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1 PREPARAÇÃO PARA O EXAME DE PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS ELEITORAIS I PARTTIDOS POLÍTICOS CONCEITOS Max Weber – define Partidos Políticos como sendo as associações baseadas numa adesão formal, livre e construída com o objetivo de atribuir aos seus chefes uma posição de poder no seio de um grupo social. Benjamin Constein – entende-o como sendo uma reunião de pessoas que professam a mesma doutrina política. Giovanni Sartori – entende-o como qualquer grupo político identificado por uma designação oficial que se apresenta às eleições e é capaz de colocar através das eleições (livres ou não) candidatos em cargos políticos. Marcelo Rebelo de Sousa (sentido restrito) – defende na sua tese que Partidos Políticos é o agrupamento de cidadãos organizados, tendo em vista a participar no funcionamento das instituições políticas e expressar organizadamente a vontade popular. Jorge Miranda – define Partidos Políticos em sentido lato e em sentido restrito. Em sentido lato, significa qualquer agrupamento amplo de indivíduos destinados a conquistar, exercer e conservar o poder. Neste sentido, a ideia de Partido implica sempre e necessariamente a concorrência, na disputa para conquistar, exercer e conservar o poder. Tudo isso dentro das regras do jogo de resultados eleitorais democráticas. Em sentido restrito significa uma associação de caráter permanente e organizada para a intervenção no exercício do poder político, procurando com apoio popular a realização de um programa de fins gerais. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DOS PARTIDOS POLÍTICOS São quatro os elementos caracterizadores dos Partidos Políticos e, que permitam distinguir de outras figuras afins: 1º Os Paridos Políticos tem caráter duradouro – significa que é uma organização durável, cuja esperança de vida seja superior à dos seus dirigentes. Este critério permite excluir os aventureiros, os simpatizantes que desaparecem com o patrão ou com o protetor. Significa ainda que não se cria um Partido Político com um prazo de vida pré-estabelecido. 2º Organização com implementação local generalizada – significa que é uma organização completa até há inclusão dos escalões locais. Através desta ótica é possível distinguir Partido 2 Político de simples grupo parlamentar, já que se implica a existência de relações entre o centro nacional e as unidades de base da organização. Quer isto dizer que um Partido Político não deve limitar a um sitio ou região com objetivo de alimentar a sua sede7direção nacional, isto no sentido de evitar Partidos regionais. 3º Organização com uma vontade deliberada de ocupar e exercer o poder – significa que é uma organização com vontade deliberada de exercer o poder diretamente, só ou com outros, a nível local ou nacional, no sistema presente ou num sistema novo. Evidencia este critério a diferença face aos grupos de pressão que pretendem apenas influenciar o poder. Uma das funções dos Partidos Políticos é a conquista e o exercício do poder. 4º Organização que procura o apoio popular através de eleições ou outros meios disponíveis – que isto dizer que os Partidos Políticos têm que procurar apoios permanentes e desenvolver constantemente atividades, por forma a conquistar mais militantes, simpatizantes e apoiantes. Resumo: Um Partido Político implica, pois, por um lado a continuidade, extensão até ao nível local e permanência de um sistema de organização, e por outro lado vontade manifesta e efetiva de exercer diretamente o poder, apoiando-se numa audiência de elite ou popular, militante ou eleitoral. DISTINÇÃO ENTRE PARTIDOS POLÍTICOS E OUTRAS FIGURAS AFINS: ASSOCIAÇÃO POLÍTICA, GRUPOS DE PRESSÃO E GRUPOS DE INTERESSE Diferença entre Partidos Políticos e Associação Política: Distinguem-se através de certos elementos: Primeiro: Um Partido Político propõe representar politicamente a sociedade na sua generalidade, exprimindo a vontade popular, enquanto que uma associação política que está associado ao gozo de direitos políticos pelo individuo no Estado ou organismos estatais, visa essencialmente a representação de determinados setores da sociedade. Segundo: Um Partido Político propõe conquistar e exercer o poder politico ou influenciar diretamente o ser exercício, enquanto que uma associação política se limita a participar na atividade de instancias sociais e tentar influenciar o exercício do poder. Terceiro: Um Partido Político é um agrupamento de carater duradouro, mas tal não significa que é eterno, enquanto que associação política pode constituir-se por prazo determinado. Quarto: A filhação de um Partido Político é exclusiva e incompatível com a afilhação noutros Partidos Políticos, isto é, uma pessoa não pode ser militante de mais do que um 3 Partido, enquanto que associação política é perfeitamente compatível com a participação em outras associações políticas ou no próprio Partido Político. Quinto: Uma Partido Político deve ter uma implantação local e generalizada, enquanto que associação política por ser apenas local. Sexto: Um Partido Político propõe intervir na designação de titulares dos órgãos do poder político, enquanto que uma associação política até pode transformar-se em Partido Político, mas um Partido Político não pode transformar-se numa associação política. A diferença essencial entre Partido Político e associação política é que Partido Político procura conquistar e exercer o poder, e a associação política não procura conquistar e exercer o poder. O papel fundamental da associação política é construir espaços de debate, a nível científico, académico, e pedagógico de forma a fomentar e a pressionar os governantes a satisfazerem os seus interesses. Conceito de Associação Política – é um agrupamento de cidadãos que sustentando certos princípios políticos procuram difundi-los ou divulga-los junto da opinião pública com o objetivo que sejam postos em pratica pelos governantes. Exemplo: Espaço democrático, criado em 1994 pelo cientista político Cabo-verdiano, Onésimo Silveira, em São Vicente, que mais tarde veio dar origem ao Partido Político “PTS”. Diferença entre Partidos Políticos e Grupos de Pressão: Contrariamente aos Partidos Políticos, os grupos de pressão agem a partir do exterior, enquanto que os Partidos Políticos agem do interior, porque estão dentro do sistema, enquanto que os grupos de pressão como estão fora do sistema, a sua ação vem do exterior, mas sem nunca terem a pretensão de conquistar e de exercer o poder, mas sim tem pretensão de influenciar o poder e o seu exercício. Um grupo de pressão não tem que ter carater duradouro, diferentemente do Partido Político que tem que ter um caráter permanente e duradouro. Os grupos de pressão não devem ter um caráter permanente necessariamente, porque pode ser apenas constituído para atingir um objetivo e uma vez atingido o objetivo o grupo extingue. Entende-se por Grupos de Pressão, organizações constituídas para a defesa de certos interesses, exercendo uma pressão sobre os poderes públicos com o objetivo de obterem decisões favoráveis dos poderes públicos, relativamente aos seus interesses. Os grupos de pressão apresentam as seguintes caraterísticas: Existência de um grupo organizado – primeiramente, um grupo só consegue fazer pressão se está minimamente organizado, isto é, se não estiver organizado não conseguirá fazer pressão. Nas sociedades modernas os indivíduos isoladamente não conseguem atingir os seus objetivos. Para 4 satisfazer os seus interesses e alcançarem os seus objetivos é preciso fazer as suas reivindicações chegarem aos órgãos certos e ao centro de decisão e ou aos decisores políticos. Para fazerem chegar essas reivindicações aos decisores políticos devem primeiramente estar minimamente organizados. Os indivíduos necessitam de se juntar e de se organizar em função de interesses comuns. Esses interesses podem ser deordem material ou também interesses morais para poderem prosseguir os seus interesses e dos seus associados; Defesa dos interesses – o grupo de pressão visa sempre a defesa de interesses que podem ser tantos morais, como materiais ou ainda ambas as coisas; Exercício de pressão – os grupos de pressão fazem sempre pressão, ou seja, visam sempre o exercício de pressão sobre o poder político, isto é, não têm como alvo a pressionar os cidadãos, mas sim o poder político. Ação dos grupos de pressão: as formas de atuação dos grupos de pressão são varias, podendo ser legais ou ilegais. Os grupos de pressão procuram sempre fazer o máximo de pressão possível sobre os decisores políticos para poderem atingir os seus objetivos. Daí que a intensidade e a incidência da pressão que fazem depende precisamente da forma como os grupos estão organizados ou não. Se estiverem muito bem organizados, a intensidade e a incidência da pressão serão maiores. A capacidade de fazer pressão não só varia em numero de pessoas de quem faz pressão ou da intensidade e incidência da pressão, porque se se está perante um sistema frágil, as probabilidades de conseguir os objetivos do grupo são maiores, isto é, em sistemas políticos frágeis onde as instituições democráticas não estão consolidadas, porque a probabilidade é maior. Processos, caminhos e meios utilizados para pressionar o poder político: 1º: Ação de informação e mobilização da opinião pública – essa ação de informação e mobilização seria desenvolvida utilizando as redes sociais, meios de comunicação, distribuições de panfletos, outdoors, anúncios na rádio e na TV, etc. Quanto mais informações se passar, quanto maior for a mobilização, melhor será para o grupo; 2º: Utilização do poder financeiro disponível de forma legal ou ilegal para persuadir ou corromper o decisor político; 3º: Ação individual participando em greve ou lock-out. Muitas vezes os grupos de pressão não dão a “cara”, agem por detrás. Sabem que há um grupo de jovens descontentes com certas práticas, infiltram e motivam esses jovens levando- os a praticarem determinadas ações, porque sabem que vão tirar proveito dessas ações; 4º: Recusa de pagamento de impostos; 5º: Violência física; 6º: Manifestações públicas; 7º: 5 Cortes de comunicações, de estradas, de energia, de água, etc.; 8º: Contatos e negociações – esta é a forma mais correta de se pressionar e que sempre acaba por acontecer. Nem sempre os grupos de pressão atingem os resultados esperado usando os meios ou formas de pressionar atrás referidos. Quando não se consegue atingir os resultados esperados, utilizam outras formas de luta, designadamente: intimidação, chantagem, ameaça, etc. – são formas de pressão que os grupos de pressão mais utilizam. Diferença entre Partidos Políticos e Grupos de interesse: Grupos de interesses são grupos que procuram realizar os seus objetivos de acordo com a lei e atuando apenas na esfera privada. CLASSIFICAÇÃO DA ORIGEM DOS PARIDOS POLÍTICOS SEGUNDO MAURICE DUVERGER Maurice Duverger disse que classicamente os Partidos Políticos tiveram duas origens: 1. Origem eleitoral e parlamentar (interior) dos Partidos Políticos – este é um mecanismo de origem muito simples, porque a própria palavra já diz tudo “parlamentar”. Significa que surgiu no seio do grupo parlamentar. Duverger justifica que depois da consolidação da própria democracia, dos mecanismos de representação política houve afirmação dos grupos parlamentares. Com esta afirmação houve a necessidade de se criar o comité eleitoral. Depois era necessário fazer a ligação com os grupos parlamentares, isto é, com diferentes elementos entre grupos parlamentares e os comités eleitorais. Devido a necessidade que se criou dentro do próprio grupo parlamentar, de se estabelecer pontes e ligações com outras estruturas (comité eleitoral) surge a necessidade de se criar Partidos Políticos. Em primeiro lugar surge os grupos parlamentares e depois surgiram os comités eleitorais. Só que perante isto havia uma lacuna, isto é, não havia ligação ente estes dois. Era preciso haver ligações entre estes, e destas ligações surgiram os Partidos Políticos. 2. Origem extraparlamentar (exterior) dos partidos políticos – São Partidos que surgem fora do Parlamento e onde já existiam Partidos de origem parlamentar a funcionar. Estes partidos surgem através de movimentos externos ao parlamento, movimentos de sindicatos, grupos de intelectuais, grupo de associação política, de entidades patronais, organização religiosas e organizações da sociedade civil. Muitas vezes esses Partidos surgem devido a um propósito claro, p.e., para a defesa de interesses concretos. Atualmente a origem extraparlamentar é regra e a origem parlamentar é exceção. 6 Principais diferenças entre a origem eleitoral e parlamentar e a origem extraparlamentar dos Partidos políticos. 1. Os Partidos de origem eleitoral e parlamentar corresponde a um tipo mais antigo, enquanto que os Partidos de origem extraparlamentar correspondem a um tipo mais moderno; 2. No inicio, os Partidos de origem parlamentar e eleitoral eram mais centralizados do que os Partidos de origem extraparlamentar que são mais descentralizados; 3. Os Partidos de origem parlamentar e eleitoral nascem a partir da cúpula (topo), enquanto que os Partidos de origem extraparlamentar surgem a partir da base. 4. Os Partidos de origem parlamentar e eleitoral tem amais influência com o grupo parlamentar, ou seja, há uma relação muito mais estreita entre o grupo parlamentar e o próprio Partido de origem parlamentar e eleitoral, enquanto que os Partidos de origem extraparlamentar não sofrem muita influência dos grupos parlamentares e não existe uma ligação muito forte ente estes Partidos e o grupo parlamentar; 5. Os Partidos de origem exterior são geralmente mais coerentes e disciplinados do que os Partidos de origem parlamentar e eleitoral. FINS DOS PARTIDOS POLÍTICOS Quando se está a querer falar de fins faz-se referencia às finalidades ou objetivos para o qual o Partido Político foi criado ou constituído. São fins dos Partidos políticos os seguintes: 1. Contribuir para o exercício dos direitos políticos dos cidadãos – significa que os partidos políticos têm o dever de defender os cidadãos, porque a força de um partido politico está na defesa dos interesses da coletividade e dos direitos destes, isto é, tudo o que os partidos políticos fazem é sob o pretexto e com a finalidade de defender os cidadãos; 2. Representar politicamente o povo – a democracia representativa é feita pelos partidos políticos e estes ~são os pilares fundamentais da representação politica e como tal devem almejar sempre representar politicamente o povo; 3. Definir programas do Governo e da Administração Publica – quem define o programa de governação de um País são os partidos políticos, sendo esta uma das exigências para a criação dos partidos políticos; 4. Promover a educação cívica e os esclarecimentos dos cidadãos – está relacionado com todos aqueles discursos que os partidos políticos faze (workshop, fórum, contatos com o cidadão, tempo de antena, etc.), com o objetivo de estimular a participação dos cidadãos e de receber contributos e formar a própria consciência dos cidadãos; 7 5. Contribuir para o desenvolvimento das instituições politicas democráticas – os partidos políticos a através do recrutamento do pessoal dirigente tem essa finalidade de contribuir para o desenvolvimento das instituições politicas democráticas. FUNÇÕES DOS PARTIDOS POLÍTICOS São todas as atividades que os partidos políticos desenvolvem ou que levam a cabo para atingirem os seus fins ou objetivos. Funções dos Partidos Políticos para Peter Merkel: 1ª Recrutamento e seleção do pessoal dirigente para os cargos do governo é da responsabilidade dos partidos políticos trazer sangue novopara os cargos dirigentes do Governo, exatamente porque os dirigentes dos órgãos não são eternos, uns saem e novos entram. É devido a essa função que o próprio sistema político não entra em falência. Esta função tem um caráter seletivo no sentido de ir buscar e recrutar pessoas de diferentes quadrantes (politólogos, engenheiros, economistas, juristas, etc.). Esta função permite a renovação cíclica dos políticos e dos corpos políticos que exercem os cargos políticos; 2ª Função genérica de programas e de políticas para o Governo – que esta função dizer que cabe sempre aos partidos políticos propor programas e politicas de governação de um País, programas e políticas essas que normalmente passam por sufrágio do povo, visto que o povo acaba sempre por sufragar os programas e as políticas de um partido através do voto. Este programa reflete sempre a base social do partido, a sua ideologia, a sua historia e a sua própria origem. Pode-se dizer que esta função é uma antevisão daquilo que poderá acontecer caso o partido vença as eleições e for eleita. 3ª Função de coordenação e controlo dos órgãos governamentais – quer esta função dizer que os partidos políticos representam um importante instrumento de ligação entre o Governo e a opinião publica. São os partidos que encaram a dialética entre a oposição e a situação. Os partidos funcionam como órgão de controlo e fiscalização perante o governo estando na oposição, enquanto que o partido da situação deve gerir o País e da justificação e explicar as suas medidas. Existe, portanto, uma espécie de veio de transmissão entre a opinião publica, a sociedade e os próprios partidos; 4ª Função de integração societal através de conciliação de interesses de grupos e através de sistemas de crenças e ideologias – sendo a sociedade plural, os partidos políticos não governam só para os seus militantes ou só com estes, existindo assim uma diversificação em relação a isso. Quer esta função dizer que cabe aos partidos políticos servir como 8 intermediário de interesses e reivindicações de diversos grupos que existem na sociedade. Reivindicações e interesse que podem ser muitas vezes pontuais ou circunstanciais ou de longo prazo, porque permanentemente os partidos estão a ser pressionados pelos diferentes grupos, p.e. professores, taxistas, empregados domésticos, etc. 5ª Função de integração social dos indivíduos através de mobilização de apoio e da socialização política – esta função tem a ver com a incentivação da participação política dos cidadãos e dos indivíduos. Esta função é o elo da socialização para que os cidadãos se sintam politicamente ligados uns aos outros e de acordo com as suas crenças; 6ª Função de contra organização – esta função quer dizer que compete aos partidos políticos representar politicamente aqueles que não se identificam no sistema político económico e que estão de acordo com a ordem económica vigente a exprimirem através dos partidos as suas ideologias sem fomentar conflitos. Funções dos Partidos Políticos para Georges Lavou: Este autor falou de três funções dos Partidos Políticos: 1ª Função da renovação política – esta função corresponde a primeira função de Peter Merkel (recrutamento e seleção do pessoal dirigente para os cargos do governo. Quer esta função dizer que compete aos partidos políticos contribuírem para que o pessoal politico seja ciclicamente renovado encontrando outros protagonistas. Ele está a referir que os partidos políticos têm um papel importante ao contribuírem para que constantemente o pessoal politico, o recrutamento de novos quadros e de novos agentes, de novos protagonistas assumem direções da Administração Publica. Portanto, se há esta renovação é porque os partidos têm um papel importante para que haja e para que continuem a haver essa renovação, porque a Administração Publica não é estática, existindo sempre a renovação. Essa renovação é provocada pelas mudanças, pelas formulações de novas políticas, pelas dinâmicas do crescimento. Neste aspeto de formulação de novas políticas e implementação dessas políticas os partidos têm mesmo um papel fundamental. 2ª Função de legitimação – esta função corresponde a segunda, terceira, quarta e quinta função de Peter Merkel (função genérica de programas e políticas para o Governo; função de coordenação e controlo dos órgãos governamentais; função de integração societal através de conciliação de interesses de grupos e através de sistema de crenças e ideologias; e função de integração social dos indivíduos através da mobilização de apoio e da socialização política), respetivamente. Lavou diz que é através desta função que os partidos políticos asseguram a representação política dos cidadãos e a legitimidade dessa representação. 9 Através desta função as ações dos partidos são legitimadas pelo próprio povo e constantemente os partidos apresentam as suas propostas, programas e projetos para conseguir junto dos cidadãos essa legitimidade. Estando na situação, constantemente, as ideias que são implementadas pelo Governo não ideias de foram sufragadas. Há uma legitimação para o exercício ou implementação daquelas funções e estando na oposição pode-se contribuir com propostas e a oposição tem um papel que lhe é reservada que é a fiscalização, o controlo, etc. 3ª Função de tribunícia – corresponde a sexta função de Peter Merkel (função de contra organização). Tribunícia vem da palavra tribuna – lugar onde as pessoas falam (púlpito). É claro que numa sociedade plural as pessoas têm direito a fazerem as suas escolhas, mas também os que não votaram a favor têm que se sentir representados através dos partidos políticos que devem ser voz daqueles que votaram contra ou daqueles que não votaram e não têm posição política, porque os partidos políticos representam a sociedade na sua globalidade e não apenas uma parte dela. Esta função serve para dar voz a quem não se revê, p.e., no programa do governo, em certas práticas, medidas e aspetos, por serem contra ou têm uma posição diferente. Funções dos Partidos Políticos para Jorge Bacelar Gouveia: Gouveia falou de três funções dos Partidos Políticos: 1ª Função pedagógica – esta função quer dizer que são os partidos que definem através de programas eleitorais que elabora as várias opções que se colocam aos eleitorados e contribuir para formação da opinião publica. Os partidos têm essa função pedagógica em termos de sensibilizar o eleitorado para varias questões. Fazem esta pedagogia através das mensagens, chamadas de atenção, de programas de sensibilização, de comportamento e sobretudo deste ultimo, porque muitas vezes o eleitorado exige dos políticos um comportamento condizente. O eleitorado pode ter uma atitude negativa, mas não aceita uma atitude negativa de quem o representa. 2ª Função eleitoral – esta é a função mais complexa e a mais importante. É a mais importante, porque é a função mais visível, onde os partidos políticos conseguem ter um papel mais visível por ser aquela que mais importa aos partidos políticos. De um modo geral esta função significa que os partidos políticos são responsáveis pela definição das opções políticas, seleção dos candidatos a titularidade dos cargos políticos e participação ativa em várias fases do processo eleitoral, nomeadamente, recenseamento eleitoral, processo eleitoral, apresentação de candidaturas, constituição de assembleias de voto. 10 3ª Função parlamentar – esta função quer dizer que em período não eleitoral os partidos políticos devem desempenhar uma ação de esclarecimentos e de formação das decisões/deliberações, ora apoiando o Governo no poder com discursos favoráveis e através de várias ações levadas a cabo e ora contestando a política governamental quando estão na oposição. Quer isto dizer eu o discurso de oposição é de formulação de alternativas, não sendo papel da oposição elogiar atostransnacionais, que ultrapassam o âmbito partidário. IMPORTÂNCIA, VANTAGENS (ARGUMENTOS A FAVOR) E DESVANTAGENS (ARGUMENTOS CONTRA) DOS PARTIDOS POLÍTICOS NUMA SOCIEDADE POLÍTICA DEMOCRÁTICA À luz de muitos teóricos e pensadores críticas aos partidos políticos, que põem em causa os partidos políticos, com argumentos que procuram e beliscam a democracia, consideram que os partidos políticos atrasaram o processo de consolidação da democracia. Mas, nem todos os pensadores criticam e perfilham da mesma ideia sobre os partidos políticos. Como se sabe durante muito tempo os partidos políticos eram mal vistos e não eram bem-vindos e não tiveram acolhimento merecido nas Constituições liberais. Durante muito tempo havia desconfiança em relação aos partidos. Se é certo que por um lado há estudiosos que são críticos aos partidos políticos, mas nem todos são, como por exemplo Giovani Sartori, Michels, etc. Sartori, diz que partidos políticos é de extrema importância, porque têm tornado num elemento fundamental no processo politico, de tal modo que alega que ao invés de chamar democracia deve-se chamar partidocracia, porque quis mostrar que o sistema politico funciona verdadeiramente com os partidos políticos e que o poder no sistema político está concentrado nos partidos políticos. Se se formos ver na prática, há uma deslocação do poder do Parlamento para os partidos políticos, do Governo para os partidos políticos, daí os partidos políticos serem efetivamente poderosos. Para Michels, que vai no mesmo sentido que Sartori, mas com algumas nuances, diz que assim como partidos políticos são importantes para a democracia, também a democracia é importante para os partidos políticos, porque os partidos políticos só se conseguem afirmar e ter espaço num regime politico democrático, porque fora do regime democrático (não se quer dizer que não existem partidos políticos fora deste regime, até porque já existiam), dificilmente os partidos poderão afirmar-se e exercerem as suas funções e atingir os seus fins, ou seja é dentro de um regime democrático que os partidos políticos ganham o seu espaço e exercem efetivamente as suas funções para alcançarem os seus fins. Vantagens ou argumentos a favor dos partidos políticos em relação ao quadro democrático: democracia implica forçosamente a 11 existência de partidos políticos, isto é, quer dizer que não existe um sistema democrático sem partidos políticos. Mas, podem existir partidos políticos sem que existe um regime democrático. Daí que o sistema democrático representativo consiste, tanto no plano formal como no plano substancial, numa organização estatal com base nos partidos políticos, sendo que que organiza a estrutura do Estado são os próprios partidos políticos. Mesmo nos regimes não democráticos os partidos políticos assumem importância até porque neste regime ou no regime democrático, os partidos políticos procuram muitas vezes invocar a ideia de democracia para poderem sobreviver e ter espaço. Muitos regimes não democráticos (regime de partidos único) são caracterizados como um Estado democrático. Os partidos políticos são a condição sine qua non (fundamental/essencial) do funcionamento do sistema democrático representativo. É condição sine qua non, primeiro porque os partidos políticos estabelecem a ponte entre o Estado e os indivíduos; em segundo lugar porque os partidos políticos contribuem para o exercício dos direitos políticos dos cidadãos; em terceiro porque os partidos políticos promovem a educação cívica e o esclarecimento politico dos cidadãos, educando-os para a participação nas atividades democráticas ou na vida política; em quarto lugar porque os partidos políticos servem de escola para a preparação do pessoal necessário ao exercício de funções politicas, permitindo que pessoas com vocação politica se candidatem ao desempenho de cargos do Governo e da Administração Publica (está ligado à função de recrutamento e seleção do pessoal dirigente pelos partidos políticos); em quinto lugar porque é através dos partidos políticos que se pode fazer uma fiscalização publica permanente das atividades governamentais e administrativas; em sexto porque os partidos políticos contribuem para a operacionalização do sistema politico; em sétimo e ultimo lugar os partidos políticos contribuem para a formação e composição dos principais órgãos do Estado. Desvantagens ou argumentos contra dos partidos políticos em relação ao quadro democrático: pegando na afirmação de que durante muito tempo, os partidos políticos foram mal-amados, não bem acolhidos e não bem-vindos, sempre houve uma certa desconfiança em relação aos partidos políticos. Mesmo nos Estado Unidos essa desconfiança, que até foi muito forte, e ainda existe, sobretudo nos períodos eleitorais. Atualmente até se fala na crise dos partidos políticos, crise da representação politica para se poder colocar a tónica de que este modelo já atingiu determinado limite. O descontentamento que se verifica, atualmente, em relação aos partidos políticos não tem a ver com apenas a estrutura dos partidos, mas também com vários outros fatores, nomeadamente, promessas não cumpridas, falta de soluções para vários problemas sociais e que levam as pessoas a criarem uma certa antipatia e desconfiança em relação os partidos políticos. Alguns autores, 12 considerados mais radicais, como Otto Adolf Eichmann (alemão), Peter Merkel (francês) e Ângelo Panebianco (italiano) defendem que os partidos políticos devem fazer uma adaptação profunda para poderem dar respostas aos desafios da sociedade. Vai na linha do pensamento de que os paridos políticos devem reinventar-se no sentido de adaptar e encontrar novas formas de organização, mudar a forma de fazer política e de se relacionar com os cidadãos. Nalguns países da América do Sul e do próprio ocidente, os partidos políticos estão tendencialmente a transformarem-se em oligarquias e quando se transformam em organizações oligárquicas dificultam a comunicação frutífera entre os governantes e os governados. Muitas vezes os partidos políticos evidenciam uma certa obsessão para satisfazer os interesses de grupos em vez de satisfazerem interesses da coletividade, ou seja, o interesse partidário acaba por sobrepor ao interesse coletivo. Os partidos políticos acabam por criar políticos profissionais, isto é, dirigentes que dedicam única e exclusivamente à vida politica, onde o interesse coletivo passa a não ter sentido para o dirigente, porque estão focados na vida politica que esquecem das preocupações da coletividade. Aponta-se para tendência de os partidos políticos dominarem a maquina do Estado e o sistema em proveito dos seus dirigentes, dando-os benefícios materiais e morais. As funções representativas dos partidos políticos estão em declínio, ou seja, muitas das funções de representatividade que os partidos políticos poderiam estar a desempenhar, estão sendo desempenhadas por outros organismos, que através de suas ações acabam por manifestar preocupações representativas. Há também uma perda de identidade estratégica partidária por parte dos partidos políticos que alimentam a governação ou que já estiveram na governação. Os cidadãos por causa destas inconveniências estão se tornando cada vez mais distantes da politica e dos partidos políticos. CLASSIFICAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS Critérios de classificação dos partidos políticos: Cada um dos autores usam determinados critérios para classificarem os partidos políticos. Os vários critérios existentes para a classificação os partidos políticos são: 1. Critérios funcionalistas – com base neste critério os partidos políticos são classificados de acordo com os fins que procuram prosseguir; 2. Critério organizacional – com base neste critério os partidos políticos são classificados de acordo com a dimensão e a natureza da sua estrutura; 3. Critério sociológico– com base neste critério os partidos políticos são agrupados de acordo com grupos sociais que representam ou de onde provêm; 13 4. Critério ideológico – com base neste critério os partidos políticos são classificados de acordo com a família politica que pertencem; 5. Critérios mistos – com base neste critério os partidos políticos são classificados de acordo com a conjugação de vários critérios. Classificação dos partidos políticos segundo Maurice Duverger: esta é a classificação mais clássica e por ventura a mais importante e de acordo com este autor os partidos políticos podem ser classificados em: a) Partidos de massas ou de militantes – historicamente e em termos de contextualização foram os primeiros tipos de partidos a surgirem. Surgiram no contexto de alargamento do direito de voto/sufrágio e da própria consolidação do sufrágio universal. Em Cabo Verde o sufrágio é caracterizado por ser universal, facultativo, periódico, direto e secreto. Com o alargamento do voto mais pessoas passaram a ter direito de votar e esse alargamento incentivou a criação dos partidos políticos de massas. São partidos mais centralizados e disciplinados e que procuram recrutar o máximo numero de militantes; São partidos fortemente articulados, organizados sem secções ou células; São partidos que normalmente procuram recrutar o máximo numero de pessoas e militantes com o objetivo financeiro, porque quanto mais pessoas mais será o aumento da capacidade de financiamento do próprio partido (mais será a probabilidade de cobrar quotas), mas também com o objetivo de obter força durante as campanhas eleitorais, porque quanto maior for o numero de militantes, maior será a divulgação da sua campanha e do seu projeto e propostas; Em termos de origem, normalmente são partidos de origem extraparlamentar e possuem também um programa adequado aos seus interesses; Encontram-se bem preparados para a competição política, porque são partidos mais centralizados, bem articulados, organizados, com muitos militantes que lhes garantem um forte poder financeiro o que favorece nos embates eleitorais. Exemplos: São normalmente partidos socialistas e os partidos comunistas. b) Partidos de quadros ou de notáveis: são partidos da elite que em função do prestigio social, politico, académico, financeiro ganham notoriedade; Contrariamente aos partidos de massas, nasceram na época do sufrágio censitário (exigia-se certos requisitos para se poder votar, ou seja, o voto era restrito), sendo apenas os notáveis que reuniam os requisitos para votar, por terem nas suas posses bens e instrução, daí serem poucas pessoas com o direito ao voto; São partidos que não procuram ter e recrutar o numero máximo de aderentes e militantes, mas tentam reunir quadros bem preparados de pessoas com prestigio social, moral e académico para poder influencias o eleitorado; Enquanto que partidos de 14 massas são rígidos, os partidos de quadro são flexíveis e indisciplinado, pouco estruturado e que estão muito mais preocupados com a qualidade do que com a quantidade; Em termos e organização têm um carater restrito e fechado; Relativamente à origem são partidos de origem eleitoral e parlamentar; São partidos que desenvolvem atividades periodicamente e não de forma permanente; São partidos com fraco componente ideológico; e são partidos com uma estrutura descentralizada. Exemplos: Em Portugal: CDSPP; Em Cabo Verde: a UCID aproxima dos partidos de quadro. Classificação dos partidos políticos segundo Jean Charlot: a primeira coisa que este autor fez foi romper com a classificação de Maurice Duverger que classificou os partidos em dois tipos, enquanto ele trouxe três tipos, rompendo assim com a tipologia clássica, introduzindo novo conceito de partido, sendo que dois dos seus tipos coincidem em termos de princípios com a classificação de Duverger, introduzindo o conceito de partidos de eleitores. Baseando sobretudo na realidade francesa classificou os partidos políticos em três tipos: a) Partidos de eleitores – nesta altura houve um partido de eleitores que desempenhou em papel fundamental no panorama politico francês e isso levou-o a introduzir este tipo de partido. Partidos de eleitores são partidos que não têm propriamente muitos militantes ou aderentes, mas sim têm eleitores e simpatizantes. Este partido foca nas pessoas apenas para exercerem o direito de voto. Daí que o resultado dos partidos de eleitores é imprevisível, porque o eleitor não dá tendência de voto. Estes partidos procuram federar-se ou estar muito próxima de organizações e de personalidades importantes que têm algum peso social. b) Partidos de militantes – no fundo, estes partidos correspondem a classificação do tipo de partidos de massa de m. Duverger, em termos de funcionamento e de características. Refere-se a um tipo de partido que mesmo não tendo um grande numero de aderentes ou militantes apresentam, normalmente, uma maior coesão política ideológica ou programática e também apresenta uma maior capacidade de ação por parte dos seus membros. São mais organizados, mais sólidos, mais consolidados, etc. Têm um componente ideológico mais forte e os seus militantes defendem os programas, os princípios, os valores, as missões e a visão dos partidos de militantes. c) Partidos de notáveis – no fundo corresponde ao tipo de partidos de quadros segundo a classificação de M. Duverger. São aqueles tipos de partidos que assentam fundamentalmente na qualidade dos seus membros, pelo fato de seus membros gozarem de prestígio social, económico e político. 15 Classificação dos partidos políticos segundo Peter Mair: apresenta a classificação dos partidos políticos em três tipos: a) Catch-all Party: trata-se de um partido que surgiu depois de várias transformações sociais e culturais no mundo. Essas transformações levaram ao enfraquecimento do sentimento de pertença, sobretudo pertença das classes sociais e religiosas. Essas transformações mudaram o mundo, passa-se a não haver o mesmo respeito pelas religiões e seus lideres como antigamente. A lógica do funcionamento deste partido é que “tudo o que vem na rede é peixe”. Enquanto que nos outros partidos, partidos de notáveis o foco é com notáveis, pessoas com determinados prestígios sociais, morais, económicos e políticos; partidos de massa concentra-se na multidão e catch-all party não tem um foco concreto, não lhe interessando a ideologia da pessoa (se é da esquerda ou da direita), o sexo da pessoa, a raça, a religião, a nacionalidade, a posição social, daí que lhes interessam todas as pessoas, porque para estes partidos o importante é ter votos. São partidos que surgiram depois da II Guerra Mundial, mais concretamente na década de 50, devido às varias transformações sociais que aconteceram ao longo dos tempos e que levaram as pessoas a perderem o sentimento da pertença. Procuram expandir o máximo possível a sua base eleitoral e não têm identidades ideológica. Procuram, concentrar o máximo de apoio e as suas energias apenas no momento eleitoral e focam apenas na própria competição eleitoral. Recrutam as pessoas independentemente da posição ideológica, logo são partidos que se caracterizam por uma redução drástica da componente ideológica e não têm uma visão pragmática. Procuram, posteriormente reforçar os seus grupos dirigentes da cúpula (topo) e esse reforço acontece sempre em função da meritocracia e da eficiência do objetivo que se atinge. São caracterizados pela redução do papel do militante, isto é, neste partido a ideia de militante não prevalece, não se invoca. Estão abertos a diferentes grupos de interesses, porque são partidos que tentam agradar a todos ao mesmo tempo. Não dão grande importância e nem valorizam a classe social e são capazes de fazer tudo para conseguirem votos, independentemente, da ideologia, do programa, de tipos de pessoas, tec. Têmum discurso moderado procurando agradar todos os quadrantes da sociedade, buscando votos em todo o lugar e não comprometendo com ninguém. Atualmente estes tipos de partido centram-se mais nas famílias do partido do centro direita ou no centro esquerdo. b) Partido cartel – surgiu a partir de 1950, mas só se destacaram efetivamente a partir de 1970. A palavra “Cartel” é na linguagem de narcotráfico, uma organização/junção para ter o monopólio de atividades, isto é, é a junção de dois grupos que vendem drogas para 16 ficarem mais fortes (linguagem de droga). Portanto, Cartel é a junção de duas organizações com o objetivo de conseguirem mais recursos e para terem mais poder. Surgiram devido ao crescente financiamento publico do Estado aos partidos políticos. O objetivo deste partido é concorrer ao financiamento publico, porque individualmente não poderão apoderar-se do dinheiro do Estado. Em termos económicos, Cartel significa acordos entre organizações para terem o monopólio do mercado. Em termos políticos são também acordos que os políticos fazem e juntam-se para concorrerem conjuntamente (em coligação) para poderem ter financiamento do Estado. A característica principal desse partido tem a ver com o modo de financiamento, porque procuram aproveitar dos recursos e benefícios do Estado para poderem sobreviver no mercado político, daí acabam por distanciar-se da sociedade e aproximar-se do Estado, isto é, estão muito mais próximos do Estado do que do povo. c) Partidos elitistas ou de elite – correspondem à noção dos partidos de massas de M. Duverger. Surgiram recentemente, no inicio do século XIX, na Europa ocidental. São partidos que têm fortes preocupações políticas, mas não se preocupam muito com questões ideológicas e doutrinarias. São partidos que privilegiam a filhação de membros pertencentes a uma elite social. As suas funções sociais são reduzidas no mínimo possível. Procuram legitimidade e aceitação social através de estatuto dos seus membros. Classificação dos partidos políticos segundo Ângelo Panebianco: fala de dois tipos de partidos políticos: a) Partido profissional eleitoral – são partidos que tem ligações verticais fracas, isto é, existem ligações fracas entre a base, o topo e os órgãos intermediários. Isso tem influencia no discurso político, porque o discurso deste partido é virado mais para o eleitorado de opinião, eleitorado que vota conforme as circunstancias. O eleitorado é conservador, discreto, ponderado e que tem opinião formado e é um eleitorado racional. São partidos que dão muita importância às técnicas de comunicação e marketing politico. São financiados, normalmente pelos grupos de interesses e fundos públicos. Do ponto de vista estrutural e organizacional são partidos que têm uma estrutura profissionalizada e com predominância eleitoralista, ou seja, o foco é nas eleições, procurando concorrer e competir eleitoralmente com profissionais e ter um máximo de profissionalismo possível. b) Partido burocrático de massas – caracterizado por uma burocracia centralizada e que tem fortes ligações organizativas verticais e o discurso é virado para o eleitorado de pertença. 17 ESTRUTURAS DO PARTIDO POLÍTICO – MAURICE DUVERGER Um partido politico precisa conquistar apoio da sociedade e de conquistar votos. Para isso, tem que ter uma estrutura organizacional que podem sem: a) Partido de estrutura direta – partidos de estrutura direta é a regra, ou seja, a maioria dos partidos políticos tem essa estrutura. São aqueles partidos políticos em que existe uma relação direta entre os seus dirigentes e os seus elementos de base. Quer isto dizer que nesse tipo de partido há normalmente um vínculo direto e esse vinculo direto implica que haja ligação formal das pessoas com o partido, através da militância onde os membros ficam sujeitos a pagamento de quotas, a participarem nas atividades periodicamente ou atividades realizadas pelo partido e do partido e têm os militantes a faculdade e o privilegio de eleger diretamente os seus membros dirigentes/representantes. b) Partido de estrutura indireta – é uma exceção. Nesta estrutura não há membro propriamente dito e dentro desse tipo de estrutura há: i. Partido de estrutura indireta rígida – este tipo de partido dificulta, normalmente, ao máximo o acesso dos militantes mais novos a um lugar nos órgãos de direção central; ii. Partidos de estrutura indireta mais flexível – facilitam um pouco o acesso dos militantes de base e mais novos a órgãos de direção central e normalmente permitem renovação constante dos seus membros. Em termos de hierarquia, há pouca hierarquização, contrariamente nos partidos de estrutura indireta rígida onde a hierarquização é mais forte. A taxa de militância nos partidos de estrutura indireta flexível é muito pouco em relação aos partidos de estrutura indireta rígida onde há maior taxa de militância.
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