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Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4900 O uso da Escala de Braden para prevenção de lesão por pressão em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva The use of the Braden Scale to prevent pressure injury in intensive care unit patients DOI:10.34117/bjhrv2n6-003 Recebimento dos originais: 10/10/2019 Aceitação para publicação: 04/11/2019 Daniela Oliveira de Sales Enfermeira. Especialista em Enfermagem na Assistência ao Adulto em UTI Instituição: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Endereço: Rua Dr. Cesário Motta Jr., 61 – Santa Cecília, São Paulo – SP, Brasil E-mail: danysouza.sales@gmail.com Camila Waters Enfermeira. Mestre em Enfermagem Instituição: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Endereço: Rua Dr. Cesário Motta Jr., 61 – Santa Cecília, São Paulo – SP, Brasil E-mail: camila.waters@fcmsantacasasp.edu.br RESUMO Introdução: A lesão por pressão (LPP), causada por uma pressão por um prolongado tempo geralmente sobre uma proeminência óssea, também pode ser causada por uso de dispositivo médico. Objetivo: Identificar, na literatura científica, a pontuação da Escala de Braden nos pacientes adultos e idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva, o perfil do paciente que desenvolve LPP e quais são as medidas de prevenção de LPP utilizadas na UTI. Material e método: Pesquisa bibliográfica e descritiva, utilizando o descritor: “Unidades de Terapia Intensiva” e a palavra-chave: “Escala de Braden”, incluídos artigos científicos completos, em português, publicados no período de 2008 a 2018 e excluídos artigos de revisão bibliográfica, artigos que não atendiam ao objetivo do estudo e artigos cuja população era pediátrica e neonatal. Resultados: Avaliados seis artigos, sendo que um foi publicado no ano de 2008, um em 2009, outro em 2010, dois no ano de 2011 e um em 2014. Dois foram publicados pela Acta Paul Enferm, e um publicado em cada um dos seguintes periódicos: Rev. Esc Enferm USP, Rev Latino-am Enfermagem, Rev enferm UERJ e Rev Gaúcha Enferm. Em três artigos os dados foram coletados no estado de São Paulo e em três outros artigos os dados foram coletados nos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Ceará e Minas Gerais. A média da pontuação na Escala de Braden variou de 11,35 a 13,86, classificado como um risco moderado e alto para o desenvolvimento da lesão. A incidência de pacientes que desenvolveram LPP variou de 25,6% a 62,5%. Os pacientes que desenvolveram LPP apresentavam uma idade acima de 45 anos, possuíam a cor de pele branca, desenvolveram a lesão após sete dias de internação na UTI e apresentavam escores baixos na Escala de Braden. As áreas mais acometidas pela LPP foram a sacral, calcâneo, occipital; a maioria se encontrava em Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4901 estágio 1 e apresentava de uma a duas lesões. As medidas de prevenção para a LPP citadas foram a mudança de decúbito, o uso de colchões especiais, o uso de coxins, travesseiros, almofadas, proteção das proeminências ósseas com películas, a manutenção das camas limpas e do paciente limpo, seco e hidratado. Conclusões: As LPP, um problema de saúde pública totalmente passível de prevenção, se tornam um indicador de qualidade da assistência prestada à saúde, causam um grande impacto e complicações ao paciente, seus familiares e sociedade, além de prolongar o tempo de tratamento, internação hospitalar, reabilitação e gastos hospitalares. Palavra-chave: Unidades de Terapia Intensiva, Escala de Braden e Epidemiologia ABSTRACT Introduction: Pressure ulcer (PU), caused by pressure for a prolonged time usually over a prominent boné, may also be caused by use of a medical device. Objective: To identify, in the scientific literature, the Braden Scale score in adult and eldery patients hospitalized in the Intensive Care Unit (ICU), the profile of the patient who develop PU and what are the measures of prevention of PU used in the ICU. Material and method: A bibliography and descriptive research, using the descriptor: “Units of Intensive Care” and the key word: “Braden Scale”, including complete scientific papers published in Portuguese from 2008 to 2018 and excluded articles of bibliographic review, articles that did not meet the objective of the study and articles whose pediatric and neonatal population. Results: Six articles were evaluated, one of which was published in 2008, one in 2009, one in 2010, two in 2011 and one in 2014. Two were published by Acta Pau Enferm, ando no published in each of the followin journals: Rev Esc Enf USP, Rev Latino-am Enfermagem, Rev Enferm UERJ e Rev Gaúcha Enferm. In three articles the data were collected in the state of São Paulo and in three others articles the data were collected in Rio Grande do Sul, Ceará and Minas Gerais. The mean score in the Braden Scale rangd from 11.35 to 13.86, classified as a moderate and high risk for lesion development. The incidence of patients who developed PU ranged from 25,6% to 62,5%. Patients who developed PU were over 45 years old, has White skin color, developed PU after 7 days of ICU stay and had low scores on the Braden Scale. The áreas most affected by PU were the sacral, calcaneal, occipital; most were in stage 1 and had one to two lesions. The measures of prevention for PU mentioned were the change of decubitus, the use of special mattresses, the use of cushions, pillows, cushions, protection of bony proeminences with films, the maintenance of clean beds and the patient clean, dry and hydrated. Conclusions: Pressure ulcer, a public health problem totally preventable, becomes an indicator of the qaulity of care provided to the health, causes a great impact and complications to the patient, their relatives and society, besides prolonging the time of treatment, hospitalization hospital, rehabilitation and hospital expenses. Keyword: Units of Intensive Care, Braden Scale, epidemiology 1 INTRODUÇÃO A lesão por pressão (LPP) é definida pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) como um dano na pele ou tecidos moles subjacentes, causada por uma pressão por um prolongado tempo, geralmente sobre uma proeminência óssea e que também pode Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4902 ser causada por uso de dispositivo médico. Essas lesões são classificadas por estágios, que recentemente foram revisados e atualizados pelo NPUAP. O que diferencia os estágios é o grau de comprometimento tecidual como descritos: estágio 1 - pele íntegra com eritema que não embranquece; estágio 2 - perda da pele com exposição da derme; estágio 3 - perda da pele em sua espessura total e estágio 4 - perda da pele em sua espessura total e perda tissular. Além dessas classificações, também existem lesão por pressão não classificável, lesão tissular profunda, lesão por pressão relacionada à dispositivos médicos e lesão por pressão em membranas e mucosas(1). Estima-se que até 38,0% dos pacientes hospitalizados podem desenvolver LPP, um problema evitável de saúde, que afeta a recuperação do paciente, adia a alta hospitalar, causa sofrimento e acarreta aumento da carga de trabalho para os profissionais de saúde(2). O quadro epidemiológico da LPP não faz distinção entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. A prevalência de LPP, por exemplo, nos Estados Unidos e o aumento dos custos com a prorrogação de internação dos pacientes é de 15,0% e de 50,0%, respectivamente. No Brasil, há publicações que detectaram uma prevalência deste problema para pacientes hospitalizados, que varia de 27,0%a 39,4%. No continente europeu, em países como a Inglaterra, Alemanha, Suécia, Itália e Holanda, as taxas são de 7,9%, 8,3%, 20,0%, 23,0% e 24,2% respectivamente. Em Portugal existem graves problemas na notificação dos casos de LPP. Na Coréia do Sul, a prevalência de LPP varia entre 10,5% e 45,5%(3). Os fatores de risco para o desenvolvimento da LPP são classificados como extrínsecos ou intrínsecos. Fatores extrínsecos estão relacionados ao ambiente: pressão, fricção, cisalhamento e umidade, relativos à exposição física do paciente. Já os intrínsecos estão relacionados à condição clínica apresentada pelo paciente, como as doenças que reduzem os movimentos e percepção sensorial, estado nutricional, perfusão tecidual, incontinência vesical e/ou intestinal, câncer metastático, doenças neurológicas, uso de alguns medicamentos e a idade avançada, que acarreta o surgimento de doenças crônicas como diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, que comprometem seu estado de saúde(2). As LPP podem localizar-se em diversas regiões do corpo que ficam em pressão por um determinado tempo. Entre as mais acometidas estão: região sacra, occipital, trocanteriana, maléolos laterais, calcâneo, ísquio, cotovelo, escápula, dentre outras. Um estudo realizado em São Paulo revelou que as regiões sacral e trocanteriana foram as mais acometidas, com 32,47%. Em comparativo, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4903 de um hospital em Belo Horizonte, as regiões mais predominantes para o desenvolvimento da lesão foram a região sacral (36,0%), seguida dos calcâneos (22,0%)(4). A LPP se caracteriza como um indicador negativo da qualidade da assistência prestada. É avaliada internacionalmente como evento adverso e representa importante desafio para o cuidado em saúde, por contribuir com o aumento da morbidade, da mortalidade, tempo, custos do tratamento de saúde e por afetar um elevado número de pessoas. Assim, no Brasil, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente, no qual um dos objetivos é a diminuição da ocorrência da LPP(5). A determinação do risco para o desenvolvimento da LPP é a primeira medida preventiva a ser adotada; deve ser realizada na admissão do paciente e/ou pelo menos a cada 48 horas, ou quando ocorrer alteração em suas condições de saúde. Principalmente em pacientes criticamente enfermos, que apresentam grande número de fatores de risco, torna-se importante utilizar um instrumento preditor para auxiliar na prevenção de LPP. Dentre os instrumentos disponíveis, a escala de Braden (EB) é a mais citada entre os estudos; foi construída por Bergstrom e Braden em 1987, a partir da fisiopatogenia da LPP, e validada para a língua portuguesa por Paranhos e Santos em 1999 (Anexo 1). Tem sido a mais utilizada e testada até o momento, pois demonstrou ter maior sensibilidade e especificidade do que as outras escalas, como Norton, Gosnell e Waterlow(6). De acordo com a escala de Braden, são avaliados seis fatores de risco (subescalas). Dos seis parâmetros, três medem determinantes clínicos de exposição à pressão – percepção sensorial, atividade e mobilidade e três mensuram a tolerância do tecido à pressão – umidade, nutrição, fricção e cisalhamento. O escore da Escala de Braden varia de 6 a 23 pontos, sendo que a contagem de menor número de pontos indica que o indivíduo tem alto risco para desenvolver a LPP. Pacientes com um valor de 19 a 23 pontos são considerados sem risco para o desenvolvimento de LPP; de 15 a 18 com risco baixo; de 13 a 14 com risco moderado; de 10 a 12 com alto risco; e de nove ou menos pontos com risco muito elevado. Vale ressaltar que o valor igual ou menor do que 16 pontos denota que o paciente adulto tem risco para o desenvolvimento de LPP. Entretanto, os pacientes com escores de 17 e 18 também são considerados de alto risco na presença de outros fatores como idade maior que 65 anos, febre, baixa ingestão de proteína, pressão diastólica menor que 60 mmHg e instabilidade hemodinâmica. A escala é descrita e avaliada da seguinte forma(6-8): Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4904 • Percepção sensorial: relacionada à capacidade de resposta ao desconforto e pressão, que pode ser totalmente limitado, muito limitado, levemente limitado e ter nenhuma limitação. O risco para LPP aumenta quando se tem alteração no desejo de mudar de posição; • Umidade: relacionada ao grau de umidade que a pele é exposta. Esta umidade pode ser promovida pela incontinência anal ou urinária, resíduos de alimentos ou exsudação de feridas. A pele pode estar completamente molhada, muito molhada, ocasionalmente molhada e raramente molhada; • Atividade: relacionada ao grau de atividade física fora do leito, podendo estar acamado, confinado à cadeira, anda ocasionalmente e anda frequentemente; • Mobilidade: relacionada à capacidade de mudança de posição e ao controle corporal, é a habilidade de mudar e controlar as posições do corpo, aliviando a pressão por meio de movimentos, podendo ser totalmente imóvel, bastante limitado, levemente limitado e não apresenta limitações. A mobilidade é um dos fatores de risco mais relevante na formação de LPP, estando relacionado ao conforto físico e psíquico do indivíduo; • Nutrição: relacionada à ingestão de alimentos, se avalia o padrão usual de ingestão alimentar, que pode ser muito pobre, provavelmente inadequado, adequado e excelente; • Fricção e cisalhamento: relacionada à movimentação no leito com necessidade ou não de assistência, tendo como categorias: problema, problema em potencial e nenhum problema. A UTI é um local de atendimento para pacientes graves e/ou de risco, clínico ou cirúrgico, que necessitam de atendimento médico, de enfermagem e fisioterapeuta por 24 horas ininterruptas, com equipamentos e recursos especializados, além de monitorização contínua(9). As UTI’s são divididas de acordo com a faixa etária (neonatal, pediátrica e adulta) e por especialidade médica, de acordo com as patologias - cardiológica, coronariana, neurológica, respiratória, traumas, queimados dentre outras(9). Pacientes graves e/ou de risco, com possibilidade de recuperação e pacientes com morte encefálica, sendo potencial doador, são pacientes que necessitam e têm indicação de internação na UTI. Nesse sentido, toda UTI deve cumprir as normas para ambiência e estrutura física, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa(9). Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4905 A LPP é mais incidente em pacientes de UTI em relação àqueles internados em outras unidades hospitalares, pelos fatores de risco que apresentam, como instabilidade hemodinâmica, insuficiência respiratória, necessidade de sedação contínua, gravidade da doença, falência múltipla de órgãos, entre outros. Levando em consideração a incidência de LPP, ressalta-se que a avaliação de risco deve ser realizada mesmo em pacientes que já possuem LPP, porque assim pode prevenir a ocorrência de lesões em outros locais(8,10). Um estudo avaliou pacientes críticos de quatro UTI distintas (duas unidades neurológicas, uma cardiológica e uma geral), de dois hospitais privados na cidade de São Paulo, em um período de um a 15 meses, e encontrou uma incidência de LPP que variou de 10,0 a 62,5%(10). Em outro estudo realizado em uma UTI de um hospital terciário de grande porte do interior do estado de São Paulo, a incidência de LPP foi de 62,5%(3). O enfermeiro tem um papel importante em seu dia a dia na UTI, que parte do processodo cuidar, desde a observação, o levantamento de dados, a história do paciente, realizar o exame físico, executar o tratamento, aconselhar e ensinar a manutenção da saúde e orientar os doentes para a continuidade do tratamento, planejamento, implementação, evolução, avaliação e interação entre pacientes e trabalhadores da enfermagem e entre diversos profissionais de saúde. Além do processo de administrar, organizando a assistência, o enfermeiro deve proporcionar educação continuada para qualificar o pessoal de enfermagem. O enfermeiro deve estar apto a cuidar de todos os doentes internados em UTI, saber lidar constantemente com o binômio vida/morte e ter estabilidade emocional(11). O trabalho do enfermeiro em uma UTI é caracterizado por atividades assistenciais e gerenciais complexas, que exigem competência técnica e científica. A tomada de decisões e adoção de condutas seguras estão diretamente relacionadas à vida e à morte das pessoas(11). A LPP é um problema de saúde com graves consequências, e que é totalmente passível de prevenção; por esse motivo foi despertado o interesse por esse estudo, baseado no uso da escala de Braden. A utilização da escala pode ser útil como uma forma de adotar medidas preventivas e fazer com que a equipe de enfermagem preconize os cuidados com pacientes que apresentem maior risco para o desenvolvimento de LPP. Acredito que essa escala seja um instrumento eficaz e, quando o paciente é avaliado diariamente de forma correta, ajuda a predizer quais são os pacientes que apresentam maior risco de desenvolver LPP, para que possam ser intensificados os cuidados na assistência, com o objetivo de evitar essas lesões. Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4906 Dessa forma, a pergunta norteadora para esse estudo é: qual é a pontuação da Escala de Braden nos pacientes internados na UTI, o perfil do paciente que desenvolve LPP e quais são as medidas de prevenção de LPP utilizadas na UTI? 2 OBJETIVO Identificar, na literatura científica, a pontuação da Escala de Braden nos pacientes adultos e idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva, o perfil do paciente que desenvolve LPP e quais são as medidas de prevenção de LPP utilizadas na UTI. 3 MATERIAL E MÉTODO Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e descritiva. A pesquisa bibliográfica é baseada em materiais já publicados e as descritivas têm como finalidade principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis(12). A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro a maio de 2019, após aprovação do Projeto pela Comissão Científica do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (Protocolo 124/18). A pesquisa foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando o descritor: “Unidades de Terapia Intensiva” e a palavra-chave: “Escala de Braden”. Incluídos artigos completos, escritos no idioma português e publicados no período de 2008 a 2018. Excluídos artigos de revisão bibliográfica; que não atendiam ao objetivo do estudo e que abordassem população pediátrica e neonatal. Foi elaborado um instrumento de coleta de dados que auxiliou na busca das informações dos artigos científicos, contendo ítens relacionados à: título do artigo, nome dos autores, nome do periódico, ano de publicação, base de dados, objetivo do estudo, tipo de estudo, tamanho da amostra, estado de coleta de dados, pontuação na Escala de Braden, quantidade de pacientes que desenvolveram LPP, características dos pacientes que desenvolveram LPP, áreas mais acometidas, estadiamento da LPP, número de lesões por paciente e medidas de prevenção para LPP. Os resultados foram apresentados em quadros e figuras, de forma a responder o objetivo proposto. 4 RESULTADOS No cruzamento do descritor: “Unidades de Terapia Intensiva” e da palavra- chave: “Escala de Braden”, encontramos 47 publicações. Após a aplicação dos filtros descritos em critérios de inclusão, permanecemos com 25 artigos e após a leitura dos Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4907 mesmos, foram excluídos 19 artigos que não respondiam ao objetivo da pesquisa. Dessa forma, o material dessa pesquisa foi composto por seis artigos, que serão apresentados nos quadros e figuras abaixo: Quadro 1. Identificação dos artigos segundo o título do artigo, nome dos autores, nome do periódico e ano de publicação. Brasil, 2008-2018. Identifica ção Título do artigo Nome dos autores Nome do periódico Ano de publicaç ão 1 Avaliação do risco de úlcera por pressão em UTI e assistência preventiva de enfermagem(13) Taís Pagliuco Barbosa, Lúcia Marinilza Beccaria, Nádia Antônia Aparecida Poletti Rev enferm UERJ. 2014 2 Implantação da Escala de Braden em uma unidade de terapia intensiva de um hospital universitário(14) Taline Bavaresco, Regina Helena Medeiros, Amália de Fátima Lucena Rev Gaúcha Enferm. 2011 3 Comparação de escalas de avaliação de risco para úlcera por pressão em pacientes em estado crítico(15) Thiago Moura de Araújo, Márcio Flávio Moura de Araújo, Joselany Áfio Caetano Acta Paul Enferm 2011 4 Fatores associados à úlcera por pressão em pacientes internados nos Centros de Terapia Intensiva de Adultos(16) Flávia Sampaio Latini Gomes, Marisa Antonini Ribeiro Bastos, Fernanda Penido Matozinhos, Hanrieti Rotelli Temponi, Gustavo Velásquez- Meléndez Rev Esc Enferm USP 2010 5 Úlcera por pressão: risco e gravidade do paciente e carga de trabalho de enfermagem(17) Mariana Fernandes Cremasco, Fernanda Wenzel, Fernanda Maria Sardinha, Suely Sueko Viski Zanei, Iveth Yamaguchi Whitaker Acta Paul Enferm 2009 6 Uso da escala de Braden e de Glasgow para identificação do risco para úlceras de pressão em pacientes internados em centro de terapia intensiva(18) Luciana Magnani Fernandes, Maria Helena Larcher Caliri Rev Latino- am Enfermage m 2008 Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4908 Figura 1. Identificação dos artigos segundo o ano de publicação. Brasil, 2008-2018. Figura 2. Identificação dos artigos segundo o nome do periódico. Brasil, 2008-2018. 1 1 1 2 1 0 1 2 3 2008 2009 2010 2011 2014 Q u a n ti d a d e Ano de publicação 2 1 1 1 1 0 1 2 3 Acta Paul Enferm Rev Esc Enferm USP Rev Latino-am Enfermagem Rev enferm UERJ. Rev Gaúcha Enferm. Q u a n ti d a d e Nome do periódico N=6 N=6 Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4909 Quadro 2. Identificação dos artigos segundo a base de dados, objetivo do estudo, tipo de estudo, tamanho da amostra e estado de coleta de dados. Brasil, 2008-2018. Identifica ção Base de dados Objetivo do estudo Tipo de estudo Tamanho da amostra Estad o de coleta de dados 1 BDENF - Enfermag em Identificar os pacientes com risco de desenvolver úlcera por pressão (UPP) em unidade de terapia intensiva (UTI) por meio da Escala de Braden e relacionar esses escores com a assistência de enfermagem na sua prevenção. Estudo transversal , prospectiv o. 190 pacientes São Paulo 2 LILACS Implantar a EB como instrumento preditor de risco para UP e analisar os resultados do seu uso em uma unidade de terapia intensiva, com vistas a contribuir para a qualificação do cuidado. Estudo prospectiv o longitudin al 74 pacientes Rio Grand e do Sul 3 LILACS, BDENF –Enfermag em Comparar as escalas de avaliação de risco para UP de Norton, Braden e Waterlow entre pacientes em estado crítico brasileiros. Estudo exploratóri o e longitudin al 42 pacientes Ceará 4 LILACS Estimar a ocorrência de úlcera por pressão e seus fatores associados, nos Centros de Terapia Intensiva (CTI) de adultos, em Belo Horizonte. Estudo transversal , de coorte 142 pacientes Minas Gerais 5 LILACS Verificar a associação entre ocorrência de UP em pacientes em estado crítico com escores da Escala de Braden, gravidade do paciente e carga de trabalho de enfermagem e, identificar os fatores de risco para UP em pacientes de UTI. Estudo transversal 74 pacientes São Paulo 6 BDENF - Enfermag em Identificar os fatores associados ao seu desenvolvimento em indivíduos internados em um centro de terapia intensiva (CTI) considerando como variáveis independentes os aspectos avaliados pelas escalas de Braden e Glasgow, a idade, sexo, cor da pele e tempo de internação hospitalar. Estudo exploratóri o, descritivo 48 pacientes São Paulo Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4910 Figura 3. Identificação dos artigos segundo o estado de coleta de dados. Brasil, 2008-2018. Quadro 3. Identificação dos artigos segundo a pontuação na Escala de Braden e a quantidade de pacientes que desenvolveram LPP. Brasil, 2008-2018. Identificação Pontuação na Escala de Braden Quantidade de pacientes que desenvolveram LPP 1 Houve prevalência de pacientes com risco moderado (13 a 14 pontos). Não foram avaliados pacientes que desenvolveram LPP e sim o risco para a LPP. 2 O escore médio foi de 11,35, considerado como alto risco para o desenvolvimento de LPP. 19 pacientes de 74 avaliados (25,67%). 3 A média da pontuação da Escala de Braden variou de 11,6 a 12,5 (DP±6,7). Risco mínimo (um paciente), moderado (34 pacientes) e alto (sete pacientes). 25 pacientes de 42 avaliados (59,5%). 4 O valor médio da Escala de Braden foi de 13,86. 50 pacientes de 142 avaliados (35,2%). 5 A média dos escores Braden foi de 12,5 (DP=2,4; min=7 e máx=19). Do total de pacientes a maioria (55,4%) possuía escores entre 10 e 12, o que representa alto risco para UP. Pacientes com altíssimo risco para LPP, escores Braden < 9, totalizaram 10,8%. 21 pacientes de 74 avaliados (31,0%). 6 A média dos escores nos pacientes que não desenvolveram LPP foi 15 (risco moderado) e para os pacientes que desenvolveram LPP foi 11 (risco elevado). 30 pacientes de 48 avaliados (62,5%). 3 1 1 1 São Paulo Rio Grande do Sul Ceará Minas Gerais N=6 Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4911 Quadro 4. Identificação dos artigos segundo as características dos pacientes que desenvolveram LPP. Brasil, 2008-2018. Identificação Características dos pacientes que desenvolveram LPP 1 • Não foram avaliados pacientes que desenvolveram LPP e sim o risco para a LPP. 2 • Cor branca em 14 (73,68%), • Sexo masculino em 11 (57,9%), • Média de idade de 48,8 ± 19,8 anos, • Tempo mediano de internação de 14 dias (4-30), • Acometimento entre o segundo e o 26º dia de internação, • Na maioria (60,9%), a LPP foi observada em até sete dias de internação na UTI, • Dez (52,63%) pacientes internaram devido à disfunção respiratória e quatro (21,05%) por problemas cardiovasculares, • Em 12 (63,15%) pacientes, o antibiótico foi a medicação mais usada, • 17 (89,47%) pacientes fizeram uso de cateter vesical de demora, • Sete (36,84%) pacientes usaram fraldas. 3 • Acometimento entre o segundo e 14º dia de internação, • Tempo médio de surgimento de LPP de 9,6 (DP± 3,3) dias após a internação hospitalar. 4 • Cor de pele parda (38,0%), • 71,4% entre os indivíduos de 45 a 59 anos, • 40,0% (71,4%) com faixa etária de 60 anos ou mais, • 13 pacientes apresentavam alterações neurológicas e digestórias, seis apresentavam alterações osteomusculares e um apresentava alterações genitourinárias. A maior prevalência de LPP ocorreu entre pacientes portadores de sepse, seguida de doenças do sistema respiratório, como insuficiência respiratória pulmonar aguda, tromboembolismo pulmonar e pneumonia, • 50,0% em pacientes eutróficos, • 42,6% eram fumantes, • A prevalência de LPP foi progressivamente maior naqueles com mais de dez dias de internação, • Todos os pacientes que estavam no CTI há mais de 50 dias eram portadores de LPP, • Ocorreu associação significativa entre uso de broncodilatadores e LPP. 5 • A maioria (60,9%) das LPP foi observada na primeira semana de internação nas UTIs, • Idade mais elevada, • Ficaram mais tempo internados na UTI e no hospital, • Tinham a média dos escores de Braden mais baixa, • Estado mais grave pela escala Simplified Acute Physiology Score II. 6 • Sexo feminino em 19 pacientes, • Cor da pele branca em 22 pacientes, • Média de idade de 51 anos, • Média de índice de massa corporal de 28,6 Kg/m2, • Média de tempo de internação de 18,43 dias. Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4912 Quadro 5. Identificação dos artigos segundo as áreas mais acometidas, estadiamento da LPP e número de lesões por paciente. Brasil, 2008-2018. Identifica ção Áreas mais acometidas Estadiamento da LPP Número de lesões por paciente 1 • Não foram avaliados pacientes que desenvolveram LPP e sim o risco para a LPP. • Não foram avaliados pacientes que desenvolveram LPP e sim o risco para a LPP. • Não foram avaliados pacientes que desenvolveram LPP e sim o risco para a LPP. 2 • Não relata. • Não relata. • Não relata. 3 • Sacral, • Calcâneo, • Occipital. • 48,9% em estagio 1, • 51,1% em estágio 2. • Seis pacientes apresentaram uma LPP, • 16 pacientes apresentaram duas LPP, • Três pacientes apresentaram três LPP. 4 • Sacral (36,0%), • Calcâneos (22,0%), • Trocânteres (9,0%), • Ílio (6,0%), • Maléolos (4,0%), • Tuberosidades isquiáticas (4,0%), • Tíbias (4,0%), • Lóbulos das orelhas (3,0%), • Escápulas (3,0%), • Cotovelos (3,0%), • Processo espinhoso (2,0%), • Podáctilos (2,0%), • Occipital (1,0%). • 25,0% em estágio 1, • 57,0% em estágio 2, • 9,0 % em estágio 3, • 6,0% em estágio 4. • 27 pacientes apresentaram uma LPP, • 11 pacientes apresentaram duas LPP, • 12 pacientes apresentaram três ou mais LPP, sendo que um paciente apresentou 12 LPP. 5 • Não relata. • Não relata. • Não relata. 6 • Calcâneo (35,7%), • Sacral (22,9%), • Escápulas (12,9%). • 57,1% em estágio 1. • 42,9% em estágio 2. • Não relata. Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4913 Quadro 6. Identificação dos artigos segundo as medidas de prevenção para LPP. Brasil, 2008-2018. Identificação Medidas de prevenção para LPP 1 • Camas limpas, • Pacientes limpos e secos, • Mudança de decúbito de duas em duas horas, • Uso de colchões piramidais, • Uso de coxins em proeminências ósseas, • Hidratação da pele. 2 • Aplicar uma escala preditiva de risco, • Obter dados para conduzir um plano de cuidados preventivos para LPP, uma vez que o escore identificado poderá determinar com maior precisão as intervenções para a prevenção ou o tratamento da LPP, • Mudança de decúbito, • Mobilização no leito e fora dele, • Remoção e redistribuição das áreas de pressão do corpo, • Uso de coxins, • Higiene da pele, • Hidratação da pele, • Uso de películas não-estéril, • Uso de protetores cutâneos, • Monitoramentodas condições nutricionais, • Monitoramento das condições de umidade, • Monitoramento da sensibilidade da pele. 3 • Não relata. 4 • Não relata. 5 • Não relata. 6 • Mudança de decúbito de duas em duas horas, • Uso de travesseiros e almofadas para posicionamento, • Proteção das proeminências ósseas, • Uso de colchão especial como forma de aliviar a pressão nos tecidos. 5 DISCUSSÃO As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) apresentam pacientes com características peculiares, em decorrência de sua gravidade clínica e da instabilidade hemodinâmica dos sistemas orgânicos. Essas condições requerem mecanismos de suporte à vida como o uso de ventilação mecânica, sedação contínua, uso de drogas vasoativas, monitorizações e diversos tipos de dispositivos como cateteres, drenos e sondas. Por isso, os pacientes estão mais expostos e vulneráveis à alterações no processo de manutenção da integridade da pele, favorecendo o desenvolvimento de LPP. Durante a internação na UTI, existem situações que comprometem a perfusão tissular da pele, como: redução da pressão sanguínea decorrente de alterações cardiovasculares, síndrome da resposta inflamatória Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4914 sistêmica (SIRS), choque séptico, choque hemorrágico, uso de fármacos e instabilidade hemodinâmica. Em qualquer uma dessas situações, o paciente crítico sofre com as alterações do fluxo sanguíneo para a área que está sobre pressão, comprometendo a oxigenação e a nutrição dos tecidos naquela região, podendo levar ao desenvolvimento de isquemia, hipóxia, edema e necrose tecidual(19). De acordo com a EB, os pacientes internados em UTI, apresentam risco moderado e alto para desenvolver LPP, e isso se deve ao tempo prolongado de internação e à associação da gravidade, complexidade e grau de dependência dos pacientes com doenças infecciosas, comuns em UTI(19). Quanto à relação entre a cor da pele e a ocorrência de LPP, o eritema não- branqueável, conhecido como LPP em estágio 1, pode ser de difícil identificação em pessoas com tons escuros de pele, uma vez que a cor pode ser diferente da área circundante, condição que pode constituir um indicativo de risco(19). Referente ao gênero, observa-se que os homens são mais suscetíveis à doença crônica mal controlada e às causas externas. Essas causas, muitas vezes, necessitam de UTI devido às complicações associadas e demandam tempo maior de internação, predispondo à formação de LPP(20). Idosos possuem menos tecido subcutâneo, diminuindo a capacidade de distribuição da pressão, levando ao comprometimento do fluxo sanguíneo e, consequentemente, ao aumento do risco de lesões, pois são mais vulneráveis para desenvolver LPP. O envelhecimento populacional eleva a vulnerabilidade aos agravos de saúde, sendo necessárias intervenções intensivas e aumento no tempo de internação(20). Em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC) e maior ocorrência de LPP, as classificações do IMC estratificadas como baixo peso e obesidade importante, caracterizaram alto risco para a ocorrência de LPP e necessitam maior atenção em relação àqueles pacientes com peso normal. Pacientes com LPP apresentam escores mais elevados de IMC, quando comparados aos pacientes sem LPP, mostrando existir uma taxa elevada de LPP em pacientes críticos com peso adequado e/ ou com sobrepeso. No paciente crítico, a desnutrição destaca-se como fator de risco intrínseco, mais associado às lesões, estando relacionada com a diminuição da tolerância do tecido à pressão. Alguns pacientes passam por longos períodos em jejum, estados patológicos e hipercatabólicos, cirurgias e desnutrição(20). A escala Simplified Acute Physiology Score (SAPS), associada à Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) têm a finalidade de avaliar o prognóstico e a Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4915 mortalidade dos pacientes, determinar a resposta terapêutica, comparar populações de pacientes de UTI e estimar custos. Quanto maior a gravidade do estado do paciente, maior a incidência de LPP. Os pacientes que desenvolveram LPP apresentam média elevada no escore SAPS. Os índices de gravidade são importantes indicadores para a identificação do risco de desenvolvimento de LPP e a SAPS é um instrumento eficaz e satisfatório como prognóstico de gravidade dos pacientes na UTI(20). Ressalta-se que quanto maior o tempo de internação, maior o risco de desenvolver LPP. Considera-se que os pacientes submetidos a um período prologado de uso de ventilação mecânica, sedação contínua, dias de balanço hídrico positivo e uso de antibióticos, estão mais suscetíveis a desenvolver a lesão(20). Nos pacientes com sedação, a LPP é justificada pela não realização da mudança de decúbito, devido à instabilidade hemodinâmica. Tratando-se de pacientes sedados, a não percepção sensorial faz com que este paciente mereça uma melhor atenção em relação à ocorrência de LPP, visto que muitas vezes eles são incapazes de comunicar o desconforto, tornando-os mais vulneráveis. O enfermeiro deve estar apto a identificar precocemente este grupo, implementando ações que possam reduzir suas complicações(21). A idade avançada é um fator relevante para o surgimento da LPP. A provável elevação do risco dessas lesões ocorre devido às alterações específicas no processo de envelhecimento da pele; essas mudanças resultam num tecido mais frágil e susceptível às forças mecânicas, tais como, fricção, pressão e cisalhamento(22). Os broncodilatadores oferecem risco de LPP, agem através de seu efeito direto relaxante sobre a célula muscular lisa. Eles pertencem à três classes farmacológicas: agonistas dos receptores β2-adrenérgicos, metilxantinas e antagonistas muscarínicos (ou anticolinérgicos inalatórios). Os β2-agonistas são potentes broncodilatadores e como efeitos indesejáveis mais frequentes têm-se: tremor de extremidades e taquicardia. Então pode-se inferir que as alterações que possivelmente os broncodilatadores β2-adrenérgicos e antagonistas antimuscarínicos poderão promover sobre sistema cardiovascular, podem repercurtir no sistema tegumentar e favorecer o surgimento de LPP(23). O tabagismo também pode ser considerado um fator de risco, pois produz efeitos no organismo que interferem no fluxo sanguíneo, provocando vasoconstrição, favorecendo a diminuição do aporte de oxigênio e nutrientes para as células(24). Os pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, geralmente apresentam alto risco para o desenvolvimento de LPP, devido à utilização de equipamento Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4916 respiratório, cateteres urinários, dispositivos de compressão sequencial, múltiplos cateteres intravenosos e principalmente devido à diminuição da percepção sensorial, causada por sedativos, analgésicos e relaxantes musculares, determinando uma menor reação à pressão excessiva(25). Em relação aos estágios, no nosso trabalho encontramos uma maior prevalência de lesões em estágio 2, semelhante à pesquisa realizada em um hospital geral da cidade de Joinville, que constatou que 58,5% das lesões identificadas estavam em estágio 2. É possível que esse fato ocorra pela dificuldade em distinguir o eritema reativo, daquele não reativo, que já constitui a pré-lesão e poderá evoluir para estágios posteriores caso não se afaste o estímulo causal. Sabe-se que a ocorrência de LPP prolonga a hospitalização e os custos do tratamento, aumenta o risco para o desenvolvimento de outras complicações, como infecções, dificulta a recuperação do paciente e representa um acréscimo no sofrimento emocional e físico(25). Noque diz respeito à localização das lesões, a região sacral é a mais acometida, seguida do calcâneo e região trocanteriana. Outros locais com acometimento incluem a região occipital, maléolos, glúteos, escápulas, região isquiática e cotovelo. A pressão corporal em repouso não se distribui homogeneamente pela superfície de apoio, então determinados pontos do corpo, principalmente as proeminências ósseas, concentram pressões maiores, motivo pelo qual elas são as mais acometidas pelas LPP(26). A prevenção acaba sendo o principal foco dos profissionais responsáveis pelo cuidado do paciente. A abordagem preventiva deve ser multidisciplinar e tem início na identificação precoce dos pacientes suscetíveis, devendo abranger a equipe cuidadora, além dos familiares envolvidos e do próprio paciente, quando possível. Mecanismos de distribuição da pressão, mudança periódica de posição, controle da incontinência, cuidados com a pele e nutrição são as principais medidas envolvidas na prevenção da lesão(26). Alguns cuidados devem ser realizados, como manter cama limpa e a pele higienizada, pois a pele úmida é mais vulnerável, propícia o desenvolvimento de lesões cutâneas, e tende a se romper mais facilmente. Dessa forma, deve-se manter os pacientes limpos e secos, e higienizar regularmente ou sempre que apresentar sujidade. O processo de limpeza deve incluir a utilização cuidadosa de um agente de limpeza suave que minimize a irritação e a secura da pele(27). Quanto à mudança de decúbito de duas em duas horas, são vastas as estratégias voltadas para o sistema tegumentar, que trata do maior órgão humano responsável pela Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4917 proteção de muitas estruturas internas do organismo contra os agentes externos. Esta medida de proteção é uma prática exigida da equipe de enfermagem e de fisioterapeutas, demandando tempo e esforço físico, mas que ainda é uma das técnicas mais baratas e eficazes para a prevenção de LPP. Fazer o reposicionamento contínuo do paciente no leito permite a eliminação da pressão contínua da pele e possibilita a estes profissionais a observação de fatores contribuintes da lesão, como cisalhamento e hiperemia da pele(28). No entanto, o reposicionamento do paciente no leito nem sempre é uma alternativa viável para àqueles internados nos setores críticos, visto que os pacientes, muitas vezes, têm diferentes necessidades e, em algumas situações, apresentam restrições à mudança de decúbito, como em casos de altas vazões de drogas vasoativas, entre outras condições clínicas(28). Outras medidas, como usar colchões especiais, como os piramidais ou pneumáticos, atuam como superfícies redutoras de pressão, e trabalham com a distribuição de pressão local em uma área de superfície corporal maior(29). O uso de coxins em proeminências ósseas, travesseiros e almofadas para posicionamento ou cunhas de espuma, devem ser colocados entre os tornozelos e joelhos durante o posicionamento do paciente no leito, para evitar a pressão nesses locais, quando o paciente não tiver a mobilidade para essas áreas. Os dispositivos de prevenção de LPP nos calcâneos devem elevá-los, de tal forma que o peso da perna seja distribuído ao longo da sua parte posterior, sem colocar pressão sobre o tendão de Aquiles e mantendo o joelho em ligeira flexão. Deve-se dar preferência para a utilização de uma almofada ou travesseiro abaixo das pernas para elevar completamente os calcâneos e mantê-los flutuantes(29). Manter a hidratação cutânea é importante para evitar o ressecamento da pele e as fissuras. A aplicação de hidratantes na pele substitui a função de barreira decorrente da perda da lubrificação natural. Por isso, a importância de uma atenção especial, principalmente em indivíduos idosos com comprometimento da barreira de proteção(30). A massagem de conforto é uma prática contra-indicada. Na presença de inflamação aguda, em pacientes com tecidos cutâneos fragilizados e vascularização prejudicada, a massagem não é recomendada como uma estratégia de prevenção de LPP(30). Pacientes críticos, internados em Unidade de Terapia Intensiva, devem ser mobilizados com base em critérios de segurança. A prolongada imobilidade do paciente crítico repercute negativamente no sistema musculoesquelético, cardiovascular, Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4918 respiratório, tegumentar e cognitivo. A mobilização do paciente fornece benefícios como a redução do tempo de ventilação mecânica, menor tempo de permanência na UTI, menor tempo de internação hospitalar, redução da sedação e da duração do delirium, redução dos custos hospitalares, além da melhora dos desfechos clínicos e funcionais na alta hospitalar. Para prevenir e minimizar estas alterações, faz-se necessária a intervenção fisioterapêutica imediata, desde que o paciente tenha estabilidade clínica para suprir as demandas vasculares e oxigenativas que a intervenção exige. Os critérios de exclusão da terapia de mobilização no leito e fora dele são: pacientes hemodinamicamente instáveis e que necessitam de altas doses de vasopressores não estão aptos a iniciar e nem a progredir a terapia(31). Caso a mobilidade do paciente esteja comprometida e a pressão nesta interface não for redistribuída, a pressão pode prejudicar a circulação, levando ao surgimento da LPP. Neste caso, recomenda a utilização de superfícies de apoio específicas (como colchões, camas e almofadas), pois redistribuem a pressão que o corpo do paciente exerce sobre a pele e os tecidos subcutâneos(32). A terapia nutricional, em portadores de lesão por pressão, é indicada sempre que o paciente não conseguir atingir suas necessidades nutricionais pela via oral convencional. Baixos valores de IMC estão associados à redução da gordura corporal e, consequentemente, à diminuição da proteção contra a pressão em áreas ósseas proeminentes(33). O processo de cicatrização consome energia, utilizando principalmente o carboidrato sob forma de glicose. Para que o organismo não utilize proteínas no processo de cicatrização, o fornecimento adequado de calorias é importante. É recomendado de 30 a 35 kcal/kg/dia de energia e 1,2 a 1,5 g/kg/dia de proteínas, além de 1 mL/kcal de ingestão de líquidos. Pacientes com várias LPP e/ou muito grandes, situações de grande catabolismo, e sem outras comorbidades, pode-se avaliar a oferta de pelo menos 1,5 g/kg/dia. Comercialmente, têm sido desenvolvidos vários suplementos para a terapia nutricional enteral, suplementação nutricional oral, via sonda nasogástrica, nasoenteral ou percutânea (gastrostomia), com o objetivo de prevenir e tratar as LPP. Essas fórmulas são compostas principalmente por proteína, zinco, vitamina C, arginina e glutamina. A intervenção nutricional deve ser considerada parte integrante do tratamento da lesão por pressão. Recomenda-se avaliar o estado nutricional dos pacientes e garantir o aporte de energia e proteína adequados e recomendados pelas diretrizes atuais(33). Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4919 Alguns enfermeiros apresentam dificuldade em distinguir a LPP de lesões decorrentes de outras causas, principalmente a dermatite associada à incontinência (DAI), lesões por fricção ou lesões relacionadas à adesivos médicos. A dermatite associada à incontinência é uma condição distinta e é recomendado que os profissionais envolvidos na assistência sejam capacitados para a realização do diagnóstico diferencial entre a DAI e as LPP. A DAI decorrente da urina está relacionada à sua composição química e à sua osmolaridade. O contato da pele com a urina, de forma repetidae/ou por longos períodos, leva a uma hiperidratação da pele exposta. Isso ocorre porque a amônia da urina aumenta o pH da pele, diminuindo a tolerância tecidual à fricção, cisalhamento ou pressão(34). As fezes também figuram como agente etiológico da DAI, cuja irritação é atribuída à presença de enzimas digestivas, principalmente lipases e proteases, na qual a atividade enzimática fica exacerbada na presença de um pH alcalino(34). A urina, na presença de fezes, desencadeia a transformação da uréia em amônia pelas bactérias fecais, principalmente em contato com a urease presente nas fezes líquidas, aumentando ainda mais o risco para a DAI(34). As fezes líquidas são mais irritantes do que as fezes sólidas, porque normalmente entram em contato com uma superfície maior de pele. Elas ainda contêm mais sais biliares e lipases pancreáticas, que são particularmente irritantes para a pele, o que aumenta a sua vulnerabilidade a outros irritantes de baixo peso molecular, incluindo a amônia(34). Por outro lado, sabe-se que a exposição da pele à umidade excessiva, é fator importante na formação das LPP, sendo ela provocada pela incontinência urinária, anal e perspiração. A umidade macera e enfraquece as camadas superficiais da pele, tornando- as mais vulneráveis às lesões, principalmente quando associada à fricção e ao cisalhamento(35). Em relação ao monitoramento da sensibilidade da pele, o uso de drogas vasoativas causa vasoconstrição e coopera para o surgimento das lesões de pele nos pacientes graves internados nas UTIs(36). A grande maioria das drogas utilizadas para os pacientes graves causa sedação, efeito anestésico, ação vasopressora ou indutoras de coma, interferindo na sensibilidade do paciente. A alteração da percepção sensorial provoca diminuição da mobilidade e capacidade autônoma do alívio da pressão, submetendo o paciente a alto risco de desenvolver LPP. Este risco, associado a outros fatores, favorece a diminuição da oferta de nutrientes à pele, que ocorre devido à vasoconstrição provocada pela ação das drogas vasoativas constritoras, podendo gerar lesões e isquemia tecidual(36). Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4920 6 CONCLUSÕES Na avaliação de seis artigos, que utilizaram a Escala de Braden em pacientes internados em UTI, foi possível identificar que: • Todos os artigos foram publicados em periódicos de enfermagem, sendo dois publicados na Acta Paulista de Enfermagem, dois publicados no ano de 2011, nas bases de dados LILACS e BDENF, sendo realizados estudos prospectivos, com a maioria dos dados coletados no estado de São Paulo; • A maioria dos pacientes foi avaliada pela Escala de Braden com risco moderado ou risco alto para desenvolver a LPP; • A incidência de LPP nos pacientes avaliados variou de 25,67% a 62,5%; • Os pacientes que desenvolveram LPP apresentavam uma idade acima de 45 anos, possuíam a cor de pele branca, desenvolveram a LPP após sete dias de internação na UTI e apresentavam escores baixos na Escala de Braden; • As regiões sacral, calcâneos, occipital e escapular foram os locais em que as LPP ocorreram, sendo que a maioria se encontrava em estágio 1 e apresentava de uma a duas lesões; • As medidas de prevenção para a LPP estiveram relacionadas aos fatores intrínsecos e extrínsecos dos pacientes, como mudança de decúbito, uso de colchões especiais, uso de coxins, travesseiros, almofadas, proteção das proeminências ósseas com películas, manutenção das camas limpas e do paciente limpo, seco e hidratado. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os profissionais de enfermagem devem ter conhecimento sobre a incidência das LPP, seus fatores de risco, classificação das lesões e medidas de prevenção. Deve-se avaliar continuamente se as ações preventivas estão realmente sendo eficazes e aplicadas de forma individualizada e integral, com a intenção de promover a segurança do paciente e a melhoria da qualidade do cuidado prestado. As lesões por pressão são um problema de saúde pública que se tornam um indicador de qualidade da assistência prestada à saúde. Causam um grande impacto e complicações ao paciente, seus familiares e sociedade, além de prolongar o tempo de tratamento, internação hospitalar, reabilitação e gastos hospitalares. Brazilian Journal of health Review Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 4900-4925 nov./dec. 2019. ISSN 2595-6825 4921 Deve-se levar em consideração que é um problema totalmente passível de prevenção, mas que ainda hoje é um desafio para a equipe multiprofissional, pois, requer uma equipe de enfermagem bem qualificada para identificar os fatores de risco, de forma a planejar e implementar medidas eficientes e eficazes para a prevenção e o tratamento. Ressalta-se a importância da utilização de um instrumento preditor para auxiliar na prevenção de LPP, o qual se destaca a Escala de Braden que, apesar de não ter sido desenvolvida especificamente para pacientes críticos de UTI, é a escala que apresenta maior especificidade e sensibilidade para essa população e é também a mais utilizada e citada entre os estudos. REFERÊNCIAS Caliri MHL, Santos VLCG, Mandelbaum MHS, Costa IG. 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