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05-Instrumentos das FP or Constituites do OE_2019

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Contabilidade Pública 1 
O Grupo de Disciplina 2019 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE 
 
Constituintes do Orçamento do Estado em Moçambique 
 
O Orçamento do Estado em Moçambique é constituído por três partes nomeadamente: 
 Despesas Públicas 
 Receitas Públicas; e 
 Financiamentos. 
 
1.1.DESPESAS PÚBLICAS 
 
DESPESAS são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contabilístico sob a 
forma de saída de recursos ou redução de activos ou incremento em passivos, que resultem em 
decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários 
da entidade. (IPSAS 2010) 
 
DESPESA PÚBLICA: São todas as saídas de recursos, desembolsos, dispêndios que ficam a 
cargo de uma entidade pública, seja para ocorrer aos compromissos da dívida pública, seja para 
atender às necessidades dos serviços públicos criados no interesse e beneficio da colectividade, 
seja para acrescer bens ao domínio público ou patrimonial; 
 
É todo o dispêndio de recursos financeiros, seja qual for a sua proveniência ou natureza, gastos 
pelo Estado, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à reposição dos 
mesmos (art.: 15, nr. 1, Lei nr. 09/02, de 12 de Fevereiro). 
Abordadas como o emprego de uma soma em dinheiro, gasto de conta do Estado por agente do 
sector público administrativo e tendente à promoção de bens de interesse público, ou seja, para 
satisfação de necessidades públicas colectivas. 
 
 
As despesas públicas concretizam o próprio fim da actividade económica do Estado – satisfação 
de necessidades. O estudo da despesa pública, tem de ser feito antes do mais, através da análise do 
 
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seu conteúdo, e da verificação da diferente natureza das despesas públicas e dos seus efeitos sobre 
a economia. 
A natureza da despesa pública num Estado moderno é, assim, crucial para compreensão do 
conteúdo das actividades financeiras e a sua importância na concretização das políticas financeiras 
do Estado. 
Assim sendo, distingue-se três elementos dentro da noção de despesa (o tipo de operação, o 
sujeito e o fim da operação): 
1º - O tipo de operação – a despesa corresponde à afectação de recursos correntes de que um 
sujeito dispõe a uma determinada finalidade, sendo dispêndio de dinheiro a forma mais típica de 
realizar. 
2º - O sujeito da operação – de harmonia com a nossa concepção de finanças públicas, o sujeito 
tem de ser uma entidade pública (Estado e outros entes públicos). A despesa pública seria segundo 
essa concepção, apenas aquela que o Estado efectua no exercício do seu poder de comando e para 
satisfazer necessidades colectivas. 
3º - A finalidade da operação – a despesa pública se destina apenas a satisfazer necessidades 
públicas. 
 
IMPORTÂNCIA DA DESPESA PÚBLICA 
A despesa publica, é considerada em termos genéricos como um factor importante para a 
promoção do crescimento económico e do bem-estar social. 
Um nível reduzido de despesa pública significa que serão necessárias menos receitas públicas para 
obter o equilíbrio das contas públicas, o que significa também menos impostos e uma maior 
contribuição para estimular o crescimento e o emprego. 
A despesa pública também é naturalmente uma variável chave no que diz respeito à 
sustentabilidade das finanças púbicas. 
 
 
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1.1.1. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS 
 
Classificação Orçamental da Despesa 
A despesa orçamental é classificada de acordo com os seguintes critérios: 
 Económico; 
 Orgânico; 
 Funcional; 
 Territorial. 
 
Classificação Económica da Despesa 
O classificador económico – classifica a despesa em (corrente e de investimento), pelo seu 
carácter económico e segundo os conceitos da Contabilidade Nacional (por exemplo: o consumo, 
o investimento e as transferências publicas). 
 
Despesas Correntes (Funcionamento) – são os gastos que o Estado faz em bens e serviços 
consumíveis durante o período financeiro, ou que se vão traduzir na compra/aquisição de bens de 
consumo. Por exemplo, compra de combustíveis, material de expediente para escritório, 
pagamento de salários aos funcionários de Administração Pública, o pagamento de pensões de 
reforma aos pensionistas. Nesta categoria inclui-se os gastos com obras de conservação e 
adaptação de imóveis bem como gastos de manutenção de equipamentos diversos. 
As Despesas de Capital – são despesas com o planeamento e execução de obras ou infra-
estruturas básicas tais como estradas, pontes, barragens, administração, etc, a construção e 
reabilitação de infra-estruturas sociais: escolas, clínicas públicas, hospitais públicos, etc., e a 
pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, a aquisição de imóveis, aquisição de equipamentos, 
aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie como 
as transferências do capital, etc. Nesta rubrica inclui-se a aquisição de instalações para realização 
de actividades públicas, aumento do capital de empresas que não sejam de carácter comercial ou 
financeiro. Inclui-se, também despesas em medicamentos. 
 Investimentos: despesas com a criação de um bem público novo, de um programa novo, 
aquisição de imóveis ainda não utilizados pela Adiministração. 
 
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 Inversões financeiras: importam a troca de dinheiro por bens, como aquisição de imóveis 
ou bens de capital já em utilização pela Administração Pública e aquisição de ações de 
entidades já constituídas. 
 Transferências de capital: valores repassados pelo ente público a outra entidade para 
utilização em despesas de capital. 
A Despesa Pública assume um papel central na classificação das despesas, já que permite ou 
facilita: 
 A determinação do saldo orçamental e das necessidades de financiamento do Estado, 
sendo por isso de especial utilidade na analise do impacto da política fiscal na economia; 
 O cálculo das alterações registadas no património do Estado durante o ano económico; 
 Avaliação da capacidade fiscal das províncias; 
 Identificação da natureza das despesas, a sua correcta contabilização e a análise da sua 
economicidade; 
 A obtenção de informações sobre o grau de realização dos objectivosdas políticas 
orçamental, económica e social. 
 
Classificação Económica da Despesa – CED 
Exemplo da CER: 
 
 
 
 
 
3. 1. 1. 1. 1. 01 – Conta Contabilística: VENCIMENTO BASE DO PESSOAL 
 
 Classe - Despesa 
 
 Grupo – Despesas Correntes 
 
 Sub - grupo – Despesas com Pessoal 
 
 Elemento – Salários e remunerações 
 
 Sub - elemento - Pessoal Civil 
 
 Item - 
 
Vencimento Base do Pessoal 
do Quadro 
 
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Classificação Funcional da Despesa 
O classificador funcional, por sua vez, identifica as despesas de acordo com a natureza das 
funções exercidas pelo Estado (defesa, saúde, educação, segurança, etc.), obedecendo aos critérios 
das Nações Unidas. 
Este classificador, permite julgar a orientação que o governo da aos recursos de que dispõe para 
satisfazer necessidades colectivas, avaliar as opções tomadas em momentos diferentes e efectuar 
comparações internacionais. 
 
Classificação Orgânico da Despesa 
Classifica as despesas por órgão da Administração Publica com responsabilidades na execução 
orçamental. 
Classificação Territorial da Despesa 
Evidencia a afectação de recursos segundo a divisão territorial do Pais. Ele assume uma especial 
importância na avaliação das metas do governo e do esforço financeiro por este realizar ao nível 
do desenvolvimento das diferentes regiões do país. 
 
1.1.2. TIPOLOGIA DAS DESPESAS PÚBLICAS 
Quanto à afectação do OrçamentoPúblico 
Despesas Orçamentais: são aquelas que integram o orçamento do Estado e dependem da 
autorização legislativa (Parlamento). 
Despesas Extra-Orçamentais: são aquelas que não integram o orçamento do Estado e que não 
dependem da autorização legislativa. 
 
1.1.3. FASES DA REALZAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA 
A realização da despesa compreende três (3) fases: 
Cabimento: O Cabimento representa a 1ª fase da despesa pública. É definido como acto 
administrativo de verificação, registo e comprometimento do valor do encargo a assumir pelo 
Estado. Este acto só pode ser efectuado pelo gestor público se a Unidade Gestora possuir saldo 
suficiente nas contas denominadas Dotação Disponível e Quota de Limite Orçamental a Utilizar. 
 
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Liquidação: A Liquidação da Despesa representa a 2ª fase da despesa pública e é onde se verifica 
a entrega dos bens ou serviços contratados, bem como o apuramento do valor que efectivamente 
há a pagar para emissão da competente ordem de pagamento. 
Pagamento: O Pagamento da Despesa representa a 3ª fase da despesa pública e significa a 
entrega de uma importância em dinheiro ao titular do documento de despesa 
-----------------------------------------------------------XXXXXX---------------------------------------------- 
1.2. RECEITA PÚBLICA 
RECEITAS são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contabilístico sob a 
forma de entrada de recursos ou aumento de activos ou diminuição de passivos, que resultem em 
aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da 
entidade. (IPSAS 2010) 
Constituem receita pública todos os recursos monetários, seja qual for a sua fonte ou natureza, 
postos à disposição do Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero depositário 
temporário. 
Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento do Estado ou cobrada senão em 
virtude de lei e, ainda que estabelecidas por lei, as receitas só podem ser cobradas se estiverem 
previstas no Orçamento do Estado aprovado. 
 
1.2.1. CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTAL DA RECEITA PÚBLICA 
A receita orçamental é classificada de acordo com os seguintes critérios: 
 Económico; 
 Territorial; 
 Por fontes de recursos; 
 
Classificação Económica da Receita 
A receita orçamental quanto a categoria económica classifica-se em: Receitas Correntes e 
Receitas de Capital. 
 
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a) Receitas Correntes – receitas fiscais, não fiscais, as consignadas e as de donativos; 
Exemplos: Imposto sobre o Rendimento de Pessoa Singular, Rendas de Casa, Taxas de 
Portagem, Donativos Não consignados à Projectos. 
b) Receitas de Capital – são as receitas de alienação de bens, receitas de donativos e receitas 
de fundo de empréstimos ou receitas recebida de pessoas de direito público ou privado, 
para atender despesas classificáveis em Despesas de Capital, sob a forma de: 
 Recursos financeiros provenientes de dívidas 
 Conversão de bens e direitos 
 Recursos recebidos 
 Superávit do orçamento corrente 
 Operações de crédito 
 Alienação de bens 
 Amortização ou resgate de empréstimos concedidos 
 Receitas transferidas de entidades públicas e de particulares. 
Exemplos: Alienação do Património do Estado, Donativos em Espécie a Projectos, Fundo 
de Empréstimos Externos. 
Os montantes de receita inscritos no Orçamento do Estado constituem limites mínimos a serem 
cobrados no correspondente exercício. 
Os códigos das Contas Contabilisticas de receitas iniciam-se com o número 4, sendo que os 
demais dígitos correspondem à Classificação Económica da Receita – CER 
 
 
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Classificação Económica da Receita – CER 
Exemplo da CER: 
 
Classificação Territorial da Receita 
Permite o registo das receitas segundo a divisão territorial do país (Central, Provincial, Distrital). 
Classificação por Fonte de Recurso da Receita 
Tem como objectivo identificar a origem dos recursos financeiros, permitindo a sua gestão a nível 
de programação e execução do Orçamento do Estado, e está estruturado em três níveis. 
a) Classificador da fonte de recursos 1º nível 
Grupo das Fontes de Recursos que identifica o trânsito dos recursos pelo Tesouro 
Nacional. 
 1 – Recursos do Tesouro (Transita pela CUT) 
 2 – Recursos de Outras Fontes (Não transita pela CUT) 
 3 – Recursos do Tesouro de Exercícios Anteriores 
 4 – Recursos de Outras Fontes de Exercícios Anteriores 
 5 – Recursos Vinculados Originários de Fontes do Tesouro 
 6 – Recursos Vinculados Originários de Outras Fontes. 
 
b) Classificador da fonte de recursos – 2º nível 
Sub-grupo das Fontes de Recursos que identifica o detalhe do Grupo por tipo de origem de 
recursos. 
 
 
 
4. 1. 1. 1. 9. 02 – Conta Contabilística: Imposto sobre Veículos 
 
 Classe - Receita 
 
 Grupo – Receitas Correntes 
 
 Sub - grupo – Receita Tributaria 
 
 Elemento – Impostos Nacionais 
 
 Sub - elemento - Outros Impostos 
 
 Item - 
 
Imposto sobre 
Veículos 
 
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 01 – Recurso Fiscal 
 02 – Recurso Não Fiscal 
 03 – Recurso Consignado 
 04 – Recurso Oriundo de Reembolso de Acordo de Retrocessão 
 05 – Recurso Oriundo de Alívio da Dívida — HIPC 
 11 – Recurso Próprio 
 2x – Donativos Internos 
 3x – Donativos Externos 
 4x – Créditos Internos 
 5x – Créditos Externos 
 6x – Acordos 
 
c) Classificador da fonte de recursos – 3º nível 
Identifica a Fonte de Financiamento, sendo que 000000000 identifica a fonte de 
financiamento “Não Detalhada”. 
 
 
1.2.2. TIPOLOGIA DAS RECEITAS PÚBLICAS 
Quanto à afectação do Orçamento Público 
a) Receita Orçamental: são aquelas receitas que foram previstas na Lei, e que a sua 
arrecadação depende da autorização legislativa, que é a Lei Orçamentária Anual – LOA. 
Ex.: Taxa, Imposto, Patrimonial, Operação de Crédito, Transferência de Capital e Corrente, 
entre outras. 
b) Receita Extra-Orçamental: é a que não integra o orçamento público. Sua realização não 
se vincula à execução do Orçamento, nem constitui renda do Estado, que é apenas 
depositário desses valores. 
 
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Ex.: Cauções, Fianças, Salários não reclamados, Depósitos de Terceiros. 
 
As entradas extra-orçamentais inadequadamente chamados de receita extra-orçamental, nunca 
podem ser confundidos com as contas de resultado positivo, na óptica de ciência contabilística, 
pois eles detêm as características, que são inteiramente distintas das receitas: 
a) Não alteram o Patrimonio Líquido; 
b) São oriundos de factos permutativos 
c) Geram dispêndios extra-orçamentais 
 
Exemplo de Receita Extraorçamental 
Se um servidor público recebe 3.990,00MT de vencimentos brutos e se houver retenção do 
Imposto de Renda na Fonte de 798,00MT este valor será registado como receita extra-orçamental 
no momento da retenção. Pode-se verificar que o ingresso dos 798,00MT possui carácter 
devolutivo. Mesmo que esse valor permaneça por apenas uma hora, até o recolhimento, deve ser 
registado como receita extra-orçamental 
 
1.2.3. FASES DA EXECUÇÃO DA RECEITA PÚBLICA 
A execução da receita compreende três fases: 
a) Lançamento – A 1ª fase compreende o procedimento administrativo de verificação da 
ocorrência do facto gerador da obrigação correspondente; 
b) Liquidação – A 2ª fase compreende o cálculo do montante da receita devida e 
identificação do respectivo sujeito passivo; 
c) Cobrança – A 3ª fase corresponde a acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita e 
subsequente entrega ao Tesouro Público. Em função da adopção do regime de caixa para o 
lançamento da receita pública, somente essa fase ocasionaregistos contabilísticos, que 
estão a seguir descritos: 
 
PS: Anulação da Receita 
Em função da adopção do regime de caixa utilizado para o registo da receita pública, a restituição 
da receita arrecadada indevidamente, quando ocorra no respectivo exercício da sua arrecadação, 
deve ser efectuada nesse exercício, mediante anulação do valor na rubrica orçamental respectiva. 
 
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Quando a restituição da receita arrecadada indevidamente ocorra em exercícios posteriores, esta 
deverá ser realizada em rubrica orçamental de despesa adequada, do exercício em que ela ocorrer. 
 
1.2.4. CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA QUANTO A AFECTAÇÃO DO PATRIMÓNIO 
a) Receitas Efectivas: 
 são aquelas em que podemos identificar um ingresso financeiro sem a correspondente 
desincorporação de direitos ou incorporação de obrigações. 
 provém dos serviços gerais prestados pelo Estado à sociedade, em troca da cobrança de 
impostos, taxas e contribuições. 
 são as que alteram a situação líquida patrimonial. 
 
b) Receita Não-efectiva 
 não alteram a situação líquida patrimonial, já que se originam de factos permutativos, 
que por natureza não alteram o património líquido. 
 
1.2.4.1. RECEITA PÚBLICA EFECTIVA 
As Receitas Públicas Efectivas dividem-se em: 
 Receitas Patrimoniais (Mobiliário e Imobiliário): proveniente da venda de produtos e 
das prestações de serviços contratualmente estabelecidos; 
 Receitas Provenientes das Taxas: aquelas que provem da prestação de serviços a 
preços autoritariamente fixados como contraprestação aos serviços prestados; 
 Receitas Provenientes da cobrança de Impostos: aqueles que provem dos serviços do 
Sistema Tributário Nacional. 
 
I. RECEITAS PATRIMONIAIS 
Podem derivar da combinação de interesses públicos e privados caracterizada pela compra de 
acções e/ou obrigações pelo Estado (Mobiliário), bem como do domínio Rural, das explorações 
industriais e comerciais de utilidade pública do Património do Estado (Imobiliário). 
 
 
 
 
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 PATRIMÓNIO MOBILIÁRIO 
O Estado tem quase sempre um património mobiliário, uma carteira de títulos constituída por 
acções e obrigações de bancos e companhias, para garantir a certas empresas os capitais 
necessários à sua constituição, ao seu desenvolvimento, ou à sua sobrevivência. Desse património 
o Estado, pode receber dividendos, lucros, e Juros. 
i) Dividendos que cabem, as acções representativas das participações do Estado no 
Capital Social das empresas de economia mista; 
ii) Lucros das Empresas Públicas criadas originariamente pelo Estado ou 
nacionalizadas; 
iii) Juros das Obrigações de o Estado é titular e os juros dos capitais mutuados pelo 
Estado a certas pessoas colectivas de direito público, a diversas empresas privadas. 
 
O Estado também compra ou adquire acções para participar na gestão das empresas privadas, 
constituindo o que se chama Sociedades de economia mista. Com acções em mão, o Estado 
penetrar às assembleias Gerais e consegue fazer-se eleger para o Conselho de Administração, 
a par dos outros accionistas privados. As Sociedades de economia mista, desempenham um 
papel de relevo nas economias em desenvolvimento, onde os mercados são pequenos, por 
isso maior o risco das empresas: 
- Quanto menor é o mercado, menos é a probabilidade de uma nova empresa encontrar 
procura a preço remunerador para os seus artigos. 
Como o Estado subscreve boa parte do seu capital, logo os capitalistas se convencem de 
que o negocio é seguro, e acorrem a subscrever o resto. 
 
 PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIOS 
As receitas provenientes dos bens imobiliários que o estado é proprietário. Tal como receitas 
recebidas pela concessão de exploração, de licenças de uso privativo ou de arrendamento dos 
prédios. (Domínio Rural, Explorações de utilidade pública) 
 
a) Domínio Rural 
O Estado, não só possui património mobiliário, mas também tem um património de domínio rural 
(Resultante das Nacionalizações após a Independência, explorações florestais tais como os 
Parques, Reservas, etc.) 
 
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b) Explorações de utilidade pública 
As explorações industriais do Estado: Monopólios fiscais e explorações de utilidade pública: 
O Estado – explora certas indústrias e comércios, umas vezes em monopólio, outras em 
concorrência com os particulares. 
Quando o Estado faz em monopólio, temos a distinguir: 
- Ou o Estado se reserva a exploração de determinada industria com o fim de obter 
receitas; 
- Ou o Estado se reserva a essa exploração, não por causa das receitas, mas para assim 
satisfazer melhor as necessidades colectivas. 
As receitas patrimoniais provem de preços negocialmente estabelecidos – preços que, ou são 
puros preços privados, ou são preços inferiores aos que os particulares praticariam, como as 
tarifas portuárias. 
Em qualquer caso, porem, as receitas patrimoniais resultam de preços lucrativos, isto e, de preços 
superiores ao custo de produção. 
 
II. RECEITAS PROVENIENTES DAS TAXAS 
As taxas são preços autoritariamente fixados em contrapartida da utilização bens semi-
públicos, isto é, de bens públicos que satisfazem necessidades individuais. 
a) Bens Técnicos e Financeiramente Semi-públicos 
Temos taxas sempre que os preços são inferiores ou iguais aos custos (P≤Custo); 
Cobram-se as taxas nas escolas secundárias e superiores, nos tribunais, nos cartórios, nas 
conservatórias, etc. 
b) Característica das Taxas Quanto ao montante a cobrar 
A cobrança de taxas, pode ter em vista, a repartição do custo pelos utentes e a limitação da 
procura do serviço. 
Se a procura é inelástica, ou não é superior à oferta ao preço zero (0), a finalidade das taxas só 
pode ser a repartição do custo; 
 
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Se a procura é elásticae superior à oferta ao preço zero (0), as taxas podem ter qualquer 
finalidade: ou a limitação da procura, ou a repartição do custo. 
Dado que as taxas, sendo preço, limitam sempre a procura, quando esta é elástica: e sendo 
receitas, cobrem sempre uma parte ou totalidade do custo do serviço. 
O montante das taxas vai depender, portanto, da finalidade que o Estado deseja alcançar: 
Ex: Serviços da administração da Justiça – interessa que os Tribunais só sejam utilizados quando 
haja razões serias para eles intervirem na definição do direito; isto e, interessa evitar que se vá aos 
tribunais, como autor ou como réu, por qualquer motivo fútil. 
Há pois, que limitar a procura do serviço da justiça. O Estado limita-a cobrando taxas (custas) 
mais pesadas à parte vencida. 
 
III. RECEITAS PROVENIENTES DOS IMPOSTOS 
a) Noção do Imposto 
O imposto define-se como sendo uma prestação pecuniária, coactiva e unilateral, sem carácter de 
sanção, exigida pelos Estado com vista à realização de fins públicos. É do imposto que provém a 
maior parte das receitas efectivas. 
 Prestação pecuniária - o imposto é uma prestação em dinheiro ou equivalente a dinheiro; 
 Coactiva - o montante do imposto é estabelecido por Lei ou por força da Lei. 
 Unilateral - ao pagamento do imposto não corresponde qualquer contraprestação por parte 
do Estado; 
 Sem o carácter de sanção - o imposto não tem natureza de penalidade, como a multa. 
Logo podemos distinguir as principais diferenças entre imposto e taxa (a taxa também é prestação 
pecuniária, é prestação coactiva, mas já não é prestação unilateral), uma vez que ao seu 
pagamento corresponde a contraprestação de um serviço por parte do Estado. 
b) Finalidade da tributação: Impostos fiscais e impostos extrafiscais. 
 Impostos Fiscais, cobrados pelo Estado apenas para obter receitas; 
 Impostos Extra-Fiscais, cobrados pelo Estado para simultaneamente obter receitas e 
atingir outras finalidades, ou só para atingir essas finalidades. Exemplo: Quando o EstadoContabilidade Pública 15 
O Grupo de Disciplina 2019 
 
exige direitos alfandegários com vista a proteger determinada indústria, a sua finalidade 
não é conseguir recursos, mas satisfazer as necessidades colectivas de que aquela indústria 
seja preservada da concorrência estrangeira. Aqui temos a finalidade extra-fiscal da 
tributação. 
 
1.2.4.2.RECEITA PÚBLICA NÃO - EFECTIVA 
As Receitas Não-efectivas queremos nos referir as receitas proveniente dos empréstimos e 
donativos. Visto quase todas receitas não efectivas serem derivadas do recurso ao crédito. 
O Recurso ao Crédito: 
a) Défice da Tesouraria; 
b) Défice Orçamental; 
c) Esterilização de poder de compra. 
 
O Estado pode faze-lo por um dos seguintes motivos: 
a) Cobertura do défice da tesouraria: Compreende-se que a tesouraria apresente uma situação 
deficitária. Decerto que no orçamento se previram receitas suficientes para cobrir todas as 
despesas. Mas alo longo do período financeiro, os montantes das cobranças não coincidem com 
os montantes dos pagamentos por parte dos contribuintes. 
Haverá dias em que afluam para os cofres públicos receitas superiores, outros em que afluam 
receitas inferiores, aos pagamentos que nesses dias se tem de efectuar. 
Dai que o tesouro passa encontrar-se, em determinada altura, com fundos insuficientes para 
ocorrer aos pagamentos. Quando tal acontece, há que encontrar receitas e isso só poderá ser feito 
através do crédito de prazo muito reduzido, dado que trata-se de um défice passageiro, transitório, 
proveniente da falta de sincronização entre a entrada de receitas e saída de despesas. 
b) Cobertura do défice orçamental: isto é, do excesso das despesas efectivas sobre as receitas 
efectivas. Quando o orçamento apresenta um défice, é por meio de receitas não efectivas, e 
geralmente por meio de empréstimos, que se terá de preencher a diferença. 
Nesta situação, como o défice foi previsto, tem de presumir-se que os empréstimos contraídos 
para lhe fazer face não poderão ser reembolsados dentro do período financeiro. Só poderão ser nos 
períodos financeiros subsequentes. 
 
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Quando o Estado contrai empréstimos para cobrir o défice orçamental, recorre ao crédito de 
médio e longo prazo. 
c) Esterilização de poder de compra- O Estado não só recorre ao crédito para financiar a despesa 
publica, também a ele recorre, por vezes, para impedir despesas privadas. É quando se desenvolve 
um processo inflacionista em que a subida dos preços é imputável à pressão da procura. A fim de 
reduzir esta, o Estado pode absorver, através de empréstimos, aforros de capitalistas que de outro 
modo seriam gastos, pelo menos em boa parte. 
Visando este empréstimo a redução do poder de compra, o Estado se encontra inibido de utilizar 
o seu produto na cobertura de despesas. Tem de o manter em saldo, até que as circunstâncias se 
modifiquem a ponto de ser aconselhada a política contraria – a política do fomento do poder de 
compra

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