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técnicas 1 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES MO 3 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES MEV 8 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES MET 16 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES AFM 23 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES BET 29 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES DRX 34 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES STM 43 ESPECTROSCOPIA DE FOTOELÉTRONS DE RAIOS X – XPS 46 ESPECTROSCOPIA DE ELÉTRONS AUGER 56 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES FTIR 61 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES RAMAN 70 SUMÁRIO técnicas 3 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES MO universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 4“A caracterização descreve os aspectos de composição e estrutura (incluindo defeitos) dos materiais, dentro de um contexto de relevância para um processo, produto ou pro- priedade em particular” (Materials Advisory Board of National Research Council – USA). Assumindo-se que os sistemas são compostos de ma- teriais, onde encontramos muitas vezes recobrimentos e fil- mes, o processo de caracterização pode-se tornar extenso e complexo. Por clareza divide-se o material sob análise tem 4 enti- dades, superfície, recobrimento (ou filme), interface e volu- me (“bulk”). Superfície Solicitações Propriedades Recobrimento Interface Volume “Bulk” No procedimento de caracterização de materiais, po- demos definir os seguintes aspectos importantes, a serem avaliados: • Composição química • Tamanho, forma e distribuição • Fases e estruturas (cristalino, amorfo, etc) • Microestrutura • Superfícies, interfaces e recobrimentos Superfície Fóton FótonElétron Elétron Íon Íon Recobrimento Interface Volume “Bulk” As técnicas de caracterização de materiais em 3 gran- des grupos: Microscopia, Espectroscopia e análises comple- mentares. técnicas 5 Basicamente, as técnicas de microscopia têm como objetivo a construção de imagens ampliadas dos objetos e sistemas ob- servados. Microscópios Resolução aproximada Ampliação Fonte Requisito amostra Cristalografia Olho humano 100 µm Luz Material (volume) Não Microscópio de Luz 100 nm 5 ~ 1500x Luz Material (superfície) polida Não Microscípio eletrônico de Varredu- ra (MEV) 10 nm 100 ~ 200,000x Feixe eletrônico Material (volume) Sim / Não dependen- do do modelo Microscópio eletrônico de Trans- missão (MET) 0,5 nm 1.000 ~ 300,000x Feixe eletrônico Filmes finos (espessura ~100 nm) Sim Microscópio eletrônico de trans- missão de alta resolução (MET) 0,1 nm 3.000 ~ 1.000,000x Feixe eletrônico Filmes finos (espessura ~100 nm) Sim mm = 0,001 m µm = 0,000001 m nm = 0,000000001 m (a) mm=10-3 m µm = 10-6 m Å = 10-10 m MICROSCOPIA ÓTICA (MO) A Microscopia ótica, também denominada “microsco- pia de luz”, consiste em uma técnica de observação de ob- jetos e sistemas com ampliações de algumas dezenas até milhares de vezes das dimensões físicas, tipicamente 10x a 1500x. Seu principal objetivo é a observação e análise mi- croestrutural de diferentes materiais. Características • baixa resolução ~ 0,5 m (aumento máximo de 2.000x) • imagem plana – sem profundidade de foco; • preparação especial da amostra (lixamento, polimen- to, ataque); • ferramenta mais usada para a caracterização morfológica; • primeira técnica a ser usada para examinar a microes- trutura. Microscópios óticos usados para observação: • Luz refletida: Metais, polímeros e minerais • Luz transmitida: Polímeros e minerais FONTES Radiação Comprimento de onda (nm) Elétrons 0,005 Raios-X 0,01 – 15 Ultravioleta 15 – 400 Luz Visível 400 – 700 Infravermelho 700 – 860 Microscopia ótica usa normalmente a luz visível ESCALAS DE OBSERVAÇÃO Escala Macroes-trutura Mesoestru- tura Microestru- tura Nanoestru- tura Ampliação x1 x102 x104 x106 Técnicas Inspeção visual Radiografia por raios-X Inspeção ultrasonica Microscopia ótica MEV MET e MEV Microsco- pia de força atómica Difração de raios-X Microscopia de tunela- mento MET de alta resolução Aspéctos carac- terísticos Defeitos Porosidade, trincas e inclusões Grãos e tamanho de partícula Morfologia das fases e anisotropia Discordâncias Grãos e contornos de fase Fenômenos de precipi- tação Cristal e estrutura das inferfaces Defeitos pontuais técnicas 6O microscópio ótico mais simples consiste de duas len- tes, uma objetiva e outra ocular, montadas em uma estrutu- ra, com um suporte para anteparo do material a ser observa- do denominado porta-amostra. A distância entre as lentes e a amostras, pode ser alte- rada através de um sistema de engrenagem, permitindo o ajuste do foco pelo observador. O equipamento conta ainda com um sistema de ilumi- nação, filtros, colimadores e outras partes, no sentido de oti- mizar a qualidade da imagem obtida. técnicas 7Fatores importantes Aumento: a ampliação total obtida com o microscópio ótico consiste no produto da ampliação da objetiva pela amplia- ção da ocular. Esta sem distorção, não ultrapassa a 1200x. Resolução: corresponde à distância mínima que é necessá- ria existir entre dois pontos para que possam ser distingui- dos ao microscópio 0,2 µm devido ao comprimento de onda das radiaçoes visíveis. A ampliação só tem interesse prático se for acompanhada de um aumento do poder de resolução. Sequencia usual para fazer uma análise metalográfica A D B E C F A) Amostras. B) Embutimento. C) amostras embutidas. D) Li- xamento. E) polimento. F) Ataque químico, ex. Nital (ác. ní- trico e alcool etílico). Evolução de uma preparação de amostra. Lixamento em desbaste Polimento sem ataque Lixamento de acabamento Polimento após ataque microestruturas Metais Ferro puro Cerâmicos Alumina microestrutura dos aços 1000x Aço carbono: Perlita Aço carbono: Perlita esferoidizada Martensita 1000x 1000x Aço carbono Aço carbono sinterizado Leia mais detalhes da microscopia ótica no texto complementar técnicas 8 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES MEV universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 9microscopia eletrônica de varredura Um microscópio eletrônico de varredura (MEV) utiliza um feixe de elétrons no lugar de fótons (luz) utilizados em um microscópio ótico convencional, o que permite solucionar o problema de resolução relacionado com a fonte de luz branca. Objetivo Observação e análise microestrutural de objetos sólidos Características • alta resolução – 0,2 a 5 nm • grande profundidade de foco – topografia • imagem de composição • fácil preparação da amostra Micrografia ótica Aço carbono lamelas da perlita Micrografia eletrônica princípio do MEV O princípio da microscopia eletrônica de varredura consiste na emissão de um feixe de elétrons (elétrons primários) por um filamento de tungstênio, que concentrado, controlado e reduzido por um sistema de lentes eletromagnéticas, dia- fragmas e bobinas, incide sobre a amostra, provocando uma série de emissões de sinais relacionados com a interação do feixe de elétrons incidente e a amostra. Os sinais emitidos encontram-se sob a forma de elé- trons (secundários, retroespalhados, absorvidos, transmi- tidos, difratados, etc.) e de fótons (fotoluminescentes e raios-X), os quais são captados por detectores apropriados, sendo amplificados e processados num sistema analisador específico para cada tipo de sinal. técnicas 10 Para responder ao feixe eletrônico as amostras anali- sadas devem ser condutoras. Assim, as amostras não condu- toras devem ser revestidas com um material condutor, tais como: carbono, ouro, etc. Equipamento utilizado para recobrimento com carbo-no ou deposição metálica sobre as amostras não condutoras. A B C A) Coluna õptico-eletrônica. B) Câmara da amostra com mesa para fixação dos su- portes metálicos. C) Detalhe dos detectores de elétrons secundários, detectores de elétrons retroespalhados e sonda de EDS. Profundidade de interação do feixe de elétrons quando incide sobre a amostra. Imagem real da interação. Câmara da amostra Sonda para EDS Coluna ótico eletrônica Controladores técnicas 11Elétrons Primários (EP – Primary Beam) são os elétrons gerados pelo próprio Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e que incidem sobre a amostra. Estes elétrons são ge- rados por um filamento aquecido, acelerados por um forte campo elétrico e colimados (focalizados) na superfície do material a ser analisado. Os elétrons secundários (SE – Secondary electrons) são resultantes da interação inelástica do feixe primário com a amostra. Nestas colisões inelásticas os elétrons do feixe perdem energia que é transferida para os elétrons da amos- tra que em se tratando de elétrons das últimas camadas (fra- camente ligados ao núcleo) podem ser removidos do átomo e passarem a se movimentar através do material. Quando estes elétrons são removidos próximos à superfície podem ser ejetados da amostra, sendo os demais absorvidos pelos átomos adjacentes. Normalmente estes são elétrons de bai- xa energia (inferior a 50 eV) e por causa disso a sua origem está próxima à superfície (de modo geral, menor que 10 nm de profundidade). A conseqüência direta disto é que o con- traste nas imagens resulta da topografia da amostra, sendo os picos brilhantes e os vales escuros. O Feixe de elétrons de alta energia incide na superfície da amostra onde, ocorrendo uma interação, parte do feixe é refletida e coletada pelo detector. Elétrons secundários (SE) Corrente da amostra. Informação elétrica. Raio-X (EDS) Amostra Feixe incidente Elétrons Retroespalhados (BSE) Detector de elétrons por espalhamento Os elétrons retroespalhados (BSE – Backscattered electrons) são elétrons do feixe primário que, após choques aproximadamente elásticos (interações com mudança de di- reção sem perda acentuada de energia) com o núcleo dos átomos da amostra, escaparam do material. Estes elétrons de alta energia (50 eV até a voltagem de aceleração do feixe primário) resultam em um elevado vo- lume específico de interação e em uma imagem com menor resolução que a originada pelo SE. O contraste nas imagens obtidas por BSE decorre das diferenças de número atômico dos elementos que com- põem a amostra: números atômicos mais elevados retroes- palham mais elétrons resultando em pontos mais brilhantes na amostra. Desta forma, a imagem virtual resultando dá idéia da heterogeneidade da composição da amostra. Fotomicrografias de outro em carbono observadas no MEV utilizando (a) SE e (b) BSE. técnicas 12Imagem por elétrons secundários: provém de interações inelásticas entre elétrons e a amostra Perda de energia com pequena mudança de direção Imagens por elétrons retroespalhados: provém de intera- ções elásticas entre elétrons e a amostra Mudança da direção sem perda apreciável de energia. Ocorre principalmente pela interação entre os elétrons e o núcleo atômico. catodoluminescência Quando materiais isolantes ou semicondutores são bom- bardeados pelo feixe de elétrons, fótons de grande compri- mento de onda (ultravioleta e visível) são emitidos. O espectro obtido depende do material estudado e de sua pureza. Alguns materiais apresentam fluorescência na faixa de luz visível sob o bombardeio de elétrons. A radiação é, em muitos casos, uma função de níveis de impurezas dentro dos materiais e é muito utilizada em pesquisa de semicondutores e em muitas investigações mi- neralógicas. efeito da voltagem imagens de mev Fratura em materiais metálicos porosos Fosfato tricatiônico sobre aço Fosfato tricatiônico sobre aço Cerâmico Concreto Compósito técnicas 13 Polímeros: esferas de isopor Partículas de pó sobre tecido Fibras de toalha de banho Materiais biológicos: Plantas – Canais Materiais biológicos: Pólen Filmes de polipirrol em alumínio. A) microscópio ótico. B) MEV Depósitos de silano em alumínio espectroscopia de energia dispersiva (eds) Apesar da técnica EDS ser uma análise de espectroscopia, ela é usualmente apresentada juntamente com a microsco- pia eletrônica de varredura pela sua disponibilidade nestes equipamentos. Os microscópios eletrônicos de varredura podem possuir equipamento de microanálise acoplado per- mitindo a obtenção de informações químicas em áreas da ordem de micrometros. O espectro de raios-X resultante da interação elétrons / amostra é constituido por dois componente distintos: • Raios-X característico, que permite identificar e quan- tificar os elementos presentes; • Raios-X contínuo, responsável pelo “background”em todos os níveis de energia. Fóton de raios-X emitido. Relaxamento de um elétron de nível superior e geração do fóton Elétron arrancado do material Elétron espalhadoElétron incidente do feixe As informações, qualitativas e quantitativas sobre os elementos presentes são obtidas pela captação dos raios-X, característicos resultantes da interação do feixe primário com a amostra. Este tipo de análise, denominado espectros- copia de energia dispersiva (EDS), usa um material semicon- dutor para detectar os raios-X e um analisador multicanal, que converte a energia de raios-X em uma contagem eletrô- nica. A partir do valor acumulado destas contagens é criado um espectro que representa a análise química da amostra. a b técnicas 14 Computador Processador Monitor Amostra Feixe de elétrons Amplificador Sinal de raio-X Si (Li) detector Para a análise quantitativa dos elementos, deve-se uti- lizar padrões com concentrações conhecidas dos elementos a serem analisados. Identificação dos picos. O sinal (pulso) é processado, convertido a voltagem V em sinal digital para representar os raios-X no espectro. Os raios-X característicos permitem a obtenção de um mapa de imagem da distribuição de um elemento em uma amostra não-homogênea. Quando um elétron, geralmente do feixe primário, interage inelasticamente com a amostra removendo um elétron de uma camada interna (K, L, M, N) deixa o átomo em um estado excitado de energia permitin- do que um elétron de uma camada mais energética decaia para preencher o vazio. Este decaimento ocorre com emis- são de energia na forma de um fóton de raios-X. Como as diferenças de energia são bem definidas e específicas dos elementos estes fótons são denominados raios-X caracte- rísticos e permitem identificar o elemento que está emitin- do a radiação. técnicas 15Gota de silano em superfície de alumínio Imagem do MEV Mapeamento para o alumínio (vermelho) Mapeamento para o silício (verde) Gota de silano em superfície de alumínio imagem do MEV Mapeamento para o alumínio (Vermelho) Mapeamento para o silício (verde) Também se pode fazer o “mapeamento”, ou seja, ver como um determinado elemento está distribuído na superfície.Nes- ta aplicação, um determinado elemento é inicialmente selecionado para ser detectado e ter sua posição identificada. Quando o elemento é detectado, enquanto o feixe primário varre a área em análise, um ponto brilhante é mostrado na tela e a sua localização está relacionada com o local de detecção na amostra. Após várias passagens do feixe de elétrons sobre a área, é gerado um mapa de regiões brilhantes que representa a distribuição relativa do elemento previamente selecionado. bibliografia recomendada técnicas 16 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES MET universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 17microscópio eletrônico de transmissão (met ou tem) Tem sido usado em todas as áreas das ciências biológi- cas, biomédicas e dos materiais devidoa sua capacidade de visualização das mais finas estruturas celulares. • Usa uma bobina em vez de uma lente; • Usa um feixe de elétrons em vez de luz; • Possui um poder de aumento útil de até um milhão de vezes e uma resolução inferior a 2 nm. qual a diferença para um MEV Um filamento de tungstênio aquecido promove a emis- são termoiônica de elétrons que são acelerados em um tubo sob alto vácuo em direção à amostra. A tensão aplicada varia entre 60 keV e 400 keV, sendo valores típicos na faixa de 75-100 keV. Um requisito básico para as amostras, além da estabili- dade em alto vácuo, é a espessura reduzida, geralmente in- ferior a 100 nm. Este valor pode variar dependendo do ma- terial, uma vez que o feixe eletrônico deverá ser transmitido através da amostra. O feixe eletrônico transmitido incide sobre uma tela fluorescente, um filme fotográfico ou uma câmera de vídeo, gerando a imagem da amostra. A resolução do MET está da ordem de 0,2 nm para equipamentos com tensões da ordem de 300 keV, com ampliações de 1.000.000X. características do microscópio eletrônico • Propriedades ondulatórias dos elétrons; • Aumento no poder de resolução; • Canhão eletrônico; • É a fonte de iluminação do microscópio eletrônico e consiste em um pequeno fragmento de fio em forma de V; • Uma ALTA VOLTAGEM (100 a 300 kV) é aplicada nesse filamento, fazendo com que uma corrente flua através dele, o deixe incandescente e emita elétrons. • Lentes eletrônicas; • As lentes eletrônicas consistem basicamente de uma bobina, formada por milhares de voltas de fio através da qual passa uma corrente e focalizam os feixes ele- trônicos. Esta resolução obtida, com elevada ampliação, é re- sultante do feixe coerente em foco e com alta energia. Te- oricamente, um feixe eletrônico com tensão de aceleração de 100 keV, possui um comprimento de onda de 0,0037 nm, muito inferior ao comprimento de onda da radiação eletro- magnética ultravioleta ou mesmo raios-X. A análise requer o posicionamento da amostra prepa- rada sobre um reticulado (grade) de cobre, níquel, ouro ou carbono, onde o feixe eletrônico deverá incidir (atravessar a amostra) e gerar a imagem na tela. O sistema de colimação e alinhamento do feixe eletrô- nico é construído por lentes eletromagnéticas. Uma particularidade que torna a caracterização por MET extremamente interessante é a possibilidade de obter imagens, padrões de difração e outras técnicas de análise espectroscópicas no mesmo equipamento. técnicas 18A interação do feixe eletrônico de alta energia com a matéria promove diversos efeitos tais como radiação (raios -X característicos) utilizada na espectroscopia EDS, elétrons secundários, elétrons retroespalhados e elétrons transmiti- dos, utilizados na formação das imagens, elétrons difrata- dos (ED) que geram informações cristalográficas da amostra. Pode-se enumerar diversas aplicações em todas as áre- as da ciência para a caracterização por microscopia eletrôni- ca de transmissão, como exemplo: • Imagens da superfície do material com resolução da ordem de 0,2 nm. • Análise de defeitos, degraus atômicos; • Análise de nanopartículas; • Avaliação de filmes finos e contornos de grão; • Análise de precipitação e recristalização “in situ”; • Identificação de composição de fases, etc. preparação de amostras para microscopia eletrônica de transmissão (met) Um dos grandes obstáculos para avaliar amostras biológicas, materiais orgânicos e biocompósitos está rela- cionado com a instabilidade destes sistemas quando sub- metidos às condições de análise em alto vácuo e o aqueci- mento por feixe eletrônico. A técnica de caracterização por MET requer que as amostras sejam estáveis em alto vácuo (10-5 a 10-8 Torr), suportem a incidência do feixe de elétrons com alta energia (> 70 keV) e possuam espessuras extre- técnicas 19mamente delgadas (50 – 200 nm), geralmente inferiores a 100 nm. O contraste das imagens de MET depende do número atômico dos elementos presentes na amostra. No caso de amostras orgânicas, tais como as biológicas, estas são compostas de elementos leves como carbono, hidro- gênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre, que dificulta o espalhamento eletrônico e portanto o contraste no MET. A preparação de amostras biológicas requer geralmente a utilização de agentes de contraste ou pigmentos de sais de metais pesados (acetatos, citratos e outros) de chumbo, ósmio e urânio que são elétron-opacos. Algumas etapas devem ser cumpridas no sentido de obter amostras orgâ- nicas (biológicas, poliméricas e compósitos) estáveis para observação por MET, a saber: • Fixação do material, geralmente utilizando glutaral- deído (agente reticulante de moléculas de proteína) e tetróxido de ósmio (estabilizador de membranas). • Desidratação da amostra; • Permeação com resina para polimerização em um blo- co sólido. (Sem esta estrutura a amostra colapsaria em alto vácuo); • Corte da amostra: utilização de um equipamento ul- tramicrótomo, com a utilização de lâminas de vidro ou faca de diamante, para produzir amostras com seção de 15 – 100 nm de espessura; • As amostras delgadas obtidas são colocadas em reti- culados metálicos (grid) e recobertas com filme fino polimérico (formvar) para observação no microscópio; • Existem dois métodos de intensificação do contraste: recobrimento e impregnação com metais pesados. O recobrimento é obtido pela deposição na amostra del- gada de metais como platina, platina/carbono, ouro, vanádio, chumbo e outros metais em uma câmara de alto vácuo. A impregnação com metais pesados é reali- zada pela imersão da amostra em soluções de acetato de uranila ou citrato de chumbo. Estes sais são absor- vidos de modo diferenciado pelas estruturas presen- tes, possibilitando melhor contraste para observação em microscopia. Podem também ser utilizadas outras soluções de contraste, tais como ácido fosfórico tungs- tênico e formiato de uranila. met – preparação de amostras Espessura máxima transmissível a 100 kV Elemento n° atômico Densidade (g/cm3) Espessura máxima (Å) Carbono 6 2,26 >5000 Alumínio 13 2,70 5000 Cobre 29 8,96 2000 Prata 47 10,50 1500 Ouro 79 19,30 1000 Efeito do aumento da tensão de aceleração – base 100 kV Diferença de potencial (kV) Fator de multiplicação 100 1 200 1,6 300 2,0 500 2,5 1000 3,0 Amostras de lâminas finas do prórpio material. • corte de lâminas de 0,8 a 1,0 mm de espessura; • polimento mecânico até 0,10-0,20 mm de espessura; • polimento eletrolítico final. Preparação de lâminas finas de polímeros e outros ma- teriais orgânicos. • microtomia, onde uma navalha corta películas finas e com espessuras controladas; • ultramicrotomia, o material é cortado em espessuras da ordem de nanômetros com o uso de uma faca de diamante. • o processo pode ser conduzido em baixas temperatu- ras com o uso de nitrogênio líquido (criomicrotomia). preparação de superfícies por ultramicrotomia A técnica de ultramicrotomia é utilizada para a obtenção de seções ultrafinas de materiais poliméricos, através de corte mecânico de precisão. A crioultramicrotomia é mais indicada para os cortes poliméricos, pois as baixas temperaturas utilizadas irão ga- rantir melhor a preservação das estruturas morfológicas. Esta técnica consiste basicamente da adaptação de uma câ- mara de criogenia para controle da temperatura, inclusive da navalha. As amostras para serem adaptadas no ultramicrótomo devem ser embutidas em pequenos blocos com resina, pre- ferencialmente epóxi, em moldes flexíveis O ultramicrótomo consiste de um sistema de corte e de um sistema mecânico de precisão para o controle do avanço da navalha, da velocidade e da espessura de corte. As espes- suras obtidas são da ordem de 50 a 100 nm. técnicas 20 Caixa de amostras Inserindo o porta amostra no microscópio. Obeservando no microscópio Grade de suporte para a amostra Porta amostra (cabem 2 amostras de cada vez) Colocando a grade no porta amostra UltramicrótomoNavalha de vidro e de diamante Amostra sendo ultra seccionada técnicas 21Fotomicrogra- fia eletrônica de transmissão de intestino de rato mostran- do as microvi- losidades Microscopia eletrônica de biópsia renal mostra podócito hi- pertrófico com fusão de pedicelos sobre a membrana basal glomerular Se pode observar o posiciona- mento dos átomos quando se usa em campos escuro. (como se faz no DRX) técnicas 22 Cross-sectional TEM image showing the oxide film formed in absence of PY. TEM micrograph of the cross-section of the Al electrode at 1800 mVsce of the anodic polarisation curve in PY:ASAS solution. (a) (b) TEM micrographs of the cross-section of polypyrrole films on aluminium electrodes: (a) PPY/ASAS film formed at 2 mA/cm2 for 30 minutes (b) details of the aluminium/polymer interface. TEM micrograph for PPY film in presence of TSA revealing dendrites formation (anomalous growth). Cross-sectional TEM image showing the oxide film formed in absence of PY. TEM micrograph of the cross-section of the Al electrode at 1800 mVsce of the anodic polarisation curve in PY:ASAS so- lution. técnicas 23 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES AFM universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 24microscopia de força atômica (afm) princício A amostra é movimentada em relação ao sensor ( ou o sensor é movimentado em relação a amostra). Sensor mede algu- ma prorpiedade da superfície. Sistema de contro- le é utilizado para manter a altura entre o sensor e a superfície constante. • Sistemas onde o sensor é movimentado não limita o tamanho da amostra mas apresenta baixa resolução espacial. • Sistemas onde a amostra é movimentada limita o ta- manho da amostra mas apresenta alta resolução es- pacial. Esquema de operação do microscópio de força atômica com contato intermitente, mostrando duas seníodes: uma representa a oscilação do piezo solidário com a sonda, outra representa o sinal do fotodetector. • Sistema de detecção por deflexão de feixe de laser mais utilizado em AFMs. Ele permite alta resolução, e em ge- ral é utilizado em sistemas onde a amostra é varrida. A distância entre o cantilever e o detector, i.e., o caminho ótico, é importante para a sensibilidade do sistema. técnicas 251 - Ponteiras piramidais. A ponteira mais comum em AFM é uma pirâmide de nitreto de silício, cuja base é um quadrado de aproximadamente 5 µm de lado. O aspect ra- tio é aproximadamente 1:1 e o raio da ponteira da ordem de 1000 Å. Existem também ponteiras piramidais de base triangular. Imagens SEM de catelevers de Si3N4 com pontas piramidais integradas. (a) imagem de quatro catilevers em forma de V acoplados em um bloco. (b) quatro pontas piramidais no cantilever em formato V. (c) as pontas piramidais são ocas vistas por cima. (d) visão de uma ponta individual, com apro- ximadamente 30 nm de raio. 2 - Ponteiras por deposição química de vapor. Ponteiras muito finas e de alta razão de aspecto podem ser feitas com um feixe de elétrons combinado com deposição química de vapor. Estas ponteiras são crescidas na extremidade de uma ponteira standard piramidal e possuem diamante em sua composição, o que as torna muito rígidas. Dimensões típicas são: 1,5 a 2 µm de comprimento, razão de aspecto > 10:1 e raio de 100 Å. 3 - Ponteiras piramidais gravadas. São vendidas comer- cialmente no feitio piramidal, mas trabalhadas com ácido de forma que suas extremidades fiquem muito agudas. A razão de aspecto delas é de 2:1 a 3:1. 4 - Ponteiras cônicas de silício. O silício é freqüente- mente utilizado para fazer ponteiras sobre cantilevers res- sonantes, isto é, para usar com modulação em não contato. Em contato, as ponteiras cônicas quebram mais facilmente que as piramidais. As ponteiras assim feitas possuem raios na base do cone de 3 a 6 µm e alturas de 10 a 20 µm, resul- tando em razão de aspecto de 3:1. Os raios das extremida- des são de aproximadamente 200 Å. Estas ponteiras feitas de silício têm a vantagem ainda de que podem ser dopadas para fazê-las condutoras, tornado-as mais versáteis. Elas po- dem ser utilizadas, por exemplo, para fazer microscopia de força elétrica ou para prevenir cargas não desejadas na pon- teira e/ou na amostra. Interações ocorrendo entre a ponteira e a superfície da amostra (como forças de van der Waals, eletrostáticas, etc.) causam um deflexão do cantilever, a qual é monitorada por meios óticos e usada para ajustar a posição do material pie- zoelétrico que suporta a amostra. A variação da altura do material piezoelétrico é comu- mente usada para formar a imagem da superfície. ponteiras usadas no afm técnicas 26modos de operação Small oscillation Large oscillation Contact mode dc operation F = k x X, where X is lever deflection and k spring constant z = f(x,y) at const. F Non-contact mode ac operation z= f (x,y) at const. F’ Used for long-range foroes like electrosta- tic and magnetic. Intermittent-con- tact mode (Tapping mode) ac operation large amplitude A agulha toca a superfície suavemente – está ligada ao cantilever que sofre uma deformação medida por um LASER. Mede as forças atrativas e repulsivas, pode ser usada para materiais não condutores Modo não-contato Modo contato intermitente AFM (operação no modo contato) • Ocorre uma atração entre a ponteira e a amostra via forças do tipo Van der Waals. • Esta proximidade faz com que os orbitais eletrônicos dos átomos da ponteira e da amostra comecem a se repelir, entrando assim no regime de forças repulsivas característico do modo contato fo rc e distance repulsive force regime attractive force regime Contact mode Tapping mode Non-contact mode AFM (operação no modo não-contato (tapping mode) • Este modo se baseia no fato da ponta oscilar e ficar tocando a amostra regularmente; • Tem a vantagem de danificar menos a amostra e de poder trabalhar em ambiente do laboratório; • Medidas do desvio de fase podem dar informações sobre a rigidez/elasticidade da amostra; • Elimina contribuições de forças laterais. operação em contato operação em não-contato técnicas 27operação do afm em tapping 10-100nm free amplitude amplitude reduced Fl ui d la ye r Tapping A operação no modo de tapping pode ser realizada com o auxílio do sistema de controle, mantendo a amplitude, ou fase constantes durante a varredura. A ponta do AFM é vi- brada com grande amplitude e o sinal é predominantemen- te influenciado por interações repulsivas de curto alcance. Simulação da força de interação entre um átomo da ponta e um átomo da superfície em função de sua distância obtida através do uso do potencial de Lennard-Jones. 0,15 -2,0x10-20 2,0x10-20 0,0 Fo rç a (N ) Distância (nm) Contato intermitente Região de não contato Região de contato 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 Aplicações do AFM (contato) Nanotribology Friction at nano-scale Correlation between friction and wear Correlation between mechani- cal and tribological properties Nano-fabricationNanolithography Aplicações do AFM (não-contato) Não-contato Resolução atômica Força magnética Força elétrica Propriedades mecânicasTapping mode Vantagens: • Maior resolução • Imagem em 3 dimensões • Não existe a necessidade de recobrimento condutivo • Permite a quantificação direta da rugosidade da amos- tra • Medida da espessura de filmes ultra-finos • Medida de propriedades mecânicas do material em escala nanométrica • Análise de amostras imersas em meio líquido (a) PVA a 22oC | (b) PVA a 60oC técnicas 28referência técnicas 29 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES BET universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 30análise de bet Similar à tensão superficial, a adsorção é uma consequên- cia daenergia de superfície. No interior de um sólido os átomos estão ligados por todos os lados aos átomos vizi- nhos, porém os átomos da superfície possuem ligações in- completas. Devido às forças de interação de van der Waals os áto- mos da superfície são mais reativos e atraem gases, líqui- dos e vapores para balancear as forças interatômicas, como observa-se na figura 2. teoria de bet (brunauer - emmett - teller) A superfície específica de um pó é determinada pela adsorção física de um gás na superfície do sólido e pelo cálculo da quantidade do gás adsorvido correspondente a uma camada monomolecular na superfície. A adsorção física resulta de forças relativamente fra- cas (forças de van der Waals) entre as moléculas do gás ad- sorvato e a área da superfície adsorvente da amostra. A determinação é usualmente conduzida na tempera- tura do nitrogênio líquido. A quantidade de gás adsorvido pode ser medido por um procedimento volumétrico ou flu- xo contínuo. No modelo BET ocorre adsorção de multiplas camadas como mostra a figura 4. Teoria de Brunauer, Emmett e Teller (BET) e determina- ção específica da área de superfície Medidas de multipontos: Os dados são tratados de acordo com a equação iso- terma de adsorção Brunauer, Emmett e Teller (BET): C - 1 P 11 VmC VmCP0 x= + P - 1Va P0 • P = Pressão de vapor parcial de adsorvente de gás em equilíbrio com a superfície a 77,4 k (temperatura de ebulição de nitrogênio líquido), em Pa. • Po = Pressão saturada do gás adsorvente, em Pa • Va = Volume de gás adsorvido a temperatura e pres- são padrão (CNTP) [273,15 K e pressão atmosférica (1,013 x 105 Pa)] em mililitros • Vm = volume de gás adsorvido em CNTP para produzir uma monocamada aparente na superfície da amos- tra, em mililitros • C = constante sem dimensões que está relacionada com a entalpia da adsorção do gás adsorvente na amostra de pó. Um valor de Va é medido para pelo menos 3 valores de P/Po. Então o valor de BET: 1 =Va P - 1 P0 Esta, deve render uma linha reta geralmente na fai- xa de pressão relativa aproximada de 0,05 a 0,3. Os dados são considerados aceitáveis se o coeficiente de correlação, r, da regressão linear não for inferior a 0,9975; Ou seja, r2 não é inferior a 0,995. A partir do gráfico linear resultante, a inclinação, que é igual a (C-1)/VmC, e a intercepção, Vm é calculada como 1 / (inclinação + interceptação), enquanto C é calculado como (inclinação / interceptação) + 1. Com o valor de Vm determinado, a área de superfície específica, S, em m2 g-1, é calculada pela equação: técnicas 31 S = nmAmN specific surface area (m2/g) monolayer capacity (mol/g) area occupied by one molecule (m2/molecule) Avogadro’s number (molecules/mol) É necessário um mínimo de 3 pontos de dados. Medi- ções adicionais podem ser realizadas, especialmente quan- do a não linearidade é obtida com um valor de P/Po próximo a 0,3. Como a não linearidade é frequentemente obtida em um valor de P/Po=0,05, os valores nessa região não são re- comendados. C - 1 VMono -C 1 VMono -C p V(p0 - p) p p0 } exemplo como a informação aparece no equipamento de análise de BET método do ponto único O método de ponto único pode ser empregado direta- mente para uma série de amostras de pó de um determina- do material para o qual a constante de material C é muito maior do que a unidade. Essas circunstâncias podem ser ve- rificadas comparando valores de área de superfície especí- fica determinados pelo método de ponto único com o de- terminado pelo método de múltiplos pontos para a série de amostras de pó. A estreita semelhança entre os valores de ponto único e os valores de múltiplos pontos sugere que 1/C se aproxima de zero. O método de ponto único pode ser empregado indi- retamente para uma série de amostras de poder muito se- melhantes de um dado material para o qual a constante de material C não é infinita, mas pode ser assumida como in- variante. Nessas circunstâncias, o erro associado ao método de ponto único pode ser reduzido ou eliminado usando o método multiponto para avaliar C para uma das amostras da série do gráfico BET, da qual C é calculado como (1 + In- clinação/interceptação). Então, Vm é calculado a partir do valor único de Va medido em um único valor de P/Po pela equação: Vm = Va 1- P P0 Normalmente, pelo menos 3 medidas de Va em diferentes valores de P/Po são necessárias para a determinação da área de superfície específica pela técnica de adsorção de gás de fluxo dinâmico (Método I) ou por adsorção de gás volumé- trico (Método II). No entanto, sob certas circunstâncias, pode ser aceitável determinar a área de superfície específica (S) de um pó a partir de um valor de Va medido em um único va- lor de P/Po tal como 0,300 (correspondente a 0,300 mol de nitrogênio ou 0,001038 fração molar de criptônio), usando a seguinte equação: S = m x 22400 VmNa A seção a seguir descreve os métodos a serem utiliza- dos para a preparação da amostra, a técnica de adsorção de gás de fluxo dinâmico (Método I) e a técnica de adsorção de gás volumétrico (método II). método I Preparação da amostra: eliminação de gases: Antes de determinar a área de superfície específica da amostra, é ne- cessário remover gases e vapores que se tornaram adsor- vidos fisicamente na superfície após o fabrico e durante o tratamento, o manuseio e o armazenamento. Se o desagre- gado não for alcançado, a área de superfície específica pode ser reduzida ou pode ser variável porque uma área interme- diária da superfície é coberta com moléculas dos gases ou vapores previamente adsorvidos. As condições de descarte são fundamentais para obter a precisão e a precisão neces- sárias de medidas específicas da área de superfície em pro- dutos farmacêuticos devido à sensibilidade da superfície dos materiais. Condições: As condições de eliminação de gases de- vem ser demonstradas para produzir parcelas BET reprodu- zíveis, um peso constante do pó de teste e a não alterações físicas ou químicas detectáveis no pó de teste. As condições de eliminação de gases definidas pela temperatura, pressão e tempo devem ser escolhidas para que a superfície origi- nal do sólido se reproduza o mais próximo possível. O de- sagregado de muitas substâncias é frequentemente obtido através da aplicação de vácuo, purgando a amostra numa corrente fluida de um gás seco não reativo ou aplicando um método de ciclagem de adsorção de dessorção. Em ambos os casos, as temperaturas elevadas às vezes são aplicadas para aumentar a taxa em que os contaminantes deixam a superfície. Deve-se precaver quanto a saída dos gases de amostras de pó em temperaturas elevadas, para assim evitar afetar a natureza da superfície e a integridade da amostra. Se o aquecimento for utilizado, a temperatura e o tem- po recomendados de eliminação de gases devem ser tão baixos quanto possível para obter uma medida reprodutível de área superficial em um tempo aceitável. Para extração de amostras sensíveis podem ser utilizados outros métodos de desgaseificação, tais como o método de ciclagem de adsor- ção-dessorção. técnicas 32método II Princípio: no método volumétrico, o gás adsorvido reco- mendado é o nitrogênio que é admitido no espaço evacu- ado acima da amostra de pó previamente desgaseificada para dar uma pressão de equilíbrio definida, P, do gás. O uso de um gás diluente, como o hélio, é, portanto, desne- cessário, embora o hélio possa ser empregado para outros fins, de modo a medir o volume morto. Uma vez que apenas o gás adsorvente puro, em vez de uma mistura de gás, é empregado, os efeitos interferentes da difusão térmica são evitados neste método. Procedimento: Adiciona-se uma pequena quantidade de nitrogênio seco no tubo de amostra para evitar a conta- minação da superfície limpa, retira-se, veda-se e pesa-se o tubo de amostra. Após a determinação do peso da amostra, a mesma é recolocada no aparelho. A amostra é cuidado- samente evacuada pressão especificada (usualmente entre 2 Pa e 10Pa). Alternativamente, alguns instrumentos ope- ram por evacuação para uma taxa definida de mudança de pressão (por exemplo, menos de 13 Pa / 30 s) e durante um período de tempo definido antes de iniciar o próximo passo. O princípio do funcionamento do instrumento requer a determinação do volume morto no tubo de amostra, por exemplo, pela admissão de um gás não adsorvido, como o hélio, este procedimento é realizado neste ponto, seguido de evacuação da amostra. A determinação do volume morto pode ser evitada usando a medida de diferença, isto é, por meio de tubos de referência e amostra conectados por um transdutor diferencial. A adsorção de gás nitrogênio é então medida como descrito abaixo. A amostra é primeiramente resfriada na temperatura do nitrogênio líquido. Administra-se um volume suficiente de gás adsorvido para dar a menor pressão relativa dese- jada e mede-se o volume adsorvido (Va). Para medições de múltiplos pontos, repite-se a medida de Va em valores de P/Po sucessivamente maiores. Quando o nitrogênio é usa- do como gás adsorvente, os valores de P/Po de 0,10, 0,20 e 0,30 são frequentemente adequados. Materiais de referência: periodicamente o funciona- mento do aparelho deve ser verificado utilizando materiais de referência de área superficial conhecida, como a alumina, que deve ter uma área de superfície específica semelhante à da amostra a ser examinada. Diagrama esquemático do aparelho de método de fluxo dinâmico. área da superfície A área da superfície ajuda a determinar a queima de sóli- dos, dissolução e reação com outros materiais. Para deter- minar a área da superfície, as amostras sólidas são pré-tra- tadas aplicando alguma combinação de calor, vácuo e / ou gás circulante para remover os contaminantes adsorvidos adquiridos (tipicamente água e dióxido de carbono) da ex- posição atmosférica. O sólido é então arrefecido, sob vácuo, geralmente a temperatura criogênica (77 k, -195°C). Um ad- sortivo (tipicamente nitrogênio) é administrado ao sólido em incrementos controlados. Após cada dose de adsorção, a pressão é permitida para se equilibrar e a qualidade adsor- vida é calculada. A quantidade adsorvida em cada pressão (e temperatura) define uma isoterma de adsorção, a partir da qual é determinada a quantidade de gás necessária para formar uma monocamada sobre a superfície externa do sóli- do. Com a área coberta por cada molécula de gás adsorvido conhecida, a área de superfície pode ser calculada. técnicas 33porosidade, tamanhos de poros e distribuição de poros. As determinações da área de superfície envolvem a criação das condições necessárias para adotar uma monocamada média de moléculas em uma amostra. Ao estender esse pro- cesso para que o gás permita condensar nos poros, e a estru- tura de poros finos da amostra pode ser avaliada. À medida que a pressão aumenta, o gás se condensa primeiro nos po- ros com as menores dimensões. A pressão é aumentada até atingir a saturação, altura em que todos os poros são pre- enchidos com líquido. A pressão absortiva do gás então é reduzida incrementalmente, evaporando o gás condensado do sistema. A avaliação nos ramos de adsorção e dessorção dessas isotermas e a histerese entre elas revelam informa- ções sobre o tamanho, volume e área. porosidade Volume de poros: o volume total de poros é derivado da quantidade de vapores adsorvidos a uma temperatura rela- tiva próxima da unidade (assumindo que os poros são pre- enchidos com adsorvente líquido). • Vads = volume do gás adsorvido • Vliq = volume do nitrogênio líquido nos poros • Vm = volume molar do adsorvato líquido (N2=34,7 cm3/mol) • Pa = pressão ambiente • T = temperatura ambiente • R = constante universal dos gases Raio de poros: o tamanho médio dos poros pode ser estima- do a partir do volume dos poros. Supondo a geometria dos poros cilíndricos (tipo histerese do tipo A) o raio médio dos poros (rp) pode ser expresso como: 2Vliq S rp = Outros modelos de geometria de poros podem exigir mais informações sobre a histerese isotérmica antes de aplicar o modelo apropriado. equipamento e sequência de análise • Um adsorvato é introduzido • A válvula para a célula que contém a amostra é aberta para permitir que o adsorvato interaja com o material. • A pressão é repetidamente medida até atingir o equi- líbrio. Exemplo de resultado de análise REFERÊNCIAS Pa Vads Vm RTVliq = Pore volume data Total pore volume for pores with Radius less than 15.93 A at P/Po = 0.395090 5.787e-01 cc/g BJH method cumulative adsorption pore volume 2.103e+00 cc/g BJH method cumulative desorption pore volume 2.192e+00 cc/g DH method cumulative adsorption pore volume 2.054e+00 cc/g DH method cumulative desorption pore volume 2.146e+00 cc/g HK method cumulative pore volume 4.257e-01 cc/g SF method cumulative pore volume 4.358e-01 cc/g NLDFT method cumulative pore volume 1.904e+00 cc/g Pore size data Average pore radius 3.505e+01 Å BJH method adsorption pore radius (Mode Dv(r)) 1.698e+01 Å BJH method desorption pore radius (Mode Dv(r)) 1.710e+01 Å DH method adsorption pore radius (Mode Dv(r)) 1.698e+01 Å DH method desorption pore radius (Mode Dv(r)) 1.710e+01 Å HK method pore radius (Mode) 1.838e+00 Å SF method pore radius (Mode) 2.261e+00 Å NLDFT pore radius 2.376e+01 Å técnicas 34 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES DRX universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 35descoberta Os raios X foram descobertos em 8 de novembro de 1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen quando o rea- lizava experimentos com os raios catódicos. Ele deu esse nome por não saber do que se tratava a natu- reza desses raios, até que mais tarde se descobriu que se tratava de ondas eletromagnéticas. Wilhelm Conrad Roentgen difração de raios-x O comprimento de onda da radiação (figura 2) usada é de- terminante, ou seja, não se pode resolver, por exemplo, es- paçamentos entre planos atômicos paralelos num cristal que sejam < . Sonda da radiação eletromagnética (figura 3) • comprimento de onda menor que a luz visível, • maior energia • maior penetração Espectro eletromagnético Sonda da radiação eletromagnética técnicas 36difração de raios-x Os Raios-X são gerados quando uma partícula de alta ener- gia cinética é rapidamente desacelerada ou por captura eletrônica. O método mais utilizado para produzir raios-X é fazendo com que um elétron de alta energia (gerado no cá- todo do tubo catódico) colida com um alvo metálico (ânodo). Terra Alvo de metal (ânodo) Saída Entrada Água de resfriamento tubo de raios-x Janela de berílio Raios-X Focalizador Tubo evacuador Circuito de aquecimento do filamento Filamento de tungstê- nio (cátodo) Alta voltagem produção de raios-x Quando elétrons de alta energia atingem um ânodo selado sob vácuo, raios X são gerados Anodos são frequentemente feitos de cobre, ferro e molib- dênio. Os Raios-X são radiações eletromagnéticas, além dis- so, possuem energia suficiente pra causar ionização. como funciona o fenômeno Quando esse elétron atinge o alvo (I), um elétron da camada K de um átomo do material é liberado na forma de fotoelé- tron (II), fazendo com que haja uma vacância nessa camada. Para ocupar o espaço deixado por esse elétron, um outro elétron de uma camada mais externa passa à camada K (III), liberando energia na forma de um fóton de Raio-X (IV). A energia desse fóton corresponde à diferença de energia entre as duas camadas. Ex: Quando um elétron de alta energia proveniente do fila- mento colide com um átomo do ânodo, joga um elétron para fora do orbital. Então um elétron em um orbital de maior energia desce para uma posição vazia liberando energia na forma de fóton de raios X. Características dos ânodos mais comuns Ânodo Número atômico K (angs- tron) Energia crítica de excitação (KeV) Voltagem ótima (kV) Cr 24 2,291 5,9940 Fe 26 1,937 7,44 40 Cu 29 1,542 8,89 45 Mo 42 0,710 20,00 80 k l núcleo k l núcleo elétron altamente energético k l núcleo Fotoelétron k l núcleo Fóton de raio-x I II III IV técnicas 37 componentes principais: • Fonte de raios-X • Dispositivo para restringir a faixa de comprimento de onda “goniômetro” • Suporte da amostra • Detector de radiação • processador de sinal raios-x para determinação da estrutura cristalina Os raios-X incidentes difratam a partir dos planos cristalinos. A medida do ângulo crítico, qc, permite computar a distância interplanar, d. Sequencia esquemática da análise por difração de raios-x incidindo sobre uma amostra. Adapted from Fig. 3.19, Callister 7e. As reflexões devem estar em fase para gerar um sinal detectável espaçamento entre planos d q l q distância extra percorrida p/ onda “2” efeito da difração nos planos cristalinos d=X-ray intensity (from detector) nl 2 sin qc qc q resultado obtido de intensidade da difração do ângulo q A) Adicionar a amostra no equipamento de raios-x B) Ensaio sendo executado com monitoramento por software C) Esquema do funcionamento da técnica Scan direction CollimatorCollimator X-ray source Detector Computer display Sample 2q A B C técnicas 38lei de bragg (1913) A Lei de Bragg é representada pela equação abaixo: n= 2 d sen(q) d d d senθ d senθ θ θ λ Ângulo do feixe incidente e do feixe refratado entre os pla- nos cristalinos da amostra. Parâmetro experimental: - Comprimento de onda da radiação ( 1,54 angstrons) Parâmetros da amostra: d - distância entre planos atômicos q - orientação desses planos em relação ao feixe, ângulo de Bragg n - ordem de difração (numero inteiro 1,2,3) típica análise de raios-x Durante um experimento típico a amostra é fixada enquanto que os ângulos da fonte e detector varrem uma faixa espe- cificada de ângulos, tipicamente 2q de 20º a 90º para uma análise de rotina de metais e compostos simples e de 10º a 60º para a maioria dos minerais. A velocidade de varredura na qual o ângulo de 2q é es- colhido para providenciar a qualidade de resultados, veloci- dades menores fornecem mais alta qualidade que as veloci- dades mais rápidas. difração de raios-x • Os átomos e moléculas podem se arranjar em estrutu- ras cristalinas ou amorfas. • É possível predizer a densidade (da parte cristalina) de um material desde que seja conhecisa sua massa molecular, raio de giração e geometria cristalina. • Pontos, direções e planos cristalográficos são especi- ficados em termos de índices cristalográficos. • Materiais podem ser constituidos de cristais únicos (single crystals) ou serem policristalinos. • As propriedades geralmente variam com a orientação do cristal único (i.e., são anisotrópicas), mas são ge- ralmente não-direcionais (i.e., isotrópicas) em mate- riais policristalinos com domínios (ou grãos) orienta- dos aleatoriamente. • Alguns materiais podem ter mais que uma estrutura cristalina. Isto é conhecido como polimorfismo (ou alotropia). • A difração de raios-X é usada para determinar a estru- tura cristalina, o espaçamento interplanar e o grau de cristalinidade. difração vs espalhamento • O fenômeno de difração de raios-x envolve uma mu- dança de 90º da polarização do feixe difratado em re- lação ao incidente. • No espalhamento não existe correlação de polariza- ção entre o feixe de saída e o incidente. • No espalhamento nenhuma nova onda é excitada, apenas o feixe de raios-x incidente é refletido pela densidade eletrônica das fases presentes na amostra. Os raios do feixe incidente estão em fase quando atingem a amostra. Alguns raios são refletidos para fora do 1º plano, outros para fora do 2º plano e outros planos paralelos e irão emergir da amostra. técnicas 39Os requerimentos geométricos da difração são resumidos pela Lei de Bragg nl = 2dsin(q) n= ordem da difração = comprimento de onda d= espaçamento interplanar q= ângulo incidente/refratado. A interferência construtiva é o resultado de ondas de luz sincronizadas que se somam para aumentar a intensidade da luz. Interferência destrutiva, resulta quando duas ondas de luz fora de fase se cancelam, resultando em escuridão. First light wave Second light wave Sum of two waves Constructive interference Destructive interference métodos de difração de raios-x Laue Rotating Crystal Powder Orientation Single Crystal Polychrimatic beam Fixed angle Lattice constant Single crystal Monochromatic beam Variable angle Lattice parameters polycrystal (powdered) Monochromatic beam Variable angle (MAIS COMUM) método do pó O método do pó ainda é o mais utilizado e fornece informa- ções estruturais tais como, parâmetro de rede, determinação de fase, etc. sobre o material que está sendo investigado. Basicamente esse método envolve a difração de um feixe de raios-X monocromático por pequenos cristais ou por um pó fino (± 100 mg). O feixe monocromático é obtido por meio do uso de um filtro de níquel. Esse método é muito utilizado na área de metalurgia, como também, para se estudar ligas polifásicas, produtos de corrosão, refratários, rochas, etc. Além disso, apresenta a vantagem de não destruir e nem necessitar de um preparo especial do material em questão. O resultado da análise por DRX é usualmente apresen- tado sob a forma de um gráfico, o difratograma, cujas vari- áveis são a intensidade dos picos difratados (eixo vertical) versus o ângulo 2q (eixo horizontal). Os picos do difratograma são produzidos quando, para um dado valor de q, um dado plano atômico possui distância interplanar (d) que satisfaz a lei de Bragg. As alturas dos picos são proporcionais às intensidades dos efeitos da difração. técnicas 40difração de raios-x Imagem de uma análise de um polímero (PEAD) apresentan- do um difratograma 100% amorfo (em rosa) e parcialmente cristalino (em amarelo). Conforme aumenta a cristalinidade os picos apare- cem mais estreitos nos difratogramas o exemplo acima esta mostrando o aumento de cristalinidade de um material de (c) para (a). o que é importante observar no difratograma? • Intensidade relativa • Parâmetro de rede (h,k,l) • Tamanho do cristalito • Distancia interplanar equação de scherrer A equação de Scherrer permite o cálculo do tamanho do cristalito (diâmetro médio das partículas). Dhkl = K l b cos(q) Onde: D - diâmetro médio das partículas K - constante que depende da forma das partículas (esfera = 0,94) - comprimento de onda da radiação eletromagnética q - ângulo de difração b (2q) - largura na metade da altura do pico de difração. técnicas 41Exemplo: Dados experimentais: = 1,54 A 2q = 19,25° (0,3359 rad) k = 0,9 Valor de b após a correção do equipamento b = 1,01° (0,0176 rad) Resultado pela equação de Scherrer D = 80 Å 1,17° = b x a c b y z x a c b y z x a c b y z Perfil de um Difratograma de Raios-X Difratograma do ferro policristalino (BCC) l = 0.1542 nm (CuKα) In te ns id ad e (u .a ) Ângulo (2q) Ex: Espectro de di- fração para Al Uma amostra desco- nhecida é analisada e seus picos compa- rados com os de ma- teriais conhecidos e tabelados, permitin- do assim a identifi- cação do material. técnicas 42 Embora a difração de raios-X seja uma técnica de caracte- rização indispensável para materiais, em alguns casos ela depende de informações como a composição dos elemen- tos químicos, a morfologia física da amostra e a distribuição das fases. Essas informações podem ser obtidas, respectiva- mente, por outras técnicas: fluorescência de raios-X, micros- copia eletrônica de varredura e de transmissão. referências CULLITY B. D. and STOCK. S. R. Elements of x-ray diffraction. Third Edition técnicas 43 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES STM universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas44microscopia por tunelamento de elétrons No STM, o sensor de tunelamento mede a corrente (I) que passa entre a amostra e a sonda metálica, posicionada qua- se tocando a superfície da amostra (que deve ser condutora). Quando a distância entre a sonda e a amostra é apro- ximadamente de 10 Å, os elétrons da amostra começam a tunelar na direção da sonda ou vice versa, dependendo da polaridade de uma voltagem aplicada entre a sonda e a amostra. A corrente varia com a distância entre elas sendo diretamente proporcional à voltagem (V) aplicada e expo- nencialmente proporcional à distância (d) de separação en- tre a amostra e a sonda, ou seja, a resolução do STM reduz com o aumento de d. Tunelamento de elétrons entre ponta da sonda (liga platina -irídio) e a superfície da amostra (varredura em x, y, z). Fundamental para a operação do STM é a extrema sen- sibilidade da corrente de tunelamento à distância de sepa- ração entre os eletrodos. No STM, uma sonda muito fina e muito próxima da amostra varre a sua superfície retirando elétrons, levantando assim a topografia dos átomos na su- perfície da amostra, ou seja, registrando o seu relevo. Sua realização, simples em princípio, depende de considerável astúcia experimental. O STM é aplicável a amostras condutoras podendo ser utilizado tanto no vácuo como na atmosfera. Porém quando usado no ar tem-se uma “contaminação” da superfície da amostra, fazendo com que a imagem obtida não seja uma imagem real. ++log Agulha Piezo Pré- amplificador Esquema eletrônico – STM amplificador alta voltagemVoltagem Amostra Comparativo entre STM e AFM Microscópio Interação Informação STM Corrente de tunela- mento Topografia 3D; tamanho e forma de objetos, rugosidade, estruturas eletrônicas AFM Força intermolecular Topografia 3D; tamanho e forma de objetos, rugosidade, propriedades mecânicas A amostra (semicondutora ou condutora) e a sonda (agulha). técnicas 45 A figura mostra o princípio de operação do STM (Esque- mático: distânica e tamanhos for a de escala). O sistema piezoelétrico Px e Py varrem com a ponta de metal M sobre uma superfície. A unidade de controle (CU) aplica uma vol- tagem apropriada Vp no sistema piezoelétrico Pz, fazendo com que uma corrente de tunelamento constante JT varra a superfície da amostra, por meio de uma tensão constante de tunelamento VT aplicada entre a ponta e a amostra. A linha tracejada indica o deslocamento em z de uma varre- dura passando por um degrau (A) e por uma não homoge- neidade química (B). O STM opera basicamente de dois modos: corrente constante e altura constante ou voltagem constante. • Modo corrente constante: É o mais comum, onde a distância relativa ponta-amos- tra permanece constante, gerando-se o levantamento topo- gráfico propriamente dito. • Modo de altura constante ou voltagem constante: A ponta de prova varre a amostra nas direções x, y e mantém fixo o eixo z (z é a posição vertical da ponta en- quanto x e y são coordenadas no plano da mostra) permitin- do varreduras rápidas, com alguma perda de resolução ver- tical, o que o torna inadequado ao tratamento de superfícies condutoras. Modos de operação do STM. (a) modo corrente constante. (b) modo altura constante. A distância d entre a amostra e a agulha é pequena o suficiente para que os elétrons ultrapassem a barreira do vácuo. Quando a voltagem V é aplicada, o efeito “tunel” pro- duz uma corrente líquida: corrente de tunelamento. Exemplos de imagens obtidas por AFM Imagem da grafite obtida por STM. Átomos de Cs (vermelho) sobre superfície de GaAs (110) em azul Impurezas substitucional de Cr (saliências) no Fe (001) técnicas 46 ESPECTROSCOPIA DE FOTOELÉTRONS DE RAIOS X – XPS universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 47• A espectroscopia eletrônica pode ser usada para iden- tificação de todos os elementos da tabela periódica exceto H e He. • • O método também permite a determinação do estado de oxidação de um elemento ou as espécies ao qual está quimicamente ligado. • • Esta técnica também providencia informações sobre a estrutura eletrônica de moléculas. efeito fotoelétrico e o fóton Em seu artigo “On a heuristic viewpoint concerning the production and transformation of life”Albert Einstein pro- pôs que a energia dos fotoelétrons aumentava segundo a energia do fóton incidente, mas independente da intensida- de da luz utilizada. Esta assertiva foi comprovada por Robert Na Espectroscopia Fotoeletrônica por Raios X, os fótons de raios X ao incidirem na amostra interagem com os elétrons do material, transferindo-lhes energia. incoming photons outgoing electrons técnicas 48Dos elétrons participantes do processo, uma parcela ganhará energia suficiente e irão mover-se em direção ade- quada de forma que, ao atingirem a superfície da amostra, estes serão capazes de abandoná-la, ejetando-se para o am- biente externo (interior de uma câmara de vácuo). Os elétrons ejetados da amostra podem ser coletados por um analisador de elétrons capaz de contar o número de elétrons que sai da amostra com determinada energia (velo- cidade) em um dado intervalo de tempo. Os espectros obtidos através deste processo são por- tanto curvas de Contagem x Energia. O processo fotoelétrico Conduction Band Valence Band L2,L3 L1 K Fermi Level Free Electron Level Raio X incidente Elétron ejetado 1s 2s 2p XPS spectral lines are identified by the shell from whi- ch the electron was ejected (1s, 2s, 2p, etc.). The ejected photoelectron has kinetic energy: KE=hv-BE-f Following this process, the atom will release energy by the emission of an Auger Electron. Está baseada no efeito fotoelétrico, o processo de fotoemissão é: X-ray Beam X-ray penetration depth ~1µm. Electrons can be excited in this entire volume. X-ray excitation area ~1x1 cm2. Electrons are emitted from this entire area Electrons are extracted only from a narrow solid angle. 1 mm2 10 nm X-ray photoelectron spectroscopy small area detection técnicas 49espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios x A energia cinética de um elétron emitido (Ek) é medida em um espectrômetro de elétron. A energia de ligação (bin- ding energy) do elétron (Eb) pode ser calculada: Eb = hv – Ek - w onde, w é a função trabalho do espectrômetro, um fator que corrige a eletrostática do meio no qual o elétron é for- mado e medido. h é a constante de Planck v é a frequencia da radiação A Espectroscopia de Fotoelétrons Excitados por raios X (XPS, X-ray Photoelectron Spectroscopy), também conhe- cida por Espectroscopia de Elétrons para Análise Química (ESCA, Electron Spectroscopy for Chemical Analysis) ou às vezes por Espectroscopia Rötgen de fotoelétrons, é uma téc- nica experimental de análise que encontra grande aplica- ção em áreas onde o estudo físico-químico de amostras seja importante. Em especial, é de grande valia em trabalhos na área da física do estado sólido. técnicas 50 Os analisadores podem ser esféricos ou cilíndricos, e suas características podem ser afetadas por esta geometria. Analisador esférico Analisador cilíndrico técnicas 51 técnicas 52Os espectros XPS permitem identificar quantitativa- mente, em profundidades da ordem de dezenas de nanôme- tros e com incerteza de fração centesimal de camada atômi- ca, todos os elementos químicos na superfície da amostra, suas concentrações relativas, o ambiente químico dos ele- mentos - seus estados de oxidação - e, em casos específi- cos, permite inclusive inferir a morfologia da superfície em análise. Espectro XPS para Arsenieto de gálio (100): os picos salien- tes devem-se aos elétrons nas camadas eletrônicas indica- das. Todo o espectro se assenta sobre uma base que eleva- se para energias cinéticas menores e devida aos elétrons secundários (espalhamento inelástico). técnicas 53Em funçãoda estrutura de bandas ser individual e di- ferente para cada elemento químico, cada um dos elemen- tos químicos terá um espectro XPS único e diferente dos demais, podendo os espectros serem facilmente utilizados para se identificar a presença ou não de um dado elemento na superfície da amostra. Uma relação de espectros para todos os elementos químicos conhecidos encontra-se há muito na literatura e os espectros dos compostos químicos são, ressalvadas ca- racterísticas próprias, em primeira aproximação, a soma dos espectros individuais para os elementos que compõem a substância ou dos elementos que encontram-se por ventura juntos na superfície da amostra em análise. XPS: análise do pico Ga3d. A análise consiste na remoção dos elétrons secundários - neste caso mediante a remoção por base linear - seguindo do ajuste de uma função analítica sobre os pontos experimentais - no caso uma função gaus- siana. Os dados obtidos dos ajustes fornecem as informa- ções físicas procuradas. Espectro de XPS do carbono • XPS pode determinar os tipos de carbono presentes pela variação na binding energy do pico do C(1s) peak. • Estes dados mostram os 3 tipos primários de C pre- sentes no PET: C-C, C-O, and O-C=O CARACTERÍSTICAS ANALÍTICAS: • • Detecta elementos do Li até o U • • Na maioria das vezes não é destrutiva • • Análise semi-quantitativa a quantitativa • • Distingue estados de oxidação (V+2 de V+3) • • Distingue espécies químicas (C-H de C-N) • • Sensível à polarizabilidade do meio que cerca o ele- mento sonda • • Materiais isolantes semicondutores e condutores • • Gases, líquidos e sólidos • • Extremamente sensível à superfície (5-100Å) • • Limite de detecção de 0,01 a 0,5 átomos % • • Resolução espacial de 10 μm • • Imagem com mapeamento de elementos e funções químicas na • superfície • técnicas 54 técnicas 55 técnicas 56 ESPECTROSCOPIA DE ELÉTRONS AUGER universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 57 A espectroscopia Auger, uma das mais difundidas técni- cas de estudo de superfícies, consiste na análise da energia cinética de elétrons emitidos pela amostra, originários das camadas internas dos átomos. Estes elétrons são emitidos por conseqüência da de-excitação atômica após o bombar- deamento da amostra com elétrons, prótons ou raios x. The Machine The Man Auger (as in ‘Pierre’) 1923: Pierre Auger discovers the Auger process Electron Spectroscopy Sensitividade da superfície • Escape depth of electrons limits the sample informa- tion volume. • For AES and XPS, this is ~40 Angstroms. • Angle of sample to detector can be varied to change the surface sensitivity. Why is Auger so surface sensitive? Ref: Charles Evans & Assoc. web page tutorial by Ron Flleming http://www.cea.com técnicas 58 O espectro Auger contém picos pequenos em um grande background devido a grande quantidade de elétrons secun- dários que são gerados no processo. Por isto os espectros se apresentam de forma diferencial. A identificação dos picos Auger, dentro do espectro de energia dos elétrons secundários, pode ser feita pela com- paração das energias dos elétrons detectados da amostra com as energias características de cada elemento através de tabelas e espectros padrões de energias característicos para identificação dos elementos. Os elétrons Auger são apenas uma pequena parcela dos elétrons emitidos pela amostra, e aparecem como pe- quenos picos em meio a uma grande quantidade de ruído no espectro dos elétrons secundários. técnicas 59 Espectro do AES da amostra de CuTUSe2: (a) Direto ou N(F) vs espectro E obtido pela técnica “pulse-conting”; (b) diferen- ciado ou dN(E)dE vs espectro de E obtido pela detecção por “lock-in amplifier”. técnicas 60 PHI Model 660 Scanning Auger Microprobe técnicas 61 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE SUPERFÍCIES FTIR universidade federal do rio grande do sul escola de engenharia departamento de materiais disciplina: eng02225 – superfícies profa. dra lisete cristine scienza técnicas 62aplicações • Identificação de compostos orgânicos e inorgânicos; • Identificação de componentes de misturas desconhe- cidas; • Análise de sólidos, líquidos e gases; • Análise de superfícies; • Na medição e análise de espectro da atmosfera (ex: radiação solar); • A espectroscopia de Infravermelho trata da interação da luz infravermelha (IR) com a matéria. REGIÃO I (mm) N° de onda (cm-1) Próximo 0,78 – 2,5 12800 – 4000 Médio 2,5 – 5,0 4000 – 2000 Afastado 50 – 1000 20 – 10 O nº de onda pode ser definido como a quantidade de ondas que existe em 1 cm, ou seja, igual a 1 / l(cm). A região mais útil do IR está em 4000-670 cm-1. espectroscopia infravermelha Infravermelho “próximo” 12.800 – 4.000 cm-1 Fonte: filamento tungstênio ou globar (bastão de SiC) Meio dispersivo: Prismas Detector: PbS (material fotocondutor) Infravermelho “médio” 4.000 – 300 cm-1 Fonte: filamento tungstênio ou globar (bastão de SiC) Meio dispersivo: redes Detector: termopares, bolômetros, golay Infravermelho distante (FIR) 300 – 10 cm-1 Fonte: lâmpada Hg Meio dispersivo: redes ou interferômetro Detector: golay vibrações moleculares Em uma molécula de N átomos há 3N graus de liberdade (3 de translação do CG, e 3 de rotação) ▶ (3N – 6) graus de liber- dade vibracional. As moléculas lineares tem apenas 2 graus de liberdade rotacional, por tanto elas têm (3N – 5) graus de liberdade vibracional. regras de seleção: A vibração deve provocar mudanças no momento dipolar elétrico. Um dipolo oscilante gera um campo elétrico o qual interage com a componente elétrica da radiação eletromag- nética. A oscilação de uma molé- cula, mesmo que seja não polar, pode resultar em um dipolo oscilante que pode interagir com o campo ele- tromagnético. níveis de energia técnicas 63Há 2 modos fundamentais de vibração das moléculas: estiramento e deformação. O estiramento é um movimento rítmico ao longo da li- nha entre os átomos, de forma que a distância interatômica aumenta ou diminui. A deformação resulta da mudança do ângulo da liga- ção. Ambos os tipos de vibração podem ter variações C H H C H H Assimétrico 2925 cm-1 Simétrico 2825 cm-1 Alongamento C H H C H H Assimétrico 720 cm-1 Deformação no plano Simétrico 1450 cm-1 C H H C H H Assimétrico 1250 cm-1 Deformação fora do plano Simétrico 1250 cm-1 as ligações podem vibrar de seis modos: Estiramento (stretch) simétrico Estiramento assimétrico Tesoura (scissoring) Balanço (rock) Sacudida (wagging) Torção (twist) Typical vibrational wavenumbers v/cm-1 C – H stretch 2850 – 2960 C – H bend 1340 – 1465 C – C stretch, bend 700 – 1250 C = C stretch 1620 – 1680 C ≡ C stretch 2100 – 2260 O – H stretch 3590 – 3650 H - bonds 3200 – 3570 C = O stretch 1640 – 1780 C ≡ N stretch 2215 – 2275 N – H stretch 3200 – 3500 C – F stretch 1000 – 1400 C – Cl stretch 600 – 800 C – Br stretch 500 – 600 C – I stretch 500 CO3 2- 1410 – 1450 NO3 - 1350 – 1420 NO2 - 1230 – 1250 SO4 2- 1080 – 1130 Silicates 900 – 1100 Data: L.J. Bellamy, The infrared spectra of complex comécu- les and advances in infrared group frequencies, Chapman and Hall descrição dos modos de vibração • Modo de estiramento simétrico • Modos de estiramento assimétrico • Modos de flexão (deformação angular) A absorção de IR é limitada aos níveis de vibração e rotação de uma molécula. considerações necessárias para que ocorra absorção na espectroscopia de ir • A frequência de vibração deve ser igual à frequência de radiação incidente • Deve causar uma oscilação no momento dipolar da molécula. • Só as chamadas vibrações ativas no IR absorvem por ressonância toda ou parte da radiação IR incidente, cuja frequência coincide com aquelas da vibração. • As vibrações normais que não produzem variação de momento dipolar, chamadas de vibrações inativas ou vibraçõesproibidas no IR, não podem absorver esta radiação. momento dipolar O momento dipolar é a propriedade física que determina a assimetria de uma distribuição de carga eletrônica. É definido como o produto da carga total positiva ou negati- va pela distância entre seus centróides. técnicas 64COMPORTAMENTO DA MOLÉCULA DE CO2 A IR DE 1340 cm -1 O = C = O O = C = O pos. equilíbrio O = C = O Estiramento simétrico, sem mudança no momento dipolar. Portanto esta banda não é observada no espectro de absor- ção de IR. COMPORTAMENTO DA MOLÉCULA DE CO2 A IR DE 2350 cm -1 O = C = O O = C = O pos. equilíbrio O = C = O Estiramento assimétrico, com mudança no momento dipolar. Portanto esta banda é observada no espectro de absorção de IR. Estes são os modos normais de vibração da molécula de água: O H H O H H O H H 3652 cm-1 1595 cm-1 3765 cm -1 O H H O H H O H H 3652 cm-1 1595 cm-1 3765 cm -1 O H H O H H O H H 3652 cm-1 1595 cm-1 3765 cm -1 DEFORMAÇÃO NO GRUPO CH2 DOS HIDRO- CARBONETOS • Estiramento simético a 2853 cm-1 • Estiramento assimétrico a 2926 cm-1 • Tesoura no plano a 1465 cm-1 • Balanço no plano a 720 cm-1 As vibrações de estiramento requerem mais energia do que as de deformação. LIGAÇÕES EM MOLÉCULAS HOMONUCLEARES (H2, O2, N2) Essas moléculas não absorvem radiação infravermelho por- que não apresentam nenhum modo de vibração que produ- za um momento dipolar. interpretação do espectro Apesar de que um espectro de IR seja característico de uma molécula inteira, há certos grupos de átomos em uma molécula que geram bandas de absorção no mesmo nº de onda ou perto dele, independente do resto da estrutura da molécula. Há bandas características que permitem que sejam identi- ficadas as principais características estruturais da molécula. A tabela de correlação é uma lista de grupos funcionais e de suas frequências de absorção características. • O espectro de IR de uma molécula é uma imagem grá- fica que mostra as frequências de radiação de IR ab- sorvidas e o % da luz incidente que passa pela molé- cula sem ser absorvida (transmitância) • O espectro tem 2 regiões. A região de assinatura (fin- gerprint) é única para a molécula e a região do grupo funcional, que é similar para moléculas com os mes- mos grupos funcionais. • O eixo horizontal tem unidade de nº de onda. Cada nº de onda corresponde a uma frequência particular de luz infravermelha. • O eixo vertical mostra o percentual de luz transmitida. técnicas 65Em cada frequência, o % de luz transmitida é 100% para luz que passa através da molécula, sem intera- ção; ela tem um baixo valor quando a radiação de IR interage e excita as vibrações na molécula. • Uma porção do espectro onde a % de transmitância cai para um baixo valor e então volta a quase 100% é chamada de “banda”. • Uma banda está associada com uma vibração particu- lar dentro da molécula. • Cada frequência de absorção presente num espectro no infravermelho corresponde a uma frequência de vibração de uma parte de uma molécula da atmosfera. • As posições das bandas nos espectros no infraver- melho podem ser apresentadas em comprimento de onda (µm) ou números de ondas (cm-1), e as intensi- dades das bandas em porcentagem de transmitância (%T) ou absorbância (A). A transmitância é a razão en- tre a energia radiante transmitida por uma amostra e a energia radiante que nela incide. A absorbância é o logaritmo decimal do inverso da transmitância, isto é, A = Log10 (1/T). As intensidades das bandas podem ainda ser apresentadas em termos semiquantitativos: F = forte, m = média, f = fraca. O espectro para o 1-hexeno, C6H12, possui poucas ban- das de absorção forte. Existe um estiramento fraco de CH acima de 3000 cm-1, da ligação dupla. As bandas de estira- mento forte CH abaixo de 3000 cm-1 vem das ligações carbo- no-hidrogênio dos grupos CH2 e CH3. Existe uma deformação CH fora do plano para o alqueno na faixa de 1000-650 cm-1. Também há um estiramento da ligação dupla CC no alqueno em 1650 cm-1. A análise de IR evidencia a presença de vibrações características de ligações presentes em compostos de silano. técnicas 66 Espectros FT-IR de filmes de polipirrole galvanostatica- mente gerados em eletrodos Al-SP: (a) filme PPY / TSA e (b) filme PPY / ASAS-TSA. equipamento espectometro Um espectrômetro é um instrumento ótico usado para me- dir a luz sobre uma porção específica de espectro eletro- magnético (5 a 20 µm). A figura abaixo descreve um sofisticado instrumento de dispersão com feixe duplo. A radiação é dividida em dois 4000 3000 2000 1500 1000 500 cm-1 %T (b) PPY/ASAS-TSA film (a) PPY/TSA film C=O stretch SO2 stretch C-H deformations C=C stretch C-H deformations N-H stretch 3 % feixes, um dos quais passa através da célula que contém a amostra enquanto o outro passa por uma célula de refe- rência. O feixe da referência e o feixe da amostra são então recombinados em um único feixe alternado, através da ro- tação do espelho M7, sendo as intensidades da absorções balanceadas através de um atenuador colocado no feixe de referência. Desta forma, as absorções do solvente da célula de referência e da célula da amostra são balanceadas e o espectro registrado contém somente os picos de absorção da amostra. espectrômetro de infravermelho com trans- formações de fourier (interferômetro) A espectrometria com transformações de Fourier (FT-IR), que se desenvolveu muito nos últimos anos, tem várias van- tagens sobre os instrumentos de dispersão. Radiação con- tendo todos os comprimentos de onda de interesse (5.000 – 400 cm-1, por exemplo) é separada em dois feixes como mostra a figura. Um deles percorre uma distância fixa e o outro um distância variável (espelho móvel). Fazendo-se variar as distâncias percorridas pelos dois feixes, obtém-se uma sequência de interferências constru- tivas e destrutivas e, consequentemente, variações na in- tensidade de radiação recebida pelo detector, o chamado interferograma. Uma transformação de Fourier converte o interferograma assim obtido, que está no domínio do tem- po, para a forma mais familiar de um interferograma no do- mínio de frequências. A variação do comprimento do pistão ajusta a posição do espelho B e faz variar a distância percor- rida pelo feixe B. A transformação de Fourier em posições sucessivas do espelho dá origem ao espectro completo de infravermelho. A passagem da radiação por uma amostra submete-a a uma faixa larga de energias. Em princípio, a análise desta faixa dá origem ao espectro completo de in- fravermelho da amostra. Sistema ótico de um espectrofotômetro de infravermelho de feixe duplo. técnicas 67espectrômetro de ftir Um espectômetro de FTIR (Fourier Transform InfraRed) tem um espectro de infravermelho primeiramente coletando um interferograma de uma amostra por um sinal simples usan- do um interferômetro, então desenvolve uma transformada de Fourier no interferograma para obter um espectro. Um interferômetro é um instrumento que usa a técnica da superimposição (interferência) de 2 ou mais ondas, para detectar as diferenças entre elas. O espectômetro de FTIR usa um interferômetro de Michelson. Monofilamento de fibra de PP técnicas 68técnicas de transmissão As mais utilizadas: filmes líquidos, filmes vazados, melt (fil- me fundido), pastilhas de KBr ou NaCl, pirólise com e sem extração e emulsão; Alguns cristais que não absorvem da região do infra- vermelho são: KBr, NaCl, CsI, KCl, KRS-5, AgBr, ZnSe (Irtran 2), ZnSe (Irtran 4) técnica do disco de KBr Aproveitando o fato de o brometo de potássio seco e pul- verizado (ou outro halogeneto de metal alcalino) poder ser prensado a vácuo para formar discos transparentes, criou- se a técnica do disco prensado. A amostra (0,5 a 1,0 mg) é misturada intimamente com cerca de 100mg de brometo de potássio seco pulverizado. Faz-se a mistura por moagem em um gral de ágata liso ou mais eficiente. Com o
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