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Contabilidade Pública 1 O Grupo de Disciplina 2019 INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE Constituintes do Orçamento do Estado em Moçambique O Orçamento do Estado em Moçambique é constituído por três partes nomeadamente: Despesas Públicas Receitas Públicas; e Financiamentos. 1.1.DESPESAS PÚBLICAS DESPESAS são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contabilístico sob a forma de saída de recursos ou redução de activos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. (IPSAS 2010) DESPESA PÚBLICA: São todas as saídas de recursos, desembolsos, dispêndios que ficam a cargo de uma entidade pública, seja para ocorrer aos compromissos da dívida pública, seja para atender às necessidades dos serviços públicos criados no interesse e beneficio da colectividade, seja para acrescer bens ao domínio público ou patrimonial; É todo o dispêndio de recursos financeiros, seja qual for a sua proveniência ou natureza, gastos pelo Estado, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à reposição dos mesmos (art.: 15, nr. 1, Lei nr. 09/02, de 12 de Fevereiro). Abordadas como o emprego de uma soma em dinheiro, gasto de conta do Estado por agente do sector público administrativo e tendente à promoção de bens de interesse público, ou seja, para satisfação de necessidades públicas colectivas. As despesas públicas concretizam o próprio fim da actividade económica do Estado – satisfação de necessidades. O estudo da despesa pública, tem de ser feito antes do mais, através da análise do Contabilidade Pública 2 O Grupo de Disciplina 2019 seu conteúdo, e da verificação da diferente natureza das despesas públicas e dos seus efeitos sobre a economia. A natureza da despesa pública num Estado moderno é, assim, crucial para compreensão do conteúdo das actividades financeiras e a sua importância na concretização das políticas financeiras do Estado. Assim sendo, distingue-se três elementos dentro da noção de despesa (o tipo de operação, o sujeito e o fim da operação): 1º - O tipo de operação – a despesa corresponde à afectação de recursos correntes de que um sujeito dispõe a uma determinada finalidade, sendo dispêndio de dinheiro a forma mais típica de realizar. 2º - O sujeito da operação – de harmonia com a nossa concepção de finanças públicas, o sujeito tem de ser uma entidade pública (Estado e outros entes públicos). A despesa pública seria segundo essa concepção, apenas aquela que o Estado efectua no exercício do seu poder de comando e para satisfazer necessidades colectivas. 3º - A finalidade da operação – a despesa pública se destina apenas a satisfazer necessidades públicas. IMPORTÂNCIA DA DESPESA PÚBLICA A despesa publica, é considerada em termos genéricos como um factor importante para a promoção do crescimento económico e do bem-estar social. Um nível reduzido de despesa pública significa que serão necessárias menos receitas públicas para obter o equilíbrio das contas públicas, o que significa também menos impostos e uma maior contribuição para estimular o crescimento e o emprego. A despesa pública também é naturalmente uma variável chave no que diz respeito à sustentabilidade das finanças púbicas. Contabilidade Pública 3 O Grupo de Disciplina 2019 1.1.1. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS Classificação Orçamental da Despesa A despesa orçamental é classificada de acordo com os seguintes critérios: Económico; Orgânico; Funcional; Territorial. Classificação Económica da Despesa O classificador económico – classifica a despesa em (corrente e de investimento), pelo seu carácter económico e segundo os conceitos da Contabilidade Nacional (por exemplo: o consumo, o investimento e as transferências publicas). Despesas Correntes (Funcionamento) – são os gastos que o Estado faz em bens e serviços consumíveis durante o período financeiro, ou que se vão traduzir na compra/aquisição de bens de consumo. Por exemplo, compra de combustíveis, material de expediente para escritório, pagamento de salários aos funcionários de Administração Pública, o pagamento de pensões de reforma aos pensionistas. Nesta categoria inclui-se os gastos com obras de conservação e adaptação de imóveis bem como gastos de manutenção de equipamentos diversos. As Despesas de Capital – são despesas com o planeamento e execução de obras ou infra- estruturas básicas tais como estradas, pontes, barragens, administração, etc, a construção e reabilitação de infra-estruturas sociais: escolas, clínicas públicas, hospitais públicos, etc., e a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, a aquisição de imóveis, aquisição de equipamentos, aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie como as transferências do capital, etc. Nesta rubrica inclui-se a aquisição de instalações para realização de actividades públicas, aumento do capital de empresas que não sejam de carácter comercial ou financeiro. Inclui-se, também despesas em medicamentos. Investimentos: despesas com a criação de um bem público novo, de um programa novo, aquisição de imóveis ainda não utilizados pela Adiministração. Contabilidade Pública 4 O Grupo de Disciplina 2019 Inversões financeiras: importam a troca de dinheiro por bens, como aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização pela Administração Pública e aquisição de ações de entidades já constituídas. Transferências de capital: valores repassados pelo ente público a outra entidade para utilização em despesas de capital. A Despesa Pública assume um papel central na classificação das despesas, já que permite ou facilita: A determinação do saldo orçamental e das necessidades de financiamento do Estado, sendo por isso de especial utilidade na analise do impacto da política fiscal na economia; O cálculo das alterações registadas no património do Estado durante o ano económico; Avaliação da capacidade fiscal das províncias; Identificação da natureza das despesas, a sua correcta contabilização e a análise da sua economicidade; A obtenção de informações sobre o grau de realização dos objectivosdas políticas orçamental, económica e social. Classificação Económica da Despesa – CED Exemplo da CER: 3. 1. 1. 1. 1. 01 – Conta Contabilística: VENCIMENTO BASE DO PESSOAL Classe - Despesa Grupo – Despesas Correntes Sub - grupo – Despesas com Pessoal Elemento – Salários e remunerações Sub - elemento - Pessoal Civil Item - Vencimento Base do Pessoal do Quadro Contabilidade Pública 5 O Grupo de Disciplina 2019 Classificação Funcional da Despesa O classificador funcional, por sua vez, identifica as despesas de acordo com a natureza das funções exercidas pelo Estado (defesa, saúde, educação, segurança, etc.), obedecendo aos critérios das Nações Unidas. Este classificador, permite julgar a orientação que o governo da aos recursos de que dispõe para satisfazer necessidades colectivas, avaliar as opções tomadas em momentos diferentes e efectuar comparações internacionais. Classificação Orgânico da Despesa Classifica as despesas por órgão da Administração Publica com responsabilidades na execução orçamental. Classificação Territorial da Despesa Evidencia a afectação de recursos segundo a divisão territorial do Pais. Ele assume uma especial importância na avaliação das metas do governo e do esforço financeiro por este realizar ao nível do desenvolvimento das diferentes regiões do país. 1.1.2. TIPOLOGIA DAS DESPESAS PÚBLICAS Quanto à afectação do OrçamentoPúblico Despesas Orçamentais: são aquelas que integram o orçamento do Estado e dependem da autorização legislativa (Parlamento). Despesas Extra-Orçamentais: são aquelas que não integram o orçamento do Estado e que não dependem da autorização legislativa. 1.1.3. FASES DA REALZAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA A realização da despesa compreende três (3) fases: Cabimento: O Cabimento representa a 1ª fase da despesa pública. É definido como acto administrativo de verificação, registo e comprometimento do valor do encargo a assumir pelo Estado. Este acto só pode ser efectuado pelo gestor público se a Unidade Gestora possuir saldo suficiente nas contas denominadas Dotação Disponível e Quota de Limite Orçamental a Utilizar. Contabilidade Pública 6 O Grupo de Disciplina 2019 Liquidação: A Liquidação da Despesa representa a 2ª fase da despesa pública e é onde se verifica a entrega dos bens ou serviços contratados, bem como o apuramento do valor que efectivamente há a pagar para emissão da competente ordem de pagamento. Pagamento: O Pagamento da Despesa representa a 3ª fase da despesa pública e significa a entrega de uma importância em dinheiro ao titular do documento de despesa -----------------------------------------------------------XXXXXX---------------------------------------------- 1.2. RECEITA PÚBLICA RECEITAS são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contabilístico sob a forma de entrada de recursos ou aumento de activos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade. (IPSAS 2010) Constituem receita pública todos os recursos monetários, seja qual for a sua fonte ou natureza, postos à disposição do Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero depositário temporário. Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento do Estado ou cobrada senão em virtude de lei e, ainda que estabelecidas por lei, as receitas só podem ser cobradas se estiverem previstas no Orçamento do Estado aprovado. 1.2.1. CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTAL DA RECEITA PÚBLICA A receita orçamental é classificada de acordo com os seguintes critérios: Económico; Territorial; Por fontes de recursos; Classificação Económica da Receita A receita orçamental quanto a categoria económica classifica-se em: Receitas Correntes e Receitas de Capital. Contabilidade Pública 7 O Grupo de Disciplina 2019 a) Receitas Correntes – receitas fiscais, não fiscais, as consignadas e as de donativos; Exemplos: Imposto sobre o Rendimento de Pessoa Singular, Rendas de Casa, Taxas de Portagem, Donativos Não consignados à Projectos. b) Receitas de Capital – são as receitas de alienação de bens, receitas de donativos e receitas de fundo de empréstimos ou receitas recebida de pessoas de direito público ou privado, para atender despesas classificáveis em Despesas de Capital, sob a forma de: Recursos financeiros provenientes de dívidas Conversão de bens e direitos Recursos recebidos Superávit do orçamento corrente Operações de crédito Alienação de bens Amortização ou resgate de empréstimos concedidos Receitas transferidas de entidades públicas e de particulares. Exemplos: Alienação do Património do Estado, Donativos em Espécie a Projectos, Fundo de Empréstimos Externos. Os montantes de receita inscritos no Orçamento do Estado constituem limites mínimos a serem cobrados no correspondente exercício. Os códigos das Contas Contabilisticas de receitas iniciam-se com o número 4, sendo que os demais dígitos correspondem à Classificação Económica da Receita – CER Contabilidade Pública 8 O Grupo de Disciplina 2019 Classificação Económica da Receita – CER Exemplo da CER: Classificação Territorial da Receita Permite o registo das receitas segundo a divisão territorial do país (Central, Provincial, Distrital). Classificação por Fonte de Recurso da Receita Tem como objectivo identificar a origem dos recursos financeiros, permitindo a sua gestão a nível de programação e execução do Orçamento do Estado, e está estruturado em três níveis. a) Classificador da fonte de recursos 1º nível Grupo das Fontes de Recursos que identifica o trânsito dos recursos pelo Tesouro Nacional. 1 – Recursos do Tesouro (Transita pela CUT) 2 – Recursos de Outras Fontes (Não transita pela CUT) 3 – Recursos do Tesouro de Exercícios Anteriores 4 – Recursos de Outras Fontes de Exercícios Anteriores 5 – Recursos Vinculados Originários de Fontes do Tesouro 6 – Recursos Vinculados Originários de Outras Fontes. b) Classificador da fonte de recursos – 2º nível Sub-grupo das Fontes de Recursos que identifica o detalhe do Grupo por tipo de origem de recursos. 4. 1. 1. 1. 9. 02 – Conta Contabilística: Imposto sobre Veículos Classe - Receita Grupo – Receitas Correntes Sub - grupo – Receita Tributaria Elemento – Impostos Nacionais Sub - elemento - Outros Impostos Item - Imposto sobre Veículos Contabilidade Pública 9 O Grupo de Disciplina 2019 01 – Recurso Fiscal 02 – Recurso Não Fiscal 03 – Recurso Consignado 04 – Recurso Oriundo de Reembolso de Acordo de Retrocessão 05 – Recurso Oriundo de Alívio da Dívida — HIPC 11 – Recurso Próprio 2x – Donativos Internos 3x – Donativos Externos 4x – Créditos Internos 5x – Créditos Externos 6x – Acordos c) Classificador da fonte de recursos – 3º nível Identifica a Fonte de Financiamento, sendo que 000000000 identifica a fonte de financiamento “Não Detalhada”. 1.2.2. TIPOLOGIA DAS RECEITAS PÚBLICAS Quanto à afectação do Orçamento Público a) Receita Orçamental: são aquelas receitas que foram previstas na Lei, e que a sua arrecadação depende da autorização legislativa, que é a Lei Orçamentária Anual – LOA. Ex.: Taxa, Imposto, Patrimonial, Operação de Crédito, Transferência de Capital e Corrente, entre outras. b) Receita Extra-Orçamental: é a que não integra o orçamento público. Sua realização não se vincula à execução do Orçamento, nem constitui renda do Estado, que é apenas depositário desses valores. Contabilidade Pública 10 O Grupo de Disciplina 2019 Ex.: Cauções, Fianças, Salários não reclamados, Depósitos de Terceiros. As entradas extra-orçamentais inadequadamente chamados de receita extra-orçamental, nunca podem ser confundidos com as contas de resultado positivo, na óptica de ciência contabilística, pois eles detêm as características, que são inteiramente distintas das receitas: a) Não alteram o Patrimonio Líquido; b) São oriundos de factos permutativos c) Geram dispêndios extra-orçamentais Exemplo de Receita Extraorçamental Se um servidor público recebe 3.990,00MT de vencimentos brutos e se houver retenção do Imposto de Renda na Fonte de 798,00MT este valor será registado como receita extra-orçamental no momento da retenção. Pode-se verificar que o ingresso dos 798,00MT possui carácter devolutivo. Mesmo que esse valor permaneça por apenas uma hora, até o recolhimento, deve ser registado como receita extra-orçamental 1.2.3. FASES DA EXECUÇÃO DA RECEITA PÚBLICA A execução da receita compreende três fases: a) Lançamento – A 1ª fase compreende o procedimento administrativo de verificação da ocorrência do facto gerador da obrigação correspondente; b) Liquidação – A 2ª fase compreende o cálculo do montante da receita devida e identificação do respectivo sujeito passivo; c) Cobrança – A 3ª fase corresponde a acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e subsequente entrega ao Tesouro Público. Em função da adopção do regime de caixa para o lançamento da receita pública, somente essa fase ocasionaregistos contabilísticos, que estão a seguir descritos: PS: Anulação da Receita Em função da adopção do regime de caixa utilizado para o registo da receita pública, a restituição da receita arrecadada indevidamente, quando ocorra no respectivo exercício da sua arrecadação, deve ser efectuada nesse exercício, mediante anulação do valor na rubrica orçamental respectiva. Contabilidade Pública 11 O Grupo de Disciplina 2019 Quando a restituição da receita arrecadada indevidamente ocorra em exercícios posteriores, esta deverá ser realizada em rubrica orçamental de despesa adequada, do exercício em que ela ocorrer. 1.2.4. CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA QUANTO A AFECTAÇÃO DO PATRIMÓNIO a) Receitas Efectivas: são aquelas em que podemos identificar um ingresso financeiro sem a correspondente desincorporação de direitos ou incorporação de obrigações. provém dos serviços gerais prestados pelo Estado à sociedade, em troca da cobrança de impostos, taxas e contribuições. são as que alteram a situação líquida patrimonial. b) Receita Não-efectiva não alteram a situação líquida patrimonial, já que se originam de factos permutativos, que por natureza não alteram o património líquido. 1.2.4.1. RECEITA PÚBLICA EFECTIVA As Receitas Públicas Efectivas dividem-se em: Receitas Patrimoniais (Mobiliário e Imobiliário): proveniente da venda de produtos e das prestações de serviços contratualmente estabelecidos; Receitas Provenientes das Taxas: aquelas que provem da prestação de serviços a preços autoritariamente fixados como contraprestação aos serviços prestados; Receitas Provenientes da cobrança de Impostos: aqueles que provem dos serviços do Sistema Tributário Nacional. I. RECEITAS PATRIMONIAIS Podem derivar da combinação de interesses públicos e privados caracterizada pela compra de acções e/ou obrigações pelo Estado (Mobiliário), bem como do domínio Rural, das explorações industriais e comerciais de utilidade pública do Património do Estado (Imobiliário). Contabilidade Pública 12 O Grupo de Disciplina 2019 PATRIMÓNIO MOBILIÁRIO O Estado tem quase sempre um património mobiliário, uma carteira de títulos constituída por acções e obrigações de bancos e companhias, para garantir a certas empresas os capitais necessários à sua constituição, ao seu desenvolvimento, ou à sua sobrevivência. Desse património o Estado, pode receber dividendos, lucros, e Juros. i) Dividendos que cabem, as acções representativas das participações do Estado no Capital Social das empresas de economia mista; ii) Lucros das Empresas Públicas criadas originariamente pelo Estado ou nacionalizadas; iii) Juros das Obrigações de o Estado é titular e os juros dos capitais mutuados pelo Estado a certas pessoas colectivas de direito público, a diversas empresas privadas. O Estado também compra ou adquire acções para participar na gestão das empresas privadas, constituindo o que se chama Sociedades de economia mista. Com acções em mão, o Estado penetrar às assembleias Gerais e consegue fazer-se eleger para o Conselho de Administração, a par dos outros accionistas privados. As Sociedades de economia mista, desempenham um papel de relevo nas economias em desenvolvimento, onde os mercados são pequenos, por isso maior o risco das empresas: - Quanto menor é o mercado, menos é a probabilidade de uma nova empresa encontrar procura a preço remunerador para os seus artigos. Como o Estado subscreve boa parte do seu capital, logo os capitalistas se convencem de que o negocio é seguro, e acorrem a subscrever o resto. PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIOS As receitas provenientes dos bens imobiliários que o estado é proprietário. Tal como receitas recebidas pela concessão de exploração, de licenças de uso privativo ou de arrendamento dos prédios. (Domínio Rural, Explorações de utilidade pública) a) Domínio Rural O Estado, não só possui património mobiliário, mas também tem um património de domínio rural (Resultante das Nacionalizações após a Independência, explorações florestais tais como os Parques, Reservas, etc.) Contabilidade Pública 13 O Grupo de Disciplina 2019 b) Explorações de utilidade pública As explorações industriais do Estado: Monopólios fiscais e explorações de utilidade pública: O Estado – explora certas indústrias e comércios, umas vezes em monopólio, outras em concorrência com os particulares. Quando o Estado faz em monopólio, temos a distinguir: - Ou o Estado se reserva a exploração de determinada industria com o fim de obter receitas; - Ou o Estado se reserva a essa exploração, não por causa das receitas, mas para assim satisfazer melhor as necessidades colectivas. As receitas patrimoniais provem de preços negocialmente estabelecidos – preços que, ou são puros preços privados, ou são preços inferiores aos que os particulares praticariam, como as tarifas portuárias. Em qualquer caso, porem, as receitas patrimoniais resultam de preços lucrativos, isto e, de preços superiores ao custo de produção. II. RECEITAS PROVENIENTES DAS TAXAS As taxas são preços autoritariamente fixados em contrapartida da utilização bens semi- públicos, isto é, de bens públicos que satisfazem necessidades individuais. a) Bens Técnicos e Financeiramente Semi-públicos Temos taxas sempre que os preços são inferiores ou iguais aos custos (P≤Custo); Cobram-se as taxas nas escolas secundárias e superiores, nos tribunais, nos cartórios, nas conservatórias, etc. b) Característica das Taxas Quanto ao montante a cobrar A cobrança de taxas, pode ter em vista, a repartição do custo pelos utentes e a limitação da procura do serviço. Se a procura é inelástica, ou não é superior à oferta ao preço zero (0), a finalidade das taxas só pode ser a repartição do custo; Contabilidade Pública 14 O Grupo de Disciplina 2019 Se a procura é elásticae superior à oferta ao preço zero (0), as taxas podem ter qualquer finalidade: ou a limitação da procura, ou a repartição do custo. Dado que as taxas, sendo preço, limitam sempre a procura, quando esta é elástica: e sendo receitas, cobrem sempre uma parte ou totalidade do custo do serviço. O montante das taxas vai depender, portanto, da finalidade que o Estado deseja alcançar: Ex: Serviços da administração da Justiça – interessa que os Tribunais só sejam utilizados quando haja razões serias para eles intervirem na definição do direito; isto e, interessa evitar que se vá aos tribunais, como autor ou como réu, por qualquer motivo fútil. Há pois, que limitar a procura do serviço da justiça. O Estado limita-a cobrando taxas (custas) mais pesadas à parte vencida. III. RECEITAS PROVENIENTES DOS IMPOSTOS a) Noção do Imposto O imposto define-se como sendo uma prestação pecuniária, coactiva e unilateral, sem carácter de sanção, exigida pelos Estado com vista à realização de fins públicos. É do imposto que provém a maior parte das receitas efectivas. Prestação pecuniária - o imposto é uma prestação em dinheiro ou equivalente a dinheiro; Coactiva - o montante do imposto é estabelecido por Lei ou por força da Lei. Unilateral - ao pagamento do imposto não corresponde qualquer contraprestação por parte do Estado; Sem o carácter de sanção - o imposto não tem natureza de penalidade, como a multa. Logo podemos distinguir as principais diferenças entre imposto e taxa (a taxa também é prestação pecuniária, é prestação coactiva, mas já não é prestação unilateral), uma vez que ao seu pagamento corresponde a contraprestação de um serviço por parte do Estado. b) Finalidade da tributação: Impostos fiscais e impostos extrafiscais. Impostos Fiscais, cobrados pelo Estado apenas para obter receitas; Impostos Extra-Fiscais, cobrados pelo Estado para simultaneamente obter receitas e atingir outras finalidades, ou só para atingir essas finalidades. Exemplo: Quando o EstadoContabilidade Pública 15 O Grupo de Disciplina 2019 exige direitos alfandegários com vista a proteger determinada indústria, a sua finalidade não é conseguir recursos, mas satisfazer as necessidades colectivas de que aquela indústria seja preservada da concorrência estrangeira. Aqui temos a finalidade extra-fiscal da tributação. 1.2.4.2.RECEITA PÚBLICA NÃO - EFECTIVA As Receitas Não-efectivas queremos nos referir as receitas proveniente dos empréstimos e donativos. Visto quase todas receitas não efectivas serem derivadas do recurso ao crédito. O Recurso ao Crédito: a) Défice da Tesouraria; b) Défice Orçamental; c) Esterilização de poder de compra. O Estado pode faze-lo por um dos seguintes motivos: a) Cobertura do défice da tesouraria: Compreende-se que a tesouraria apresente uma situação deficitária. Decerto que no orçamento se previram receitas suficientes para cobrir todas as despesas. Mas alo longo do período financeiro, os montantes das cobranças não coincidem com os montantes dos pagamentos por parte dos contribuintes. Haverá dias em que afluam para os cofres públicos receitas superiores, outros em que afluam receitas inferiores, aos pagamentos que nesses dias se tem de efectuar. Dai que o tesouro passa encontrar-se, em determinada altura, com fundos insuficientes para ocorrer aos pagamentos. Quando tal acontece, há que encontrar receitas e isso só poderá ser feito através do crédito de prazo muito reduzido, dado que trata-se de um défice passageiro, transitório, proveniente da falta de sincronização entre a entrada de receitas e saída de despesas. b) Cobertura do défice orçamental: isto é, do excesso das despesas efectivas sobre as receitas efectivas. Quando o orçamento apresenta um défice, é por meio de receitas não efectivas, e geralmente por meio de empréstimos, que se terá de preencher a diferença. Nesta situação, como o défice foi previsto, tem de presumir-se que os empréstimos contraídos para lhe fazer face não poderão ser reembolsados dentro do período financeiro. Só poderão ser nos períodos financeiros subsequentes. Contabilidade Pública 16 O Grupo de Disciplina 2019 Quando o Estado contrai empréstimos para cobrir o défice orçamental, recorre ao crédito de médio e longo prazo. c) Esterilização de poder de compra- O Estado não só recorre ao crédito para financiar a despesa publica, também a ele recorre, por vezes, para impedir despesas privadas. É quando se desenvolve um processo inflacionista em que a subida dos preços é imputável à pressão da procura. A fim de reduzir esta, o Estado pode absorver, através de empréstimos, aforros de capitalistas que de outro modo seriam gastos, pelo menos em boa parte. Visando este empréstimo a redução do poder de compra, o Estado se encontra inibido de utilizar o seu produto na cobertura de despesas. Tem de o manter em saldo, até que as circunstâncias se modifiquem a ponto de ser aconselhada a política contraria – a política do fomento do poder de compra
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