar hipóxia crônica, gerando lesão tecidual isquêmica e cicatrização (fibrose). Os tipos de congestão mais comuns são: ✓ congestão pulmonar ✓ e a congestão hepática Ambos podem ter manifestação aguda ou crônica. Figura 3-1: Fígado com congestão passiva crônica e Necrose hemorrágica: possivelmente porque para esse local pode ter ocorrido rompimento dos vasos, consequentemente tendo a saída do sangue, mediante a redução do suprimento sanguíneo nos vasos. HIPEREMIA vs CONGESTÃO - Definição: A hemostasia consiste no processo que regula o equilíbrio volêmico, mantendo o sangue em seu estado líquido nos vasos normais, ou seja, não lesados, e permitindo a formação de tampão fibrinoplaquetário (trombo) nos locais de lesão vascular, a fim de evitar a perda significativa de sangue. - Defeitos nos processos de hemostasia podem causar hemorragias e trombose, que consiste na formação de coágulos sanguíneos (trombos) dentro de vasos normais, o que pode ser causado por vários fatores. - Tanto os mecanismos da hemostasia quanto da trombose envolvem três componentes principais: ✓ Parede Vascular (especialmente o endotélio) ✓ Plaquetas ✓ e a Cascata De Coagulação. - De maneira geral, os eventos hemostáticos no local da lesão vascular passam pelas seguintes fases: Hemostasia Normal: 1) Vasoconstrição: Mediada por mecanismos neurogênicos reflexos e fatores de secreção local (endotelina). É uma medida paliativa e transitória, que visa diminuir a perda sanguínea diminuindo o fluxo sanguíneo na região, porém o sangramento pode retornar caso as próximas fases da hemostasia não ocorram. 2) Hemostasia primária: consiste na formação do tampão hemostático pela agregação plaquetária. O que acontece? A lesão endotelial expõe a matriz extracelular (MEC), favorecendo a aderência e ativação plaquetária, resultante da alteração de seu formato (de discos arredondados para placas planas) 3) Hemostasia secundária: nessa fase o início do tampão plaquetário é consolidado. Isso ocorre com a exposição do fator tecidual no local da lesão endotelial. O fator tecidual, DENISE GUERRA - MEDICINA também chamado de fator III ou tromboplastina, é uma proteína pró- coagulante que atua em conjunto com o fator II → que é o principal ativador da cascata de coagulação e normalmente resulta em trombina. A trombina cliva o fibrinogênio circulante em fibrina → formando uma rede de fibrina e induzindo o recrutamento e ativação de mais plaquetas, consequentemente → formando um tampão fibrinoplaquetário permanente, um trombo sólido. 4) Eventos anti-trombóticos regulatórios: Com isso a formação do trombo são ativados os mecanismos anti-trombóticos, que visam limitar o tampão evitando trombose. Um dos principais agentes dessa fase é o ativador de plasminogênio tecidual (t-PA), o qual converte o plasminogênio em plasmina, que é uma enzima fibrinolítica. As plaquetas, além de formar o tampão inicial, possuem uma face que recruta e concentra os fatores de coagulação ativados. A função dessas células depende de vários receptores, citoesqueleto contrátil e dois tipos de grânulos citoplasmático: - Grânulos α - e Grânulos densos. CASCATA DA COAGULAÇÃO Sabe-se que o processo de coagulação tem a potencialidade de amplificar um pequeno estímulo inicial em um tampão hemostático, composto por fibrina e plaquetas ativadas → sendo um processo dinâmico, que envolve: ✓ iniciação ✓ amplificação ✓ e propagação. OBS: Tais etapas serão explicadas detalhadamente no Resumo de ‘Mecanismos dos Distúrbios Hemodinâmicos’ A hemorragia consiste no extravasamento de sangue para o espaço extravascular, que pode ser provocado por: traumas, aterosclerose, inflamação ou neoplasia na parede do vaso e congestão crônica. Quando a lesão ocorre em capilares e arteríolas, a hemorragia costuma ser menor, de fácil controle. Porém: no caso de hemorragias maciças, associadas à ruptura de grandes vasos como a aorta ou do coração: esses eventos catastróficos superam os mecanismos hemostáticos que podem causar grande perda de sangue, o qual pode se acumular no tecido subcutâneos e cavidades do corpo, como também pode extravasar para fora do corpo. e geralmente são fatais. Exemplos de situações → ✓ Dissecção aórtico no contexto da síndrome de Marfan. ✓ Aneurisma da aorta abdominal. ✓ Infarto do miocárdio. Perdas maiores que 20% do volume sanguíneo podem causar choque hemorrágico (hipovolêmico) → o qual é potencialmente fatal. Daí a importância da regulação adequada dos mecanismos de hemostasia. Figura 3-4: A, Hemorragias petequiais pontilhadas da mucosa colônica como consequência de trombocitopenia. B, Hemorragia intracerebral. DENISE GUERRA - MEDICINA ▪ A formação do trombo envolve três principais alterações, agrupadas na tríade de Virchow, sendo elas: 1) Lesões endoteliais; 2) Estase ou fluxo sanguíneo turbulento; 3) Hipercoagulabilidade do sangue; LESÃO ENDOTELIAL o A lesão endotelial é importante na formação de trombos no coração ou na circulação arterial, onde as taxas de fluxo podem impedir a coagulação → prevenindo a adesão plaquetária e diluindo os fatores de coagulação ativados. o Assim, a formação de trombos nas câmaras cardíacas (após infarto do miocárdio, por exemplo), nas placas de ateroma e nos locais de vasculite são resultadas da lesão endotelial, visto que ocorre a exposição da MEC, desencadeando os processos de coagulação. o Porém, o endotélio não contribui para a trombose apenas quando está rompido → mas qualquer alteração no equilíbrio dinâmicos entre as atividades pró e antitrombóticas podem causar coagulação local. o Ou seja, disfunções endoteliais na expressão de fatores pró e anticoagulantes causamtrombose e essas disfunções podem ser consequência de várias complicações, como: ✓ Hipertensão ✓ Lesões Por Radiação ✓ Fluxo Sanguíneo Turbulento (Fibrilação Atrial), ✓ Endotoxinas Bacterianas ✓ Toxinas Do Cigarro ✓ e Anormalidades Metabólicas. ESTASE • A turbulência do fluxo sanguíneo (Estase) leva à formação de trombos devido à lesão e/ou disfunção endotelial que provoca. • A estase sanguínea é a principal agente na formação de trombo venoso. • A estase e turbulência sanguínea promovem a ativação endotelial → aumentando a atividade pró-coagulante e a adesão de leucócitos, consequentemente rompe o fluxo normal (que é laminar) → fazendo com que as plaquetas entrem em contato com o endotélio; • Dessa forma: reduzem a eliminação (“lavagem”) e impede a diluição dos fatores de coagulação → devido falta de fluxo sanguíneo fresco e influxo dos inibidores dos fatores de coagulação. • É importante salientar que: A turbulência e estase podem ser causadas por: infarto do miocárdio, estenose da válvula mitral, doença falciforme e outras complicações. ESTADO DE HIPERCOAGULABILIDADE Também chamado de trombofilia, é o fator que menos contribui para a formação de trombos, porém pode predominar em algumas condições. A hipercoagulabilidade é definida como qualquer alteração nas vias de coagulação que predispõe à trombose → podendo ter origem de desordens primárias (genéticas) ou secundárias (adquiridas). As causas primárias são relacionadas com defeitos em diversos fatores envolvidos nos processos de coagulação, como: ✓ Mutação do gene do fator V ✓ Deficiência de antitrombina III, de proteína C; entre outras anormalidades. As causas secundárias, estão relacionadas com: ✓ Repouso no leito e Imobilizações prolongadas; ✓ Infarto do Miocárdio; ✓ Fibrilação Atrial; ✓ Lesão Tecidual (cirurgia, fratura, queimaduras); ✓ Tumores, Síndrome nefrótica; ✓ Uso de contraceptivos orais ou Gestação (estado hiperestrogênico), ✓ Tabagismo, entre outras doenças e condições que tornam o sangue mais viscoso. Ao contrário das doenças hereditárias, a trombofilia adquirida é normalmente multifatorial. Se um paciente sobrevive à trombose inicial, nos dias e semanas subsequentes, os trombos sofrerão: 1) Propagação {Os trombos cumulam plaquetas e fibrinas, crescendo e promovendo obstrução do vaso}. 2) Embolização {O trombo se desprende e desloca- se para outras locais da vasculatura}. 3) Dissolução {É o resultado da fibrinólise, que pode resultar em rápida diminuição e total desaparecimento de trombos recentes}. 4) Organização e recanalização {Trombos mais velhos são organizados pela proliferação celular e formação de capilares}. Figura 3-14: Vista em pequeno aumento de uma artéria trombosada corada para tecido elástico. O lúmen original é delineado pela lâmina elástica interna (setas) e está totalmente preenchido com trombos organizados. DENISE GUERRA - MEDICINA → Os trombos chamam atenção clinicamente quando obstruem artérias ou veias, ou dão origem a êmbolos: TROMBOSE VENOSA É quase invariavelmente oclusiva e seus coágulos são conhecidos como trombos vermelhos ou de estase. As veias dos membros inferiores são as mais afetadas, como a veias safenas e TVP da femoral. Mas também podem acometer outras veias do corpo. A trombose venosa também pode causar infarto, porém é mais comum apenas congestão, OBS: nesses casos os canais colaterais (anastomoses) auxiliam no fluxo vascular → melhorando o influxo arterial. Por isso, os infartos por trombose venosa são mais prováveis em órgãos com uma única veia aferente, Ex: Nos testículos e ovários. Por outro lado, a trombose venosa profunda é a principal causa de tromboembolismo pulmonar (TEP), que será melhor descrito adiante. TROMBOSE ARTERIAL E CARDÍACA Normalmente se formam em locais de turbulência (regiões de bifurcação arterial) ou de lesão endotelial (placas de ateroma, HAS). A placas de ateromas (aterosclerose) e aneurismas é a principal causa de trombose arterial; Na trombose cardíaca → é causado principalmente por infarto e doença reumática. Um êmbolo é uma massa intravascular solta, que pode ser sólida, líquida ou gasosa → a qual é transportada pelo sangue para um local distante do seu ponto de origem. A maioria dos êmbolos, têm origem em um trombo → por isso o termo tromboembolismo, mas também pode existir êmbolos de gordura, bolhas de nitrogênio, fragmentos da medula óssea e até mesmo corpo estranho. EMBOLIA PULMONAR ➢ A Tromboembolismo pulmonar - TEP é normalmente causada por trombose venosa profunda das pernas, quando os trombos são transportados para o lado direito do coração, antes de se alojar nas artérias pulmonares. ➢ De maneira geral, o indivíduo que teve TEP tem maior risco de desenvolver outros êmbolos. CONSEQUÊNCIAS DA EMBOLIA PULMONAR: ➢ A maioria dos êmbolos pulmonares são pequenos, e por isso são assintomáticos. ➢ Além disso, os êmbolos são silenciosos, tornam- se organizados e são incorporados à parede promovendo fibrose. ➢ Esses trombos podem provocar morte súbita, insuficiência cardíaca direita ou colapso cardiovascular quando ocorre obstrução superior a 60% da circulação pulmonar. ➢ Ademais: A obstrução de artérias de médio calibre com ruptura vascular pode causar hemorragia pulmonar, porém não causa infarto pulmonar devido à existência da circulação brônquica, que mantém a perfusão da área afetada. Entretanto, indivíduos com insuficiência cardíaca esquerda apresentam comprometimento do fluxo da artéria brônquica e com isso pode ocorrer infarto. TROMBOEMBOLISMO SISTÊMICO - A maioria dos êmbolos na circulação arterial surgem principalmente de trombos murais. - Porém, há ainda êmbolos originados de aneurismas aórticos, trombos das placas ateroscleróticas. - Os locais mais comuns de embolias arteriais são as extremidades inferiores, cérebro, intestino e baço. - Os danos/as consequências aos tecidos afetados serão de maior ou menor grau de acordo com: ✓ A vulnerabilidade desses tecidos à Isquemia; ✓ Calibre do vaso ocluído; ✓ e Existência ou não de circulação colateral; - Porém, a maioria dos êmbolos sistêmicos provocam infarto nos tecidos afetados. EMBOLIA GORDUROSA E DE MEDULA ÓSSEA o É a denominação utilizada para a minoria de pacientes que se apresenta sintomática. DENISE GUERRA - MEDICINA o É caracterizada por insuficiência pulmonar, sintomas neurológicos, anemia e trombocitopenia; o Fatal em 5% a 15% dos casos; EMBOLIA DE LÍQUIDO AMNIÓTICO É a quinta causa mais comum de mortalidade materna no mundo É responsável por cerca de 10% das mortes maternas nos EUA e resulta em déficit neurológico em 85% dos sobreviventes EMBOLIA GASOSA - Uma forma particular de embolia gasosa → chamada de doença da descompressão, a qual ocorre quando o indivíduo experimenta uma queda brusca da pressão atmosférica. ❖ Um infarto é definido como uma área de necrose isquêmica causada pela falta de suprimento arterial ou drenagem venosa. ❖ Pode acometer qualquer tecido do corpo, porém os infartos mais comuns são do miocárdio e cerebral. ❖ Normalmente os infartos são causados pela oclusão arterial trombótica ou embólica, mas também podem ser causados por vasoespasmo, rompimento de placa de ateroma e tumores (compressão extrínseca do vaso). ❖ Os infartos são classificados de acordo com a cor e presença ou ausência de infecção. ❖ Assim, eles podem ser: ✓ Vermelhos (hemorrágicos) ✓ ou Brancos (anêmicos) ❖ Fatores que influenciam o desenvolvimento do infarto: ✓ Anatomia do suprimento vascular {A falta de circulação colateral determina o quanto de dano a oclusão do vaso irá causar}. ✓ Velocidadeoclusão {As oclusões de desenvolvimento lento têm menor probabilidade de provocar infarto, pois seu crescimento permite que haja tempo para que se desenvolva circulação colateral alternativa, promovendo fluxo sanguíneo mesmo com o vaso principal obstruído} ✓ Vulnerabilidade do tecido à hipoxia {Privação de oxigênio}; ✓ Hipoxemia {A obstrução parcial de um vaso menor, que não causaria problemas em indivíduos normal, pode provocar infarto em paciente anêmico ou cianótico}. INFARTO VERMELHO São causados por oclusões venosas; Onde? - Em tecidos frouxos onde o sangue pode se acumular na região infartada; - Em tecidos com circulação dupla, como o pulmão, pois isso permite o fluxo sanguíneo de um vaso paralelo desobstruído; - Na zona necrótica; - Em tecidos congestionados pelo fluxo venoso lento; - E quando o fluxo é restabelecido em um local de necrose ou que estava ocluído. Esses infartos são mais frequentes no pulmão → onde aparecem macrófagos carregados de hemossiderina. Esse infarto são tipicamente hemorrágicos (vermelhos); INFARTOS BRANCOS Ocorrem com oclusões arteriais em órgãos sólidos que possuem circulação arterial terminal, como: coração, baço e rim, e onde a densidade do tecido limita a entrada de sangue dos leitos capilares próximos à área necrótica. Logo: São pálidos; INFARTO VERMELHO vs INFARTO BRANCO Figura 3-17: Infartos vermelhos e brancos. A, Infarto hemorrágico, infarto pulmonar com forma cuneiforme aproximada (infarto vermelho). B, Infarto pálido nitidamente demarcado no baço (infarto branco). Figura 3-18: Infarto renal antigo, agora substituído por uma grande cicatriz fibrótica. DENISE GUERRA - MEDICINA ⎯ A principal característica do choque é hipoperfusão tecidual → o que normalmente é causado por um estado de hipotensão sistêmica, que pode ser provocado por diminuição do débito cardíaco ou do volume sanguíneo circulante. ⎯ Assim, o choque pode ser classificado em: ✓ Hipodinâmico: Quando há déficit no débito cardíaco e consequente aumento da resistência vascular periférica (vasoconstrição). ✓ ou Hiperdinâmico: Relacionado à um alto débito cardíaco e baixo resistência vascular periférica (vasodilatação acelerada). ⎯ Porém, essas classificações podem apresentar associadas nos casos de choque misto. ⎯ As causas de choque se dividem nas seguintes categorias gerais: → Choque cardiogênico; → Choque hipovolêmico; → Choque distributivo; CHOQUE CARDIOGÊNICO Ocorre quando o débito cardíaco está baixo devido à falência do miocárdio, o que pode ser causado por infartos, arritmias, compressão extrínseca (tamponamento cardíaco) ou obstrução do fluxo (embolia pulmonar); CHOQUE HIPOVOLÊMICO Resulta da diminuição do débito cardíaco como consequência da perda do volume sanguíneo ou plasmático, como ocorrem em casos de hemorragias graves e perda de líquidos nos grandes queimados; CHOQUE DISTRIBUTIVO A má perfusão tecidual é resultado de vasodilatação periférica global que leva a redução acentuada da pressão de enchimento capilar, comprometendo o fornecimento de oxigênio pelos capilares. A vasodilatação periférica que leva ao choque distributivo pode ser causada por subtipos de choque: ▪ Séptico: Inflamação → ativação imunológica → lesão endotelial → aumento do fator tecidual → aumento da permeabilidade vascular + síntese de Óxido Nítrico; ▪ Anafilático: Gera prurido, rash cutâneo, rouquidão, dispneia, manifestações do TGI; ▪ Neurogênico: Lesão da medula espinhal acima do nível torácico superior; PATOGENIA DO CHOQUE SÉPTICO: Figura 3-19: Principais vias patogênicas no choque séptico. Produtos microbianos ativam células endoteliais, assim como elementos celulares e humorais do sistema imune inato, iniciando a cascata de eventos que levam à falência de múltiplos órgãos em estágio terminal. CID, coagulação intravascular disseminada; HMGBI, proteína box I do grupo de alta mobilidade; NO, óxido nítrico; PAF, fator de ativação plaquetária; PAI-I, inibidor do ativador do plasminogênio; PAMP, padrão molecular associado a patógeno; sTNFR, receptor do fator de necrose tumoral solúvel; FT, fator tecidual; TFPI, inibidor da via do fator tecidual. RESUMO OBS: Choque de qualquer tipo pode levar a lesão tecidual hipóxica, se não for tratado. 1) Sobre a trombose, é CORRETO afirmar: a) As células endoteliais ativadas secretam inibidores do ativador do plaminogênio (PAIs), que diminui o desenvolvimento de trombos. b) As dilatações aórticas e das artérias em geral, denominadas aneurismas, provocam estase local e são propensas à trombose. c) O desenvolvimento do trombo depende necessariamente dos componentes da tríade de Virchow trabalhando em conjunto. DENISE GUERRA - MEDICINA d) Mutação da protrombina leva a diminuição dos níveis de protrombina, gerando hipercoagulabilidade que predispõe à trombose. 2) Sobre a infarto, é CORRETO afirmar: a) Os pulmões apresentam um duplo suprimento sanguíneo arterial (pulmonar e brônquico), que facilita o surgimento de infartos induzidos por um tromboembolismo. b) As células do miocárdio, embora mais resistentes que os neurônios, são também muito sensíveis e morrem após apenas 3 a 4 minutos de isquemia. c) As oclusões de desenvolvimento lento apresentam uma menor probabilidade de causar um infarto, pois proporcionam tempo para o desenvolvimento de vias colaterais de perfusão. d) Um infarto é uma área tecidual de apoptose causada pela obstrução, seja do suprimento arterial ou da drenagem venosa. 3) Sobre o choque, avalie as afirmativas abaixo. I. Choque é definido como um estado de hipoperfusão tecidual sistêmica devido à redução do débito cardíaco e/ou à redução do volume sanguíneo circulante eficaz. II. No choque séptico o fator tecidual diminui e o inibidor do ativador do plasminogênio 1 (PAI-1) diminui. III. O choque de qualquer tipo pode levar a lesão tecidual hipóxica, se não for tratado. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) I e II b) I e III c) II e III d) I, II e III Gabarito: B / C / B DENISE GUERRA - MEDICINA
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