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Cuidado, Escola!: desigualdade, domesticação e algumas saídas Brasiliense, 1987 Babette Harper - Claudius Ceccon - Miguel Darcy - Rosiska Darcy - Paulo Freire - Equipe do Idac O livro vem tratar criticamente de uma instituição controlada por um sistema capitalista imposto pela elite, em composição hierárquica, e que tornou um aparelho hegemônico: a ESCOLA. Parece ate estranho e contraditório, como um ambiente escolar / educacional pode possuir tais características? Um espaço onde deveria estreitar as diferenças tem sido um imenso berço pra desigualdade Conforme a evolução do século, a escola sofreu muitas mudanças, mas observando a obra de 1980, percebo que os obstáculos continuam os mesmos em sua maioria. Professores insatisfeitos, atrasados em suas metodologias, retrógrados, agressivos. Alunos cada vez menos participativos, individualistas, desinteressados. Diretores desligados da escola, como se só estivessem ali pra assinar os boletins. Pais sem noção de suas responsabilidades como educadores, sem tempo, sem paciência, sem vontade para com seus filhos, apenas interessados em notas e passar de ano. Os educadores que tentam, de alguma forma, mudar, para que não caia na mesmice e desinteresse, esbarram em todo tipo de obstáculos: oposição de colegas, diretores e pais. No brasil, uma minoria de estudantes chegam ao ensino médio, e em algumas regiões do pais, a grande maioria dos estudantes não conseguem sair do primeiro ano fundamental. No Brasil, onde a escola é um direito de todos e dever do estado, ainda há uma grande desigualdade social, os filhos das classes baixas, tem sim um maior acesso à escola, em vista dos tempos passados, no entanto, ainda há menos possibilidade de êxito diante dos filhos das classes mais abastadas. A própria escola seleciona e categoriza seus alunos e elimina os "menos sortudos", promovendo o filho do professor e rejeitando o filho do operário. A escola não vê ou respeita as diferenças dos alunos, as diferenças sociais, intelectuais, de locomoção. A escola exige igualdade entre os diferentes, causando assim, a desigualdade. Entre uma criança abastada e uma criança classe baixa, existem diferenças enormes, como diferenças materiais, culturais, experiências fora da escola e diferenças nas atitudes e criação de seus pais ou responsáveis em relação a escola. Os alunos são julgados o tempo todo, existe uma valorização da competição e privilegia o trabalho individual em vez do trabalho em equipe, assim ensinando também o sentimento de inferioridade. Divide-se entre "bons" alunos (aqueles que são bons em exatas) e os" maus" alunos (aqueles que são bons em trabalhos manuais ou artísticos). Ensinam a submissão, colocam professores como autoridade absoluta, exigem ordem e o professor é o que tem todas as respostas certas, causando medos, como: medo de conflitos e discordâncias. Isso tudo pode impedir o desenvolvimento criativo, a imaginação e criar pessoas isoladas e dependentes. Criam pessoas amarradas com um diploma na mão. Me lembro dos meus 6 a 10 anos, apanhando dos professores porque não conseguia ficar sem conversar com os colegas ou porque não tinha terminado de copiar o texto da lousa, texto o qual, as vezes, nem tinha noção do que se tratava. Era descriminada em todos os sentidos, pelos professores e consequentemente pelos colegas, porque ia muito mal em matemática, mas nunca me disseram como era boa em literatura. Mas nada é imutável. Precisamos de todos unidos pra mudar, e todos precisam mudar um pouco dentro de si.
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